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Desafios do Combate a Corrupção no Contexto do Partido Dominante

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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE
FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS
Departamento de Ciência Política e Administração Pública
Curso de Administração Pública: Pós-Laboral
Cadeira de Ética na Administração Pública 
Desafios do Combate a Corrupção no Contexto do Partido Dominante em Moçambique. Sua Implicação na ética Pública (2016-2018) 
Licenciando: Alide Força Amade 
.
Maputo, Maio de 2019.
Introdução
Os valores éticos e com eles o principio da moralidade, tem rezingado manifestações mais frequentes e importantes na Administração Pública. O Administrador está vinculado aos princípios constitucionais elencados na Constituição da República, em seu art. 249, prevendo que: “ s órgãos da Administração pública obedecem a Constituição e a lei e actuam com respeito pelos princípios de igualdade, legalidade, imparcialidade, da ética e da justiça”. 
Os fundamentos da ética, pois, são aspectos essenciais da natureza humana, conhecidos e vivenciados pela consciência a fim de se construir a dignidade de cada pessoa na comunidade. Por conseguinte, a corrupção tem sido nos últimos anos apontada como um crónico problema de governação dos países com efeitos negativos no combate à pobreza e promoção do desenvolvimento.
Com base no exposto acima, o presente trava visa analisar os Desafios do Combate a Corrupção no contexto do partido dominante em Moçambique, identificando as suas implicações na ética Pública. A pesquisa foi delimitada num período correspondente a dois anos (2016 a 2018).
 Objectivos do trabalho
Geral
Analisar os desafios da corrupção em Moçambique no contexto do partido dominante.
Específicos
Identificar os instrumentos de planificação do governo sobre o combate a corrupção;
Mencionar o quadro legal da corrupção em Moçambique; 
Descrever os desafios do combate à corrupção em Moçambique; 
Explicar as implicações da corrupção na ética pública.
 Metodologia 
A realização deste trabalho consistiu na combinação de vários elementos e técnicas de recolha de dados:
Sendo uso do método de procedimento baseado numa pesquisa bibliográfica, que é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrónicos, combinada à pesquisa documental, concebida como sendo aquela que recorre às fontes mais diversificadas e dispersas, sem tratamento analítico (Fonseca, 2002).
Entretanto, a revisão documental foi fundamentalmente sobre a área de combate a corrupção, nomeadamente os planos de acção do governo (O Programa Quinquenal do Governo, a Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública) de modo a verificar como eles se desdobram na abordagem da questão da corrupção. 
Análise do quadro legal institucional que versa a corrupção em Moçambique em termos de capacidade das diversas instituições que contribuem para o combate a corrupção. 
Quadro Teórico e Conceptual
Esta parte do trabalho busca apresentar reflexões teóricas que discutem aspectos inerentes a combate a corrupção. As diferentes contribuições descrevem resumidamente o conceito de corrupção e seus tipos. 
 Combate à Corrupção
A entrada da corrupção na agenda internacional com mais intensidade deve-se a muitos factores dentre os quais se podem destacar: 
O término da guerra fria e o consequente fim da necessidade de apoio a regimes corruptos por parte das super potências 
 A globalização que se reflecte na rápida disseminação de ideias, do capital e do trabalho, das doenças, do crime organizado e da própria corrupção, que passou a ser um problema transnacional, também requerendo uma resposta internacional e coordenada entre os países 
 Os efeitos nefastos da nova economia global, tais como a evasão fiscal, a lavagem de dinheiro e a quebra de regras e normas estabelecidas. Em situações onde os doadores estão envolvidos, actos como a aprovação de contratos, desembolsos, manipulação das regras de procurement, são alguns dos exemplos de práticas negativas.
Segundo Hassan (2004:27), para entender porque a corrupção tornou-se um assunto central no mundo de hoje é importante olhá-la sobre vários ângulos, a saber: as perspectivas económica, política, social, da segurança humana, cultural e legal.
A corrupção pode contibuír para o mau desempenho das instituições públicas, pode ainda, influenciar para o subdesenvolvimento (refira-se, economicamente) bem como o processo de consolidação e funcionamento dos sistemas democráticos, devendo para o efeito encontrar mecanismos de inviabilizar este mal que açola quase o mundo inteiro e, comprometendo a boa governação.
Duas definições são destacadas:
A primeira refere que a corrupção é o uso do cargo público para fins privados;
A segunda, que é o uso do poder que é conferido a alguém para fins privados.
Ora, é nitidamente notória a diferença entre estes dois conceitos, pois a primeira assevera que a corrupção ocorre apenas no sector público, e, a segunda, mais abrangente, defende que é o uso abusivo do “poder” que se lhe confere a alguém no exercício de suas funções (não se fala de cargo público, pois, até no sector privado este tipo, ocorre).
De acordo com Macuane (2004, p. 5) as definições mais comuns de corrupção focalizam no papel do Estado e na relação deste com a sociedade. Estas definições, com ligeiras variações entre si, vêm à corrupção como sendo essencialmente o uso de bens públicos para fins privados, ou de uma forma mais ampla como sintoma da governança falha de um país.
Segundo o autor supracitado, nestas definições restringe-se a corrupção àquelas ocasiões em que há uma interacção entre um agente privado e um funcionário público, deixando de fora a relação entre agentes privados. A definição da Transparência Internacional, que considera a corrupção como o mau uso do poder confiado a alguém para fins privados, apesar de também focalizar no sector público na sua essência pode acomodar também a corrupção no sector privado.[1: Hassan (2004:25), apud Macuane (2004, p. 5)]
Em termos concretos, a corrupção manifesta-se de diversas formas nas arenas administrativa (executiva), legislativa e judiciária, dentre as quais:[2: Hassan (2004:26). Apud Macuane (2004, p. 5)]
Na arena administrativa – nepotismo, existência de funcionários fantasmas nas folhas de salários, compra de cargos públicos, colecta ilegal de taxas ou de impostos e taxas não autorizadas, falsificação ou destruição de arquivos, acção administrativa arbitrária e manipulação de procedimentos e regras estabelecidos.
No Legislativo – questões ligadas ao financiamento de campanhas eleitorais e conflito de interesse.
Relativamente ao Judiciário – suborno aos juizes para manipular a s sentenças a favor de determinados interesses, advogados que e spoliam os seus clientes ou não os representam adequadamente (de forma deliberada), ou a pressão do Executivo sobre os juizes para julgarem baseados apenas em conveniências políticas.
Tipos de Corrupção
 Grande corrupção - consiste na troca de recursos, acesso a rendimentos ou outras vantagens de altos funcionários do Estado.
Pequena corrupção ou administrativo-burocrática - refere -se a pequenas transações e é praticada por funcionários dos níveis médio e baixo.
Captura/influência do Estado - consiste na captura do Legislativo, Executivo e Judiciário para servir interesses privados.
Procurment público - refere-se ao pagamento de suborno para a manipulação do processo de contratação de serviços e aquisição de bens e a garantia dos contratos.
O que distingue a grande da pequena corrupção é o facto de a segunda ocorrer ou ser realizada por funcionários médios e baixos enquanto que a primeira envolve aitos dirigentes (elite).
Tendo sido apresentado os principais conceitos da corrupcao, ee inportante perceber o que é a etica. 
 Definição de ética
Cortina e Martínez (2005) entendem a ética como parte da filosofia dedicada à reflexão sobre a moral,a parte que trabalha com a compreensão da dimensão moral do ser humano por meio de rigor conceitual e métodos analíticos próprios da filosofia; essa dimensão moral não deve ser tratada a partir de elementos econômicos, psicológicos ou sociológicos, e sim por si mesma, pelo que ela representa. A ética e a moral estão inextricavelmente ligadas, já que a primeira pode ser definida como a reflexão sobre a segunda. Portanto, embora possa ser considerada como uma simplificação, a ética pode ser entendida como a moral pensada.
É importante, ainda, discernir dois conceitos, dois adjetivos que são utilizados para classificar as diferentes teorias éticas: deontologia e teleologia. O primeiro termo foi cunhado por Jeremy Bentham e diz respeito ao conjunto dos deveres ligados ao exercício profissional, deveres estes que se baseiam em práticas e valores compartilhados, e que tomam a forma de regras formais e explícitas que, se transgredidas, podem gerar sanções ou punições (BERTEN, 2003).
No outro extremo, a teleologia deriva da expressão grega telos, que significa fim ou meta (DAVIS, 1997), e diz respeito aos atos considerados bons por conta dos resultados que produzem. Para a autora, o utilitarismo representa um bom exemplo dessa forma de pensar, por condicionar a “bondade” do ato à finalidade que ele busca.
Instrumentos de planificação do governo sobre o combate a corrupção
 Programa Quinquenal do Governo 2015-2019
O combate a corrupção, reforço da prevenção e combate a todo tipo de crimes estão preconizado no Programa Quinquenal do Governo de 2015 a 2019 no seu pilar suporte 1 (um) e objectivo estratégico número cinco. Em termos concretos o Governo privilegiará como acções estratégicas: 
Implementar medidas de prevenção e repressão de actos de corrupção;
Reforçar os órgãos de inspeção e desenvolvimento sistemático da acção inspectava dos organismos públicos;
Implementar diplomas legais que compreendem medidas de prevenção e combate a corrupção. 
 Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública
Por outro lado a estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública a quinta componentes preconiza o Reforço da Integridade na Administração Pública. E as suas áreas de Actuação são: 
Construir um Sistema de Integridade Pública: Promover a integridade, ética e cidadania, envolvendo a Administração Pública, o sistema educativo, as famílias, as instituições religiosas e o sector privado na prevenção e dissuasão da corrupção, com especial enfoque no exemplo das lideranças.
Aumentar a informação sobre as condições de prestação dos serviços públicos: Garantir que os cidadãos conhecem e entendem as regras, custos e prazos de prestação de serviços públicos e incentivar o reporte de situações de infracção, principalmente nos sectores considerados críticos. 
Reforçar a integridade, transparência e combate à corrupção na Administração Pública: Aumentar a eficiência da gestão financeira e patrimonial através do rigor orçamental, prática de prestação de contas, transparência no processo aquisitivo e gestão do património público.
Promover um ambiente legal inibidor de práticas de corrupção: Implementar um ambiente legal que reduza o poder discricionário e que promova a celeridade dos serviços prestados pelos funcionários e agentes do Estado, por via da simplificação de procedimentos e na AP pela celeridade da tramitação processual. 
 Reforçar e capacitar as estruturas e mecanismos de prevenção, dissuasão e combate à corrupção: Assegurar capacidade de identificação pró-activa de problemas e de resposta face a situações identificadas pelo cidadão e pelas estruturas centrais e locais, dissuadindo práticas de corrupção e aumentando a confiança na Administração Pública.
 Estratégia Anti‐Corrupção
Por sua vez, o principal instrumento do Governo para o combate à corrupção, a Estratégia Anti‐Corrupção, que entrou em vigor no mesmo ano em que o PARPA foi aprovado, portanto, em 2006, destaca os seguintes objectivos estratégicos:
Simplificação e racionalização dos procedimentos administrativos; 
Estabelecimento de uma cultura de transparência, isenção, integridade e responsabilização pública; 
Melhoria da eficiência e a qualidade de serviços do sistema de justiça; 
 Fortalecimento do sistema financeiro do Estado, de modo a imprimir a transparência, eficiência e eficácia na gestão financeira, orçamental e patrimonial do Estado;
 Instrumentos legais do combate à corrupção em Moçambique 
Em Moçambique a ética e comportamentos que desencorajam os actos de corrupção actos foram prevista na Constituição da República de 2004, no seu artigo 249 nº 2, ao pressupor que “Os órgãos da Administração pública obedecem a Constituição e a lei e actuam com respeito pelos princípios de igualdade, legalidade, imparcialidade, da ética e da justiça”.
A nível infraconstitucional foram aprovados vários instrumentos legais que tratam, ainda que de uma forma dispersa determinados aspectos da ética e deontologia dos servidores públicos, tais com:
Lei n°4/1990, de 26/09: Aprova as normas de conduta, deveres e direitos dos dirigentes superiores do Estado; 
Resolução do n°10/1997, de 29 de Julho: Publica as Normas Eticas e Deontológicas para os Funcionários Públicos;
Lei n°7/98, de 15 de Junho: Estabelece as normas de conduta aplicaveis aos titulares de cargos governativos e explicita os seus deveres e direitos; 
Resolução do Conselho de Ministros n° 33/2004, de Setembro: Ratifica o protocolo da Comunidade para o Desenvolvimento da Africa Austral Julho (SADC) contra a corrupção, assinado em Blantyre, aos 14 de Agosto de 2001; e 
 A Lei n°6/2004, de 17 de Junho, Lei Anti-Corrupção.
Lei n.º 16/2012 de 14 de Agosto. Lei de Probidade Pública. 
Resolução n.º 31/2008 de 26 de Dezembro. Ratifica a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção.
 Formas de combate à corrupção
As formas de combate à corrupção decorrem tanto das definições com o das causas para o surgimento e persistência do fenómeno. Consequentemente, reproduz o padrão de indefinição registado na caracterização do fenómeno, aliado a uma tendência prescritiva muito forte, normalmente vinda das instituições financeiras internacionais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, assim como das Nações Unidas e outras organizações de âmbito internacional. [3: Macuane (2006)]
Ademais, a despeito de muitos trabalhos fazerem prescrições para o combate à corrupção, a tentação de se uniformizar as soluções é a tónica dominante, muitas vezes sem levar em conta as especificidades de cada contexto. Deste exercício, despontam alguma medidas que serão aqui descritas, assim como o seu efeito prático.
Um conjunto de abordagens focaliza nos elementos de governança cuja falta, conforme indicado acima, pode estar por detrás da corrupção. Assim, a par das abordagens que uniformizam as soluções, existem as que condicionam as mesmas à qualidade de governança. Nesta óptica, nos países onde a governança é fraca, recomenda-se o estabelecimento e/ou fortalecimento do Estado de Direito, o reforço das instituições de participação e prestação de contas, limitação do poder discricionário e da intervenção do Governo às suas funções chave. Por sua vez, nos países onde a governança é forte recomenda-se a criação de agências anticorrupção, adopção de legislação contra suborno/corrupção, reforço da gestão financeira e dos mecanismos de prestação de contas, condenação dos grandes corruptos, etc. Nos casos intermédios, a descentralização, as reformas nas políticas económicas e na gestão pública, assim como a introdução de incentivos (exemplo, política salarial) e da competição na provisão dos serviços públicos são indicados como soluções apropriadas.[4: Idem]
Nestas abordagens centradas na governança, algumas questões surgem, no que concerne às soluções de eleição, tais como a descentralização, a política salarial e a criação de agências ou comissões anti -corrupção.
A descentralização, apontada como favorecendo o nível de responsabilização das autoridadespúblicas perante os cidadãos, se for mal aplicada pode ter um efeito inverso.
Isso ocorre quando ao criar novas autoridades públicas, com poder para colectar impostos, fazer gastos e regulamentar, nas condições de fraca governança poderão ser multiplicadas as oportunidades de corrupção.
 As causas do fracasso das comissões de anti-corrupção 
Por outro lado, estudos sobre as comissões anti -corrupção criadas na África chegam a resultados similares. As causas do fracasso dessa s comissões identificadas são: A falta de cometimento político dos líderes no combate à corrupção.
A necessidade de adoptar reformas económicas para reduzir os incentivos à corrupção, bem como de prover estas comissões com recursos para o desempenho das suas funções;
A falta de conexão com o sistema de governação como um todo, tornando -as ilhas de integridade e de competência , contudo, a funcionarem isoladas do resto do aparelho governativo;
Legislação ambígua, inadequada, ineficaz e d e difícil cumprimento, combinada ao mau funcionamento do sistema de justiça;
Estruturas organizacionais desajustadas da realidade no terreno, pressão política e falta de foco e prioridades no combate à corrupção;
Ineficiência, causada pela falta de meios para o funcionamento , assim como mecanismos claros de monitoria e avaliação do seu desempenho;
 Pouca informação sobre as comissões an ti-corrupção, o que reduz o nível de conhecimento e posteriormente de confiança e m relação às suas actividades e ao órgão em si pelos cidadãos.
 Desafios do combate à corrupção em Moçambique
No âmbito da implementação da Reforma do Sector Público, lançada em 2001, o Governo aprovou as linhas gerais de combate à corrupção no mesmo ano, e em 2004 realizou uma pesquisa nacional sobre governação e corrupção, visando auscultar a sociedade sobre estas duas matérias.[5: Macuane (2006) Op cit.]
O discurso sobre o combate à corrupção também esteve muito presente na campanha do partido governamental, a Frelimo, e do seu candidato à presidência. Nesta linha, e no âmbito da implementação da Reforma do Sector Público, em Abril de 2006 o Governo aprovou a Estratégia Anti -corrupção 2006 -2010, que consubstancia os principais instrumentos de intervenção nesta área.[6: Idem]
A Estratégia Anti-corrupção aponta como principais causas da corrupção os seguintes aspectos:
Falta de aplicação das leis e regulamentos;
Falta de prestação de contas das instituições;
Fraqueza dos mecanismos de controle e supervisão: insuficiente capacidade das inspecções, incluindo as do sector da legalidade e justiça;
Fraqueza do cometimento dos gestores da administração pública no combate à corrupção: nem sempre se age de forma enérgica e oportuna;
 Prática de nepotismo, favoritismo e clientelismo: detentores do poder público prestam serviços para grupos de clientes ligados a eles por laços étnicos, geográficos, económicos ou outros; obscurecendo a fronteira entre o público e o privado;
Degradação dos valores morais e éticos;
Fraqueza da participação da sociedade civil no combate à corrupção: o cidadão revela um nível de confiança baixo no tocante à apresentação de denúncias contra actores corruptos
Para fazer face aos problemas identificados, a estratégia aposta numa aliança entre o Estado, à sociedade civil e o sector privado, consubstanciada na flexibilização de mecanismos de diálogo entre os p oderes executivo, judicial, legislativo, os medias, o sector privado e a sociedade civil, com cada um destes actores desempenhado um papel específico, consoante a sua vocação.
Em termos de áreas de intervenção, na luta contra a corrupção em Moçambique definiu-se as seguintes áreas de eleição:
Simplificação dos processos administrativos;
Redução do poder discricionário dos funcionários públicos;
Desenvolvimento na administração pública da cultura de uma gestão orientada para resultados;
Fortalecimento do processo e mecanismos de prestação de contas e transparência na gestão de recursos humanos, financeiros, patrimoniais e do “procurement” público;
Estabelecimento dos mecanismos de participação da sociedade civil e sector privado na acção governativa;
 Incremento das acções que levam a julgamento de casos de corrupção como forma de desencorajar o desenvolvimento da cultura de impunidade ;
 Promoção e materialização do processo de descentralização da acção governativa, por forma a levar as decisões do governo ma is próximas do cidadão.
 Implicações da corrupção na ética pública 
As Implicações são disfuncionais, indo da elevação desnecessária dos custos dos programas governamentais à exportação do comportamento corrupto para outras instituições, pressionando e influenciando outros funcionários. A corrupção administrativa prejudica o profissionalismo do serviço público e frustra os funcionários honestos, afetando seu desempenho e reduzindo sua produtividade. 
Caiden e Caiden (1977) destacam os desvios institucionais ou sistêmicos como os mais importantes. Quando uma organização se toma corrupta, ou a corrupção se toma um meio aceitável para transação nos negócios oficiais, a corrupção sistêmica domina o modo de operar da organização, destruindo a credibilidade pública e a efetividade organizacional. A violação da lei e da norma se toma a regra de conduta, passando a existir crescente discrepância entre a norma escrita e a conduta real dos funcionários: violadores são protegidos, e não violadores são penalizados.
Segundo Macuane (2006, p. 4) num âmbito mais amplo, evidências empíricas mostram que a corrupção tem implicações distributivas, aumentando as desigualdades de renda e a pobreza, através:
De um sistema fiscal enviesado que favorece os ricos e bem relacionados; 
De um deficiente foco em programas sociais;
Do baixo nível de gastos públicos em programas sociais;
Do acesso desigual à educação;
Do mau uso e i nvestimento dos recursos públicos;
Da existência de um maior risco nas decisões de investimento dos pobre s;
 Um baixo crescimento económico decorrente do exposto acima.
Por outro lado, este fenómeno tem efeitos nefastos nos países, tais como a perda de imagem e prestígio do Estado, o enfraquecimento do tecido moral da sociedade, a perda dos padrões éticos na governação, o enfraquecimento das instituições, a redistribuição do poder e riqueza para os que não os merecem e a não garantia dos direitos de propr iedade, o que reduz os incentivos ao investimento e reduz as chances de promoção do desenvolvimento económico e político das sociedades.[7: Idem ]
Conclusão
De forma a estabelecer as considerações finais e tirar as principais ilações do trabalho, é pertinente recordar que o trabalho comprometeu-se a estudar os Desafios do Combate a Corrupção no contexto do partido dominante em Moçambique. Da análise e revisão da literatura efectuada sobre o tema concluiu-se que em termos de desafios, Moçambique ratificou recentemente as convenções de combate à corrupção das Nações Unidas e da União Africana , reafirmando os seu compromisso na luta contra este mal que assola o mundo de hoje. 
No entanto, o que garantirá o sucesso será sobretudo o cometimento e o empenho dos cidadãos para que a luta contra a corrupção seja efectiva, pressionando e responsabilizando os políticos pelos seus actos, tanto nas suas actividades rotineiras como servidores públicos , assim como na demonstração do seu compromisso em acabar com este mal que afecta o sector público.
Desta forma, a consciência cidadã, que é o alicerce do funcionamento do sistema democrático, liga-se profundamente ao combate à corrupção, pelo que as chances de sucesso deste estarão inevitavelmente ligadas ao fortalecimento da jovem democracia moçambicana.
Dos vários instrumentos legais que Moçambique aprovou, especificamente o Pacote anti-corrupção, onde se inclui o Código de Ética do Servidor Público (CESP), que estabelece as bases e o regime jurídico relativo à moralidade pública e ao respeito pelo património público, por parte do servidor público”, revela o cometimento do governo, entre outras coisas, noaperfeiçoamento do Servidor Público, tendo como suporte a ética, a moralidade e um desafio enorme no combate a corrupção.
Quanto às implicações da corrupção na ética pública, concluiu-se que este é um mal que tem efeitos nefastos nas instituições publicas face às questões éticas e deontológicas, tais como a perda de imagem e prestígio do Estado e as próprias instituições que muita das vezes são acusadas de promover esses actos anti-éticos, criando desta forma o enfraquecimento do tecido moral da sociedade e a perda dos padrões éticos na governação.
Bibliografia
BERTEN, André. Deontologia. In: CANTO-SPERBER, Monique (Org.). Dicionário de ética e filosofia moral. São Leopoldo: Unisinos, 2003. 
CORTINA, Adela; MARTÍNEZ, Emilio. Ética. São Paulo: Loyola, 2005.
FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002.
HASSAN, Shaukat “Corruption and the Development”. Journal of Development Policy and Practice, 2004.
MACUANE, José Jaime (2006). Combate à Corrupção: Lições da Prática. Maputo: Universidade Eduardo Mondlane. Mimeo. 
Documentos
Codigo de Ética do Servidor Público;
Estratégia da Reforma e desenvolvimento da Administração Pública 2012-2025;
Estratégia Anti‐Corrupção;
Programa Quinquenal do Governo 2015-2019.
Legislação
Constituição da Republica de Moçambique de 2004;
Lei n.º 16/2012 de 14 de Agosto. Lei de Probidade Pública;
Resolução n.º 31/2008 de 26 de Dezembro. Ratifica a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção;
Lei n.º 6/2004 de 17 de Junho. Introduz mecanismos complementares de combate à corrupção.

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