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Criminologia: Estudo do Crime e do Controle Social

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CRIMINOLOGIA 
 
 
Conceito: 
 
- Etimologicamente: 
 
 
 
- Ciência Empírica e Interdisciplinar , que se ocupa do estudo do crime, do 
criminoso, da vítima e do controle social, e que trata de fornecer uma 
informação segura sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais d o 
fenômeno delitivo. 
É a ciência humano-social que estuda: 
 I. O homem criminoso, a natureza de sua personalidade e os fatores 
criminógenos. 
II. A criminalidade, suas geratrizes, o grau de sua nocividade social, a 
insegurança e a intranquilidade que ela é capaz de causar à sociedade e 
a seus membros. 
 
 
 
Objeto: 
 
- Tem como objeto a análise de quatro vertentes: 
 
 
Método: 
 
 
- Método é o meio pelo qual o raciocínio humano procura desvendar um fato, 
referente à natureza, à sociedade e ao próprio homem. No campo da 
criminologia, essa reflexão humana deve estar apoiada em bases científicas, 
sistematizadas por experiências, comparadas e repetidas, visando buscar a 
realidade que se quer alcançar. 
- A criminologia se utiliza dos métodos biológico e sociológico. Como 
ciência empírica e experimental que é, a criminologia utiliza-se da 
metodologia experimental, naturalística e indutiva para estudar o delinquente, 
não sendo suficiente, no entanto, para delimitar as causas da criminalidade. 
Por consequência disso, busca auxílio dos métodos estatísticos, históricos e 
sociológicos, além do biológico. 
Função: 
 
- É função da criminologia desenhar um diagnóstico qualifica do e 
conjuntural sobre o delito, entretanto convém esclarecer que ela não é uma 
Ciência exata, capaz de traçar regras precisas e indiscutíveis sobre as causas 
e efeitos do ilícito criminal. 
 
 
ESCOLAS 
CLÁSSICA & POSITIV A 
 
Escola Clássica: 
 
- As ideias consagradas pelo Iluminismo acabaram por influenciar a redação 
do célebre livreto d e Cesare Beccaria, intitulado Dos delitos e das penas 
(1764), com a proposta de humanização d as ciências penais. Além de 
Beccaria, despontam como grandes intelectos dessa corrente Francesco 
Carrara (dogmática penal) e Giovanni Carmignani. 
 
- Os Clássicos partiram de duas teorias distintas: o jus naturalismo (direito 
natural, de Grócio), que decorria da natureza eterna e imutável do ser humano, 
e o contratualismo (contrato social ou utilitarismo, de Rousseau), em que o 
Estado surge a partir de um grande pacto entre os homens, no qual estes 
cedem parcela de sua liberdade e direitos em prol da segurança coletiva. 
 
 
Princípios fundamentais da Escola Clássica: 
 I. O crime é um ente jurídico; não é uma ação, mas sim uma infração. 
II. A punibilidade deve ser baseada no livre-arbítrio 
III. A pena deve ter nítido caráter de retribuição pela culpa moral do 
delinquente (maldade), de modo a prevenir o delito com certeza, rapidez e 
severidade e a restaurar a ordem extrema social 
IV. Método e raciocínio lógico-dedutivo 
 
 
Escola Positiva: 
 
- A chamada Escola Positiva deita suas raízes n o início do século XIX n a 
Europa, influenciada no campo da s ideias pelos princípios desenvolvido s pelos 
fisiocratas e iluministas no século anterior. 
 
- Pode-se afirmar que a Escola Positiva teve três fases: 
 
Princípios fundamentais da Escola Positiva: 
 I. O direito penal é obra humana 
II. A responsabilidade social decorre do determinismo social 
III. O delito é um fenômeno natural e social (fatores biológicos, físicos e 
sociais) 
IV. A pena é um instrumento de defesa social (prevenção geral) 
V. Nega o livre arbítrio 
VI. Preocupação em lutar contra a criminalidade e defender a sociedade. 
 
 
 
 
 Cesare Beccaria 
 
 
- Para Beccaria, o s princípios de moral e d e política que tem aceitação entre os 
homens derivam, quase sempre, de três fontes: a revelação, a lei natural e as 
convenções sociais. 
 
- A lei natural é menos exigente que a revelação, e as convenções na 
sociedade menos do que a lei natural. 
 
- A justiça divina e a justiça natura são, por sua essência, constantes e 
imutáveis, pois as relações que existem entre dois objetos da m esma natureza 
não podem jamais mudar. 
 
- Só as leis podem fixar as penas dos crimes, e apenas com boas leis se 
podem impedir abusos. 
 
- A moral política não pode oferecer à sociedade nenhuma vantagem durável, 
se não estiver baseada em sentimentos indeléveis do coração do homem. 
 
- As leis firam a s condições que agruparam os h homens, no início 
independentes e isolados, à superfície da terra. 
 
- Os homens cansados de viver em meio a teores e de encontrar inimigos, 
sacrificaram uma parte de sua liberdade para usufruir d o restante com m ais 
segurança. A soma dessas partes de liberdade, assim sacrificadas ao bem 
geral, constituiu a soberania da nação. 
 
- Foi então necessário, meios sensíveis e muito poderosos para sufocar a 
formação despótica, que logo voltou a mergulhar a sociedade no caus. T ais 
meios foram as penas estabelecidas contra os que infringiam as leis. 
 
- Somente a necessidade obriga o s homens a ceder uma parcela de sua 
liberdade, e a reunião de todas essas pequenas parcelas de liberdade constitui 
o fundamento do direito de punir. 
 
- A s penas que vão além da necessidade de manter o depósito da salvação 
pública são injustas por sua natureza. 
 
- O termo direito, não contradiz o termo força, pois o direito é a força submetida 
a leis para proveito da maioria. 
 
- A justiça é pura e simplesmente o ponto de vista qual os homens olham as 
coisas morais para o bem-estar de cada um. 
 
- Se cada cidadão tem obrigações a cumprir para com a sociedade, a 
sociedade tem igualmente obrigações a cumprir para com cada cidadão, pois a 
natureza d e um contrato consiste em obrigar igualmente as duas partes 
contratantes. Essa cadeia d e obrigações mutuas, que desce do trono até a 
choupana e que une de modo igual o maior e o menor dos componentes da 
sociedade, tem como finalidade única o interesse público, que consiste na 
observação das convenções úteis a maioria. 
 
- Apenas as leis podem indicar as penas de cada delito e que o direito de 
estabelecer leis penais não pode ser senão da pessoa do legislador, que 
representa toda a sociedade ligada por um contrato social. 
 
- Em casa do delito, existem duas partes: o soberano, que diz ter sido violado o 
contrato social; e o acusado, que nega essa violação, e é necessário, portanto, 
um terceiro que é o magistrado que venha a decidir a contestação. 
 
- As leis tomam sua força da necessidade de guiar os interesses particulares 
para o bem geral e do juramento formal ou tácito que os cidadãos vivos 
voluntariamente prestaram ao rei. 
- O juiz dele fazer um silogismo perfeito. A premissa maior deve ser a lei geral; 
a menor, a ação conforme ou não a lei; a consequência, a liberdade ou a pena. 
 
- Com leis penais cumpridas à letra, qualquer cidadão pode calcular 
exatamente os inconvenientes de uma ação reprovável; e isso é útil, pois esse 
conhecimento poderá fazer que se desvie do crime. 
 
- O objeto da pena não é atormentar o acusado,mas impedir que pratique novo 
delito e dissuadir os demais de delinquir. 
 
- O réu não deve ser considerado culpado antes da sentença condenatória. 
 
- A sociedade não tem o direito de aplicar a pena de morte. 
 
- Mais útil que a repressão penal é a prevenção do delito. 
 
Alessandro Baratta 
 
 
- A ideia de homem é definida em relação com a esfera de liberdade (entendida 
como autonomia). 
 
- A ideia do direito, ou seja, do direito justo ou da justiça é definida em 
relação 
às liberdades e aos recursos que devem ser reconhecidos às pessoas e aos 
grupos para que eles possam satisfazer suas necessidades. 
 
- Quando não se trata de direitos normativos, as ilegalidades referem -se a 
comportamentos, situações e relações sociais que violam normas positivas do 
ordenamento n acional e/ou internacional, que tutelam ou reconhecem direitos 
humanos. 
 
- A diferença entre tutelar e reconhecer refere -se à diversa natureza e 
intensidade das consequências jurídicas (sanções) previstas no s distintos 
ordenamentos para os casos de violação de normas, e dos instrumentos legais 
postos à disposição dos interessados. 
 
- A ideia de homem remete à realidade do direito e, por outro lado, a ideia 
do 
direito remete à realidade concreta das pessoas, dos grupos humanos e dos 
povos. 
 
- O ser humano, quando considerado dentro de uma determinada fase do 
desenvolvimento da sociedade, é um portador de necessidades reais. 
 
- Cada pessoa, cada grupo, cada sociedade possui capacidades específicas 
para desenvolver sua própria existência, para expressar-se, para dar sentido à 
vida e às coisas 
- As necessidades reais como as potencialidades de existência e qualidade de 
vida das pessoas, dos grupos e d os povos que correspondem a um 
determinado grau de desenvolvimento da capacidade de produção material e 
cultural numa formação econômica-social. 
 
- Para Galtung refere -se à discrepância entre as condições potenciais da vida e 
as condições atuais. As primeiras são aquelas que seriam possíveis para a 
maioria dos indivíduos na medida do desenvolvimento d a capacidade social de 
produção. As segundas se devem ao desperdício e a repressão destas 
potencialidades. 
 
- Para Mar x, a discrepância entre condições potenciais e atuais de vida 
depende da contradição existente entre o grau de desenvolvimento alcançado 
pelas forças produtivas e as relações d e propriedade e poder dominantes na 
sociedade. 
 
- Para Galtung “injustiça social” é sinônimo de “violência estrutural”. 
 
- A violência estrutural é a repressão da s necessidades reais e portanto dos 
direitos humanos no seu conteúdo histórico-social. A violência estrutural é uma 
das formas de violência; é a forma geral da violência em cujo contexto costuma 
originar-se, direta ou indiretamente, todas as outras formas de violência. 
 
- Violência individual quando o agente e um indivíduo; Violência de grupo 
quando o agente é um grupo social; 
 
- Violência institucional quando o agente é um órgão do Estado, um governo, o 
exército ou a polícia. A violência institucional pode ter formas legais, ou seja, de 
acordo com as leis vigentes num Estado ou, como acontece em muitos casos, 
ilegais. 
 
- Violência internacional, quando o agente é a administração de um Estado, 
que se dirige com determinadas ações através d e órgãos próprios ou de 
agente mantidos por aquela, contra o governo e o povo de outro Estado. 
 
- Em qualquer de suas formas, a violência é sempre repressão de 
necessidades e, portanto, violação ou suspensão de direitos humanos. 
- Frente a uma fenomenologia global da violência, compreendida como 
repressão das necessidades reais e dos direitos humanos, apresentam -se na 
perspectiva da criminologia critica quatro categorias de considerações que tem 
relação com o papel do direito penal e as alternativas a este. 
 
- De todas as formas de violência anteriormente mencionadas, somente alguns 
tipos de violência individual são levados em consideração no sistema de justiça 
criminal. 
 
- A violência crimina l é somente uma ínfima parte da violência na sociedade e 
no mundo. 
- O modo como o sistema de justiça criminal intervém sobre este limita do 
setor 
da violência “construído” através do conceito de criminalidade é 
estruturalmente seletivo. 
 
- Imunidade e criminalização são realizadas geralmente pelos sistemas 
punitivos segundo a lógica das desigualdades nas relações de propriedade e 
de poder. 
 
- A imunidade dos crimes m ais graves é cada vez mais e l evada à medida em 
que cresce a violência estrutural e a prepotência das minorias privilegiadas que 
pretendem satisfazer as suas necessidades em detrimento das necessidades 
dos demais e reprimir com violência física as exigências de progresso e justiça, 
assim como as pessoas, os grupos sociais e movimentos que são seus 
interpretes.

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