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Universidade Federal do Tocantins Curso de Licenciatura em Química Modalidade à Distância Fundamentos da Educação O conhecimento enquanto especificidade humana e na cultura ocidental: No contexto da história da cultura ocidental, é fácil observar que educação e filosofia sempre estiveram juntas e próximas. Pode-se constatar, com efeito, que desde seu surgimento na Grécia clássica, a filosofia se constituiu unida a uma intenção pedagógica, formativa do humano. Ela já nasceu paidéia! Para não citar senão o exemplo de Platão, em momento algum o esforço dialético de esclarecimento que propõe ao candidato a filósofo deixa de ser simultaneamente um esforço pedagógico de aprendizagem. Praticamente todos os textos fundamentais da filosofia clássica implicam, na explicitação de seus conteúdos, uma preocupação com a educação Além desse dado intrínseco do conteúdo de seu pensamento, a própria prática dos filósofos, de acordo com os registros históricos disponíveis, eslava intimamente vinculada a uma tarefa educativa, fossem eles sofistas ou não, a uma convivência escolar já com características de institucionalização. A verdade é que, em que pese o ainda restrito alcance social da educação. a filosofia surge intrinsecamente ligada a ela, autorizando-nos a considerar, sem nenhuma figuração, que o filósofo clássico sempre foi um grande educador. � A CONCEPÇÃO CLÁSSICA DO HOMEM A cultura clássica elaborou uma imagem do homem na qual são postos em relevo dois traços fundamentais: o homem como animal que fala e discorre (zôon logikón) e o homem como animal que político (zôon politikon). Esses dois traços estão, de resto, em estreita correlação, pois só enquanto dotado do logos o homem é capaz de entrar em relação consensual com seu semelhante e instituir a comunidade política. A imagem do homem que a cultua arcaica grega oferece é rica e complexa para a cultura ocidental. Esta imagem do homem encontra um ponto de interseção e convergência no tema do destino (moira), que oferece um fio condutor da visão arcaica à visão clássica do homem. Na concepção do homem na filosofia pré-socrática é Diógenes de Apolônia (floruit entre 440 e 430 a.C.), é o primeiro pensador que tem a idéia do homem como estrutura corporal-espiritual, cuja natureza se manifesta na cultura por meio de suas obras. Ele é, pois, um ser ordenado finalisticamente em si mesmo e para o qual se ordena, de alguma maneira, a própria ordem do kósmos. Ma são os Sophistês que engloba o saber teórico e as habilidades práticas, revela que o homem e suas capacidades passam a sero objeto principal da filosofia Sócrates, na transição socrática, trata da alma (psyché) e "vida interior". A "alma" (psyché), segundo Sócrates, é a sede de uma areté (excelência ou virtude) que permite medir o homem segundo a dimensão interior na qual reside a verdadeira grandeza humana. É na "alma", que tem lugar a opção profunda que orienta a vida humana segundo o justo ou o injusto, e é ela, que constitui a verdadeira essência do homem, sede de sua verdadeira arete Portanto, na antropologia platônica encontra-se a relação do homem com o divino (tò theion) que se sobrepõe a todos e permanece como o motivo fundamental da antropologia platônica. Aristóteles celebra também no homem a capacidade de passar além das fronteiras de seu lugar no mundo e eleva-se pela teoria, à contemplação das realidades transcendentes e eternas. Do fisicismo jônico, a investigação empírica da tradição da medicina e o intelectualismo finalista socrático-platônico surgem à idéia da psyché em Aristóteles como principio vital que é o ato ou a perfeição (enérgeia) de todo ser vivo e ao qual compete, com a psyché do Fedro platônico. O homem é um ser composto (syntheton) de psyché e de sôma. A psyché é, portanto, a perfeição ou o ato (entelécheia) do corpo organizado, e essa é a sua perfeição. O homem se distingue de todos os outros seres da natureza em virtude do predicado da racionalidade: ele é um "animal racional", um zôon logikón. Ele é um zôon politikón por ser exatamente um zôon logikón, sendo a vida ética e a vida política arte de viver segundo a razão (katá tón lógon zen). � A CONCEPÇÃO CRISTÃO-MEDIEVAL DO HOMEM A concepção Cristão-medieval do homem procede de duas fontes: a tradição bíblica, vetero e neotestamentária, e a tradição filosófica grega. A tradição bíblica goza, da formação do pensamento cristão, de uma primazia em termos de normatividade, porque constitui uma instancia última de referência, segundo o qual deve ser julgada a autenticidade cristã das concepções e teorias que se apresentam no campo teológico. A unidade do homem é pensada, na concepção bíblica, não numa perspectiva ontológica, mas soterológica, e ela se desdobram em três momentos que se articula como momento de uma história ou de um itinerário salvífico. Trata-se, da unidade de um desígnio de salvação que da parte de Deus é dom ou oferecimento e da parte do homem é resposta ou aceitação, a recusa do dom implicando justamente a perda da unidade ou da cisão irremediável do seu ser por parte do homem. Dois termos consagrados na historiografia da filosofia medieval encerram as complexas correntes de idéias que vieram confluir na antropologia tomista: o agostinismo e o aristotelismo. Foi no aristotelismo, que Santo Tomás procurou reconstituir em sua autenticidade original os comentários dos textos de Aristóteles, chegando de fato, ao Ocidente latino nos séculos XII e XIII acompanhado de elementos provindos de outras correntes da filosofia grega, sobretudo do neoplatonismo. A antropologia tomásica pode ser situada por três coordenadas: _ a concepção clássica do homem como animal rationali; _ a concepção neoplatônica do homem na hierarquia dos seres, como ser fronteiriço entre o espiritual e o corpo; _a concepção bíblica do homem como criaturas, imagem e semelhança de Deus � A CONCEPÇÃO MODERNA DO HOMEM O homem moderno ocupa o centro da cena da história e passa a ser a matriz das concepções contemporâneas do homem que se formularão nos séculos XIX e XX. Portanto, o propósito aqui é o de acompanhar em seus momentos mais importantes a história da formação concepção moderna do homem, ou seja, a sucessão dos perfis filosóficos do homem moderno. A concepção do homem no humanismo tem uma conotação peculiar: indica ao mesmo tempo uma nova sensibilidade em face do homem e a redescoberta e exaltação da literatura clássica, sobretudo latina, considerada a mais alta expressão dos valores preconizados pelo humanismo e o mais apto instrumento para elevar o homem à altura de sua verdadeira humanidade: homo humanus. Na ordem das idéias, a civilização da Renascença veio a ser conhecida como idade do humanismo. A civilização da Renascença foi a primeira civilização do livro impresso e influenciado decisivamente na difusão do ideal humanista O tema da dignidade do homem reaparece na Renascença como a reiteração consciente de um tema que provém de Sófocles e da Sofistica grega e se tornara um lugar comum na literatura antiga. Exaltação, portanto, de dignitate et praestantia responde às exigências profundas da nova sensibilidade em face do homem e de suas obras, sendo o traço mais característico do humanismo. No entanto, existe uma diferença entre a celebração da dignidade do homem na literatura antiga e nos autores da Renascença. A revolução cientifica do século XVII, que encontrou no modelo mecanicista seu paradigma epistemológico fundamental, atingiu todos os campos do saber e da cultura em geral. As concepções filosóficas sobre o homem obedecem a suas influências. Tendo como instrumentos epistemológicos privilegiados a observação e a medida, o novo espírito cientifico se caracteriza por uma nova idéia do método. Os ideais do método ou a definição rigorosa das regras do bem pensar constituem um dos temas dominantes dacultura intelectual da época. As duas grandes vertentes do racionalismo empirista, inspiram as duas grandes concepções do método, a dedutiva e a indutiva, dando primazia à síntese e à classificação. ATIVIDADE III Após a resolução, poste-o no link: Atividade III. 1) Explique como é construído o conhecimento do homem ocidental? 2) Quais as concepções cristã – medieval do Homem? 3) Qual a influencia da renascença na concepção moderna do homem?
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