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Língua Portuguesa - EMAE

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Prévia do material em texto

. 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EMAE-SP 
Praticante Operador de Usina 
 
 
Interpretação de texto .......................................................................................................................... 1 
Argumentação ..................................................................................................................................... 9 
Pressupostos e subentendidos .......................................................................................................... 19 
Níveis de linguagem .......................................................................................................................... 23 
Articulação do texto: coesão e coerência ........................................................................................... 36 
Termos da oração. Processos de coordenação e subordinação ........................................................ 61 
Discurso direto e indireto ................................................................................................................... 80 
Tempos, modos e vozes verbais. Classes de palavras ...................................................................... 88 
Flexão nominal e verbal ................................................................................................................... 151 
Concordância nominal e verbal ........................................................................................................ 161 
Regência nominal e verbal ............................................................................................................... 183 
Ocorrência da Crase ........................................................................................................................ 193 
Ortografia e acentuação .................................................................................................................. 201 
Pontuação ....................................................................................................................................... 224 
Equivalência e transformação de estruturas .................................................................................... 234 
Redação .......................................................................................................................................... 244 
 
 
 
Candidatos ao Concurso Público, 
O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para dúvidas 
relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom 
desempenho na prova. 
As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar 
em contato, informe: 
- Apostila (concurso e cargo); 
- Disciplina (matéria); 
- Número da página onde se encontra a dúvida; e 
- Qual a dúvida. 
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. O 
professor terá até cinco dias úteis para respondê-la. 
Bons estudos! 
1486134 E-book gerado especialmente para JOCIVALDO BASTOS BORGES
 
. 1 
 
 
Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante 
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica 
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida 
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente 
para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores@maxieduca.com.br 
 
INTERPRETAÇÃO 
 
Cada vez mais, é comprovada a dificuldade dos estudantes, de qualquer idade, e para qualquer 
finalidade de compreender o que se pede em textos, e também dos enunciados. Qual a importância de 
entender um texto? 
Para se compreender um texto precisa entender o que um texto não é conforme diz Platão e Fiorin: 
“Não é amontoando os ingredientes que se prepara uma receita; assim também não é superpondo frases 
que se constrói um texto”.1 
Ou seja, um texto não é um aglomerado de frases, ele tem um começo, meio, fim, uma mensagem a 
transmitir, tem coerência, e cada frase faz parte de um todo. 
Na verdade, o texto pode ser a questão em si, a leitura que fazemos antes de resolver o exercício. E 
como é possível cometer um erro numa simples leitura de enunciado? Mais fácil de acontecer do que se 
imagina. Se na hora da leitura, deixamos de prestar atenção numa só palavra, como um “não”, já muda 
a interpretação. Veja a diferença: 
Qual opção abaixo não pertence ao grupo? 
Qual opção abaixo pertence ao grupo? 
 
Isso já muda totalmente a questão, e se o leitor está desatento, vai marcar a primeira opção que 
encontrar correta. Pode parecer exagero pelo exemplo dado, mas tenha certeza que isso acontece mais 
do que imaginamos, ainda mais na pressão da prova, tempo curto e muitas questões. Partindo desse 
princípio, se podemos errar num simples enunciado, que é um texto curto, imagine os erros que podemos 
cometer ao ler um texto maior, sem prestar devida atenção aos detalhes. É por isso que é preciso 
melhorar a capacidade de leitura e compreensão. 
 
Texto 
É um conjunto de ideias organizadas e relacionadas entre si, formando um todo significativo capaz de 
produzir interação comunicativa (capacidade de codificar e decodificar). 
 
Contexto 
Um texto é constituído por diversas frases. Em cada uma delas, há certa informação que a faz ligar-se 
com a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a estruturação do conteúdo a ser transmitido. 
A essa interligação dá-se o nome de contexto. Nota-se que o relacionamento entre as frases é tão grande, 
que se uma frase for retirada de seu contexto original e analisada separadamente, poderá ter um 
significado diferente daquele inicial. O contexto pode ser entendido com unidade linguística maior onde 
se encaixa uma unidade linguística menor.2 
 
Intertexto 
Quando um texto retoma outro, constrói-se com base em outro. 
 
Intertextualidade 
É exatamente a relação entre dois textos. 
 
Interpretação de Texto 
O primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a identificação de sua ideia principal. A partir 
daí, localizam-se as ideias secundárias, ou fundamentações, as argumentações ou explicações que 
levem ao esclarecimento das questões apresentadas na prova. 
 
1 PLATÃO, Fiorin, Lições sobre o texto. Ática 2011. 
2 PLATÂO, Fiorin, Para entender o texto, Ática, 1990. 
Interpretação de texto 
 
1486134 E-book gerado especialmente para JOCIVALDO BASTOS BORGES
 
. 2 
Normalmente, numa prova o candidato é convidado a: 
 
Identificar 
Reconhecer os elementos fundamentais de uma argumentação, de um processo, de uma época (neste 
caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o tempo). 
 
Comparar 
Descobrir as relações de semelhança ou de diferenças entre as situações do texto. 
 
Comentar 
Relacionar o conteúdo apresentado com uma realidade, opinando a respeito. 
 
Resumir 
Concentrar as ideias centrais e/ou secundárias em um só parágrafo. 
 
Parafrasear 
Reescrever o texto com outras palavras. 
 
Exemplo: 
 
Título do Texto Paráfrases 
 
“O Homem Unido” 
A integração do mundo. 
A integração da humanidade. 
A união do homem. 
Homem + Homem = Mundo. 
A macacada se uniu. (sátira) 
 
Condições Básicas para Interpretar 
Faz-se necessário: 
(A) Conhecimento Histórico – literário (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), leitura e prática. 
(B) Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do texto) e semântico. Na semântica (significado 
das palavras) incluem-se: homônimos e parônimos, denotação e conotação, sinonímia e antonímia, 
polissemia, figuras de linguagem, entre outros.(C) Capacidade de observação e de síntese. 
(D) Capacidade de raciocínio. 
 
Interpretar X Compreender 
 
Interpretar Significa Compreender Significa 
Explicar, comentar, julgar, tirar 
conclusões, deduzir. 
Tipos de enunciados: 
- através do texto, infere-se que... 
- é possível deduzir que... 
- o autor permite concluir que... 
- qual é a intenção do autor ao afirmar 
que... 
Intelecção, entendimento, atenção ao que realmente 
está escrito. 
Tipos de enunciados: 
- o texto diz que... 
- é sugerido pelo autor que... 
- de acordo com o texto, é correta ou errada a 
afirmação... 
- o narrador afirma... 
 
Erros de Interpretação 
 
É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência de erros de interpretação. Os mais frequentes 
são: 
Extrapolação (viagem) 
Ocorre quando se sai do contexto, acrescentado ideias que não estão no texto, quer por conhecimento 
prévio do tema quer pela imaginação. 
Redução 
É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a um aspecto, esquecendo que um texto é um 
conjunto de ideias, o que pode ser insuficiente para o total do entendimento do tema desenvolvido. 
 
1486134 E-book gerado especialmente para JOCIVALDO BASTOS BORGES
 
. 3 
Contradição 
Não raro, o texto apresenta ideias contrárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivocadas 
e, consequentemente, errando a questão. 
 
Atenção: Muitos pensam que há a ótica do escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas 
numa prova de concurso o que deve ser levado em consideração é o que o autor diz e nada mais. 
 
Coesão 
É o emprego de mecanismo de sintaxe que relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre 
si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um pronome relativo, uma conjunção (nexos), 
ou um pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se vai dizer e o que já foi dito. São 
muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e do pronome 
oblíquo átono. Este depende da regência do verbo; aquele do seu antecedente. Não se pode esquecer 
também de que os pronomes relativos têm, cada um, um valor semântico, por isso a necessidade de 
adequação ao antecedente. Os pronomes relativos são muito importantes na interpretação de texto, pois 
seu uso incorreto traz erros de coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que existe um 
pronome relativo adequado a cada circunstância. 
 
Vícios de Linguagem 
Há os vícios de linguagem clássicos (barbarismo, solecismo, cacofonia); no dia a dia, porém, existem 
expressões que são mal empregadas, e por força desse hábito cometem-se erros graves como: 
- “Ele correu risco de vida”, quando a verdade o risco era de morte. 
- “Senhor professor, eu lhe vi ontem”. Neste caso, o pronome oblíquo átono correto é “o”. 
- “No bar: me vê um café”. Erro de posição do pronome, que deveria vir após o verbo (vê-me). 
 
Algumas dicas para interpretar um texto 
 
1. Leia bastante. Textos de diversas áreas, assuntos distintos nos trazem diferentes formas de 
pensar. Leia textos de bom nível. 
2. Pratique com exercícios de interpretação. Questões simples, mas que nos ajuda a ter certeza 
que estamos prestando atenção na leitura. 
3. Cuidado com o “olho ninja”, aquele que quando damos conta, já está no final da página, e nem 
lembramos o que lemos no meio dela. Talvez seja hora de descansar um pouco, ou voltar a leitura num 
ponto que estávamos prestando atenção, e reler. 
4. Ative seu conhecimento prévio antes de iniciar o texto. Qualquer informação, mínima que seja, 
nos ajuda a compreender melhor o assunto do texto. 
5. Faça uma primeira leitura superficial, para identificar a ideia central do texto, e assim, levantar 
hipóteses e saber sobre o que se fala. 
6. Leia as questões antes de fazer uma segunda leitura mais detalhada. Assim, você economiza 
tempo se no meio da leitura identificar uma possível resposta. 
7. Preste atenção nas informações não-verbais. Tudo que vem junto com o texto, é para ser usado 
ao seu favor. Por isso, imagens, gráficos, tabelas, etc., servem para facilitar nossa leitura. 
8. Use o texto. Rabisque, anote, grife, circule... enfim, procure a melhor forma para você, pois cada 
um tem seu jeito de resumir e pontuar melhor os assuntos de um texto. 
 
Além dessas dicas importantes, você também pode grifar palavras novas, e procurar seu significado 
para aumentar seu vocabulário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas são uma distração, 
mas também um aprendizado. 
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a compreensão do texto e ajudar a aprovação, 
ela também estimula nossa imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora nosso foco, cria 
perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além de melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de 
memória. 
 
Organização do Texto e Ideia Central 
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias seletas e organizadas, através dos 
parágrafos, composto pela ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão do texto. 
Podemos desenvolver um parágrafo de várias formas: 
 
- Declaração inicial; 
1486134 E-book gerado especialmente para JOCIVALDO BASTOS BORGES
 
. 4 
- Definição; 
- Divisão; 
- Alusão histórica. 
 
Serve para dividir o texto em pontos menores, tendo em vista os diversos enfoques. 
Convencionalmente, o parágrafo é indicado através da mudança de linha e um espaçamento da margem 
esquerda. Uma das partes bem distintas do parágrafo é o tópico frasal, ou seja, a ideia central extraída 
de maneira clara e resumida. Atentando-se para a ideia principal de cada parágrafo, asseguramos um 
caminho que nos levará à compreensão do texto. 
 
Os Tipos de Texto 
Basicamente, existem três tipos de texto: 
- Texto narrativo; 
- Texto descritivo; 
- Texto dissertativo. 
 
Cada um desses textos possui características próprias de construção, que pode ser estudado mais 
profundamente na tipologia textual. 
 
É comum encontrarmos queixas de que não sabem interpretar textos. Muitos têm aversão a exercícios 
nessa categoria. Acham monótono, sem graça, e outras vezes dizem: cada um tem o seu próprio 
entendimento do texto ou cada um interpreta a sua maneira. No texto literário, essa ideia tem algum 
fundamento, tendo em vista a linguagem conotativa, os símbolos criados, mas em texto não literário isso 
é um equívoco. Diante desse problema, seguem algumas dicas para você analisar, compreender e 
interpretar com mais proficiência. 
 
- Crie o hábito da leitura e o gosto por ela. Quando nós passamos a gostar de algo, compreendemos 
melhor seu funcionamento. Nesse caso, as palavras tornam-se familiares a nós mesmos. Não se deixe 
levar pela falsa impressão de que ler não faz diferença. Leia tudo que tenha vontade, com o tempo você 
se tornará mais seleto e perceberá que algumas leituras foram superficiais e, às vezes, até ridículas. 
Porém, elas foram o ponto de partida e o estímulo para se chegar a uma leitura mais refinada. 
- Seja curioso, investigue as palavras que circulam em seu meio. 
- Aumente seu vocabulário e sua cultura. Além da leitura, um bom exercício para ampliar o léxico é 
fazer palavras cruzadas. 
- Faça exercícios de sinônimos e antônimos. 
- Leia algumas vezes o texto, pois a primeira impressão pode ser falsa. É preciso paciência para ler 
outras vezes. Antes de responder as questões, retorne ao texto para sanar as dúvidas. 
- Atenção ao que se pede. Às vezes a interpretação está voltada a uma linha do texto e por isso você 
deve voltar ao parágrafo para localizar o que se afirma. Outras vezes, a questão está voltada à ideia geral 
do texto. 
- Fique atento a leituras de texto de todas as áreas do conhecimento, porque algumas perguntas 
extrapolam ao que está escrito. Veja um exemplo disso: 
 
Texto 
 
Pode dizer-se quea presença do negro representou sempre fator obrigatório no desenvolvimento dos 
latifúndios coloniais. Os antigos moradores da terra foram, eventualmente, prestimosos colaboradores da 
indústria extrativa, na caça, na pesca, em determinados ofícios mecânicos e na criação do gado. 
Dificilmente se acomodavam, porém, ao trabalho acurado e metódico que exige a exploração dos 
canaviais. Sua tendência espontânea era para as atividades menos sedentárias e que pudessem exercer-
se sem regularidade forçada e sem vigilância e fiscalização de estranhos. 
(Sérgio Buarque de Holanda, in Raízes) 
 
Infere-se do texto que os antigos moradores da terra eram: 
(A) os portugueses. 
(B) os negros. 
(C) os índios. 
(D) tanto os índios quanto aos negros. 
(E) a miscigenação de portugueses e índios. 
(Aquino, Renato. Interpretação de textos, 2ª edição. Rio de Janeiro: Impetus, 2003.) 
1486134 E-book gerado especialmente para JOCIVALDO BASTOS BORGES
 
. 5 
Resposta “C”. Apesar do autor não ter citado o nome dos índios, é possível concluir pelas 
características apresentadas no texto. Essa resposta exige conhecimento que extrapola o texto. 
 
- Tome cuidado com as vírgulas. Veja por exemplo a diferença de sentido nas frases a seguir: 
(1) Só, o Diego da M110 fez o trabalho de artes. 
(2) Só o Diego da M110 fez o trabalho de artes. 
(3) Os alunos dedicados passaram no vestibular. 
(4) Os alunos, dedicados, passaram no vestibular. 
(5) Marcão, canta Garçom, de Reginaldo Rossi. 
(6) Marcão canta Garçom, de Reginaldo Rossi. 
 
Explicações: 
(1) Diego fez sozinho o trabalho de artes. 
(2) Apenas o Diego fez o trabalho de artes. 
(3) Havia, nesse caso, alunos dedicados e não dedicados e passaram no vestibular somente os que 
se dedicaram, restringindo o grupo de alunos. 
(4) Nesse outro caso, todos os alunos eram dedicados. 
(5) Marcão é chamado para cantar. 
(6) Marcão pratica a ação de cantar. 
 
Leia o trecho e analise a afirmação que foi feita sobre ele: 
 
“Sempre fez parte do desafio do magistério administrar adolescentes com hormônios em ebulição e 
com o desejo natural da idade de desafiar as regras. A diferença é que, hoje, em muitos casos, a relação 
comercial entre a escola e os pais se sobrepõe à autoridade do professor”. 
 
Frase para análise. 
 
Desafiar as regras é uma atitude própria do adolescente das escolas privadas. E esse é o grande 
desafio do professor moderno. 
 
- Não é mencionado que a escola seja da rede privada. 
- O desafio não é apenas do professor atual, mas sempre fez parte do desafio do magistério. Outra 
questão é que o grande desafio não é só administrar os desafios às regras, isso é parte do desafio, há 
também os hormônios em ebulição que fazem parte do desafio do magistério. 
 
- Atenção ao uso da paráfrase (reescrita do texto sem prejuízo do sentido original). 
- A paráfrase pode ser construída de várias formas, veja algumas delas: substituição de locuções por 
palavras; uso de sinônimos; mudança de discurso direto por indireto e vice-versa; converter a voz ativa 
para a passiva; emprego de antonomásias ou perífrases (Rui Barbosa = A águia de Haia; o povo lusitano 
= portugueses). 
 
Observe a mudança de posição de palavras ou de expressões nas frases. Exemplos: 
- Certos alunos no Brasil não convivem com a falta de professores. 
- Alunos certos no Brasil não convivem com a falta de professores. 
- Os alunos determinados pediram ajuda aos professores. 
- Determinados alunos pediram ajuda aos professores. 
 
Explicações: 
- Certos alunos = qualquer aluno. 
- Alunos certos = aluno correto. 
- Alunos determinados = alunos decididos. 
- Determinados alunos = qualquer aluno. 
 
 
 
 
 
 
1486134 E-book gerado especialmente para JOCIVALDO BASTOS BORGES
 
. 6 
Questões 
 
01. (TRE/GO - Analista Judiciário - CESPE) 
 
 
Depreende-se da argumentação do texto que 
(A) a criação de um conhecimento pós-moderno apoia-se na utopia da ideologia e da prática 
consumista. 
(B) tanto uma interpretação monopolizada quanto a falta de interpretação são prejudiciais à 
humanidade. 
(C) tanto a ciência moderna quanto outras formas de racionalidade prejudicaram a luta contra os 
monopólios de interpretação. 
(D) o fim dos monopólios de interpretação teve como uma de suas consequências o enfraquecimento 
da religião, do Estado, da família e dos partidos. 
 
02. (CFP - Técnico em Informática - Quadrix) 
 
 
Sobre a interpretação dos quadrinhos, assinale a alternativa correta. 
(A) Os quadrinhos não causariam o riso, independentemente do perfil do leitor e da leitura realizada. 
(B) Depois de o marido afirmar ser estéril, não seria possível de maneira alguma a mulher estar grávida. 
(C) Na verdade, pode-se concluir que a mulher mentiu para o marido em relação à gravidez, querendo 
apenas assustá-lo. 
(D) As imagens em nada se relacionam ao texto dos quadrinhos. 
(E) No primeiro quadrinho, a maneira de falar e as imagens mostram que a mulher imaginou que daria 
uma boa notícia ao marido. 
 
03. (MPE/ES - Promotor de Justiça Substituto - FAPEC) 
A arte de ser feliz – Cecília Meireles 
 
Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. 
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco. 
1486134 E-book gerado especialmente para JOCIVALDO BASTOS BORGES
 
. 7 
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. 
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas 
gotas de água sobre as plantas. 
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, pra que o jardim não morresse. 
E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros 
e meu coração ficava completamente feliz. 
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. 
Outras vezes encontro nuvens espessas. 
Avisto crianças que vão para a escola. 
Pardais que pulam pelo muro. 
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. 
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. 
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega. 
Às vezes, um galo canta. 
Às vezes, um avião passa. 
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. 
E eu me sinto completamente feliz. 
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que 
essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é 
preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim. 
Glossário: Félix Lope de Vega y Carpio 
 
A partir da leitura e interpretação do texto acima, assinale a alternativa correta: 
(A) O texto apresenta o modo descritivo-narrativo, trazendo como uma de suas mensagens a ideia de 
que o ser humano precisa aprender a ver com olhos conscientes para poder captar a realidade em sua 
plenitude. 
(B) O texto apresenta o modo dissertativo-argumentativo, porque está baseado na defesa de uma ideia 
visando convencer o leitor de que as pessoas precisam enxergar as coisas e fatos mais singelos do 
cotidiano para alcançar a felicidade. 
(C) O texto apresenta somente o modo narrativo, trazendo a ideia de que todos devem ter uma só 
visão sobre o mundo. 
(D) O texto apresenta somente o modo injuntivo ou instrucional, pois objetiva, sobretudo, trazer 
explicações sobre a visão do ser humano, sem a finalidade de convencer o leitor por meio de argumentos. 
(E) O texto apresenta somente o modo descritivo ao fazer o retrato minucioso escrito de um lugar, uma 
cena, uma pessoa e alguns animais, identificados como “pequenas felicidades certas”. 
 
04. (Prev. São José/PR - Agente Administrativo - FAUEL/2017) 
 
Cassini faz primeiro mergulho entre Saturno e seus anéis; cientistas esperam dados de 
qualidade inédita. 
 
Após 13 anos em órbita, a sonda CassiniHuygens já estáenviando informações para a Terra após ter 
feito seu primeiro “mergulho” entre os anéis de Saturno - são 22 planejados para os próximos cinco 
meses. 
A Cassini começou a executar a manobra - considerada difícil e delicada - na última quarta-feira e 
restabeleceu contato com a Nasa (agência espacial americana) na manhã desta quinta. A sonda se 
movimenta a 110 mil km/h, tão rapidamente que qualquer colisão com outros objetos - mesmo partículas 
de terra ou gelo - poderia provocar danos. 
Um objetivo central é determinar a massa e, portanto, a idade dos anéis - formados, acredita-se, por 
gelo e água. Quanto maior a massa, mais velhos eles podem ser, talvez tão antigos quanto Saturno. Os 
cientistas pretendem descobrir isso ao estudar como a velocidade da sonda é alterada enquanto ela voa 
entre os campos gravitacionais gerados pelo planeta e pelas faixas de gelo que giram em torno dele. 
 
Fragmento do texto publicado no site da BBC Brasil, por Jonathan Amos, correspondente de Ciência da BBC, dia 27 de abril de 2017. 
 
Quanto ao gênero e interpretação do texto, é CORRETO afirmar que se trata de um trecho de: 
 
(A) uma biografia dos cientistas Cassini e Huygens. 
(B) uma notícia sobre um avanço científico. 
(C) uma reportagem política sobre a Nasa. 
1486134 E-book gerado especialmente para JOCIVALDO BASTOS BORGES
 
. 8 
(D) um artigo científico sobre velocidade. 
(E) um texto acadêmico sobre a Via Láctea. 
 
05. (CREF 12ª Região - Assistente Administrativo - QUADRIX) 
 
 
 
A interpretação da tirinha, de uma maneira global, permite compreender que: 
(A) As razões pelas quais Ágatha troca Gaturro por um novo namorado são puramente sentimentais. 
(B) Ágatha não consegue apresentar quaisquer razões para ter trocado de namorado. 
(C) Ágatha e Gaturro continuam sendo namorados, apesar de ela afirmar o contrário. 
(D) À medida que Ágatha apresenta suas razões, Gaturro se sente mais e mais humilhado, sentimento 
que tem seu ápice nos dois últimos quadrinhos. 
(E) A relação entre Ágatha e Gaturro sempre foi conturbada, o que se pode comprovar pelas feições 
alternadas de Gato Viga ao longo do desenrolar dos fatos. 
 
Gabarito 
 
01.B / 02.E / 03.A / 04.B / 05.D 
 
Comentários 
 
01. Resposta: B 
O texto argumenta a dificuldade que a ciência moderna teve em relação a quebrar paradigmas 
estabelecidos, que existe um monopólio de interpretação e que este somente pode ser prejudicial não 
permitindo outras formas de interpretação. 
 
1486134 E-book gerado especialmente para JOCIVALDO BASTOS BORGES
 
. 9 
02. Resposta: E 
Em relação as quadrinhos é necessário para uma boa interpretação, prestar atenção nos desenhos e 
na linguagem. No primeiro quadrinho a esposa realmente com um rosto feliz pensa que sua fala será 
impactante e alegre para o seu marido. 
 
03. Resposta: A 
O modo descritivo-narrativo se apresenta no texto, uma vez que existe a descrição de um personagem 
que molha as plantas, e uma narrativa ao mesmo tempo, a descrição é bem sucinta, ou seja, bem rápida 
e leve. 
 
04. Resposta: B 
O texto expõe claramente um tema sobre avanço científico, sobre a sonda que faz 13 anos está em 
órbita enviando informações para a terra. 
 
05. Resposta: D 
Sim, à medida que Ágatha vai mencionando partes do corpo do seu novo namorado, o Gaturro chega à 
conclusão que é melhor inverter o discurso, para não precisar ouvir mais qualidades do seu novo 
namorado, e suas expressões evidenciam isso claramente. 
 
 
 
A argumentação é o conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir a pessoa a 
quem a comunicação se destina. Está presente em todo tipo de texto e visa a promover adesão às teses 
e aos pontos de vista defendidos. 
O argumento é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocutor a crer naquilo que está 
sendo dito, a aceitar como verdadeiro o que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio 
da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recursos de linguagem. 
 
Tipos de Argumentos 
 
Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a fazer o interlocutor dar preferência à tese 
do enunciador é um argumento. 
 
Argumento de Autoridade 
É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas pelo auditório como autoridades em 
certo domínio do saber, para servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Ex. A imaginação é 
mais importante do que o conhecimento. 
Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para ele, uma coisa vem antes da outra: sem 
imaginação, não há conhecimento. Nunca o inverso. 
Alex José Periscinoto. 
In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2 
 
Argumento de Quantidade 
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior número de pessoas, o que existe em maior 
número, o que tem maior duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento desse tipo de 
argumento é que mais = melhor. A publicidade faz largo uso do argumento de quantidade. 
 
Argumento do Consenso 
Baseada em afirmações de uma determinada época, aceitas como verdadeiras. Ex. Atualmente o meio 
ambiente precisa ser protegido. Ex. Condições de vida melhores são piores nos paíse subsdesenvolvidos. 
 
Argumento de Existência 
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar aquilo que comprovadamente existe 
do que aquilo que é apenas provável, que é apenas possível. Ex. Mais vale um pássaro na mão do que 
dois voando 
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais (fotos, estatísticas, depoimentos, gra-
vações, etc.) 
Argumentação 
 
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. 10 
Argumento quase lógico 
É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa e efeito, analogia, implicação, iden-
tidade, etc. Esses raciocínios são chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios lógicos, 
eles não pretendem estabelecer relações necessárias entre os elementos, mas sim instituir relações 
prováveis, possíveis, plausíveis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, “então A é 
igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade lógica. Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo 
meu é meu amigo” não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade provável. 
 
Argumento do Atributo 
É aquele que considera melhor o que tem propriedades típicas daquilo que é mais valorizado 
socialmente, por exemplo, o mais raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o que 
é mais grosseiro, etc. 
Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, celebridades recomendando prédios 
residenciais, produtos de beleza, alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor tende 
a associar o produto anunciado com atributos da celebridade. 
Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saúde de uma personalidade pública. Ele 
poderia fazê-lo das duas maneiras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais adequada 
para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria certa estranheza e não criaria uma imagem de 
competência do médico: 
 
Ex.Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em conta o caráter invasivo de alguns 
exames, a equipe médica houve por bem determinar o internamento do governador pelo período de três 
dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001. Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque 
alguns deles são barras-pesadas, a gente botou o governador no hospital por três dias. 
 
Refutação pelo absurdo 
Refuta-se uma afirmação demonstrando o absurdo da consequência. Ex. clássico é a 
contra-argumentação do cordeiro, na conhecida fábula "O lobo e o cordeiro". 
 
Refutação por exclusão 
Consiste em propor várias hipóteses para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julgaverdadeira. 
 
Desqualificação do argumento 
Atribui-se o argumento à opinião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a universalidade da 
afirmação. 
 
Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade 
Consiste em refutar um argumento empregando os testemunhos de autoridade que contrariam a 
afirmação apresentada. 
 
Desqualificar dados concretos apresentados 
Consiste em desautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador baseou-se em dados corretos, 
mas tirou conclusões falsas ou inconsequentes. Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por meio 
de dados estatísticos, que "o controle demográfico produz o desenvolvimento", afirma-se que a conclusão 
é inconsequente, pois se baseia em uma relação de causa-efeito difícil de ser comprovada. Para 
contra-argumentar, propõe-se uma relação inversa: "o desenvolvimento é que gera o controle 
demográfico". 
Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para desenvolver um tema, que podem ser 
analisadas e adaptadas ao desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em seguida, 
sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados para a elaboração de um Plano de Redação. 
 
Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução tecnológica 
 
- Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder a interrogação (assumir um ponto de 
vista); dar o porquê da resposta, justificar, criando um argumento básico; 
- Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e construir uma contra-argumentação; 
pensar a forma de refutação que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la (rever tipos 
de argumentação); 
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. 11 
- Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias que estejam direta ou indiretamente 
ligadas ao tema (as ideias podem ser listadas livremente ou organizadas como causa e consequência); 
- Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o argumento básico; 
- Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que poderão ser aproveitadas no texto; 
essas ideias transformam-se em argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do argumento 
básico; 
- Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma sequência na apresentação das ideias 
selecionadas, obedecendo às partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou menos a 
seguinte 
 
Argumentação 
Anotar todos os argumentos a favor de uma ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição 
totalmente contrária. 
 
Contra-argumentação 
Imaginar um diálogo-debate e quais os argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente 
apresentaria contra a argumentação proposta; 
 
Refutação 
Argumentos e razões contra a argumentação oposta. 
 
A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, argumentar consiste em estabelecer relações 
para tirar conclusões válidas, como se procede no método dialético. O método dialético não envolve 
apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas. Trata-se de um método de investigação da 
realidade pelo estudo de sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em questão e da 
mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade. 
 
- evidência; 
- divisão ou análise; 
- ordem ou dedução; 
- enumeração. 
 
A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão e a incompreensão. Qualquer erro na 
enumeração pode quebrar o encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo. 
A forma de argumentação mais empregada na redação acadêmica é o silogismo, raciocínio baseado 
nas regras cartesianas, que contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e a conclusão. As 
três proposições são encadeadas de tal forma, que a conclusão é deduzida da maior por intermédio da 
menor. A premissa maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois alguns não caracteriza a 
universalidade. 
Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (silogística), que parte do geral para o 
particular, e a indução, que vai do particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo é o 
silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se em uma conexão descendente (do geral 
para o particular) que leva à conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, de verdades 
universais, pode-se chegar à previsão ou determinação de fenômenos particulares. O percurso do 
raciocínio vai da causa para o efeito. Ex. 
 
Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal) 
Fulano é homem (premissa menor = particular) 
Logo, Fulano é mortal (conclusão) 
 
A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseia-se em uma conexão ascendente, do 
particular para o geral. Nesse caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, parte de 
fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconhecidos. O percurso do raciocínio se faz do 
efeito para a causa. Ex. 
 
O calor dilata o ferro (particular) 
O calor dilata o bronze (particular) 
O calor dilata o cobre (particular) 
O ferro, o bronze, o cobre são metais 
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. 12 
Logo, o calor dilata metais (geral, universal) 
 
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido e verdadeiro; a conclusão será verdadeira 
se as duas premissas também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fatos, pode-se partir 
de premissas verdadeiras para chegar a uma conclusão falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma 
definição inexata, uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia são algumas causas 
do sofisma. O sofisma pressupõe má fé, intenção deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o 
sofisma não tem essas intenções propositais, costuma-se chamar esse processo de argumentação de 
paralogismo. Encontra-se um exemplo simples de sofisma no seguinte diálogo: 
 
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? 
- Lógico, concordo. 
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates? 
- Claro que não! 
- Então você possui um brilhante de 40 quilates... 
 
Exemplos de sofismas: 
 
Dedução 
Todo professor tem um diploma (geral, universal) 
Fulano tem um diploma (particular) 
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa) 
 
Indução 
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular) 
Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular) 
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades. 
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral – conclusão falsa) 
 
Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão pode ser falsa. Nem todas as pessoas 
que têm diploma são professores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Redentor. Comete-se 
erro quando se faz generalizações apressadas ou infundadas. A "simples inspeção" é a ausência de 
análise ou análise superficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, baseados nos 
sentimentos não ditados pela razão. 
Existem, ainda, outros métodos, subsidiários ou não fundamentais, que contribuem para a descoberta 
ou comprovação da verdade: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, existem outros 
métodos particulares de algumas ciências, que adaptam os processos de dedução e indução à natureza 
de uma realidade particular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu método próprio demonstrativo, 
comparativo, histórico etc. A análise, a síntese, a classificação a definição são chamadas métodos 
sistemáticos, porque pela organização e ordenação das ideias visam sistematizar a pesquisa. 
 
Análise e síntese 
São dois processos opostos, mas interligados; a análise parte do todo para as partes, a síntese, das 
partes para o todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma depende da outra. A análise 
decompõe o todo em partes, enquanto a síntese recompõe o todo pela reunião daspartes. Sabe-se, 
porém, que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém reunisse todas as peças de 
um relógio, não significa que reconstruiu o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só 
reconstruiria todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combinadas, seguida uma ordem 
de relações necessárias, funcionais, então, o relógio estaria reconstruído. 
Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo por meio da integração das partes, reunidas 
e relacionadas num conjunto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a análise, que é a 
decomposição. A análise, no entanto, exige uma decomposição organizada, é preciso saber como dividir 
o todo em partes. As operações que se realizam na análise e na síntese podem ser assim relacionadas: 
 
Análise: penetrar, decompor, separar, dividir. 
Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir. 
A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias a respeito do tema proposto, de seu 
desdobramento e da criação de abordagens possíveis. A síntese também é importante na escolha dos 
elementos que farão parte do texto. 
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. 13 
Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou informal. A análise formal pode ser 
científica ou experimental; é característica das ciências matemáticas, físico-naturais e experimentais. 
A análise informal é racional ou total, consiste em “discernir” por vários atos distintos da atenção os 
elementos constitutivos de um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno. 
A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabelece as necessárias relações de 
dependência e hierarquia entre as partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se 
confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos: análise é decomposição e classificação 
é hierarquização. 
Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenômenos por suas diferenças e semelhanças; 
fora das ciências naturais, a classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou menos 
arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores são empregados de modo mais ou menos 
convencional. A classificação, no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, gêneros e 
espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas características comuns e diferenciadoras. A 
classificação dos variados itens integrantes de uma lista mais ou menos caótica é artificial. 
Ex. aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão, canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, 
pintassilgo, queijo, relógio, sabiá, torradeira. 
 
Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá. 
Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo. 
Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira. 
Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus. 
 
Os elementos desta lista foram classificados por ordem alfabética e pelas afinidades comuns entre 
eles. Estabelecer critérios de classificação das ideias e argumentos, pela ordem de importância, é uma 
habilidade indispensável para elaborar o desenvolvimento de uma redação. Tanto faz que a ordem seja 
crescente, do fato mais importante para o menos importante, ou decrescente, primeiro o menos 
importante e, no final, o impacto do mais importante; é indispensável que haja uma lógica na classificação. 
A elaboração do plano compreende a classificação das partes e subdivisões, ou seja, os elementos do 
plano devem obedecer a uma hierarquização. (Garcia, 1973, p. 302-304.) 
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na introdução, os termos e conceitos sejam 
definidos, pois, para expressar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara e racionalmente 
as posições assumidas e os argumentos que as justificam. É muito importante deixar claro o campo da 
discussão e a posição adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também os pontos de vista sobre 
ele. 
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da linguagem e consiste na enumeração das 
qualidades próprias de uma ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento conforme a espécie 
a que pertence, demonstra: a característica que o diferencia dos outros elementos dessa mesma espécie. 
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição é um dos mais importantes, sobretudo 
no âmbito das ciências. A definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às palavras seu 
sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou metafórica emprega palavras de sentido figurado. 
Segundo a lógica tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos: 
- o termo a ser definido; 
- o gênero ou espécie; 
- a diferença específica. 
 
O que distingue o termo definido de outros elementos da mesma espécie. Exemplo: 
 
 
 
É muito comum formular definições de maneira defeituosa, por exemplo: Análise é quando a gente 
decompõe o todo em partes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando é advérbio de 
tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é forma coloquial não adequada à redação 
acadêmica. Tão importante é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973, p.306), para 
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. 14 
determinar os "requisitos da definição denotativa”. Para ser exata, a definição deve apresentar os 
seguintes requisitos: 
- o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em que está incluído: “mesa é um móvel” 
(classe em que ‘mesa’ está realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta ou 
instalação”; 
- o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os exemplos específicos da coisa definida, 
e suficientemente restritos para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade; 
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade, definição, quando se diz que o “triângulo 
não é um prisma”; 
- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui definição exata, porque a recíproca, “Todo 
ser vivo é um homem” não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem); 
- deve ser breve (contida num só período). Quando a definição, ou o que se pretenda como tal, é muito 
longa (séries de períodos ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição expandida; 
- deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) + cópula (verbo de ligação ser) + predicativo 
(o gênero) + adjuntos (as diferenças). 
 
As definições dos dicionários de língua são feitas por meio de paráfrases definitórias, ou seja, uma 
operação metalinguística que consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a palavra e 
seus significados. 
A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. Sempre é fundamental procurar um porquê, 
uma razão verdadeira e necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada com 
argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional do mundo não tem valor, se não estiver 
acompanhado de uma fundamentação coerente e adequada. 
Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica clássica, que foram abordados 
anteriormente, auxiliam o julgamento da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e pode 
reconhecer-se facilmente seus elementos e suas relações; outras vezes, as premissas e as conclusões 
organizam-se de modo livre, misturando-se na estrutura do argumento. Por isso, é preciso aprender a 
reconhecer os elementos que constituem um argumento: premissas/conclusões. Depois de reconhecer, 
verificar se tais elementos são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar se o argumento está expresso 
corretamente; se há coerência e adequação entre seus elementos, ou se há contradição. Para isso é que 
se aprendem os processos de raciocínio por dedução e por indução. Admitindo-se que raciocinar é 
relacionar, conclui-se que o argumento é um tipo específico de relação entreas premissas e a conclusão. 
 
Procedimentos Argumentativos 
 
Constituem os procedimentos argumentativos mais empregados para comprovar uma afirmação , 
dividos em: exemplificação, explicitação, enumeração, comparação. 
 
Exemplificação 
Justifica os pontos de vista através de exemplos. São expressões comuns nesse tipo de procedimento: 
mais importante que, superior a, de maior relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, 
acompanhados de expressões: considerando os dados; conforme os dados apresentados. Faz-se a 
exemplificação, ainda, pela apresentação de causas e consequências, usando-se comumente as 
expressões: porque, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, por causa de, em virtude de, em vista 
de, por motivo de. 
 
Explicitação 
O objetivo de explicar ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar esse objetivo 
pela definição, pelo testemunho e pela interpretação. Na explicitação por definição, empregam-se 
expressões como: quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista, ou melhor; nos 
testemunhos são comuns as expressões: conforme, segundo, na opinião de, no parecer de, consoante 
as ideias de, no entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela interpretação, em 
que são comuns as seguintes expressões: parece, assim, desse ponto de vista. 
 
Enumeração 
Uma apresentação de uma sequência de elementos que comprovam uma opinião, tais como a 
enumeração de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são frequentes as 
expressões: primeiro, segundo, por último, antes, depois, ainda, em seguida, então, presentemente, 
antigamente, depois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente, respectivamente. Na 
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enumeração de fatos em uma sequência de espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, 
ali, aí, além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no interior, nas grandes cidades, no 
sul, no leste. 
 
Comparação 
Analogia e contraste são as duas maneiras de se estabelecer a comparação, com a finalidade de 
comprovar uma ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da mesma forma, tal como, 
tanto quanto, assim como, igualmente. Para estabelecer contraste, empregam-se as expressões: mais 
que, menos que, melhor que, pior que. 
 
Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar o poder de persuasão de um texto 
dissertativo encontram-se: 
 
Introdução 
- função social da ciência e da tecnologia; 
- definições de ciência e tecnologia; 
- indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico. 
 
Desenvolvimento 
- apresentação de aspectos positivos e negativos do desenvolvimento tecnológico; 
- como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as condições de vida no mundo atual; 
- a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologicamente desenvolvida e a dependência 
tecnológica dos países subdesenvolvidos; 
- enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social; 
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do passado; apontar semelhanças e 
diferenças; 
- analisar as condições atuais de vida nos grandes centros urbanos; 
- como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar mais a sociedade. 
 
Conclusão 
- a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/consequências maléficas; 
- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos apresentados. 
 
Questões 
 
01. (PC-PA - Escrivão de Polícia Civil - FUNCAB/2016) Dificilmente, em uma ciência-arte como a 
Psicologia-Psiquiatria, há algo que se possa asseverar com 100% de certeza. Isso porque há áreas 
bastante interpretativas, sujeitas a leituras diversas, a depender do observador e do observado. Porém, 
existe um fato na Psicologia-Psiquiatria forense que é 100% de certeza e não está sujeito a interpretação 
ou a dissimulação por parte de quem está a ser examinado. E revela, objetivamente, dados do psiquismo 
da pessoa ou, em outras palavras, mostra características comportamentais indissimuláveis, claras e 
objetivas. O que pode ser tão exato, em matéria de Psicologia-Psiquiatria, que não admite variáveis? 
Resposta: todos os crimes, sem exceção, são como fotografias exatas e em cores do comportamento do 
indivíduo. E como o psiquismo é responsável pelo modo de agir, por conseguinte, tem os em todos os 
crimes, obrigatoriamente e sempre, elementos objetivos da mente de quem os praticou. 
Por exemplo, o delito foi cometido com multiplicidade de golpes, com ferocidade na execução, não 
houve ocultação de cadáver, não se verifica cúmplice, premeditação etc. Registre-se que esses dados já 
aconteceram. Portanto, são insimuláveis, 100% objetivos. Basta juntar essas características 
comportamentais que teremos algo do psiquismo de quem o praticou. Nesse caso específico, infere-se 
que a pessoa é explosiva, impulsiva e sem freios, provável portadora de algum transtorno ligado à 
disritmia psicocerebral, algum estreitamento de consciência, no qual o sentimento invadiu o pensamento 
e determinou a conduta. 
Em outro exemplo, temos homicídio praticado com um só golpe, premeditado, com ocultação de 
cadáver, concurso de cúmplice etc. Nesse caso, os dados apontam para o lado do criminoso comum, que 
entendia o que fazia. 
Claro que não é possível, apenas pela morfologia do crime, saber-se tudo do diagnóstico do criminoso. 
Mas, por outro lado, é na maneira como o delito foi praticado que se encontram características 100% 
seguras da mente de quem o praticou, a evidenciar fatos, tal qual a imagem fotográfica revela-nos 
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. 16 
exatamente algo, seja muito ou pouco, do momento em que foi registrada. Em suma, a forma como as 
coisas foram feitas revela muito da pessoa que as fez. 
PALOMBA, Guido Arturo. Rev. Psique: n° 100 (ed. comemorativa), p. 82. 
 
Na argumentação desenvolvida, a expressão “Claro que...” (§4) tem como fim introduzir: 
(A) ponto de vista alternativo ementado para a mesma conclusão do texto. 
(B) argumento em favor da tese que está sendo defendida. 
(C) conclusão relativa a argumentos apresentados anteriormente. 
(D) concessão a ponto de vista divergente da tese defendida. 
(E) justificativa ou explicação de ponto de vista anterior. 
 
02. (PR-4 - Assistente em Administração - UFRJ/2017) 
 
O texto adiante é um fragmento do artigo Enegrecer o feminismo: a situação da mulher negra na 
América Latina a partir de uma perspectiva de gênero. Sua autora, Sueli Carneiro, é filósofa, escritora, 
ativista antirracismo do movimento social negro brasileiro, fundadora e coordenadora executiva do 
Geledés – Instituto da Mulher Negra São Paulo SP. 
Leia-o, atentamente, e responda à questão. 
“Insisto em contar a forma pela qual foi assegurada, no registro de nascimento de minha filha Luanda, 
a sua identidade negra. O pai, branco, vai ao cartório, o escrivão preenche o registro e, no campo 
destinado à cor, escreve: branca. O pai diz ao escrivão que a cor está errada, porque a mãe da criança é 
negra. O escrivão, resistente, corrige o erro e planta a nova cor: parda. O pai novamente reage e diz que 
sua filha não é parda. O escrivão irritado pergunta, ‘Então qual a cor de sua filha?’. O pai responde, 
‘Negra’. O escrivão retruca, ‘Mas ela não puxou nem um pouquinho ao senhor?’ É assim que se vão 
clareando as pessoas no Brasil e o Brasil. 
Esse pai, brasileiro naturalizado e de fenótipo ariano, não tem, como branco que de fato é, as dúvidas 
metafísicas que assombram a racialidade no Brasil, um país percebido por ele e pela maioria de 
estrangeiros brancos como de maioria negra. Não fosse a providência e insistência paternas, minha filha 
pagaria eternamente o mico de, com sua vasta carapinha, ter o registro de branca, como ocorre com 
filhos deum famoso jogador de futebol negro.” 
 
Quanto à tipologia textual, podemos afirmar que no primeiro e no segundo parágrafos do texto dado 
predominam respectivamente: 
(A) a narração e a argumentação. 
(B) a descrição e a narração. 
(C) a argumentação e a descrição. 
(D) a descrição e a argumentação. 
(E) a argumentação e a narração. 
 
03. (IF/GO - Administrador - CS/UFG/2017) 
 
Fome é causada pela má distribuição e não pela falta de alimentos 
 
Em 2050, a população da Terra deverá chegar a 9 bilhões de pessoas. Já hoje não se consegue 
alimentar os atuais 6 bilhões. Especialistas alertam que será preciso encontrar novas concepções para 
lidar com o problema. 
Se em 2008 o número de vítimas da fome no mundo havia sido reduzido para menos de 1 bilhão, já 
em junho de 2009 essa marca foi ultrapassada. Neste ano, o número de famintos aumentou em 150 
milhões. Muitas das soluções encontradas em certos países em desenvolvimento não dão mais conta do 
crescimento populacional. 
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) já tinha reconhecido há 20 
anos que "o problema não é tanto a falta de alimentos, mas a falta de vontade política". Como a pobreza 
é o principal causador da fome, esta diminui em países que empreendem políticas capazes de gerar 
empregos e renda. Em contrapartida, onde há despotismo, há fome e morte por inanição. 
Além disso, nos últimos anos, houve logo três crises que fizeram aumentar o número de famintos no 
chamado Terceiro Mundo. De 2007 a 2008, os custos extremamente altos de alimentos provocaram um 
aumento da fome. Mal os preços haviam baixado novamente, tais países foram atingidos pela crise 
financeira e pela recessão global, que provocou um colapso das exportações. A isso, somam-se as secas 
e más colheitas causadas pela mudança climática. 
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. 17 
Desenvolvimento era sinônimo de industrialização 
No entanto, há suficiente alimento no mundo para o sustento diário de todos os habitantes do planeta, 
afirma Benedikt Haerlin, da fundação Zukunftsstiftung Landwirtschaft, que apoia projetos ecológicos e 
sociais no setor agrícola. "Hoje produzimos alimentos demais. Muito mais do que seria necessário para 
alimentar a população atual, sendo que ainda nem estamos perto de esgotar o potencial da alimentação 
direta. E, para pequenos produtores rurais, dobrar a produção custa pouco", argumenta Haerlin, que 
participou da elaboração do Relatório Internacional sobre Ciência e Tecnologia Agrícolas para o 
Desenvolvimento (IAASTD, na sigla em Inglês) de 2008. 
O desenvolvimento rural e agrário esteve por muito tempo fora de moda. Desenvolvimento era 
sinônimo, principalmente de industrialização, exportação e urbanização. Hoje, mais da metade da 
população mundial vive em cidades – e, aos poucos, percebe-se que todos precisam comer e que nas 
cidades nada se planta. Isso se reflete também na ajuda ao desenvolvimento. O Banco Mundial e o Fundo 
Monetário Internacional (FMI) passaram a conceder empréstimos para o desenvolvimento agrário. 
Problema não é a quantidade 
"Se temos 1 bilhão de pessoas que passam fome por não ter dinheiro para comprar comida e outro 
bilhão de clinicamente obesos, alguma coisa está obviamente errada", alerta Janice Jiggings, do Instituto 
Internacional para Meio Ambiente e Desenvolvimento em Londres. "O sistema agrário saiu do controle e, 
no futuro, não estaremos mais em condições de nos alimentar de forma pacífica e civilizada. Precisamos 
mudar todo o sistema. O consumidor já nota isso e, aos poucos, os políticos também.” 
Utilizar adubo artificial em solo ressecado, a fim de duplicar a produção agrária não é a solução. 
Atualmente, a agricultura já é uma das atividades que mais prejudicam o meio ambiente, não apenas sob 
o aspecto do desmatamento em favor de plantações e monoculturas, mas também porque a agricultura 
industrial contribui consideravelmente para a emissão de gases-estufa na atmosfera. 
"A ideia de que somos cada vez mais numerosos e por isso precisamos produzir mais é equivocada. 
Precisamos é produzir melhor. Menos da metade dos grãos hoje em dia é destinada à alimentação, 
enquanto a maior parte serve para fabricar rações animais, biocombustíveis e outros produtos industriais", 
explica Haerlin. "Aí fica claro que o problema não é se somos ou não materialmente capazes de produzir 
mais, e sim se há comida suficiente lá onde é necessária", conclui. 
Menos desperdício 
Já hoje existe mais comida que o necessário, garante o diretor-executivo do Programa das Nações 
Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner. E sem cultivar um quilômetro quadrado que seja 
a mais, seria possível alimentar toda a população do planeta. 
"Ao mesmo tempo que temos uma crise de alimentos, jogamos fora 30% a 40% dos alimentos 
produzidos. Ao invés de nos perguntarmos onde podemos encontrar mais terra para cultivar ou se será 
preciso plantar na Lua, deveríamos olhar para o nosso quintal. Temos que encontrar estímulos financeiros 
para evitar que se jogue comida fora", conclui. 
JEPPESEN, H.; ZAWADZKY, K.; ABDELMALACK, R. Fome é causada pela má distribuição e não pela falta de alimentos ) 
 
Em relação à sequencialidade textual, o principal recurso empregado no texto é a 
(A) narração. 
(B) injunção. 
(C) argumentação. 
(C) descrição 
 
04. (TJ/SP - Contador - VUNESP) 
 
A ética da fila 
 
SÃO PAULO - Escritórios da avenida Faria Lima, em São Paulo, estão contratando flanelinhas para 
estacionar os carros de seus profissionais nas ruas das imediações. O custo mensal fica bem abaixo do 
de um estacionamento regular. Imaginando que os guardadores não violem nenhuma lei nem regra de 
trânsito, utilizar seus serviços seria o equivalente de pagar alguém para ficar na fila em seu lugar. Isso é 
ético? 
Como não resisto aos apelos do utilitarismo, não vejo grandes problemas nesse tipo de acerto. Ele 
não prejudica ninguém e deixa pelo menos duas pessoas mais felizes (quem evitou a espera e o sujeito 
que recebeu para ficar parado). Mas é claro que nem todo o mundo pensa assim. 
Michael Sandel, em “O que o Dinheiro Não Compra”, levanta bons argumentos contra a prática. Para 
o professor de Harvard, dublês de fila, ao forçar que o critério de distribuição de vagas deixe de ser a 
ordem de chegada para tornar-se monetário, acabam corrompendo as instituições. 
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Diferentes bens são repartidos segundo diferentes regras. Num leilão, o que vale é o maior lance, mas 
no cinema prepondera a fila. Universidades tendem a oferecer vagas com base no mérito, já prontos-
socorros ordenam tudo pela gravidade. O problema com o dinheiro é que ele é eficiente demais. Sempre 
que entra por alguma fresta, logo se sobrepõe a critérios alternativos e o resultado final é uma sociedade 
na qual as diferenças entre ricos e pobres se tornam cada vez mais acentuadas. 
Não discordo do diagnóstico, mas vejo dificuldades. Para começar, os argumentos de Sandel também 
recomendam a proibição da prostituição e da barriga de aluguel, por exemplo, que me parecem atividades 
legítimas. Mais importante, para opor-se à destruição de valores ocasionada pela monetização, em muitos 
casos é preciso eleger um padrão universal a ser preservado, o que exige a criação de uma espécie de 
moral oficial - e isso é para lá de problemático. 
 
(Hélio Schwartsman, A ética da fila. Folha de S.Paulo,) 
 
Em sua argumentação, Hélio Schwartsman revela-se 
 
(A) perturbado com a situação das grandes cidades, onde se acabam criando situações perversas à 
maioria dos cidadãos. 
(B) favorável aos guardadores de vagas nas filas, uma vez que o pacto entre as partes traduz-se em 
resultados que satisfazem a ambas. 
(C) preocupado com os profissionais dos escritórios da Faria Lima,que acabam sendo explorados 
pelos flanelinhas. 
(D) indignado com a exploração sofrida pelos flanelinhas, que fazem trabalho semelhante ao dos 
estacionamentos e recebem menos. 
(E) indiferente às necessidades dos guardadores de vagas nas filas, pois eles priorizam vantagens 
econômicas frente às necessidades alheias. 
 
Gabarito 
 
01.D / 02.A / 03.C / 04.B 
 
Comentários 
 
01.Resposta: D 
Uma forma de encontrar a resposta correta é substituindo o termo "claro que" pela conjunção 
concessiva "embora", fazendo as devidas alterações a fim de manter a concordância. 
O trecho reescrito fica assim: "Embora não seja possível, apenas pela morfologia do crime, saber-se 
tudo do diagnóstico..." 
Como não houve alteração no sentido, podemos concluir que a expressão "claro que", neste contexto, 
transmite a ideia de concessão. 
 
02.Resposta: A 
A narrativa no fato de contar uma história sendo fictícia ou não, e os argumentos estão ligados a 
opinião e ideia da escritora sobre o ato de registrar no cartório o nome de sua filha e respectivamente sua 
cor de pele, mostrando o ponto de vista dela. 
 
03.Resposta: C 
Argumentação porque o texto trabalha com estatísticas, apontamentos e afirmações tentando justificar 
a fome em determinados locais do mundo. 
 
04.Resposta: B 
O seu argumento em favor dos guardadores, está na frase aos apelos do utilitarismo, e não vê 
problemas desde que as partes estão satisfeitas. 
 
 
 
 
 
 
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Texto: 
 
“Neto ainda está longe de se igualar a qualquer um desses craques (Rivelino, Ademir da Guia, Pedro 
Rocha e Pelé), mas ainda tem um longo caminho a trilhar (...).” 
Veja São Paulo, 26/12/1990, p. 15. 
 
Esse texto diz explicitamente que: 
- Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé são craques; 
- Neto não tem o mesmo nível desses craques; 
- Neto tem muito tempo de carreira pela frente. 
 
O texto deixa implícito que: 
- Existe a possibilidade de Neto um dia aproximar-se dos craques citados; 
- Esses craques são referência de alto nível em sua especialidade esportiva; 
- Há uma oposição entre Neto e esses craques no que diz respeito ao tempo disponível para evoluir. 
 
Todos os textos transmitem explicitamente certas informações, enquanto deixam outras implícitas. Por 
exemplo, o texto acima não explicita que existe a possibilidade de Neto se equiparar aos quatro 
futebolistas, mas a inclusão do advérbio “ainda” estabelece esse implícito. Não diz também com 
explicitude que há oposição entre Neto e os outros jogadores, sob o ponto de vista de contar com tempo 
para evoluir. A escolha do conector “mas”, entre a segunda e a primeira oração, só é possível levando 
em conta esse dado implícito. Como se vê, há mais significados num texto do que aqueles que aparecem 
explícitos na sua superfície. Leitura proficiente é aquela capaz de depreender tanto um tipo de significado 
quanto o outro, o que, em outras palavras, significa ler nas entrelinhas. Sem essa habilidade, o leitor 
passará por cima de significados importantes ou, o que é bem pior, concordará com ideias e pontos de 
vista que rejeitaria se os percebesse. 
Os significados implícitos costumam ser classificados em duas categorias: os pressupostos e os 
subentendidos. 
 
Pressupostos 
São ideias implícitas que estão implicadas logicamente no sentido de certas palavras ou expressões 
explicitadas na superfície da frase. Exemplo: 
 
“André tornou-se um antitabagista convicto.” 
 
A informação explícita é que hoje André é um antitabagista convicto. Do sentido do verbo tornar-se, 
que significa "vir a ser", decorre logicamente que antes André não era antitabagista convicto. Essa 
informação está pressuposta. Ninguém se torna algo que já era antes. Seria muito estranho dizer que a 
palmeira tornou-se um vegetal. 
 
“Eu ainda não conheço a Europa.” 
 
A informação explícita é que o enunciador não tem conhecimento do continente europeu. O advérbio 
“ainda” deixa pressuposta a possibilidade de ele um dia conhecê-la. 
As informações explícitas podem ser questionadas pelo receptor, que pode ou não concordar com 
elas. Os pressupostos, porém, devem ser verdadeiros ou, pelo menos, admitidos como tais, porque esta 
é uma condição para garantir a continuidade do diálogo e também para fornecer fundamento às 
afirmações explícitas. Isso significa que, se o pressuposto é falso, a informação explícita não tem 
cabimento. Assim, por exemplo, se Maria não falta nunca a aula nenhuma, não tem o menor sentido dizer 
“Até Maria compareceu à aula de hoje”. “Até” estabelece o pressuposto da inclusão de um elemento 
inesperado. 
Na leitura, é muito importante detectar os pressupostos, pois eles são um recurso argumentativo que 
visa a levar o receptor a aceitar a orientação argumentativa do emissor. Ao introduzir uma ideia sob a 
forma de pressuposto, o enunciador pretende transformar seu interlocutor em cúmplice, pois a ideia 
implícita não é posta em discussão, e todos os argumentos explícitos só contribuem para confirmá-la. O 
pressusposto aprisiona o receptor no sistema de pensamento montado pelo enunciador. 
Pressupostos e subentendidos 
 
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A demonstração disso pode ser feita com as “verdades incontestáveis” que estão na base de muitos 
discursos políticos, como o que segue: 
“Quando o curso do rio São Francisco for mudado, será resolvido o problema da seca no Nordeste.” 
 
O enunciador estabelece o pressuposto de que é certa a mudança do curso do São Francisco e, por 
consequência, a solução do problema da seca no Nordeste. O diálogo não teria continuidade se um 
interlocutor não admitisse ou colocasse sob suspeita essa certeza. Em outros termos, haveria quebra da 
continuidade do diálogo se alguém interviesse com uma pergunta deste tipo: 
 
“Mas quem disse que é certa a mudança do curso do rio?” 
 
A aceitação do pressuposto estabelecido pelo emissor permite levar adiante o debate; sua negação 
compromete o diálogo, uma vez que destrói a base sobre a qual se constrói a argumentação, e daí 
nenhum argumento tem mais importância ou razão de ser. Com pressupostos distintos, o diálogo não é 
possível ou não tem sentido. 
A mesma pergunta, feita para pessoas diferentes, pode ser embaraçosa ou não, dependendo do que 
está pressuposto em cada situação. Para alguém que não faz segredo sobre a mudança de emprego, 
não causa o menor embaraço uma pergunta como esta: 
 
“Como vai você no seu novo emprego?” 
 
O efeito da mesma pergunta seria catastrófico se ela se dirigisse a uma pessoa que conseguiu um 
segundo emprego e quer manter sigilo até decidir se abandona o anterior. O adjetivo “novo” estabelece 
o pressuposto de que o interrogado tem um emprego diferente do anterior. 
 
Marcadores de Pressupostos 
- Adjetivos ou palavras similares modificadoras do substantivo 
Ex. Julinha foi minha primeira filha. 
“Primeira” pressupõe que tenho outras filhas e que as outras nasceram depois de Julinha. 
 
Ex. Destruíram a outra igreja do povoado. 
“Outra” pressupõe a existência de pelo menos uma igreja além da usada como referência. 
 
- Certos verbos 
Ex. Renato continua doente. 
O verbo “continua” indica que Renato já estava doente no momento anterior ao presente. 
 
Ex. Nossos dicionários já aportuguesaram a palavra copydesk. 
O verbo “aportuguesar” estabelece o pressuposto de que copidesque não existia em português. 
 
- Certos advérbios 
Ex. A produção automobilística brasileira está totalmente nas mãos das multinacionais. 
O advérbio “totalmente” pressupõe que não há no Brasil indústria automobilística nacional. 
 
Ex. - Você conferiu o resultado da loteria? 
- Hoje não. 
A negação precedida de um advérbio de tempo de âmbito limitado estabelece o pressuposto deque 
apenas nesse intervalo (hoje) é que o interrogado não praticou o ato de conferir o resultado da loteria. 
 
- Orações adjetivas 
Ex. Os brasileiros, que não se importam com a coletividade, só se preocupam com seu bem-estar e, 
por isso, jogam lixo na rua, fecham os cruzamentos, etc. 
O pressuposto é que “todos” os brasileiros não se importam com a coletividade. 
 
Ex. Os brasileiros que não se importam com a coletividade só se preocupam com seu bem-estar e, por 
isso, jogam lixo na rua, fecham os cruzamentos, etc. 
Nesse caso, o pressuposto é outro: “alguns” brasileiros não se importam com a coletividade. 
No primeiro caso, a oração é explicativa; no segundo, é restritiva. As explicativas pressupõem que o 
que elas expressam se refere à totalidade dos elementos de um conjunto; as restritivas, que o que elas 
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. 21 
dizem concerne apenas a parte dos elementos de um conjunto. O produtor do texto escreverá uma 
restritiva ou uma explicativa segundo o pressuposto que quiser comunicar. 
 
Subentendidos 
Os subentendidos são mensagens implícitas deduzidas subjetivamente pelo interlocutor. 
Justamente por essa ideia de dedução, os subentendidos de uma declaração podem não ser 
verdadeiros. Vejamos três exemplos de subentendido, o qual normalmente surge em contextos sociais: 
Ex. Ana - Vamos ao cinema? 
Carlos - Mas está chovendo... 
Possível subentendido: Carlos sugere que não quer ir ao cinema. 
 
Ex. Amigo do Mário - É da casa do Mário? 
Mãe do Mário - Ele teve de sair, mas já volta. 
Possível subentendido: A mãe do Mário entende que o amigo do filho queria falar com ele. 
 
Ex. Marido - Está muito frio lá fora! 
Esposa - Tudo bem, eu já vou fechar a janela. 
Possível subentendido: A esposa entende que o marido fez um pedido. 
 
Para finalizar, segundo Platão e Fiorin, uma informação importante: “Os subentendidos são as 
insinuações escondidas por trás de uma afirmação. Quando um transeunte com o cigarro na mão 
pergunta: Você tem fogo?, acharia muito estranho se você dissesse: Tenho e não lhe acendesse o cigarro. 
Na verdade, por trás da pergunta subentende-se: Acenda-me o cigarro por favor.3”. 
 
Questões 
 
01. (SPTRANS - Advogado - VUNESP) 
Na era da internet, com seus “rsrsrs" e as “longas" mensagens de 140 caracteres do Twitter, que lugar 
haveria para a retórica, a invenção dos gregos clássicos para permitir que nas democracias o bom cidadão 
pudesse defender seus pontos de vista falando bem? Na semana passada, o julgamento do mensalão no 
STF pôs em evidência os advogados dos réus. Eles foram lá exercitar sua retórica, uma vez que as peças 
de defesa já haviam sido escritas e enviadas aos ministros do tribunal. Os defensores, com raras 
exceções, saíram-se muito mal no quesito da retórica – que não é blá-blá-blá. Quando assumiu o posto 
de presidente da Suprema Corte dos Estados Unidos, Earl Warren perguntou a um colega mais antigo 
em quem confiava plenamente o que ele deveria ler para conseguir escrever suas sentenças no alto nível 
que as circunstâncias exigiam. O colega de Warren, Hugo Black, respondeu: “Basta ler Retórica, de 
Aristóteles". Sábio conselho. Com a democracia, os gregos criaram esse mecanismo de sustentação oral 
baseado na lógica e na honestidade de pensamento a que chamaram de retórica. Os cidadãos eram 
frequentemente obrigados a defender em público não apenas ideias, mas sua propriedade e até a própria 
liberdade. Aristóteles ensinou que persuadir uma audiência nada tem a ver com eloquência. Isso é 
sofisma. O que separa um cidadão grego dotado da retórica de um mero sofista? A retórica vencedora 
não depende do dom da oratória, mas do valor moral do orador. 
 (Otávio Cabral e Carolina Melo. A retórica não é blá-blá-blá. Veja, 15.08.2012) 
 
Na frase final do primeiro parágrafo está implícito que, em sua maioria, os defensores dos réus do 
mensalão 
(A) praticaram a retórica somente como oratória vazia. 
(B) restringiram sua defesa a peças escritas. 
(C) foram convincentes em suas manifestações escrita e oral. 
(D) renunciaram ao recurso da sustentação oral. 
(E) falaram livremente, como deve ocorrer nas democracias. 
 
02. (TRT 20ª Região - Técnico Judiciário - FCC) 
O Brasil é hoje um dos líderes mundiais do comércio agrícola, ocupando a primeira posição nos 
embarques de açúcar e de carne bovina e a segunda, nas vendas de soja e de carnes de aves. Já era o 
maior exportador mundial de café, mas até há uns 20 anos a maior parte de sua produção agropecuária 
era menos competitiva que a das principais potências produtoras. 
 
3 PESTANA, Fernando, A gramática para concursos, 2013, Elsevier Editora Ltda. 
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. 22 
Esse quadro mudou, graças a um persistente esforço de modernização do setor. Um levantamento da 
Organização Mundial do Comércio (OMC) conta uma parte dessa história, mostrando o aumento da 
presença brasileira nas exportações globais ente 1999 e 2007. Uma história mais completa incluiria 
também um detalhe ignorado pelos brasileiros mais jovens: o suprimento do mercado interno tornou-se 
muito melhor quando o país se transformou numa potência exportadora e as crises de abastecimento 
deixaram de ocorrer. 
 Essa coincidência não ocorreu por acaso. A prosperidade mundial e o ingresso de centenas de 
milhões de pessoas no mercado de consumo, em grandes economias emergentes, favoreceram a 
expansão do comércio de produtos agropecuários nas duas últimas décadas. Mas, apesar das condições 
favoráveis criadas pela demanda em rápida expansão, houve uma dura concorrência entre os grandes 
produtores. A competição foi distorcida pelos subsídios e pelos mecanismos de proteção adotados no 
mundo rico e, em menor proporção, em algumas economias emergentes. 
A transformação do Brasil num dos líderes mundiais de exportação agropecuária foi possibilitada por 
uma combinação de ações políticas e empresariais. Um dos fatores mais importantes foi o trabalho das 
instituições de pesquisa, amplamente reforçado a partir da criação da Embrapa, nos anos 70. A ocupação 
do cerrado por agricultores provenientes de outras áreas - principalmente do Sul - intensificou-se nessa 
mesma época. 
 Nos anos 80, rotulados por economistas como "década perdida", a agropecuária exibiu dinamismo e 
modernizou-se, graças ao investimento em novas tecnologias e à adoção de melhores práticas de 
produção. O avanço tecnológico foi particularmente notável, nessa época, na criação de gado de corte e 
na produção de aves. Isso explica, em boa parte, o sucesso comercial dos dois setores nos anos 
seguintes. Com o abandono do controle de preços, a transformação da agropecuária acelerou-se nos 
anos 90 e o Brasil pôde firmar sua posição como grande exportador. A magnitude da transformação fica 
evidente quando se observam os ganhos de produtividade. 
As colheitas cresceram muito mais do que a área ocupada pelas lavouras. Aumentou a produção de 
carne bovina, indicando uma pecuária muito mais eficiente. No setor de aves, o volume produzido 
expandiu-se consideravelmente. Isso permitiu não só um grande avanço no mercado externo, mas 
também um enorme aumento do consumo por habitante no mercado interno. Proteínas animais tornaram-
se muito baratas, refletindo-se nas condições de vida de milhões de brasileiros. 
(O Estado de S. Paulo, Notas & Informações, A3, 29 denovembro de 2009, com adaptações) 
Está implícito no texto o fato de que 
(A) a década de 80 foi corretamente rotulada de "década perdida", em razão dos escassos 
investimentos na produção agropecuária brasileira. 
(B) os mecanismos de proteção adotados por algumas nações permitiram um considerável aumento 
na oferta mundial de produtos agropecuários. 
(C) a modernização ocorrida no setor cafeeiro

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