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Farmacotécnica Supositório, óvulos e velas Hudson Polonini O que são? Formas farmacêuticas de consistência firme, de forma cônica ou ogival • Retal • Vaginal • Uretral. Amolecer, fundir e dissolver ou desintegrar • na temperatura corporal (37 °C, mas retal 37,6 °C). Anatomia da região anorretal veias hemorroidais superiores (levam o sangue ao fígado se comunicando com a veia porta). Veias hemorroidais inferiores (levam o sangue diretamente à circulação geral; comunicam-se com a veia cava inferior por intermédio das veias ilíacas internas) Plexo hemorroidário • Mucosa retal: absorção ~ mucosa intestinal • Líquido retal: pH entre 7,2 e 7,4 Irrigada por artérias, veias e vasos linfáticos Direto na veia cava pH: 4- 4,5 Líquido ácido: bacilo de Doderlein (função de defesa, degradação de carboidratos em ácidos láctico). Mucosa: pregas e saliências: área para absorção de fármacos. Anatomia da região vaginal Por que usar estas FF? Alternativa de uso sistêmico Pacientes impossibilitados pacientes inconscientes ou sujeitos a vômito Fármacos ineficazes quando administrados por via oral / características organolépticas desagradáveis Inconvenientes Início da atividade terapêutica tardio. Quantidade total do princípio ativo absorvido inferior a de outras vias. Absorção pelo reto é irregular Absorção Quantidade/velocidade de absorção dependerá de: características fisico-químicas do fármaco (ex.: solubilidade, coeficiente de partição, pKa, tamanho de partícula, peso molecular, afinidade com a base excipiente) concentração características fisico-químicas da base e adjuvantes Paciente (idade, conteúdo colênico, capacidade tamponante do fluido retal etc) Mecanismos de ação Ação mecânica Ação local Ação sistêmica Tipos Supositórios retais: Normalmente pesam de 1 a 1,5 g para uso pediátrico e de 2 a 3 g para uso adulto. Óvulos ou supositórios vaginais: Geralmente pesam entre 3 a 5 g, não devendo ter peso superior a 15 g. Supositórios uretrais ou velas uretrais: Possui cerca de 5 mm de diâmetro, 125 mm de comprimento e de 1 a 4 g de peso. Composição básica Fármaco ou ativo • A sílica gel micronizada (ex.: Aerosil® 200) – 1% Agente suspensor: quando o fármaco não é solúvel na base. • estável, bem tolerada pela mucosa (não irritante), quimicamente e fisiologicamente inerte e compatível com uma variedade de fármacos. Base excipiente (massa) Antioxidantes Bases • Manteiga de cacau (base graxa ou lipófila) – mistura de triglicérides de ácido oleico, palmítico e esteárico. – FF: 29-34 °C – FS: 22 e 26 °C • Solidificação: 6 minutos. – não é recomendada em regiões de clima muito quente. Bases • Novata® tipo B (base graxa ou lipófila) – misturas de mono/di/triglicerídeos de ácidos graxos saturados de cadeia C12-C18 de origem animal. – melhor apresentação – FF: 33,5 - 35,5 °C. – mistura direta dos IFAs Bases • Suppocire® (base graxa ou lipófila) – mistura eutéticas de mono, di e triglicerídeos derivados de óleos vegetais naturais (principalmente de cadeias C12 - C18). – FF: 35 - 36,5 °C. – Adição direta de IFAs. Bases • Base com polietilenoglicóis ou PEGs (bases hidrófilas ou hidrossolúveis) – mistura de polietilenoglicóiscom diferentes PM em proporções adequadas para a obtenção de um produto final com ponto de fusão próximo a 37 °C – Atóxicos – maior probabilidade de incompatibilidades com fármacos • sais de prata, ácido tânico, aminopirina, quinino, ictiol, ácido acetilsalicílico, benzocaína, viofórmio, sulfonamidas, fenobarbital sódico, ácido salicílico e cânfora. Bases Sugestão - Massa para supositórios e óvulos com PEG PEG 1500 70% PEG 4000 10% PEG 400 20% Procedimento de preparo • 1. Fundir os componentes. • 2. Adicionar os princípios ativos no excipiente fundido ou em parte do PEG 400, micronizando-os. Para reduzir o risco de retenção retal dos supositórios à base de PEGs, os pacientes devem ser instruídos a umedecê-los previamente com água morna antes da sua inserção. Bases • Base de gelatina glicerinada (base hidrófila ou hidrossolúvel) – mistura de gelatina, glicerina e água – apenas para o preparo de óvulos – gelatina tipo A e a gelatina tipo B • pH: 3,8 - 6,0 (solução a 1%). • pH: 5 - 7,4 (solução a 1%). Bases Sugestão de formulação para base de gelatina glicerinada. Base para óvulos. Gelatina pó 20g Água destilada 10g Glicerina bidestilada 69,9g Metilparabeno 0,1g Propilparabeno 0,030g Procedimento de preparo 1. Solubilizar os parabenos na glicerina e aquecer em banho-maria com água fervente, por 5 minutos. 2. Adicionar a água destilada e manter em banho-maria. 3. Adicionar a gelatina aos poucos, lentamente, para evitar a formação de grumos. Agitar lentamente. 4. Deixar no banho-maria por mais 45 minutos. 5. Verter para uma embalagem flexível (Tupperware®), rotular e armazenar. 6. Para o preparo do óvulo, basta fundir novamente a base anteriormente preparada em banho- maria e incorporar o fármaco, ou então solubilizá-lo na água no momento do preparo. Bases Base de glicerina – para supositório • glicerina, estearato de sódio e água destilada Sugestão de formulação Glicerina 91g Estearato de sódio 9g Água destilada 5g Procedimento de preparo 1. Aquecer a glicerina em um recipiente adequado até a temperatura de 120 °C. 2. Dissolver o estearato de sódio na glicerina quente com agitação suave. 3. Adicionar a água destilada, misturar e em seguida verter a mistura quente para o molde adequado. Se o molde for de metal este deve ser aquecido previamente. 4. Deixar esfriar completamente antes de retirar do molde. Critérios para escolha da base Efeito pretendido: sistêmico ou local; Via de administração: retal, vaginal ou uretral; Compatibilidade e estabilidade dos ingredientes; Conforto do paciente. Critérios para escolha > efeito Efeito sistêmico • A absorção de um fármaco a partir de um supositório ou óvulo e geralmente imprevisível. • Os supositórios uretrais são utilizados apenas para efeito local. • O efeito sistêmico depende da quantidade de fluido solvente/tamponante presente no reto ou vagina. • Bases PEG: bom veículo para liberação de fármacos hidrofílicos e hidrofóbicos. • Bases graxas: pobre liberação para fármacos hidrofóbicos. Efeito local • Base não é fator crítico. • Quando se deseja um efeito emoliente (ex: tratamento de hemorroidas) - bases oleaginosas. Escolha da base > via de administração Via de administração retal: bases oleaginosas. vaginal: bases de gelatina glicerinada e bases PEG. uretral: só a base PEG. Escolha da base > compatibilidade bases oleaginosas são menos reativas que as bases PEG incompatibilidade para bases graxas: mistura eutética hidrato de cloral em manteiga de cacau. bases oleaginosas são mais sensíveis à temperatura do que as bases PEG armazenamento Escolha da base > conforto As bases oleaginosas são mais confortáveis para os pacientes que as bases PEG, por serem menos irritantes. Processos de preparação Processo da solidificação Processo da compressão Moldes de supositórios • Materiais: alumínio, bronze, acrílico e PVC (moldes dispensáveis) • Lubrificação dos moldes:moldes de metal. Moldes dispensáveis e de base PEG não necessitam de lubrificação prévia. • Equilíbrio de temperatura: moldes de metal. • Calibração prévia Cálculo da quantidade de excipiente • Vários métodos. Mais comum: fator de deslocamento ou de substituição – quantidade de base excipiente, em gramas, deslocadapor 1 grama do fármaco. Ex.: FD do ácido bórico = 0,67. Cálculo do fator de deslocamento fd = 100 (p – G) + 1 (G) (X) fd = fator de deslocamento p = peso dos supositórios de base pura (branco) G = peso dos supositórios com X % do fármaco * Para manteiga de cacau Na prática… “Multiplicar a massa dos ingredientes a serem aditivados pelo seu respectivo fator de deslocamento (valor tabelado) e o resultado então é subtraído do peso médio dos supositórios produzidos somente com a base ou "teste em branco" (o peso médio que foi determinado na calibração do molde para uma base em específico)” Caso não se conheça o FD… • Fundir a base, preencher os moldes e esperar esfriar. Extrair os supositórios do molde e pesar, anotando o peso em g (p). • Prepara-se outra massa do excipiente, em qtde insuficiente para preencher as cavidades do molde e se adiciona os gramas de fármaco requeridas. Verte-se a mistura fundida nas cavidades e completa-se o preenchimento destes com o excipiente fundido isento de fármaco. Deixa-se esfriar, tira do molde e pesa. • A diferença entre este último peso e o do fármaco adicionado (p’) corresponde ao peso do excipiente para preparar os supositórios finais. • O valor de (p) menos o valor (G- p’) corresponde ao peso do excipiente deslocado pelo fármaco. Dividindo- se este valor por p', obtém-se o fator de deslocamento (fd) em gramas. Cálculo para determinação experimental do fator de deslocamento fd = p – (G – p’) p’ fd = fator de deslocamento p = peso do supositório placebo ou branco G = peso do supositório com o fármaco p' = peso do fármaco aditivado Na prática….. • Se a qtde de fármaco por unidade for < 100 mg: não precisa de fd • Neste caso basta subtrair da base a exata quantidade em peso do fármaco. • Para dosagens > 100 mg: FD UNIVERSAL (0,7). Exemplo 1 Calcular a quantidade de base para supositório necessária para a manipulação de 10 supositórios de diclofenaco de potássio 75 mg. Calcular também a quantidade de ativo necessária, levando em conta a perda (~10%) durante o procedimento de preparo. O peso médio dos supositórios preparados somente com a base é de 2g. Exemplo 2 Calcular a quantidade de base para supositório necessária para a manipulação de 10 supositórios de fluconazol* 200 mg. Calcular, também, a quantidade de ativo necessária levando em conta a perda (~10%) durante o preparo. O peso médio dos supositórios preparados somente com a base é de 2 g. *(fd = 0,7: fator de deslocamento universal) Procedimento de preparo – Calibrar previamente o molde de supositório, caso não tenha sido utilizado anteriormente com a base a ser utilizada. – Lubrificar. Aquecer, caso necessário. – Calcular a qtde necessária de cada ingrediente (add 10%extra) – Fundir a base (banho-maria e béquer. – Adicionar e homogeneizar os ativos. Levigar? Agitador magnético? – Esfriar UM POUCO, mas verter a mistura ainda fluida para o molde. – Deixar resfriar em temperatura ambiente por 15 a 30 minutos, retirar o excesso de massa sobre o molde com uma espátula ou faca e refrigerar por mais 30 minutos. – Remover, cuidadosamente, os supositórios. Embalar um a um em papel laminado ou sachê de alumínio. Acondicionar os supositórios em embalagem apropriada. – Rotular. Notas e dicas Fármaco a ser aditivado: partículas reduzidas de tamanho uniforme Máximo de ingredientes sólidos: 30% do peso do supositório. Muito ativo ou solubilizante: produto quebradiço. Choque térmico: quebradiços. Deixe esfriar de 15 a 30 minutos em temperatura ambiente e só então refrigere. Extratos fitoterápicos sólidos: levigação. Ingredientes líquidos: misturar com peq. qtde. amido. Problemas no preparo Redução do ponto de fusão: aditivação de óleos voláteis e de certas substâncias oleossolúveis, tais como a cânfora, o hidrato de cloral, fenol, creosoto e salol. Elevação do ponto de fusão: nitrato de prata e o acetato de chumbo (por. ex.) podem elevar a temperatura de fusão da base para acima da temperatura corporal. Contração de volume Acondicionamento • práticas Moldes embalagens (moldes dispensáveis): • embalagem individualPapel-alumínio: • sachês de alumínio revestidos com materialSachês de alumínio: Armazenamento Protegidos do calor • sob refrigeração ( 2-8°C) • em locais frescos (8 -15°C) • não devem ser congelados. Ambientes muito úmidos: absorção de umidade e podem tornar os supositórios esponjosos Ambientes muito secos podem tornar os supositórios quebradiços. Estabilidade normalmente preparados em bases anidras (exceto a base de gelatina glicerinada), sendo estáveis, desde que protegidos do calor e umidade. No máximo 6 meses. Supositório especial: Rectal rocket Rectal rocket: para tratamento de hemorroidas • Hemorroidas internas: são cobertas pela membrana mucosa do canal anal. • Hemorroidas externas: são cobertas pelo epitélio escamoso. • Hemorroidas mistas: quando ocorrem ambos os tipos, internas e externas. dilatações anormais dos conglomerados de vasos sanguíneos, tecidos de suporte e membrana mucosa ou pele, da região anorretal. Rectal rocket: Fórmula e preparo Fórmula base para Rectal Rocket com ácidos graxos e parafina Novata® 90 a 95% Parafina sólida 5 a 10% Sílica gel micronizada, q.s. (se necessário, 1%) Sugestões de formulações: retais Supositórios anti-hemorroidários Alantoína 19 mg Beladona, extrato seco 15 mg Óxido de zinco 176 mg Ácido bórico 200 mg Subcarbonato de bismuto 176 mg Bálsamo-do-Peru 30 mg Sílica gel micronizada 20mg Polissorbato 80 2 gotas Base, q.s.p. 1 supositório (tamanho adulto) Indicação: hemorroidas. Posologia: a critério médico. Procedimento de preparo 1. Triturar a alantoína, o extrato de beladona, o óxido de zinco, o subcarbonato de bismuto, o ácido bórico 2. e a sílica gel micronizada (Aerosil® 200) com o polissorbato 80 (Tween® 80). Simultaneamente, adicionar o bálsamo-do-Peru. Continuar a triturar até a mistura dos pós ficar homogênea, seca e dispersável. 3. Adicionar a base aos pós e aquecer a 45-50 °C em banho-maria. Misturar constante durante a tensão da base para homogeneização completa dos pós na base. 4. Verter imediatamente a mistura no molde lubrificado. Deixar solidificar. Conservação: sob refrigeração. Prazo de validade estimado: 6 meses. Supositório de liberação lenta Sulfato de morfina 25 - 50mg Ácido algínico 25% Base graxa, q.s.p. 1 supositório (tamanho adulto) Procedimento de preparo 1. Calibrar o molde de supositórios utilizando somente a base, para determinar a quantidade requerida pela prescrição. 2. Pesar cada ingrediente com precisão. 3. Passar o ácido algínico por um tamis de 200 mesh. 4. Fundir a base em um béquer de vidro. 5. Polvilhar o ácido algínico na base fundida e misturar. 6. Polvilhar o sulfato de morfina na mistura anterior e agitar até completa mistura. 7. Colocar a mistura no banho de ultrassom (com a temperatura próxima a 45-50 °C) por 10 minutos para completa dispersão e mistura. 8. Resfriar um pouco e antes de solidificar verter de forma contínua para o molde embalagem. Deixar resfriar em temperatura ambiente até solidificar. 9. Selar, embalar e rotular. • Conservação: conservar em local fresco ou sob refrigeração. • Prazo de validade estimado: 2 meses. Sugestões de formulações: retais Supositório uretral com prostaglandina E1 500 mcg/ 1000 mcg Prostaglandina E1, solução-estoque 2 * 0,063mL – 0,125 mL Sílica gel micronizada 0,01 g PEG 1500 0,94 g PEG 400 0,05 g *Solução-estoque 2 de prostaglandina E1: utilizando uma seringa e agulha, adicionar 0,25 mL de álcool absoluto na ampola contendo Prostaglandina E1 (10.000 mcg). Misturar agitandoa ampola. Rotule: PGE1 40.000 mcg/mL. Esta solução é estável por 6 meses (sob refrigeração) ou 12 meses (freezer). Indicação: disfunção erétil. Procedimento de preparo 1. Fundir o PEG 1500 e o PEG 400 a 45°-50°C e agite misturando a sílica gel micronizada. 2. Adicione a prostaglandina El ao passo 1. 3. Quando a dispersão estiver completa verter para o molde (seringa de lmL). 4. O molde utilizado é uma seringa de 1mL que pode ser convertida em molde e dispensador para a inserção do supositório uretral. Puxar o êmbolo para trás (cerca de uma polegada). 5. Cortar a ponta da seringa na marca 0. 6. Aspirar a base fundida para seringa até a marca de l mL (é necessário preencher o total exato de 1 mL).Inverter a seringa para deixar as bolhas de ar saírem pela ponta da seringa. Apoiar as seringas utilizando um béquer como suporte. 7. Levar para a geladeira e deixar completar a solidificação da base. 8. Cortar o supositório à medida que empurrar o êmbolo; cada supositório deverá medir o correspondente a 0,2 mL e irá conter a quantidade de ativo rotulado. 9. A ponta do supositório pode ser arredondada para facilitar a inserção. Conservação: conservar sob refrigeração. Prazo de validade estimado: 6 meses. Sugestões de formulações: uretrais Óvulos com óleo de melaleuca Óleo de melaleuca (Melaleuca alternifolia) 0,2 g Base graxa, q.s.p. 1 óvulo Indicação: infecções bacterianas mistas e vulvovaginites de repetição por Candida sp. Ação: antibacteriana e antifúngica, devido aos terpenóides (terpineno, terpinoleno e terpineol) presentes em altas concentrações no óleo de melaleuca. Posologia: aplicação diária intravaginal de 1 óvulo antes de deitar, ou a critério médico. Procedimento de preparo 1. Fundir a base em baixa temperatura, entre 45-50 °C, com agitação. 2. Adicionar o óleo de melaleuca ao passo 1 e agite até completa mistura. 3. Verter a mistura fundida à temperatura de 40-45 °C para o molde. 4. Deixar os óvulos resfriarem em temperatura ambiente até iniciar a solidificação. 5. Colocar no refrigerar até completar a solidificação. 6. Embalar e rotular. Conservação: conservar sob refrigeração. Proteger da luz. Prazo de validade estimado: 6 meses. Sugestões de formulações: vaginais Obrigado!
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