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vigilância epidemiológica

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Isabele Caroline Almeida, Turma LV, Faculdade de Medicina de Taubaté, 2019 Introdução à Prática de Saúde Coletiva 
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VIGILÂNCIA EM SAÚDE 
 
 
 Vigilância em Saúde 
 
 
Cada tipo de vigilância tem suas próprias funções e particularidades, mas, ao falar de vigilância em saúde, trata-se de 
todas essas vigilâncias juntas  Sistema de Vigilância em Saúde (VGS). 
 
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA 
HISTÓRICO 
Antigamente, não existia vigilância epidemiológica, mas sim vigilância de pessoas – Aquelas que ofereciam riscos para o 
resto da comunidade eram removidas do convívio, sendo colocadas em isolamento (quarentena). Com o avanço da era 
bacteriológica, no século XIX, foi possível a descoberta dos ciclos epidemiológicos de algumas doenças infecciosas e 
parasitarias, assim sendo possível que o Estado intervisse de forma sistemática na prevenção e controle de doenças. 
o Observação ativa dos casos de doenças transmissíveis ou confirmados, e de seus contatos. 
- Vacinação em massa da população. 
o Apoio para organização de Unidade de Vigilância Epidemiológica nas Secretaria Estaduais de Saúde (1966) 
o V Conferência Nacional de Saúde (1975) 
- Conferência  São reuniões. A conferência 
garante o controle social, estabelecido pela Lei 
8.142, ou seja, ele garante a participação da 
comunidade. 
Como isso é feito nas conferências? As 
conferências são paritárias, portanto, metade 
dos participantes é composta pela população, 
enquanto que a outra metade consiste em 
funcionários (médicos, enfermeiros, ...) e 
gestores (prefeito, secretário de saúde, ...); 
além disso, elas também são deliberativas, 
assim a população participa da tomada de 
decisão. 
› As conferências são a cada 4 anos, então ao 
trocar prefeito / governador / presidente, 
uma conferência é marcada para traçar 
diretrizes acerca do que vai ser feito na área 
de saúde. 
- Os conselhos também são reuniões, porém 
eles acontecem mensalmente. 
o A busca ativa dos casos, detecção precoce de surtos e bloqueios foi uma metodologia fundamental para a erradicação 
da Varíola em escala mundial (1979). 
- Marco da institucionalização das ações da vigilância epidemiológica no país. 
o Sistema Nacional da Vigilância Epidemiológica (SNVE) 
- Lei 6.259 de 1975 
- Decreto 7.231 de 1976 
 
DEFINIÇÃO 
Vigilância  Vigiar = Controlar  Controle de Doenças 
A vigilância epidemiológica tem a finalidade de conhecer a ocorrência de doenças e outros agravos considerados 
prioritários, seus fatores de risco e suas tendências, além de planejar, executar e avaliar medidas de prevenção e de 
controle. 
o Se surgem casos, suspeito ou confirmados, os profissionais da vigilância epidemiológica são obrigados a comunicar as 
autoridades sanitárias. 
o Para controlar as doenças, a vigilância epidemiológica precisa conhecê-las. 
o A vigilância epidemiológica é responsável por organizar e alimentar o Sistema de Informação de Agravos de Notificação 
(SINAN) – Toda informação de saúde que existe no Brasil está em um sistema. 
Vigilância Epidemiológica 
Vigilância Sanitária 
Vigilância do Trabalhador 
Vigilância Ambiental 
VIII Conferência Nacional de Saúde 
A VIII Conferência Nacional de Saúde é uma das conferências 
mais importantes que aconteceram no país, pois foi nela que 
aconteceu a deliberação do SUS. 
 
Anteriormente à criação do SUS, em 1988 com a Constituição 
Federal, a saúde era restrita àqueles que possuíam carteira 
assinada. A pressão popular, com o Movimento da Reforma 
Sanitária, constituída por pensadores e estudantes, foi às ruas 
para pedir por saúde universal. Depois desse movimento, 
aconteceu a VIII Conferência Nacional de Saúde, onde foi 
decidido o que seria escrito na constituição. Nela formou-se as 
bases dos SUS: saúde é direito de todos e dever do Estado. 
 
Tudo que está na constituição precisa de uma lei para ser 
regulamentada; a lei que regulamentou foi a Lei 8.080 de 90, a 
qual também realizou a descentralização  A gestão da saúde, 
que estava nas mãos do Governo Federal, passou a ser 
responsabilidade de cada município e estado. 
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“Vigilância epidemiológica significa informação para a ação, ou seja, é necessário conhecer e coletar dados para se 
tomar uma ação” 
 
Quais são as atividades da vigilância epidemiológica? 
1) Coleta, consolidação – É a 1ª função. 
› Acontece em todos os níveis 
› Necessitam ser de qualidade e ter fidedignidade 
› Representatividade do problema: o problema tem que ter relevância. 
› Fontes: são coletados dados para fazer cruzamentos e comparações de informações. 
 Dados demográficos, ambientais e socioeconômicos 
 Dados de morbidade 
 Dados de mortalidade 
 Dados coletados em registros de banco de sangue 
 Dados presentes no sistema de informação 
 Rumores vindo da comunidade, notícias de jornais, denuncias, outros meios de comunicação 
 A principal fonte de dados são as notificações compulsórias. 
› Mortalidade 
› Dados coletados em prontuários 
 
Porque notificar? 
 Doenças de causas desconhecidas 
 Comportamento não usual de doenças 
 Doenças emergentes 
- Doença que surgiu e está presente desde então, não 
importando se surgiu no século passado ou na 
semana passada. 
 Doença reemergente: doenças que surgiram, 
tiveram um período de latência (não 
necessariamente por erradicação) e ressurgiram. 
Ex. Cólera e dengue. 
 Ações para soluções 
As notificações são úteis para: 
 Servir de ponto de partida na investigação 
- Seja de casos suspeitos ou casos confirmados. 
- A investigação serve para fechar o diagnóstico e 
também investigar sobre a doença já confirmada, ou 
seja, saber sobre os fatores determinantes, grupos de 
risco, características epidemiológicas, fontes de 
infecção e modo de transmissão. 
 Averiguação das falhas 
- Verificar se tem falhas nas medidas de controle. 
 Fornecimento de elementos 
 Avaliação do impacto 
 
Existem critérios para determinar se um agravo vai para a lista: 
a. Magnitude – É a grandeza da doença. 
Como medir? 
 Incidência  Número de casos novos que acontecem em um período de tempo. 
Doença de grande incidência = Doença de grande magnitude 
 Prevalência  Quantos casos existem daquela doença em um ponto no tempo (31 de julho). 
Doenças com muitos casos no momento = Doença de grande magnitude 
 Taxa de mortalidade  Risco de morte. 
b. Potencial de disseminação 
c. Transcendência 
 Severidade  O grau máximo de severidade de uma doença é a morte. Para averiguar o quanto uma doença mata, 
usa-se a letalidade, que é uma proporção: 
 
 Número de óbitos pela doença 
 Pessoas com a causa da doença 
 
Doença muito severa = Doença que mata muito 
 Relevância econômica  Importância econômica da doença. 
Quantos dias o indivíduo tem que ficar sem trabalhar? 
Quanto tempo o indivíduo vai ocupar o leito no hospital? 
Quanto custa os medicamentos que serão utilizados para o tratamento? 
* Tuberculose e Hanseníase, por exemplo, são doenças que possuem medicamentos de alto custo. 
 Relevância social  Doenças que causam impacto social; o surgimento das informações mudam o quadro social. 
Aids – Foi uma doença que, pela falta de informação, gerou preconceito com os homossexuais, além de medo e 
indignação entre a população. 
Zika – Microcefalia. 
d. Compromissos internacionais – São acordos firmados entre os países membros da OMS com o intuito de alcançar 
metas. 
Ex. Poliomielite e sarampo. 
x 100 
Definiçãode caso 
Caso suspeito 
Caso confirmado 
Caso descartado 
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e. Epidemias, surtos e agravos inusitados – Atualização da lista. 
Ex. H1N1 em 2009. 
Lista de Doenças e Agravos de Notificação Compulsória
 
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2) Investigação Epidemiológica 
› Objetivos 
 Identificar 
- Fonte e modo de transmissão 
- Grupos expostos a maior risco 
- Fatores determinantes 
 Confirmar o diagnóstico 
 Determinar as principais características epidemiológicas 
› A investigação deve ser realizada sempre que ocorrer: 
 Doença de notificação compulsória 
 Número de casos que exceda à frequência habitual 
 Fonte comum de infecção 
- Epidemia explosiva 
Ex. Todo mundo tomou água contaminada de uma mesma fonte | Todo mundo comeu a mesma comida 
contaminada. 
 Evolução severa 
 Doença desconhecida na região 
› 3 conceitos utilizados em vigilância epidemiológica 
 Inquérito epidemiológico 
- Notificação imprópria ou deficiente 
- Mudança no comportamento epidemiológico de uma determinada doença 
- Dificuldade em avaliar coberturas vacinais ou eficácia de vacinas 
- Necessidade de avaliar eficácia das medidas de controle de um programa 
- Descoberta de agravos inusitados 
 Levantamento epidemiológico 
 Monitorização 
› Sistema de Informação de Vigilância em Saúde 
 SINAN – Sistema de Informação de Agravos de Notificação 
 SIM – Sistema de Informação sobre Mortalidade 
 SINASC – Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos 
 SIAB – Sistema de Informação da Atenção Básica 
 SIH-SUS – Sistema de Informações Hospitalares 
 SAI – Sistema de Informações Ambulatoriais 
 
 As doenças não são igualmente notificadas em todas as regiões do país 
Ex. Malária  Na região amazônica, a malária é uma doença endêmica, portanto vai seguir o curso normal das 
notificações, ou seja, semanalmente (semana epidemiológica). No entanto, um caso de malária em Taubaté deverá ser 
notificado em 24 horas, pelo meio mais rápido de comunicação. 
 
3) Interpretação de dados e Análise de informações 
› Colocar os dados em tabelas, gráficos e mapas- para fazer 
omparação. 
› Frequência absolutas-coeficientes 
› É necessária a análise criteriosa da informação, para que seja 
possível adotar de medidas de controle 
 Mais oportuna análise = Mais eficiente 
 
4) Recomendação e Adoção de medidas de controle 
Depois que os dados forem analisados, eles 
precisam ser divulgados para que haja a adoção 
de medidas de prevenção e controle adequados. 
As medidas adotadas vão ser avaliadas, assim 
como o próprio sistema vai se auto-avaliar. Esse 
sistema é capaz de detectar epidemias antes 
mesmo que elas aconteçam. 
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› Após a identificação das fontes de infecção, dos modos de transmissão e da população exposta  Realizar 
interrupção da transmissão ou redução da suscetibilidade do hospedeiro. 
 As medidas de controle podem ser no agente, na fonte, ou em reservatórios específicos. Depois de tudo investigado 
e analisado, é hora de adotar as medidas. 
 
5) Avaliação 
› Avaliação do sistema de vigilância epidemiológica 
 Detecta tendências ou situações de risco? 
 Detecta epidemias? 
 Fornece estimativas quantitativas da morbidade e da mortalidade? 
 Identifica os fatores de risco envolvidos na evolução dos agravos? 
 Permite avaliar os efeitos das medidas de controle? 
 Estimula o uso da investigação epidemiológica como atividade auxiliar de controle ou prevenção? 
› Doenças imunopreviniveis 
› Sintomas respiratórios 
 
6) Retroalimentação e Divulgação de Informações 
› Existe uma fonte geradora que passou os dados, então é necessário dar um feedback, que pode ser feito por meio 
de contato pessoal, telefone, reuniões ou boletins. 
› Disseminação da informação 
 
AVANÇOS 
Com o avanço de ações de 
controle da vigilância 
epidemiológica, como prevenção 
e controle das doenças, houve 
mudança no perfil de mortalidade 
 Mudança do perfil de 
mortalidade para a sétima causa 
de morte. 
 
Ademais, também houve redução 
de doenças imunopreviníveis: 
pólio, sarampo, rubéola e rubéola 
congênita, tétano acidental e 
neonatal, difteria e febre amarela. 
 
COMO MANTER 
 Campanhas de vacinação 
 Detecção precoce de casos 
importados de doenças já 
eliminadas, além de medidas 
de controle imediatas e 
identificação de grupos 
vulneráveis para estas 
doenças. 
Ex. Poliomielite e Sarampo 
 Controle de grupos suscetíveis. 
Ex. Rubéola (homens e adultos 
jovens) 
 Controle de formas inusitadas 
de transmissão. 
Ex. Chagas 
DESAFIOS 
Agenda incompleta 
 Doenças que mantém níveis 
elevados de incidência 
(doenças diarreicas, 
esquistossomose, leptospirose, 
tuberculose, ...  Doenças 
permanecentes). 
 
Emergência em saúde pública 
 Risco de disseminação de 
doenças (surtos e epidemias, 
inundações, contaminação 
ambiental / química / 
radionuclear). 
 
VIGILÂNCIA SANITÁRIA 
ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) faz a fiscalização de todos os bens e serviços que circulam no país, para 
que as doenças não ocorram – Todas as etapas do processo de transmissão. 
o A ANVISA fiscaliza os profissionais da saúde, pois eles estão direta e indiretamente ligados à transmissão de doenças. 
- Existem alguns profissionais que não são da área da saúde, porém estão ligados à transmissão de doenças. 
Ex. Manicure  Apesar de não ser profissional da saúde, pode causar danos. 
o Tem poder de “polícia” em situações muito bizarras. 
o Sua principal função é fiscalizar e dar orientações e informações. 
- Fiscalização de portos, aeroportos e fronteiras. 
o O Estado cria as normas da vigilância sanitária, enquanto que o Município as executa; cada qual tem sua central que faz 
visitas aos estabelecimentos. 
 
VIGILÂNCIA DO TRABALHADOR 
Cuidam dos acidentes de trabalho, como a exposição a agentes. 
 
VIGILÂNCIA AMBIENTAL 
Tratam das grandes catástrofes, da qualidade de água, do solo... 
É uma área que está crescendo, principalmente em questão de legislação. 
 
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PERGUNTAS 
1) O que é notificação compulsória? 
É quando se tem relato de alguma doença ou agrave que seja obrigatório notificar para a vigilância epidemiológica. 
 
2) Quais os critérios para criação da lista de notificação compulsória? 
Magnitude (taxa de mortalidade, incidência), transcendência (relevância social, relevância econômica, severidade), 
potencial de disseminação (transmissibilidade), compromissos internacionais, agravos inusitados / epidemias. 
 
3) Quais as fontes de dados utilizadas pela vigilância epidemiológica? 
Dados demográficos, dados socioeconômicos, dados de mortalidade, dados sociais, rumores vindos da comunidade, 
registro de banco de sangue, notificações compulsórias. 
 
4) Quais são as atividades da vigilância epidemiológica? 
Coleta, processamento e análise de dados, recomendação e avaliação das medidas de controle, avaliação do próprio 
sistema de vigilância, organização do SINAN. 
 
5) O que se entende por compromissos internacionais? 
São acordos firmados entre os países membros da OMScom o intuito de alcançar metas de eliminação ou irradicação de 
algumas doenças. 
 
6) Quando se realiza investigação epidemiológica? 
Imediatamente após a notificação de uma confirmação ou suspeita de uma doença ou agravo.

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