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Direito Penal - Reabilitação, Medida de Segurança, Ação Penal e Extinção da Punibilidade

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DIREITO PENAL – 1º BIMESTRE
REABILITAÇÃO
É a medida político-criminal, com objetivo de reinserção social do condenado, garante o sigilo de seus antecedentes e suspende condicionalmente efeitos específicos da condenação.
A reabilitação é uma cláusula rebus sic stantibus, ou seja, é uma condição suspensiva. Se a pessoa vier praticar novamente um crime, ela volta a ser responsabilizada, ela volta a reincidência e a reabilitação é revogada.
A reabilitação é o benefício que tem por finalidade restituir o condenado à situação anterior à condenação, retirando as anotações de seu boletim de antecedentes.
A reabilitação impõe silêncio sobre a condenação anterior, na folha de antecedentes do reabilitado e em certidões extraída dos livros do juízo, a menos que requisitadas por juiz criminal.
O único que efetivamente que pode ter acesso às informações mesmo depois da reabilitação é o juiz criminal.
A reabilitação é proposta perante o juízo da condenação (art. 743 do CPP) e não impede a reincidência se o reabilitado vier a cometer novo crime.
A reincidência não é apagada pela reabilitação, pois só desaparece após o decurso de mais de 5 anos entre a extinção da pena e a prática do novo crime (prescrição da reincidência).
Negada a reabilitação, poderá ser requerida novamente a qualquer tempo, desde que com novos elementos (art. 94, p.u.).
A morte do reabilitando extingue o processo por falta de interesse jurídico no procedimento.
Natureza jurídica da reabilitação
Trata-se de causa suspensiva de alguns efeitos secundários da condenação e dos registros criminais.
Não é causa extintiva da punibilidade e justamente por essa razão é que é possível a revogação da reabilitação com o restabelecimento dos efeitos penas da condenação que foram suspensos.
Condições da reabilitação
a) Trânsito em julgado da sentença condenatória;
b) 2 anos da extinção da pena ou do término da execução, computados o período de prova e do livramento condicional (art. 94, CP).
Pressupostos da reabilitação
a) domicílio no país no prazo de dois anos após a extinção da pena ou o término de sua execução (art. 94, I, CP);
b) demonstração efetiva e constante de bom comportamento público e privado (art. 94, II, CP);
c) ressarcimento do dano causado pelo crime ou demonstração da absoluta impossibilidade de fazê-lo até o dia do pedido, ou exibição de documento que comprove a renúncia da vítima ou novação da dívida (art. 94, II, CP).
Efeitos da reabilitação
a) alcança quaisquer penas aplicadas em sentença definitiva, assegurando ao condenado o sigilo dos registros sobre seu processo e condenação (art. 93, caput, CP).
b) poderá atingir os efeitos previstos no art. 92 do CP, vedada a reintegração do condenado na situação anterior nos casos dos incisos I (perda do cargo) e II (poder familiar, tutela e etc.).
Revogação da reabilitação
Pode ser decretada de ofício ou a requerimento do Ministério Público.
Ocorre com a condenação do reabilitado, como reincidente por sentença transitada em julgado, a pena que não seja multa (art. 95, CP).
Assim, para a revogação é indispensável que tenha sido aplicada na sentença pena que não seja de multa, no caso, privativa de liberdade ou restritiva de direitos.
O art. 202 da LEP já garante o sigilo a respeito da condenação, como consequência automática do cumprimento ou extinção da pena sendo desnecessário esperar o decurso do prazo de dois anos para obtenção do sigilo.
O disposto no art. 202 da LEP não substitui, porém, o instituto da reabilitação, já que não prevalece quando se trata de instruir processo pela prática de nova infração penal ou em outros casos expresso em lei.
Isso significa que qualquer autoridade pública ou particular pode obter o registro da condenação, ainda que cumprida ou extinta a pena nessas hipóteses, enquanto tendo ocorrido a reabilitação, só se excetua o sigilo quando a folha de antecedentes, ou a certidão, ou o atestado for requisitado por juiz criminal (art. 748, CPP). Em segundo lugar, somente a reabilitação exclui, salvo hipótese de revogação os efeitos da condenação previstos no art. 92 do CP.
Permanece o sigilo referido no art. 202 da LEP, ainda que revogada a reabilitação, já que a providência nele contida é diversa dos efeitos decorrentes desse instituto.
MEDIDAS DE SEGURANÇA
É uma sanção penal que tem finalidade exclusivamente preventiva de submeter a tratamento o autor de um fato típico e ilícito que demonstrou ser portador de periculosidade.
São reações do ordenamento jurídico – orientadas por razões de prevenção especial – à periculosidade criminal revelada pelo delinquente após a prática delitiva.
A MEDIDA DE SEGURANÇÃO NÃO TEM CARÁTER REPRESSIVO, ELA TEM CARÁTER PREVENTIVO.
Consiste na internação (medida de segurança detentiva – art. 96, I) ou na sujeição a tratamento ambulatorial (medida de segurança restritiva – art. 96, II).
Então:
Crimes apenados em reclusão= INTERNAÇÃO
Crimes apenados em detenção= TRATAMENTO AMBULATORIAL
Pode sofrer alteração em razão do resultado do laudo pericial, ser flexibilizado caso ocorra recomendação médica.
Natureza jurídica da medida de segurança
É uma sanção penal.
A medida de segurança não deixa de ser uma sanção penal e, embora mantenha semelhança com a pena, diminuindo um bem jurídico, visa precipuamente à prevenção, no sentido de preservar a sociedade da ação de delinquentes temíveis e de recuperá-los com tratamento curativo.
A medida de segurança possui natureza essencialmente preventiva e só se aplica aos indivíduos inimputáveis ou semi-imputáveis, até que cesse a periculosidade dos mesmos.
Diferença entre pena e medida de segurança
a) Quanto ao fundamento: pena é baseada na culpabilidade e a medida de segurança na periculosidade.
Se a pena é baseada na culpabilidade, o cidadão tem que ser imputável, tem que ter potencial consciência da ilicitude do fato e a conduta não pode ser exigida de forma diversa. Já quando se fala em periculosidade, é porque quando se tem uma pessoa com desenvolvimento mental incompleto ou retardado solta na rua, pode vir a ofender um bem jurídico.
b) Quanto ao limite: a pena é limitada pela gravidade do delito (injusto e culpabilidade); medida de segurança é pela intensidade da periculosidade evidenciada e por sua persistência.
Enquanto persistir a situação de periculosidade do acusado, persistirá a medida de segurança.
c) Quanto ao sujeito: pena é aplicável aos imputáveis e semi-imputáveis; na medida de segurança aos inimputáveis e semi-imputáveis necessitados de especial tratamento curativo.
d) Quanto ao objetivo: pena busca a reafirmação do ordenamento jurídico e o atendimento de exigências de prevenção geral e especial; medida de segurança atende a fins preventivos especiais.
Periculosidade
Consiste na perturbação mental, compreendendo a doença mental, o desenvolvimento mental incompleto e a dependência.
Quando constatada a periculosidade do agente, instaura-se, no curso do processo penal, o chamado incidente de insanidade mental (arts. 149 e ss do CPP), cuja finalidade é justamente concluir se o réu é inimputável.
Caso a resposta seja afirmativa, deverá ser o réu necessariamente absolvido. Porém, a ele será imposta uma medida de segurança: daí a sentença que a aplica ser chamada de absolutória imprópria.
Sentença Absolutória Imprópria (art. 386, p.u., III, CPP)
É quando se prova a culpabilidade do agente, mas ele é submetido à uma medida de segurança e não à uma pena, porque tem problemas mentais (estes são comprovados pelo exame de insanidade mental), ou seja, não tem capacidade de entender o caráter ilícito do fato criminoso.
A periculosidade pode ser:
a) Presumida: ocorre na hipótese do inimputável. O inimputável que pratica infração penal é sempre considerado perigoso e, por esse motivo, sempre receberá medida de segurança.
b) Real: ocorre na hipótese do semi-imputável. É aquela que precisa ser demonstrada e comprovada no caso concreto. O juiz verifica se é caso de aplicação de pena ou de medida de segurança.
Pressupostos da medida de segurançaa) Prática de fato punível;
b) Periculosidade do agente;
c) Ausência de imputabilidade plena.
Se não ficar comprovada a autoria, não há como aplicar a medida de segurança;
Se não há prova da materialidade, também não há como aplicar a medida de segurança;
Quando ausente dolo (consciência do fato e vontade de produzir o resultado) e culpa (negligência, imprudência e imperícia), não se impõe medida de segurança.
Na hipótese de crime impossível, também não se aplica medida de segurança.
Se o agente praticou o fato acobertado por exclusão da ilicitude, também não há como aplicar medida de segurança. No procedimento do Júri, a absolvição sumária é aplicada quando há causa de exclusão da ilicitude ou quando há causa de exclusão de imputabilidade. Nesse último caso, haverá a absolvição sumária e a imposição da medida de segurança (absolvição imprópria).
Espécies de medida de segurança (art. 96, CP)
a) internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico;
b) sujeição a tratamento ambulatorial.
Substituição da pena por medida de segurança para o semi-imputável (art. 98, CP)
No caso do semi-imputável, o juiz deve optar entre pena e a medida. Essa escolha deve ser fundamentada.
Se optar pela pena, essa será diminuída de 1/3 a 2/3. Essa redução é um direito público subjetivo do acusado.
Sendo necessário tratamento especial, a pena privativa de liberdade será substituída pela internação ou tratamento ambulatorial, na forma do art. 97.
A sentença que absolve o réu inimputável e aplica medida de segurança é considerada absolutória imprópria.
Medida de segurança detentiva
É a internação na casa de custódia e tratamento psiquiátrico (manicômio). Essa medida de segurança é obrigatória para crimes apenados com reclusão. PARA CRIMES MAIS GRAVES
Medida de segurança restritiva
Consiste no tratamento ambulatorial. O condenado fica em liberdade e vai algumas vezes por semana ao consultório médico. Essa medida pode ser aplicada a crimes apenas com detenção. PARA CRIMES MAIS “LEVES”
Extinção da punibilidade de prescrição
Extinta a punibilidade, não se aplica medida de segurança, nem subsiste a imposta (art. 96, p.u.).
A prescrição é calculada de acordo com a pena mínima cominada ao crime.
Prazo da medida de segurança:
a) prazo mínimo: um a três anos;
b) prazo máximo: prazo máximo da pena pelo fato criminoso imputado.
Súmula 527 do STJ - O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado.
O STJ entendeu que o tempo de cumprimento da medida de segurança, na modalidade internação ou tratamento ambulatorial, deve ser limitado ao máximo da pena abstratamente cominada ao delito perpetrado e não pode ser superior a 30 anos.
Exame de verificação da periculosidade
Realizado ao fim do prazo mínimo fixado, repetindo-se de ano em ano, ou a qualquer tempo, se assim determinar o juiz da execução.
Antes de findo o prazo mínimo, poderá ser requerida pelo Ministério Público ou pelo interessado (art. 97, §2º).
Desinternação ou libertação condicional
A desinternação condicional deve ser restabelecida a situação anterior se o beneficiado, antes do decurso de um ano, pratica fato que indica a persistência de sua periculosidade (art. 97, §3º).
Caso esteja cessa a periculosidade, o sujeito será desinternado (no caso de internação) ou liberado (no caso de tratamento ambulatorial), porém condicionalmente, pois, se dentro do prazo de um ano praticar qualquer fato indicativo de sua periculosidade, a medida de segurança será restabelecida (não há necessidade da prática de um crime; qualquer fato praticado em desacordo com a normalidade pode restabelecer a medida de segurança).
EXISTE REGRESSÃO (E PROGRESSÃO) NA MEDIDA DE SEGURANÇA!
Conversão do tratamento em internação
Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá ser determinada a internação do agente, se essa providência for necessária para fins curativos (art. 97, §4º).
O internado será recolhido a estabelecimento de características hospitalares (art. 99, CP). Na falta de vaga, a internação pode dar-se em hospital comum ou particular, mas nunca em cadeia pública.
Dessa forma, constitui constrangimento ilegal a manutenção do réu destinatário de medida de segurança em estabelecimento inadequado por inexistência de vaga em hospital.
AÇÃO PENAL
É a forma de levar uma questão/demanda para uma análise judicial; busca solução para o litígio; é uma forma de atuação estatual.
Características da ação penal
Possui como características ser um direito autônomo, abstrato, subjetivo e público.
Autônomo: porque não se confunde com o direito material a ser tutelado; abstrato: pois “independe do resultado final do processo”; subjetivo: “pois o titular pode exigir do Estado Juiz uma prestação jurisdicional”; e, público: “pois a atividade jurisdicional que se invoca é de natureza pública”.
Condições da ação penal
a) interesse de agir: pode ser definido como “utilidade do provimento jurisdicional pretendido pelo demandante”. Essa condicionante da ação se justifica pelo fato de que o Estado apenas exerce sua junção jurisdicional quando tal atuação se faz necessária. (necessidade + utilidade).
b) legitimidade para agir: a legitimidade ad causam é a legitimação para ocupar tanto o polo ativo da relação jurídica processual, o que é feito pelo Ministério Público, na ação penal pública, e pelo ofendido, na ação penal privada, quanto no polo passivo, pelo provável ator do fato, e da legitimidade ad processum que é a capacidade para estar no polo ativo, em nome próprio, e na defesa de interesse próprio.
c) possibilidade jurídica do pedido: condição na qual se exige que o direito material reclamado no pedido de prestação jurisdicional penal seja admitido e previsto no ordenamento jurídico positivo.
*d) justa causa: é a existência de indícios mínimos de autoria e materialidade, ou seja, é o suporte probatório mínimo, sem o qual ninguém pode ser processado criminalmente.
Direito de ação
Constitucional: CF/88 - XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
Legal: regulamento (não pode inibir, mas pode regulamentar).
Prazo de 6 (seis) meses, a partir do conhecimento da autoria, senão haverá a decadência (perecimento).
Segundo o art. 103 do CP, o ofendido decai do direito de queixa ou de representação, se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contados do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º, do art. 100, (isto é, da ação privada subsidiária) do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia. Em igual sentido é o art. 38 do CPP.
# Art. 117, CP - O curso da prescrição interrompe-se: I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa.
Teorias sobre o direito de ação
Teoria Imanentista
Teoria segundo a qual “não há ação sem direito; não há direito sem ação; a ação segue a natureza do direito”.
Teoria Concreta
O direito de ação é autônomo, público e concreto. Segundo essa teoria, o direito de ação só existiria quando a sentença fosse favorável ao autor. Você só tem o direito de ação quando se tem o direito violado.
Teoria Abstrata
O direito de ação é autônomo, público e abstrato, pois independeria da existência do direito material e de um resultado favorável ao autor.
Teoria Eclética
Para a teoria eclética, o direito de ação não está vinculado a uma sentença favorável (teoria concreta), mas também não é completamente independente do direito material (teoria abstrata). Há, de fato, uma abstração do direito de ação, no sentido de que a existência do processo não está condicionada à do direito material invocado; porém, sustenta-se pela teoria eclética que a ação é o direito a uma sentença de mérito, seja qual for o seu conteúdo, isto é, de procedência ou de improcedência.
Objeto da ação
As formulações teóricas do objeto da ação penal são:
a) Lide (podendo esta ser real ou presumida);
Lide real: conflito entre as partes, condenando uma efetivamente à pretensão da outra;
Lide presumida: ocorrequando não há conflito entre as partes, mas a lei impõe alguma resistência à pretensão delas. Ex. no âmbito civil: separação consensual, mas com filho menor (o Estado deve dizer a respeito do filho, guarda, visitas, alimentos);
b) Pretensão (podendo esta ser punitiva ou acusatória);
Pretensão punitiva: consubstancia-se na pretensão de aplicar efetivamente a pena a alguém que teve sua responsabilidade penal reconhecida por meio de um processo, com todas as garantias a ele inerentes. É o direito de punir (jus puniendi).
Pretensão acusatória: consistente no direito protestativo de imputar a prática de suposto fato criminoso a alguém perante o Estado-juiz, a fim de que, dando-se origem ao processo penal, possa-se, sob a égide do contraditório e da ampla defesa, apurá-lo.
c) Relato penal
Espécies de ação penal
De acordo com o punimento que é desejado (critério objetivo)
1) Ação de conhecimento: provoca o juízo, em seu sentido mais restrito e próprio, através de sua instauração, o órgão jurisdicional é chamado a julgar, declarando qual das partes tem razão.
Ação condenatória (O processo condenatório tende a uma sentença de condenação do réu. Acolhendo a pretensão do autor, a decisão afirma a existência do direito e sua violação, aplicando a sanção correspondente à inobservância da norma reguladora do conflito de interesses);
Ação constitutiva positiva ou negativa (aquele que visa a um provimento jurisdicional que constitua, modifique ou extinga uma relação ou situação jurídica);
Ação declaratória positiva ou negativa (visa apenas à declaração da existência [+] ou inexistência [-] da relação jurídica).
2) Ação de execução: é o meio pelo qual alguém é levado a juízo para solver uma obrigação que tenha sido imposta por lei ou por uma decisão judicial.
3) Ação cautelar: é um processo preventivo, que visa evitar danos ou vício irreparável ou de difícil reparação. O processo cautelar pode apresentar-se na forma preparatória, quando instaurado antes da propositura da ação principal, ou na forma incidental, quando essa se encontra em andamento.
De acordo com o titular do direito de ação (critério subjetivo)
A Ação Penal pode ser de iniciativa pública e de iniciativa privada.
OBS.: Toda ação penal é pública. A classificação em pública ou privada é dada pela titularidade da iniciativa. Será pública quando a titularidade para a propositura for do Ministério Público, será privada quando a titularidade for do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo, chamado querelante.
Querelante: autor
Querelado: réu
Ação Penal de Iniciativa Pública
Titularidade: pela regra do art. 129, I, da CF, será do Ministério Público, com exclusividade, seja ela condicionada ou incondicionada.
Exceção: a Constituição em seu art. 5º, LIX e o CPP no art. 29 trazem a previsão de que, caso o MP não ofereça denúncia no prazo legal, é admitida a ação penal privada subsidiária da pública, proposta pelo ofendido ou por seu representante legal.
A Ação Penal de Iniciativa Pública subdivide-se em incondicionada ou condicionada.
Ação Penal Pública Incondicionada: é aquela em que não há nenhuma condição especial para o seu ajuizamento.
Ação Penal Pública Condicionada: é aquela cujo exercício exige uma condição especial que pode ser tanto a representação quanto a requisição do Ministro da Justiça.
Ação Penal Privada
Legitimidade: a legitimidade para a propositura da ação é do ofendido (vítima) ou de seu representante legal.
Prazo para ajuizamento da queixa crime
O prazo é decadencial de 6 meses a partir do conhecimento da autoria do fato, de acordo com o art. 38, CPP.
Em caso de morte, ou declaração de ausência, o direito de queixa, ou de prosseguir com a acusação, passará para o cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (art. 31, CPP).
Princípios
AÇÃO PENAL PÚBLICA
Princípio da Obrigatoriedade
O MP não pode recusar-se a dar início à ação penal, caso identificada sua hipótese de atuação (materialidade delitiva e indícios de autoria).
Princípio da Indisponibilidade
Tem previsão no art. 42 do CPP. Ajuizada a ação penal, não poderá mais dela desistir o MP.
AÇÃO PENAL PRIVADA
Princípio da Oportunidade ou Conveniência
O ofendido tem a faculdade de propor a ação penal, podendo fazê-lo ou não.
Princípio da Disponibilidade
Na ação privada, a decisão de prosseguir ou não com a ação é do ofendido. É decorrência do princípio da oportunidade. A parte poderá dispor do conteúdo do processo até o momento do trânsito em julgado da sentença condenatória, por meio do perdão ou perempção (arts. 51 e 60, CPP).
Princípio da Indivisibilidade
Está previsto no art. 48, CPP. Significa que o ofendido pode escolher entre propor ou não a ação penal, porém não pode optar dentre os ofensores que irá processar.
A ação penal de iniciativa privada subdivide-se em exclusivamente privada, privada personalíssima e privada subsidiária da pública.
# Ação penal privada personalíssima
A titularidade é atribuída única e exclusivamente ao ofendido, não há exercício da ação pelo representante legal, nem há sucessão por morte ou ausência, pois trata-se de um direito personalíssimo e intransmissível. Assim, falecendo o ofendido, aguarda-se até a extinção da punibilidade.
Há apenas uma hipótese em nosso ordenamento jurídico que é aquela prevista no art. 236, CP (Induzimento a erro essencial ou ocultação de impedimento).
# Ação Penal Privada Subsidiária da Pública
Pode ser proposta nos crimes de ação penal pública, quando o MP perder, quedar-se inerte, ou seja, não oferecer a denúncia, nem requerer arquivamento, nem baixar os autos do IP para novas diligências.
Institutos próprios
Renúncia
O ofendido pode renunciar ao seu direito de queixa. A renúncia é um ato unilateral que ocorre antes do oferecimento da queixa, podendo ser tácita ou expressa. Por conta do princípio da indivisibilidade da ação privada, se houver mais de um suspeito, a renúncia a um se estenderá aos demais, pois apesar do ofendido poder renunciar ao seu direito de queixa, não pode escolher entre seus ofensores aqueles que quer processar.
Perdão
Trata-se de um ato bilateral, significando que aquele que está sendo perdoado deve manifestar o seu aceite (até 3 dias), que ocorre após o oferecimento da queixa e pode ser também, expresso ou tácito. Também, havendo mais de um acusado o perdão será estendido aos demais, mas só gerará efeitos para aqueles que o aceitarem.
Perempção
A perempção é uma punição de natureza processual imposta ao querelante quando este se abstém da prática de um ato que deveria realizar, dentro das situações descritas no art. 60, CPP.
Ação Penal nos crimes complexos
O crime complexo pode ser entendido como a junção de dois ou mais crimes. Um grande exemplo é o crime de roubo, que é composto por um constrangimento, ameaça ou violência acrescido do furto. Com a ocorrência do crime complexo, há o desaparecimento dos crimes autônomos. Porém, para que o crime complexo seja consumado é necessário que todo o tipo penal seja realizado. Exemplo: se o agente pretende praticar um crime de roubo, mas consegue apenas empregar o constrangimento, a ameaça ou violência sem conseguir subtrair o objeto desejado, o crime complexo restará tentado. Não há mais como separar um crime do outro. Perceba que os crimes perderam sua autonomia, não mais subsistindo sozinhos. Quanto à ação penal nos crimes complexos, o art. 101 do Código Penal prevê, como regra, a ação penal pública como forma adequada para o início do processo penal. No exemplo dado de crime de roubo, formado pela ameaça e pelo furto, note que para a investigação do crime de ameaça, existindo autonomamente, deveria ser proposta a queixa-crime, peça típica da ação penal de iniciativa privada. Já para o delito de furto, a previsão é de ação penal pública incondicionada. Diante de tal fato e de acordo com o comando normativo, se um dos delitos componentes do crime complexo tiver a ação penal pública como espécie de ação penal prevista, a regra valerá para todo o crime complexo.
Punibilidade
É a consequêncianatural da prática do crime, ou seja, é a possibilidade de punir que pertence ao Estado, decorrente da prática de um crime.
O Estado exerce o direito de punir de forma abstrata (possibilidade de criminalizar comportamento) e concreta.
Condição objetiva da punibilidade
A necessidade de implementação de algum requisito previsto em lei para ocorrência da punição.
Ex.: art. 122, CP (exigir o resultado morte ou lesão grave)
Causas de extinção da punibilidade (art. 107, CP)
OBS.: O rol do artigo 107 é meramente exemplificativo porque existem outras hipóteses espalhadas pelo código e leis penas especiais.
I – Pela morte do agente:
A primeira causa é a extinção da punibilidade pela morte do agente que possui fundamento através do princípio da intranscendência da pena (art. 5º, XLV, CF) que prevê que nenhuma pena passará da pessoa do condenado, então a extinção da punibilidade pela morte decorre dessa garantia constitucional de pessoalidade de intranscendência da pena. Excepcionando obrigação de reparar o dano e a perda de bens.
II – Pela anistia, graça ou indulto
Anistia
Significa o esquecimento jurídico de crimes pelo Estado. Atinge todos os efeitos penais decorrentes da prática do crime, referindo-se, assim a fatos e não a pessoas. Não é uma abolição é um esquecimento jurídico. É uma lei do congresso nacional e tem efeitos retroativos (ex tunc) e é irrevogável.
Efeitos: vai depender da lei, pode ser condicionada, ampla, restrita, por determinado tempo, etc.
Ex.: anistia para militares insubordinados.
Graça e Indulto
O indulto é uma forma de perdão da pena concedido pelo Presidente da República. É destinado aos sentenciados que cumprem pena privativa de liberdade e que se enquadrarem nas hipóteses indulgentes previstas no Decreto Presidencial, dentre elas o alcance de determinado lapso temporal e comportamento carcerário satisfatório. 
A graça é o perdão da pena de um condenado, que se destina a um ou mais condenados, desde que devidamente individualizados. O motivo pode ter incidências diversas, como um ato humanitário, por exemplo. É a clemência destinada a uma pessoa determinada, não dizendo respeito a fatos criminosos.
Parte da doutrina passou a entender que a graça em sentido restrito já não mais subsiste no direito brasileiro, pois teria sido absorvida pela figura do indulto individual. Então, indulto individual= graça!; indulto coletivo: é a REGRA!
Efeitos: pode diminuir a pena (comutação) ou extinguir a pena.
III – Pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso
Art. 2, CP - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
A abolitio não afasta o crime muito menos é o esquecimento de crimes. A abolitio é a descriminalização de crimes agora, se eu não quero punir agora não tem porque punir quem praticou o fato antes, então ela retroage e extingue a punibilidade dos fatos anteriores. APAGA O EFEITO ANTERIOR (SÓ OS EFEITOS PENAIS).
IV – Pela prescrição, decadência ou perempção
PRESCRIÇÃO: É a perda da pretensão pelo decurso do prazo estabelecido para o seu exercício.
DECADÊNCIA: É a perda do direito (potestativo) de representação ou oferecimento da queixa pelo decurso do prazo fixado na lei - art.38, CPP. Está relacionada com a Ação Penal Privada ou Ação Penal Pública Condicionada.
PEREMPÇÃO: A perempção é uma sanção jurídico-processual pela inércia do querelante na promoção da ação pena privada exclusiva (principal), acarretando a perda do direito de prosseguir na ação penal (art.60, CPP), pelo mau uso da faculdade que o poder público lhe concedeu de agir, privativamente, na persecução de determinados crimes. Está relacionada com a Ação Penal Privada.
V – Pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de Ação Privada
RENÚNCIA: Ato unilateral (independe de aceitação) pelo qual o titular do direito de queixa abre mão desse direito (deve ser antes do recebimento da queixa).
PERDÃO: O perdão é bilateral, processual, depende de aceitação. Só poderei ter extinção da punibilidade se o perdão for aceito.
VI – Pela retratação do agente, nos casos em que a lei admite
A retratação é o ato pelo qual o agente retifica uma afirmação realizada anteriormente, modificante seu conteúdo.
Calúnia e a Difamação (art.143, CP) – a injúria não admite retratação, pois atinge a honra subjetiva da vítima, por envolver atribuição de qualidade negativa, não se referindo a fato.
Falso Testemunho ou Falsa Perícia – admitem retratação até a prolação da sentença - art.342, §2º, CP. A retratação deve ser completa e comunica-se aos demais participantes do crime.
IX – Pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei
São situações em que a lei autoriza o juiz a não aplicar a pena (deve estar expressamente em lei).
Ex.: art. 121, § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.

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