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História do Brasil Imperial
A pré-história da Monarquia Brasileira (II)
- A interiorização da metrópole e a instalação de uma 
corte europeia nos trópicos
O princípio fundamental das aulas
-Por si só, a existência de uma Monarquia na América representa uma 
experiência política excepcional. Após a década de 1770, quando, com a 
Revolução Americana, surgiu o primeiro país independente do continente, 
ganhou força a noção de que a América deveria ser constituída por 
Repúblicas.
-O fato de o Brasil ter se tornado uma Monarquia nos convida ao exame de 
alguns episódios da história moderna da Europa. Examinar os 
desdobramentos desses episódios na América Portuguesa nos primeiros 
anos do século XIX é o objetivo da aula.
Conteúdos trabalhados
-As guerras napoleônicas e a “interiorização da metrópole”.
-O período joanino (1808-1820)
A bibliografia da aula 
-SCHWARCZ, Lillia Mortitz. A longa viagem da biblioteca dos reis: do 
terremoto de Lisboa à independência do Brasil. São Paulo: Companhia das 
Letras, 2002. 
-NEVES, Lúcia Maria Bastos Pereira das. O governo de d. João: tensões 
entre ideias liberais e as práticas do Antigo Regime. In: CARVALHO, José 
Murilo de; CAMPOS, Adriana Pereira de. Perspectiva da cidadania no Brasil 
Império. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011. (pp. 203-225)
O ponto de partida da reflexão
O ponto de partida da reflexão
“Em 1580, quando a Espanha invadiu Portugal, o pretendente ao trono 
português, prior do Crato, foi aconselhado a embarcar para o Brasil. Também 
o Padre Vieira apontou o Brasil como refúgio natural e ideal para D. João IV 
– ai lhe assinaria o lugar para um palácio que gozasse, ao mesmo tempo, as 
quatro estações do ano, fazendo nele o quinto império (...).” Em 1738, no 
Reinado de D. Joao V, o conselho veio de d. Luís da Cunha, que via na 
mudança possibilidades de melhor equilíbrio entre a metrópole e a colônia, 
então abarrotada de outro. Em 1762, temendo uma invasão franco-
espanhola, Pombal fez com que o rei D. José tomasse “as medidas 
necessárias para a sua passagem para o Brasil, e defronte do seu Real 
Palácio se viram por muito tempo ancoradas as naus destinadas a conduzir 
com segurança um magnânimo soberano para outra parte de seu Império.” 
(SCHWARCZ; p. 194).
O Século XVIII como a era das incertezas
“No último quartel do século XVIII as certezas pareciam abaladas e viradas 
cabeça para baixo. Primeiro, em 1776, parte das colônias inglesas na 
América do norte conquistou sua independência política, vindo a formar os 
Estados Unidos e provando, com sua autonomia, que a condição colonial 
não era , definitivamente um estatuto perene. Diante desse ato, tudo parecia 
diferente, sobretudo porque ficava claro que a essa primeira libertação se 
seguiriam muitas outras. Logo depois, por volta de 1780, tomou forma a 
Revolução Industrial inglesa, em um surto de economia industrializada que 
gerou um movimento contínuo e retroalimentado; cada invento conduzia a 
outros, tal qual uma espiral sem fim. A produção de manufaturas se 
acelerava e atingia proporções jamais imaginadas, e com ela as antigas 
regras de comércio caíam por terra, levando consigo limitações do próprio 
mercantilismo. Para completar o cenário, em 1789, outro evento entrou na 
ordem do dia, fazendo tremer o solo europeu. Na França, um movimento de 
cunho liberal acabou por derrubar o que parecia estável como a natureza.” 
(SCHWARCZ; p. 184)
A inserção de Portugal nas Guerras Napoleônicas
-Guerras Napoleônicas: os conflitos armados que entre 1803 e 1815 
marcaram o projeto expansionista do Império francês comandado por 
Napoleão Bonaparte.
-Apesar de não terem se resumido a esses dois países, as Guerras 
Napoleônicas tiveram França e Inglaterra como protagonistas.
-A diplomacia portuguesa tentou ao máximo manter a posição de 
neutralidade no conflito. Havia quem defendesse o alinhamento com os 
franceses e quem defendesse o alinhamento com os ingleses. Durante cinco 
anos essa estratégia deu certo.
D. Rodrigo de Sousa Coutinho, o conde 
de Linhares (1745-1812), ministro dos 
Negócios da Marinha e Domínios 
Ultramarinos do Império Português 
entre 1807 e 1812.
D. João (1767-1826),Príncipe Regente 
do Império Português entre 1792 e 
1816, Rei do Reino Unido de Portugal, 
Brasil e Algarves entre 1816 e 1822, 
Rei de Portugal de 1822 a 1826.
“Naqueles dias inseguros, Portugal tinha tudo ameaçado: seu império colonial, sua 
coroa e, também, a antiga aliança comercial firmada com os ingleses. Essa relação 
vinha de longe e, se no início os interesses comerciais se equilibravam, com o 
tempo a proteção política inglesa tornou-se moeda de barganha, usada para obter 
vantagens comerciais contrárias aos interesses português.” (SCHWARCZ; p. 195).
-Portugal tentou preservar os seus domínios ultramarinos da onda liberal que na 
época varria o mundo ocidental. Por isso, os portos da América Portuguesa foram 
fechados aos navios dos EUA após o final da década de 1770 e as rebeliões 
coloniais independentistas foram reprimidas com todo rigor e violência.
“Foi nesse período que as duas metrópoles ibéricas se aproximaram para resolver 
seus problemas de fronteiras no sul da América. Pelo tratado do Pardo, em 1778, 
Portugal renunciou à navegação nos Rios da Prata e Uruguai cedeu à Espanha a 
colônia de Sacramento e a ilha de São Gabriel e abdicou das ilhas de Fernando Pó 
e Ano Bom – na região equatorial africana -, fundamentais para o tráfego 
escravista espanhol. Um pouco mais tarde, em 1785, laços de sangue pretenderam 
assegurar esse bom relacionamentos, desta vez em dose dupla: os infantes 
portugueses João e Maria Vitória casavam-se com os dois infantes espanhóis, 
Carlota Joaquina e Gabriel.” (SCHWARCZ; p. 195). p. 186,
“Se o malogro foi duro de engolir, difícil mesmo foi digerir a atitude da 
Espanha, que acabou por firmar com a França o tratado de Santo Ildefonso, 
ratificado pelo tratado de Basileia, em junho de 1795, pelo qual se aliava a 
Napoleão. Nos anos seguintes, o governo de Carlos IV foi estreitando, cada 
vez mais, a aliança com a França republicana, enquanto Portugal só entraria 
em conversações em 1797, já no Diretório. (...) Portugal, isolado, ficou numa 
situação ingrata. Para complicar ainda mais, uma das cláusulas do tratado de 
Santo Ildefonso introduzida os termos que se transformariam na chave do 
diálogo entre o governo francês e o português: o fechamento dos portos 
lusitanos aos navios ingleses; se Portugal não obedecesse, seu território seria 
invadido pelas tropas franco-espanholas.” (SCHWARCZ; pp. 188-189).
“O fato é que Portugal tentava, mesmo que de maneira ineficaz, equilibrar-se 
em uma cadeira manda: precisava neutralizar a ameaça franco-espanhola sem 
arranhar a aliança inglesa, que, a essas alturas, parecia representar o frágil fio 
que mantinha a balança equilibrada. Nesse cenário, dois grupos que rodeavam 
d. João se alternavam em peso e medida e eram conhecidos como “partido 
inglês” e “partido francês”. A bem da verdade, não havia diferença ideológica 
nessa polarização, já que ambas as partes eram representadas por 
aristocratas fieis à monarquia e dispostos a evitar um conflito com a França, a 
Espanha e a Inglaterra. Mas distinguiam-se, sim, pela saída que 
preconizavam.” (SCHWARCZ; p. 191).
“É preciso que Vossa Alteza Real mande armar com toda a pressa todos os 
seus navios de Guerra, é todos os de transportes, que se acharem na Praça 
de Lisboa – que meta neles a princesa, os seus filhos, e os seus tesouros, e 
que ponha tudo isto pronto a partir sobre a Barra de Lisboa, e que a pessoa de 
V. A. R. venha a esta fronteira da Beira aparecer aos seus povos, e acender o 
seu entusiasmo.” (Marquês de Alorna, em 1801, citado por SCHWARCZ; p. 
194).
“Por isso tudo, em 1803, quando expôs sua opinião ao príncipe regente, d. 
Rodrigodeixou claro que não pensava no traslado da Família Real para o 
Brasil apenas como imposição da situação europeia. Para ele tratava-se de 
criar um poderoso Império na América do Sul, estável e duradouro. Na sua 
opinião, o Brasil seria mais do que uma terra de onde se extraíam riquezas, e 
as boas relações travadas com parte da elite brasileira poderiam auxiliar na 
tarefa e na integração, caso a ideia vingasse.” (SCHWARCZ; p. 195-196).
A chegada de uma corte europeia nos trópicos
“Eram duas para as três da tarde, a qual estava muito fresca, bela, e aprazível 
neste para sempre memorável dia 07 de março, que desde a aurora o sol 
havia anunciado como o mais ditoso para o Brasil: uma só nuvem não 
ofuscava os seus resplendores, e cujos ardores eram mitigados pela frescura 
de uma forte e constante viração; parecia que este astro brilhante, apartando a 
si todo o obstáculo; como se regozijava de presenciar a triunfante entrada do 
primeiro soberano da Europa na mais afortunada cidade do Novo Mundo.” p. 
225. (Padre Perereca citado por SCHWARCZ; p. 225).
“Poucos dias ter chegado, mesmo sem a presença de seus principais ministros 
conselheiros, D. João assinou a primeira medida agora no novo Império 
Lusitano: a carta de abertura dos portos brasileiros às nações amigas. A partir 
dessa data ficava permitida a importação “de todas e quaisquer gêneros, 
fazendas e mercadorias transportadas em navios estrangeiros que se 
conservavam em paz e harmonia com a Real Coroa”, ou em navios 
portugueses. (...) No entanto, mais que benevolência do príncipe regente para 
com seus anfitriões, abertura dos portos representava um ato inevitável. É bom 
lembrar que de Portugal, ocupado pela França, não sairiam mais mercadorias 
necessárias para a vida no Brasil, onde quase tudo era importado.” 
(SCHWARCZ; p. 230-231).
Que Rio de Janeiro era esse que recebeu a Corte real 
portuguesa em 1808?
“Por sinal, a educação no Brasil era igualmente desprezada e as 
universidades, proibidas pela metrópole, e contraposição à política cultural de 
reinos como a Espanha, que havia muito tempo liberara o ensino superior em 
suas colônias. De oficial, só aulas de Artilharia e Arquitetura Militar e algumas 
esparsas e avulsas “escolas ou aulas régias”, com cursos de Filosofia e Latim, 
de Retórica, de Matemática, sem nenhum planejamento que pudesse 
caracterizá-las como instrução pública. Afora isso, o ensino era administrado 
pelas ordens religiosas, em conventos e seminários. (...). E a tarefa não era 
das menores. Afinal, no início do século XIX, o Rio era uma cidade pequena, e 
seu núcleo principal se limitava pelos morros do Castelo, de São Bento, de 
Santo Antônio e da Conceição. O ponto central ficava nas proximidades do 
morro do Castelo, e no início de sua formação serviria como defesa da 
localidade, e a partir dele a cidade se espalharia lentamente pelas quatro 
freguesias em que se dividida: Sé, Candelária, São José e Santa 
Rita.”(SCHWARCZ; pp. 233-235).
O governo joanino (1808-1820)
-Governo Joanino- O período no qual D. João governo o Império português a 
partir do Rio de Janeiro.
-Principais características do Período Joanino:
- Abertura dos portos às nações amigas. (1808)
- A fundação do Bando do Brasil. (1808)
- A criação da Imprensa Régia. (1808)
- A criação do Jardim Botânico. (1811) 
- A fundação da Biblioteca Real. (1814)
- A elevação do Brasil à categoria de Reino Unido. (1815)
- A fundação da Academia Imperial de Belas Artes. (1816)
- A Coroação de D. João VI. (1818)
- O período Joanino foi fundamental para o fortalecimento da cultura 
política monárquica na América Portuguesa.
O governo joanino (1808-1820)
“Hum vassalo que o ama aviza a Vossa Majestade, que não oiça o concelho 
de quem lhe diz que va para Portugal, olhe se tal poem em execução, que 
perde o Brazil. (...) e que será Portugal sem o Brazil? Em Portugal já as coizas 
estão em ordem, no Brazil tudo esta vacilante a respeito da nova forma de 
governo, por isso mesmo he de indispensavel necessidade a acistencia de 
Vossa Majestade nelle.” (Trecho de Carta Anônima enviada para D. João VI 
em 1820. Citada por NEVES; p. 205)
“Sem dúvida, o início do século XIX foi marcado no mundo ocidental pelas 
tensões constantes entre as ideias liberais e as persistências das práticas do 
Antigo Regime, caracterizando, talvez, o sinal mais evidente do surgimento 
daquilo que foi denominado de a política moderna. (...) Aconselhado por 
anônimos, ministros e conselheiros que oscilavam também entre o novo e o 
velho. D. João solicitou constantemente pareceres e projetos a fim de colocar 
em prática as perspectivas de um constitucionalismo histórico, no qual a 
Monarquia não representasse apenas a encarnação em um homem, mas 
também um conjunto de instituições, constituídas através de um passado de 
direitos comuns, o que deveria ser alcançado por meio de uma reforma nos 
costumes, que permitisse o retorno à antiga ordem do Reino, evitando-se a 
revolução.” (NEVES; p. 205)
“Na perspectiva pragmática das Luzes ibéricas, das quais a América 
Portuguesa foi herdeira, o ideal reformador fez-se presente por longo tempo, 
limitando-se a propor uma mudança conduzida pelo poder oficial, em nome da 
utilidade comum e da felicidade púbica., capaz de possibilitar uma melhoria 
nas condições de vida dos súditos tanto na agricultura, comércio e manufaturs, 
quanto nas comunicações, no ensino e nas artes de governar. Adotava-se 
assim, uma atitude de mudança gradual, que não implicava transformação 
profunda na estrutura da sociedade. Por essa ótica. Reforma era sempre 
concebida como uma alteração não violenta, evitando-se o próprio uso da 
palavra revolução. Do que decorria, por outro lado, a frequente utilização de 
conceitos como restauração e regeneração, mesmo em conjunturas 
conflituosas como aquela de 1820-1821.” (NEVES; p. 207).
“[O fundamental era] suspender a torrente dos males, com que a vertigem 
revolucionária do século, a exemplo dos povos vizinhos, e a mal entendida 
política, que vai devastando a Europa, ameaçavam de uma próxima dissolução 
e de total ruína os Estados de V.A.R, espalhados pelas cinco partes do 
mundo.” p. 208. (Texto Silvestre Pinheiro Ferreira e citado por NEVES; p. 
207).
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