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Teoria do Restauro Estilístico de Viollet-le-Duc

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FICHAMENTO
- Eugène Emmanuel Viollet-le-Duc
Restauração
 
Restaurar é mais do que apenas reformar o ponto de necessidade de um edifício, do que refazer como o era antes. Restaurar é a tentativa de trazer aquele edifício ao seu estado que era antes quando fora erigido, “é restabelecê-lo em estado completo que pode não ter existido nunca em um dado momento – pág. 29 – Verbete: Restauração”.
            Restauração, reprodução e reedificação, eram feitos desde a antiguidade, mas nenhuma civilização compreendia o que era restauração como nós compreendemos hoje. Roma chegou a cometer um ato de vandalismo na opinião de Viollet, pois ousaram a misturar materiais de outro edifício para reconstrução de um arco. Nem na idade média se possuía estudos e conhecimento necessário para se fazer obras de restaurações. Esse assunto é algo moderno.
            Viollet nos mostra que mais do que conservar, o ato de manter a parte ou todo do edifício em seu estado original é de alta relevância. Se necessário completar algo, que o seja feito de modo que sua estrutura seja fiel à aparência e seguramente executado, para que se evite a necessidade de futuras manutenções. “Nas restaurações, há uma condição dominante que se deve ter sempre em mente. É a de substituir toda parte retirada somente por materiais melhores e por meios mais eficazes e mais perfeitos. É necessário que o edifício restaurado tenha no futuro, em consequência da operação a qual foi submetida, uma fruição mais longa do que a já decorrida. – pág. 54 - Verbete: Restauração”.
           
A corrente doutrinaria sobre restauração do monumento histórico de Viollet era a Intervencionista. Ou seja, os intervencionistas consideram que restaurar um edifício significa “restituí-lo a um estado completo, que pode nunca ter existido”. Sendo assim, se um edifício não continha todos os elementos necessários a compor um estilo, estes deveriam ser acrescentados no processo de restauração. 
Acreditava que os monumentos arquitetônicos deveriam ser como verdadeiros sistemas, que todo elemento que o constituía possuía uma função distinta e se o edifício perdesse qualquer uma destas partes não havia como funcionar completamente. 
Esse seu modo de pensar foi resultado, principalmente, de estudos sobre a Arquitetura Gótica, até então desconsiderada. 
Segundo ele, nessas construções, todos os elementos possuem alguma função. Não apresentando partes desnecessárias, supérfluas.
Esse seu modo de pensar, contribuiu fortemente para a sua forma de intervenção em monumentos históricos.  Seu foco principal era a recuperação da Unidade de Estilo, ou seja, a recuperação do edifício como um todo.
Sua teoria, portanto, ficou conhecida como “TEORIA DO RESTAURO ESTILÍSTICO”, segundo a qual, cada elemento arquitetônico se subordina ao conjunto, contribuindo para a unidade do edifício.
Este método utilizado por Le-Duc é por muitos associado à Teoria de Georges Couvier, naturalista e paleontólogo.  Este acreditava que através de apenas um osso se conseguiria reconstituir todo um esqueleto. Le-Duc utilizava-se do mesmo preceito, acreditando que a partir de apenas um perfil do edifício, conseguiria reconstituí-lo completamente.
Estudava a fundo todo monumento que lhe era confiado, de modo a não intervir hipoteticamente. Realizava levantamentos detalhados, utilizando-se de textos, fotografias e desenhos, procurando entender a lógica da concepção do projeto.
Analisava edifícios do mesmo período de construção, a técnica que fora utilizada, as formas características, as linguagens; buscando sempre um coeficiente comum que lhe fornecesse conclusões para a recuperação do monumento em questão.
Apesar desta técnica(o estudo exaustivo do monumento) ter sido uma grande contribuição deixada por Le-Duc, para os estudos e técnicas de preservação, suas intervenções eram muitas vezes incisivas.
Na maioria das vezes acabava entrando no campo da criação, supondo elementos que talvez nunca vieram a existir naquele edifício. Tentava chegar a uma reformulação ideal de um determinado projeto.
Algumas vezes alterava partes autenticas do edifício porque as considerava em mau estado, em vários exemplos não respeitou modificações  feitas posteriormente.
Seu modo de agir justifica suas palavras citadas no início deste texto:
’’... é restabelecê-lo (o edifício) em um estado completo que pode não ter existido nunca em um dado momento.” Viollet-Le-Duc-Verbete: Restauração
Este seu método de agir e pensar, muitas vezes, desprezava a singularidade de cada obra e do próprio autor e principalmente a autenticidade da mesma. 
Além disso, seus princípios teóricos foram relegados ao ostracismo durante um longo período.
http://othaudoblog.blogspot.com.br/2013/07/viollet-le-duc-e-teoria-do-restauro.html
Ganhou fama com a restauração de monumentos como a Sainte-Chapelle e a catedral de Notre-Dame, em Paris. Supervisionou ainda a recuperação de inúmeros prédios medievais, como a catedral de Amiens, as muralhas de Carcassonne e a igreja de Saint-Sernin, em Toulouse. 
 Autor francês do Século XIX, buscava restabelecer a “situação original do monumento”, quase sempresuposta e não comprovada. Os acréscimos e intervenções ocorridos ao longo da história domonumento normalmente são desprezados em função da busca pela unidade estilística. Ou seja,fala-se que a historicidade do monumento ficava em segundo plano, em função da prioridade da reconstituição estilística. Uma das principais contribuições de Violet-Le-Duc foi o estudo das técnicas construtivas e das estratégias de composição ao longo do tempo, imprimindo uma postura científica no processo de restauro. A crítica aponta que, apesar de todos esses estudos desenvolvidos, Violet-Le-Duc muitas vezes não utilizava uma postura científica na prática.
 Publicada em 1849 uma instrução técnica sobre a restauração de edifícios diocesanos elaborada por Viollet-le-duc e Merimée: recomendações de manutenções periódicas para evitar restaurações, além do modo de fazer levantamento, analisar e verificar as causas mais comuns de degradação, maneiras de talhar pedras e fazer rejuntes, técnicas medievais, e indicações de como restaurar um edifício.
No Dictionnaire (livro), Viollet-le-duc expõe de forma pormenorizada seus conhecimentos no verbete "restauração": "A palavra e o assunto são modernos. Restaurar um edifício não é mantê-lo, repará-lo ou refazê-lo, é restabelece-lo em um estado completo que pode não ter existido nunca em dado momento". (intervenções às vezes incisivas, fazendo largo uso de reconstituições ou mesmo "corrigindo" o projeto onde se mostrava "defeituoso").
Não se contenta em fazer uma reconstituição hipotética e busca a pureza do estilo (faz reconstituição daquilo que teria sido feito, uma reformulação ideal do projeto).
A faceta de restaurador de Viollet-le-duc deve ser avaliada dentro do contexto na qual foi produzida: um momento de redescoberta e de grande apreciação das qualidades da arquitetura medieval.
      A forma incisiva e invasiva de Viollet-le-duc atuar sobre um monumento acabaram por condenar sua forma de intervenção: tornou-se o vilão da história. 
Um exemplo de restauração polêmica é a da igreja de Saint-Sernin de Toulouse que um dos princípios leducianos dos mais controvertidos (desrespeitar um estado existente para voltar a um estágio anterior ou a um estado mais correto), foi usado contra Viollet-le-duc. Das mudanças que haviam sido feitas por ele no séc XIX, a maior foi a supressão das adições góticas para se obter um românico puro. Numa recente "desrestauração" optou-se por voltar à forma anterior à restauração baseados em desenhos do próprio Violllet-le-duc, onde nem todos os elementos foram reconstituídos segundo a documentação possível, não podendo deixar de haver alterações em relação ao estado pré-Viollet-le-Duc.
http://rethalhos.blogspot.com.br/2011/06/viollet-le-duc.html
Viollet-le-Duc iniciou suas atividades como arquiteto nos anos de 1830 trabalhandono ateliê dos amigos Huvé e Leclère. Mais tarde, em 1836, participou das obras de restauração em Saint Chapelle, considerada pelo próprio Le-Duc como um laboratório experimental. A partir de então os trabalhos somaram-se a Igreja de Vézelay, de 1840, Notre-Dame de Paris, de 1844, Carcassone, de 1844, Saint-Sernin de Toulouse, de 1846, e Amiens, de 1849. Em 1853, Viollet-le-Duc foi nomeado Inspetor Geral dos Edifícios Diocesanos (1) ficando responsável pela tutela de várias igrejas em toda a França.
É neste contexto de atividades intensas que sua produção intelectual vai consolidando sua linha de ação e suas teorias sobre a restauração, confirmando, mais tarde, o que hoje conhecemos como “restauração estilística”, ou seja, um processo que, baseado na unidade formal e estilística das edificações buscava criar um modelo idealizado na “pureza” de seu estilo.

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