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Resumo de psicopatologia

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RESUMO DE PSICOPATOLOGIA
Reforma Psiquiátrica brasileira: 
Definição - Reforma Psiquiátrica brasileira promove a redução programada de leitos psiquiátricos de longa permanência, incentivando que as internações psiquiátricas, quando necessárias, se dêem no âmbito dos hospitais gerais e que sejam de curta duração. Além disso, essa política visa à constituição de uma rede de dispositivos diferenciados que permitam a atenção ao portador de sofrimento mental no seu território, a desinstitucionalização de pacientes de longa permanência em hospitais psiquiátricos e, ainda, ações que permitam a reabilitação psicossocial por meio da inserção pelo trabalho, da cultura e do lazer.
 Objetivos
Declaração de Caracas – visa modificar o modelo asilar, os hospitais psiquiátricos não são eficientes no tratamento psicológico dos pacientes, o modelo não auxilia os mesmo a continuar em sociedade, pelo contrário os isola dela.
Nos anos 70 iniciasse o movimento sanitarista e as mudanças em saúde mental eclodem aqui, em favor das; 
mudança dos modelos de atenção e gestão nas práticas de saúde;
defesa da saúde coletiva;
equidade na oferta dos serviços; ou seja, saúde para todos, de forma justa e igualitária. 
protagonismo dos trabalhadores e usuários dos serviços de saúde nos processos de gestão produção de tecnologias de cuidado.
A reforma psiquiátrica avança e sua história tem sido marcada por grandes desafios, impasses, tensões e conflitos. 
No ano de 1978 passa a vigorar de fato as leis que alteram o cuidado para com o doente mental. As reivindicações estão relacionadas ao cuidado e direitos dos pacientes psiquiátricos, esse movimento foi dirigido por ex- pacientes, familiares de pacientes, profissionais da saúde mental.
		- Denúncia da violência dos manicômios, da mercantilização da loucura, da hegemonia de uma rede privada de assistência;
		- Crítica ao chamado saber psiquiátrico e ao modelo hospitalocêntrico na assistência às pessoas com transtornos mentais.
MARCOS DA REFORMA PSIQUIATRICA BRASILEIRA;
1987: I Conferência Nacional de Saúde Mental (RJ); CAPS (SP).
1987: II Congresso Nacional dos Trabalhadores em Saúde Mental – “Por uma sociedade sem manicômios” “Carta de Bauru”
1988: Constituição Federal SUS (Seguridade Social).
1989: Intervenção Casa de Saúde Anchieta (Santos/SP):
 Marco da reforma psiquiátrica brasileira;
 Criação de Núcleos de Atenção Psicossocial (NAPS) que funcionam 24 horas, cooperativas, residências para os egressos do hospital e associações;
Projeto de Lei (PL nº 3657/89) do deputado Paulo Delgado (PT/MG): regulamentação dos direitos da pessoa com transtornos mentais e a extinção progressiva dos manicômios no país início das lutas do movimento da Reforma Psiquiátrica nos campos legislativo e normativo.
Na dec de 90
- Promulgação de várias leis estaduais;
	- Conferência Regional para a Reestruturação da Assistência Psiquiátrica “Declaração de Caracas”;
	- II Conferência Nacional de Saúde Mental.
- Ministério da Saúde (Portaria nº 224/92): regulamentação e implantação dos modelos de atenção diária: CAPS, NAPS e Hospital-Dia;
Após 12 anos, Projeto de Lei Paulo Delgado é sancionada Lei Federal nº 10.216/01; - com essa lei as pessoas com transtorno psicológico têm a garantia a tratamento adequado, visando inclusão na sociedade, a família e ao trabalho. Para além disso, tem a garantia de um tratamento humanitário e respeitoso, visando alcançar sua recuperação, receber o maior numero de informações sobre sua doença e métodos de tratamentos, ter acesso a informação, ter acesso a médicos e enfermeiros sempre que necessário, etc.
REDE DE ATENÇÃO PSIOSSOCIAL
	
- A porta de entrada para assistência psicossocial é o SUS, e suas vertentes. A Portaria nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011- 
 Institui a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
Art. 1º Fica instituída a Rede de Atenção Psicossocial, cuja finalidade é a criação, ampliação e articulação de pontos de atenção à saúde para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)
A lei basicamente reforça a nº 10.216/01, garantindo acesso ao atendimento de qualidade, com respeito e dignidade, independente de cor, etnia, crença religiosa, etc.
Os mesmos tem de levar em conta os direitos humanos, 
Saúde para todos, 
Combate a estigmas e preconceitos, 
Atendimentos multiprofissionais, sob logica interdisciplinar, 
Atividades de inclusão social com os pacientes e seus familiares, promovendo autonomia e exercício de cidadania, Etc.
Garantir a articulação e integração dos pontos de atenção das redes de saúde no território, qualificando o cuidado por meio do acolhimento, do acompanhamento contínuo e da atenção às urgências. 
Atenção básica de saúde: Unidade básica de saúde, núcleo de apoio a saúde da família (NASF), consultório na rua, apoio aos serviços da componente atenção residencial de caráter transitório (Unidades de Acolhimento e Serviços de Atenção em Regime Residencial), centros de convivência e cultura. 
Atenção de Urgência e Emergência: SAMU 192, sala de estabilização, UPA 24h e portas hospitalares de atenção à urgência/pronto socorro, Unidades Básicas de Saúde.
Atenção Residencial de Caráter Transitório: Unidade de Acolhimento, Serviço de Atenção em Regime Residencial.
Atenção Hospitalar: Enfermaria especializada em hospital geral, serviço hospitalar de referência para atenção às pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas.
Estratégias de Desinstitucionalização: serviços residenciais terapêuticos - são casas, locais de moradia, destinadas a pessoas com transtornos mentais que permaneceram em longas internações psiquiátricas e impossibilitadas de retornar às suas famílias de origem.
programa de volta para casa - para assistência, acompanhamento e integração social, fora da unidade hospitalar, de pessoas acometidas de transtornos mentais, com história de longa internação psiquiátrica (com dois anos ou mais de internação).
Estratégias de Reabilitação Psicossocial: Iniciativas de geração de trabalho e renda, empreendimentos solidários e cooperativas sociais. 
Definição e objetivos dos CAPS
 Esta unidade é de grande importância para a reforma psiquiátrica, pois, nelas são feitos os atendimentos para pessoas com transtornos diversos, geralmente transtornos graves e persistentes, o atendimento é transitório, ou seja, a pessoa não tem de ser internada, ela permanece vivendo em sociedade e fazendo tratamento. Além disso é a porta de entrada em saúde mental. É o núcleo de uma nova clínica, produtora de autonomia, que convida o usuário à responsabilização e ao protagonismo em toda a trajetória do seu tratamento; e promove a inserção social. O CAPS, vêm se mostrando efetivo na substituição do modelo hospitalocêntrico, como componente estratégico de uma política destinada a diminuir a ainda significativa lacuna assistencial no atendimento a pacientes com transtornos mentais mais graves.
Tipos de CAPS: CAPS I, CAPS II, CAPS III, CAPS i e CAPS ad.
CAPS I e CAPS II- Os dois tem o mesmo objetivo, tratamento de pessoas com transtornos graves e persistentes, o que muda é a quantidade de profissionais em cada um e a capacidade para atendimento. No CAPS I, tem no mínimo 9 profissionais de nível médio e superior, com a capacidade de atender até 240 pessoas por mês, localizados em municípios com no mínimo 20 mil habitantes e no máximo 50 mil. O CAPS II, tem no mínimo 12 profissionais do nível e médio e superior, com capacidade de atender até 360 pessoas por mês, localizados em municípios com mais de 50 mil habitantes.
CAPS III – costuma ser 24 horas, inclusive feriados e fins de semana, estão localizados em municípios com mais de 200 mil habitantes, tem uma equipe mínima de 16 profissionaisdo nível médio e superior. Um diferencial é a possibilidade de internação quando necessária, os pacientes podem ficar ate 14 dias internados, essas internações tem caráter terapêutico, visam evitar as internações em hospitais psiquiátricos, em casos que tenham melhora paciente é direcionado para um hospital geral ou unidade de apoio. 
CAPS i – Esse equipamento presta atendimento a crianças e adoentes com transtornos moderados, severos e persistentes, tem uma equipe mínima de 11 profissionais do nível médio e superior, com capacidade de realizar 180 acompanhamentos por mês, estão localizadas em municípios com mais de 200 mil habitantes. 	
CAPS ad – O atendimento é focado em pessoas que utilizam álcool e outras drogas de forma prejudicial, composto por uma equipe mínima de 13 profissionais de nível médio e superior, pode realizar até 240 atendimentos mês, localizados em municípios com mais de 200 mil habitantes. 
*todos os CAPS podem iniciar a solicitação de internação para pacientes caso achem necessário, mesmo tendo de transferi-lo para um hospital geral ou a uma rede de apoio.
Oficinas terapêuticas - tipos, objetivos e os conceitos de desinstitucionalização e reabilitação social.
As oficinas terapêuticas podem ser entendidas como atividades individuais ou grupais, onde o paciente é estimulado a desenvolver atividades, tais oficinas visam a integração social dos pacientes, as oficinas são formas de cuidado, que objetivam reinseri-los na sociedade e como cidadãos, inseri-los ainda no trabalho e/ou em atividades artísticas, artesanais, ou em dar-lhes acesso aos meios de comunicação entre outros. Estas atividades apresentam em comum a capacidade de acomodar largas variações individuais e de respeitar o tempo e o ritmo psíquico de cada trabalhador.
Tipos de oficinas: 
Espaço de Criação: são aquelas oficinas que possuem como principal característica a utilização da criação artística como atividade e como um espaço que propicia a experimentação constante. 
Espaço de Atividades Manuais: seria uma oficina que utiliza o espaço para a realização de atividades manuais, onde seria necessário um determinado grau de habilidade e onde são construídos produtos úteis à sociedade. O produto destas oficinas é utilizado como objeto de troca material. 
Espaço de Promoção de Interação: é a oficina que tem como objetivo a promoção de interação de convivência entre os clientes, os técnicos, os familiares e a sociedade como um todo
Conteúdo da Nota Técnica nº 11/2019 que contrariam a Lei nº 10.216/2001; 
Devemos considerar que na lei 10.216/2001 a internação de pacientes em hospitais psiquiátricos deve ocorrer em caráter de exceção, ou seja, apenas quando cessarem todos os meios de intervenções extra-hospitares, fazendo com que o mesmo receba o tratamento em sociedade, visando promover a inserção social, caso tais meios falhem, a internação é recomendada. A norma técnica vai contra isso, bem como vai contra recomendações da ONU e da Organização Mundial de Saúde.
A nota técnica parece desconhecer toda a história da luta antimanicomial, quando afirma que, “não há mais porque se falar em ‘rede substitutiva’, já que nenhum Serviço substitui outro”. Parece que tal nota não considera os danos relacionados ao isolamento, e até mesmo o histórico de abusos cometidos nesses hospitais, violando os direitos humanos dos residentes. Além disso, desconsidera a rede de atenção psicossocial, criada para atender as demandas dessas pessoas, os desinstitucionalizando para obter tratamento em sua comunidade, em meio a sua família e amigos, promovendo o cuidado dos mesmo para com o doente de forma integrada a uma equipe multiprofissional, o equipamento mencionado aqui é o CAPS. A nota parece atribuir apenas papel auxiliar a esse equipamento que tem sido tão importante para luta antimanicomial, nesta ele servira apenas como um meio para entrada e saída de internações.
Anota técnica desrespeitas algumas portarias e Leis, já que a mesma foi implantada de forma autoritária, sem debater a mesma com usuários, familiares de usuários e profissionais que atuam nas redes, desrespeitando ainda as conferencias nacionais de saúde e saúde mental. Quando a nota diz se basear apenas em evidencias cientificas, não explica claramente seu significado, mas deixa implícito que se trata do modelo Biomédico Reducionista, que prega a medicina baseada em evidencias, excluindo outras formas de saber e de evidências. O que vai contra o Art. 29 do Decreto n.o 6.949, de agosto de 2009 e Art. 18 da Lei Brasileira de Inclusão, Lei n..o 13.146, de 2015, onde retrata o colhimento das várias contribuições multiprofissionais, debate democrático e permanente, e geração gradual de consensos e pactos na sociedade e nas diversas instâncias de controle social, que foram utilizadas em todo o processo de reforma psiquiátrica até 2015, estas estão sendo revertidas radicalmente com as últimas portarias desde 2017 e a presente Nota Técnica.
A gestão de Quirino Cordeiro, foi de total monopolização dos dados relacionados a políticas públicas em saúde mental, o mesmo só mostrava dados em reuniões para um público seleto, por meio de dadashows e tabelas, excluindo os outros atores sociais e políticos do campo. Essa monopolização dos dados que foi estendida para todo o período de Quirino Cordeiro no cargo, constitui, portanto mais um traço autoritário da gestão de uma política que deveria ser pública e transparente.,
A Nota anuncia a inclusão do hospital psiquiátrico na RAPS, com reajuste da Autorização de Internação Hospitalar (AIH) e financiamento para a compra de aparelho de eletroconvulsoterapia, em sua história vemos retratos de usos da mesma de modo punitivo e indiscriminado, além disso, é uma técnica utilizada em caráter raro e excepcional devido seus efeitos colaterais. Para mudanças nas políticas de internações propõe o período mínimo de 90 dias, mesmo as internações quando indicadas, tem de durar períodos bem menores que esse. Vemos aqui um retrocesso nas políticas, tendo em vista, que nos remete a antigas praticas que ocorriam em Hospitais psiquiátricos que frequentemente desrespeitavam os diretos humanos.
A nota inclui mais leitos em Hospitais Gerais, até 30 leitos e 80% de tais leitos de tem de estar ocupados, o que estimulara a internação indiscriminada de pacientes, desestimulando a criação de serviços alternativos e comunitários como o CAPS, além disso o elevado numero de leitos fara com que os Hospitais se transformem em mini-hospícios.
Estimula a criação de vagas em comunidades terapêuticas, para usuários de álcool, crack e outras drogas, tais comunidades oferecem um modelo assistencial mono terapêutico, ficando em isolamento com praticas majoritariamente religiosas e na abstinência total. As residências terapêuticas já tem diversas denúncias de abusos e desrespeito aos direitos do usuário.
O tratamento em Abstinência total tem diversas falhas e grande índice de recaídas ao longo da história. A nota ainda reafirma o abando da pratica de Redução de Danos, mesmo a pratica sendo utilizada por diversos países de primeiro mundo e tendo trago bons resultados. Tais politicas trazem para o dia a dia do meio assistencial a “guerra as drogas”.
O único tópico dedicado exclusivamente a essa faixa etária de crianças e adolescentes é curto e surpreendentemente, apenas defende a internação psiquiátrica para crianças e adolescentes! 
Esta orientação se confronta com o espírito mais geral do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei 8069, de 1990), particularmente em seus artigos 18, 18A e 18B, e com as recomendações explícitas (de números 173 e 174) da III Conferência Nacional de Saúde Mental, de negação de internações deste grupo etário em instituições de características manicomiais, bem como de desinstitucionalização das crianças e adolescentes ainda remanescentes em instituições deste tipo.
A Nota parece se esforçar em reduzir o papel do CAPS na RAPS, ao descrever o ambulatório especializado como local de tratamento de moradores de residências terapêuticase ao estimular “municípios de pequeno porte” com “dificuldades na implantação e manutenção” de um CAPS I que optem por uma Unidade Ambulatorial Especializada em seu lugar, diminuindo a capacidade de abordagem para casos locais de pessoas com transtornos mais severos, e ignorando as dificuldades estruturais de se mobilizar psiquiatras para este tipo de cidades.
Transtornos mentais: O estudo da doença mental inicia-se pela observação cuidadosa de suas manifestações. Os transtornos mentais são, em sua grande maioria, síndromes, isto é, conjuntos de sinais e sintomas.
Ao caracterizar as síndromes psicopatológicas, o profissional coloca em prática sua habilidade de perceber, observar, escutar ativamente, descrever, examinar, concatenar ideias, evocar e sintetizar os elementos que lhe são comunicados através destas linguagens particulares, compostas pelos elementos concretos e simbólicos que constituem o universo mental.
Definição de sinais e sintomas: 
Consciência – Este termo diz respeito ao conhecimento compartilhado com o outro e, com isso o conhecimento compartilhado consigo mesmo, apropriado pelo indivíduo. 
Três definições:
Neuropsicológica: diz respeito a estar lucido, desperto, vigil, acordado, é capacidade de perceber a realidade.
Psicológica: Está ligada a relação do Eu com o meio ambiente, é a capacidade do sujeito de entrar em contato com a realidade, perceber e conhecer os seus objetos.
Ético filosófica: esta afirma que consciência esta diretamente ligada a capacidade de tomar ciência dos deveres éticos e assumir a responsabilidades, os direitos e deveres relacionados e está ética, ou seja, o homem tem de estar engajado na dinâmica social de determinada cultura.
Alterações quantitativas- Está ligada ao rebaixamento do nível de consciência, esta é sempre de natureza orgânica. Ex: Traumatismo craniano, Síndrome de abstinência do álcool, Neoplasias (cresci-me nto anormal dos tecidos – se maligno = câncer), Infecção, Síndromes metabólicas (resistência à insulina), Hiper e hipoglicemia, Complicações vasculares (AVC)Epilepsia
Obnubilação (turvação) da consciência: trata-se do rebaixamento da consciência em grau leve ou moderado. Pacientes nesse estado podem estar sonolentos, ou parecerem despertos, a uma lentidão na compreensão, dificuldade de concentração, podem estar desorientados, tem dificuldades em perceber estímulos no ambiente, estão sujeitos a ilusões, percepções falseadas, delirantes, ter atitudes impulsivas, falsos julgamentos e falta de estabilidade emocional. O paciente obnubilado usualmente responde a ordens verbais simples, porém apresenta dificuldades em executar ordens mais complexas.
Sopor: Pacientes nesse estado estão nitidamente sonolentos, suas reações estão lentificadas, só podem ser desperto por estímulos dolorosos, visível dificuldade de qualquer ação espontânea, inibição psicomotora mais severa que no estado de obnubilação.
Coma: É o grau mais profundo de rebaixamento do nível de consciência, nesses casos não é possível qualquer atividade voluntaria, além da ausência de qualquer indicio de consciência. 
Sinais neurológicos do coma: movimentos musculares errantes com desvios lentos e aleatórios; nistagmo; transtornos do olhar conjugado; anormalidades dos reflexos oculocefálicos (cabeça de boneca) e oculovestibular (teste calórico: água gelada); ausência de reflexo de acomodação (contração das pupilas mediante aproximação do objeto).
Delirium (definição e características) – é um quadro confusional do paciente, pois o discurso do paciente é confuso, as frases não tem ligação ou nexo. Aqui os pacientes estão com rebaixamento da consciência e desorientado, quanto ao tempo e ao espaço. Portanto, tem como consequência, dificuldade de concentração, perplexidade, ansiedade em graus variáveis, agitação ou lentificação psicomotora, discurso ilógico e confuso e ilusões e/ou alucinações, quase sempre visuais.
- Quadro que oscila durante o dia: sensório claro pela manhã e começo da tarde, com “afundamento” no final da tarde e início da noite;
Não se deve confundir delirium (quadro sindrômico causado por alteração do nível de consciência, em pacientes com distúrbios cerebrais agudos) com o termo delírio (ideia delirante; alteração do juízo de realidade encontrada principalmente em psicóticos esquizofrênicos).
ALTERAÇÕES QUALITATIVAS
Estados crepusculares: Estreitamento transitório do campo da consciência (de poucos minutos a horas), com conservação de alguma atividade motora global, permitindo a ocorrência de atos automáticos; sujeito a reações impulsivas, com atitudes violentas e episódios de descontrole emocional; geralmente é seguido de amnésia lacunar,( perda da memória relacionada ao acontecimento); são associados a epilepsia, intoxicação por álcool e outras substâncias, traumatismo craniano, quadros dissociativos histéricos agudos e, por vezes, após choque emocionais intensos.
Estado segundo: Estado patológico transitório semelhante ao estado crepuscular; caracteriza-se por atividade psicomotora coordenada estranha à personalidade do sujeito; possui natureza mais psicogênica (choques emocionais intensos) que os estados crepusculares (que possui causas frequentemente orgânicas); geralmente os atos cometidos são incongruentes, extravagantes, em contradição com a educação e conduta habitual do sujeito (quase nunca são graves ou perigosas, como no caso dos estados crepusculares); aproxima-se mais à dissociação da consciência do que ao estado crepuscular.
Dissociação da consciência: Perda momentânea da unidade psíquica (fragmentação da consciência); pode durar minutos ou horas, na sua fase mais intensa; ocorre com certa frequência nos quadros histéricos, desencadeada por acontecimentos psicologicamente significativos (conscientes ou inconscientes) que geram grande ansiedade no paciente; pode se iniciar devido a quedas, abalos musculares e movimentação corporal semelhante à crise convulsiva (crise pseudoepiléptica), quadros de intensa ansiedade (mesmo o paciente não tendo personalidade ou traços histéricos); é vista como estratégia defensiva inconsciente para lidar com intensa ansiedade (o sujeito desliga-se da realidade para parar de sofrer).
Transe: Estado de dissociação da consciência semelhante ao sonhar acordado, porém há a presença de atividade motora automática; acompanha a suspensão parcial dos movimentos voluntários; ocorre em contextos religiosos e culturais; não se deve confundir o transe religioso, culturalmente contextualizado e sancionado, com o transe histérico (estado dissociativo da consciência).
Estado hipnótico: Estado de consciência reduzida e estreitada e de atenção concentrada (pode ser induzido); semelhante ao transe, com sugestionabilidade aumentada e atenção concentrada no hipnotizador; podem ser lembrados cenas e fatos esquecidos; podem ser induzidos fenômenos como anestesia, paralisia, rigidez muscular e alterações vasomotoras (vasoconstrição e vasodilatação); trata-se de uma técnica refinada de concentração da atenção e de alteração induzida do estado de consciência.
Experiência de quase-morte (EQM): Estado de consciência que ocorre em situações críticas de ameaça à vida (parada cardíaca, hipóxia grave, isquemias, acidente automobilístico grave, etc.) relatado pelos sobreviventes; experiências rápidas (de segundos a minutos); características mais frequentes: sensação de paz, de estar fora do próprio corpo, de estar rodeado por uma luz intensa, de “estar em outro mundo”, sensações de “união cósmica”, de ter atingido um “ponto de não-retorno”, de alegria intensa, de “compreensão imediata” e de contato com uma “entidade mística”. 
Semiotécnica: Tal técnica serve para avaliar os graus de alteração psíquica do paciente, para isso o mesmo faz perguntas e observa reações, tentando identificar semelhanças nas atitudes do paciente com determinada patologia.
Semiotécnica da consciência-I Lembrar que qualquer alteração do nível de consciência repercute no funcionamento global do psiquismo. Ele deve ser avaliado em primeiro lugar. Observar aface e a atitude do paciente e, se possível, notar se ele está desperto ou sonolento. Observar se o paciente está perplexo, com dificuldade de integrar coerentemente os estímulos ambientais. Lembrar que é por meio da orientação (sobretudo temporoespacial) que, muitas vezes, se avalia o nível de consciência. Teste da parede ou do papel branco. Pedir ao paciente que olhe atenta e fixamente para uma parede branca (ou papel grande branco); o paciente com leve rebaixamento do nível de consciência pode, ao fazer isso, apresentar alucinações visuais simples ou complexas.
Memória: A memória é a capacidade de registrar, manter e evocar as experiências e os fatos já ocorridos. A capacidade de memorizar relaciona-se intimamente com o nível de consciência, com a atenção e com o interesse afetivo.
De modo geral, recordamos e aprendemos elementos provenientes de experiências vivenciadas em bloco, nas quais diversas modalidades sensoriais interagem, em contexto emocional determinado e com significações pessoais e sociais específicas.
Tipos de memória:
1. Memória cognitiva (psicológica): É uma atividade altamente diferenciada do sistema nervoso, que permite ao indivíduo registrar, conservar e evocar, a qualquer momento, os dados aprendidos da experiência. 2. Memória genética (genótipo): Conteúdos de informações biológicas adquiridos ao longo da história filogenética da espécie, contidas no material genético (DNA, RNA, cromossomos, mitocôndrias) dos seres vivos. 3. Memória imunológica: Informações registradas e potencialmente recuperáveis pelo sistema imunológico de um ser vivo.
 4. Memória coletiva ou cultural: Conhecimentos e práticas culturais (costumes, valores, habilidades artísticas e estéticas, preconceitos, ideologias, estilo de vida, etc.) produzidos, acumulados e mantidos por um grupo social minimamente estável.
A memória que estudaremos diz respeito a memória cognitiva, que conta com três fases:
Fase de registro (percepção, gerenciamento e início da fixação) – Fase de conservação (retenção) – Fase de evocação (também denominada de lembranças, recordações ou recuperação).
Percepção/ fixação: Isso depende do nível de consciência da pessoa, quanto ela está desperta, dependendo também do nível de cansaço em que a pessoa se encontra, quanto esta concentrada, sua sensopercepção tem de estar intacta, vontade de aprender, afetividade ligada ao tema proposto, capacidade de compreender o conteúdo, organização de repetições do conteúdo, repetir conteúdos facilitam na fixação, métodos de percepção, ou seja utilizar mais de um sentido, Ler em voz alta por exemplo, onde se usa audição e visão. 
Conservação(retenção): um dos meios de facilitar a conservação é a repetição do conteúdo, quanto mais o repto maior a chance de retê-lo, associar com outros elementos, sensopercepção, e capacidade de compreensão do conteúdo.
Evocação (recuperação ou reprodução): A evocação é a capacidade de recuperar e atualizar os dados fixados. Para tal temos alguns tipos de memória. 
Esquecimento, por sua vez, é a denominação que se dá à impossibilidade de evocar e recordar. Este se dá por três vias: 
1. Esquecimento normal, fisiológico: por desinteresse do indivíduo ou por desuso. 
2. Esquecimento por repressão: quando se trata de conteúdo desagradável ou pouco importante para o indivíduo, podendo, no entanto, o sujeito, por esforço próprio, voltar a recordar certos conteúdos reprimidos (que ficam estocados no pré-consciente). 
3. Esquecimento por recalque: certos conteúdos mnêmicos, devido ao fato de serem emocionalmente insuportáveis, são banidos da consciência, podendo ser recuperados apenas em circunstâncias especiais (ficam estocados no inconsciente).
- Segundo a lei de Ribot, o indivíduo que sofre uma lesão ou doença cerebral, sempre que esse processo patológico atinge seus mecanismos mnêmicos de registro e recordação, tende a perder os conteúdos da memória (esquecimento) seguindo algumas regularidades: 1. O sujeito perde as lembranças e seus conteúdos na ordem e no sentido inverso que os adquiriu. 2. Consequência do item anterior, ele perde primeiro elementos recentemente adquiridos e, depois, os elementos mais antigos. 3. Perde primeiro elementos mais complexos e, depois, os mais simples. 4. Perde primeiro os elementos mais estranhos, menos habituais e, só posteriormente, os mais familiares. 5. Primeiramente, perde os conteúdos mais neutros; depois, perde os elementos afetivos e, apenas no fim, os hábitos e os comportamentos costumeiros mais profundamente enraizados no repertório comportamental e mental.
Alterações qualitativas: As alterações qualitativas da memória envolvem sobretudo a deformação do processo de evocação de conteúdos mnêmicos previamente fixados. O indivíduo apresenta lembrança deformada que não corresponde à sensopercepção original. Os principais tipos de paramnésias são:
Ilusões mnêmicas - a pessoa tem memorias sobre determinados assuntos, mas existem lacunas na lembrança, então ele cria elementos fictícios para a completar, fazendo com que a mesma tenha caráter fictício. (Lembrança adquire caráter fictício, falsas recordações). Ocorre na esquizofrenia, na paranoia, na histeria grave, nos transtornos da personalidade (borderline, histriônica, esquizotípica, etc).
Alucinações mnêmicas: Aparecem como lembranças de algo que aconteceu, porém, são criações imaginarias, estas não correspondem a qualquer elemento mnêmico, (não estão relacionadas a nenhuma recordação) o paciente não as inventa, ele acredita que as mesmas ocorreram, elas são involuntárias. Ocorrem geralmente em esquizofrenias e demências.
Fabulações (ou confabulações): elementos da imaginação ou lembranças isoladas completam artificialmente lacunas de memória originadas devido à falha da memória de fixação. Há incapacidade do doente em reconhecer como falsos os produtos de sua imaginação. Além disso, o elemento mnêmico utilizado para preencher a lacuna não têm estabilidade, sendo substituído sem critério ou crítica pelo paciente. Desse modo o paciente não tem a intenção de enganar o examinador. Podem ser produzidas, induzidas ou direcionadas pelo examinador (fabulações de embaraço). Comuns na síndrome de korsakoff.
Ex.: um homem que “inventa” um nome diferente todas as vezes que é perguntado sobre o nome de seu filho recém-nascido.
Criptomnésias: é u, falseamento da memória, nestes casos as memorias aparecem como fatos novos ao paciente, ele não as reconhece como lembranças, as vê como uma descoberta. Comuns em pessoas normais e em pessoas com demência como Alzheimer.
Ecmnésia: É uma recapitulação ou revivescência de uma cena da vida de forma intensa e paranoica, é uma recordação densa de muitos eventos passados que ocorre em breve período. Comum em pessoas que tiveram experiencias de quase morte, é como se a vida da pessoa passasse em minutos, em sua mente por conta da experiencia.
Lembrança obsessiva: são ideias persistentes que invadem a mente da pessoa, tal ideia a causa incomodo, mas ela não consegue repelir o pensamento, é comum em pessoas com transtorno obsessivo compulsivo.
Sensopercepção: é a capacidade de captar e interpretar estímulos sensoriais, estímulos fisicos, luz, som, calor, pressão, etc.
Estímulos químicos, substâncias com sabor ou odor, estímulos sobre as mucosas, a pele, etc. Estímulos gerados fora ou dentro do organismo que produzem alterações nos órgãos receptores, estimulando-o.
Os estímulos sensoriais fornecem a alimentação sensorial aos sistemas de informação do organismo. As diferentes formas de sensação são geradas por estímulos sensoriais específicos, como visuais, táteis, auditivos, olfativos, gustativos, proprioceptivos e cinestésicos.
Por percepção, entende-se a tomada de consciência, pelo indivíduo, do estímulo sensorial, ou seja, o individuo transforma o estimulo sensorial em fenômenos perceptivos conscientes
O percepto (percepção final): é construído por meio da síntese dos estímulos sensoriais, que são confrontados com experiências anteriores e com o contexto sociocultural onde o sujeitoestá inserido, que atribui significado às experiências (apreensão).
 Alterações qualitativas; as alterações qualitativas da sensopercepção são as mais importantes em psicopatologia. Compreendem as ilusões, as alucinações, a alucinose e a pseudo-alucinação.
Ilusão: é caracterizada pela percepção deformada de um objeto real e presente, ou seja, o objeto de fato existe, ele está lá, mas a percepção está deformada. É comum, visão de pessoas, monstros, animais, dentre outros, a partir estímulos visuais; ouvir o próprio nome, palavras significativas ou chamamentos, a partir de estímulos sonoros inespecíficos.
Condições que podem influenciar em sua ocorrência: Fadiga grave ou intenção marcante, rebaixamento do nível de consciência, estados afetivos (ilusões catatímicas – distorção influenciada por fortes sentimento ou emoções).
Alucinação: é a percepção clara e definida de um objeto (voz, ruído, imagem) sem a presença do objeto estimulante real. Embora as alucinações sejam mais comuns em indivíduos com transtornos mentais graves, podem ocorrer em pessoas que não os apresentem.
TIPOS DE ALUCINAÇÃO:
Alucinações auditivas simples: o paciente refere ouvir apenas ruídos primários (tinnitus aurium: sensação subjetiva de ouvir ruídos, tais como zumbidos, burburinhos, cliques, estalidos).
Alucinações auditivas complexas (mais frequentes e significativas): o paciente escuta vozes sem a presença de qualquer estímulo real (alucinação áudio-verbal). São vozes que ameaçam, insultam, de conteúdo depreciativo e/ou de perseguição, vozes de comando e que comentam as atividades corriqueiras do paciente (vozes comentam a ação do paciente em terceira pessoa).
Valor diagnóstico das alucinações áudio-verbais: tais alucinações ocorrem com maior frequência na esquizofrenia, tendo aqui o paciente uma convicção marcante de sua realidade. Também ocorrem nos transtornos do humor; na depressão grave, podem-se ouvir vozes geralmente com conteúdo negativo, de ruína ou culpa; e, na mania, são ouvidas vozes com conteúdo de grandeza ou conteúdo místico-religioso. As alucinações áudio-verbais que ocorrem nos transtornos do humor são classificadas em humor-congruentes (na depressão, vozes com temas depressivos; na mania, vozes com temas de grandeza) ou humor-incongruentes (o tema não tem a ver com o estado de humor do paciente, p. ex., vozes acusatórias na mania e vozes religiosas, da Virgem, na depressão). Ainda são experimentadas por pacientes que sofrem de alcoolismo crônico e de transtornos da personalidade (personalidade histriônica, borderline e esquizotípica), assim como de transtorno dissociativo.
Musicais: é descrita como a audição de tons musicais, ritmos, melodias, sem o correspondente estimulo externo. Essas alucinações geralmente, são acompanhadas de consciência clara e crítica por parte do paciente. 
Valor diagnostico: Tais alucinações são raras, as mesmas são mais comuns em mulheres, geralmente, são acompanhadas de consciência clara e crítica por parte do paciente. Ocorrem também em casos de demências; presente também em transtornos psiquiátricos (principalmente depressão), muito embora possam ser desencadeadas pelo uso de antidepressivos em idosos; tais fatos podem ocorrer conjuntamente.
 Visuais: são visões nítidas de um objeto sem a presença do estimulo visual. 
Alucinações visuais simples (fotopsias): cores, bolas e pontos brilhantes. Frequentes em pacientes com doenças oculares, com déficit ou privação visual, podendo também estarem presentes na esquizofrenia, AVC, abuso de álcool, enxaqueca e epilepsia.
Alucinações visuais complexas: figuras e imagens de pessoas (vivas ou mortas, conhecidas ou não), de partes do corpo (genitais, olhos assustadores, etc.), de entidades (demônios, anjos, fantasma, etc.), objetos inanimados, animais ou crianças. Podem também incluir alucinações cenográficas, (cenas bem elaboradas, como no cinema de fato) ou alucinações liliputianas, (vê pessoas pequenas passando).
Valor diagnóstico das alucinações visuais: podem ocorrer tanto em estados normais e fisiológicos como em estados de adormecimento (alucinações hipnagógicas) ou na fase de despertar do sono (alucinações hipnopômpicas) e em estados de fadiga e de emoção intensa. As alucinações visuais simples ocorrem em casos de enxaqueca, doenças oftalmológicas, sobretudo quando há perda total ou parcial da visão, epilepsia e, eventualmente, esquizofrenia. Já as alucinações visuais complexas se manifestam na seguinte ordem de frequência: Narcolepsia com cataplexia (transtorno do sono em que a atividade REM invade a consciência vígil). Demência por corpos de Lewy (DCL). Doença de Parkinson com demência. Delirium (sobretudo no delirium tremens dos alcoolistas). Esquizofrenia. Demência vascular. Doença de Alzheimer. Doenças oftalmológicas. Intoxicação por alucinógenos.
Embora possam se manifestar em condições normais e em transtornos mentais, são mais frequentes em quadros neurológicos e neuropsicológicos, assim sendo, atentar para a hipótese de causa orgânica.
Táteis: Sensação de espetadas, choques, insetos ou pequenos animais correndo sobre a pele. São frequentemente sentidas nos genitais, principalmente na esquizofrenia (tocam ou penetram seus genitais).
Valor diagnóstico: Frequentes na esquizofrenia, nos quadros histéricos, no delirium tremens e nas psicoses tóxicas (principalmente pelo uso da cocaína).
Olfativas e gustativas: São raras, em geral, manifestam-se como o “sentir” o odor de coisas podres, de cadáver, de fezes, de pano queimado, etc. Lembranças ou sensações olfativas normalmente vêm acompanhadas de forte impacto emocional. (“Sinto o cheiro de veneno de rato na comida, pois estão tentando me envenenar.”).
Nas alucinações gustativas, os pacientes sentem, na boca, o sabor de ácido, de sangue, de urina, etc., sem qualquer estímulo gustativo presente. Ocorrem, muitas vezes, associadas a alucinações olfativas.
Valor diagnóstico: as alucinações olfativas são mais frequentes nos quadros histéricos, seguidos dos quadros esquizofrênicos, e em quadros psico-orgânicos; já as gustativas ocorrem com mais frequência na esquizofrenia e, em seguida, nos quadros histéricos.
Alucinações cenestésicas: é o fenômeno geral de experimentar sensações alteradas nas vísceras e no corpo é denominado Nestes casos os pacientes sentem como se tivessem seu fígado revirado, esvaziado seu pulmão, seus intestinos arrancados, o cérebro apodrecido, o coração rasgado, e assim por diante.
Alucinações cinestésicas (de movimento): são vivenciadas pelo paciente como sensações alteradas de movimentos do corpo, como sentir o corpo afundando, as pernas encolhendo ou um braço se elevando.
Valor diagnóstico: Ocorrem principalmente na esquizofrenia; Órgãos encolhendo ou sumindo: comum nas depressões graves;
Atenção: no predomínio do aspecto sensorial, considerar alucinação; no predomínio dos aspectos ideativos, considerar delírio.
Funcionais: estas são desencadeadas por estímulos sensoriais. Paralelismo entre sensopercepção e representação. É uma alucinação, ou seja, o objeto não está lá, apenas desencadeada por um estímulo real. Alguns pacientes relatam, por exemplo, que quando abrem o chuveiro ou a torneira da pia, começam a ouvir vozes.
Valor diagnóstico: Presentes na esquizofrenia
Combinadas (sinestesias): São experiências alucinatórias nas quais ocorrem alucinações de várias modalidades sensoriais (auditivas, visuais, táteis, etc.) ao mesmo tempo. O indivíduo vê uma pessoa que fala com ele, toca em seu corpo e assim por diante. 
Valor diagnóstico: as alucinações combinadas ocorrem com maior frequência em síndromes com alteração do nível de consciência, mas também podem aparecer na esquizofrenia, em formas graves de histeria e em psicoses em geral.
Alucinações extracampinas: São alucinações experimentadas fora do campo sensoperceptivo usual, como quando o indivíduo vê uma imagem às suas costas ou atrás de uma parede. É um fenômeno raro, associado normalmente a psicoses
Autoscópica: esta rem rara ocorrência, a mesma diz respeito a alucinaçõesvisuais, (por vezes com componentes táteis e cinestésicos), na qual o paciente se enxerga fora do corpo.
Doppelgänger (fenômeno do duplo): sensação de que há um EU fora do corpo e outro dentro dele (pode ser ideativo ou perceptivo). Presente em casos de esquizofrenia, lesões cerebrais, delirium, intoxicações por alucinógenos e em indivíduos normais.
Valor diagnóstico: A sensação de uma presença (fenômeno próximo a esta alucinação) ocorre em síndromes psico-orgânicas, epilepsia, esquizofrenia, enxaqueca e intoxicação por alucinógenos.
 Hipnagógicas e hipnopômpicas: São alucinações auditivas, visuais ou táteis, relacionadas à transição sono-vigília. Assim, não são incomuns alucinações visuais (com pessoas, objetos, animais, monstros, etc.) que surgem na fase de transição entre a vigília e o sono.
Alucinações hipnopômpicas: ocorrem na fase em que o indivíduo está despertando.
Alucinações hipnagógicas: se manifestam no momento em que o indivíduo está adormecendo.
Estranheza do mundo percebido: Presente nas fases iniciais de muitos quadros psicóticos. na qual o mundo, como um todo, é percebido alterado, bizarro, difícil de definir pelo doente. “o próprio mundo é percebido de outra forma, a visão de mundo é que está alterada, e não o julgamento sobre ele”. É um fenômeno muito próximo da desrealização.
Alucinose – esta se da como uma alucinação, porém, o paciente a percebe estra a ele, ou seja, diferente dos outros, ele não acredita nas alucinações e entende que o que vê, sente ou houve não está ali. Entende que aquilo é estranho e patológico. Comum em pacientes com quadros pisco – orgânicos. (EGODISTÔNICO).
Alucinose penducular: Em geral visual, tipicamente vívida e brilhante (inclui pessoas, animais e figuras geométricas). Ocorre comumente com obnubilação da consciência (final do dia). Na maioria dos casos causada por lesões cerebrais.
Alucinose auditiva (alucinose alcoólica): Ocorre geralmente em indivíduos dependentes crônicos de álcool. Presença de vozes que falam do paciente na terceira pessoa. Surge com o nível de consciência preservado, sendo que às vezes o paciente apresenta crítica, reconhecendo seu aspecto patológico.
Diagnóstico diferencial entre delírio e alucinação: Na alucinação temos uma alteração na sensoperpção, já o delírio está ligado a alteração de juízo de realidade. Então para classificá-los temos de verificar o que é predominante na experiencia, quando a mesma é sensorial classificamos como alucinação, quando se apresenta com caráter ideativo ou de interpretação, classificamos como delírio.
Juízo de realidade: é a capacidade de atribuir valores e atributos aos objetos. Crítica = capacidade de avaliar juízos e avaliar o grau de coerência entre esses.
Delírio: juízo patologicamente falseado, é irredutível a argumentação, independente de quanto irracional seja a pessoa não muda de ponto de vista ou ideia. Tais ideias estão em desacordo com a cultura do ínvido. (conteúdo impossível.). Ajuizar quer dizer julgar. Todo juízo implica, certamente, um julgamento, que, por um lado, é subjetivo, individual, por outro, social, produzido historicamente, em consonância com os determinantes socioculturais.
O Delirantes, perde contato coma realidade e com os outros, para os outros sua visão de mundo não é aceitável, ele perde a subjetividade.
O delírio é um fenômeno primário, por isso psicologicamente incompreensível, não possui raízes na experiência humana, por isso impenetrável, ou seja, incapaz de ser atingido pela relação intersubjetiva e pelo contato empático entre os interlocutores. Algo inteiramente novo que se insere na história de vida do indivíduo – quebra qualitativa na biografia do indivíduo (karl jaspers).
Dimensões da atividade delirante – critérios de gravidade (kendler, 1983)
Grau de convicção: grau de convencimento pelas ideias delirantes.2. Extensão: envolvimento do delírio nas diferentes áreas de vida do paciente.3. Bizarrice ou implausibilidade: grau de distanciamento do delírio em relação à cultura vigente.4. Desorganização: consistência interna das ideias delirantes – lógica própria e grau de sistematização.5. Pressão ou preocupação: grau de preocupação e envolvimento com o delírio.6. Resposta afetiva ou afeto negativo: o quanto o delírio abala e toca afetivamente o indivíduo.7. Comportamento desviante: o quanto o paciente age em função do delírio.
Causalidade: delírio primário ou ideias delirantes verdadeira, estas são primarias por não ter relação com vivencias da pessoa, fogem de seu contexto ou vida, são uma ruptura na vida da pessoa. Delírio de grandeza: mania /Delírio de ruina: depressão/Delírio de ciúmes: dependência de álcool.
Estrutura (tipos): Segundo a estrutura, os delírios são classificados em simples(monotemáticos) – ideias que se desenvolvem em cima de um único tema. complexos (pluritemáticos) – englobam vários temas ao mesmo tempo. Não-sistematizados – os conteúdos variam de momento a momento, costumam ser encontrados em pacientes com baixo nível intelectual, deficientes mentais ou em quadros demenciais. Sistematizados – o conteúdo costuma ser o mesmo, as histórias são ricas em detalhes, ocorrem geralmente em pessoas intelectualmente desenvolvidas, a inteligência passa a trabalhar para justificar e sustentar o delírio ao invés de criticá-lo. Delírios agudos – estes costumas durar horas ou minutos, geralmente ocorrem em pessoas com psicoses toxicas ou infecções. Delírios crônicos – são persistentes, duram por anos, costumam ocorrer em esquizofrenias e transtornos delirantes.
Tipos de delírio segundo seus conteúdos: Delírio de Perseguição: o indivíduo acredita estar sendo perseguido. Delírio de Referência, de Alusão ou de Auto referência: o indivíduo acredita ser alvo da observação/comentários alheios. Delírio de Relação: o indivíduo constrói conexões entre fatos normalmente percebidos exemplo: o inverno rigoroso deste ano como sinal da chegada de alienígenas. Delírio de Influência ou Controle: o indivíduo vivencia intensamente estar sendo controlado. Delírio de Reinvindicação ou Querelância: o indivíduo afirma ser vítima de tremendas injustiças e discriminações. Delírios de Grandeza: o indivíduo acredita ser extremamente especial, dotados de poderes, de origem superior, com um destino espetacular. Delírio de Invenção ou Descoberta: o indivíduo acredita ser o autor de descobertas maravilhosas, mesmo sendo leigo no assunto. Delírio de Reforma ou Salvacionista: o indivíduo sente capaz de salvar, reformar, revolucionar ou redimir a sociedade. Delírio Místico ou Religioso: o indivíduo afirma ser ou estar em comunhão com o Messias, Deus ou um santo. Delírio de Ciúmes ou de Infidelidade: o indivíduo percebe-se traído por sua companheira de forma vil e cruel. Delírio Erótico ou Erotomania: o indivíduo afirma que alguém importante (artista, político...) está perdidamente apaixonado por ele. Delírio de Ruína ou Niilista: o indivíduo vive em um mundo repleto de desgraça, está condenado à miséria e o futuro reserva-lhe apenas sofrimentos e fracassos. Delírio de Culpa ou Autoacusação: o indivíduo afirma ser culpado por tudo de ruim que o cerca. Delírio de Negação dos Órgãos ou Síndrome de Cottar: o indivíduo relata que seu corpo está morto ou lhe falta algum órgão. Delírio Hipocondríaco: o indivíduo tem a convicção de que é portador de doenças graves. Delírio Fantástico ou Mitomaníaco: o indivíduo descreve histórias fantásticas com convicção plena de sua veracidade.

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