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Aula 03 atos administrativos

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Aula 03
ATOS ADMINISTRATIVOS
Introdução
	Na teoria geral, FATO JURÍDICO, gênero, é o evento material ou uma conduta humana, voluntária ou involuntária, preordenada ou não a interferir na ordem jurídica, a que o ordenamento atribui efeitos de direito.
	O ATO ADMINISTRATIVO, neste sentido, é espécie de FATO JURÍDICO, ato jurídico com especificidades no que tange às condições para sua válida produção e à eficácia própria; são enunciados, “falas prescritivas” (CA., 378)
A administração pública realiza sua função executiva por meio de atos jurídicos que recebem a denominação especial de atos administrativos. Tais atos, por sua natureza, conteúdo e forma, diferenciam-se dos que emanam do Legislativo (leis) e do Judiciário (decisões judiciais), quando desempenham suas atribuições específicas (típicas) de legislação e de jurisdição.
Em princípio, a prática de atos administrativos cabe aos órgãos executivos, mas as autoridades judiciárias e as mesas legislativas também os praticam restritamente (atípicas), quando ordenam seus próprios serviços, dispõem sobre seus servidores ou expedem instruções sobre matéria de sua privativa competência. Esses atos são tipicamente administrativos embora provindos de órgãos judiciários ou de corporações legislativas, e, como tais, se sujeitam a revogação ou a anulação no âmbito interno ou pelas vias judiciais, como os demais atos administrativos do Executivo.
Conceito
O conceito de ato administrativo pode ser definido em dois aspectos, quais sejam: conceito amplo e conceito restrito.
Ato administrativo em sentido amplo é a declaração do Estado ou de quem lhe faça às vezes (concessionário, permissionário de serviço público), no exercício de prerrogativas públicas, manifestada mediante providências jurídicas complementares a lei para lhe dar cumprimento e se sujeita ao controle do poder judiciário; casos em que abrangidos estão atos gerais e abstratos. Ex: regulamentos, instruções, resoluções, contratos administrativos.
Ato administrativo em sentido estrito é a declaração unilateral da Administração Pública no exercício de suas prerrogativas, manifestada mediante comandos concretos complementares da expedidos a título de lhe dar cumprimento e sujeitos a controle de legitimidade por órgão jurisdicional. Segundo Hely Lopes Meirelles pode-se conceituar ato administrativo como toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria.
CONCEITOS DOUTRINÁRIOS – Segundo Di Pietro (Direito Administrativo, cit., p. 196), ato administrativo é “a declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob o regime jurídico de direito público e sujeito a controle pelo Poder Judiciário”. Para o Celso Antônio, é “declaração do Estado (ou de quem lhe faça as vezes - ...), no exercício de prerrogativas públicas, manifestada mediante providências jurídicas complementares da lei a título de lhe dar cumprimento, e sujeitas a controle de legitimidade pro órgão jurisdicional” (CA., 389).
Requisitos ou elementos
Neste ponto da matéria, encontra-se algumas divergências doutrinárias acerca da terminologia utilizável e de quais seriam os requisitos do ato administrativo. Alguns autores preferem o termo elementos a requisitos. Seguindo a orientação majoritária neste estudo opta-se pela corrente doutrinária que considera ambos os termos, elemento e requisito, sinônimos. Noutro norte, quanto aos requisitos do ato administrativo seguiremos a orientação consagrada no direito positivo brasileiro a partir do art. 2º, da Lei n.º 4.717/65 (Lei da Ação Popular), que indica como requisitos do ato administrativo a competência, finalidade, forma, motivo e objeto. Estes são “os componentes que o ato administrativo deve reunir para ser perfeito e válido” (André).
(1) Agente Competente.
É O SUJEITO ou AUTOR, PRODUTOR DO ATO; é condição primeira de validade do ato administrativo. Todos os atos administrativos sejam discricionários ou vinculados devem ser realizados por agente que disponha de poder legal para praticá-lo.
Competência é “o conjunto de atribuições das pessoas jurídicas, órgãos e agentes, fixadas pelo direito positivo”; é o poder atribuído ao agente da Administração Pública (sujeito capaz), por meio de lei, para o desempenho específico de suas funções. Se o ato for praticado por agente incompetente, ou realizado além do limite prescrito em lei, o ato será considerado inválido. A competência administrativa, por ser um requisito de ordem pública, é intransferível, irrenunciável, de exercício obrigatório, imprescritível, imodificável e improrrogável pela vontade dos interessados. A delegação e a avocação, em regra, são permitidos, desde que previstos nas normas regulamentadoras da Administração, e não se trate de competência exclusiva, de ato normativo ou decisão de recurso administrativo.
A competência é considerada, em princípio como elemento vinculado do ato administrativo, mas, como exceção, nos casos de delegação e avocação poderá ser considerada como discricionária.
(2) Forma
“é o modo pelo qual o ato administrativo se exterioriza, que via de regra é escrita, e deve conter formalidades a serem observadas durante o processo de formação da vontade da Administração à publicidade do ato” (André); é o revestimento exterior do ato, ou seja, o modo pelo qual este aparece e revela sua existência. A forma pode, eventualmente não ser obrigatória, isto é, ocorrerá, por vezes, ausência de prescrição legal sobre uma forma determinada, exigida para a prática do ato. Contudo, não pode haver ato sem forma, porquanto o Direito não se ocupa de pensamentos ou intenções enquanto não traduzidos exteriormente. Portanto, como a forma é o meio de exteriorização do ato, sem forma não pode haver ato. Celso Antônio Bandeira de Mello (398).
Em princípio a forma é considerada elemento vinculado do ato administrativo, mas, como exceção poderá ser considerada discricionária, quando a lei autorizar a prática do ato por mais de uma opção.
(3) Objeto
O objeto é o conteúdo do ato administrativo, o que ele dispõe, o que decide, enuncia, certifica, opina ou modifica na ordem jurídica (CA., 397); segundo Diogenes Gasparini (Direito Administrativo, cit., p. 65), “objeto é alguma coisa sobre a qual incide o conteúdo do ato administrativo”. Ex: num ato administrativo de permissão de uso de bem público imóvel o objeto é o bem imóvel; é o efeito jurídico imediato que o ato produz, é aquilo sobre o que o ato decide, é “a disposição jurídica expressada pelo ato: o que ele estabelece” (CA., 395). Para identificá-lo, assevera Maria Sylvia Zanela Di Pietro, "basta verificar o que o ato enuncia, prescreve, dispõe." Ex: no caso de ato administrativo que trata de demissão de um servidor o seu objeto será a própria demissão. Em princípio o objeto é considerado elemento discricionário do ato administrativo, mas, como exceção poderá ser considerado vinculado, quando a lei dispor expressamente sobre qual será o conteúdo de determinado ato.
(4) Motivo
“É a situação objetiva que autoriza ou exige a prática do ato” (CA., 395); é o pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento para a prática do ato administrativo. Pressuposto de direito é o dispositivo legal em que se baseia o ato. Pressuposto de fato, como o próprio nome indica, corresponde ao conjunto de circunstâncias, de acontecimentos, de situações reais que levaram a Administração a praticar o ato. Motivo é, assim, a circunstância de fato e de direito que serve de fundamento ou impõe ao agente público a prática do ato administrativo. Ex: no ato de tombamento de imóvel, o motivo é o valor cultural do bem. No caso de punição de servidor público o motivo seria a infração que ele praticou; na licença para construir, é o conjunto de requisitos comprovadospelo proprietário; na exoneração do funcionário estável, é o pedido por ele formulado. Quando da ausência do motivo ou a indicação de motivo falso na prática do ato administrativo gerará a invalidação do ato praticado. Vale dizer que motivo é diferente de motivação no que diz respeito ao ato administrativo. Motivação é a exposição dos motivos, ou seja, é a demonstração, por escrito, de que os pressupostos de fato realmente existiram, integra a formalização do ato sendo “um requisito formalístico dele” (CA., 404). Para punir, a Administração deve demonstrar a prática da infração. A motivação diz respeito às formalidades do ato, que integram o próprio ato, vindo sob a forma de "consideranda"; outras vezes, está contida em parecer, laudo, relatório, emitida pelo próprio órgão expedidor do ato ou por outro órgão, técnico ou jurídico, hipótese em que o ato faz remissão a esses atos precedentes. O importante é que o ato possa ter a sua legalidade comprovada. Maria S.Z. Di Pietro (2004:204).
Em princípio o motivo é considerado elemento discricionário do ato administrativo, mas, como exceção poderá ser considerado vinculado, quando a lei dispor expressamente sobre qual será o motivo de determinado ato.
(5) Finalidade
Finalidade é o requisito que impõe seja o ato administrativo praticado unicamente para um fim de interesse público, ou seja, corresponde a algo que a Administração Pública quer alcançar com sua edição, ou nas palavras e Celso Antônio, “o bem jurídico a que o ato deve atender” (CA., 396). Sem este requisito é nulo sob o rótulo de desvio de finalidade. Ex: ato de desapropriação praticado para prejudicar o proprietário do imóvel não tem o requisito finalidade. É requisito vinculado de todo ato administrativo, seja discricionário ou vinculado, pois o Direito Positivo não admite ato administrativo sem finalidade pública. A finalidade do ato se faz pelo objetivo que se quer alcançar. Serão nulos os atos administrativos que não satisfaçam o interesse público. A finalidade deverá estar indicada na lei expressamente ou implicitamente não podendo o administrador escolher outra, ou substituir a indicada na norma administrativa, sob pena de se configurar desvio de poder e o ato ser considerado inválido.
- Abuso de Poder
Também chamado de abuso de autoridade, ocorre quando a autoridade, embora competente para praticar o ato, ultrapassa os limites de suas atribuições ou se desvia das finalidades administrativas. É sempre invalidadora do ato que o contém. Subdivide-se em excesso de poder e desvio de poder ou finalidade.
Excesso de poder – ocorre quando a autoridade, embora competente para praticar o ato, vai além do permitido, exorbitando no uso de suas faculdades administrativas. Excede sua competência legal, portanto, invalida o ato. (vício na competência).
Desvio de poder ou Finalidade – ocorre quando a autoridade, embora atuando nos limites de sua competência, pratica o ato por motivos ou com fins diversos dos objetivados pela lei ou exigidos pelo interesse público. É a violação ideológica e moral da lei. (vício na finalidade).
Atributos do Ato Administrativo
Os atos administrativos praticados pela Administração Pública são possuidores de atributos típicos e características próprias que os distinguem dos demais atos de direito privado, concretizando-se então, a idéia de supremacia que o Estado tem em relação aos particulares. Tais atributos são: a presunção de legitimidade, a imperatividade e a auto-executoriedade.
(A) Presunção De Legitimidade
Quando se diz que o ato administrativo tem presunção de legitimidade, significa dizer que até que se prove o contrário o ato praticado é considerado legítimo, verdadeiro e conforme aos ditames legais. Milita em favor deles uma presunção juris tantum de legitimidade. Com a inversão do ônus da prova, o administrado que argüir ilegalidade do ato terá que provar. Este atributo é importante, pois viabiliza a celeridade, tão necessária, à prestação dos serviços e ao gerenciamento administrativo estatal.
(B) Imperatividade
É o atributo pelo qual os atos administrativos se impõem coercitivamente a terceiros, independentemente de sua concordância. Trata-se da prerrogativa que o Poder Público tem de por meio dos atos unilaterais, impor obrigações a terceiros, sob pena de se sujeitarem à execução forçada pela administração ou pelo judiciário, quando do seu descumprimento.
Diogenes Gasparini (Direito Administrativo, cit., p. 72) ensina que “é a qualidade que certos atos administrativos têm para constituir situações de observância obrigatória em relação aos seus destinatários, independentemente da respectiva concordância ou aquiescência.”. Não é encontrável nos atos administrativos que outorgam direitos (permissão, autorização) e muito menos em meros atos administrativos como atestado e certidão, que não impõe obrigações. A imperatividade, assim, só existe nos atos administrativos que impõem obrigações (atos normativos, ordinatórios, punitivos).
(C) Auto-executoriedade
Segundo Celso Antônio Bandeira de Melo, auto-executoriedade "é a qualidade pela qual o Poder Público pode compelir materialmente o administrado, sem precisão de buscar previamente as vias judiciais, ao cumprimento da obrigação que impôs e exigiu." Para Hely Lopes Meirelles (Direito Administrativo Brasileiro, cit., p. 137) a “autoexecutoriedade consiste na possibilidade que certos atos administrativos ensejam de imediata e direta execução pela própria Administração, independentemente de ordem judicial”. A autoexecutoriedade não é atributo de todo ato administrativo, pois é encontrado nos atos que recebem da lei essa distinção ou quando for indispensável à imediata salvaguarda do interesse público. Ex: apreensão de mercadorias e fechamento de casas noturnas.
Mérito Administrativo
O mérito administrativo segundo Hely Lopes Meirelles “consubstancia-se na valoração dos motivos e na escolha do objeto do ato, feitas pela Administração Pública incumbida de sua prática, quando autorizada a decidir sobre a conveniência, oportunidade e justiça do ato a realizar”.
O mérito é aspecto pertinente apenas aos atos administrativos discricionários ou, de outro modo, a contrário senso, não há que se falar em mérito administrativo nos atos vinculados.
Nos atos vinculados, todos os requisitos de validade do ato (competência, finalidade, forma, motivo e objeto) estão vinculados aos ditames legais. Nos atos discricionários, além dos elementos vinculados (competência, finalidade e forma) outros existem (motivo e objeto), em relação aos quais a Administração Pública decide livremente, e sem possibilidade de correção judicial, salvo quando seu proceder caracterizar excesso ou desvio de poder, o que levaria ao cometimento de uma ilegalidade.
O mérito administrativo só abrange os elementos não vinculados do ato administrativo, ou seja, aqueles que admitem uma valoração de eficiência, oportunidade, conveniência, e justiça. No mais, ainda que se trate de poder discricionário da Administração Pública, o ato pode ser revisto e anulado pelo Judiciário, desde que, sob o rótulo de mérito administrativo, se abrigue qualquer ilegalidade resultante de abuso ou desvio de poder.
Extinção do Ato Administrativo
Os atos administrativos são produzidos a fim de desencadear efeitos na ordem jurídica, adquirindo, resguardando, transferindo, modificando, extinguindo e declarando direitos, ou impondo obrigações aos administrados ou a si própria. Porém estes atos não são eternos e alcançadas as suas finalidades eles se exaurem, desaparecendo do mundo jurídico.
Noutro norte, por causa de fatos ou atos posteriores o ato administrativo é suspenso ou mesmo eliminado definitivamente os seus efeitos, extinguindo-se então. Além disso, há outros casos em que o ato sequer chega a desencadear seus efeitos típicos, seja porque antes do seu nascimento a Administração ou o Judiciário os fulmina, seja porque particulares beneficiários destes atos os recusam. Celso AntônioBandeira de Mello (CA., 454). “Panorama” da extinção dos atos administrativos:
Pelo cumprimento de seus efeitos: cumpridos os efeitos o ato deixa de existir, extingue-se, podendo este cumprimento ocorrer por esgotamento do prazo, pela execução do ato ou por ter o ato alcançado seu objetivo. É exemplo da primeira espécie o ato de permissão para um circo ocupar um terreno público por 02 meses; exemplo da segunda espécie é o ato que determina a apreensão de mercadorias impróprias para o consumo (apreendida a mercadoria extingue-se o ato); exemplo da terceira espécie é o ato que aumenta certa tarifa pública (aumentada a tarifa o ato alcança seu objetivo e deixa de existir).
Pelo desaparecimento do sujeito - Com a desaparição do sujeito da relação jurídica o ato deixa de existir. Ex: com a morte do permissionário de um bem público extingue-se a permissão. 
Pelo desaparecimento do objeto – O desaparecimento do objeto da relação jurídica determina a extinção do ato. Ex: a invasão por água de um terreno público dado em permissão de uso, de forma definitiva, extingue-se o ato de outorga pelo desaparecimento desse bem.
Pela retirada – A edição de um outro ato administrativo cujo objeto é a retirada de outro ato administrativo do ordenamento jurídico impõe a este ato sua extinção. Hipóteses mais freqüentes são:
Revogação: quando a retirada funda-se em razões de conveniência e oportunidade. Ex: revogação da permissão de uso de um bem público, necessário ao exercício de atividade da própria Administração Pública.
Invalidação: quando a retirada funda-se em razões de legalidade ou porque o ato fora praticado em desconformidade com a ordem jurídica. Ex: o desfazimento do ato de nomeação para o cargo de provimento efetivo de candidato não aprovado em concurso público.
Cassação: quando a retirada funda-se no descumprimento de condições que ao beneficiário do ato cabia observar e que deveriam permanecer atendidas a fim de poder continuar desfrutando da situação jurídica. Ex: a cassação de licença para funcionamento de um hotel que por haver se convertido em casa de tolerância.
Caducidade: quando a retirada funda-se no advento de nova legislação que impede a permanência da situação anteriormente consentida ou permitida. Ex: retirada de licença para dirigir outorgada a menor de idade em face da vigência de lei que impede menor de dirigir veículo automotor.
Contraposição ou “derrubada” (CA., 456): quando um ato deixa de ser válido em virtude da emissão de um outro ato, com fundamento em competência diversa da que gerou o ato anterior, e que gerou efeitos opostos ao seu e por isso não pode existir ao mesmo tempo. Ex: a exoneração que anula os efeitos de uma anterior nomeação de funcionário. 
Pela renúncia – O próprio beneficiário do ato administrativo renuncia à situação de desfrute que o ato reconhece a seu favor, sendo sempre por iniciativa do beneficiário; envolve “rejeição pelo beneficiário de uma situação jurídica favorável” que tinha (CA., 456). Ex: renuncia de direito de uso que fora outorgado ao permissionário por desinteresse.
São, assim, diversas as forma de extinção do ato administrativo, porém, neste estudo priorizou-se apenas as três mais importantes, quais sejam, revogação, anulação e convalidação.
Revogação
Conceito – É ato administrativo discricionário pelo qual a Administração Pública retira, parcial (derrogação) ou totalmente (ab-rogação), um ato administrativo válido e eficaz do ordenamento jurídico “ou uma relação jurídica válida dele decorrente” (CA., 458), mediante outro ato administrativo, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitando os efeitos já produzidos (efeitos da revogação são ex nunc). Pode ser expressa, quando declara revogado o ato, e, tácita ou implícita quando o novo ato é incompatível com o ato anterior. Ex: ocorre com uma permissão de uso de bem público quando a Administração Pública o aliena a terceiro ou ao próprio permissionário.
Quanto à competência, somente quem pratica o ato ou quem tem poderes para dele conhecer de ofício ou por via de recurso, no “exercício do poder hierárquico” (CA., 458), tem competência legal para revogá-lo por motivo de oportunidade ou conveniência. Assim, a "Revogação é o ato administrativo discricionário pelo qual a Administração extingue um ato válido, por razões de oportunidade e conveniência." Neste caso, a Administração Pública constata que o ato anteriormente conveniente e oportuno não mais o é. 
Como a revogação atinge um ato que foi editado em conformidade com a lei, ela não retroage; os seus efeitos se produzem a partir da própria revogação; são efeitos ex nunc (a partir de agora ou “desde agora” CA., 463), respeitando, portanto, os efeitos já produzidos. Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2004:238).
Esta forma de extinção é privativa da Administração Pública, é “ato de administração ativa”, de natureza constitutiva, instaurando “uma situação nova”, exprimindo um “poder positivo” (CA., 463 e 464), não podendo o Judiciário revogar qualquer ato administrativo.
A revogação deve ser feita nos limites em que a lei permite, não podendo ser revogados:
1. Os atos vinculados, porque se a Administração não tem a liberdade para apreciar a oportunidade e conveniência no momento da edição do ato, também não pode fazê-lo posteriormente;
2. Os atos que já exauriram os seus efeitos, pois a revogação não retroage, apenas impede que o ato continue a produzir efeitos;
3. Os atos que já exauriram a competência relativa ao objeto do ato. Ex: recurso contra um determinado ato que esteja sob a apreciação de autoridade superior, deixando de ser a autoridade que praticou o ato competente para revogá-lo.
4. Atos administrativos como as certidões, atestados, votos, porque os efeitos destes são estabelecidos por lei;
5. Atos que integram um procedimento, pois a cada novo ato ocorre a preclusão com relação ao ato anterior;
6. Atos que geram direitos adquiridos – Súmula 473 do STF.
7. Os atos de controle, que são “liberadores (como as autorizações prévias) ou confirmadores (como as aprovações a posteriori)” (CA., 465), já que sobre eles não se pode “reincidir”.
8. Os atos que a própria lei considera ou “declare inrrevogáveis” (CA., 465).
Anulação ou “invalidade”
Conceito – É o desfazimento do ato administrativo por razões de ilegalidade, retroagindo à data em que o este foi emitido (efeito ex tunc), feita pela própria Administração Pública (poder de autotutela de seus próprios atos) ou pelo Poder Judiciário, mediante provocação dos interessados. É também chamada de invalidação, importando na extinção do ato administrativo por razões de ilegalidade (contrariedade à lei). Para Hely Lopes Meirelles anulação é a declaração de invalidação de um ato administrativo ilegítimo ou ilegal, feita pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário (desde que provocado). Baseia-se, portanto, em razões de legitimidade ou legalidade, diversamente da revogação, que se funda em motivos de conveniência ou de oportunidade e, por isso mesmo, é privativa da Administração.
O autor ainda assevera que por ilegalidade não se deve entender somente a clara infringência do texto legal, mas também, o abuso, por excesso ou desvio de poder, ou por relegação dos princípios gerais do Direito, especialmente os princípios do regime jurídico administrativo.
Decorrente do princípio da legalidade a anulação produz efeitos retroativos, chamados de ex tunc, ao surgimento do ato no mundo jurídico e gera a produção de um ato vinculado, devido à imposição legal de anulação do ato ilegítimo.
Tipologia dos vícios do ato administrativo:
Vícios relativos ao sujeito – O ato administrativo pode apresentar vícios quanto à competência (usurpação de função, excesso de poder e função de fato) e capacidade;
Vícios relativos ao objeto – Ocorre quando o resultado o ato administrativo importa em violação de lei, regulamento ou outro ato administrativo, devendo o objeto ser lícito, possível, moral e determinado;Vícios relativos à forma – consiste na omissão ou inobservância de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato;
Vícios relativos ao motivo – quando há inexistência de motivos;
Vícios relativos à finalidade – quando há desvio de finalidade.
Convalidação
Também é chamada de saneamento. É o ato administrativo pelo qual é suprido o vício existente em um ato ilegal, ou seja, trata-se da existência de um vício sanável, com efeitos retroativos à data em que este foi praticado, gerando efeito ex tunc. A convalidação é efetivada pela própria Administração, sendo vedado ao Poder Judiciário convalidar os atos emitidos pela Administração Pública. Diante da possibilidade de convalidar um ato administrativo o administrador deverá ponderar acerca do que será melhor para a coletividade: a permanência do ato regularizado ou a sua invalidação, gerando, portanto, um ato discricionário.
Espécies De Ato Administrativo
Os atos administrativos, pelas características comuns a eles inerentes e pelas peculiaridades que os distinguem uns dos outros, podem ser divididos em grupos, porém, a matéria por ser objeto de discordância doutrinária, optou-se aqui, pela melhor doutrina (Hely Lopes Meirelles), também muito aceita em concursos públicos, que agrupou as espécies de atos em cinco conjuntos, quais sejam:
atos administrativos normativos;
atos administrativos ordinatórios;
atos administrativos negociais;
atos administrativos enunciativos;
atos administrativos punitivos.
Atos Normativos
São aqueles atos que contêm um comando geral do Executivo, visando à correta aplicação da lei. O objetivo imediato de tais atos é explicitar a norma legal a ser observada pela Administração e pelos administrados. São eles:
Decretos – em sentido restrito, são atos administrativos da competência exclusiva dos Chefes do Executivo, destinados a prover situações gerias ou individuais, abstratamente previstas de modo expresso, explícito ou implícito, pela legislação. O ordenamento jurídico brasileiro admite dois tipos de decretos gerais, a saber: decreto independente ou autônomo e o decreto regulamentar ou de execução.
Decreto autônomo ou independente – é o que dispõe temporariamente sobre matéria ainda não regulada especificamente em lei. Não podem regular matérias que só por lei podem ser reguladas.
Decreto regulamentar ou de execução – é o que visa a explicar a lei e facilitar sua execução.
Regulamentos – são atos administrativos, postos em vigência por decreto, para especificar os mandamentos da lei ou prover situações ainda não disciplinadas por lei. É ato administrativo e não legislativo, é supletivo da lei.
Instruções Normativas – são atos administrativos expedidos pelos Ministros de Estado para a execução das leis, decretos e regulamentos, mas são também utilizadas por outros órgãos superiores para o mesmo fim.
Regimentos – são atos administrativos normativos de atuação interna, pois se destinam a reger o funcionamento de órgãos colegiados e de corporações legislativos.
Resoluções – Para Celso Antônio, é “fórmula pela qual se exprimem as deliberações dos órgãos colegiados” (CA., 450); são atos administrativos normativos expedidos pelas altas autoridades do Executivo (mas não pelo Chefe do Executivo, que só deve expedir decretos) ou pelos presidentes de tribunais, órgãos legislativos e colegiados administrativos, para disciplinar matéria de sua competência específica ou disciplinar seu próprio funcionamento. São atos inferiores ao regulamento e ao regimento, não podendo inová-los ou contraria-los, mas complementá-los e explicá-los. Exemplos seriam as resoluções do COTRAN.
Deliberações – são atos administrativos normativos ou decisórios emanados de órgãos colegiados. Quando normativos são atos gerais (são superiores aos decisórios); quando decisórias, são atos individuais.
Atos Ordinatórios
São aqueles que visam a disciplinar o funcionamento da Administração e a conduta funcional de seus agentes. Se endereçam aos servidores públicos a fim de orientá-los no desempenho de suas atribuições. Podem ser expedidos por qualquer chefe de serviço aos seus subordinados, desde que o faça nos limites de sua competência. Só atuam no âmbito interno das repartições e só alcançam os servidores hierarquizados à chefia que os expediu. São eles:
Instruções – são ordens escritas e gerais a respeito do modo e forma de execução de determinado serviço público, expedidas pelo superior hierárquico com escopo de orientar os subalternos no desempenho das atribuições que lhes estão afetas e assegurar a unidade de ação no organismo administrativo.
Circulares – são ordens escritas, de caráter uniforme, expedidas a determinados funcionários ou agentes administrativos incumbidos de certo serviço, ou do desempenho de certas atribuições em circunstâncias especiais. Ainda que geral, não “veicula regras de caráter abstrato como as instruções” (CA., 449).
Avisos – são atos emanados dos Ministros de Estado a respeito de assuntos afetos aos seus ministérios. Também podem ser destinados a dar notícia ou conhecimento de assuntos afetos à atividade administrativa. Mais usados, hoje, no âmbito dos ministérios militares.
Portarias – são atos administrativos internos pelos quais os chefes de órgãos, repartições ou serviços (“autoridades de nível inferior” - CA., 449) expedem determinações gerais ou especiais a seus subordinados, ou designam servidores para funções e cargos secundários. Por portaria também se iniciam sindicâncias e processos administrativos. Não atingem nem obrigam aos particulares. 
Ordens de Serviço – são determinações especiais dirigidas aos responsáveis por obras ou serviços públicos autorizando seu início, ou contendo imposições de caráter administrativo, ou especificações técnicas sobre o modo e forma de sua realização.
Provimentos – São atos administrativos internos, contendo determinações e instruções que a Corregedoria ou os tribunais expedem para a regularização e uniformização dos serviços, especialmente os da Justiça, com o objetivo de evitar erros e omissões na observância da lei.
Ofícios – são comunicações “formais” escritas que as autoridades fazem entre si, entre subalternos e superiores e entre Administração e particulares, em caráter oficial.
Despachos – são decisões que as autoridades executivas, legislativas ou judiciárias, em funções administrativas, proferem em papéis, requerimentos e processos sujeitos à sua apreciação, envolvendo assunto de interesse individual ou coletivo submetido à sua apreciação. Ex: despacho do Governador que disciplina o afastamento de policiais eleitos para desempenharem mandato executivo ou legislativo.
Atos Negociais
São praticados contendo uma declaração de vontade do Poder Público coincidente com a pretensão do particular, visando à concretização de negócios jurídicos públicos ou à atribuição de certos direitos ou vantagens ao interessado. Produzem efeitos concretos e individuais para o seu destinatário e para a Administração que os expede. São eles:
Alvará – É o instrumento pelo qual a Administração Pública confere licença ou autorização para a prática de ato ou exercício de atividade sujeitos ao poder de polícia do Estado. O alvará é o instrumento da licença ou autorização, que são o conteúdo do ato. Ex: alvará de localização e alvará de funcionamento de uma lanchonete. 
Licença – é o ato administrativo vinculado e definitivo pelo qual o Poder Público, verificando que o interessado atendeu a todas as exigências legais, faculta-lhe o desempenho de atividades ou a realização de fatos materiais antes vedados ao particular. Ex: licença para dirigir veículos, para exercício de uma profissão, construção de um edifício em terreno próprio.
Autorização – é o ato administrativo discricionário e precário pelo qual o Poder Público torna possível ao pretendente a realização de certa atividade material, serviço ou utilização de determinados bens particulares ou públicos, de seu exclusivoou predominante interesse que a lei condiciona à aquiescência prévia da Administração, tais como o uso especial de bem público, o porte de arma, o trânsito por determinados locais etc. Em regra, também tem caráter precário.
Permissão – é o ato administrativo negocial, discricionário e precário, pelo qual o Poder Público faculta ao particular a execução de serviços de interesse coletivo, ou o uso especial de bens públicos, a título gratuito ou remunerado, nas condições estabelecidas pela Administração. Vale dizer que a permissão não se confunde com a concessão, nem com a autorização: a concessão é contrato administrativo bilateral; a autorização é ato administrativo unilateral. Por ela, em tese, a Administração Pública outorga ao interessado o direito precário de executar um serviço público ou uso de bem público nas condições por ela estabelecidas. 
Aprovação – é o ato administrativo pelo qual o Poder Público verifica a legalidade e o mérito de outro ato ou de situações e realizações materiais de seus próprios órgãos, de outras entidades ou de particulares, dependentes de seu controle, e consente na sua execução ou manutenção, atribuindo-lhe eficácia. Ex: pronunciamento do Conselho da República sobre a intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio (art. 90 C.F).
Admissão – é o ato administrativo vinculado pelo qual o Poder Publico, verificando a satisfação de todos os requisitos legais pelo particular, defere-lhe determinada situação jurídica de seu exclusivo ou predominante interesse, como ocorre no ingresso aos estabelecimentos de ensino mediante concurso de habilitação e a internação em um hospital público. Neste caso, particular tem reconhecido direito à prestação de um serviço público.
Visto – é o ato administrativo pelo qual o Poder Público controla outro ato da própria Administração ou do administrado, aferindo ou atestando sua legitimidade formal para dar-lhe exeqüibilidade. Ex: é a exigência de visto para encaminhamento de requerimentos de servidores subordinados a autoridade de superior instância.
Homologação – É o ato unilateral e vinculado pelo qual a Administração Pública reconhece a legalidade de um ato jurídico. É ato administrativo de controle pelo qual a autoridade superior examina a legalidade e conveniência do ato anterior praticado pela autoridade a ela subordinada, de outra entidade ou mesmo de particular, para dar-lhe eficácia. Ela se realiza sempre a posteriori e examina apenas o aspecto de legalidade, no que a distingue da aprovação (que envolve avaliação discricionária). Ex: ato da autoridade que homologa o procedimento da licitação (art. 43, VI da Lei 8.666/93).
Dispensa – é o ato administrativo que exime o particular do cumprimento de determinada obrigação até então exigida por lei, como por exemplo, a prestação de serviço militar.
Renúncia – é o ato pelo qual o Poder Público extingue unilateralmente um crédito ou um direito próprio, liberando definitivamente a pessoa obrigada perante a Administração. Não admite condição e é irreversível uma vez consumada.
Protocolo Administrativo – é o ato negocial pelo qual o Poder Público acerta com o particular a realização de determinado empreendimento ou atividade ou a abstenção de certa conduta, no interesse recíproco da Administração e do administrado signatário do instrumento protocolar. É vinculante, pois gera direitos e obrigações entre as partes.
Atos enunciativos
São todos aqueles em que a Administração se limita a certificar ou a atestar um fato, ou emitir uma opinião sobre determinado assunto, sem se vincular ao seu enunciado. São eles: 
Certidões – são cópias ou fotocópias fiéis e autenticadas de atos ou fatos constantes de processo, livro, ou documentos que se encontre nas repartições públicas. Podem ser de inteiro teor ou resumidas desde que expressem fielmente o que se contém no original de onde foram extraídas.
Atestados – são atos pelos quais a Administração comprova um fato ou uma situação transeunte, passíveis de modificações freqüentes, de que tenha conhecimento por seus órgãos competentes.
Pareceres – são manifestações de órgãos técnicos sobre assuntos submetidos à sua consideração, tendo caráter meramente opinativo, não vinculando a Administração ou os particulares à sua motivação ou conclusões, salvo se aprovado por ato subseqüente. Podem ser normativos (passível de conversão em norma de procedimento interno) ou técnicos (proveniente de órgão ou agente especializado). Algumas doutrinas apresentam outras características para tal ato, considerando-o ato pelo qual os órgãos consultivos da Administração emitem opinião sobre assuntos técnicos ou jurídicos de sua competência submetida a sua apreciação. É facultativo quando fica a critério da Administração solicitá-lo, passando a integrar a decisão. É obrigatório quando a lei o exige como pressuposto para a prática de um ato. Ex: Lei que exija parecer jurídico sobre todos os recursos administrativos encaminhados ao Chefe do Executivo. É vinculante quando a Administração é obrigada a solicitá-lo e a acatar a sua conclusão. Ex: para conceder aposentadoria por invalidez a Administração é obrigada a ouvir o órgão médico oficial e decidir em conformidade com sua decisão.
Apostilas – são atos enunciativos ou declaratórios de uma situação anterior criada por lei.
Atos Punitivos
São os que contêm uma sanção imposta pela Administração àqueles que infringem disposições legais, regulamentares ou ordinatórias dos bens ou serviços públicos. Visam a punir e reprimir as infrações administrativas ou a conduta irregular dos servidores ou dos particulares perante a Administração.
Multa – é toda imposição pecuniária a que se sujeita o administrado a título de compensação do dano presumido da infração.
Interdição de Atividade – é o ato pelo qual a Administração veda a alguém a prática de atos sujeitos ao seu controle ou que incidam sobre seus bens.
Destruição de Coisas – é o ato sumário da Administração pelo qual se inutilizam alimentos, substâncias, objetos ou instrumentos imprestáveis ou nocivos ao consumo ou de uso proibido por lei.
Classificação dos Atos Administrativos
A classificação dos atos administrativos é matéria controversa, tendo em vista a diversidade de critérios que se pode aplicar nas classificações, no entanto, este assunto é de grande utilidade para metodizar o estudo e facilitar a sua compreensão. Vejamos os critérios:
1º) Quanto aos destinatários:
Atos Gerais – São aqueles atos expedidos sem destinatários determinados, “sujeitos inespecificados”; atingem todas as pessoas que se encontram na mesma situação; são os atos normativos praticados pela Administração. Exemplos seriam: regulamentos, circulares ordinatórias de serviços, instruções normativas.
Atos Individuais – São aqueles atos que se dirigem a um destinatário certo, criando-lhe situação jurídica particular. Produzem efeitos jurídicos no caso concreto. Ex: nomeação, demissão, licença, autorização, etc.
2º) Quanto ao alcance ou “à situação de terceiros”:
Atos Internos – São aqueles atos destinados a produzir efeitos nas repartições administrativas, e por isso mesmo incidem, normalmente, sobre os órgãos e agentes da Administração que os expediram. Atos de operatividade caseira.
Atos Externos – São aqueles atos de alcançam “terceiros”, os administrados, os contratantes e, em certos casos, os próprios servidores.
3º) Quanto ao objeto ou “à posição jurídica da Adminstração”:
Atos de Império – São aqueles atos que a Administração pratica usando de sua supremacia sobre o administrado, ou servidor e lhes impõe obrigatório atendimento.
Atos de Gestão – São aqueles atos praticados pela Administração sem usar de sua supremacia sobre os destinatários; sem o “uso de poderes comandantes” (CA., 433). São atos de mera gestão, geralmente preparatórios dos demais.
Atos de Expediente – São aqueles atos que se destinam a dar andamento aos processos e papéis que tramitam pelas repartições públicas.
4º) Quantoao grau de liberdade da Administração em sua prática:
a) Atos Vinculados – São aqueles em que a lei estabelece os requisitos e condições para a sua realização, sem “margem alguma de liberdade para decidir-se” (CA., 428). São aqueles “em que, por existir prévia e objetiva tipificação legal do único possível comportamento da Administração em face de situação igualmente prevista em termos de objetividade absoluta, a Administração, ao expedi-los, não interfere com apreciação subjetiva alguma” (CA., 434). Ex: ato que concede aposentaria, onde a lei prescreve o procedimento a ser adotado pela Administração Pública, que, atendidas as exigências legais para sua concessão, cabe a mesma deferir ou indeferir a aposentadoria, não podendo decidir de outra forma.
b) Atos Discricionários – São aqueles em que a Administração pode praticá-los com liberdade de escolha de seu conteúdo, de seu destinatário, de sua conveniência, de sua oportunidade e do modo de sua realização, uma vez que a lei que regula a matéria deixa “campo para uma apreciação que comporta certo subjetivismo” (CA., 428). Quando a Administração Pública, diante do caso concreto, tem a possibilidade de apreciá-lo segundo critérios de oportunidade e conveniência e escolher uma dentre duas ou mais soluções, todas válidas para o direito, ou seja, a Administração Pública tem certa margem de liberdade para agir de forma mais conveniente ao interesse público. A discricionariedade administrativa encontra fundamento e justificativa na complexidade e variedade dos problemas que o Poder Público tem que solucionar no cotidiano administrativo e para os quais a lei nem sempre prevê forma e requisitos a serem observados. Ex: a outorga de permissão de uso de bem público, que, nesse caso, a edição do ato ocorre depois de uma avaliação subjetiva da Administração Pública, que poderá deferir ou indeferir a solicitação do particular segundo o interesse público.
5º) Quanto à Vontade Concorrente ou “à composição da vontade produtora do ato”:
Atos Simples – São aqueles atos que resultam da vontade de um único órgão, unipessoal ou colegiado. Podem ser simples singulares ou simples colegiais.
Atos Complexos – São aqueles atos que se formam pela conjugação de vontades de mais de um órgão administrativo (órgãos diferentes).
Ato Composto – São aqueles atos que resultam da vontade única de um órgão, mas dependem da verificação por parte de outro, para se tornarem exeqüíveis.
6º) Quanto à natureza da atividade:
Atos de administração ativa: são os que produzem utilidade pública, constituindo situações jurídicas.
Atos de administração consultiva: os que informam, elucidam, sugerem providências (ex. dos pareceres)
Atos de administração controladora ou atos de controle: realizados previa ou em momento posterior, avaliam a conveniência e legalidade do ato praticado pela administração ativa (p.e. homologação)
Atos de administração verificadora: visam apurar ou documentar a preexistência de uma situação de fato ou de direito
Atos de administração contenciosa: visam a julgar um procedimento contraditório ou certas situações, não tem força de coisa julgada.
7º) Quanto à estrutura do ato:
(1) Atos concretos: com uma única aplicação, dispõem para um único e específico caso.
(2) Atos abstratos: os que preveem reiteradas e infindas aplicações
8º) Quanto à função da vontade administrativa:
Atos negociais ou negócios jurídicos: vontade administrativa é preordenada à obtenção de um resultado jurídico.
Atos puros ou meros atos administrativos: correspondem a simples manifestações de conhecimento ou desejo; aqui o ato implementa uma condição legal para a deflagração dos efeitos jurídicos previstos na lei.
9º) Quanto aos efeitos:
Ato Constitutivo – É aquele pelo qual a Administração cria, modifica ou extingue um direito ou uma situação do administrado; fazem nascer “uma situação jurídica”. Ex: permissão, autorização, etc.
Ato Declaratório – É aquele em que a Administração reconhece um direito que já existia antes do ato; afirma a preexistência de uma situação de fato ou de direito. Ex: licença, isenção, anulação, etc.
Ato Enunciativo – É aquele pelo qual a Administração apenas atesta ou reconhece determinada situação de fato ou de direito, encerrando juízo, conhecimento ou opinião e não a manifestação de vontade produtora de efeitos jurídicos. Ex: certidões, atestados, informações, pareceres, vistos.
10º) Quanto aos resultados sobre a esfera jurídica dos administrados:
Atos ampliativos: os que aumentam a esfera de ação jurídica do destinatário.
Atos restritivos: diminuem a esfera jurídica do destinatário ou lhe impõem novas obrigações, deveres ou ônus.
11º) Quanto às prerrogativas com que a Administração atua:
Atos de Império - São os praticados pela Administração com todas as prerrogativas e privilégios de autoridade e impostos unilateral e coercitivamente ao particular independentemente de autorização judicial. Ex: desapropriações.
Atos de gestão – São os praticados pela Administração em situação de igualdade com os particulares, para a conservação e desenvolvimento do patrimônio público e gestão de seus serviços.
12º) Quanto à exeqüibilidade, que é a capacidade do ato para produzir seus efeitos jurídicos:
Perfeito – É aquele que reúne todos os elementos necessários à sua exeqüibilidade ou operatividade, apresentando-se apto e disponível para produzir seus regulares efeitos.
Imperfeito – É o que se apresenta incompleto na sua formação, ou carente de um ato complementar para tornar-se exeqüível e operante. Ex: quando falta a publicação que a lei exige como requisito para a exeqüibilidade do ato.
Pendente – É aquele ato que, embora perfeito, está sujeito a condição ou termo para que comece a produzir efeitos.
Consumado – É o ato que produziu todos os seus efeitos, tornando-se definitivo, não podendo ser impugnado pela via administrativa ou judicial, cabendo apenas a responsabilidade civil do Estado se este causar dano a terceiro ou a responsabilidade administrativa ou criminal se ilícito.
13º) Quanto à formação do ato:
Atos unilaterais: formados pela declaração jurídica de uma só parte.
Atos bilaterais: são aqueles formados por um acordo de vontades entre partes; são os convencionais.
14º) Quanto à natureza das situações jurídicas que criam:
Atos-regra: criam situações jurídicas gerais, abstratas e impessoais e podem ser modificados a qualquer tempo sem que se “possa opor direito adquirido à persistência destas regras” (CA., 432).
Atos subjetivos: criam situações particulares, concretas e pessoais, produzidas quanto à formação e efeitos pela vontade das partes (ex.: contrato).
Atos-condição: são os que alguém pratica incluindo-se, isoladamente ou mediante acordo com outrem, debaixo de situações criadas pelos atos-regra.
QUESTÕES
1. (OAB/Exame Unificado – 2008.2) Não configura, segundo a doutrina dominante, elemento ou requisito do ato administrativo
(A).A forma.
(B) O objeto.
(C) A finalidade.
(D) A discricionariedade.
2. (OAB/Exame Unificado – 2007.3) É a qualidade pela qual os ato administrativos se impõem a terceiros, independentemente de sua concordância. Decorre do que Renato Alessi chama de “poder extroverso”, que permite ao poder público editar provimentos que vão além da esfera jurídica do sujeito emitente, ou seja, que interferem na esfera jurídica de outras pessoas, constituindo-as unilateralmente em obrigações. Celso Antônio Bandeira de Mello. Curso de Direito Administrativo. 13ª ed. São Paulo: Malheiros, 2000, p. 373 (com adaptações). O texto acima descreve o seguinte atributo do ato administrativo:
(A).Exigibilidade.
(B) Executoriedade.
(C) Presunção de legitimidade.
(D) Presunção de legitimidade.
(E) Imperatividade. 
3. (OAB/Exame Unificado – 2006.1) Os atos administrativos possuem atributos que os diferenciam dos atos privados. Assinale a opção que não configura atributo exclusivo do ato administrativo.(A).Presunção de legitimidade.
(B) Imperatividade.
(C) Auto-executoriedade
(D) Legalidade
4. (FGV - 2010) O atributo pelo qual atos administrativos se impõem a terceiros, ainda que de forma contrária a sua concordância, é denominada:
(A).Competência.
(B) veracidade.
(C) vinculação.
(D) imperatividade. 
(E) autoexecutoriedade.
5. (FGV – 2010) Em relação ao conceito de ato administrativo, analise as alternativas a seguir:
Ato administrativo é uma manifestação unilateral de vontade da administração pública.
Ato administrativo é um ajuste entre a administração pública e um particular para consecução de objetivos de interesse público. 
Ato administrativo é uma realização material da administração pública em cumprimento de alguma decisão administrativa.
Assinale: 
(A) se somente a afirmativa I estiver correta.
(B) se somente a afirmativa II estiver correta. 
(C) se somente a afirmativa III estiver correta.
(D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(E) se as afirmativas II e III estiverem corretas.
6. (FGV - 2010) Os atos administrativos possuem presunção de legitimidade. Essa presunção decorre do princípio da:
(A).Impessoalidade.
(B) moralidade.
(C) publicidade.
(D) legalidade. 
(E) eficiência.

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