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CONTEÚDO 6
DIREITO DO TRABALHO
Você agora vai estudar este importante ramo do direito, no qual a organização poderá encontrar uma série de ameaças, mas também oportunidades. Vamos iniciar o estado do direito do trabalho pelo conceito.
O direito do trabalho é ramo do direito que estudará o trabalho subordinado e as proteções a este. Nascimento (1983: 32), após discorrer sobre as definições subjetivistas e objetivistas, apresenta sua definição mista:
“... o ramo da ciência do direito que tem por objeto as normas jurídicas e os princípios que disciplinam as relações de trabalho subordinado, determinam os seus sujeitos e as organizações destinada à proteção desse trabalho em sua estrutura e atividade.”
Outro conceito que merece destaque é o de Magano apud Manus (2002: 22):
“O conjunto de princípios, normas e instituições, aplicáveis à relação de trabalho e situações, tendo em vista a melhoria da condição social do trabalhador, através de medidas protetoras e da modificação das estruturas sociais.”
Princípios de Direito do trabalho
Romar (2010: 2 - 4), Ao referir-se aos princípios específicos de direito do trabalho inicia seu estudo falando do princípio protetor, assim:
“Princípio protetor: refere-se a um critério fundamental orientador do Direito do Trabalho: ao invés de inspirar-se num propósito de igualdade, baseia-se em um amparo preferencial a uma das partes da relação de emprego: o trabalhador. O fundamento desse princípio está ligado à própria razão de ser do Direito do Trabalho: nivelar desigualdades.
O princípio protetor é desmembrado em três regras:
a)Regra da norma mais favorável (...)
b)Regra do in dúbio pro operário (...)
c)Regra da condição mais benéfica (...)”
Em seguida, continua a Autora falando do princípio da irrenunciabilidade destaca o artigo 468 da CLT:
“Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.”
Nota-se que há vedação a renúncia de direitos pelo trabalhador reforçando a ideia de hipossuficiente que permeia o direito do trabalho.
Seguindo os sábios ensinamentos de Romar (2010: 4 – 5) destaca o princípio da continuidade da relação de emprego, da primazia da realidade, da razoabilidade e, por fim, o princípio da boa fé.
“3. Princípio da continuidade da relação de emprego: expressa a tendência atual do Direito do Trabalho de atribuir à relação de emprego a mais ampla duração, sob todos os aspectos. Através desse princípio, presume-se que o contrato de trabalho terá validade por prazo indeterminado.
Tudo o que vise à conservação da fonte de trabalho e à dar segurança ao trabalhador gera um benefício não só a ele, mas também para a empresa e para a sociedade, na medida em que contribui para aumentar o lucro e a melhorar o clima social das relações entre as parte.
O ônus de provar o término do contrato por iniciativa do obreiro é de iniciativa do empregador, pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado (súmula 212, TST).
4. Princípio da primazia da realidade: significa que, em caso de discordância entre o que ocorre na prática e o que emerge de documentos ou acordos, deve-se dar preferência aos fatos (contrato-realidade).
O significado que deve se atribuir a esse princípio é o da relevância dos fatos sobre as formas, formalidade ou as aparências. Isso significa que, em matéria de trabalho, o que vai importar é o que ocorre na prática, muito mais do que aquilo que conste em documentos, formulários e instrumentos de controle.
É claro que não se pode concluir absolutamente que essa primazia dos fatos sobre os documentos pactuados significa que as estipulações contratuais não carecem de qualquer valor. O que não pode fazer é invocar um texto escrito para pretender que ele prevaleça sobre os fatos.
Como exemplos de prevalência dos fatos sobre a formalidade de documentos, podemos citar: (a) contrato expresso escrito: autônomo/contrato realidade: empregado; (b) vínculo de emprego, Carteira Profissional, data de ingresso: 15.09.00/data real de ingresso: 15.09.99; (c) aviso e recibo de férias: assinado pelo empregado/realidade: não recebeu, nem gozou de férias; (d) horas extras: cartões de ponto: não registram horas extras/depoimentos de testemunhas: comprovam horas extras.
5. Princípio da razoabilidade: consiste na afirmação de que o ser humano, em suas relações trabalhistas, procede e deve proceder conforme a razão.
Trata-se de um limite ou um freio formal a ser aplicado naquelas áreas do comportamento onde a norma não pode prescrever limites muito rígidos e onde a norma não pode prever a infinidade de circunstâncias possíveis.
No Direito do Trabalho, este princípio tem duas grandes formas de aplicação:
a) em alguns casso, serve para medir a verossimilhança de determinada aplicação ou solução;
b) em outros casos, atua como obstáculo, como limite de certas faculdades cuja amplitude pode prestar-se à arbitrariedade.
6. Princípio da boa-fé: o trabalhador deve cumprir o contrato de boa-fé, enquanto que o empregador deve cumprir lealmente suas obrigações.
Trata-se do princípio que abrange ambas as partes do contrato, e não apenas uma delas.
Esse princípio é visto como um princípio geral que deve ser levado em conta para a aplicação de todos os direitos e obrigações que as partes adquirem como consequência do contrato de trabalho e que informa totalidade de regulamentação, com características de postulado moral e jurídico.
A boa-fé se refere à conduta da pessoa, que deve cumprir realmente com seu dever, pressupondo uma posição de honestidade e honradez na relação jurídica, porque contém implícita a consciência de não enganar, não prejudicar, nem causar danos.”
Verifique a questão a seguir para avaliar sua compreensão do texto:
Magano apud Manus (2002: 22), define o direito do trabalho como: “O conjunto de princípios, normas e instituições, aplicáveis à relação de trabalho e situações, tendo em vista a melhoria da condição social do trabalhador, através de medidas protetoras e da modificação das estruturas sociais.” Relacione princípios que se aplica ao Direito do trabalho.
Resposta : Podemos destacar, entre outros, os seguintes os princípios da irrenunciabilidade;  da continuidade da relação de emprego;  da primazia da realidade, o protetor e  da razoabilidade.
Normas de Direito do trabalho
Como já comentado no transcorrer deste trabalho, a Lei é fonte do direito, é o ato normativo capaz de criar obrigações. No âmbito do Direito do trabalho não é diferente, entretanto, merecem destaque a sentença normativa e as convenções e acordos coletivos. Assim ensinados por Zainaghi (2009: 13):
“4.4 Sentença normativa
Sentença normativa é a decisão proferida pela Justiça do Trabalho nos julgamentos dos dissídios coletivos. Por elas criam-se normas a serem aplicadas a empregados e empregadores de determinada categoria.
4.5 Convenções e acordo coletivos
Convenções coletivas são avenças celebradas entre dois ou mais sindicatos de empregados e empregadores, tratando de condições de trabalho, nos precisos dizeres do art. 611 da CLT.
“Art. 611. Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter normativo, pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho.”
Os acordos coletivos são pactuados entre uma ou mais empresas de uma categoria econômica com o sindicato dos empregados, conforme os dizeres do § 1º do art. 611 da CLT:
“§ 1º É facultado aos Sindicatos representativos de categorias profissionais celebrar Acordos Coletivos com uma ou mais empresas da correspondente categoria econômica, que estipulem condições de trabalho, aplicáveis no âmbito da empresa ou das empresas acordantes às respectivas relaçõesde trabalho.” ”
Adiante o autor menciona os Regulamentos de empresa e as cláusulas contratuais Zainaghi (2009: 13 - 14):
“ 4.6 Regulamentos de empresa
Através destes regulamentos, são criadas normas específicas para os trabalhadores de uma determinada empresa.
Essas normas devem respeitar as previsões legais, ou seja, não podem ferir normas de proteção previstas na legislação. Exemplo: um regulamento interno não poderá prever que não serão pagas horas extras.
4.7 Cláusulas contratuais
As cláusulas contratuais obrigarão as partes no ali estipulado, nascendo direitos e obrigações aplicáveis aos contratantes. Nos contratos podem constar o salário, gratificações, horário de trabalho, benefícios etc.
Um contrato de trabalho poderá determinar o pagamento de horas extras com adicional superior ao previsto em lei, bem como prever férias de seis semanas por ano, ou remuneração de 50% a mais ... “
Por fim, acompanhamos o entendimento do mencionado autor ao falar dos usos e costumes. Assim dispõe o artigo 8° da CLT:
“Art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público.”
Da leitura do referido dispositivo é fácil concluir que o direito, costumeiramente concedido, não pode ser retirado do empregado incorporando-se ao contrato de trabalho para todos os efeitos legais.
Verifique a questão a seguir para avaliar sua compreensão do texto:
No direito do trabalho as obrigações das partes não decorrem apenas da lei, mas também de outros instrumentos legais. Relacione quais instrumentos legais, além da lei podem criar obrigações para os empregadores.
Resposta: Podemos destacar, entre outros, Sentença Normativa; Convenções e Acordos Coletivos; Regulamentos de empresa; Cláusulas contratuais.
Conceito de Empregado
A Consolidação das Leis do Trabalho, em seu artigo 3° apresenta o conceito legal de empregado:
“Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.
Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual.”
Nota-se que, dentro deste conceito, encontram-se alguns requisitos para caracterização da figura do empregado, quais sejam:
Pessoa física;
Prestar serviço de natureza não eventual: constante ou contínua;
Ao empregador: a favor do empregador e não de modo autônomo. É o empregador que assume os riscos do trabalho;
Salário: trata-se de contrato oneroso, o salário é a contraprestação do serviço;
Sob dependência: é a subordinação hierárquica. O trabalho é orientado e fiscalizado pelo empregador.
Colaborando com esta ideia, Martins (2003: 143):
“Da definição de empregado temos que analisar cinco requisitos: (a) pessoa física; (b) não eventualidade na prestação de serviços; (c) dependência: (d) pagamento de salário; (e) prestação de serviço.”
No parágrafo único apresenta a ideia da igualdade que deve haver entre as pessoas, como já comentado no artigo 5° da constituição.
Verifique a questão a seguir para avaliar sua compreensão do texto:
O artigo segundo da Consolidação das Leis do Trabalho menciona: “Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.” Pergunta-se: apenas as empresas podem ser empregadoras ?
Resposta: Não, o conceito de empregador é amplo abrangendo os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados, incluindo-se neste até os entes despersonalizados.
Conceito de Empregador
O conceito legal de empregador está no artigo 2° da Consolidação das Leis do Trabalho:
“Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.
§ 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados.
§ 2º - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.”
Neste conceito verifica-se a amplitude da figura do empregador, que apesar de o legislador mencionar a empresa, até os entes despersonalizados poderão assumir o papel de empregador. É fundamental que assuma os riscos da atividade econômica.
Vale ressaltar que, frequentemente as organizações estão assumindo riscos por não compreenderem os conceitos ora estudados. Nos dias atuais não é pouco frequente, pretendendo-se reduzir custos, uma empresa que, assumindo os riscos da atividade, contrata uma pessoa para prestação de serviços de modo habitual, sob sua subordinação hierárquica e mediante salário e denomina o contrato de prestação de serviços.
Como já foi dito, não interessa o nome das coisas, mas sim, o regime jurídico adotado. Fácil compreender que no exemplo apresentado existe um verdadeiro contrato de trabalho, simulando-se um contrato de prestação de serviços.
Verifique a questão a seguir para avaliar sua compreensão do texto:
Como sabemos, não interessa o nome das coisas, mas sim, o regime jurídico ao qual estas coisas se subordinam. Dentro desta ideia, quais são as características essenciais para a caracterização do conceito de empregado?
Resposta: Ser pessoa física, não eventualidade na prestação de serviços, dependência, pagamento de salário e prestação de serviço.
AVISO IMPORTANTE
Prezado aluno,
Como sugestão de leitura para aprofundamento dos estudos ler a Parte II, IV, Direito do Trabalho (capítulos 1 e 2), do livro “Manual de Direito Público e Privado” S.P.  Editora Revista dos Tribunais Ltda. 17ª edição 2009, de Maximilianus Cláudio Américo FÜHRER e Édis Milaré.
CONTEÚDO 7
Justa Causa pelo empregador
Entendidos os conceitos de empregado e empregador, observa-se que a constituição federal apresenta uma gama de direitos para os trabalhadores, entre eles “relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos”.
A justa causa vem caracterizada nos artigo 482 e 483 da Consolidação das Leis do Trabalho:
“Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador:
a) ato de improbidade;
b) incontinência de conduta ou mau procedimento;
c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço;
d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena;
e) desídia no desempenho das respectivas funções;
f) embriaguez habitual ou em serviço;
g) violação de segredo da empresa;
h) ato de indisciplina ou de insubordinação;
i) abandono de emprego;
j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;
k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadascontra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;
l) prática constante de jogos de azar.
Parágrafo único - Constitui igualmente justa causa para dispensa de empregado a prática, devidamente comprovada em inquérito administrativo, de atos atentatórios à segurança nacional. (Incluído pelo Decreto-lei nº 3, de 27.1.1966)”
Verifique a questão a seguir para avaliar sua compreensão do texto:
Venda direta complementa renda. Com catálogo em mãos, de porta em porta, ou no ambiente de trabalho, revendedores autônomos de perfumes, cosméticos, roupas, acessórios ou utensílios domésticos, desbravam o mercado de vendas diretas do País. Pouco investimento e muita determinação fazem dos profissionais lojas ambulantes. Tal conduta realizada durante as atividades laborais, caracteriza a justa causa?
Resposta
Não, somente caracterizará a justa causa se não houver a permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço.
Justa Causa pelo empregado
Da leitura do dispositivo legal a seguir, você notará que o empregado também pode rescindir o contrato de trabalho por justa causa e, nesta hipótese, deverá receber todos os direitos trabalhistas como se fosse despedido sem justa causa, senão vejamos:
“Art. 483 - O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida indenização quando:
a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei, contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato;
b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo;
c) correr perigo manifesto de mal considerável;
d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato;
e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa fama;
f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;
g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários.
§ 1º - O empregado poderá suspender a prestação dos serviços ou rescindir o contrato, quando tiver de desempenhar obrigações legais, incompatíveis com a continuação do serviço.
§ 2º - No caso de morte do empregador constituído em empresa individual, é facultado ao empregado rescindir o contrato de trabalho.
§ 3º - Nas hipóteses das letras "d" e "g", poderá o empregado pleitear a rescisão de seu contrato de trabalho e o pagamento das respectivas indenizações, permanecendo ou não no serviço até final decisão do processo. (Incluído pela Lei nº 4.825, de 5.11.1965)”
No artigo 484 o legislador preocupou-se com a culpa recíproca do empregador e do empregado na rescisão do contrato de trabalho:
“Art. 484 - Havendo culpa recíproca no ato que determinou a rescisão do contrato de trabalho, o tribunal de trabalho reduzirá a indenização à que seria devida em caso de culpa exclusiva do empregador, por metade.”
Verifique a questão a seguir para avaliar sua compreensão do texto:
João da Silva foi contratado como segurança da loja de cosméticos X. Sua função era fiscalizar os clientes que transitavam dentre as prateleiras, evitando eventuais furtos. Contudo, sempre após sua jornada de trabalho, seu superior hierárquico solicitava que João também ajudasse no descarregamento dos produtos que chegavam na loja, bem como na reposição dos produtos nas prateleiras. Verificou-se que não havia alguma contraprestação referente aos serviços extras prestados durante o contrato de trabalho. Diante de tal situação é correto afirmar :
A) a conduta do empregador pode ser discricionária e assim pode o empregado ser solicitado para prestar serviços alheios ao contrato de trabalho.
B) a conduta do empregador pode ser discricionária e assim pode o empregado ser solicitado para prestar serviços alheios ao contrato de trabalho independentemente de modificação contratual ou contraprestação de serviço.
04/05/2019 11:06:29
C) a conduta do empregador não pode ser discricionária e assim está configurada uma causa de rescisão do contrato de trabalho.
D) a conduta do empregador não pode ser discricionária, contudo é comum e juridicamente aceito a prestação serviços alheios ao contrato de trabalho.
E) a conduta do empregador não pode ser discricionária, contudo é comum e jurisprudencialmente aceito a prestação serviços alheios ao contrato de trabalho, pois estará preservando o posto de trabalho.
A resposta correta é a alternativa: C) a conduta do empregador não pode ser discricionária e assim está configurada uma causa de rescisão do contrato de trabalho.
Direito Constitucional Do Trabalho
A constituição federal contempla uma gama enorme de direitos para os trabalhadores. São os chamados direitos sociais.
Segue texto de lei retirada do site: http://www.presidencia.gov.br/legislacao/ referente aos artigos 6º ao 11° da “Constituição da República Federativa do Brasil”, promulgada em 05 de outubro de 1988:
“Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 64, de 2010)
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
III - fundo de garantia do tempo de serviço;
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
...”
Verifique a questão a seguir para avaliar sua compreensão do texto:
O empregado pode ter seu salário reduzido por acordo com o empregador?
Resposta: Não, pois o salário somente pode ser reduzido por convenção coletiva de trabalho.
Continua o artigo 7º  da Constituição Federal:
“...
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; (vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943)
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; (Vide Del 5.452, art. 59 § 1º)
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias;
XIX - licença-paternidade, nos termosfixados em lei;
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
XXIV - aposentadoria;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000)
a) (Revogada). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000)
b) (Revogada). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000)
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos;
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso.
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social.   (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 72, de 2013)
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical;
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas;
IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
§ 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
§ 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.”
Verifique a questão a seguir para avaliar sua compreensão do texto:
Os direitos e garantias resguardados pela Constituição Federal, não se resumem apenas a direitos individuais, os direitos sociais e coletivos também estão elencados em nossa Constituição e tem caráter de cláusula pétrea. Quanto aos direitos sociais garantidos pela Constituição Federal, é correto afirmar que:
A) O trabalho noturno é remunerado com acréscimo de, no mínimo, um terço do valor normal.
B) A mulher está proibida do exercício do trabalho insalubre.
C) A idade mínima para o exercício de qualquer trabalho é de quatorze anos.
D) O trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso gozam de igualdade de direitos
E) O trabalho tem duração normal não superior a trinta horas semanais.
A resposta correta é a alternativa: D) O trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso gozam de igualdade de direitos
CONTEÚDO 8
1. Direito da Empresa
Direito da Empresa: É o nome atualmente dado ao ramo do direito privado que estuda a atividade empresarial. No passado se estudava estes institutos no Direito Comercial e no Direito Civil. Sabemos que a divisão do direito tem como principal objetivo a didática. Para elucidar a ideia vale apresentar o que menciona FINKELSTEIN (2012: 1):
“Por muitos anos entendeu-se o Direito Comercial  como aquele que regula a profissão dos comerciantes e os atos considerados comerciais. Atualmente, com a unificação do Direito Privado pela promulgação do Código Civil de 2002 e revogação da Parte I do Código Comercial de 1850 e de diversos dispositivos legais, é certo que o Direito Comercial, ou Direito Empresarial, centra-se na ideia de empresa, que significa a organização dos fatores da produção [OAB/DF, agosto/2007, questão 85].”
1.1. Conceito de Empresário
De fundamental importância para o estudo desta disciplina o conceito de empresário, que está contido no artigo 966, do Código Civil Brasileiro:
“Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.”
Fabretti (2003: 34) menciona que “...é evidente que a atividade econômica por ele desenvolvida profissionalmente deve visar o lucro...”, com o que concordamos, pois, sem dúvida, esta é a finalidade da empresa.
Verifique a questão a seguir para avaliar sua compreensão do texto:
Qual o ramo do direito que estuda o direito empresarial ?
Resposta: O direito empresarial faz parte do direito privado.
Entendido o conceito, há que se verificar quem tem capacidade para ser empresário. A capacidade para a prática dos atos da vida civil é objeto de estudo do direito civil quedetermina em seu Código o seguinte:
“Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:
I - os menores de dezesseis anos;
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.
Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.”
Para o empresário a determinação da capacidade civil não é diferente, entretanto, devem ser examinadas as observações previstas nos artigos 972 e seguintes, do Código Civil Brasileiro, para entendermos claramente o desejo do legislador sobre quem pode exercer esta atividade, senão vejamos:
“Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos.
Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas.
Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança.
§ 1o Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros.
§ 2o Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização.
§ 3o  O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes pressupostos: (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011)
I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade; (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011)
II – o capital social deve ser totalmente integralizado; (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011)
III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus representantes legais. (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011)
Art. 975. Se o representante ou assistente do incapaz for pessoa que, por disposição de lei, não puder exercer atividade de empresário, nomeará, com a aprovação do juiz, um ou mais gerentes.
§ 1o Do mesmo modo será nomeado gerente em todos os casos em que o juiz entender ser conveniente.
§ 2o A aprovação do juiz não exime o representante ou assistente do menor ou do interdito da responsabilidade pelos atos dos gerentes nomeados.
Art. 976. A prova da emancipação e da autorização do incapaz, nos casos do art. 974, e a de eventual revogação desta, serão inscritas ou averbadas no Registro Público de Empresas Mercantis.
Parágrafo único. O uso da nova firma caberá, conforme o caso, ao gerente; ou ao representante do incapaz; ou a este, quando puder ser autorizado.
Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória.
Art. 978. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real.
Art. 979. Além de no Registro Civil, serão arquivados e averbados, no Registro Público de Empresas Mercantis, os pactos e declarações antenupciais do empresário, o título de doação, herança, ou legado, de bens clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade.
Art. 980. A sentença que decretar ou homologar a separação judicial do empresário e o ato de reconciliação não podem ser opostos a terceiros, antes de arquivados e averbados no Registro Público de Empresas Mercantis.”
Dos dispositivos legais merecem destaque os que mencionam que o impedido de exercer atividade de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas e que o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido poderá continuar a empresa herdada.
Verifique a questão a seguir para avaliar sua compreensão do texto:
Pergunta-se: podem ser sócios de uma empresa o incapaz por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos?
Resposta: Está contida no artigo 974, do Código Civil Brasileiro, assim: “Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança.”
1.2. Constituição das Sociedades
A sociedade é constituída por um contrato que nada mais é do que um acordo de vontades entre os sócios. O Código Civil disciplina o contrato de sociedade, nos artigos 981 a 985:
“Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados.
Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados.
Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais.
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.
Art. 983. A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos tipos regulados nos arts. 1.039 a 1.092; a sociedade simples pode constituir-se de conformidade com um desses tipos, e, não o fazendo, subordina-se às normas que lhe são próprias.
Parágrafo único. Ressalvam-se as disposições concernentes à sociedade em conta de participação e à cooperativa, bem como as constantes de leis especiais que, para o exercício de certas atividades, imponham a constituição da sociedade segundo determinado tipo.
Art. 984. A sociedade que tenha por objeto o exercício de atividade própria de empresário rural e seja constituída, ou transformada, de acordo com um dos tipos de sociedade empresária, pode, com as formalidades do art. 968, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da sua sede, caso em que, depois de inscrita, ficará equiparada, para todos os efeitos, à sociedade empresária.
Parágrafo único. Embora já constituída a sociedade segundo um daqueles tipos, o pedido de inscrição se subordinará, no que for aplicável, às normas que regem a transformação.
Art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45 e 1.150).”
Os requisitos mínimos do contrato social estão previstos nos artigo 997 do Código Civil, a seguir transcrito, entretanto,as partes podem e devem incluir outras cláusulas para disciplinar as relações da sociedade:
“Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:
I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas;
II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade;
III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária;
IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la;
V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços;
VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e atribuições;
VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;
VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais.
Parágrafo único. É ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto separado, contrário ao disposto no instrumento do contrato.”
Da leitura destes artigos, verifica-se a necessidade de a empresa ter um estabelecimento, que como menciona Fabretti (2003: 68):
“.. é o local onde se realizam as operações da atividade econômica do empresários, ou da sociedade empresária. Nele se encontra reunido o complexo de bens necessários a seu funcionamento (máquinas, equipamentos, móveis e utensílios etc.). São os bens que constituem o ativo permanente da empresa. No caso de estabelecimento industrial, nele se localizam também insumos (matéria-prima, produtos intermediários e material de embalagem) destinados à transformação em produto industrializado e, evidentemente, o estoque de produtos acabados. No caso de estabelecimento comercial, nele se encontra o estoque de mercadorias destinadas à revenda. No estabelecimento também se localiza a área administrativa da empresa, responsável pela escrituração e pelo controle das vendas, do faturamento, das contas a receber e a pagar, das contas bancárias, do caixa etc.”
Nota-se que é de fundamental importância para o desenvolvimento da atividade comercial o estabelecimento da sociedade, contemplado no Código Civil, nos seguintes artigos:
“Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.
Art. 1.143. Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza.
Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial.
Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação.
Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento.
Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subseqüentes à transferência.
Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição prevista neste artigo persistirá durante o prazo do contrato.
Art. 1.148. Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em noventa dias a contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante.
Art. 1.149. A cessão dos créditos referentes ao estabelecimento transferido produzirá efeito em relação aos respectivos devedores, desde o momento da publicação da transferência, mas o devedor ficará exonerado se de boa-fé pagar ao cedente.”
O estabelecimento comercial é inerente à vida da empresa, ressalta-se que a lei protege o fundo de comércio e transfere a responsabilidade para terceiro que vier a adquirí-lo.
Verifique a questão a seguir para avaliar sua compreensão do texto:
O estabelecimento da empresa é apenas o local onde se desenvolvem suas atividades ?
Resposta: Não compreende o conjunto de bens necessários a seu funcionamento, tais como máquinas, equipamentos, móveis e utensílios entre outros.
Entendida a ideia de estabelecimento, vamos ao nome da empresa. O nome da sociedade deve seguir o estabelecido nos artigos 1155 e seguintes do Código Civil, os quais apresentam os requisitos e as consequências da escolha, senão vejamos:
“Art. 1.155. Considera-se nome empresarial a firma ou a denominação adotada, de conformidade com este Capítulo, para o exercício de empresa.
Parágrafo único. Equipara-se ao nome empresarial, para os efeitos da proteção da lei, a denominação das sociedades simples, associações e fundações.
Art. 1.156. O empresário opera sob firma constituída por seu nome, completo ou abreviado, aditando-lhe, se quiser, designação mais precisa da sua pessoa ou do gênero de atividade.
Art. 1.157. A sociedade em que houver sócios de responsabilidade ilimitada operará sob firma, na qual somente os nomes daqueles poderão figurar, bastando para formá-la aditar ao nome de um deles a expressão "e companhia" ou sua abreviatura.
Parágrafo único. Ficam solidária e ilimitadamente responsáveis pelas obrigações contraídas sob a firma social aqueles que, por seus nomes, figurarem na firma da sociedade de que trata este artigo.
Art. 1.158. Pode a sociedade limitada adotar firma ou denominação, integradas pela palavra final "limitada" ou a sua abreviatura.
§ 1o A firma será composta com o nome de um ou mais sócios, desde que pessoas físicas, de modo indicativo da relação social.
§ 2o A denominação deve designar o objeto da sociedade, sendo permitido nela figurar o nome de um ou mais sócios.
§ 3o A omissão da palavra "limitada" determina a responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores que assim empregarem a firma ou a denominação da sociedade.
Art. 1.159. A sociedade cooperativa funciona sob denominação integrada pelo vocábulo "cooperativa".
Art. 1.160. A sociedade anônima opera sob denominação designativa do objeto social, integrada pelas expressões "sociedade anônima" ou "companhia", por extenso ou abreviadamente.
Parágrafo único. Pode constar da denominação o nome do fundador, acionista, ou pessoa que haja concorrido para o bom êxito da formação da empresa.
Art. 1.161. A sociedade em comandita por ações pode, em lugar de firma, adotar denominação designativa do objeto social, aditada da expressão "comandita por ações".
Art. 1.162. A sociedade em conta de participação não pode ter firma ou denominação.
Art. 1.163. O nome de empresário deve distinguir-se de qualquer outro já inscrito no mesmo registro.
Parágrafo único. Se o empresário tiver nome idêntico ao de outros já inscritos, deverá acrescentar designação que o distinga.
Art. 1.164. O nome empresarial não pode ser objeto de alienação.
Parágrafo único. O adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, pode, se o contrato o permitir, usar o nome do alienante, precedido do seu próprio, com a qualificação de sucessor.
Art. 1.165. O nome de sócio que vier a falecer, for excluído ou se retirar, não pode ser conservado na firma social.
Art. 1.166. A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, ou as respectivas averbações, no registro próprio, asseguramo uso exclusivo do nome nos limites do respectivo Estado.
Parágrafo único. O uso previsto neste artigo estender-se-á a todo o território nacional, se registrado na forma da lei especial.
Art. 1.167. Cabe ao prejudicado, a qualquer tempo, ação para anular a inscrição do nome empresarial feita com violação da lei ou do contrato.
Art. 1.168. A inscrição do nome empresarial será cancelada, a requerimento de qualquer interessado, quando cessar o exercício da atividade para que foi adotado, ou quando ultimar-se a liquidação da sociedade que o inscreveu.”
Sobre o nome comercial merecem destaque as palavras de FINKELSTEIN (2012: 3 - 4):
“O nome comercial identifica o empresário. Tradicionalmente, a doutrina entende que a proteção do nome comercial tem como razão de ser a proteção do crédito (relações com outros empresários) e da clientela (relação com os consumidores). Assim, a proteção ao nome comercial não estaria restrita a um determinado ramo de atividades.”
Um importante ativo da empresa é a marca comercial que vai diferenciar o produto ou serviço, conforme ensina FINKELSTEIN (2012: 26):
“Marcas, segundo o artigo 122 da LPI, são sinais distintivos, visualmente perceptíveis, destinados a distinguir produtos e serviços de outros análogos [OAB/BR, janeiro/2010, questão 23].”
Para não restar dúvidas sobre a importância da marca, merecem destaque as palavras de MAMEDE (2010: 286):
“Ninguém desconhece o poder das marcas; elas estão em todos os lugares e estimulam milhões de pessoas ao consumo de certos bens e/ou serviços, em desproveito de outros. Elas estão em todas as esquinas, em todos os estádios e ginásios, nos prédios, nas vias etc. O século XX viu a sua ascensão e consolidação. O século XXI é a grande expressão de sua força. Basta dizer que, em 2003, a Interbrand, uma empresa especializada em ativo intangíveis, orçou o valor da marca Coca-Cola, ela por si só, em US$ 70.400.000.000,00, ou seja, setenta bilhões e quatrocentos milhões de dólares. Em 2004, a marca mais valiosa do Brasil foi Banco Itaú, avaliada em US$ 1,204 bilhão, seguido de Bradesco, com valor de US$ 828 milhões. Esses valores refletem a capacidade que as marcas têm de diferenciar bens e serviços e, assim, atrair clientes e facilitar a conclusão de negócios. Em 2005, foram investidos mais de US$ 1 bilhão na marca Nike, gastos com comunicação (incluindo publicidade) em todo o mundo, buscando resultados como os indicados pela pesquisa Tênis e Internet, realizada pela Qualibest entre outubro e dezembro de 2005: 34% dos pesquisados preferem a marca Nike, sendo que, destes, 74% têm pelo menos um calçado da marca. Não é um privilégio de grandes marcas internacionais; 10% dos entrevistados disseram preferir tênis da marca Olympikus, dos quais 88% tinham ao menos um par de calçado da marca. Questionados sobre o que fariam se não encontrassem um tênis da marca preferida, a maioria dos entrevistados disse que procuraria em outra loja.”
1.3. Empresa Individual de Responsabilidade Limitada
Recentemente introduzida no nosso ordenamento jurídico para resolver um antigo anseio das pessoas que desejavam ter seu negócio sem sócio, a empresa individual de responsabilidade limitada vem disciplinada no artigo 980- A do Código Civil, da seguinte forma:
“Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)
§ 1º O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão "EIRELI" após a firma ou a denominação social da empresa individual de responsabilidade limitada. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)
§ 2º A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)
§ 3º A empresa individual de responsabilidade limitada também poderá resultar da concentração das quotas de outra modalidade societária num único sócio, independentemente das razões que motivaram tal concentração. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)
§ 4º ( VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)
§ 5º Poderá ser atribuída à empresa individual de responsabilidade limitada constituída para a prestação de serviços de qualquer natureza a remuneração decorrente da cessão de direitos patrimoniais de autor ou de imagem, nome, marca ou voz de que seja detentor o titular da pessoa jurídica, vinculados à atividade profissional. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)
§ 6º Aplicam-se à empresa individual de responsabilidade limitada, no que couber, as regras previstas para as sociedades limitadas. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)”
Verifique a questão a seguir para avaliar sua compreensão do texto:
Qual a distinção que existe entre o nome da empresa e a marca comercial ?
Resposta: Para FINKELSTEIN (2012: 3 - 4): ““O nome comercial identifica o empresário.
Tradicionalmente, a doutrina entende que a proteção do nome comercial tem como razão de ser a proteção do crédito (relações com outros empresários) e da clientela (relação com os consumidores). Assim, a proteção ao nome comercial não estaria restrita a um determinado ramo de atividades.”
Já a marca comercial que vai diferenciar o produto ou serviço, conforme ensina FINKELSTEIN (2012: 26): ““Marcas, segundo o artigo 122 da LPI, são sinais distintivos, visualmente perceptíveis, destinados a distinguir produtos e serviços de outros análogos [OAB/BR, janeiro/2010, questão 23].”
BIBLIOGRAFIA
COELHO, Fábio Ulhoa. “Curso de Direito Comercial - Direito de Empresa – Sociedades” S. P. Editora Saraiva. 11edição 2008. v. 2.
FABRETTI, Láudio Camargo. “Direito de Empresa no Novo Código Civil” S. P. Editora Atlas S.A. 2003.
FINKELSTEIN, Maria Eugenia. “Direito Empresarial” S. P. Editora Atlas S.A. 7edição 2012.
MAMEDE, Gladston. “Manual de Direito Empresarial” S. P. Editora Atlas S.A. 5º edição 2010.
Endereço internet. http://www.presidencia.gov.br/legislacao. Acesso em 22.07.2013.
CONTEÚDO 9
1.4. Da Sociedade
1.4.1. Da Sociedade não Personificada
1.4.1.1. Sociedade em Comum
A Sociedade em Comum é irregular, pois não tem contrato social ou se existe não foi levado ao registro, ou ainda, falta-lhe alguma formalidade como autorização governamental. Por esta razão a responsabilidade dos sócios é ilimitada e solidária. Vem disciplinada nos artigos 986 e seguintes do Código Civil, assim:
“Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por ações em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as normas da sociedade simples.
Art. 987. Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito podem provar a existência da sociedade, mas os terceiros podem prová-la de qualquer modo.
Art. 988. Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em comum.
Art. 989. Os bens sociais respondem pelos atos de gestão praticados por qualquer dos sócios, salvo pacto expresso limitativo de poderes, que somente terá eficácia contra o terceiro que o conheça ou deva conhecer.
Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade.”
Verifique a questão a seguir para avaliar sua compreensão do texto:
Onde deve ser registrada a sociedade comum?
Resposta: O que caracteriza a sociedade comum é exatamente o fato de ser uma sociedade irregular, portanto não tem registro.
1.4.1.2. Sociedade em Conta de Participação
A Sociedade em Conta de Participação caracteriza-se por não ter registro, tem um sócio ostensivo que aparece para terceiros e outro oculto. Somente existe para os sócios exteriorizando-separa terceiros na figura do sócio ostensivo. Está prevista nos artigos 991 e seguintes do Código Civil, da seguinte forma:
“Art. 991. Na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes.
Parágrafo único. Obriga-se perante terceiro tão-somente o sócio ostensivo; e, exclusivamente perante este, o sócio participante, nos termos do contrato social.
Art. 992. A constituição da sociedade em conta de participação independe de qualquer formalidade e pode provar-se por todos os meios de direito.
Art. 993. O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade.
Parágrafo único. Sem prejuízo do direito de fiscalizar a gestão dos negócios sociais, o sócio participante não pode tomar parte nas relações do sócio ostensivo com terceiros, sob pena de responder solidariamente com este pelas obrigações em que intervier.
Art. 994. A contribuição do sócio participante constitui, com a do sócio ostensivo, patrimônio especial, objeto da conta de participação relativa aos negócios sociais.
§ 1o A especialização patrimonial somente produz efeitos em relação aos sócios.
§ 2o A falência do sócio ostensivo acarreta a dissolução da sociedade e a liquidação da respectiva conta, cujo saldo constituirá crédito quirografário.
§ 3o Falindo o sócio participante, o contrato social fica sujeito às normas que regulam os efeitos da falência nos contratos bilaterais do falido.
Art. 995. Salvo estipulação em contrário, o sócio ostensivo não pode admitir novo sócio sem o consentimento expresso dos demais.
Art. 996. Aplica-se à sociedade em conta de participação, subsidiariamente e no que com ela for compatível, o disposto para a sociedade simples, e a sua liquidação rege-se pelas normas relativas à prestação de contas, na forma da lei processual.
Parágrafo único. Havendo mais de um sócio ostensivo, as respectivas contas serão prestadas e julgadas no mesmo processo.”
1.4.2. Da Sociedade Personificada
1.4.2.1. Sociedade Simples
A sociedade simples caracteriza-se por ter como objetivo o desenvolvimento de profissão intelectual, científica artística ou literária, vem substituir as antigas sociedades civis previstas no antigo Código Civil. De regra, a responsabilidade é ilimitada e por determinação legal, não são sociedades empresárias, senão vejamos:
“Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais.
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.”
Verifique a questão a seguir para avaliar sua compreensão do texto:
O Direito da Empresa é o nome atualmente dado ao ramo do direito privado que estuda a atividade empresarial. As características de cada sociedade podem indicar a responsabilidade dos sócios, entre outros reflexos, para o mundo jurídico. Em relação aos sócios, leia as seguintes afirmações abaixo e assinale a alternativa CORRETA:
I) Sempre o sócio ostensivo faz parte da sociedade comum.
II) Sempre o sócio oculto faz parte da sociedade comum.
III) O sócio oculto reponsabiliza-se perante terceiros.
IV) Somente o sócio ostensivo se responsabiliza perante terceiros.
A) I, II, III e IV estão erradas.
B) I,II, III e IV estão corretas.
C) II e IV estão corretas.
D) I e III estão corretas.
E) Somente a alternativa IV esta correta.
A resposta correta é a alternativa “e” : Somente o sócio ostensivo se responsabiliza perante terceiros.
1.4.2.2. Sociedade em comandita simples
Para descrever este tipo de sociedade, vale mencionar as palavras de COELHO (2008: 476):
A sociedade em comandita simples é composta por sócios de duas categorias: os comanditados, necessariamente pessoas físicas com responsabilidade solidária e ilimitada pelas obrigações sociais, e o comanditário, pessoa física ou jurídica com responsabilidade limitada ao valor de sua quota. O perfil de empreendedor estaria relacionado à primeira, e o de investidor, à segunda, fosse o tipo societário utilizado com freqüência hoje em dia. O contrato social discrimina os sócios pertencentes a cada categoria.”
A sociedade em comandita simples é apresentada nos artigos 1045 a 1051 do Código Civil Brasileiro:
“Art. 1.045. Na sociedade em comandita simples tomam parte sócios de duas categorias: os comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais; e os comanditários, obrigados somente pelo valor de sua quota.
Parágrafo único. O contrato deve discriminar os comanditados e os comanditários.
Art. 1.046. Aplicam-se à sociedade em comandita simples as normas da sociedade em nome coletivo, no que forem compatíveis com as deste Capítulo.
Parágrafo único. Aos comanditados cabem os mesmos direitos e obrigações dos sócios da sociedade em nome coletivo.
Art. 1.047. Sem prejuízo da faculdade de participar das deliberações da sociedade e de lhe fiscalizar as operações, não pode o comanditário praticar qualquer ato de gestão, nem ter o nome na firma social, sob pena de ficar sujeito às responsabilidades de sócio comanditado.
Parágrafo único. Pode o comanditário ser constituído procurador da sociedade, para negócio determinado e com poderes especiais.
Art. 1.048. Somente após averbada a modificação do contrato, produz efeito, quanto a terceiros, a diminuição da quota do comanditário, em conseqüência de ter sido reduzido o capital social, sempre sem prejuízo dos credores preexistentes.
Art. 1.049. O sócio comanditário não é obrigado à reposição de lucros recebidos de boa-fé e de acordo com o balanço.
Parágrafo único. Diminuído o capital social por perdas supervenientes, não pode o comanditário receber quaisquer lucros, antes de reintegrado aquele.
Art. 1.050. No caso de morte de sócio comanditário, a sociedade, salvo disposição do contrato, continuará com os seus sucessores, que designarão quem os represente.
Art. 1.051. Dissolve-se de pleno direito a sociedade:
I - por qualquer das causas previstas no art. 1.044;
II - quando por mais de cento e oitenta dias perdurar a falta de uma das categorias de sócio.
Parágrafo único. Na falta de sócio comanditado, os comanditários nomearão administrador provisório para praticar, durante o período referido no inciso II e sem assumir a condição de sócio, os atos de administração.”
1.4.2.3. Sociedade em Nome Coletivo
A sociedade em nome coletivo é pouco usada nos dias atuais, somente é composta por pessoas físicas, a responsabilidade dos sócios é solidária e ilimitada. O nome da sociedade deve seguir as orientações de FABRETTI (2003: 131):
A sociedade em nome coletivo não pode usar denominação em seu nome empresarial, mas apenas firma. A firma ou nome empresarial deve ser formado pelo nome dos sócios que a integram, ou por apenas alguns deles, ou ainda por um deles, com poderes de administração,seguida da expressão “& Cia.” por extenso ou abreviadamente. Exemplo: Barreto & Cia.
Vale observar o mencionado nos artigos 1039 a 1044, do Código Civil Brasileiro:
“Art. 1.039. Somente pessoas físicas podem tomar parte na sociedade em nome coletivo, respondendo todos os sócios, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações sociais.
Parágrafo único. Sem prejuízo da responsabilidade perante terceiros, podem os sócios, no ato constitutivo, ou por unânime convenção posterior, limitar entre si a responsabilidade de cada um.
Art. 1.040. A sociedade em nome coletivo se rege pelas normas deste Capítulo e, no que seja omisso, pelas do Capítulo antecedente.
Art. 1.041. O contrato deve mencionar, além das indicações referidas no art. 997, a firma social.
Art. 1.042. A administração da sociedade compete exclusivamente a sócios, sendo o usoda firma, nos limites do contrato, privativo dos que tenham os necessários poderes.
Art. 1.043. O credor particular de sócio não pode, antes de dissolver-se a sociedade, pretender a liquidação da quota do devedor.
Parágrafo único. Poderá fazê-lo quando:
I - a sociedade houver sido prorrogada tacitamente;
II - tendo ocorrido prorrogação contratual, for acolhida judicialmente oposição do credor, levantada no prazo de noventa dias, contado da publicação do ato dilatório.
Art. 1.044. A sociedade se dissolve de pleno direito por qualquer das causas enumeradas no art. 1.033 e, se empresária, também pela declaração da falência.”
1.4.2.4. Sociedade Limitada
A sociedade limitada é bastante utilizada nos dias atuais, inicialmente pelo fato de, como seu próprio nome sugere, ter a responsabilidade dos sócios limitada ao capital social, o qual é dividido em quotas. Da leitura dos dispositivos constantes do Código Civil, constantes dos artigos 1052 e seguintes, que disciplinam esta sociedade, verifica-se que há uma grande liberdade de contratação:
“Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social.
Art. 1.053. A sociedade limitada rege-se, nas omissões deste Capítulo, pelas normas da sociedade simples.
Parágrafo único. O contrato social poderá prever a regência supletiva da sociedade limitada pelas normas da sociedade anônima.
Art. 1.054. O contrato mencionará, no que couber, as indicações do art. 997, e, se for o caso, a firma social.
Seção II
Das Quotas
Art. 1.055. O capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou diversas a cada sócio.
§ 1o Pela exata estimação de bens conferidos ao capital social respondem solidariamente todos os sócios, até o prazo de cinco anos da data do registro da sociedade.
§ 2o É vedada contribuição que consista em prestação de serviços.
Art. 1.056. A quota é indivisível em relação à sociedade, salvo para efeito de transferência, caso em que se observará o disposto no artigo seguinte.
§ 1o No caso de condomínio de quota, os direitos a ela inerentes somente podem ser exercidos pelo condômino representante, ou pelo inventariante do espólio de sócio falecido.
§ 2o Sem prejuízo do disposto no art. 1.052, os condôminos de quota indivisa respondem solidariamente pelas prestações necessárias à sua integralização.
Art. 1.057. Na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou parcialmente, a quem seja sócio, independentemente de audiência dos outros, ou a estranho, se não houver oposição de titulares de mais de um quarto do capital social.
Parágrafo único. A cessão terá eficácia quanto à sociedade e terceiros, inclusive para os fins do parágrafo único do art. 1.003, a partir da averbação do respectivo instrumento, subscrito pelos sócios anuentes.
Art. 1.058. Não integralizada a quota de sócio remisso, os outros sócios podem, sem prejuízo do disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, tomá-la para si ou transferi-la a terceiros, excluindo o primitivo titular e devolvendo-lhe o que houver pago, deduzidos os juros da mora, as prestações estabelecidas no contrato mais as despesas.
Art. 1.059. Os sócios serão obrigados à reposição dos lucros e das quantias retiradas, a qualquer título, ainda que autorizados pelo contrato, quando tais lucros ou quantia se distribuírem com prejuízo do capital.”
1.4.2.5. Sociedade Anônima
A sociedade anônima é utilizada nos dias atuais, seu capital social é dividido em ações. Existe a sociedade de capital aberto e fechado, a primeira tem suas ações negociadas na bolsa de valores e a segunda de acordo com o determinado em seus estatutos. Verifica-se, portanto, que é uma sociedade de capital e não de pessoas. Diferente da sociedade limitada, existem limites na liberdade de contratação, é o que se depreende da leitura do texto da lei 6404/76 e suas alterações.
A sociedade anônima é disciplinada pelo Código Civil, nos artigos 1088 e 1089, a seguir transcritos e pela lei 6404/76 com suas alterações:
“Art. 1.088. Na sociedade anônima ou companhia, o capital divide-se em ações, obrigando-se cada sócio ou acionista somente pelo preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir.
Art. 1.089. A sociedade anônima rege-se por lei especial, aplicando-se-lhe, nos casos omissos, as disposições deste Código.”
A responsabilidade dos sócios está prevista no artigo 1º da lei 6404/76, assim:
“Art. 1º A companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas.”
O nome da sociedade deverá ser de acordo com o contido no artigo terceiro do citado diploma legal:
“Art. 3º A sociedade será designada por denominação acompanhada das expressões "companhia" ou "sociedade anônima", expressas por extenso ou abreviadamente mas vedada a utilização da primeira ao final.”
1.4.2.6. Sociedade em comandita por ações
Pouca há que se falar sobre a sociedade em comandita por ações, como se pode verificar das palavras de FABRETTI (2003: 132):
Esse tipo de sociedade só era utilizado durante a vigência da antiga Lei das Sociedades por Ações (Decreto-lei nº 2.627/40), que exigia o mínimo de sete acionistas para constituir uma sociedade por ações. Se o número de futuros acionistas era inferior, recorria-se à sociedade em comandita por ações.
Atualmente, como as sociedades por ações podem ser constituídas com pelo menos dois acionistas, a comandita por ações não tem mais nenhum sentido prático.
Acrescenta-se ao mencionado, o contido nos dispositivos do Código Civil sobre a sociedade em comandita por ações, a seguir transcritos:
“Art. 1.090. A sociedade em comandita por ações tem o capital dividido em ações, regendo-se pelas normas relativas à sociedade anônima, sem prejuízo das modificações constantes deste Capítulo, e opera sob firma ou denominação.
Art. 1.091. Somente o acionista tem qualidade para administrar a sociedade e, como diretor, responde subsidiária e ilimitadamente pelas obrigações da sociedade.
§ 1o Se houver mais de um diretor, serão solidariamente responsáveis, depois de esgotados os bens sociais.
§ 2o Os diretores serão nomeados no ato constitutivo da sociedade, sem limitação de tempo, e somente poderão ser destituídos por deliberação de acionistas que representem no mínimo dois terços do capital social.
§ 3o O diretor destituído ou exonerado continua, durante dois anos, responsável pelas obrigações sociais contraídas sob sua administração.
Art. 1.092. A assembléia geral não pode, sem o consentimento dos diretores, mudar o objeto essencial da sociedade, prorrogar-lhe o prazo de duração, aumentar ou diminuir o capital social, criar debêntures, ou partes beneficiárias.”
1.4.2.7. Sociedade Cooperativa
A sociedade cooperativa é regida pela lei 5764/71, sobre seu conceito vale citar o artigo terceiro desta lei:
“Art. 3° Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum, sem objetivo de lucro.”
Além da lei 5764/71, o Código Civil Brasileiro apresenta as seguintes características da sociedade cooperativa:
“Art. 1.093. A sociedade cooperativa reger-se-á pelo disposto no presente Capítulo, ressalvada a legislação especial.
Art. 1.094. São características da sociedade cooperativa:
I - variabilidade, ou dispensa do capital social;
II - concurso de sócios em número mínimo necessário a compor a administração da sociedade, sem limitação de número máximo;
III - limitação do valor da soma de quotas do capital social que cada sócio poderá tomar;
IV - intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à sociedade, ainda que por herança;
V - quorum, para a assembléia geral funcionar e deliberar, fundado no número de sócios presentes à reunião, e não no capital social representado;
VI - direitode cada sócio a um só voto nas deliberações, tenha ou não capital a sociedade, e qualquer que seja o valor de sua participação;
VII - distribuição dos resultados, proporcionalmente ao valor das operações efetuadas pelo sócio com a sociedade, podendo ser atribuído juro fixo ao capital realizado;
VIII - indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de dissolução da sociedade.
Art. 1.095. Na sociedade cooperativa, a responsabilidade dos sócios pode ser limitada ou ilimitada.
§ 1o É limitada a responsabilidade na cooperativa em que o sócio responde somente pelo valor de suas quotas e pelo prejuízo verificado nas operações sociais, guardada a proporção de sua participação nas mesmas operações.
§ 2o É ilimitada a responsabilidade na cooperativa em que o sócio responde solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais.
Art. 1.096. No que a lei for omissa, aplicam-se as disposições referentes à sociedade simples, resguardadas as características estabelecidas no art. 1.094.”
1.4.2.8. Sociedades Coligadas
Seu conceito vem previsto no Art. 1.099 do Código Civil, da seguinte forma:
“Art. 1.099. Diz-se coligada ou filiada a sociedade de cujo capital outra sociedade participa com dez por cento ou mais, do capital da outra, sem controlá-la.”
Acrescenta-se ao mencionado os seguintes artigos do Código Civil:
“Art. 1.097. Consideram-se coligadas as sociedades que, em suas relações de capital, são controladas, filiadas, ou de simples participação, na forma dos artigos seguintes.
Art. 1.098. É controlada:
I - a sociedade de cujo capital outra sociedade possua a maioria dos votos nas deliberações dos quotistas ou da assembléia geral e o poder de eleger a maioria dos administradores;
II - a sociedade cujo controle, referido no inciso antecedente, esteja em poder de outra, mediante ações ou quotas possuídas por sociedades ou sociedades por esta já controladas.
...
Art. 1.100. É de simples participação a sociedade de cujo capital outra sociedade possua menos de dez por cento do capital com direito de voto.
Art. 1.101. Salvo disposição especial de lei, a sociedade não pode participar de outra, que seja sua sócia, por montante superior, segundo o balanço, ao das próprias reservas, excluída a reserva legal.
Parágrafo único. Aprovado o balanço em que se verifique ter sido excedido esse limite, a sociedade não poderá exercer o direito de voto correspondente às ações ou quotas em excesso, as quais devem ser alienadas nos cento e oitenta dias seguintes àquela aprovação.”
Verifique a questão a seguir para avaliar sua compreensão do texto:
À luz do Código Civil Brasileiro, é possível uma sociedade anônima ser coligada a uma sociedade limitada?
Resposta: A legislação não faz restrição ao tipo societário mencionando apenas que:  “Diz-se coligada ou filiada a sociedade de cujo capital outra sociedade participa com dez por cento ou mais, do capital da outra, sem controlá-la.”
1.5. Da Transformação da incorporação, da fusão, da cisão das sociedades.
Estamos diante de três institutos absolutamente distintos. A transformação independe de dissolução, a sociedade muda sua forma, por exemplo, anteriormente era limitada e passa a ser por ações. Já a fusão é a união de duas ou mais sociedades que fará nascer uma terceira sociedade que se sub-rogará em todos os direitos e obrigações das sociedades que lhe derem origem. Para falar do instituto da cisão são sabias as palavras de FABRETT (2003; 145):
É a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver verão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão. (art. 229 da LSA).
O NCC não define o que é cisão, prevalecendo, portanto, a definição do art. 228 da Lei das Sociedades por Ações.
O NCC apenas refere-se ao direito de o credor que se sentir prejudicado, cujo crédito é anterior a um desses eventos, no prazo de até 90 dias após a publicação dos atos relativos a incorporação, fusão ou cisão, promover judicialmente a anulação deles (art. 1.122 do NCC).
Na cisão total, a empresa cindida é extinta. Entretanto, a cisão pode ser parcial, se houver acordo entre os sócios ou acionistas.
Nesse caso, a empresa cindida continua em atividade com a mesma denominação social e com o capital reduzido dos valores que foram transferidos para outra ou mais empresas envolvidas na cisão.
Vale destacar os seguintes dispositivos legais:
“Art. 1.113. O ato de transformação independe de dissolução ou liquidação da sociedade, e obedecerá aos preceitos reguladores da constituição e inscrição próprios do tipo em que vai converter-se.
Art. 1.114. A transformação depende do consentimento de todos os sócios, salvo se prevista no ato constitutivo, caso em que o dissidente poderá retirar-se da sociedade, aplicando-se, no silêncio do estatuto ou do contrato social, o disposto no art. 1.031.
Art. 1.115. A transformação não modificará nem prejudicará, em qualquer caso, os direitos dos credores.
Parágrafo único. A falência da sociedade transformada somente produzirá efeitos em relação aos sócios que, no tipo anterior, a eles estariam sujeitos, se o pedirem os titulares de créditos anteriores à transformação, e somente a estes beneficiará.
Art. 1.116. Na incorporação, uma ou várias sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações, devendo todas aprová-la, na forma estabelecida para os respectivos tipos.
Art. 1.117. A deliberação dos sócios da sociedade incorporada deverá aprovar as bases da operação e o projeto de reforma do ato constitutivo.
§ 1o A sociedade que houver de ser incorporada tomará conhecimento desse ato, e, se o aprovar, autorizará os administradores a praticar o necessário à incorporação, inclusive a subscrição em bens pelo valor da diferença que se verificar entre o ativo e o passivo.
§ 2o A deliberação dos sócios da sociedade incorporadora compreenderá a nomeação dos peritos para a avaliação do patrimônio líquido da sociedade, que tenha de ser incorporada.
Art. 1.118. Aprovados os atos da incorporação, a incorporadora declarará extinta a incorporada, e promoverá a respectiva averbação no registro próprio.
Art. 1.119. A fusão determina a extinção das sociedades que se unem, para formar sociedade nova, que a elas sucederá nos direitos e obrigações.
Art. 1.120. A fusão será decidida, na forma estabelecida para os respectivos tipos, pelas sociedades que pretendam unir-se.
§ 1o Em reunião ou assembléia dos sócios de cada sociedade, deliberada a fusão e aprovado o projeto do ato constitutivo da nova sociedade, bem como o plano de distribuição do capital social, serão nomeados os peritos para a avaliação do patrimônio da sociedade.
§ 2o Apresentados os laudos, os administradores convocarão reunião ou assembléia dos sócios para tomar conhecimento deles, decidindo sobre a constituição definitiva da nova sociedade.
§ 3o É vedado aos sócios votar o laudo de avaliação do patrimônio da sociedade de que façam parte.
Art. 1.121. Constituída a nova sociedade, aos administradores incumbe fazer inscrever, no registro próprio da sede, os atos relativos à fusão.
Art. 1.122. Até noventa dias após publicados os atos relativos à incorporação, fusão ou cisão, o credor anterior, por ela prejudicado, poderá promover judicialmente a anulação deles.
§ 1o A consignação em pagamento prejudicará a anulação pleiteada.
§ 2o Sendo ilíquida a dívida, a sociedade poderá garantir-lhe a execução, suspendendo-se o processo de anulação.
§ 3o Ocorrendo, no prazo deste artigo, a falência da sociedade incorporadora, da sociedade nova ou da cindida, qualquer credor anterior terá direito a pedir a separação dos patrimônios, para o fim de serem os créditos pagos pelos bens das respectivas massas.”
1.6. Da dissolução e da liquidação das sociedades
A dissolução da sociedade se dá nos termos determinados pelo Código Civil Brasileiro, nos seguintes artigos:

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