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Direito Civil V - Bimestre II

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Direito Civil V 
Bimestre II 1 
Celebração do casamento: 
 Trata-se do terceiro e mais importante momento do casamento, 
sendo o meio capaz de consolidar a relação matrimonial entre as 
pessoas. 
Momentos do casamento: 
1. Petição inicial; 
2. Publicação dos editais; 
3. Oposição ou não de causas de suspensão e/ou impedimentos; 
4. Decisão; 
5. Habilitação (válida por noventa dias); 
 Após estes passos, passa-se ao pacto antenupcial e em seguida 
a celebração. 
 A autoridade competente para a realização dos casamentos é 
o juiz de paz. 
 A habilitação, uma vez conseguida pelos nubentes deve ser 
levada ao cartório de casamentos no prazo máximo de noventa dias 
para nutrir o requerimento de celebração do casamento. 
 Portanto, antes da realização da celebração existe um novo 
requerimento à ser feito, conforme os termos do artigo 1.533 do 
CC quando trata da petição dos contraentes. 
 Uma vez recebida pelo juiz de casamentos a habilitação, sabe-
se que inexistem óbices à realização da celebração. 
 A celebração é ato solene, formal, que preferencialmente 
deverá acontecer na sede do cartório, respeitando toda a 
publicidade determinada legalmente. Cabe ressaltar que a 
publicidade é novamente afirmada ao se determinar que a celebração 
deverá ser feita à portas abertas. 
 Pode portanto a celebração ser realizada em outro lugar que 
não o cartório, desde que autorizado pelo juiz de casamentos. 
 O ato de celebração do casamento previsto no CC é ato civil, 
não devendo ser confundido com às celebrações religiosas. 
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 Sendo a celebração realizada em prédio particular, este 
deverá permanecer de portas abertas e são exigidas para sua 
validade à presença de quatro testemunhas, não mais duas como no 
ato realizado na sede do cartório. 
 O artigo 1.535 CC é de extrema importância, ditando o exato 
procedimento do ato imediato de celebração de casamento, sendo 
requisito para o avanço à fase dos registros (art. 1.536 CC). 
Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou 
por procurador especial, juntamente com as 
testemunhas e o oficial do registro, o presidente do 
ato, ouvida aos nubentes a afirmação de que pretendem 
casar por livre e espontânea vontade, declarará 
efetuado o casamento, nestes termos: "De acordo com 
a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, 
de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da 
lei, vos declaro casados." 
 O fato do texto acima encontrar-se entre aspas é reafirmar 
a vontade do legislador em que o ato seja realizado de forma 
imediatamente fiel ao texto legal. 
 Após este momento entende-se que o casamento encontra-se 
realizado, não mais havendo possibilidade de arguição de 
impedimentos, ou suspensão, se não atendidas às formalidades 
quanto a publicação dos editais. 
 O casamento pode ainda ser realizado mediante procuração, 
que deverá ser obrigatoriamente por escritura pública, hipótese 
em que o procurador agirá em nome e por conta do representado, 
nos exatos termos do próprio contrato de mandato. 
 O procurador deverá receber outorga de poderes especiais 
para casar. 
 A procuração, como a habilitação terá validade pelo prazo de 
noventa dias, podendo ser aproveitada a mesma para os atos de 
habilitação e celebração, se ainda tempestiva até o momento da 
celebração. 
Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante 
procuração, por instrumento público, com poderes 
especiais. 
§ 1º A revogação do mandato não necessita chegar ao 
conhecimento do mandatário; mas, celebrado o 
casamento sem que o mandatário ou o outro contraente 
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tivessem ciência da revogação, responderá o mandante 
por perdas e danos. 
§ 2º O nubente que não estiver em iminente risco de 
vida poderá fazer-se representar no casamento 
nuncupativo. 
§ 3º A eficácia do mandato não ultrapassará noventa 
dias. 
§ 4º Só por instrumento público se poderá revogar o 
mandato. 
 Cabe ressaltar que não há impedimento legal para que um 
nubente represente o outro, entretanto deve-se considerar que 
existem interesses pessoais envolvidos, motivo pelo qual a 
doutrina posiciona-se de forma desfavorável à esta possibilidade. 
 O registro é ato de competência do oficial do cartório. 
 Ademais, pode o juiz de direito realizar a celebração do 
casamento depende de requerimento para a corregedoria do Tribunal 
ao qual este juiz encontra-se vinculado, que poderá possibilitar 
que este realize a celebração. 
 Casamento nuncupativo consiste no casamento realizado 
próximo à hora da morte. 
 Ademais, pode a celebração ser suspensa em dois casos, sendo 
o primeiro a oposição de impedimentos e em segundo lugar, quando 
não ficar devidamente exposta a vontade dos nubentes conforme 
previsto no artigo 1.538 do CC. 
Art. 1.538. A celebração do casamento será 
imediatamente suspensa se algum dos contraentes: 
I - recusar a solene afirmação da sua vontade; 
II - declarar que esta não é livre e espontânea; 
III - manifestar-se arrependido. 
Parágrafo único. O nubente que, por algum dos fatos 
mencionados neste artigo, der causa à suspensão do 
ato, não será admitido a retratar-se no mesmo dia. 
 
 Sendo a celebração ato formal, devem os nubentes manifestar 
com objetividade sua vontade de casar-se. 
Casamentos especiais: 
 Tratam-se de casamentos extraordinários, tratando 
primeiramente do casamento nuncupativo. 
 A esta modalidade de casamento também se atribui a 
nomenclatura de “in extremis vitae momentis”. 
 Esta espécie de casamento tem por finalidade firmar um 
vínculo e possibilitar a transmissão patrimonial. 
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 Para o casamento nuncupativo não há necessidade do 
cumprimento de todos os atos preparatórios do casamento, tratando-
se de procedimento bastante célere, conforme regulado no artigo 
1.540 do CC. 
Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em 
iminente risco de vida, não obtendo a presença da 
autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de 
seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na 
presença de seis testemunhas, que com os nubentes não 
tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, 
até segundo grau. 
 
 Nesta modalidade casamento, faz-se necessária a presença de 
seis testemunhas, não havendo a exigência de autoridade competente 
para tal. 
 Após à realização da celebração a pessoa casada e as seis 
testemunhas deveram comparecer perante a autoridade judicial em 
até dez dias para a realização dos procedimentos previstos no 
artigo 1.541 do CC. 
Art. 1.541. Realizado o casamento, devem as 
testemunhas comparecer perante a autoridade judicial 
mais próxima, dentro em dez dias, pedindo que lhes 
tome por termo a declaração de: 
I - que foram convocadas por parte do enfermo; 
II - que este parecia em perigo de vida, mas em seu 
juízo; 
III - que, em sua presença, declararam os 
contraentes, livre e espontaneamente, receber-se por 
marido e mulher. 
§ 1º Autuado o pedido e tomadas as declarações, o 
juiz procederá às diligências necessárias para 
verificar se os contraentes podiam ter-se habilitado, 
na forma ordinária, ouvidos os interessados que o 
requererem, dentro em quinze dias. 
§ 2º Verificada a idoneidade dos cônjuges para o 
casamento, assim o decidirá a autoridade competente, 
com recurso voluntário às partes. 
§ 3º Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela 
passar em julgado, apesar dos recursos interpostos, 
o juiz mandará registrá-la no livro do Registro dos 
Casamentos. 
§ 4º O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos 
do casamento, quanto ao estado dos cônjuges, à data 
da celebração. 
§ 5º Serão dispensadas as formalidades deste e do 
artigo antecedente, se o enfermo convalescer e puder 
ratificar o casamento na presença da autoridade 
competente e do oficial do registro. 
 
 Após realizada acelebração do casamento nuncupativo, não 
evoluindo à óbito o enfermo, perde-se o objeto do casamento 
nuncupativo, e se a outra parte ainda não ratificou o ato, devem 
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as partes realizarem o casamento pela via ordinária. Se já 
ratificado, o casamento é valido. 
 O casamento nuncupativo normalmente é realizado pelo regime 
de bens ordinário (comunhão parcial de bens). 
 Considera-se como data do casamento nuncupativo aquela em 
que foi realizada a celebração. 
 Casamento sob moléstia grave: 
 Nesta modalidade, também se dispensa a realização dos atos 
preparatórios, entretanto não possui rito tão célere quanto ao do 
casamento “in extremis vitae momentis”. 
 Nesta modalidade o nubente não se encontra em situação de 
iminente risco de morte, entretanto encontra-se debilitado em 
razão de enfermidade grave, nos termos do artigo 1.539 do CC. 
 Para esta modalidade, exige-se a presença da autoridade 
competente para a celebração do casamento. 
 Trata-se daquele que acontece quando um dos nubentes está 
impossibilitado (situação de saúde) de comparecer perante a 
autoridade competente para realizar a celebração do casamento. 
 Diferentemente do casamento nuncupativo em que não há tempo 
para se chamar a autoridade competente, motivo pelo qual se 
dispensa os atos preparatórios, no casamento sob moléstia grave 
exige-se a presença da autoridade competente, ainda que a noite 
para a realização da celebração, na presença de duas testemunhas, 
sem a dispensa dos atos preparatórios. No entanto, não podendo a 
autoridade competente comparecer, diante da possibilidade de 
ocorrência de danos, esta nomeara outra pessoa para o ato, que 
lavrara o termo avulso, procedendo posteriormente com o registro 
no livro de casamentos. 
 O casamento sob moléstia grave encontra-se regulado no artigo 
1.539 do CC. 
Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos 
nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo onde se 
encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à 
noite, perante duas testemunhas que saibam ler e 
escrever. 
§ 1º A falta ou impedimento da autoridade competente 
para presidir o casamento suprir-se-á por qualquer 
dos seus substitutos legais, e a do oficial do 
Registro Civil por outro ad hoc, nomeado pelo 
presidente do ato. 
§ 2º O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, 
será registrado no respectivo registro dentro em 
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cinco dias, perante duas testemunhas, ficando 
arquivado. 
 Casamento religioso com efeitos civis: 
 Não se deve confundir o casamento civil com casamento 
religioso com efeitos civis. 
 O casamento civil é aquele que pode acontecer dentro do 
ambiente religioso e em paralelo com esse. 
 O casamento religioso com efeitos civis comporta duas 
espécies: 
 Casamento religioso com efeitos civis com habilitação 
prévia; 
 Casamento religioso com efeitos civis sem habilitação 
prévia; 
 Nos dois casos, sempre se exigirá a habilitação, podendo no 
segundo caso ser requerida posteriormente. 
 O casamento religioso com efeitos civis com habilitação 
prévia encontra-se regulado pelo artigo 1.525, 1.532, 1.515 e 
1.516, todos do CC. 
 O parágrafo 1º do artigo 1.516 versa sobre a primeira 
espécie. 
 Neste caso, atendidos os procedimentos preparatórios, 
munidos da habilitação, realiza-se, sem a presença da autoridade 
competente para o casamento, somente a celebração religiosa, que 
terá seus registros próprios que deverão ser posteriormente 
apresentados ao oficio competente, por meio do celebrante 
(autoridade eclesiástica) ou por qualquer interessado. 
 A autoridade eclesiástica é considerada apta a tomar dos 
nubentes a declaração de vontades, bem como documentar em seus 
registros a celebração, que servirão posteriormente aos registros 
civis. 
 Cabe ressaltar que, anulado o casamento religioso, cabe ação 
judicial sobre a decisão eclesiástica. 
 Para a segunda espécie de casamento religioso com efeitos 
civis, inexiste o procedimento preparatório, os nubentes estão 
desprovidos de habilitação e a cerimônia de casamento religiosa é 
realizada, gerando de tal o registro eclesiástico do casamento, 
que gera uma certidão a ser posteriormente levada ao registro 
civil, solicitando-se habilitação para obter a confirmação do 
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casamento religioso, hipótese em que este passará a ter efeitos 
civis. 
 A data do casamento será a da celebração, retroagindo a data 
do registro, se nos casos da segunda espécie. 
 Casamento acontecido em país estrangeiro: 
 O procedimento que regula tal casamento encontra-se na LICC, 
entretanto é bastante excepcional. 
 Devem os nubentes comparecerem perante a autoridade 
consular, munidos dos documentos necessários, onde se lançam os 
editais e posteriormente se realiza a celebração. 
 Após realizada a celebração, o casamento será registrado no 
exterior, e, em caso de mudança das pessoas para o Brasil, devem 
estas registra-lo neste país, no prazo de 180 (cento e oitenta 
dias), no cartório de onde residirem ou na capital do Estado em 
que residirão. 
 Provas no casamento: 
 Conforme os termos do artigo 1.543 do CC, que dispõem que o 
casamento é provado por meio da certidão do registro, entretanto 
existem algumas hipóteses em que a certidão não estará disponível, 
o que passamos a ver agora. 
 A certidão é prova material e obvia do registro de casamento 
e, não estando está disponível, deve-se encontrar outros meios 
comprobatórios do casamento. 
 Por este meio, busca-se provar o fato do casamento, bem como 
às formalidades que foram atendidas, garantindo-lhe a necessária 
existência. 
 Fatos e formalidades são provados mediante a coexistência de 
três elementos, a saber: 
 Nominar; deve-se comprovar a existência do ato de 
casamento, e não qualquer outro tipo de união; 
 Tratar; demonstra-se o tratamento entre os cônjuges quanto 
a tal nomenclatura, no ambiente familiar; 
 Reputar; deve-se demonstrar o modo em que a sociedade 
considera tal relação familiar, tendo por critério 
balizador a reputação desta união como casamento; 
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 O elemento de nomenclatura está relacionado às formalidades, 
e pode ser comprovado por meio testemunhal ou qualquer outro hábil 
a comprovar a existência do ato de casamento. 
 Nos termos do artigo 1.547, entre as provas favoráveis e 
contrarias, deve-se considerar a existência do casamento se 
comprovado que os cônjuges viveram ou vivem na posse do estado de 
casados. 
 Posse do estado de casados: Coexistência dos elementos 
nominativo, de trato e reputação, quando não seja possível 
comprovar a existência do casamento. 
 Por posse do estado de casados, deve-se considerar a 
existência da relação de casamento, que não pode ser 
documentalmente comprovada. 
 “É possível pensar-se em responsabilidade civil por 
rompimento de noivado ou de casamento?” 
 São requisitos para a possibilidade de indenização no 
rompimento do noivado ou casamento: 
 Promessa de casamento/crença na estabilidade da união; 
 Frustração/rompimento; 
 Dano efetivo; 
 Para que seja possível a responsabilização civil, deve a 
promessa ou a crença ser frustrada/rompida, causando um dano. 
 Entende-se por dano efetivo aquele que pode ser provado, 
inexistindo dano presumido. 
 O dano efetivo poderá ser classificado como moral ou 
material. 
 Ainda, para considerar o dano como efetivo, deve-se ponderar 
que este trouxesse mal, trouxesse desconforto à qualquer pessoa. 
 O dano moral se dará na ocorrência de injusta exposição da 
pessoa a um sofrimento anormal. 
 O sofrimento anormal é reconhecido quando se viola algum 
direito da personalidade, além da liberdade do sujeito. 
 A tristeza pelo abandono, efetivamente comprovada, pode ser 
objeto de indenização por dano moral. 
 O mesmo atendimento é aplicável aos noivados e aoscasamentos. 
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 A comprovação do dano efetivo sofrerá total influência da 
força normativa dos fatos. 
 Inexiste lei que determine especificamente o cabimento de 
dano moral ou material nos casos que resultam da frustração ou 
rompimento das relações de união, entretanto a responsabilidade 
civil genérica atende a estas situações. 
 O dano material ocorre nas hipóteses em que o rompimento da 
relação se deu após o dispêndio de economias para equipar o lar. 
 O dano efetivo deve ser comprovado também na responsabilidade 
civil pelo dano material. 
 O dano material pode ser também por lucro cessante. 
 Inexistência, nulidade e anulabilidade: 
 O contrato existe quando possui todos os elementos 
relacionados à vontade, não somente sobre os vícios do negócio. 
 A doutrina não é majoritária em considerar a inexistência 
como elemento apto a desconsiderar um negócio jurídico, 
acreditando a maioria que a nulidade absoluta é suficiente para 
sanar eventuais problemas. 
 Sendo inexistente o negócio jurídico, inexistem quaisquer 
efeitos. 
 O negócio jurídico pode existir e ser nulo, entretanto nunca 
será nulo se não existir. 
 O reconhecimento da inexistência é de grande valia, vez que 
esta jamais poderá ser alcançada pela prescrição ou pela 
decadência. 
 A inexistência do casamento, para Maria Helena Diniz, 
mostrou-se primeiramente na França, quando dos casamentos de 
pessoas do mesmo sexo. 
 O casamento nulo por sua vez encontra-se previsto nos artigos 
1.548 e 1.549 do Código Civil. 
 Casamento Putativo: 
 Trata-se do casamento, eivado de nulidades, causas de 
inexistência ou de anulabilidade, entretanto, em razão da boa-fé 
de ambas ou de uma das partes, é considerado pelas mesmas como 
valido. 
 Nesta modalidade de casamento existe uma crença, uma 
imaginação, uma confiança das partes em sua regularidade. 
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 O casamento putativo gera os efeitos de um casamento valido, 
desde que não demonstrada a má-fé de um ou dos dois cônjuges. 
 Este casamento será considerado válido até o transito em 
julgado da sentença que anula o mesmo. 
 O casamento putativo, após sua anulação, em razão de causas 
de nulidade ou de anulabilidade produz efeitos “ex-nunc”. 
 Ao cônjuge de boa-fé, aplicam-se efeitos “ex-tunc”. 
 Estando somente um dos cônjuges de boa-fé, para este os 
efeitos serão aproveitados, bem como para a prole em todos os 
casos. 
 Direito patrimonial no casamento: 
 Pacto antenupcial; 
 Disposições gerais acerca dos regimes; 
 Regimes em espécie; 
 Pacto antenupcial: 
 Trata-se de ato apto para regrar as relações patrimoniais do 
casamento, não podendo regrar relações pessoais, podendo ser 
realizado no momento da habilitação ou posteriormente, desde que 
antes da celebração. 
 O pacto antenupcial encontra-se previsto no artigo 1.653 e 
seguintes do CC. 
 São requisitos do pacto antenupcial: 
 Solenidade e formalidade; vez que deve, obrigatoriamente 
ser realizado mediante escritura pública; 
 Necessita da concretização do casamento para gerar 
efeitos, do contrário é ineficaz; 
 O pacto antenupcial realizado por instrumento particular é 
nulo, e ineficaz se o casamento não se concretiza. 
 Ademais, o pacto antenupcial é facultativo, entretanto, não 
sendo realizado, incorrem os cônjuges no regime legal, qual seja 
o de comunhão parcial de bens. 
 Portanto, é o objetivo do pacto antenupcial alterar o regime 
da comunhão parcial de bens. 
 “Bens comunicáveis: Bens que serão de ambos após o 
casamento”. 
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 O regime de casamento vincula as pessoas durante o casamento, 
quando da dissolução deste e até mesmo na ocorrência da morte, 
vez que o regime opera efeitos na sucessão. 
 Ademais, o regime do casamento pode ser alterado em face do 
princípio da mutabilidade justificada. 
 Quanto ao maior de 70 (setenta) anos, este é obrigado a 
casar-se sob o regime obrigatório estabelecido pelo artigo 1.641 
do CC (separação de bens), entretanto para a doutrina, com fulcro 
no constitucionalismo entende que tal obrigação é 
inconstitucional, em razão de estar limitando, condicionando a 
vontade das partes, especialmente do maior de 70 (setenta) anos 
que é plenamente capaz para os atos da vida civil. 
 Tal corrente entende que este artigo é limitativo da vontade, 
da liberdade. 
 Para a doutrina mais tradicional tal artigo é constitucional 
e deve ser observado com o fito de proteger o patrimônio das 
pessoas maiores de 70 (setenta) anos. 
 O regime de separação de bens no casamento é obrigatório nas 
hipóteses previstas no artigo 1.641 do C.C. 
 Nas hipóteses do inciso “III”, deve-se compreender qualquer 
suprimento judicial. 
 Os artigos 1.642 e 1.643 tratam das questões referentes à 
administração do patrimônio. 
 Diferenças entre outorga uxória e autorização marital: 
 Ambas se tratam de autorizações para alienação de bens, que 
acarreta a situação patrimonial, que em regra só pode ser 
concretizada com a autorização do outro cônjuge. 
 Quando a autorização for realizada pela mulher ao marido, 
ter-se-á outorga uxória. Se concedida pelo homem para a mulher o 
caso será de autorização marital. 
 Entretanto, existem situações que dispensam a concessão de 
autorização, tais quais reguladas pelo artigo 1.642 do CC. 
Art. 1.642. Qualquer que seja o regime de bens, tanto 
o marido quanto a mulher podem livremente: 
I - praticar todos os atos de disposição e de 
administração necessários ao desempenho de sua 
profissão, com as limitações estabelecida no inciso 
I do art. 1.647; 
II - administrar os bens próprios; 
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III - desobrigar ou reivindicar os imóveis que tenham 
sido gravados ou alienados sem o seu consentimento ou 
sem suprimento judicial; 
IV - demandar a rescisão dos contratos de fiança e 
doação, ou a invalidação do aval, realizados pelo 
outro cônjuge com infração do disposto nos incisos 
III e IV do art. 1.647; 
V - reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, 
doados ou transferidos pelo outro cônjuge ao 
concubino, desde que provado que os bens não foram 
adquiridos pelo esforço comum destes, se o casal 
estiver separado de fato por mais de cinco anos; 
VI - praticar todos os atos que não lhes forem vedados 
expressamente. 
 
 Em alguns casos faz-se necessária a concessão de autorização 
(em confronto com o inciso II) para evitar a frustação à execução 
sob alegação de ser o bem objeto da execução tratado como bem de 
família. 
 Outras situações que dispensam a concessão de autorização 
são reguladas pelo artigo 1.643 do CC, entretanto as dívidas 
contraídas sob fundamento deste artigo torna os cônjuges devedores 
solidários. 
 O artigo 1.647 regula que ressalvados os casos do artigo 
1.648 (ausência de motivo justo para negar autorização) não podem 
os cônjuges, salvo quando o regime de casamento for o de separação 
de bens (já que podem os cônjuges dispor livremente de seu 
patrimônio individual nesse caso), sem autorização um do outro 
(1) alienar ou gravar de ônus real bens imóveis, (2) pleitear como 
autor ou réu acerca desses bens, (3) prestar fiança ou aval, (4) 
fazer doação de bens comuns ou dos que possam integrar futura 
meação. 
 Ao ato praticado sem a autorização, sendo esta necessária e 
após conhecida pelo outro cônjuge, o prazo para postular em juízo 
a fim de anular tal ato será decadencial por 02 (dois) anos. 
 Pelo pacto antenupcial, podem as partes optarem por um dos 
quatro regimes de casamento, a saber: 
 Comunhão parcial de bens; 
 Comunhão universal de bens; 
 Participação final nos aquestos; 
 Separação de bens; 
 O regime automático para o CC/2002 é o da comunhão parcial 
de bens. 
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 Ademais, podem as partes pelo pacto antenupcial criarem 
regime misto, excetuando (ou incluindo) umou outro bem por meio 
de um ou outro regime. 
 Aquestos, bens comunicáveis e bens particulares: 
 São aquestos os bens adquiridos na constância do casamento, 
que podem ou não ser comunicáveis. 
 Bens comunicáveis são aqueles que serão de propriedade de 
ambos os cônjuges, adquiridos anteriormente ou durante o casamento 
e que mesmo estando em nome de apenas um deles são de ambos, 
comunicando-se. 
 Já os bens particulares são aqueles que pertencem unicamente 
a um dos cônjuges (ou de cada um deles), não se comunicando. 
 Regimes de casamento: 
 São princípios que regem os regimes de bens no casamento: 
 Princípio da variedade dos regimes; possibilidade de 
escolher entre qualquer um dos regimes ou ainda criar um 
misto, que melhor aprouver aos cônjuges; 
 Princípio da liberdade de escolha; excetuada as situações 
especificas, são livres os cônjuges para escolherem o 
regime de sua vontade; 
 Princípio da mutabilidade justificada; possibilidade de, 
após concretizado o casamento, alterar o regime de bens, 
quando de comum acordo entre os cônjuges, por meio de 
processo judicial; 
 O regime dotal previsto no Código Civil de 1916 consistia na 
concessão de dote pela família da mulher ao homem, sendo este dote 
considerado patrimônio comum dos cônjuges para que pudessem 
começar sua vida de casadas, entretanto tal regime não existe 
mais, tendo sido substituído pelo da participação final nos 
aquestos. 
 Regime da comunhão parcial de bens: 
 É também chamado por parte da doutrina como regime da 
comunhão de aquestos. 
 Este regime pode ser automático (legal) quando as partes não 
optarem por outro no pacto antenupcial. 
 Ademais, será também obrigatório: 
 Quando não houver pacto antenupcial; 
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 Quando o pacto antenupcial for nulo, inexistente ou 
ineficaz; 
 Quando eleito pelas partes no pacto antenupcial; 
 Esse é o regime que melhor atende aos interesses econômicos 
das partes, premiando o esforço comum. 
 Inserir aqui, matéria do dia 03.06.2015. 
 No regime da comunhão universal de bens, existem situações 
em que os bens não se comunicam, sendo elas (art. 1.668 CC): 
 Bens doados ou herdados com clausula de incomunicabilidade 
e os sub-rogados em seu lugar; 
 Bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro 
fideicomissário antes da realização da condição 
suspensiva; 
 As dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de 
despesas com seus aprestos (preparativos), ou reverterem 
em proveito comum; 
 As doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao 
outro com a clausula de incomunicabilidade; 
 Os bens referidos nos incisos V a VII do artigo 1.659 
(bens de uso pessoal, livros, instrumentos de profissão, 
proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge, pensões, 
meio-soldos, montepios e outras rendas semelhantes) do 
CC. 
 Logo, os bens gratuitos podem se comunicar, salvo na 
existência de clausula de incomunicabilidade. 
 A clausula de incomunicabilidade pode ser estabelecida sobre 
qualquer regime. 
 Bem sub-rogado no lugar: Bem incomunicável, que após ser 
vendido e ter seu valor empregado em outro bem, que mantém-se 
incomunicável; ocorre portanto uma troca do bem incomunicável; 
tal condição deve ser registrada publicamente. 
 Fideicomisso se trata de um modelo negocial (contrato) que 
gera efeitos após a morte, sendo subdivido em três partes, a 
saber: 
 Fideicomitente: Testador/doador, que deseja doar um bem a 
uma pessoa que ainda não existe (prole eventual); 
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 Fiduciário: Pessoa que recebe temporariamente a doação 
feita pelo fideicomitente, ficando com a propriedade plena 
(porém resolúvel) deste bem até o momento em que a prole 
venha a se concretizar; em razão de possuir a propriedade 
plena e resolúvel, pode fazer uso de todos os direitos de 
proprietário, entretanto só poderá fazer negócios 
resolúveis. 
 Fideicomissário: Recebedor da doação, que será feita pelo 
fiduciário; 
 Fora as citadas exceções, todos os bens presentes 
(considerado o momento do casamento) e futuros se comunicam no 
regime da comunhão universal de bens. 
 Ainda que incomunicáveis os bens, assim não são os frutos. 
 Pelo regime da separação de bens, os cônjuges determinam que 
nenhum bem é comunicável, nem os anteriores e nem os posteriores 
ao casamento. 
 O regime da separação de bens é aquele o qual os nubentes 
optam por terem tão somente patrimônios particulares, formando 
assim duas massas de bens, a do cônjuge varão e a do cônjuge 
virago, que livremente (desnecessidade de outorga uxória ou 
autorização marital) administrarão, podendo alienar ou gravar de 
ônus reais seu patrimônio. 
 Neste regime, ambos os cônjuges ficam obrigados a colaborarem 
com as despesas do lar na proporção de seus rendimentos e de seus 
bens, salvo disposição expressa em contrário a ser feita no pacto 
antenupcial (o que é invalido, vez que contraria o princípio 
constitucional da solidariedade familiar). 
 Regime da participação final nos aquestos: 
 Previsto nos artigos 1.672 e seguintes do CC. 
 Trata-se do regime que unifica dois regimes durante o 
casamento e quando da sua extinção. 
 Tal regime mostra-se eficiente aos casais que possuem 
empresas, vez que poderão realizar as negociações com total 
liberdade quanto ao seu patrimônio, devendo prestar contas somente 
quando da dissolução. 
 O regime da participação final nos aquestos é o que tem por 
objetivo conceder autonomia para administração individual do 
Direito Civil V 
Bimestre II 16 
patrimônio de cada um dos cônjuges sobre os bens adquiridos na 
constância do casamento, se móveis, mas se imóveis será necessária 
a especifica autorização contida no pacto antenupcial. Em verdade 
é uma mescla dos regimes da comunhão parcial de bens e o da 
separação de bens. 
 Durante o casamento o regime que vigora é semelhante ao da 
separação de bens, mas quando da dissolução do vínculo será 
reestabelecido o regime da comunhão parcial dos bens e as partes 
deverão prestar contas, para fins de divisão de todo o patrimônio 
adquirido na constância do casamento. 
 Portanto, os bens são dos dois cônjuges, entretanto a 
administração é de cada um deles separadamente. 
 Bem de família: 
 Regulados pelo Código Civil e também pela lei 8.009/1990. 
 Nó código civil de 1916 tratava-se de um bem imóvel escolhido 
pela família para eleger como patrimônio mínimo que não poderia 
ser penhorado por dividas, ou alienado sem a autorização do outro 
cônjuge. 
 Constituía-se pela eleição de um imóvel, mediante uma conduta 
positiva, por meio de escritura pública que passava a dar 
segurança ao mesmo. 
 Logo, sob a vigência do código de 1916 inexistia a proteção 
ao patrimônio mínimo da família se o mesmo não estivesse protegido 
por força do ato positiva, o que de regra, era bastante custoso e 
deixava de proteger os menos favorecidos. 
 No ano de 1990, com o advento da lei 8.009, passou-se a 
proteger o patrimônio mínimo dos devedores, vez que impedia à 
execução sobre o único bem da família, ou de bens que salvaguardem 
o sustento da família, regulando ainda que no caso de vários bens, 
seria o de família aquele que tivesse o menor valor. 
 Hoje, o bem de família protege automaticamente esta da perda 
de seus bens imóveis ou moveis essenciais à sobrevivência das 
execuções, sendo considerado bem de família automático. 
 Logo, aquilo que for considerado necessário à vida pode ser 
entendido como bem de família. 
Direito Civil V 
Bimestre II 17 
 Em que pese a proteção do bem de família visando preservar 
o mínimo existencial, existem algumas exceções, todas previstas 
em lei. 
 Em que pese a proteção constitucional, os tratados 
internacionais direcionados à proteção dos direitos humanos também 
protegem o patrimônio mínimo e o mínimo existencial. 
 No código civil de 2002, não sefala em bem imóvel, nem em 
automática garantia do mínimo existência, entretanto possibilita 
à família instituir uma quota parte (podendo alcançar 1/3 do 
patrimônio líquido) sobre o patrimônio para tê-lo como de família, 
meio pelo qual se de maior proteção aos devedores e seu patrimônio. 
 Para se destinar a quota parte do patrimônio como bem de 
família existem três possibilidades: 
 Eleição por escritura pública; 
 Constituição por testamento; 
 Constituição por meio de doação; 
 O artigo 1.711 do CC regula tais possibilidades. 
 Ademais, a quota parte é instituída sobre o total do 
patrimônio ao tempo da instituição. 
 Sendo o bem de família um imóvel, deve tal informação ser 
averbada junto ao registro do mesmo. 
 Ainda são exceções à impenhorabilidade do bem de família às 
dívidas fiscais e as referentes as despesas condominiais. 
 O bem de família portanto, é aquele que tem por finalidade 
proteger a um mínimo existencial que salvaguarde a dignidade da 
pessoa humana da entidade familiar, derivando da necessidade de 
proteção da família e a estabilidade de vida dos membros deste 
grupo. 
 Dissolução da sociedade conjugal e do casamento (vinculo 
matrimonial): 
 A sociedade conjugal trata dos aspectos patrimoniais ligados 
ao relacionamento e também os aspectos de convivência, apreço e 
apoio entre os cônjuges. O casamento (vinculo matrimonial) se 
trata do todo do relacionamento, sendo que a sociedade conjugal 
encontra-se inserida neste. 
Direito Civil V 
Bimestre II 18 
 Tal divisão se faz necessária vez que a sociedade conjugal 
pode ser extinta sem que o casamento o seja, como nos casos da 
(extinta) separação judicial. 
 Cabe ressaltar que desde os primórdios do casamento até o 
ano de 1977 o casamento era indissolúvel, sendo tratado como um 
dogma de eternidade, em razão dos pensamentos nutridos pela 
religião. 
 Antigamente o casamento era uma demonstração religiosa, não 
um contrato de direito. 
 No ano de 1916, com o advento do Código Civil, o casamento 
mantinha-se indissolúvel, sendo tratado ainda como dogma 
religioso, entretanto a sociedade conjugal já era passível de 
rompimento por meio do desquite. 
 A sociedade conjugal consiste nos vínculos de afeto, 
assistência e de patrimônio entre os cônjuges, estando inserida 
no casamento, que consiste no vinculo civil. 
 Por meio do desquite, rompia-se a sociedade conjugal, 
entretanto o casamento, o vínculo matrimonial continuava válido, 
não podendo ser rompido em nenhuma hipótese. Isso se dava em razão 
da forte influência sacramental sobre o casamento. 
 Com o advento da EC-09/77, passou-se a minimizar os aspectos 
religiosos, primando pela liberdade dos cônjuges e a possibilidade 
de se constituir uma nova família, passando a permitir o divórcio. 
Após a aprovação da emenda, criou-se a lei do divórcio, que previa 
ser possível o rompimento do casamento por meio do divórcio, 
fazendo desaparecer o desquite e o nascimento da separação 
judicial. 
 Porém, antes de se atingir o divórcio, deveriam os cônjuges 
submeterem-se aos requisitos da separação, judicial ou direta. 
 Antes de 2009 era impossível a realização do divórcio por 
qualquer meio que não judicial. 
 No ano de 2010 surgiu a EC-66/10, retirando da carta maior 
a separação judicial, tornando possível o divórcio pela simples 
vontade dos cônjuges. 
 Por meio do divórcio, dissolve-se a sociedade conjugal e o 
vínculo matrimonial, sem exigência de se comprovar qualquer 
responsabilidade. 
Direito Civil V 
Bimestre II 19 
 Formas de dissolução da sociedade conjugal: 
 Morte; 
 Nulidade ou anulabilidade do casamento; 
 Separação; 
 Divórcio; 
 Formas de dissolução do vínculo matrimonial: 
 Morte; 
 Nulidade ou anulabilidade do casamento; 
 Divórcio; 
 Para fins de divórcio, o ausente é considerado morto. 
 Retornando o ausente, a corrente majoritária posiciona-se 
pela manutenção do vínculo matrimonial contraído após a decretação 
de ausência. 
 O divórcio passa a ser valido após o registro da sentença no 
cartório competente. 
 Espécies de separação: 
 Sanção; 
 Falência; 
 Remédio;

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