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Supositórios Definição Anvisa • Forma farmacêutica sólida de vários tamanhos e formatos, adaptada para introdução no orifício retal, vaginal ou uretral; • Contendo um ou mais princípios ativos dissolvidos ou dispersos numa base adequada; • Os supositórios fundem-se, derretem ou dissolvem na temperatura do corpo. Definição farmacotécnica • Produtos moldados constituídos por uma mistura de diferentes substâncias graxas, de caráter lipossolúvel ou hidrossolúvel (existem dois tipos de base) , dependendo do ativo a ser incorporado, variando de 1 a 3g; • Possui ação local e sistêmica; • Princípios ativos – dispersos ou dissolvidos em um excipiente simples ou composto; • Diluentes, absorventes, tensoativos, lubrificantes, conservantes e corantes permitidos, podem ser utilizados. Razões de uso • Patologias da mucosa gástrica ou por irritação devido a um fármaco, uma vez que o ele não vai passar por esses tecidos; • Quando se inativam os fármacos total ou parcialmente no estômago, o fármaco chega à circulação sistêmica sem ser inativados pelas enzimas ou pelo próprio pH gástrico; • Pacientes impossibilitados para administração oral (idosos, crianças, pacientes de cirurgias bucais); • Quando os fármacos e/ou medicamentos provocam náusea ou possuem sabor desagradável (principalmente crianças). Classificação De acordo com a mucosa onde é aplicado: • Supositórios retais; • Supositórios vaginais; • Supositórios uretrais (velas). Modo de ação Um supositório pode ter uma ação mecânica, local ou sistêmica. Ação mecânica: devido ao despertar do reflexo da defecação provocada pela presença de um corpo estranho no reto Ex. Supositório de glicerina (também umecta) Hidrófila- Atrai água na ampola retal (→ terminação do intestino grosso), provocando os movimentos peristálticos → efeito laxativo Ação local: pode ser uma ação anti-hemorroidal ou ainda uma ação antiparasitária, como por exemplo, contra oxiúros; Ação sistêmica: o princípio ativo passa à circulação sistêmica e também linfática (em menor proporção). - Se for colocado profundamente, próximo a veias hemorroidais superiores: São levados diretamente ao fígado e vão ter efeito de primeira passagem; - Se for colocado no lugar certo, veias médias e inferiores: O fármaco vai ser distribuído para todo o corpo, sendo inclusive bombeado para o coração. Existem numerosas anastomoses entre as veias hemorroidais, e apenas a absorção nas veias muito próximas ao reto (inferiores e medias) evitaria a passagem pelo fígado → uma fração dos princípios ativos administrados pela via retal passam pelo fígado. Aspectos condicionantes da absorção do fármaco • Fusão do excipiente (fundir adequadamente nas condições do reto, sejam elas =: pouca quantidade de água, temperatura e o contato com a mucosa); • Viscosidade (Se for muito viscoso não será bem absorvido, porque é preciso espalhar bem na parede do reto); • Capacidade de espalhamento • Solubilidade do excipiente, dos líquidos retais e coeficiente de partição entre o 2 (se tem lipofilia ou hidrofilia); • Grau de dissociação em solução aquosa- de acordo com o pH e o pKa do fármaco; • Grau de divisão das partículas (<100 µm). Local de atuação Localização: A forma TORPEDO é anatomicamente favorável para chegar mais rápido a ampola retal. pH: como os sistemas tampões são deficientes (pouca água no reto, não equilibrando tanto os eletrólitos), o pH pode ser alterado de acordo com o pKa do p.a. Conteúdo de líquido: Volume restrito. Existência de movimentos: Interfere na qualidade do filme Veículos São dois mecanismos – FUSÃO E DISSOLUÇÃO •MODO E TEMPO DE LIQUEFAÇÃO – Aporte de líquido provocado pelo supositório ao se fundir ou se liquefazer pode provocar evacuação. Este processo deverá ser rápido (no máximo 10 minutos). •AFINIDADE PELO FÁRMACO – O supositório pode ser uma solução, suspensão ou emulsão e isto pode provocar modificações na afinidade pela membrana. •VISCOSIDADE NO ESTADO FUNDIDO- A viscosidade é um aspecto importante na farmacotécnica do supositório, mas nem sempre é um ponto favorável para a absorção pela dificuldade na formação de um filme homogêneo, porque prejudica a espalhabilidade. •PONTO DE FUSÃO – Este deve ser inferior a 37°C até a um limite de 32°C A demora na fusão pode levar a evacuação. Características FORMA Os supositórios podem ser CÔNICOS, OVÓIDES, CILÍNDRICOS ou sob forma de TORPEDO. Superfície lisa, homogênea e sem cristalização do fármaco Consistência adequada à aplicação Os Torpedos tem a ponta mais larga e impedem que o paciente introduza demais. TAMANHO Possuem 3,3cm de comprimento, podendo ter as extremidades afiladas PESO ADULTO – 2 a 3 g INFANTIL – 1,5 g a 2g LACTANTES – 1 g Mecanismo de ação 1. Fusão do supositório à temperatura retal; 2. Dissolução do supositório no reto (depende mais do contato com o líquido da ampola retal do que com a temperatura). Excipientes Características: 1. Inocuidade e boa tolerância; 2. Compatibilidade com os fármacos; 3. Consistência adequada (não pode dissolver na mão); 4. Liberação rápida e total do princípio ativo no reto, por fusão abaixo de 37ºC e/ou por dissolução/dispersão no meio líquido da ampola retal; 5. Boa conservação (transporte, armazenamento...). Classificação dos excipientes É conveniente classificar as bases para supositórios de acordo com suas características físicas: • Bases gordurosas ou oleosas (manteiga de cacau e substitutos); • Bases hidrossolúveis e bases miscíveis em água (polietilenoglicol e base tensoativa). BASES GORDUROSAS OU OLEOSAS A manteiga de cacau é a mais utilizada e padrão ouro. Outros exemplos: • Ácidos graxos hidrogenados de óleos vegetais: óleo de dendê e o óleo de semente de algodão. • Produtos de base gordurosa contendo compostos de glicerina com ácidos graxos de elevado peso molecular: ácidos palmítico e esteárico. • Witepsol® • Supobase® • Novata® Características • São sólidas à temperatura-ambiente e fundem à temperatura corporal (33 - 44°C). • Fundir em menos de 10 minutos • Intervalo entre fusão e solidificação entre 2-4°C • Viscosidade ideal para evitar sedimentação do fármaco • Consistência adequada ao manuseio • Mínima acidez e insaturação para impedir irritação. Vantagens • Suaves e não-irritantes. • Facilmente disponível na maioria das farmácias. • Pode ser usada para supositórios moldados à mão ou em formas • Temperatura de solidificação de 12 a 13°C abaixo do seu ponto de fusão. • Isso facilita a transferência da base para os moldes antes da solidificação. Desvantagens • Armazenamento (risco de dissolver) • Podem apresentar diferentes formas polimórficas com pontos de fusão mais baixos (18, 24, e 2831°C). • Difíceis de preparar pela técnica de fusão. • Para a fusão da manteiga de cacau pode ser utilizado um banho-maria morno com temperatura controlada. • As bases lipofílicas interferem no perfil de liberação dos fármacos lipofílicos, porque vão ter afinidade e o fármaco não sairá facilmente para permear; • Permeação depende do coeficiente de partição água/base do fármaco. BASES HIDROSSOLÚVEIS E BASES MISCÍVEIS EM ÁGUA • Bases de glicerina com gelatina ou estearato de sódio • Bases de polietilenoglicol (Magrocol ou PEG), SOLÚVEIS em água - Polybase® - Postanal® - PEGs de vários pesos moleculares PEGs de baixo peso molecular são líquidos na temperatura ambiente e de alto peso molecular são sólidos. -Alguns supositórios comercialmente disponíveis com base PEG possuem, em sua formulação, componentes adicionais, como tensoativos, para melhorar distribuição e permeação do fármaco. -Não fundem à temperatura fisiológica: dissolvem- se nos fluidos corporais. -Os supositórios preparadoscom essas bases devem ser umedecidos com água antes da inserção, eles podem ficar levemente ressecados. Vantagens: -Os supositórios de PEG são facilmente preparados por fusão. -Dissolvem-se nos fluidos da cavidade corporal e liberam a(s) substâncias(s) ativa(s), tanto hidrofílicas como lipofílicas. Desde que haja secreções aquosas suficientes, liberam o fármaco de maneira mais confiável do que as bases lipofílicas. -Como o ponto de fusão das bases PEG é facilmente controlado por misturas apropriadas dos polímeros, os supositórios com elas preparados não requerem temperaturas de armazenamento monitoradas. Desvantagens -São irritantes. -São incompatíveis com uma extensa lista de fármacos, especialmente os propensos à oxidação; -Interagem com o poliestireno, portanto, não devem ser dispensados em recipientes desse tipo de material, a menos que os supositórios sejam cobertos primeiro com papel metalizado. • Bases DISPERSÍVEIS em água ou tensoativos -Tensoativos não-iônicos (Ex: ésteres de ácidos graxos de polioxietileno sorbitano e os estearatos de polioxietileno) são usados isoladamente ou em combinação. -Não são muito usadas: formulação mais difícil (controlar fusão e estabilidade). Têm pontos de fusão e consistências ideais. -Dispersam-se rapidamente nos fluidos da cavidade corporal. -Contém 60% de Tween 61 e 40% de Tween 60. (Sólidos à temperatura-ambiente). BASES DE GELATINA GLICERINADA O excipiente mais clássico dos supositórios vaginais baseia-se na mistura: Gelatina (20%) Glicerina (70%) Água (10%) Forma pouco apreciada pelos pacientes por causa do seu tamanho (15 a 16g) e porque quando derretem geram uma grande quantidade de líquido. Além da incompatibilidade com princípios ativos. Propriedades ideais das bases de supositórios Estáveis sob condições de uso e armazenamento. Compatíveis com uma ampla variedade de fármacos e excipientes. Livres de odores desagradáveis. Aspecto esteticamente atraente. Não sejam tóxicas, sensibilizantes e irritantes para os tecidos Capacidade de contração apropriada para facilitar a remoção dos moldes (contrair para sair da forma). Capacidade de fundir, dissolver ou emulsionar Viscosidade adequada ao manuseio (consigo misturar e incorporar todos os insumos), aplicação e ação do fármaco; Facilidade de liberar o fármaco Não deve ligar-se aos fármacos de modo permanente. Capacidade de misturar-se ou absorver pequenas quantidades de água (facilita a dissolução); Capacidade de umectação e/ou emulsificação para que se estenda, disperse e libere a(s) substância(s) ativa(s) no local de administração. Adjuvantes Corretores do ponto de fusão e consistência (ceras, parafina, etc.) Corretores de viscosidade (Estearatos) Conservantes Antioxidantes Emulsificantes, forme uma emulsão para ser melhor absorvido. Preparação de supositórios 1. Inicia-se pela escolha do excipiente e dos moldes de tamanho e forma adequadas. 2. A quantidade de excipiente a ser adicionada deve ser previamente calculada, e de acordo com as densidades dos fármacos em relação ao excipiente. Os supositórios podem ser preparados por dois métodos: II. Moldagem a partir de um material fundido; II. Compressão. O método mais empregado, tanto em pequena escala quanto em escala industrial é a moldagem: Pequena escala: fusão em banho maria e controle de temperatura (evitar decomposição do fármaco e o aparecimento de formas metaestáveis). Grande escala: máquinas especiais, possuem sistemas próprios de aquecimento e termostato. Moldagem a partir de um material fundido ➔ Maior rapidez e fácil homogeneização da massa. Etapas: I. Fusão da base; II. Incorporação dos fármacos necessários; III. Envase do material fundido em moldes; IV. Resfriamento e solidificação; V. Remoção do molde ou não. Os supositórios se prescrevem por peso e se moldam por volume. Fator de deslocamento: Quantidade em gramas de base de supositório deslocada por 1 grama de princípio ativo Q= peso do supositório – (pa1 x f1 + pa2 x f2 + ...) Método de preparação Cálculo da quantidade de excipiente P gramas = Quantidade de princípio(s) ativo(s) para 10 supositórios Moldar o princípio ativo + excipiente em quantidade inferior para preencher o molde. Completar com excipiente puro. Pesar os 10 supositórios assim obtidos. Y gramas = peso dos 10 supositórios Peso do excipiente necessário = Y- p PREPARO DOS SUPOSITÓRIOS POR FUSÃO Fator de densidade: É a relação entre a densidade do p.a. e a densidade do veículo (referência=manteiga de cacau) Fdensidade= da/dv → (ma/va)/(mv/vv) Quando o ativo é adicionado ao veículo, ocorre o deslocamento de volume deste correspondente ao volume ocupado pelo ativo. Nesta situação va=vv. Logo: Fde nsidade= ma/mv Para determinar a massa de veículo que é deslocada pela massa de ativos, usamos: mv= ma/Fdens Material de acondicionamento Plástico - Polietileno - Cloreto de polivinilo (PVC) - Celofane - Alumínio Outras formas retais • Reto-tampões – limitados as veias hemorroidais inferiores. Tampões de algodão hidrófilo, de 3 a 4 cm que se montam em torno de uma haste de polietileno c/ um disco que impede a entrada no reto. São impregnados com a solução do fármaco (1 ml). As soluções hipertônicas são melhor absorvidas. Ação local: hemorroidas e prurido anal •ENEMAS - Ou injeções retais ou clisteres. São formas líquidas destinadas a introdução no reto. Volume de alguns mililitros até 1 a 3 litros. Menos que 50 ml = micro enemas. Os mais utilizados: glicerina e sorbitol. Ação local : laxativas, carminativas. Ação Geral : alimentação, hipnótica, sedativa •CÁPSULA DE GELATINA MOLE - Veículo oleoso ou de polietilenoglicol Supositórios vaginais Formas farmacêuticas sólidas, ovóide, empregadas principalmente no combate as infecções do sistema genitourinário feminino, para restaurar a mucosa vaginal e para contracepção. Na sua preparação, a base mais usada consiste em combinações de polietilenoglicol de vários pesos moleculares. A essa base costuma-se acrescentar tensoativos e conservantes. Grande parte dos óvulos e outros tipos de formas farmacêuticas vaginais são tamponadas para um pH ácido em torno de 4,5. Comprimidos: Manipulados como os comprimidos por via oral: Formato Diluentes Aglutinantes Desintegrantes Lubrificantes Avaliação da qualidade Características organolépticas (cor, odor, aspecto) Ensaio de peso (± 5%) Identificação e teor (± 10%) Ensaio de resistência Comportamento de fusão/dissolução Liberação
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