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Epidemiologia e Saúde Pública Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Sérgio Ricardo Boff Revisão Textual: Profa. Ms. Gizela Faleiros Vigilância Epidemiológica, Notificação Compulsória, Registro de Doenças, CID-10 • Vigilância Epidemiológica • Aspectos Epidemiológicos das Doenças Transmissíveis • Doenças Transmissíveis de Notificação Compulsória • Aspectos Epidemiológicos das Doenças e Agravos não Transmissíveis (DANT) • Programa Nacional de Imunizações • Registros da Vigilância Epidemiológica • CID- 10 – Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde · Compreender o contexto histórico no qual surgiu a vigilância epidemiológica no Brasil. · Conhecer alguns dos principais conceitos, as fontes de dados e in- formações que são necessários para o estabelecimento da Vigilân- cia Epidemiológica. · Reconhecer as principais doenças e agravos passíveis de vigilância, bem como os principais registros que devem ser realizados em sistemas de informação de saúde competente. · Refletir sobre a importância das imunizações no controle epidemio- lógico de algumas doenças transmissíveis. · Conhecer a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde e aprender a utilizar os códigos de maneira correta. OBJETIVO DE APRENDIZADO Vigilância Epidemiológica, Notifi cação Compulsória, Registro de Doenças, CID-10 Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo. No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Vigilância Epidemiológica, Notificação Compulsória, Registro de Doenças, CID-10 Vigilância Epidemiológica Para definir Vigilância Epidemiológica é preciso entender antes sobre a Vigilância em Saúde que foi definida em 1973, por Alexander Langmuir, como: “observação contínua da distribuição e tendências da incidência de doenças mediante coleta sistemática, consolidação e avaliação de informes de morbidade e mortalidade, assim como de outros dados relevantes, e a regular disseminação dessas informações a todos os que necessitam conhecê-la”. Portanto, a vigilância em saúde está relacionada com atenção, promoção da saúde e prevenção de doenças e está distribuída em elementos: epidemiológica, sanitária, ambiental e saúde do trabalhador. Tem por objetivo observar e analisar constantemente a saúde da população, bem como promover ações para controlar risco e danos à saúde da população, garantindo um dos princípios do SUS que é o de integralidade. Vigilância em Saúde Vigilância da Saúde do Trabalhador Vigilância do Meio Ambiente Vigilância Epidemiológica Vigilância Sanitária Destaque será dado a Vigilância epidemiológica, que é conceituada pela Lei Orgânica da Saúde 8080/90 como: “Conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos. https://goo.gl/KsNKKe 8 9 Histórico A Vigilância Epidemiológica tem como antecedentes remotos os cuidados com a circulação de pessoas nos portos, exemplos desses cuidados foram a quarentena que os escravos eram submetidos antes de entrarem no país; a vacinação antivariólica obrigatória, por um decreto do Imperador em 1846 e, no início do século XX, também foi notado um isolamento de portadores da febre amarela, na tentativa de controlar a epidemia. As intervenções limitavam-se à grandes campanhas sanitárias com vistas ao controle de doenças que comprometiam a atividade econômica, como a febre amarela, malária e varíola; cessado o risco a estrutura da vigilância epidemiológica era desativada. Apenas na década de 60 que a expressão Vigilância Epidemiológica ganhou força com a campanha de erradicação da varíola, que foi considerada o marco da institucionalização das ações de vigilância no país, contribuindo para organização do sistema de notificação e investigação de casos suspeitos da doença, em todo o território nacional. Em 1969, no Brasil já existia um sistema de notificação semanal de doenças selecionadas e as informações eram divulgadas em um boletim epidemiológico de circulação quinzenal, essa campanha de erradicação da varíola (CEV) culminou com a erradicação da doença no mundo em 1977. Nesse cenário foi realizado em 1968, a 21ª Assembleia Mundial de Saúde que teve como tema central a Vigilância Epidemiológica, onde foram abordados além das doenças transmissíveis outros problemas de saúde como: riscos ambientas, doenças relacionadas ao trabalho, acidentes dentre outros. Estava surgindo as primeiras ideias de: Semana Epidemiológica Doenças de Notifi cação Compulsória Disseminação de informação Ex pl or E nesse mesmo ano, a Fundação SESP criou o Centro de Investigações Epidemiológicas (CIE), considerado o primeiro órgão federal na área de epidemiologia, na sequência em 1975, por recomendação da 5ª Conferência Nacional de Saúde, foi instituído o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE), por meio de legislação específica (Lei nº 6.259/75 e Decreto nº 78.231/76). E, em 1977, foi disponibilizado pelo Ministério da Saúde o primeiro Manual de Vigilância Epidemiológica. Em 1990, pela lei 8080, o Sistema Único de Saúde (SUS) incorpora o SNVE e amplia o conceito das ações de vigilância epidemiológica levando em consideração a descentralização de responsabilidades e integralidade das ações, com o objetivo principal de estabelecer sistemas de informações e análises que culminem com a prevenção e controle das doenças. 9 UNIDADE Vigilância Epidemiológica, Notificação Compulsória, Registro de Doenças, CID-10 Um grande avanço aconteceu em 1999, quando o governo federal criou a Programação Pactuada Integrada – Epidemiologia e Controle de Doenças (PPI- ECD), o que possibilitou o financiamento da vigilância epidemiológica, com repasse direto aos fundos municipais e estaduais de saúde. Em 2003, as atividades da Vigilância Epidemiológica e de controle de doenças passam a ser responsabilidade Secretaria de Vigilância da Saúde (SVS) e não mais da FUNASA, objetivando instituir medidas capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde. Na atualidade, há umprojeto Vigilância em Saúde no Sistema Único de Saúde (VIGISUS) onde deve ser priorizado as pessoas e os território e não mais as doenças, agrupando a Vigilância Epidemiológica, a Vigilância Ambiental e a Vigilância Sanitária, denominado como Vigilância em Saúde. Presentemente, o panorama é de mudanças no perfil epidemiológico da população, nota-se um declínio das taxas de mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias e crescente aumento das mortes por doenças crônico-degenerativas, violência, acidentes de trânsito, o que tem sido motivo de constantes discussões tanto pelo Ministério da Saúde como pelas secretarias estaduais e municipais a incorporação desses itens à vigilância epidemiológica. Importante! A Vigilância Epidemiológica acompanha as ocorrências de doenças e suas causas, tanto na coletividade humana quanto na animal com objetivo de prevenir sua disseminação. Trocando ideias... Funções A Vigilância Epidemiológica é responsável por fornecer informação para que sejam analisadas e tenham como produto final ações de controle das doenças e dos agravos. Suas funções específicas são: · Coletar dados; · Processar os dados coletados; · Analisar e interpretar os dados processados; · Recomendar medidas de controle apropriadas; · Promover ações de controle indicadas; · Avaliar a eficácia e efetividade das medidas adotadas; · Divulgar as informações pertinentes. As coletas de dados devem ser realizadas em todos os níveis do sistema de saúde: municipal, estadual e federal, por profissionais de saúde que devem ser preparados permanentemente pela Vigilância Epidemiológica, pois serão responsáveis pela execução de ações de controle de doenças e agravos da população. 10 11 A SNVE preconiza o fortalecimento dos sistemas municipais de vigilância epidemiológica, para que seja possível enfatizar ações sobre os problemas de saúde da sua própria área de abrangência, porém é necessária uma harmonia entre todos os níveis de saúde para que seja possível uma compreensão do quadro epidemiológico estadual e nacional. Noti�cação à Vigilância Epidemiológica Nível Local Secretaria Municipal da Saúde Nível Estadual Secretária Estadual de Saúde Nível Nacional Secretaria de Vigilância em Saúde Ministério da Saúde Disseminação da Informação Diagnóstico Suspeito do Caso Investigação Epidemiológica Fluxograma do Sistema de Vigilância Fonte: Ministério da Saúde Dados e Informações A Vigilância Epidemiológica precisa de uma qualidade de informação, com coleta de dados fidedigna para que possa propiciar uma decisão que subsidie o planejamento, avaliação e aprimoramento das ações. Esse processo é conhecido como Informação para Ação. INF OR MA ÇÃ O D ECISÃ O AÇÃO Quanto maior o número de fontes geradoras de informação que sejam confiáveis, maior a possibilidade de acompanhamento das doenças ou agravos de uma população. Com as tecnologias de comunicação e informação eletrônicas 11 UNIDADE Vigilância Epidemiológica, Notificação Compulsória, Registro de Doenças, CID-10 cada vez mais disseminadas, a atualização passa a ter uma nova dinâmica o que possibilita uma rapidez na tomada de decisões e consequente agilidade na adoção de medidas de controle. A principal fonte de dados é a notificação compulsória de doenças, de onde se desencadeia o processo de informação-decisão-ação. Mas existem também outras fontes de dados, como: resultados de exames laboratoriais, declarações de óbitos, maternidades (nascidos vivos), hospitais e ambulatórios, investigações epidemiológicas, estudos epidemiológicos especiais, sistemas sentinela, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e, ainda, a imprensa e a população. Após serem tratados e estruturados, os dados transformados em informações irão desencadear as ações em vigilância epidemiológica. A Lei 10.083 de 23/09/98 que dispõe sobre o Código Sanitário do Estado de São Paulo define em seu artigo 64 a obrigatoriedade da notificação para: I – médicos que forem chamados para prestar cuidados ao doente, mesmo que não assumam a direção do tratamento; II – responsáveis por estabelecimentos de assistência à saúde e instituições médico-sociais de qualquer natureza; III – responsáveis por laboratórios que executem exames microbiológicos, sorológicos, anatomopatológicos ou radiológicos; IV – farmacêuticos, bioquímicos, veterinários, dentistas, enfermeiros, parteiras e pessoas que exerçam profissões afins; V – responsáveis por estabelecimentos prisionais, de ensino, creches, locais de trabalho ou habitações coletivas em que se encontre o doente; VI – responsáveis pelos serviços de verificação de óbito e institutos médico-legais e VII – responsáveis pelo automóvel, caminhão, ônibus, trem, avião, embarcação ou qualquer outro meio de transporte em que se encontre o doente. Pelo site da Secretária de Saúde do estado de São Paulo pode ser feita a notificação imediata por um dos seguintes meios de comunicação: - Telefone 0800-555466, com funcionamento em tempo integral; - E-mail: notifica@saude.sp.gov.br; ou pelos links, disponibilizados no endereço: https://goo.gl/n1eCzC Ex pl or Fonte de Dados Os parâmetros para a inclusão de doenças e agravos na lista de notificação compulsória devem obedecer aos seguintes critérios: · Magnitude – Dependente diretamente da incidência, prevalência, mortalidade, anos potenciais de vida perdidos. 12 13 · Potencial de disseminação – representa o quanto a doença é disseminada, seja por meio de vetores ou demais fontes de infecção, colocando sob risco a saúde coletiva. · Transcendência – representa as características que conferem relevância à doença ou agravo, como: severidade (medida pela letalidade, hospitalidade), relevância social (medo e indignação) e relevância econômica (perda de vida, custos previdenciários). · Vulnerabilidade – representa o quanto há de disponibilidade na prevenção e controle da doença, propiciando a atuação efetiva dos serviços de saúde sobre os indivíduos e coletividades. · Compromissos internacionais – relativos ao cumprimento de metas continentais ou mundiais, especificadas no Regulamento Sanitário Internacional (RSI), que visam à adoção de controle, eliminação ou erradicação de doenças previstas em acordos firmados pelo governo brasileiro com organismos internacionais. · Ocorrência de epidemias, surtos e agravos inusitados à saúde – são situações emergenciais em que se impõe a notificação imediata de todos os casos suspeitos, devem ser usados mecanismos próprios de notificação com base na apresentação clínica e epidemiológica do evento. Os dados e informações que alimentam o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica são os seguintes: Dados demográfi cos, ambientais e socioeconômicos · Os dados demográficos permitem quantificar grupos populacionais, como exemplo: número de habitantes, de nascimentos e de óbitos, situação do domicílio, escolaridade, ocupação, condições de saneamento, fatores climáticos, ecológicos, habitacionais e culturais. Dados de morbidade · São os mais utilizados em vigilância epidemiológica, por permitirem a detecção imediata ou precoce de problemas sanitários, permitem descrever os agravos, identificar suas causas, tendências e comportamento por meio de diversos atributos, como: idade; gênero; profissão; entre outros. Podem ser obtidos através do Sinan, do Sistema de Informação Hospitalar – SIH; Sistema de Informação da Atenção Básica – SIAB; inquéritos; e por levantamentos do Sistema de Vigilância Epidemiológica Dados de mortalidade · São de fundamental importância como indicadores da gravidade do fenômeno vigiado, podem ser advindos de declarações de óbitos, padronizadas e processadas nacionalmente. O Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) é a principal fonte desses dados. Dados de ações de controle de doenças e de serviços de saúde · Dados como o número de doses de vacinas aplicadas (Programa Nacional de Imunização -PNI), dados dedo Programa Nacional de Controle de Dengue – PNCD, como o percentual de residências visitadas e outros. Dados de laboratório · Confirmação diagnóstica obtida pelos laboratórios podem detectar doenças e agravos. Dados de uso de produtos biológicos, farmacológicos, químicos · As intoxicações exógena pelo uso de medicamentos, vacinas, soros, agrotóxicos complementam as informações de morbidade. Investigação Epidemiológica · Muitas vezes, é necessário recorrer às investigações epidemiológicas para obter dados adicionais. Esses estudos epidemiológicos podem ser coletados através de: inquérito epidemiológico, levantamento epidemiológico ou investigação epidemiológica. 13 UNIDADE Vigilância Epidemiológica, Notificação Compulsória, Registro de Doenças, CID-10 Imprensa e população · Informações vindas da comunidade e da imprensa devem ser levados em consideração pelos profissionais de saúde, pois, podem ser o primeiro alerta de uma epidemia. Sistemas sentinelas · Para intervir em determinados problemas de saúde utiliza-se muitas vezes, sistemas sentinelas de informações, que são capazes de monitorar indicadores-chave na população que sirvam de alerta precoce para o sistema de vigilância. Como por exemplo, o monitoramento de grupos-alvos, através de exames periódicos na prevenção de doenças Importante! Você sabia que é possível acessar um boletim epidemiológico pelo site do portal da saúde? Confira acessando: https://goo.gl/EtXYXp Você Sabia? Aspectos Epidemiológicos das Doenças Transmissíveis As doenças transmissíveis apesar de se encontrarem em declínio ainda são consideradas um problema de saúde pública e estão diretamente relacionadas com as taxas de morbidade. Nota-se que muitas das doenças transmissíveis foram erradicadas, como a varíola e a poliomielite, outras estão em acentuado declínio na busca pela sua erradicação, como o sarampo, os tétanos neonatais. Porém outras dessas doenças ainda são presentes em grande frequência e demandam criação de estratégias para sua interrupção. Segundo o Plano Nacional de Saúde 2016- 2019 as doenças transmissíveis em destaque são: Tuberculose Hanseníase Aids Sífilis Congênita Tétano acidental Tétano neonatal Rubéola congênita Doença meningo- cócica 1990 incidência de 51,7 casos por 100.000 habitantes 2005 incidência de 1,48 casos por 10.000 habitantes Estabilização de 20,5 casos para cada 100 mil habitantes. 2004 incidência inferior a 2 casos por 1.000 nascidos vivos 2001 579 casos 2001 39 casos 2001 108 casos 2001 4164 casos 2013 incidência de 35,4 casos por 100 mil habitantes 2014 incidência de 1,27 casos por 10.000 habitantes 2013 incidência de 4,7 casos por 1.000 nascidos vivos 2013 280 casos 2013 3 casos 2013 3 casos 2013 2109 casos 14 15 Um fato que merece destaque é que as sociedades modernas assistem a emergência de novas doenças transmissíveis e a reemergência de agravos que pareciam controlados. Sendo assim, é necessário que haja uma detecção o mais precoce possível para prevenir a propagação da doença para a população. Alguns exemplos também citados no Plano Nacional de Saúde 2016- 2019 são: · 2014 – elaboração de um documento em preparação a uma possível entrada de Chikungunya no Brasil. · 2015 – foi declarado Emergência em Saúde Pública Nacional e foi instalado o Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública devido a identificação de diversas ocorrências de microcefalias no Brasil. Em dezembro de 2015 foi divulgado o “Plano Nacional de Enfrentamento ao Aedes e suas Consequências”, organizado em três eixos: “Mobilização e Combate ao mosquito”, “Cuidado” e “Desenvolvimento Tecnológico, Educação e Pesquisa”. · A influenza teve um expressivo nível de vacinação em 2014. Foram administradas 35,6 milhões de doses da vacina contra influenza. De 2012 a 2014 foram distribuídos 3,49 milhões de tratamentos para a doença. Doenças Transmissíveis de Notifi cação Compulsória Comunicar uma ocorrência de determinada doença à autoridade de saúde competente. NOTIFICAÇÃO Todo o cidadão tem o dever de comunicar a ocorrência ou a suspeita de alguma doença que esteja na lista. COMPULSÓRIA Importante! É importante saber que: todo cidadão deve notifi car até mesmo a suspeita, não é necessário à certeza do agravo ou da doença, quem se responsabilizará em confi rmar a veracidade é a Vigilância Epidemiológica. Além disso, a notifi cação é sigilosa, o que tranquiliza o cidadão a dar informações. Importante! 15 UNIDADE Vigilância Epidemiológica, Notificação Compulsória, Registro de Doenças, CID-10 De acordo com o capítulo II, artigo 3O da Portaria No- 204, de 17 de Fevereiro de 2016, que define a Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território nacional: · A notificação compulsória é obrigatória para os médicos, outros profissionais de saúde ou responsáveis pelos serviços públicos e privados de saúde, que prestam assistência ao paciente, em conformidade com o art. 8º da Lei nº 6.259, de 30 de outubro de 1975. · A notificação compulsória será realizada diante da suspeita ou confirmação de doença ou agravo. · A comunicação de doença, agravo ou evento de saúde pública de notificação compulsória à autoridade de saúde competente também será realizada pelos responsáveis por estabelecimentos públicos ou privados educacionais, de cuidado coletivo, além de serviços de hemoterapia, unidades laboratoriais e instituições de pesquisa. · A comunicação de doença, agravo ou evento de saúde pública de notificação compulsória pode ser realizada à autoridade de saúde por qualquer cidadão que deles tenha conhecimento. · A notificação compulsória imediata deve ser realizada pelo profissional de saúde ou responsável pelo serviço assistencial que prestar o primeiro atendimento ao paciente, em até 24 (vinte e quatro) horas desse atendimento, pelo meio mais rápido disponível. · A autoridade de saúde que receber a notificação compulsória imediata deverá informá-la, em até 24 (vinte e quatro) horas desse recebimento, às demais esferas de gestão do SUS, o conhecimento de qualquer uma das doenças ou agravos constantes na lista. · A notificação compulsória semanal (em até 7 dias) será feita à Secretaria de Saúde do Município do local de atendimento do paciente com suspeita ou confirmação de doença ou agravo de notificação compulsória. · No Distrito Federal, a notificação será feita à Secretaria de Saúde do Distrito Federal. · A notificação compulsória, independente da forma como realizada, também será registrada em sistema de informação em saúde e seguirá o fluxo de compartilhamento entre as esferas de gestão do SUS estabelecido pela SVS/MS. 16 17 Notificação compulsória negativa (NCS) é uma comunicação semanal rea- lizada pelo responsável pelo estabelecimento em saúde, informando que na se- mana epidemiológica não foi identificada nenhuma doença ou agravo passível de notificação Será que no Brasil todas as enfermidades passíveis de notifi cação são realmente notifi cadas? Ou, há tanto uma falta de conhecimento dos profi ssionais de saúde sobre essas doenças de notifi cação compulsória, como também um descrédito do sistema de saúde? Ex pl or Acesse a Portaria No- 204, De 17 De Fevereiro De 2016, que defi ne a Lista Nacional de Notifi cação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território nacional: https://goo.gl/JG3Av9 E fi que de olho no site do governo, pois a portaria das doenças de notifi cação pode ser atualizada ou pode ser emitida uma nova. Ex pl or Aspectos Epidemiológicos das Doenças e Agravos não Transmissíveis (DANT) Nos dias de hoje as doenças e agravos não transmissíveis são considerados notáveis problemas de saúde pública, em contraste à diminuição das doenças infecciosas e parasitáriao quadro de mortes por doenças crônicas degenerativas é preocupante e deve ser incorporado às atividades da Vigilância Epidemiológica. Alguns fatores que podem ter favorecido o aumento dos agravos não transmis- síveis são: · Aumento na expectativa de vida, favorecendo doenças crônicas degenerati- vas como as cardiovasculares, câncer, diabetes e doenças respiratórias. · Aumento de pessoas com sobrepeso e obesidade. · Aumento da violência, acidentes e envenenamentos. Alguns programas específicos são utilizados na tentativa de minimizar os fatores de risco associados às doenças crônicas degenerativas, como: Programa de Controle do Tabagismo, Programa de Controle do Câncer e seus Fatores de Risco e o Programa de Avaliação e Vigilância do Câncer. Essa tabela abaixo, publicada no Plano Nacional de Saúde 2016- 2019, elenca algumas das doenças e agravos não transmissíveis: 17 UNIDADE Vigilância Epidemiológica, Notificação Compulsória, Registro de Doenças, CID-10 Taxas padronizadas de mortalidade prematura (30 a 70 anos) por DCNT (doenças do aparelho circulatório, câncer, diabetes e doenças respiratórias crônicas), corrigida por causa mal definida e sub-registro (x 100 mil habitantes) e variação percentual. Brasil, 2000 e 2013. Grupos de DCNT Total Variação 2000 2013 % 4 DCNT 499,86 359,46 -28,0 Doenças Cardiovasculares 265,03 170,07 -35,8 Neoplasias 147,95 131,9 -10,8 Doenças Respiratórias Crônicas 46,24 26,68 -42,3 Diabetes Melitus 40,64 30,75 -24,3 Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) Programa Nacional de Imunizações Programa Nacional de Imunizações (PNI) foi instituído em 1973, após o êxito obtido pela campanha de erradicação da varíola, anteriormente a essa data as ações de imunizações eram descontínuas e de reduzida área de cobertura. Em 1975 esse PNI foi institucionalizado e passou a coordenar as imunizações do país, que é considerado um dos melhores programas de saúde do mundo, além de ter a universalidade garantida pelo SUS. Sua função é de distribuir vacinas e aprimorar os processos de controle de qualidade e produção de vacinas pelos laboratórios públicos nacionais. A Portaria nº 1602, de 17 de julho de 2006, instituiu em todo o território nacional os calendários de vacinação da criança, do adolescente, do adulto e do idoso. Algumas das doenças como Difteria, Coqueluche e Tétano acidental, Hepatite B, Meningites, Febre Amarela, formas graves da Tuberculose, Rubéola e Caxumba, a manutenção da erradicação da Poliomielite e a tentativa de erradicar o sarampo e o tétano neonatal são englobadas pela PNI. É possível visualizar o calendário de vacinação atualizado no site: https://goo.gl/KuKC5F Ex pl or O Ministério da Saúde disponibiliza aos usuários de smartphones e tablets um apli- cativo gratuito chamado: VACINA EM DIA, que é capaz de gerenciar cadernetas de vaci- nação cadastradas pelo usuário, além de abrigar informações completas sobre as vacinas disponibilizadas pelo SUS e uma função com lembretes sobre as campanhas sazonais de vacinação. Ex pl or 18 19 Registros da Vigilância Epidemiológica Os principais sistemas de registros ou sistemas de informação da Vigilância epidemiológica estão representados no diagrama abaixo: Estatística Vital Imunizações Doenças Transmissíveis e Agravos de Noti�cação SI-PNI - Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações PNI/API/EDI SINAN SININTOX Intoxicações SIM/ SINASC SI-PNI - Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações Formado por um conjunto de sistemas dentre eles: Avaliação do Programa de Imunizações – API, Estoque e Distribuição de Imunobiológicos – EDI, Eventos Adversos Pós-vacinação – EAPV. http://pni.datasus.gov.br/ Ex pl or SINAN Sistemas de informação de agravos de notificação que são alimentados, principalmente, pela notificação e investigação de casos de doenças e agravos que constam da lista nacional de doenças de notificação compulsória (PORTARIA Nº 204, DE 17 DE FEVEREIRO DE 2016), mas os estados e municípios podem incluir outros problemas de saúde importantes em sua região. Sua utilização efetiva permite a realização do diagnóstico dinâmico da ocorrência de um evento na população, podendo fornecer subsídios para explicações causais dos agravos de notificação compulsória, além de vir a indicar riscos aos quais as pessoas estão sujeitas, contribuindo assim, para a identificação da realidade epidemiológica de determinada área geográfica. http://portalsinan.saude.gov.br/ Ex pl or SININTOX O Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox) tem como principal atribuição coordenar a coleta, a compilação, a análise e a divulgação dos casos de intoxicação e envenenamento notificados no país. Os resultados do trabalho são divulgados anualmente. 19 UNIDADE Vigilância Epidemiológica, Notificação Compulsória, Registro de Doenças, CID-10 http://sinitox.icict.fiocruz.br/ Ex pl or SIM/ SINASC O Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) e de Nascidos Vivos (SINASC) é um sistema informatizado de coleta, processamento e consolidação de dados quantitativos e qualitativos, referentes aos óbitos e nascimentos informados em todo território nacional. http://sim.saude.gov.br/default.asp e http://sinasc.saude.gov.br/default.asp Ex pl or CID- 10 – Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde A Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (também conhecida como Classificação Internacional de Doenças – CID 10) é publicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e visa padronizar a codificação de doenças e outros problemas relacionados à saúde. A CID 10 é a décima revisão da Classificação Internacional de doenças, que se iniciou em 1893 e fornece códigos relativos à classificação de doenças e de uma grande variedade de sinais, sintomas, aspectos anormais, queixas, circunstâncias sociais e causas externas para ferimentos ou doenças. As afecções são agrupadas de forma a torná-las mais adequada aos objetivos de estudos epidemiológicos gerais e para a avaliação de assistência à saúde. Apresenta-se em três volumes, porém o de maior interesse para a utilização dos códigos é o volume 1, que está disponível eletronicamente, no site: https://goo.gl/Nk88c8 onde deverá ser escolhido o formato mais adequado para o equipamento utilizado antes de fazer o download. Ex pl or Importante! Você sabia que não há nenhuma obrigatoriedade para colocar o CID nos atestados médicos a não ser em condições: de justa causa, exercício de dever legal ou solicitação do próprio paciente ou de seu representante legal. A resolução 1.819/2007 do Conselho Federal de Medicina veda a colocação do CID em atestados em certas situações, especialmente quando a doença puder vir a ser alvo de qualquer espécie de preconceito. Você Sabia? 20 21 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Reportagem: Conheça o trabalho do Centro de Vigilância em Saúde, que em 2016 completa 10 anos https://youtu.be/HpthwEQfJ50 Vídeo: Conceitos e Ferramentas da Epidemiologia - Sistema de Informações em Saúde (SIS) https://youtu.be/nACSaI4fEK4 Leitura Mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis no Brasil e suas regiões, 2000 a 2011 https://goo.gl/D3a1YC Guia de Vigilância em saúde, atualizado em 2016 https://goo.gl/kgNCqQ Guia de Vigilância Epidemiológica, atualizado em 2012 https://goo.gl/R20Osv Reportagem:Vigilância epidemiológica: a perspectiva de quem é responsável https://goo.gl/gnQ3WE 21 UNIDADE Vigilância Epidemiológica, Notificação Compulsória, Registro de Doenças, CID-10 Referências BRASIL. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 de set. 1990. ______. Lei n. 6.259, de 30 deoutubro de 1975. Dispõe sobre a organização das ações de vigilância epidemiológica, sobre o Programa Nacional de Imunização e estabelece normas relativas à notificação compulsória de doenças e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 31 out. 1975. ______. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Guia de vigilância epidemiológica. 1o ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2012. ______. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Diretoria de Apoio à Gestão em Vigilância em Saúde. Manual de gestão da vigilância em saúde. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2009. 80 p. (Série A. Normas e Manuais Técnicos) ______. Portaria n. 204, de 17 de fevereiro de 2016. Define a Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território nacional, nos termos do anexo, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, n. 32, Seção 1, p. 23 de 18 fev. 2016. Disponível em: <http://www.ebserh. gov.br/ documents/222346/1207905/ portaria20417fevereiro2016+DNC.pdf/8873ac5f-8e2c-42d9-bcfb-d78a2376aed6>. ______. Ministério da Saúde. Plano Nacional de Saúde 2016-2019. Brasília: MS, 2016. Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/ultimas_noticias/2016/ docs/ PlanoNacionalSaude_2016_2019.pdf>. ______. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. Guia de Vigilância em Saúde. 1 ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2016. Disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/ images/pdf/2016/setembro/22/GVS-online. pdf>. Acesso em: 20 fev. 2016. ECKERDT, N. da S.; PRÉVE, A. D.; SABINO, M. 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