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ECOLOGIA DE SISTEMAS AULA 6 Prof.a Tânia Zaleski 2 CONVERSA INICIAL As ações humanas sobre os ambientes naturais têm sérias consequências para a própria humanidade. As devastações das florestas, bem como a contaminação dos solos e dos ambientes aquáticos, comprometem a sobrevivência das espécies. A identificação dos principais impactos e as tentativas de reduzir as consequências negativas, das ações humanas sobre o ambiente, são o tema deste capítulo. Serão apresentadas as principais ameaças aos ambientes naturais, as consequências da poluição ambiental, atmosférica e mudanças climáticas e, por fim, serão apresentados exemplos de soluções ambientais em um mundo dominado pela crise. TEMA 1: POPULAÇÃO HUMANA A população humana tem um imenso impacto na Terra, sendo a causa primária dos demais problemas ambientais. Com uma taxa de crescimento populacional de quase 2% ao ano, o consumo de energia e recursos cresce em proporções ainda maiores. Para que haja alimento disponível para esta população, mais de 35% da área da terra é utilizada para plantações ou pastos permanentes. Para que áreas de moradia sejam criadas, áreas de florestas vem sendo derrubadas em proporções alarmantes; somente na região de florestas tropicais são derrubados cerca de 10 milhões de hectares por ano. Rios e lagos estão contaminados, em grande parte do mundo, comprometendo seriamente o abastecimento de água. Além disso, automóveis e indústrias são responsáveis por poluírem o ar atmosférico. Muitos dos problemas ambientais não serão controlados enquanto a população mundial continuar a crescer. Para que a Terra consiga sustentar o maior número de pessoas seria necessário que a qualidade de vida reduzisse drasticamente e num curto prazo de tempo. Áreas de reflorestamento não são suficientes para acompanhar as demandas de madeira, papel, combustível. Muitos pesqueiros no mundo colapsaram em virtude da exploração excessiva. A quantidade de água está reduzindo de forma crítica. 3 Além disso, as atividades humanas afetam as populações de todas espécies, seja de forma direta com a caça e pesca; ou de forma indireta, com a destruição dos habitats e introdução de patógenos. Acompanhem nos próximos itens as principais consequências das ações humanas nos ambientes naturais. TEMA 2: STATUS DA BIODIVERSIDADE Aproximadamente 1.500.000 espécies de plantas e animais já foram descritas em todo o mundo. Fazer uma grande lista dos nomes das espécies representaria somente uma parte do conceito de biodiversidade, que inclui atributos únicos de cada indivíduo. A biodiversidade atual, presente no planeta, é resultado de uma longa evolução da biosfera. Assim, a biodiversidade apresenta componentes ecológicos, genéticos, filogenéticos, geográficos. A complexidade da biodiversidade não está somente nas suas diferentes definições, mas, também, se relaciona com as metodologias para a suas determinações. A medição da diversidade de um ambiente é difícil de ser realizada, tendo em vista de que pode chegar a dezena de milhares em ambientes complexos, como a Mata Atlântica. A taxa de extinção e desaparecimento das espécies, nos dias de hoje, está mais alta do que em toda a história da Terra, em níveis comparáveis as extinções em massa, decorrentes de processos naturais, presentes nos registros geológicos. Algumas estimativas sugerem que mais de uma espécie desaparece por dia, em especial insetos de florestas tropicais. Para aves e mamíferos, as estimativas sugerem que a taxa de desaparecimento seja de 1% ao século. Calcula-se, atualmente, que nos ambientes marinhos 27% das espécies estão ameaçadas, 20% apresentam o status de quase ameaçadas, e mais de 25% aves marinhas encontram-se em perigo de extinção. Ainda que os sistemas ecológicos consigam funcionar após a perda de alguma espécie, as extinções locais e globais são fortes indicadores da deterioração dos ambientes. Assista aos vídeos e veja algumas evidências dessa ameaça. 4 TEMA 3: POLUIÇÃO AMBIENTAL A poluição ambiental pode ter como causa componentes físicos, químicos e biológicos. A definição de poluição ambiental é dada por qualquer substância que ocorra no meio ambiente em níveis mais elevados que os normais (naturais). Ao tratarmos de poluição, é importante que os conceitos de contaminante e poluente sejam diferenciados e corretamente aplicados. Contaminante: qualquer substância presente em níveis maiores que os normais, mas não causam qualquer efeito danoso ao meio ambiente. Poluente: qualquer substância presente em níveis maiores que os normais e afetam de forma indesejável ou danosa a qualidade e a utilidade de um ou mais recursos ambientais. Importantes poluentes dos sistemas naturais são os pesticidas utilizados na agricultura. Estes pesticidas são divididos em dois grupos principais, os orgânicos (que apresentam uma persistência na natureza de um mês a 30 anos e são biodegradáveis) e os inorgânicos (que por serem quimicamente estáveis, apresentam grande persistência no ambiente, elevada toxicidade e se acumulam nos organismos). O acúmulo de substâncias nos organismos denomina-se bioacumulação e pode ocorrer de forma direta, quando as substâncias são assimiladas a partir do meio ambiente ou de forma indireta, pela ingestão de alimentos com determinada substância. Em ambientes aquáticos, este processo pode ocorrer de forma simultânea. As substâncias absorvidas ou ingeridas podem acumular- se de um nível trófico para outro ao longo da teia alimentar, fazendo com que predadores de topo apresentem maiores concentrações de determinadas substâncias que suas presas, processo conhecido como biomagnificação. Outra consequência da poluição ambiental em ambientes aquáticos é o processo de eutrofização, causado pelo excesso de matéria orgânica. A grande quantidade de nutrientes (em especial nitrogênio e fósforo) propicia a multiplicação de algas que levam ao consumo de oxigênio na água, tornando-o indisponível para os demais organismos, como peixes e invertebrados, os quais morre. 5 TEMA 4: POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA A poluição atmosférica, assim como a poluição dos oceanos tem consequências globais. Uma das principais consequências dessa poluição é a destruição da camada de ozônio, aumento das concentrações de dióxido de carbono. Dentre as principais fontes poluidoras podemos citar os automóveis, as indústrias, as queimadas e a incineração de lixo. Como remanescente destes processos, temos três componentes importantes o dióxido de carbono, o monóxido de carbono e o dióxido de enxofre. O gás carbônico, ou dióxido de carbono, é um gás que ocorre naturalmente na atmosfera e forma um cobertor que mantem a Terra aquecida. Contudo, as elevações nos níveis deste gás têm retardo. Assim, promove a perda de calor da Terra, aumentando a temperatura, fenômeno conhecido como efeito estufa. O aumento das temperaturas causadas por este e outros gases terão efeitos diversos sobre a diversidade dos ecossistemas, acelerarão a conversão de áreas de plantação e pasto em desertos e contribuirão para inundações e elevação dos níveis dos mares. O monóxido de carbono é um gás inflamável, incolor, inodoro e altamente tóxico. A inalação deste gás, em pequenas quantidades, causa dores de cabeça, lentidão de raciocínio, problemas de visão, redução da capacidade de aprendizagem e perda de habilidade manual. Em quantidades maiores pode levar o indivíduo a morte por asfixia. As intoxicações podem ser fatais, devido a sua afinidadecom a hemoglobina que chega a ser 240 vezes maior que pelo O2. Uma vez inalado, o gás é rapidamente absorvido nos pulmões, atravessando as membranas alveolar, capilar e placentária e, em circulação, liga-se de maneira estável com a hemoglobina O dióxido de enxofre é um dos principais responsáveis pelas chuvas ácidas. Chuva ácida é a designação dada a precipitação atmosférica com pH baixo ou ácido, ocasionado pela hidrólise de ácidos fortes, provenientes de poluentes atmosféricos. Dentre as principais consequências estão a corrosão de materiais utilizados em construções, automóveis, patrimônios culturais; e a destruição de monoculturas destinadas a alimentação humana. Em termos ambientais, ambientes lacustres podem ficar acidificados e perder as formas de 6 vidas. Em ambientes florestais provoca o aparecimento de clareiras e destruição de florestas. TEMA 5: DESERTIFICAÇÃO A desertificação caracteriza-se como um processo de degradação da terra nas zonas áridas, semiáridas e subúmidas secas. Este processo pode ter origem natural, entretanto o crescimento resulta das atividades humanas e afeta aproximadamente 60.000 quilômetros quadrados de terras por ano em diversas partes do planeta. Dentre as principais causas da desertificação destacamos o desmatamento de áreas nativas, o uso intenso do solo para agricultura e pecuária e as práticas inadequadas de irrigação e a mineração. O processo de desertificação gera a diminuição na fertilidade e produtividade do solo, a redução das terras agricultáveis, a eliminação da cobertura vegetal, a salinização e alcalinização do solo, intensificação do processo erosivo. Na videoaula veremos algumas sugestões de como reduzir o processo de desertificação, adotando estratégias para cultivo da terra de forma adequada e sustentável. NA PRÁTICA Soluções em tempos de crise Neste exemplo prático trouxemos um pouco de esperança frente a um cenário desolador de destruição e consequências negativas das ações humanas. O primeiro deles é a economia solidária ou economia compartilhada, adotada em muitos países. Nesta forma de sociedade, produtos de qualidade são produzidos em menor escala e utilizados por um grande número de pessoas, reduzindo, assim, a extração de matéria-prima da natureza e a geração de lixo. O segundo exemplo apresentado é o da cidade de Medellín, na Colômbia, conhecida por ser uma das cidades mais perigosas do mundo e que foi capaz de resgatar o bem-estar da população em equilíbrio com meio ambiente por meio de ações sociais promovidas pelo Estado. 7 SÍNTESE Nesta aula, abordamos as principais ameaças do crescimento populacional humano aos ambientes naturais. A destruição das florestas, redução dos estoques pesqueiros, mudanças ambientais são algumas das consequências do crescimento populacional humano e do padrão de vida que consome grande quantidade de recursos e energia. A utilização de grande quantidade de pesticidas, que se acumulam nos níveis tróficos, a poluição atmosférica, a poluição das águas e a desertificação são algumas das consequências. Como exemplo de ação em tempos de crise ambiental, trouxemos maneiras de reduzir o consumo e adotar um estilo de vida menos impactante ambientalmente, bem como estratégias governamentais para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e do nosso meio ambiente. REFERÊNCIAS BEGON, M.; TOWSNEND, C. R.; HARPER, J. L. Ecologia: de indivíduos a ecossistemas. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. ODUM, E.P. & BARRETT, G. W. Fundamentos de Ecologia. 5. ed. São Paulo: Thomson. Learning, 2007. RICKLEFS, R.E. A economia da natureza. 5. ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2003. 503p.