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FACULDADE IEDUCARE - FIED Curso de direito Direito Penal III Professor: Hytallo Wadson Tianguá – CE Receptação • Conceito Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. – Aquisição de coisa objeto de crime • Objetividade Jurídica – Patrimônio – Alguns doutrinadores: Administração da Justiça Receptação • Conduta – Adquire (obter), recebe (qualquer forma de aceitação da posse), transporta (carrega), conduz (dirige) ou oculta (esconde); – Divide-se em duas: receptação própria (é o tipo principal; agente sabe que a coisa é objeto de crime e pratica um dos verbos) e imprópria (agente influi para que terceiro de boa-fé adquira, receba ou oculte); – Não precisa haver ajuste entre o autor do crime antecedente e o receptador; – É um crime que depende de outro fato antecedente definido como crime Receptação – Se o objeto vem de uma contravenção penal: não haverá crime; se de ato infracional: há divergência; receptação da receptação: é possível se a coisa conserva seu caráter delituoso (ex: terceiro de boa-fé adquire e repassa a coisa, aquele que adquire, por mais que saiba que a coisa veio de crime, não comete o delito) – Discussão sobre o objeto material, se só bem móvel ou também o bem imóvel; para STF, só bem móvel Receptação • Sujeitos do crime – Sujeito ativo: crime comum; • exclui aquele que concorreu para a prática do crime antecedente (ex: agente adquire a parte daquele que o auxiliou no furto) • Proprietário da coisa pode praticar o delito? (ex: é furtado e vai atrás do bandidos para readquirir seu objeto); entendimento que não há crime – Sujeito passivo: Crime comum; será a mesma vítima do crime antecedente Receptação • Tipo subjetivo – Regra: doloso; exige a finalidade de obtenção de proveito próprio ou alheio (caso não haja, pode configurar outro delito -> CP,349: favorecimento real); – Receptação culposa § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas. • Se dá em uma situação de dúvida • Em razão da natureza da coisa, desproporção do preço ou condição de quem oferece; não cumulativas, mas que auxiliam na análise do caso Receptação • Consumação e tentativa – Receptação própria: crime material; coisa incluída na esfera de disponibilidade do agente; – Receptação imprópria: crime formal; basta a influência sobre terceiro de boa-fé; – Tentativa: para a maioria da doutrina, é possível apenas na receptação própria; para minoria, seria possível também na receptação imprópria na modalidade escrita, interceptando a carta. Receptação • Qualificadora Receptação qualificada § 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime: Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. – Tipo traz o crime de receptação no exercício da atividade comercial ou industrial – Traz outras condutas não previstas no caput – Sujeito ativo: crime próprio (quem exerce atividade comercial ou industrial) Receptação – Equiparação à atividade comercial § 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residência. – Tipo traz a expressão deve saber que causou uma discussão na doutrina e na jurisprudência 1ºc) pela expressão, pune-se apenas o dolo eventual; dolo direto é punido pelo caput; entendem pela inconstitucionalidade do dispositivo (violação do o princípio da proporcionalidade); pune mais severamente a conduta mais leve (já foi entendimento STF/STJ) 2ºc*) a expressão abrange tanto o dolo eventual como o dolo direto (o saber está contido no deve saber); pune igualmente tanto aquele que deveria ter o conhecimento como aquele que de fato o tem; não há inconstitucionalidade (STF/STJ) Receptação – Princípio da insignificância não se aplica na modalidade qualificada • Majorante § 6o Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviços públicos, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. – Alguns doutrinadores entendem não ser causa de aumento, mas qualificadora; – Se o objeto material for patrimônio do Poder Público, de suas entidades ou de concessionárias de serviço público, a pena é o dobro do caput, qual seja, reclusão, de 2 a 8 anos, e multa; – Apenas na forma do caput, excluindo-se a qualificadora ou a forma culposa – Antes, não se aplicava à empresa pública; STF, HC 105.542 entendeu que se aplicava; lei n. 13.531/17 incluiu a empresa pública no tipo penal Receptação • Perdão judicial e minorante § 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155. – Sendo o crime culposo: juiz pode deixar de aplicar a pena (perdão judicial) – Sendo o crime doloso: aplica-se as disposições do furto privilegiado (CP, 155, §2º); conversão da pena de reclusão para detenção, diminuição da pena de 1/3 a 2/3 ou aplicação apenas da pena de multa se: • Agente primário • Pequeno valor da coisa Receptação • Independência típica § 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa. – Como dito, é um crime que depende de outro fato antecedente definido como crime – Contudo, a punição pela receptação independe da sorte do crime antecedente – Dispensa prova de autoria ou que o autor seja punido; dispensa instauração de inquérito policial ou processo penal para a infração anterior Receptação de animal • Conceito Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade de produção ou de comercialização, semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de crime: (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. • Objetividade Jurídica – patrimônio – Alguns doutrinadores: saúde pública Receptação de animal • Conduta – Adquire (obter), recebe (qualquer forma de aceitação da posse), transporta (carrega), conduz (dirige), oculta (esconde), ter em depósito (posse protegida) ou vender (alienar); – Finalidade específica: para fins de produção ou comercialização – Objeto material: Semovente domesticável de produção – Vivo ou abatido; Inteiro ou em partes Receptação de animal • Sujeitos do crime – Sujeito ativo: crime comum • exclui aquele que concorreu para a prática do crime antecedente (ex: agente adquire a parte daquele que o auxiliou no furto) • Proprietário da coisa pode praticar o delito? (ex: é furtado e vai atrás do bandidos para readquirir seu objeto); entendimento que não há crime • Legislador pune atividades do setor primário (pecuária) e terciário (comércio), não do setor secundário (indústria), este último punido pelo CP, 180, §1º; conflito de normas no setor terciário: se ocorrer na situação prevista no tipo (CP, 180-A) será punido por este crime por ser norma mais específica – Sujeito passivo: crime comum Receptação de animal • Tipo Subjetivo – Doloso – Não há crime na modalidade culposa • Consumação e Tentativa – Crime material: consuma-se no momento da inclusão da coisa na esfera de disponibilidade do agente – Tentativa: é possível Questões (CESPE 2-18 – PCMA – Escrivão de Polícia)Rui e Lino, irmãos, combinaram a prática de furto a uma loja. Depois de subtraídos os bens, Pedro, pai de Rui e de Lino, foi procurado e permitiu, em benefício dos filhos, a ocultação dos objetos furtados em sua residência por algum tempo, porque eles estavam sendo investigados. Nessa situação hipotética, a conduta de Pedro configura a) receptação. b) favorecimento real. c) Favorecimento pessoal. d) Hipótese de isenção de pena. e) furto. Questões (CESPE 2017 – SERES PE – Agente de Segurança Penitenciária)Um indivíduo, sem antecedentes criminais, que, consertando e vendendo telefones celulares novos e usados, exercia comércio clandestino no quintal de casa, expôs à venda, em certa ocasião, um celular roubado avaliado em R$ 3.000. Ao ser indagado sobre a procedência do bem, o comerciante alegou que o comprara de um desconhecido, sem recibo ou nota fiscal. Embora não tenha ficado esclarecido como o celular chegara às suas mãos ou quem o subtraíra, é inquestionável a procedência criminosa, já que a vítima, quando do roubo, havia registrado na delegacia a ocorrência do fato, o qual fora confirmado por testemunhas oculares. Nessa situação hipotética, tal indivíduo responderá pela prática de crime de receptação a) preterdolosa, por ter agido com dolo na conduta e culpa no resultado. b) qualificada, mesmo que a autoria do crime anterior não seja apurada, por tratar-se de crime parasitário ou acessório. c) culposa, já que agiu com imprudência ao comprar produtos sem exigir recibo ou nota fiscal. d) simples, porque não explorava comércio regular. e) dolosa com forma privilegiada, por ser primário e ter bons antecedentes. Questões (FCC 2015 – TJSE – Juiz Substituto)No delito de receptação qualificada, a expressão “coisa que deve saber ser produto de crime" possui interpretação do STF no sentido de que, a) se trata de norma inconstitucional com relação ao preceito secundário, por violar o princípio da proporcionalidade quando comparada à pena prevista para o caput. b) se aplica apenas aos casos de dolo eventual, excluindo-se o dolo direto. c) abrange igualmente o dolo direto. d) configura má utilização da expressão, por ser indicativa de culpa consciente. e) impede que no exercício de atividade comercial possa se alegar receptação culposa. Questões (VUNESP 2014 – TJPA – Juiz Substituto)Com relação às modalidades de receptação, assinale a alternativa correta. a) A receptação própria é um crime material, consuma-se com a efetiva aquisição, recebimento, transporte, condução ou ocultação da coisa produto de crime. A receptação imprópria, por sua vez, é um crime formal e, teoricamente, não admite a tentativa. b) Aquele que sabe sobre a origem da coisa produto de crime pratica a receptação na modalidade própria, enquanto que aquele que deveria saber pratica o delito na modalidade imprópria. c) A modalidade dolosa da receptação é conhecida doutrinariamente por receptação própria e a modalidade culposa por receptação imprópria d) Na receptação culposa exige-se o elemento subjetivo especial do tipo constituído pelo fim especial de desconhecer a origem da coisa produto de crime. e) A receptação própria está prevista no “caput” do art. 180 do Código Penal, enquanto a receptação imprópria, ou qualificada, está descrita no §1.º. Gabarito Questão Gabarito 01 B 02 B 03 C 04 A
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