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LETRAS
JUCIMARA PEREIRA DE MELO
 A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E O ENSINO DE LÍNGUA
ROSARIO DO IVAI
2015
JUCIMARA PEREIRA DE MELO
 A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Trabalho apresentado ao curso de Ciências Contábeis da Unopar - Universidade Norte do Paraná, para as disciplinas – Contabilidade empresarial e trabalhista, matemática financeira, metodologia cientifica e noções de direito.
 Prof. Equipe de Professores do setimo Semestre.
2015
INTRODUÇÃO
A escola é a instituição responsável por promover o contato dos alunos com os livros didáticos e contribui para a educação dos mesmos, sendo que o professor é o responsável pela seleção do livro didático e dos textos trabalhados em sala de aula. Sendo assim, esta pesquisa procurou investigar a presença da variedade linguística na coleção “Português Linguagens”, de William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães (2009), como ela é vista e trabalhada na sala de aula pelos professores de 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental.
Pretende-se realizar um estudo mais aprofundado das variações linguísticas que compõem o livro didático, assim como a forma como estes são apresentados, além da preocupação dos organizadores no que diz respeito a este processo nos exercícios apresentados e nas atividades no decorrer das obras, como a leitura, análise, compreensão, interpretação do texto e atividades póstexto possam ser de grande relevância para a ação docente, tanto no momento da seleção do livro didático quanto o estudo.
Este trabalho monográfico está inserido na área da Sociolinguística e a Variação Linguística, porque será realizado um histórico sobre a junção da língua com a Sociolinguística e a contribuição que esse estudo teve para com a variedade linguística.
A linha de estudo será feita de acordo com Magda Soares (1986), Marcos Bagno (1961) e (1999), Martelotta (2008), Preti (1930), Braggio (1999), Bortoni-Ricardo (2004), Mussalim (2001), e o PCN do Ensino Fundamental (1998), são os principais teóricos utilizados no decorrer deste texto. Sendo a variedade linguística um processo de criação de palavras para termos específicos. Portanto, a variação social vai ser discutida dentro do livro didático, para saber como a variação é ensinada na sala de aula.
No texto será tratado os aspectos semânticos e fonológicos dentro da Sociolinguística e também levando em conta como a escrita e a fala são trabalhadas na sala, analisando se os livros didáticos abordam como devem as variações, enfatizando se a variação que pode ser explorada de acordo com alguns fatores, como: a faixa etária: palavras que variam ao longo das gerações; gênero: homens e mulheres falam de maneiras distintas; Status socioeconômico: desigualdade na distribuição de bens materiais e culturais, que refletem em diferenças sociolinguísticas; grau de escolarização: anos de escolarização e qualidade da escola que frequentou; Mercado de trabalho: atividade que um indivíduo desempenha; e a rede social: meio em que convive.
Assim o repertório linguístico de cada um é constituído pelo meio social em que o vive e interage. Dessa forma, a variação linguística é resultado das interações sociais. Sendo assim, a escrita do aluno é ensinada através da fala, pois o ser humano primeiro aprende a falar e depois a representar a fala através da escrita. No processo de ensino-aprendizagem deve-se levar em conta o PCN que foca a realidade social e a cultura, pois a Língua Portuguesa não se apresenta de forma uniforme e homogênea pelos seus falantes.
Portanto, os principais tópicos teóricos discutidos neste estudo são a importância da Sociolinguística para o ensino de variação linguística e como é abordado esse tema na coleção didática “Português Linguagens”.
Por fim, é pretendido contribuir com a análise dos métodos didáticos pedagógicos para que venham a cooperar com o ensino da variação linguística na sala de aula, a fim de enfatizar sua importância na aprendizagem dos alunos, fazendo com que o aluno se torne um membro crítico e consciente na comunidade em que vive, sem preconceitos com a linguagem.
O trabalho conterá dois capítulos, sendo que o primeiro abordará “A variação
linguística e o ensino de Língua Portuguesa”, sendo subdividido em “Conceito de variação linguística” e “ A contribuição da sociolinguística para o ensino variação”. Deste modo, no primeiro capítulo será abordada a importância da educação e da variação linguística, mostrando que a língua não é “perfeita” e sim que a mudança linguística é um estado natural e mostrando que ela é um dos muitos modos de falar uma mesma língua e como foram mencionados todos os diferentes jeitos de falar são relacionados com fatores sociais, estado de origem, idade, sexo, grupo social, nível de escolaridade, dentre outros.
Pretende-se por meio dessa pesquisa avaliar a contribuição da sociolinguística para o ensino, mostrando que é provável que o material que será analisado possa não responder aos objetivos esperados, pois o ensino de Língua Portuguesa não se baseia apenas no livro didático, mas que o professor tem a estar apto para a docência.
O segundo aborda a “Análise da abordagem da variação linguística em livros didáticos” e está subdividido em “O PCN e a variação linguística; Programa Nacional do livro didático e perfil da coleção analisada; Volume do 6º ano; Volume do 7º ano; Volume do 8º ano; Volume do 9º ano”. Nesta parte da monografia é apresentada de forma detalhada a presença das variações linguísticas na coleção didática “Português Linguagens”. Tendo como base o uso do livro como recurso didático no processo ensino-aprendizagem sabendo que isso não é uma prática nova.
Neste capítulo o objeto de estudo é o livro que é um recurso didático usado no processo de ensino-aprendizagem, sendo que essa prática de avaliação dos manuais didáticos iniciou no Brasil no ano de 1996 e só então em 2004 começou o processo de avaliação em que envolveu linguistas e educadores, ação esta que ampliou a política de avaliação linguística dos livros didáticos.
Assim, espera-se comprovar que o uso de um bom livro didático é muito importante na formação do aluno e que o mesmo deve ser usado por profissionais capazes.
É inegável a importância do ensino de variação linguística para a formação do indivíduo, pois sabe-se que a variedade está associada às questões da fala e da escrita. Nesse sentido, se faz necessário fazer algumas reflexões teóricas sobre o processo de variação que ocorre na língua, bem como verificar quais são os fatores que contribuem para a propagação do preconceito linguístico dentro e fora do espaço escolar.
Desse modo, é relevante ressaltar que as pessoas de determinada comunidade ou sociedade não falam da mesma forma, porque a língua vem assumindo um caráter heterogêneo e não homogêneo.
Ao contrário da norma-padrão, que é tradicionalmente concebida como um produto homogêneo, como um jogo de armar em que todas as peças se encaixam perfeitamente umas nas outras, sem faltar nenhuma, a língua, na concepção dos sócio linguístas, é intrinsecamente heterogênea, múltipla, variável, instável e está sempre em desconstrução e em reconstrução. Ao contrário de um produto pronto e acabado, de um monumento histórico feito de pedra e cimento, a língua é um processo, um fazer-se permanente e nunca concluído. A língua é uma atividade social, trabalho coletivo, empreendido por todos os seus falantes, cada vez que eles se põem a interagir por meio da fala ou da escrita (BAGNO, 1961, p. 36).
Assim, segundo Bagno (1961), apenas a norma-padrão é homogênea e se torna heterogênea, porque está sempre em construção, como as águas de um rio que nunca param de correr. Assumindo o caráter heterogêneo, a fala passa a sofrer variações, pois muitas vezes é perceptível ouvirdiferenças nas falas de pessoas de classe social diferente, de idade, sexo e etnia diferente. E “partindo da noção de heterogeneidade, a Sociolinguística afirma que toda língua é um feixe de variedades” (BAGNO, 1961, p. 47).
Dessa forma, pretende-se apresentar os fundamentos teóricos sobre variação linguística, a relação entre a linguagem e a sociedade, pois as mesmas encontram-se ligadas a questão da determinação do objeto de estudo da Linguística, a relação da linguagem e sociedade são marcadas pela relação entre língua e fala. Segundo Saussure (1969) a língua é um fato social, é um sistema convencional adquirido pelo falante no meio em que vive.
Seguindo esse pensamento, observa-se que o linguista aponta a linguagem como fator que permite ao indivíduo à construção da língua, ou seja, a língua passa a ser caracterizada como um produto social da faculdade da linguagem.
A variação linguística não é o problema, o problema é considerar “que a língua é perfeita” como afirma Bagno (1961, p. 37), desse modo é preciso refletir sobre como acontece o processo de variação linguística com as pessoas que não dominam a norma culta. Seguindo esse pressuposto o autor enfatiza que:
O verdadeiro problema é considerar que existe uma língua perfeita, correta, bem-acabada e fixada em bases sólidas, e que todas as inúmeras manifestações orais e escritas que se distanciem dessa língua ideal são como ervas daninhas que precisam ser arrancadas do jardim para que as flores continuem lindas e coloridas (BAGNO, 1961, p. 37).
E na verdade toda essa mudança linguística é um estado natural, já que os falantes de língua são heterogêneos, instáveis e sujeitos a mudanças e transformações, mas nem por isso a língua deixa de ser homogênea, pois mesmos os falantes desta língua aumentam essa variedade, formulando várias gírias, jargões e etc. Mesmo assim ela continua sendo homogênea.
Assim, não são as variedades linguísticas que constituem “desvios” ou “distorções” de uma língua homogênea e estável. Ao contrário: a construção de uma norma-padrão, de um modelo idealizado de língua, é que representa um controle dos processos inerentes de variação e mudança, um refreamento artificial das forças que levam a língua a variar e a mudar — exatamente como a construção de uma barragem, de uma represa, impede que as águas de um rio prossigam no caminho que vinham seguindo naturalmente nos últimos milhões de anos (BAGNO, 1961, p. 37).
Por isso, pondera-se a sociolinguística como disciplina científica que relaciona a heterogeneidade linguística devido à determinação dos fatores sociais, pois a língua e a sociedade estão interligadas, sendo que uma influencia a outra, pois segundo Bagno (1961) na Linguística existem dois pólos que são a variação linguística e a norma padrão, a variação linguística está sempre em transformação e a norma padrão da língua que é a “correta e conveniente”.
Nesse sentido, se faz necessário apresentar os aspectos estáticos e evolutivos da língua, sendo que a sincronia e a diacronia envolvem o estudo das pessoas que falam, a diacronia abrange duas vertentes a prospectiva e a retrospectiva, uma que segue o curso do tempo e a outra que faz o mesmo método, mas ao contrário. Outra diferença do estudo sincrônico e diacrônico é que o primeiro estuda fatos da mesma língua, sendo que a diacronia não pertence necessariamente à mesma língua.
A variação linguística, de acordo com Bagno (1961, p. 44) “não ocorre somente no modo de falar das diferentes comunidades, dos grupos sociais, quando a gente compara uns com os outros”. Deste modo, observa-se que a variação está presente no modo de falar do indivíduo conforme a circunstância de influência mútua, sendo que determinadas situações podem variar de acordo com a formalidade do evento, da tensão e pressão exercida sobre a pessoa por parte do ambiente e da insegurança de desempenhar a função comunicativa.
Os sociolinguístas enfatizam que não existe falante de estilo único: todo e qualquer indivíduo varia a sua maneira de falar, monitora mais ou menos o seu comportamento verbal, independentemente de seu grau de instrução, classe social, faixa etária etc (BAGNO, 1961, p. 45).
A variedade linguística é um dos muitos modos de falar uma mesma língua e como foram mencionados todos os diferentes jeitos de falar são relacionados com fatores sociais, estado de origem, idade, sexo, grupo social, nível de escolaridade, dentre outros.
Seguindo essa linha de pensamento, os Parâmetros Curriculares Nacionais concebem a linguagem como um processo de interlocução que só se realiza nas práticas sociais existentes nos diferentes grupos de uma sociedade, nos distintos momentos de uma história. A concepção de língua como um sistema de signos específicos, o histórico e social, que possibilita aos homens e mulheres significar o mundo e a sociedade, mesmo porque a variação linguística é parte inerente deste fenômeno.
A variação é constitutiva das línguas humanas, ocorrendo em todos os níveis. Ela sempre existiu e sempre existirá independente de qualquer ação normativa. Assim, quando se fala em “Língua Portuguesa” está se falando de uma unidade que os constitui de muitas variedades. Embora no Brasil haja relativa unidade linguística e apenas uma língua nacional, notam-se diferenças de pronúncia, de emprego de palavras, de morfologia e de construções sintáticas, as quais não somente identificam os falantes de comunidades linguísticas em diferentes regiões, como ainda se multiplicam em uma mesma comunidade de fala (BRASIL, 1998, p. 29).
Espera-se que os alunos da disciplina de Língua Portuguesa possam identificar as variações linguísticas, já que essas diferenças podem ser observadas de região para região, classe social, até mesmo uma única pessoa pode variar o modo de falar conforme a situação de interação comunicativa que se encontra.
Sendo então a língua materna indispensável, já que por sua vez, o PCN foi elaborado para nortear o ensino de Língua Portuguesa e o trabalho do professor, deixando claro em sua composição os objetivos gerais para o ensino, no qual o educando seja capaz de aprender e ter domínio da linguagem, como atividade discursiva e cognitiva.
Os conteúdos [...] da construção de instrumentos para análise do funcionamento da linguagem em situações de interlocução, na escrita, leitura e produção, privilegiando alguns aspectos linguísticos que possam ampliar a competência discursiva do sujeito. São estes: 1.Variações linguísticas:modalidades, variedades, registros [...] (BRASIL, 1998. p. 36).
Para isso, “o estudo da variação cumpre papel fundamental na formação da consciência linguística e no desenvolvimento da competência discursiva do aluno, devendo estar sistematicamente presente nas atividades de Língua Portuguesa” (BRASIL, 1998, p. 82).
O ensino de língua materna nas escolas é imprescindível para a formação linguística dos alunos, pois hoje se percebe a má formação dos educandos em relação ao processo de aquisição da linguagem, pois se sabe que a linguagem é o ato de comunicação entre uma sociedade e é nela que os indivíduos são identificados e diferenciados, indicando a naturalização, porque as diferenças existem, pois a linguagem é adquirida, mas apenas representam formas distintas.
Diante de tais concepções pretende-se verificar a contribuição dos estudos teóricos perante o ensino de variação linguística aplicada nas escolas públicas, bem como analisar os materiais pedagógicos que são usados pelos educadores durante as aulas de Língua Portuguesa, pontuando a relação entre a teoria e a prática.
Existem várias pesquisas na área da linguagem que tem como foco identificar, expor e avaliar fenômenos de variação linguística, pois a Língua Portuguesa usada no Brasil não é homogênea por ser composta de muitas variedades, como argumenta Leite na citação:
É através da linguagem que uma sociedade se comunica e retrata o conhecimento e entendimento de si própria e do mundo que a cerca. É na linguagem que se refletem a identificação e a diferenciação de cada comunidade e tambéma inserção do indivíduo em diferentes agrupamentos, extratos sociais, faixas etárias, gêneros, graus de escolaridade (2005, p. 7).
No Brasil, por exemplo, país de dimensões continentais, pode-se constatar diferenças
entre a língua usada em diferentes regiões, como afirma Leite (2005, p. 7) “nordestino, sulista
ou carioca” entre outros. Convém ressaltar que essas diferenças ocorrem com maior evidência
no plano fonético e no léxico, quase inexistindo no plano sintático. Pode-se observar que a
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variação linguística por muitas vezes pode ser sinônimo de preconceito, já que essa variação
ocorre em qualquer lugar, de idade para idade.
Como já foi dito a variação corre em vários níveis da língua, dentre estes níveis estão à
variação morfológica, sintática, semântica, lexical entre outras. Este fato se dá devido à
distribuição ocorrida nos estados já que houve uma mestiçagem, pois essa distribuição
populacional foi irregular, havendo brancos, negros e mestiços, sendo que na primeira metade
do século XVIII a língua predominante era a indígena.
A verdade é que a hegemonia da língua portuguesa não dependeu de fatores
linguísticos, mas sim históricos e só nos últimos dois séculos e meio ocorreu
uma normatização do português falado no Brasil em direção a um chamado
português “padrão”, que, apesar de intrinsecamente variado regional e
socialmente, passou a gozar de prestigio e a representar a “norma” para o
bem falar e o bem escrever (LEITE, 2005, p. 15).
Todo este embaralhado de culturas fez nascer toda essa variedade linguística, para
tanto a sociolinguística tem como estudo a língua e os fatores sociais que condicionam sua
produção e a qualidade linguística do Brasil, por isso é impossível negar a diversidade e as
características pluriculturais do país.
A linguagem também oferece pistas que permitem dizer se o locutor é
homem ou mulher, se é jovem ou idoso, se tem curso primário, universitário
ou se é iletrado. E por ser um parâmetro que permite classificar o indivíduo
de acordo com sua racionalidade e naturalidade, sua condição econômica ou
social e seu grau de instrução, é frequentemente usada para discriminar e
estigmatizar o falante (LEITE, 2005, p. 7).
Além do status socioeconômico existe ainda o grau de escolaridade, o mercado de
trabalho e a rede social. Pois, segundo Preti (1930, p. 2) “A língua funciona como um
elemento de interação entre o indivíduo e a sociedade em que ele atua”. Focalizando o tempo
e o espaço, diversos teóricos difundiram a sociolinguística aos mais diversos caminhos e cada
qual com suas opiniões, como por exemplo, Preti apud William Bright (1930) aponta que a
sociolinguística abordaria as relações entre língua/sociedade.
As variações linguísticas envolvem vários fatores extralinguísticos que influenciam a
maneira de falar, que envolvem as distinções geográficas, históricas, econômicas, políticas,
sociológicas, estéticas envolvendo falante/ouvinte/situação. Essas variações extralinguísticas
se baseiam em geográficas que envolvem as variações regionais, as sociológicas que
envolvem a idade, sexo, profissão, classe social e contextual que motiva a linguagem do
locutor por alcance do ouvinte com a conversa e o lugar.
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Todos esses fatores representam os atributos de um falante: sua idade, sexo,
seu status socioeconômico, nível de escolarização etc. Podemos dizer que
esses atributos são estruturais, isto é, fazem parte da própria individualidade
do falante. Há outros fatores que não são estruturais, mas sim funcionais.
Resultam da dinâmica das interações sociais. Podemos, então, dizer que a
variação linguística depende de fatores socioestruturais e de fatores
sociofuncionais. Mas não podemos nos esquecer de que aquilo que a gente é
influência aquilo que a gente faz. Então, na prática, os fatores estruturais se
inter-relacionam com os fatores funcionais na conformação dos repertórios
sociolingü.sticos dos falantes (BORTONI-RICARDO, 2004, p. 49).
Para Yonne Leite (2005) esses tipos de variações podem ocorrer também pelo sexo,
pela faixa etária e os gêneros masculinos e femininos têm divisão concludente de uma
construção histórica, cultural e social estando sempre em constantes estudos que mostram essa
diferença pelo fator da heterogeneidade linguística.
Deste modo, Preti (1930) revela a variedade linguística em dois amplos campos em
que as variedades geográficas envolvem as variedades sócio-culturais. Segundo o autor as
variedades geográficas “são responsáveis pelos chamados regionalismos, provenientes de
dialetos ou falares locais” (1930, p.18). Neste seguimento existe uma oposição fundamental
que são a linguagem urbana e a rural, podendo ainda ocorrer outros tipos de variação. Já no
seguimento as variedades sócio-culturais “é a linguagem de uma comunidade específica
(urbana ou rural). As variações sócio-culturais podem ser influenciadas por fatores ligados
diretamente ao falante ou à situação” (PRETI, 1930, p. 19 e 20).
De acordo com o autor essa variação ocorre devido ao falante e a idade, visto que cada
faixa etária se comunica com um tipo de vocabulário, como exemplo a gíria que é falada pelos
jovens; o sexo, este se dá pelo oposto da linguagem do homem e da mulher, isso devido a
alguns assuntos que estão perdendo espaço com a evolução do país; raça, essa variação ocorre
nas áreas de maior imigração negra; profissão, este abrange a linguagem técnica e profissional
de acordo com sua atividade; posição social, neste o status da pessoa exige um cuidado
especial com a linguagem; grau de escolaridade, a diferenciação está no uso das formas culta
e local em que reside na comunidade, esta são apenas as diferenças de áreas urbanas como os
bairros.
Segundo Preti, “um dialeto é uma variedade de uma língua diferenciada de acordo
com o usuário: grupos diferentes de pessoas no interior da comunidade linguística falam
diferentes dialetos” (PRETI apud Halliday, 1930, p. 25). Deste modo, o dialeto culto é tido
pela comunidade falante como o melhor, já que é o de maior prestígio e que todos gostariam
de chegar neste patamar. Já o dialeto social culto é quase sempre usado pela literatura, no
âmbito da língua padrão está relacionado ao ensino no sentido de padronizar a língua, já a
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estrutura morfossintática pode-se observar muitas diferenças, como por exemplo, o uso das
marcas como gênero, número e pessoa, o uso das pessoas gramaticais, o emprego dos verbos
tanto modos como tempos. Já léxico a maior variedade é na língua culta que tem maior
precisão no emprego de vocábulos e o vocabulário popular predomina um vocábulo restrito.
Existem também as variedades devidas à situação, essa não diz respeito ao falante,
mas sim as circunstâncias de cada ocasião e também aos elementos emocionais. Assim
segundo Preti (1930, p. 36) “A variação de uso da linguagem pelo mesmo falante, ou seja, a
dos níveis de fala ou registros poderia também ser chamada de variedade estilística, no
sentido de que o usuário escolhe, de acordo com a situação”, assim refletindo a visão do autor,
nota-se que as variedades linguísticas estão interligadas.
Pode-se justificar ainda para essa variação as diferenças do status socioeconômicos
vendo que há dessemelhança na repartição de bens tanto materiais quanto culturais.
Entre os bens culturais, ressalte-se a inclusão digital. O acesso ao
computador e à internet está claramente associado ao status socioeconômico.
Este fator é muito relevante, considerando que, em nosso país, a distribuição
de renda é muito desigual (BORTONI-RICARDO, 2004, p. 48).
Sendo importante ressaltar as diferenças culturais. Nesse seguimento aparece o
preconceito linguístico no qual o sistema de ideias, discrimina o falante que fala “errado”,
mas sim diferente do outro e com palavras informais, pois a linguagem é inata e comum a
todos os seres humanos, e essa variação ocorre com os falantes por meio da atualização da
língua que ocorre nessa faculdade universal da linguagem. A partir desse conceito é notávelque haja uma pluralidade cultural.
A diversidade que existe em qualquer ponto espelha uma pluralidade cultural
e não se pode presumir para a expansão do português no Brasil uma forma
linguística única, pois a época em que se deu a colonização, a origem dos
colonizadores e as consequências linguísticas de um contato heterogêneo são
aspectos que devem ser considerados (LEITE, 2005, p. 12)
Deste modo, pode-se concluir que o estudo da variação linguística é complexo, pois a
ação humana determina fatores biológicos, psicológicos, sociológicos e culturais. E a seguir
veremos como a Sociolinguística contribui para o ensino de variação linguística e para o
ensino de Língua Portuguesa.
1.2 A contribuição da Sociolinguística para o ensino de variação
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Segundo Elia (1987, p. 17) “O termo ‘Sociolinguística’ foi cunhado em 1949 [...] mas,
só tornou-se corrente na década de 60”. Esse termo foi criado para que houvesse a junção da
língua com a sociedade, então fica traçado entre a sociologia da linguagem, que estuda a
língua como analogia com os falantes sendo locutor e receptor, e a sociolinguística, tem o
objetivo de estudar a estrutura linguística e social, porém, não há distinção entre uma e outra,
mas há limites.
A sociolinguística tem como objetivo a inclusão de dados de natureza social,
tais que farão os modelos de linguística descritiva mais poderosos e gerais, é,
a abordagem é fundamentalmente linguística e destinada a estender a
margem da Linguística além da oração na direção de gramáticas da interação
“falante-ouvinte” (ELIA apud ROGER T. BELL, 1987, p. 20)
Já a sociologia da linguagem, esta procura um objetivo interdisciplinar mais amplo, “a
integração entre Linguística e estruturas sociais na forma de alguma teoria dos sinais que
uniria a Linguística com as ciências humanas através do estudo do modo pelo qual os sinais
são usados dentro do contexto da vida social” (ELIA, 1987, p. 20).
A diferença entre Sociolinguística e Sociologia da Linguagem é em grande
parte de ênfase, conforme o investigador esteja mais interessado na
linguagem ou na sociedade, e também de acordo com a sua maior ou menor
habilidade em analisar e estruturas linguísticas ou sociais (ELIA, 1987, p.
20).
Assim, a linguagem e a sociedade estão unidas entre si de forma inquestionável, sendo
base da constituição do ser humano. Desde modo, Mussalim (2001, p. 21) “defende que a
história da humanidade é a história de seres organizados em sociedades e detentores de um
sistema de comunicação oral, ou seja, de uma língua”.
Para Martelotta (2008, p. 141) “A Sociolinguística é uma área que estuda a língua em
seu uso real, levando em consideração as relações entre a estrutura linguística e os aspectos
sociais e culturais da produção linguística”. Assim o estudo de variação e mudança estabelece
três tipos de variação: a variação regional, social e de registro. A regional é geográfica entre
cidades, estados, regiões e países. Social são diferenças entre grupos socioeconômicos e os de
registro dependem do grau de formalidade dos eventos. Segundo Martellota (2008, p. 145)
“podemos flagrar variação em todos os níveis da língua”, há um nível lexical, gramatical e
fonético-fonológico.
A Sociolinguística tem uma forte contribuição para o ensino de variação, pois trata da
relação entre a linguagem e a sociedade, sendo que não faz nenhum sentido querer substituir a
norma padrão da língua por outra. O melhor mesmo é que as muitas maneiras de dizer uma
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mesma palavra tenham uma convivência tranquila, a vida é ditada por normas e entre elas
existem as normas linguísticas. É o que afirma Marcos Bagno:
Entre essas normas estão as normas linguísticas. É perfeitamente justo e
compreensível que as pessoas perguntem: “É certo ou errado falar assim?”
Mais justo ainda, no entanto, é que as pessoas que vão responder a essa
pergunta estejam conscientes que as normas linguísticas, como todas as
normas sociais, mudam com o tempo e que de nada vale lutar contra essa
mudança - mais sensato é tentar se adaptar a elas, como escreveu David
Crystal (BAGNO, 1961, p. 158).
Diante dessa norma-padrão, pode-se observar a capacidade de comunicação dos seres
humanos, em diferentes regiões, tendo contribuição para a deficiência linguística, que para
Magda Soares (1986) esta deficiência tem razões sociopolíticas e deficiência cultural, o
fracasso escolar das crianças das camadas populares passou a ser atribuído, tanto no discurso
oficial da educação quanto no discurso pedagógico, à “pobreza” do contexto cultural. Essa
ideologia de pobreza que surgiu nos Estados Unidos na década de sessenta continua até hoje,
servindo de aparato para discursos pedagógicos.
A língua oficial da maioria dos brasileiros é a portuguesa. Desde crianças a
usamos e não foi preciso que alguém se sentasse junto a nós e nos ensinasse
primeiro os sons, depois as sílabas, as palavras, as frases, nem foi preciso
que decorássemos regras da estrutura da língua para que pudéssemos ser
compreendidos (BRAGGIO, 1999, p. 55).
Realmente não foi preciso decorar as regras gramaticais, mas é na escola que se
aprende a língua padrão. Os professores têm o auxílio do livro didático, mas nem sempre
usam esse e outros recursos de maneira correta já que a cada ano os mesmos conteúdos são
transmitidos da mesma forma e também com os livros didáticos são utilizados. Desse modo, é
provável que este material possa não responder aos objetivos esperados. O ensino da Língua
Portuguesa não se baseia apenas no livro didático, mas o professor tem a estar apto para a
docência.
A seguir no 2º capítulo será falado sobre a variação linguística nos livros didáticos,
sendo que neste capítulo cujo título é a “Variedade Linguística e o Livro didático de
Português”, será mostrada a variedade linguística existente na língua portuguesa e como essa
variação é aplicada nos manuais didáticos de acordo com a proposta do PCN para o ensino de
variação linguística.
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CAPÍTULO 2 ANÁLISE DA ABORDAGEM DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EM
LIVROS DIDÁTICOS
Sabendo-se que o Livro Didático (LD) é responsável por uma das etapas de
transposição didática, torna-se importante conhecer o que tem sido proposto nos manuais
didáticos, um dos instrumentos que vincula a língua prestigiada e tem grande ascendência
sobre o trabalho docente. Assim, este capítulo fará uma análise de como é realizado o trabalho
com a variação linguística no livro didático.
Os livros didáticos tendem a fazer um trabalho superficial sobre esse assunto e que,
apesar de defenderem a diversidade linguística, seguem defendendo estratégias de transformar
o “errado” em “certo” e abordar a questão de maneira a perpetuar o preconceito linguístico.
Ao analisar o guia do PNLD (Programa Nacional do Livro Didático), percebe-se que
nas resenhas dos livros de Português, os autores defendem a concepção interacionista de
linguagem e sócio-construtivista de aprendizagem, porém, a variação linguística é apresentada
poucas vezes nas atividades de leitura, interpretação, produção textual e atividades orais que
abordam este tema.
Todo tratamento dado à variação linguística, nos livros didáticos, se limita a contrapor
a linguagem “coloquial” à linguagem “culta”, desconsiderando os aspectos de
intencionalidade e adequação da língua. Com isso, verifica-se que este ensino não propicia a
reflexão, nem explora os aspectos históricos, sociais e ideológicos que permeiam o tratamento
dado à língua.
Os manuais didáticos apresentam uma dicotomia entre a fala, vista como informal e a
escrita, tida como formal, desconsiderando que as duas modalidades apresentam cada uma,
um conjunto próprio de variedades e registros com distintos graus de formalismo. Dessa
forma, também os professores realizam inadequadamente uma dicotômica contraposição entre
fala e escrita, caso se orientem pelos manuais didáticos por eles analisados.
A partir de 1996 como afirma Bagno (1961, p. 119) “os livros didáticos deram um
espetacular salto de qualidade”então, o Ministério da Educação criou o Programa Nacional
do Livro Didático (PNLD) que tem como principal objetivo auxiliar o trabalho pedagógico
dos professores por meio da distribuição de coleções de livros didáticos aos alunos. Após a
avaliação das obras, o Ministério da Educação (MEC) publica o Guia de Livros Didáticos
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com resenhas das coleções consideradas aprovadas. O guia é encaminhado às escolas, que
escolhem, entre os títulos disponíveis, aqueles que melhor atendem ao seu Projeto Político
Pedagógico (P.P.P.).
Assim, essa pesquisa tem como objeto de estudo o livro que é um recurso didático
usado no processo de ensino-aprendizagem, sendo que essa prática de avaliação dos manuais
didáticos iniciou no Brasil no ano de 1996 e só então em 2004 começou o processo de
avaliação em que envolveu linguistas e educadores, ação esta que ampliou a política de
avaliação linguística dos livros didáticos.
Um dos principais problemas que encontramos nos livros didáticos é uma
tendência a tratar da variação linguística em geral como sinônimo de
variedades regionais, rurais ou de pessoas não-escolarizadas, parece estar por
trás dessa tendência a suposição (falsa) de que os falantes urbanos e
escolarizados usam a língua de um modo mais “correto, mais próximo do
padrão, e que no uso que eles fazem não existe variação (BAGNO,1961, p.
120).
Bagno (1961) enfoca sua teoria a partir de que os autores de livros didáticos usam
sempre para falar de variação linguística os quadrinhos, envolvendo personagens como, por
exemplo: “Chico Bento” em que tentam reproduzir o falar “caipira” de forma errônea, pois as
características do falar dos quadrinhos podem ser encontradas em todo Brasil, e não podem
ser exclusivas da variedade rural. Para o referido autor outro problema encontrado nos livros
didáticos é o “passar para norma culta”, no qual ele enfatiza que:
Por tudo o que dissemos acima é que somos obrigados a criticar e a
desaprovar outra prática muito freqüente nos livros didáticos: a de propor
uma atividade de reescrita da fala do Chico Bento, do samba de Adoniran ou
do poema de patativa, pedindo que o aluno “passe para a norma culta”. Em
primeiro lugar, a gente viu que a expressão “norma culta” é ambígua e
problemática (BAGNO, 1961, p. 123).
Imagine o Chico Bento falando a “norma culta”, o personagem de Maurício de Sousa
perderia completamente a graça, sem dizer que as atividades nos livros didáticos que mandam
passar para norma culta são muito preconceituosas, já que discriminam o falar errado do
personagem. Bagno faz então uma sugestão, “que tal trabalhar com variedades reais?”
A pessoa interessada em fazer da variação Linguística um objeto de ensino
especifico pode recorrer a outras fontes de dados linguísticos, sem cair
necessariamente na opção já surrada de explorar as revistinhas do Chico
Bento.
Que tal, por exemplo, trabalhar com variedades lingü.sticas autênticas?
Existem diversas portas de acesso à fala de brasileiros e brasileiras nascidos
e criados na zona rural, por exemplo. Muitos e bons documentários vêm sem
20
do produzidos por cineastas sensíveis que buscam retratar aspectos
peculiares de determinadas regiões ou comunidades (BAGNO, 1961, p.
124).
Tudo isso, só é válido se o professor tiver sensibilidade para lidar com as questões
linguísticas, aspectos sociais, culturais, políticos e identidade. Assim, o autor mostra dez dicas
para analisar um livro didático e a principal pergunta quando se analisa é se o livro didático
trata da variação linguística, se ele menciona a pluralidade de línguas que existe no Brasil, se
o tratamento se limita às variedades rurais e regionais, se apresenta variantes características
das variedades prestigiadas, se separa a norma-padrão da norma culta ou continua
confundindo a norma-padrão com uma variedade real da língua, se o tratamento da variação
no livro fica limitado ao sotaque e ao léxico e aborda fenômenos gramaticais, se mostra
coerência entre os capítulos dedicados à variação, se explicita que também existe variação
entre fala e escrita, ou apresenta à escrita como homogênea e a fala como lugar do erro, se o
livro didático aborda o fenômeno da mudança linguística e se o livro didático apresenta
somente para dizer que o que vale mesmo, no fim das contas, é a norma-padrão.
2.1	O PCN e a Variação Linguística
O PCN define “a língua portuguesa como unidade composta de muitas variedades”
(1998, p. 81). E tem ligação direta com a variação linguística, pois é através dele que o
professor é norteado a proporcionar ao aluno em sala de aula o conhecimento presente na
variação da língua tendo em vista que não se pode ensinar apenas à gramática, mas levar o
aluno a interpretação de tudo que está à sua volta, tendo em vista a variação, sendo que esta é
própria da língua humana, neste sentido ele nos mostra.
A variação é constitutiva das línguas humanas, ocorrendo em todos os
níveis. Ela sempre existiu e sempre existirá, independente de qualquer ação
normativa. Assim, quando se fala em “Língua Portuguesa” está se falando de
uma unidade que os constitui de muitas variedades. Embora no Brasil haja
relativa unidade linguística e apenas uma língua nacional, notam-se
diferenças de pronúncia, de emprego de palavras, de morfologia e de
construções sintáticas, as quais não somente identificam os falantes de
comunidades linguísticas em diferentes regiões, como ainda se multiplicam
em uma mesma comunidade de fala (BRASIL, 1998, p. 29).
Assim é destacado que o estudo da variação cumpre um papel fundamental da
21
consciência linguística e no desenvolvimento do aluno, estando presente nas atividades na
Língua Portuguesa. A variação linguística, segundo o PCN abrange o léxico e a ortografia,
pois o léxico é o conjunto de palavras usadas em uma língua ou em um texto. Quanto à
língua, não existe um falante que domine por completo seu léxico, pois o idioma é vivo e
vocábulos vão desaparecendo, enquanto novos surgem. Quanto ao texto, o léxico corresponde
às palavras utilizadas na escrita do mesmo e a ortografia é muito importante já que ela é
fundamental que os alunos compreendam como alguns aspectos ortográficos podem funcionar
na organização textual garantindo clareza e eficiência na comunicação e expressão de suas
idéias. O professor registra suas observações e assim terá subsídios para questionar o aluno,
levando-o a raciocinar sobre o conceito até a formulação da regra gramatical.
Assim, Bagno (1961, p. 139) afirma “A variação linguística precisa ser estudada como
fato social e cultural, naquilo que ela é na riqueza que representa e como reveladora do
dinamismo da língua”.
2.2	Programa Nacional do Livro Didático e perfil da coleção analisada O Programa Nacional do Livro Didático tem como principal objetivo auxiliar o
trabalho pedagógico dos professores por meio da classificação dos livros didáticos. Após a
avaliação do MEC Ministério da Educação o guia é publicado em forma de resenhas a
escolas, que escolhem dentre esses o que melhor se adéqua à sua escola.
Segundo o Programa Nacional do Livro Didático o ensino de Língua Portuguesa nos
quatro anos finais do Ensino Fundamental apresenta características próprias devido tanto ao
perfil escolar do alunado desse nível, quanto às demandas sociais que a ele se apresenta ao
final do período, dentre elas destacam-se as ligadas à diversidade cultural e linguística que a
língua apresenta:
Ampliar e aprofundar a convivência do aluno com a diversidade e a
complexidade da cultura da escrita;
Desenvolver sua proficiência, seja em usos menos cotidianos da oralidade,
seja em leitura e em produção de textos mais extensos e complexos que os
dos anos iniciais;
Propiciar-lhe tanto uma reflexão sistemática quanto a construção progressiva
de conhecimentos sobre a língua e a linguagem;
Aumentar sua autonomia relativa nos estudos, favorecendo, assim, o
desempenho escolar e o prosseguimento nos estudos (PNLD, 2011, p. 10).
Assim é essencial que o professor sejalevado a aprofundar a convivência do aluno
22
com a escrita, pois esta é muito importante já que muitas vezes paramos a leitura de um texto
logo nos primeiros parágrafos pelo texto ser desinteressante e principalmente mal escrito.
Na leitura, as atividades de compreensão e interpretação do texto têm como objetivo
final a formação do leitor (inclusive a do leitor literário) e o desenvolvimento do Guia de
Livros Didáticos PNLD 2011 proficiência em leitura. Portanto, só podem constituir-se como
tais na medida em que:
Encararem a leitura como uma situação de interlocução leitor/autor/texto
socialmente contextualizada;
Respeitarem as convenções e os modos de ler próprios dos diferentes
gêneros, tanto literários quanto não literários;
Desenvolverem estratégias e capacidades de leitura, tanto as relacionadas
aos gêneros propostos, quanto às inerentes ao nível de proficiência que se
pretende levar o aluno a atingir (PNLD, 2011, p. 20).
Deste modo é imprescindível que os alunos desenvolvam estratégias para melhorar a
leitura e nas produções de textos escritos as propostas devem visar à formação do produtor de
texto e, é também, muito importante, que o professor propicie momentos de leitura e,
simultaneamente, mostre aos alunos os elos conectivos presentes no texto e a sua importância
na produção de significados e o quanto é importante ser coeso e coerente nas suas produções,
portanto, ao desenvolvimento da proficiência em escrita. Nesse sentido, não podem deixar de:
Considerar a escrita como uma prática socialmente situada, propondo ao
aluno, portanto, condições plausíveis de produção do texto;
Abordar a escrita como processo, de forma a ensinar explicitamente os
procedimentos envolvidos no planejamento, na produção e na revisão e
reescrita dos textos;
Explorar a produção de gêneros ao mesmo tempo diversos e pertinentes para
a consecução dos objetivos estabelecidos pelo nível de ensino visado;
Desenvolver as estratégias de produção relacionadas tanto ao gênero
proposto quanto ao grau de proficiência que se pretende levar o aluno a
atingir (PNLD, 2011, p. 20).
Assim espera que o aluno seja capaz de explorar e desenvolver métodos para a prática
de produção de texto e espera-se que os alunos produzam textos muito antes de saberem
escrevê-los, uma boa opção para produzir um bom texto é ouvir alguém lendo o que você
escreveu é uma ótima experiência.
Quando se trata de trabalhos orais espera-se que o aluno chega à escola dominando
satisfatoriamente a linguagem oral, no que diz respeito às demandas de seu convívio social
imediato, é o instrumento por meio do qual se efetivam tanto a interação professor-aluno
quanto o processo de ensino-aprendizagem. Será com o apoio dessa experiência prévia que o
aprendiz não só desvendará o funcionamento da língua escrita como estenderá o domínio da
23
fala para novas situações e contextos, inclusive no que diz respeito a situações escolares como
as exposições orais e os seminários. Assim, caberá ao PNDL, no que diz respeito a esse
quesito:
Recorrer à oralidade nas estratégias didáticas de abordagem da leitura e da
produção de textos;
Valorizar e efetivamente trabalhar a variação e a heterogeneidade
linguísticas, situando nesse contexto sociolinguístico o ensino das normas
urbanas de prestígio (PNDL, 2011, p. 22).
A oralidade é significante e tratado no PCN como prática de produção de texto orais, e
significa organizar e desenvolver a fala, como a preparação previa da enunciação de textos
orais, entendendo o procedimento.
Cada livro da coleção analisada é composto por quatro unidades temáticas, divididas
em três capítulos. As unidades são finalizadas, na seção Intervalo, com um projeto que
articula leitura, produção escrita e oralidade, tendo em vista produtos como: jornal, mostras,
exposições, cartazes e cartilhas.
A coletânea apresenta textos de gêneros diversificados, com temas como Amor,
Juventude, Valores, Consumo, Ser diferente, No mundo da fantasia e Verde, Adoro ver-te que
favorecem a construção da cidadania, estimulam a curiosidade e a imaginação. Predominam
textos jornalísticos e publicitários, com presença pouco significativa de textos literários. As
atividades de leitura colaboram efetivamente para o desenvolvimento da proficiência do
aluno, pois exploram diferentes estratégias cognitivas como formulação de hipóteses, sínteses
e generalizações. Há pouca contribuição para a formação do leitor de literatura, pois as
particularidades do texto literário não são sistematicamente exploradas. As atividades de
produção escrita detalham os gêneros a serem produzidos, com indicações sobre o para que,
para quem, por que e o que escrever. A oralidade é pouco explorada em tarefas que
sistematizam a fala e a escuta de gêneros orais públicos. A exploração de conhecimentos
linguísticos toma como objeto de ensino os níveis da frase, do texto e do discurso, em
perspectiva ora predominantemente transmissiva, ora analítica e reflexiva. O Manual do
professor traz fundamentação teórica, objetivos das propostas e sugestões de avaliação.
Português - Linguagens de William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães da editora
Saraiva Livreiros Editores.
A coleção de livros analisada tem como objetivo desenvolver na leitura competências
e habilidades ligadas ao reconhecimento dos diferentes gêneros textuais, no qual destacam sua
24
compreensão, função, forma e o contexto de circulação. Assim deverão ser trabalhadas da
seguinte forma:
Reconhecer os gêneros textuais, compreendendo sua função, sua forma e seu
contexto de circulação;
Compreender globalmente os textos lidos;
Localizar e comparar informações;
Produzir inferências;
Identificar diferentes pontos de vista sobre o tema;
Compreender as relações entre linguagem verbal e não verbal;
Identificar recursos linguísticos característicos de determinados gêneros;
Ler fluentemente;
Estabelecer relações intertextuais;
Estabelecer relações de causa/consequência, espaço, tempo. (PNDL, 2011,
p.113).
O reconhecimento da maneira como se constroem os gêneros textuais contribui para o
aprimoramento da competência discursiva dos alunos. Cada capítulo apresenta um texto
principal, analisado na seção Estudo de texto. Essa seção subdivide-se em Compreensão e
interpretação – com questões que estimulam a compreensão, e a linguagem do texto – que
explora aspectos específicos em relação ao uso da língua, ao gênero, ao suporte, aos
interlocutores ou à construção do texto. Em Leitura expressiva do texto o objetivo é
aprofundar, retomar e sintetizar o trabalho com compreensão, com propostas de leitura oral,
jogral, dramatizações entre outras. Cruzando linguagens aparece esporadicamente, seu
objetivo é a comparação de diferentes linguagens e textos; Trocando ideias trabalha a
expressão oral do aluno, sua capacidade de argumentação; e, por fim, Ler é um prazer oferece
um texto para fruição. As relações entre textos verbais e imagens são exploradas em várias
situações.
Esta coleção propõe os seguintes gêneros e tipos textuais para produção escrita, sendo
que as capacidades desenvolvidas no conjunto da coleção, entre outras, são:
Produzir gêneros diversificados;
Definir o objetivo do texto e o público leitor;
Planejar o texto a ser produzido;
Compreender os aspectos formais do gênero;
Adequar o registro linguístico ao público alvo, à circulação e ao gênero;
Revisar o texto (PNLD, 2011, p. 113).
As atividades situam a prática de escrita em seu universo de uso social. A seção
Produção de texto propõe a observação de diferentes gêneros, considerando sua forma, tema e
os recursos linguísticos usados em sua composição. Em Agora é a sua vez, os alunos são
estimulados a escrever seu texto, seguindo o modelo estudado. Em todas as tarefas há
25
indicação sobre o público-alvo, uso adequado da linguagem, características próprias do
gênero a ser escrito, importância da releitura e da reescrita. Há boas contribuições para
planejamento, elaboração do tema, seleção lexical,utilização de recursos morfossintáticos. A
revisão é apresentada de forma sucinta e exige interferência do professor para que se processe
de maneira adequada em sala de aula.
Na oralidade as capacidades desenvolvidas no conjunto da coleção, entre outras, são:
Ler expressivamente, com entonação, pontuação e ênfase;
Argumentar oralmente;
Participar de debates, respeitando regras;
Participar de seminário, peça teatral, encenação de conto (PNLD, 2011,
p.114).
As seções Leitura expressiva do texto e Trocando ideias apresentam oportunidades
para desenvolvimento da linguagem oral em atividades de preparação de projetos, correção de
exercícios e troca de ideias sobre redações feitas.
As atividades orais de instâncias públicas são exploradas, mas as atividades oferecem
pouca orientação no plano da construção, ou da preparação, para a produção de cada gênero,
embora apresentem instruções sobre a variedade linguística a ser empregada, regras de
conduta, postura, entonação.
No conhecimento linguístico, a coleção analisada conceitua a linguagem, língua,
código, interlocutor, variedade linguística, texto, discurso, fonema, letra; observar aspectos da
língua em uso quanto à variação linguística; apropriar-se das regras notacionais da língua;
conceituar e identificar as classes de palavras; verificar a função semântico-estilística das
classes de palavras em textos diversos; verificar a função semântico-estilística dos termos da
oração; dominar a sintaxe da língua; pontuar adequadamente um texto.
Duas perspectivas são adotadas no trabalho com os conteúdos: Transmissiva na seção
A Língua em Foco, há longas explanações acerca do conteúdo estudado, seguidas de
exercícios de fixação; reflexiva e discursiva na seção Semântica e Discurso, há análise dos
conteúdos em estudo, com ampliação e observação do uso, em função de aspectos relevantes
dos gêneros. Há uma ênfase desnecessária na descrição de regras e categorias, na perspectiva
da gramática normativa. Entretanto, os usos e efeitos de sentido gerados pelas estruturas
linguísticas são trabalhados com propriedade.
Em sala de aula como o eixo da oralidade traz poucas atividades, é importante
selecionar novos gêneros como objetos de ensino. Os conteúdos gramaticais demandam um
cuidadoso trabalho de seleção, para evitar-se a sobrecarga. Considerando-se que as atividades
26
são extensas e envolvem apreensão de muitos conceitos, serão necessárias retomadas para a
fixação dos conteúdos mais relevantes. Critérios de revisão mais detalhados, claros e
direcionados à reescrita serão necessários a grande parte das propostas de produção de texto.
O trabalho com os textos literários precisa ser aprofundado com a indicação de novos textos e
com atividades que contribuam mais efetivamente para a formação do leitor de literatura.
2.3	Análise das propostas de variação linguísticas presente na coleção “Português
Linguagens”
O livro “Português Linguagens” de Cereja e Magalhães (2009) é constituído por
quatro unidades em cada volume (6º ao 9º ano) do Ensino Fundamental, sendo que cada uma
delas contém quatro capítulos para cada unidade.
É importante ressaltar que o referido livro se organiza em eixos temáticos, sendo que
no volume do 6º ano os autores exploram os seguintes gêneros textuais: conto de fadas,
cartum, excerto de romano, narrativa, anedota, tirinha, anúncio, história em quadrinhos,
fotografia, poema relato pessoal, pintura, canção, crônica, texto de opinião, fábula, poema e
cartaz.
Já o volume do 7º ano é organizado em seções que exploram o estudo e produção de
texto, refletem também sobre os elementos que são essenciais para essa produção como:
adequação, coerência, coesão e expressidade do texto. Além disso, Cereja e Magalhães
(2009), apresentam textos de gêneros diversificados sendo eles: mitos, lendas, narrativa,
cartum, poema, crônica, cartaz de campanha, pintura, depoimento, reportagem e excerto de
romance, sendo que essa abordagem tem como objetivo desenvolver competências e
habilidades nos alunos em que os mesmos sejam capazes de reconhecerem e compreenderem
a função dos gêneros explorados em cada volume, comparando as informações e identificando
o ponto de vista em relação ao tema trabalho. Como se vê, existe uma preocupação dos
autores em desenvolver um trabalho voltado para a análise e reflexão da língua, pois por meio
da leitura dos diversos gêneros textuais o indivíduo vivencia os traços linguísticas de cada
grupo social. Para Jesperson “a fala do indivíduo, considerado isoladamente dentro do grupo,
não é sempre a mesma. Seu tom na conversação e, com ele, a escolha de palavras muda
segundo a camada social em que se encontra no momento” (1947, p. 181).
27
De acordo com o pressuposto teórico apresentado na citação, nota-se que o processo
comunicativo não acontece de forma isolada, precisa do locutor e interlocutor para transmitir
a mensagem, ao passo que é estabelecido essa comunicação o falante tem a oportunidade de
colocar em prática todas as suas marcas linguísticas que são identificadas pelo grupo social
que o indivíduo pertence, cultura, região, sexo, idade, raça, dentre outras.
As atividades que exploram os gêneros textuais trabalham efetivamente o
desenvolvimento da proficiência do aluno, em que seja capaz de formular hipóteses, sínteses e
generalizações em relação ao conteúdo apresentado. Toda essa preocupação é vista no volume
do 8º ano em que é propiciado ao aluno um estudo sobre os gêneros: crônica, peça de teatro,
anúncio, poema, texto de opinião, tirinha, pintura, cartum, carta de leitor, carta denúncia, texto
de divulgação cientifica, artigo de opinião e entrevista. Assim, o referido volume tem como
foco desenvolver um trabalho voltado para a construção crítica e reflexiva por meio da leitura,
interpretação e produção textual evidenciada por meio dos gêneros mencionados
anteriormente.
Essa obra parte do princípio de que não é necessário criar rupturas com o ensino
gramatical, mas refletir sobre a construção da língua, ou seja, da teoria normativa associando
a vivencia do individuo. A partir dessa concepção, Faraco apresenta o conceito para esse
termo “gramática designa um conjunto de regras que devem ser seguidas por aqueles que
querem falar e escrever corretamente” (2009, p. 48). Entretanto, enquanto existir esse
pensamento, o ensino de variedade linguística será totalmente ignorado no contexto escolar,
pois o que deveria existir é uma associação desses conceitos a dimensão social que o termo
apresenta, pois quando o indivíduo interage, ele usa toda sua capacidade normativa para
organizar a estrutura do texto que quer transmitir, por isso é necessário ter esse olhar sobre as
teorias que são estudadas e vivenciadas na escola, só assim acabará com o preconceito
linguístico tão propagado nas instituições públicas.
Desse modo, o volume do 9º ano tem essa preocupação em associar a variação com a
gramática normativa, sendo que o referido volume explora a crônica, reportagem, tirinha,
foto, poema, anúncio, cartum, editorial, pintura, conto, debate, redação escolar e letra de
canção, gêneros estes que estão ligados a escrita e principalmente a oralidade do aluno, sendo
que as seções que exploram essas capacidades são: leitura expressiva do texto e trocando
ideias em que é dada a oportunidade para o aluno desenvolver a linguagem oral em que o
aluno recebe instruções sobre a variedade linguística que deve ser empregada durante a
resolução das atividades.
28
O livro “Português Linguagens” de Cereja e Magalhães (2009) se organiza em
diversas seções, sendo que cada capítulo inicia com um texto principal que é analisado na
seção “Estudo do Texto” e é subdividida em “Compreensão e interpretação” com atividades
que estimulem a análise do texto, essa análise é feita no tópico “A linguagem do texto” que
explora os aspectos ligados a língua em uso e aos elementos que fazem parte do processo
comunicativo. Já o tópico “Leitura expressiva do texto” que objetiva retomaras informações
exploradas durante a interpretação, em que é realizada uma análise mais profunda do texto. A
seção “Cruzando linguagens” aparece uma vez em cada unidade e propõe a comparação entre
o texto estudado e outro, apresentando uma linguagem verbal e não-verbal, por meio dessa
comparação o aluno tem a oportunidade de relacionar as semelhanças e diferenças entre os
gêneros estudados. Dessa forma, existe uma preocupação dos autores em oferecer aos alunos
do Ensino Fundamental um momento de confrontar os conhecimentos adquiridos em cada
unidade, em que os mesmos têm contato com os outros gêneros textuais, para que percebam
as diferenças linguísticas que são usadas de acordo com cada contexto.
No volume do 6º ano, na Unidade I, é feito um trabalho voltado para a reflexão sobre a
língua, sendo que no tópico “A língua em foco” que tem como proposta mostrar que a língua
não é tomada como um sistema fechado e imutável de unidades e leis combinatórias, mas
como um processo dinâmico de interação, isto é, como um meio de realizar ações, de agir e
atuar sobre o outro. Nesse sentido, nota-se que William Roberto Cereja e Thereza Cochar
Magalhães têm uma preocupação em desenvolver uma proposta voltada para a reflexão dos
fenômenos linguísticos que ocorrem na língua, sejam eles: históricos, geográficos, sociais,
faixa etária, grau de escolaridade, dentre outros, assim, a referida unidade abre essa discussão
por meio de um cartum do famoso cartunista Quino, que pretende por meio desse gênero
sensibilizar os leitores sobre a importância da aquisição de outros idiomas, devido a mistura
de outras culturas que cada vez mais é constante encontrar pessoas no meio social o qual o
indivíduo está inserido que usam outro idioma para se comunicar (Anexo A).
O tópico “Construindo o conceito” na Unidade I tem como finalidade levar o aluno a
construir o conceito gramatical por meio de um conjunto de atividades de leitura, observação,
discussão, análise e inferências em relação aos conceitos de linguagem verbal, não verbal,
locutor e interlocutor. No primeiro momento, é proposto a leitura de conceitos que propiciam
ao educando um conhecimento sobre os diversos tipos de linguagem, sejam mistas, digital,
verbal e não verbal, pois sabe-se que a linguagem é uma capacidade inata dos seres humanos
e devido a essa capacidade que quando o indivíduo nasce já se comunica com outras pessoas.
O livro “Português Linguagens” define a linguagem como “um processo comunicativo pelo
29
qual as pessoas interagem entre si” e para que essa interação aconteça é preciso do
interlocutor que “são as pessoas que participam do processo de interação que se dá por meio
da linguagem” (CEREJA; MAGALHÃES, 2009, p. 29).
Na subseção “Exercícios” da Unidade I, na primeira atividade, letra “a” foi
encontrada uma atividade que tem a finalidade de garantir um mínimo de metalinguagem que
permita o aluno a dar saltos maiores quanto ao domínio discursivo e semântico, em que a
situação retrata uma reflexão sobre a linguagem oral e escrita “Na situação retratada no
cartum, que tipo de linguagem as personagens estão utilizando: verbal ou não verbal? Se
verbal, oral ou escrita?” (CEREJA; MAGALHÃES, 2009, p. 30).
No exercício 1, na letra “b” que traz o seguinte enunciado “O humor do cartum está
na resposta da personagem que segura uma xícara de café, para quem a fala não é uma
forma de comunicação. O conceito de comunicação dessa personagem coincide com o que
você aprendeu? Por quê?”“, novamente os autores do livro mostram que a personagem do
cartum não consegue entender como ocorre o processo de comunicação, pois deve-se levar
em conta tanto a linguagem verbal como a não verbal. Veja como acontece essa relação
durante a tira de Jean Galvão (Anexo B).
No mesmo exercício na letra “b” os autores fazem uma reflexão sobre os elementos de
comunicação que o processo comunicativo tem que é o locutor e interlocutor, sendo que o
enunciado do referido exercício enfatiza que “de acordo com o contexto, ela é locutor ou
locutário? Justifique sua resposta.” (CEREJA; MAGALHÃES, 2009, p. 30). Nesse momento
o aluno tem a oportunidade de reconhecer os elementos que constituem o processo de
comunicação, em que a mensagem precisa ser transmitida através da relação do outro com o
meio em que vive assumindo assim a linguagem como uma capacidade que o indivíduo
possui para se comunicar. Sendo que para Milani “a linguagem implica por ser uma
capacidade da inteligência, conglomera tudo o que podem ser a língua e a fala.” (2011, p. 83).
Já a fala é “a construção do conjunto de elementos que compõem a organização
linguística humana, o elemento final e material” (p. 89). Desse modo, nota-se que os
exercícios 1 e 2 procuram desenvolver nos alunos do 6º ano competências e habilidades
inerentes a capacidade de comunicar, pois a partir do momento que o aluno usa a língua que é
vista como sistema que organiza o processo comunicativo, acontece a interação do indivíduo
que é marcada por meio de sua linguagem que usa como veículo a fala que é o que
movimenta a língua, ou seja, todo o processo de comunicação e interação entre os indivíduos.
No tópico “Conceituando” é oferecida aos alunos a leitura de textos que mostram a
evolução que a língua sofreu com o passar do tempo e também a influencia do espanhol,
30
inglês, italiano, alemão e francês. Cereja e Magalhães dispõem na página 30 um quadro que
compara as outras línguas com o português:
Aprenda um idioma enquanto dorme! Português
i Aprenda un idioma mientras duerme! Espanhol
Impara uma lingua intanto dormi! Italiano
Apprenez – vous une langue em dormant! Francês
(2009, p. 30)
A referida citação tem como objetivo mostrar as semelhanças de vocabulário e a
ordem que as frases foram constituídas, semelhança esta que é atribuída pela relação do
português com as línguas neolatinas que são oriundas do latim, que espalharam pela Europa
durante a expansão do Império Romano. Assim, o autor Mussalim e Bentes afirma que
“todas as línguas do mundo são sempre continuações históricas. Em outras palavras as
gerações sucessivas de indivíduos legam a seus descendentes o domínio de uma língua
particular. As mudanças temporais são parte da historia das línguas” (2001, p. 33).
Nesse sentido, o processo de evolução da língua é marcado por diversos fatores seja
no campo sincrônico e diacrônico em que o referido texto da página 30 tem propósito mostrar
aos alunos que uma mesma comunidade de fala é marcada pelas variedades linguísticas que
são próprias da região em que o falante pertence, essas informações são apresentadas no livro
em análise nos boxes que estão em anexo nessa pesquisa (Anexo C). Os boxes contribuem
para o enriquecimento dos alunos trazendo informações adições em relação ao assunto
discutido, pois são textos paralelos que dialogam com o texto-base e se encontram
distribuídos em todas as unidades. Eles servem para ampliar o assunto tratado e estabelecer
relações entre ele e a realidade do aluno. Normalmente os boxes possuem recursos gráficos
que procuram chamar a atenção dos alunos, em que são dispostos em cores diferentes, trazem
imagens e sugestionam leveza, dinamismo e atualidade nos assuntos tratados em cada
unidade.
Ainda no capítulo 1 (volume do 6º ano) na seção “Exercícios” os autores usam a tela
de Luis Fernando Veríssimo que comenta a respeito dos códigos linguísticos que compõem a
língua. Para Cereja e Magalhães o código “é um conjunto de sinais e regras utilizados por
uma comunidade para se comunicar” (2009, p. 31). Essa definição presente no livro didático
analisado ofereceu uma reflexão sobre o sistema linguístico que compõe a língua, seja ele
verbal e não-verbal, então a partir da leitura dos códigos apresentados por Veríssimo o
professor tem a oportunidade de discutir em sala de aula sobre a relação da língua com o
31
mundo, pois o indivíduo a todo o momento faz leituras dos códigos, para isso ele usa todo o
conhecimento e repertório linguísticoque o cerca.
Em seguida, os exercícios 2 e 3 fazem a interpretação da tira de Laerte que mostra ao
aluno a relação da linguagem verbal e não verbal, a tirinha está em anexo (Anexo D). O
exercício 2 explora apenas o entendimento do gênero, já o exercício 3, apresenta ao aluno um
reconhecimento os elementos que compõem o código linguístico. A letra “a” traz o seguinte
enunciado “Que códigos verbais estão representados na tira”, a letra “b” “A que código
pertence o sinal apontado pela mulher?” a atividade prevê um conhecimento sobre os códigos
que fazem parte das leis de trânsito (CEREJA; MAGALHÃES, 2009, p. 32 ).
A seção “Na construção do texto” que tem como objetivo não apenas constatar o
emprego do conteúdo estudado anteriormente, mas sim observar sua junção semântica e
estilística, partindo das escolhas linguísticas do texto, bem como as variedades usadas pelos
autores ao escreverem os textos que fazem parte dessa coleção. No capítulo I, a referida seção
inicia-se com a leitura da tira de Adão Iturrusgari para demonstrar a influência do inglês em
nosso país, sendo que o personagem da tira não tem domínio dessa variedade em que
interpreta o vocabulário “push” como na língua portuguesa e não consegue abrir a porta,
porém, no inglês recebe outro significado “empurre”, causando assim o humor da tira.
As atividades 1, 2 e 3 proporcionam uma reflexão sobre a influência do inglês no
português, sendo que no exercício 1, letra “a” __________que traz o seguinte enunciado “a que língua
pertence a palavras push? O que ela significa?”, o exercício 2, “A personagem sabe que a
palavra push não pertence a língua portuguesa? Por quê?” (CEREJA; MAGALHÃES, 2009,
p. 33). Como se vê, os exercícios propiciam aos educandos uma reflexão sobre a influência do
inglês e a confusão que os falantes fazem em relação a significado dessa língua.
Já o exercício 3, mostra que a influência do inglês está presente nos nomes de lojas,
roupas, alimentos, internet, dentre outros. Veja como os autores dispõem essas informações
por meio do seguinte enunciado:
3. Em nosso país, é comum irmos a shoppings e encontrarmos lojas com
cartazes e faixas inscrições como sale ou off para indicar liquidação.
Também ouvimos pessoas ligadas à informática dizerem deletar em vez de
apagar, ou fazer um download em vez de copiar. O que você acha disso?
Você acha correto empregarmos termos de outras línguas quando não há
necessidade? (CEREJA; MAGALHÃES, 2009, p. 33)
O tópico “Semântico e discurso” têm como objetivo desenvolver atividades que
proporcionam a observação de fatos linguísticos numa situação concreta de interação verbal e
também a reflexão dos recursos, bem como o desenvolvimento da competência linguística,
32
sendo que toda a Unidade I girou em torno da análise e reflexão dos elementos que compõem
a língua, então o referido tópico associa os códigos verbais e não-verbais que são adotados
pelos interlocutores ao interpretarem os códigos que fazem parte do meio que o indivíduo
vive.
Nesse sentido, o exercício 1, explora o cartum do autor Caulos (Anexo E) que mostra
um labirinto e um homem se dirigindo a ele, contendo no centro uma placa de trânsito que
traz a informação errada, pois se o homem não possuir o conhecimento sobre os códigos da
língua não conseguirá sair do labirinto, as atividades abaixo, refletem sobre a ignorância do
locutor em relação ao código explorado.
1.	Leia o cartum ao lado, de Caulos.
O cartum mostra um labirinto e um homem se dirigindo à entrada dele. No
centro do labirinto, há uma placa com um sinal de trânsito
a)	O que esse sinal indica?
b)	Vai ser fácil, para o homem, chegar ao centro do labirinto?
c)	O que vai acontecer ao homem se, ao chegar ao centro do labirinto, ele respeitar o sinal? (CEREJA; MAGALHÃES, 2009, p. 33).
O exercício 2 do capítulo 1 explora o gênero textual “anúncio publicitário” em que é
propiciado ao professor mostrar aos alunos a relação da linguagem verbal e não-verbal, o
referido anúncio está presente no anexo (F). Já a referida atividade foi apresentada no livro
em análise com o seguinte enunciado: “Como é comum na maior parte dos anúncios
publicitários, o anúncio lido explora mais de uma linguagem. Quais são elas?” (CEREJA;
MAGALHÃES, 2009, p. 34).
No exercício 3 os autores tentam resgatar a função social que o conteúdo possui, pois
para Antunes é preciso repensar a forma como os conteúdos são trabalhados em sala de aula,
dando significado e sentido a eles, em que a autora destaca. “muitas e urgentes são as razoes
sociais que justificam o empenho da escola por um ensino da língua cada vez mais útil e
contextualmente significativo” (ANTUNES, 2003, p. 36). A partir dessa concepção
apresentada por Antunes, nota-se que o livro em análise tem a preocupação em dar sentido ao
conteúdo, mostrando que a língua e os códigos linguísticos fazem parte do cotidiano dos
alunos e que é necessário que os mesmos consigam entender essa relação social entre o
conteúdo e a sociedade.
Os autores do livro “Português Linguagens” continuam com essa mesma perspectiva,
sendo que os exercícios 4 e 5 exploram o anúncio publicitário da Fundação S.O.S Mata
Atlântica que usa como slogan a bandeira do Brasil, apontando o desaparecimento das áreas
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verdes no país, refletindo também sobre o interlocutor que o anúncio quer comunicar e
principalmente a mensagem que será transmitida a ele.
Veja como é disposto no livro esse exercício 4 e 5:
Na parte inferior do aviso, existe a indicação de que duas entidades
ecológicas não governamentais são responsáveis pelo anúncio: S.O.S Mata
Atlântica e Florestas do Futuro. Observe o logo- tipo de cada uma delas, ou
seja, o símbolo que as identifica:
Note que, nos dois logotipos, está representada a bandeira do Brasil.
a)	O que representa a cor verde de nossa bandeira?
b)	Levante hipóteses: Por que nos dois logotipos o verde das bandeiras está desaparecendo?
5.O texto lido foi considerado um dos melhores anúncios de 2004 e circulou
em diferentes veículos de comunicação.
a) A que público você acha que ele se dirigia?
b) Considerando a finalidade do anúncio, você o acha criativo? Por quê?
(CEREJA; MAGALHÃES, 2009, p. 34)
O capítulo 2 da Unidade I (volume 6º ano), na seção “A língua em foco” tem como
proposta de ensino alterar o enfoque tradicional dado a gramática, que é voltado quase
exclusivamente à classificação gramatical (morfológica e sintática) sendo que o referido
capítulo é intitulado “As variedades Linguísticas”, no qual Cereja e Magalhães usam os
personagens da turma da Mônica “Chico Bento e Rosinha” para construir o conceito. Segundo
Bortoni-Ricardo (2004) é na sala de aula, como em qualquer domínio social que o indivíduo
apresenta o grau de variação, pois se sabe que esse processo é inerente a comunidade
linguística. Assim, com a utilização do personagem “Chico Bento” de Maurício de Sousa
permite que os alunos do 6º ano se familiarizem com a cultura rural, conhecendo a
diversidade sociolinguística.
Ainda no capítulo 2, o exercício 3 desenvolve um trabalho voltado para o
reconhecimento do dialeto “caipira” dos personagens “Chico Bento e Rosinha”, pois falam
diferente das pessoas que vivem em outros lugares. A atividade favorece o reconhecimento de
outras variedades que não são padrão da escrita sendo ela: “fro” (flor), “laranjera” (laranjeira)
e “ocê” (você). Com a utilização desses dialetos ( dialeto caipira) os autores mostravam como
ocorre a educação em língua materna que cada indivíduo traz consigo, em seguida, fazer um
diagnostico dos aspectos sociolingü.sticos que contribuíram para a formação dialetal. É
comum nesse tipo de atividade o professor disseminar a variedade padrão sendo imposta
como única e aceitável pela sociedade. Além disso, muitos educadores desconsideram os
níveis de aquisição da linguagem do aluno, pois a situação é o principal fator que determina o
comportamento verbal.
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Nessa mesma seção, no tópico “Construindo conceito” os autores utilizam-se deboxes (Anexo G) para conceituar dialeto e para apresentar a quantidade de línguas existentes
no mundo. Segundo Cereja e Magalhães (2009, p. 44) “dialeto é uma variante regional da
língua a variação pode se dá no vocabulário, na pronúncia e até no significado das palavras”,
desse modo, os autores mostram que os dialetos na dimensão social, exercem na sociedade a
identificação do grupo que é marcado pela linguagem. Por isso, os dialetos na visão dos
autores do livro didático são considerados variedades dialetais de ordem social.
O exercício 4 marca um estudo voltado para análise da língua falada e escrita, pois
como se sabe a variação está associada à fala do indivíduo, por isso a língua falada é tida com
viva e dinâmica, por ser usada nas diversas situações sociais, já a escrita não acompanha a
evolução: “Exercício 4- A língua usada por Chico Bento e Rosinha é diferente daquela
utilizada por jornais, revistas e livros. Apesar disso, é possível compreender o que ele dizem?”
(CEREJA; MAGALHÃES, 2009, p. 44).
Dessa forma, percebe-se que a língua falada sofre variação, a língua e a variação são
inseparáveis. A sociolinguística encara a diversidade linguística não como um problema, mas
como uma qualidade constituída do fenômeno linguístico.
No caso da atividade 5, os autores propiciam uma reflexão acerca da variação
geográfica que explica as formas que as línguas assumem nas diferentes regiões em que é
falada.
Exercício 5- Se você e sua família vieram de uma região do país diferente
daquela em que você mora atualmente, comente com os colegas. Que
diferenças há entre o português falado naquela região e o falado na cidade
em que você vive hoje? Cite alguns casos (CEREJA; MAGALHÃES, 2009,
p. 44)
Essa variedade acontece porque as línguas não são uniformes e apresentam variações
de acordo com a época, ambiente, a cultura e a classe social que pertence os falantes.
No capítulo 2, volume do 6º ano no tópico “Conceituando” os autores caracterizam o
dialeto do personagem “Chico Bento” de Maurício de Sousa, associando essa variedade
dialetal às variedades linguísticas que o português apresenta. Assim para Cereja e Magalhães
(2009, p. 45) “as variações que uma língua apresenta em razão das condições sociais, culturais
e regionais nas quais é utilizada”. Nesse sentido, é possível notar que essa variedade é reflexo
da diferença de “status” e de “papel” e que refletem na linguagem.
Ainda no tópico “Conceituando” há um texto que associa a variedade padrão como
sendo a de prestígio social e também que falar bem é falar adequadamente (Anexo H). Com
isso, nota-se que é muito importante o amadurecimento por parte dos professores quanto ao
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entendimento das variações linguísticas vivas nos diversos grupos sociais. Essas variedades
chegam até o espaço escolar e precisam ter atitudes por parte dos educadores que não
propagem o preconceito linguístico e que atividades mostrem como ocorre a variação e que
não seja usada apenas para reforçar o “erro”, mas sim para apresentar a diversidade linguística
do país.
Na página 46 e 47 (Anexo I) os autores continuam mostrando outros tipos de variação
sejam na oralidade, na escrita, no grau de formalidade, informalidade e a gíria. A intenção do
livro é informar ao aluno 6º ano do Ensino Fundamental que o processo de variação
linguística faz parte dos grupos sociais que cada indivíduo pertence e que por meio dessas
reflexões é possível ensinar aos educandos que o falante adéqua a linguagem de acordo com o
contexto e a situação sociocomunicativa que envolve certos graus de formalismo ou não.
Os exercícios das páginas 48 e 49 iniciam-se com a leitura do gênero textual “poema”
de Sérgio Capparelli “Drome, minininha!” em que o autor apresenta a aproximação da fala
com a escrita, o texto está em anexo (J). Já as atividades 1, 2, 3, 4 e 5 exploram a
interpretação da referida canção, a variedade padrão e não padrão, a perca do fonema “r” no
final das palavras e o plural redundante (Anexo K).
Na seção “Na construção do texto” página 49 (Anexo L), é proposto à leitura do texto
intitulado “Pechada” que retrata uma escola que fica no Rio Grande do Sul em que o
personagem Rodrigo (aluno) possui seu dialeto típico dessa região. As atividades 1, 2, 3, 4, 5
e 6 (Anexo M) fazem este tipo de reflexão, sendo que no exercício 1 propícia a interpretação
das características da fala do menino e da região em que vive. Já o exercício 2, remete as
situações de preconceito linguístico que podem acontecer na sala de aula, em que muitas
vezes os falantes que apresentam essa variedade dialetal são tidos como “deficientes
linguísticos”, mas que não é uma nomenclatura certa para referenciar essa heterogeneidade
que a língua apresenta, mas sim que há uma “diferença” no modo de falar, mas que não
atrapalha o processo comunicativo. O exercício 3 reforça a noção do “erro” novamente, pois a
professora valoriza a língua padrão. Na atividade 4, Cereja e Magalhães (2009) dão a
oportunidade dos alunos refletirem sobre o significado da palavra de origem espanhola
“pechada”. A atividade 5 reforça a falta de conhecimento da professora em afirmar que cada
região tem o seu idioma, pois idioma está associado à outra língua, o correto seria falar que
cada região possui seu dialeto típico de cada grupo social. A atividade 6 associa o conteúdo a
vivência dos alunos, produzindo uma reflexão sobre os fatores que contribuem para a
propagação do preconceito linguístico.
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Na seção “Semântica e discurso” do capítulo 2, página 51, os autores usam como
recurso para discutir o assunto o cartum de Santiago que mostra com humor a evolução da
língua na época do Descobrimento do Brasil (1500) e na atualidade. As atividades 1, 2, 3 e 4
estão em anexo (N), sendo que a primeira propicia um entendimento do contexto histórico
retratado pelo cartunista, a segunda explora o humor presente no cartum que está no uso do
vocábulo “provedor” que é uma empresa que liga o computador de uma pessoa à rede
internacional de computadores, a Internet. Já a terceira, abrange o processo de variação desde
o descobrimento até os dias atuais. O quarto dá a oportunidade ao aluno de descobrir a relação
do português brasileiro com o português lusitano.
Ainda na seção “Semântica e discurso” página 52, as atividades 5, 6 e 7 que estão em
anexo (O), dão a oportunidade dos alunos refletirem sobre a variedade gíria, em que os
autores usam a anedota de Ziraldo para contar a história do pai professor de gramática que ao
ouvir as palavras “cafona e careta” solicita aos filhos que não falem mais essas duas palavras.
O exercício 5 explora o efeito de humor causado pela anedota, já o exercício 6, explica que a
gíria “é uma espécie de modismo linguístico” (CEREJA; MAGALHÃES, 2009, p. 52) vê-se
que os autores apresentam conceitos durante a construção do enunciado do exercício em que é
solicitado o sentido das palavras “cafona e careta”, propiciando uma oportunidade ao
professor de Língua Portuguesa trabalhar o emprego dessas palavras que vêm sendo
incorporadas ao vocabulário da língua. A atividade 7 desenvolve um trabalho voltado para a
coleta de dados, em que é proposto aos alunos uma conversa com os pais e avós para coletar
gírias que faziam parte de sua época. Nessa mesma atividade os autores trazem um texto
intitulado “Contraponto” que foi publicado na Folha de São Paulo em 15 de janeiro de 1998
em que sugere uma reflexão aos alunos sobre a valorização da variedade padrão.
No capítulo 3, volume 6º ano, a Unidade 1, página 55, os autores pretendem
desenvolver nos alunos habilidades de leitura de textos verbais e não verbais, de modo que os
exercícios exploram a oralidade dos alunos. A referida unidade inicia-se com a leitura da
pintura de Walter Beach Jumphrey que retrata uma situação de época e explora atividades que
oportunizam a interpretação, da obra (Anexo P). No entanto, a referida unidade apresenta o
conteúdo sobre variação linguística apenas na seção “Semântica e discurso” página