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ANÁLISE BIOMECÂNICA DA MARCHA Marcha • Os movimentos mais comuns do dia a dia dos sujeitos que vivem no meio terrestre são os da locomoção, particularmente a marcha e a corrida. • Por serem tão comuns e por permitirem o deslocamento do homem em seu hábitat, o conhecimento sobre a forma de execução para otimizar seu uso é de grande importância para a Biomecânica, a fim de torná-los cada vez mais eficientes e econômicos, ou seja, tecnicamente perfeitos. Marcha • A descrição das fases dos movimentos da locomoção é o primeiro passo para conhecer sua forma de execução, que se dá pelo uso da cinemetria. • A marcha humana é caracterizada por um ciclo determinado por três fases: apoio, balanço e duplo apoio. Marcha • A fase de apoio tem início quando o calcanhar toca o solo. Em seguida, toda a região do pé é apoiada no solo, realizando o chamado aplainamento do pé • Com o apoio completo da região plantar, o peso corporal é transferido para o antepé com a aceleração da perna para frente, caracterizando o apoio médio da fase de apoio • Após a transferência de peso do calcanhar para o antepé, o calcanhar é retirado do solo. Então, sobre os dedos dos pés, o sujeito faz uma força contra o solo para propulsionar o corpo para frente. Com isso, os dedos perdem o contato com o solo e a fase de apoio do ciclo da marcha é finalizada Marcha • A continuidade do ciclo da marcha ocorre com a fase de balanço da mesma perna que acaba de finalizar a fase de apoio. • Essa perna, que perdeu contato com o solo, é inicialmente acelerada para cima e para frente para transpor a perna contralateral (perna oposta que está em fase de apoio), realizando a fase de aceleração • Em seguida, ela desacelera e abaixa para se preparar para iniciar uma nova fase de apoio, em um novo ciclo da marcha, com o contato inicial do calcanhar no solo, conforme a figura a seguir Marcha • Normalmente, para completar um ciclo da marcha, um sujeito normal fica 60% do tempo em fase de apoio e 40% do tempo em fase de balanço para cada pé. O conhecimento sobre esses valores normativos é de fundamental importância para verificar assimetrias na marcha. Marcha • Existe um momento na marcha em que um pé está finalizando a fase de apoio sobre os dedos no mesmo instante em que o outro pé está iniciando a fase de apoio sobre o calcanhar ou seja, os dois pés estão em contato com o solo, característica de contato que determina a fase de duplo apoio da marcha. Marcha • Além da caracterização das fases da marcha, é importante descrever e conhecer a importância dos parâmetros espaciais do ciclo da marcha, do comprimento do passo e do comprimento da passada • O comprimento do passo é medido do apoio do calcanhar no solo até o momento de retirada dos dedos do solo, portanto, determina a distância percorrida pelo sujeito na fase de apoio do ciclo da marcha • Já o comprimento da passada é medido do apoio do calcanhar no solo de um dos pés até um novo apoio do calcanhar no solo do mesmo pé, ou seja, compreende o valor de deslocamento horizontal de um ciclo completo do movimento da marcha. Marcha Marcha • Considerando os valores espaciais normativos de um adulto normal, o comprimento do passo varia de 35 a 41 cm e o comprimento da passada, de 70 a 82 cm. • Essa faixa de valores para cada variável é dependente do comprimento da perna, portanto, sujeitos mais altos tendem a ter comprimentos de passo e passada maiores do que os sujeitos mais baixos • A mensuração da distância percorrida no movimento da marcha é de grande importância para verificar a eficiência do movimento • Caso o sujeito realize passos curtos, precisará de uma frequência de passos maior para se deslocar em uma determinada distância. Marcha • Usar a estratégia de aumentar o número de passos, em vez de aumentar o comprimento do passo, faz com que o sujeito precise ativar mais vezes a musculatura responsável pela marcha para alcançar a distância de interesse. Portanto, com essa estratégia, o gasto energético será maior, e o movimento torna-se menos eficiente. Marcha • Casos de ineficiência do movimento são verificados em sujeitos com patologias, como a paralisia cerebral. • Essa doença neurológica compromete os movimentos do corpo, podendo afetá-lo de diferentes formas. • A hemiplegia ocorre quando um dos lados do corpo, membros inferiores e superiores do lado esquerdo ou membros inferiores e superiores do lado direito, tem sua movimentação comprometida. A diplegia é caracterizada pela paralização ou dos dois braços ou das duas pernas. E a tetraplegia se dá pela paralisia dos quatro segmentos corporais, braços e pernas. Marcha • A postura corporal na marcha de um sujeito com diplegia muda, os membros inferiores ficam com as articulações do quadril e joelho mais flexionadas, enquanto o tornozelo permanece o tempo todo estendido e em rotação. Esse posicionamento ocorre pelo fato de a doença afetar o tônus muscular, deixando-o mais rígido. Tal rigidez altera o comprimento do passo e da passada desses sujeitos, deixando-os mais curtos. • Como já discutimos, a redução no tamanho do passo e da passada no movimento da marcha torna-o menos eficiente. Para sujeitos com paralisia cerebral isso é ainda mais custoso para o aparelho locomotor, porque com a rigidez muscular imposta pela doença, a passada, além de curta, terá pouca energia elástica armazenada pelo músculo para ajudar na propulsão do movimento. Isso tornará o movimento da marcha do portador de paralisia cerebral menos eficiente. Marcha • Os movimentos das articulações do tornozelo, joelho e quadril no ciclo da marcha também são passíveis de mensuração e caracterização após sua filmagem. • A curva inferior do gráfico representa os movimentos de flexão e extensão do tornozelo; a curva do meio, os movimentos de flexão e extensão do joelho; e a curva superior, os movimentos de flexão e extensão do quadril. Marcha • No início da fase de apoio, quando o calcanhar toca o solo, a articulação do tornozelo estende. Esse movimento permitirá o aplainamento do pé no solo e ocorre em até aproximadamente 8% do ciclo da marcha • Após esse período, o tornozelo flexiona e amplia o movimento até os 45% do ciclo, o que permitirá a transposição da perna por cima do pé de apoio, garantindo a transferência do peso corporal do calcanhar para o antepé. • Com o peso corporal concentrado no antepé, aos 46% do ciclo, o calcanhar é removido do solo com uma extensão de tornozelo, que fica cada vez mais ampla até a retirada dos dedos do chão aos 60% do ciclo da marcha • Essa última ação articular finaliza a fase de apoio da marcha Marcha • Na fase de balanço, o tornozelo flexiona e mantem-se assim para garantir a postura do pé. Se esse movimento não ocorrer, o pé ficará solto e poderá bater no chão, comprometendo a ação motora com um tropeço • Aos 90% do ciclo da marcha, o tornozelo volta a estender para preparar o pé para um novo apoio. • O movimento de extensão iniciado no final da fase de balanço continua no início da fase de apoio, caracterizando a continuidade de um movimento cíclico como é o da marcha Marcha • A importância da flexão do joelho no início da marcha relaciona-se com o controle de impacto no movimento. • Se o joelho estivesse estendido nesse instante, a carga externa suportada pelo corpo seria maior, por não haver um amortecimento adequado gerado pelo movimento de flexão do joelho. Então, essa é a primeira função importante a ser considerada nessa articulação. Marcha • A articulação do quadril executa dois movimentos amplos, de extensão e de flexão, no ciclo na marcha. Um pouco antes do início do apoio (aos 88% do ciclo da marcha), a perna que está em fase de balanço deverá acelerar para baixo, dessa forma, omovimento de extensão de quadril será necessário. • Após o contato do pé com o solo, no início da fase de apoio, esse movimento de extensão de quadril continua e tem sua amplitude aumentada até os 54% do ciclo da marcha, a fim de garantir a transferência de peso do calcanhar para o antepé, auxiliando na propulsão do movimento. • Com a flexão da articulação do joelho e a retirada do calcanhar do solo, a coxa para de se deslocar para trás e começa a se deslocar para frente, promovendo a flexão da articulação do quadril. Com a flexão do quadril, a marcha transita da fase de apoio para a fase de balanço, e aos 88% do ciclo o quadril volta a estender para um novo apoio. Marcha Marcha
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