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UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP Psicologia HELLEN MATTOS FERREIRA JANICLEIDE SIMÕES DOS SANTOS REFLEXÃO CRÍTICA DE ESTUDO DE CASO - SITUAÇÃO PROBLEMA: SALIM São Paulo - SP 2019 UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP Psicologia HELLEN MATTOS FERREIRA JANICLEIDE SIMÕES DOS SANTOS REFLEXÃO CRÍTICA DE ESTUDO DE CASO - SITUAÇÃO PROBLEMA: SALIM Trabalho de observação com situação problema para materia Psicologia do desenvolvimento e ciclo vital, sob orientação da professora Reginandrea São Paulo - SP 2019 Sumário 1.0 Introdução 2.0 Desenvolvimento 2.1 Apresentação do caso 2.2 Segunda infância 2.3 Terceira infância 3.0 Conclusão 4.0 Referências bibliográficas INTRODUÇÃO Este trabalho visa a compreenção do desenvolvimento humano desde A segunda infância até a terceira infância. Sendo feita uma reflexão sobre o caso de Salim que atualmente tem 8 anos, seus pais Romana e Salomão estão cogitando a possibilidade da separação do casal. Ao decorrer deste trabalho, abordaremos sobre questões relacionadas ao desenvolvimento e ao comportamento de Salim. APRESENTAÇÃO DO CASO SITUAÇÃO PROBLEMA: Salomão e Romana vão à sua procura para tentar resolver um problema prático com seu filho Salim que tem atualmente 8 anos. O casal resolveu se separar e busca uma orientação sobre o filho, pois têm dúvidas se ele conseguirá aceitar esse momento. Os pais contam que aos três anos Salim, sempre que possível buscava dormir na cama com eles. Para isso ele insistia muito, com suplícios e soluços. Após 3 ou 4 noites, os pais cediam, pois acabavam com pena da criança. Quando não cediam, ele dormia no próprio quarto, mas ao longo da madrugada, Salim mudava-se para a cama dos pais, entre os dois e os mesmos, muito sonolentos, nada faziam. Aos 5 anos ele começou a frequentar a escola. Todos os dias selecionava quem ia busca-lo: ora a mãe, ora o pai. E se caso os pais trocavam na hora de pega-lo, ele armava uma gritaria na porta da escola e não queria ir embora para casa enquanto a pessoa desejada não chegasse. As professoras e a direção da escola achavam tudo muito estranho, pois no dia-a-dia das atividades ele se saia muito bem. O casal sempre deu todos os presentes que o filho solicitava. Agora com a separação sabem que o padrão econômico de vida de ambos irá ser reduzido pela metade e com isso estão preocupados em não poder atender todas as necessidades do filho. E há uma grande probabilidade de Salomão ser transferido de cidade, sendo essa uma das principais razões da separação, pois Romana não quer abandonar os pais a quem dedica boa parte do seu tempo, mesmo estes não tendo nenhum problema. Atualmente, Salim está no 3º ano do ensino fundamental, mas a coordenação da escola já comunicou que se ele não se dedicar mais, provavelmente será retido, já que no ano anterior foi aprovado pelo conselho de classe que considerou as dificuldades dos pais na sua educação. Vem apresentando problemas em matemática (não consegue compreender multiplicação e divisão) e em português troca letras e na escrita troca “p com q” e “b com d”. Quando vai ler algo em sala, gagueja e troca também algumas letras. Possui alguns amigos, mas nas brincadeiras é ele quem sempre determina as regras. Quando alguma criança propõe algo diferente, ele afirma que essa não é a forma correta, que deve ser outro jogo e ele não quer. SEGUNDA INFÂNCIA PARENTALIDADE No desenvolvimento humano, a disciplina refere-se aos métodos de moldar o caráter e ensinar autocontrole e comportamento aceitável. É uma poderosa ferramenta para a socialização com o objetivo de desenvolver a autodisciplina. Há diferentes estilos de parentalidade, os pais de Salim são permissivos. Pais permissivos fazem poucas exigências e permitem que os filhos monitorem suas próprias atividades tanto quanto possível. Quando precisam criar regras, explicam os motivos para eles. Consultam as crianças sobre decisões e raramente punem. São carinhosos, não controladores e não exigentes. Quando na pré-escola, seus filhos tendem a ser imaturos – apresentam muito pouco autocontrole e pouca curiosidade exploratória. DESENVOLVIMENTO Ψ SOCIAL COMPREENDENDO E REGULANDO EMOÇÕES A capacidade de entender e regular, ou controlar, os próprios sentimentos é um dos avanços importantes da segunda infância. Crianças que podem entender suas emoções são mais capazes de demonstra-las e de entender como os outros se sentem. A autoregulação emocional ajuda as crianças a guiar seu comportamento e contribui para sua capacidade de conviver com os outros. Crianças em idade pré-escolar podem falar sobre seus sentimentos e geralmente conseguem discernir os sentimentos dos outros e compreender que as emoções estão ligadas a experiências e desejos). Elas entendem que alguém que consegue o que quer ficará feliz, e alguém que não consegue ficará triste. QUESTÕES COMPORTAMENTAIS ESPECIAIS MEDO Uma criança em idade pré-escolar cuja mãe está doente na cama poderá ficar transtornada com uma história sobre a morte de uma mãe, mesmo que seja a mãe de um animal. Geralmente os medos nascem de avaliações do perigo, como a probabilidade de ser mordido por um cão, ou são desencadeados por eventos, tal como uma criança que foi atropelada por um carro ficar com medo de atravessar a rua. Crianças que sobreviveram a um terremoto, sequestro, guerra ou a algum outro evento assustador podem ter medo de que isso aconteça novamente (Kolbert, 1994). EGOCENTRISMO INFANTIL Nessa fase também, percebe-se o egocentrismo. Jean Piaget (1896 -1980) foi o primeiro a estudar o egocentrismo infantil. Para ele, isso é normal na criança já que ela ainda não é capaz de perceber que as pessoas a sua volta têm interesses e vontades diferentes das suas. Ela acredita que todos percebem, pensam e sentem a mesma coisa que ela, ou seja, ela acredita que o mundo gira em torno dela. Entre os 3 e 5 anos, os filhos passam a desenvolver uma atração pelo genitor do sexo oposto, no caso dos meninos uma atração pela mãe, e ao mesmo passa a desenvolver uma rivalidade com o pai, que Freud chamou de Complexo de Édipo. A passagem por este momento do desenvolvimento é essencial para a criança. Ela quer se sentir segura de que é amada, de que é especial, e tem a necessidade de ter a mesma atenção que um dos pais recebe. TERCEIRA INFÂNCIA O período atual em que Salim se encontra, é o período escolar (terceira infância 6-12) SEPARAÇÃO DOS PAIS Salim demonstra bastante sincronia com os pais, o que pode leva - lo a ter dificuldade na aceitação do divórcio deles, segundo o livro “ a criança em desenvolvimento”. Além do mais as crianças em idade pré-escolar parecem ser as mais atingidas aos efeitos negativos da separação, porque seu desenvolvimento cognitivo ainda não lhes permite compreender o que está acontecendo. Estudos comprovam que em muitos casos, o rendimento escolar é prejudicado e surgem problemas de comportamento em casa e na escola, torna-se impulsiva, desrespeitando as regras familiares, ao mesmo tempo em que demonstra maior dependência e ansiedade, como acontece em alguns aspectos citados, com Salim. Atuação a adaptação de uma criança ao divórcio tem influencias a idade ou a maturidade, o sexo, o temperamento e a adaptação psicológica e social da criança que são mais ansiosas em relação ao divórcio, têm uma percepção menos realista da causa e tendem culparem a si mesmas. Mas podem adaptar-se mais rapidamentedo que crianças com mais idade, que compreendem melhor o que está acontecendo (PAPALIA, 2006). DESENVOLVIMENTO COGNITIVO O perfil do garoto apresenta dificuldades como problema em compreender situações matemáticas, troca de letras em português, gagueja ao ler e outros aspectos referente à educação. Tais particularidades concebidas são explicadas de acordo com Papalia (2006) como deficiências de aprendizagem, nas quais podem ser classificadas como dislexia com transtornos que interferem em aspectos específicos do desempenho escolar, o qual resulta inferior ao que se esperaria considerando-se a idade, a inteligência e o nível de instrução de uma criança. As deficiências de aprendizagem podem ter efeitos psicológicos na autoestima, bem como no boletim escolar. Crianças com dislexia têm problemas de leitura. Embora as crianças disléxicas possam ser ensinadas a ler através de treinamento fonológico sistemático, o processo nunca se torna automático, como ocorre com a maioria dos leitores. As deficiências matemáticas envolvem dificuldade para contar, para comparar números, para calcular e para recordar fatos aritméticos básicos. Cada uma dessas atividades pode envolver deficiências distintas. DESENVOLVIMENTO Ψ SOCIAL Também nessa fase, acontece o desenvolvimento psicossocial, que está ligado às mudanças nas relações da criança com o outro (família, amigos) e isso irá interferir diretamente na sua autoestima. É importante considerar que as mudanças nessa fase podem deixar marcas importantes para o resto da vida. Como a família ainda é a base e também a maior influencia na vida da criança, é muito importante a participação dos pais no apoio ao desenvolvimento escolar. Nessa fase também é muito importante considerar os traumas e dificuldades que a criança pode passar. Pais divorciados ou brigas dentro de casa podem influenciar todos que fazem parte do contexto familiar, e o processo tende a ser mais delicado quando se tem uma criança envolvida. Segundo Bee e Boyd (2011), “nos primeiros anos após um divórcio, as crianças tipicamente apresentam declínios no desempenho escolar e mostram comportamento mais agressivo, desafiador, negativo ou deprimido” (p.378 - 379) Nesse caso, o segredo para um desenvolvimento saudável não está na estrutura familiar, mas sim na atmosfera que a família proporciona à criança, mostrando que, apesar dos problemas no relacionamento, o apoio dos pais a criança continuará sendo o mesmo. Dos 7 aos 12 anos é a fase onde as crianças começam a ver o mundo com mais realismo. Conseguem lidar com conceitos como os números e relações. Segundo Piaget, é nesse estágio que se reorganiza verdadeiramente o pensamento, deixando de confundir o real com a fantasia, o que ele chama de operações concretas. É nesta fase que a criança adquire a capacidade de realizar operações. O egocentrismo começa a diminuir, elas apresentam maior concentração, conseguem entender que o ponto de vista do outro é diferente do seu, são capazes de ordenar itens ou agrupar objetos utilizando como critério mais de uma característica. A criança já é capaz de realizar operações mentalmente e não mais apenas através de ações físicas como na fase sensório-motor. CONCLUSÃO Com este trabalho podemos notar que, os conflitos de Salim se desenvolveram antes mesmo do divórcio dos pais, entretanto a permissividade dos mesmos desencadearam uma série de fatores que justificam algumas atituides que Salim veio desenvover na terceira infância. O fato de Salomão e Romana, por vezes, deixarem o filho dormir entre eles, fez com que Salim achasse que tinha alguma autoridade por estar entre eles e controlando, de certa forma, a intimidade dos pais. Tal fato pode explicar a atitude que a criança teve ao decorrer dos anos, como o poder de escolha de quem o buscava na escola. Os problemas escolares que ele apresenta, podem ter influência emocional, tal como em português quando troca letras, e na escrita troca “p com q” e “b com d”, ou quando vai ler algo em sala, gagueja e troca também algumas letras, problemas que podem ter se desenvolvido por estar vivendo dentro do conflito de separação dos pais. Crianças mais novas, como as da mesma faixa etária de Salim, podem se adaptar mais rapidamente, porém, não tem total compreensão do acontecido, gerando assim uma confusão para a criança, que pode ficar emocionalmente abalada e isso, por sua vez, interfere em seu aprendizado e desenvolvimento como um todo. A separação em si pode causar danos emocionais a criança, e agravar dificuldades que o mesmo já vinha apresentando. Confirmado por estudos como o de Fagan e Churchill, realizado nos EUA, afirma que o divórcio ou a separação dos pais é geralmente um processo traumático que pode desencadear sentimentos de tristezas intensos, de magoa, de perda e frustração, tanto para os adultos como para as crianças. Os filhos experimentam situações desestruturastes e desestabilizadoras. Isso envolve insegurança, culpa, preocupação, falta e tristeza. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEE, Helen. A criança em desenvolvimento. 7ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. PAPALIA, Diane E; FELDMAN, Ruth D. Desenvolvimento Humano. 12ed. 2013.
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