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Parecer Jurídico À Sra. Ludmilla Vasconcelos Montserrat. DIREITO CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA. GUARDA UNILATERAL. ARTIGOS 1.364, 1.584, I, II, E 1.589 DO CÓDIGO CIVIL. CONCESSÃO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA. DEVER CIVIL-CONSTITUCIONAL. ARTIGO 229, DA CF/88, E 1.703 E SS. DO CÓDIGO CIVIL. POSSIBILIDADE-NECESSIDADE-RAZOABILIDADE DE SUA CONCESSÃO. GUARDA UNILATERAL, VIA MAIS ADEQUADA. Trata-se de consulta formulada por Ludmilla Vasconcelos Montserrat, divorciada, secretária, com renda mensal de R$954,00 (novecentos e cinquenta reais), acerca da necessidade do recebimento de pensão alimentícia; aduz ser ter sido casada com Leonardo Vitoriano Valverde, atualmente casado, servidor público, com renda mensal de R$ 5.000,00 (cinco mil reais); que da relação tiveram dois filhos; Maria Montserrat Valverde, 8 anos de idade, e Pedro Montserrat Valverde, 10 anos de idade; que após a dissolução do casamento, mudou-se para casa dos pais, e, até o momento não recebeu nenhum suporte financeiro do ex-cônjuge para os cuidados necessários com os filhos; que durante a união, os filhos mantinham plano de saúde, escola particular (bolsistas); benefícios esses que a mãe relata tentar manter, com muita dificuldade, ante o problema de saúde de seu filho mais velho, Pedro, que sofre de alergia alimentar, tendo necessidade de medicamentos e suplementos alimentares fora do alcance, uma vez que percebe um salário mínimo; que o pai mal vê os filhos, ou procura saber de como estão de um modo geral, ocorrendo somente mediante muita insistência por parte dela; pleiteia guarda unilateral bem como pensão alimentícia. É o relatório. Passo a opinar A requerente, ora mãe, com a dissolução do casamento, se viu obrigada a voltar a casa de seus pais, percebe uma renda de um salário mínimo, que utiliza para contribuição da subsistência da família, e ainda, tenta manter o básico a que seus filhos desfrutavam, tendo em vista a vida que levavam durante a relação conjugal. Que seus filhos, possuem plano de saúde, mais por conta da necessidade e dificuldade em conseguir atendimento para crianças na rede pública, ainda mais, no caso de seu filho mais velho, que faz acompanhamento para alergia alimentar, tendo uma alimentação restrita, a base de suplementos. Da mesma, forma, já estavam matriculados em rede conveniada de ensino, e tenta mantê-los dessa forma, ante a dificuldade em acessar o ensino público com a qualidade e comodidade que faz necessário. Fora outras necessidades discriminadas em tabela, conforme anexo I. Dentro desse quadro fático insta salientar que é um dever Constitucional dos pais em assistir seus filhos, artigo 229, da CF/88, vejamos: “Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.”; E de forma escalonada preza o Código Civil em seu artigo 1.703, quando da separação, o farão na proporção de seus recursos, vejamos: “Para a manutenção dos filhos, os cônjuges separados judicialmente contribuirão na proporção de seus recursos.” Destarte, o rompimento da relação entre os pais, não justifica o desleixo para com os filhos, ou que, as obrigações pairem em cima de apenas um dos genitores. Tendo em vista que a mãe sozinha, não consegue manter a vida que tinha em seu status quo, ou seja, antes da ruptura do casamento, e, ainda, sendo um dos filhos com uma situação de saúde merecedora de maior atenção. Necessário é que o Estado determine o cumprimento do pagamento de pensão alimentícia, dentro do trinômio (necessidade / possibilidade / razoabilidade), por parte do pai. Vejamos o entendimento consoante a jurisprudência: EMENTA: “AÇÃO DE ALIMENTOS. FIXAÇÃO PROVISÓRIA. ADEQUAÇÃO DO QUANTUM. PEDIDO DE REDUÇÃO. DESCABIMENTO. 1. Cabe a ambos genitores o encargo de prover o sustento do filho menor, devendo cada qual concorrer na medida da sua disponibilidade. 2. Não havendo nos autos elementos acerca dos ganhos efetivos do alimentante e considerando que o menor possui necessidades alimentares especiais, mostra-se razoável a verba alimentar fixada provisoriamente, pois atende ao binômio possibilidade e necessidade, sendo que os pais devem assegurar aos filhos condições de vida assemelhadas àquelas que desfrutam. 4. Sendo provisória a fixação, o valor poderá ser revisto a qualquer tempo, bastando que venham aos autos elementos de prova que justifiquem a revisão. Recurso desprovido.” (TJ-RS - Agravo de Instrumento : AI 70076010081 RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Data de Julgamento: 25/04/2018, Sétima Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 27/04/2018). EMENTA: “APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE ALIMENTOS AJUIZADA PELO ALIMENTANTE. PLEITO PELA MINORAÇÃO DA PENSÃO ESTABELECIDA NO PATAMAR DE 1 (UM) SALÁRIO MÍNIMO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA POR NÃO TER SIDO DADA OPORTUNIDADE AO AUTOR DE SE MANIFESTAR SOBRE OS FATOS E DOCUMENTOS DA CONTESTAÇÃO. INSUBSISTÊNCIA. MAGISTRADO QUE OPORTUNIZOU, EM AUDIÊNCIA, A RÉPLICA JUNTAMENTE COM AS ALEGAÇÕES FINAIS, POR MEMORIAIS. INEXISTÊNCIA DE PREJUÍZO. CIÊNCIA SOBRE TODO O PROCESSADO, SOBRE O QUAL HOUVE MANIFESTAÇÃO. PREFACIAL AFASTADA. PRELIMINAR DE ERROR IN PROCEDENDO. MAGISTRADA QUE SE UTILIZOU DO PARECER MINISTERIAL COMO RAZÃO DE DECIDIR. INSUBSISTÊNCIA. ENTENDIMENTO DO STJ NO MESMO SENTIDO. ALEGADA HIPÓTESE DE VIOLAÇÃO AO ARTIGO 10, DO CPC. INOCORRÊNCIA. MINISTÉRIO PÚBLICO QUE EXERCE FUNÇÃO DE FISCAL DA ORDEM JURÍDICA, RAZÃO POR QUE DEVE MANIFESTAR-SE APÓS AS PARTES, SENDO INTIMADO DE TODOS OS ATOS DO PROCESSO. EXEGESE DO ARTIGO 179, DO CPC. PREFACIAL IGUALMENTE AFASTADA. MÉRITO. INSURGÊNCIA QUANTO AO QUANTUM ALIMENTAR. PLEITO PELA REFORMA DO JULGADO AO ARGUMENTO DE MODIFICAÇÃO NA CAPACIDADE FINANCEIRA DO ALIMENTANTE, INVIABILIZANDO O CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR NO IMPORTE AJUSTADO. INSUBSISTÊNCIA. OBSERVÂNCIA DO BINÔMIO NECESSIDADE/POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO HÁBIL A DEMONSTRAR A ALEGADA ALTERAÇÃO DA CAPACIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA DO GENITOR. ALEGAÇÃO DE IMPOSSIBILIDADE DE PAGAMENTO DA PENSÃO ALIMENTÍCIA NÃO COMPROVADA. ÔNUS QUE INCUMBIA AO ALIMENTANTE. EXEGESE DO ARTIGO 333, I, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. ALEGAÇÃO DO AUTOR DE SUPOSTO PROCESSO DE SEPARAÇÃO DE SUA ATUAL COMPANHEIRA, COM A QUAL TEM OUTRO FILHO. SITUAÇÃO QUE, POR SI SÓ, NÃO AFASTA OU DIMINUI A OBRIGAÇÃO DE COLABORAÇÃO NO SUSTENTO DO FILHO/REQUERIDO. NECESSIDADE FLAGRANTE DO FILHO EM RECEBER A VERBA ALIMENTAR NA PROPORÇÃO ANTERIORMENTE ACORDADA. PORTADOR DE DOENÇA CELÍACA (CID K90.0) E DE ALERGIA AO LÁTEX. CUIDADOS ESPECÍFICOS QUANTO À ALIMENTAÇÃO E SEU RESPECTIVO PREPARO, BEM COMO QUANTO À MINISTRAÇÃO DE MEDICAÇÕES. FARTO ELEMENTO PROBATÓRIO (grifo nosso). PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE. QUANTUM FIXADO QUE REPRESENTA O MÍNIMO PARA GARANTIR A DIGNIDADE DO FILHO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.” (TJ-SC - Apelação Cível : AC 0314240-80.2017.8.24.0033Itajaí 0314240-80.2017.8.24.0033, Relator: Denise Volpato, Data de Julgamento: 19/03/2019, Sexta Câmara de Direito Civil). Ainda que a preferência seja pela guarda compartilhada, como bem diz Maria Berenice (Manual de Direito das Famílias, 4 ed., 2016, pág. 855), a requerente pugna pela guarda unilateral de seus filhos, a ser decretado em consenso com seu ex-cônjuge, haja vista, que o mesmo já constituiu nova família, inclusive com nova filiação a caminho, e que o mesmo não vem exercendo seu poder familiar; caso seja discordado, deverá ser arbitrado em juízo, art. 1.584, I ou II, do Código Civil. Veja, que em momento algum, a intenção é cercear o exercício do poder familiar do pai sobre seus filhos, consoante, artigo 1.364, do Código Civil; devendo ser regulado em juízo, conforme ditames, artigo 1.589, do Código Civil. Ante o exposto, conclui-se ser um dever civil-constitucional, de ambos os pais, em prover as necessidades básicas de seus filhos, devendo cada um contribuir na proporção de seus recursos, dentro do princípio da razoabilidade. Deste modo, espera-se a determinação de pensão alimentícia, tendo o pai como alimentante, com não menos de 20% de sua renda, haja vista, o valor que aufere - possibilidade, ante a necessidade dos alimentados de manter uma vida digna, e condições especiais que merecem maior atenção (alergia alimentar), sendo razoável com os dispêndios que a progenitora já enfrenta, e a baixa que renda que esta possui. Além de manter de forma unilateral a guarda com a mãe, regulando o direito de visita e demais, como a via mais adequada ao caso. É o parecer. Aparecida de Goiânia, 19 de Maio de 2019 Gustavo dos Santos (DM5) OAB-GO n. XX.XXX Anexo I GASTOS MARIA PEDRO TOTAL PLANO DE SAÚDE R$ 50,00 R$ 50,00 R$ 100,00 MENS. ESCOLAR R$ 200,00 R$ 200,00 R$ 400,00 SUP. ALIMENTAR R$ 300,00 R$ 300,00 MEDICAMENTOS R$ 260,00 R$ 260,00 LAZER R$ 200,00 R$ 200,00 UBER R$ 120,00 R$ 120,00 TOTAL: R$ 1.380,00 *** Demais anexos… deverão conter extratos de gastos (compras, medicamentos, mensalidades escolares, plano de sáude, etc), receitas, relatórios médicos. OBS.: Todos os dados pessoais (nomes, sobrenomes, dn) aqui transcritos são ilustrativos, qualquer semelhança com quaisquer dados reais é mera coincidência.
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