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Receptores e alvos farmacológicos Prof. Dr. Doughlas Regalin Email: doughregalin@Hotmail.com Alvos farmacológicos Podem Ser: Receptores Canais iônicos Enzimas Moléculas carreadoras Introdução Receptores são elementos sensores no sistema de comunicação química Coordenam função de todas as células Fármacos agem como agonistas e antagonistas Tipos de Receptores Diferentes tipos de repostas após ativação Alguns são muito rápidos (transmissão sináptica) Intermediários (catecolaminas) Outros lentos (hormônios ) Tipos de Receptores Heterogeneidade dos receptores Mesma família x variedades moleculares Diferença na sequencia de aa e consequentemente da propriedade farmacológica Diferentes subtipos ◦ Ex: Receptores nicotínicos da Ach ◦ Músculo e cérebro Respondem todos a Ach Receptores Tipo 1- Canais iônicos controlados por ligantes Receptores Tipo 1- Canais iônicos controlados por ligantes Traços comuns com outros canais iônicos ◦ Sem ativação por ligantes Ex: Receptor da Acetilcolina primeiro a ser clonado Composto de 4 tipos diferentes de subunidades 2 α,β,γ e δ ◦ Peso molecular de 48 – 50 kDs ◦ Inseridas na membrana ( cada sub 4x) ◦ ( perfil hidrofobicidade) Receptores Tipo 1- Canais iônicos controlados por ligantes Dois sítios de ação para a Ach Extracelulares ( entre α e sub vizinha) Ambas devem ligar-se Receptores Tipo 1- Canais iônicos controlados por ligantes Receptores Tipo 1- Canais iônicos controlados por ligantes Receptores Tipo 1- Canais iônicos controlados por ligantes Uma das Hélices transmembrana de cada subunidade (M2) formam o revestimento do canal, ( deformadas para dentro formando uma constrição) Com a ligação da Ach subunidades α rotacionam, ( segmentos abaulados M2 se afastem – abertura do canal) Receptores Tipo 1- Canais iônicos controlados por ligantes Receptores Tipo 1- Canais iônicos controlados por ligantes Mutação na subunidade (altera especificidade) Um resíduo específico em uma hélice modifica a seletividade do canal Exemplos GABA, Serotonina, Ach Mesmo padrão e considerável homologia na sequência de aa ◦ Número de subunidades varia pouco( 4-5) Receptores Tipo 1- Canais iônicos controlados por ligantes Mecanismo de ação Controlam respostas rápidas (SNC) Agem na membrana pós sináptica aumentando transitoriamente a sua permeabilidade Receptores Tipo 1- Canais iônicos controlados por ligantes Mecanismo de ação Pico em milissegundos Cai em milissegundos Velocidade significa que o acoplamento é direto Não há etapas bioquímicas Receptores Tipo 1- Canais iônicos controlados por ligantes Canais iônicos voltagem dependentes Canais iônicos voltagem dependentes Existem canais iônicos que não são alvos imediatos de neurotransmissores rápidos Importantes efeitos celulares Canais iônicos voltagem dependentes Taxa de transferência e a direção do movimento são baseadas pelo gradiente eletroquímico Canais iônicos são caracterizados por: ◦ Seletividade ◦ Propriedades de controle ◦ Arquitetura molecular Canais iônicos voltagem dependentes Seletividade Geralmente seletivos para cátions e ânions ◦ Seletivos para Ca++, Na+ e K+ ◦ ou não seletivos e permeáveis aos 3 Canais de ânions são seletivos Cl- geralmente Canais iônicos voltagem dependentes Mecanismo de ação Canais controlados por voltagem Se abrem quando a mb celular é despolarizada Canais + importantes ( Ca++, Na+ e K+) Farmacologia dos canais iônicos A regulação e permeação de canais Tipo 2 Receptores acoplados a Proteína G Definição Os GPCRs (G – Protein-coupled receptors) ou ainda METABOTRÓPICOS ◦ 7TM Intermediam a transmissão do sinal entre os receptores acoplados e efetores múltiplos, tais como enzimas e canais iônicos Introdução Receptor Proteína G Proteínas Efetoras ( canais iônicos, enzimas , etc. ) Introdução Maior Família Ex: β-adrenérgico, Dopamina, Serotonina, opioides, Ach Muscarínico, peptídeos Vários subtipos Grande variedade de Neurotransmissores podem ligar com canais iônicos e GPCRs ◦ Mesma molécula – diferentes efeitos Estrutura Molecular β-adrenérgico – primeiro GPCR a ser identificado (1986) Uma única cadeia polipeptídica com até 1000 resíduos de aa Estrutura Molecular Estruturalmente todos os GPCRs apresentam: ◦ um domínio extracelular amino-terminal ◦ sete domínios transmembrana ◦ três alças extracelulares e três alças intracelulares ◦ e um domínio intracelular carboxi- terminal. Estrutura Molecular Aproximadamente 2000 GPCRs já foram clonados Divididos em 3 famílias A, B e C Mais de 100 subfamílias ◦ Homologia de sequência de aa dentro da subfamílias ◦ nenhuma homologia de sequência de aa entre as subfamílias Proteínas G e sua função Transmissão das mensagens dos receptores aos sistemas efetores ◦ Reconhecer os receptores acoplados quando ativados e transmitem o sinal Denominadas de Proteína G devido a interação com nucleotídeos guanina, GTP e GDP Proteínas G e sua função Consistem em 3 subunidades α,β e γ – ancorados através de resíduos lipídeos Nucleotídeos ligam-se a subunidade α ◦ Atividade enzimática ◦ Catalisando a conversão de GTP para GDP Subunidades β e γ permanecem unidas, formando um complexo Proteínas G e sua função Proteínas G e sua função Proteínas G podem se difundir no plano da membrana Logo uma única proteína G pode interagir com vários receptores e efetores diferentes Proteínas G e sua função Em repouso a proteína G aparece com um trímero αβγ não ligado (com GDP) ocupando um sítio na subunidade α Proteínas G e sua função Quando ativada por uma molécula agonista ocorre uma mudança conformacional envolvendo o domínio citoplasmático do receptor Proteínas G e sua função Alta afinidade pelo αβγ ◦ Associação de αβγ com o receptor força a dissociação de GDP e substituição por GTP Auxílio da proteína GEF (Guanosine nucleotide exchange factor) Proteínas G e sua função Dissociação do trímero da proteína G liberando a subunidade α-GTP e βγ ◦ Subunidades ativas, podendo se ativar a várias enzimas e canais iônicos causando a ativação do alvo Proteínas G e sua função Subunidade α x Subunidade βγ Ambas detém efeito sinalizador Necessário > [ ] de subunidades βγ para promoverem seu efeito ( > ocupação dos receptores ) Subunidades α necessitam menor [ ] Proteínas G e sua função A sinalização é concluída quando da hidrólise do GTP para GDP da subunidade α (junto a enzima GAP) ◦ GTPase Activating Protein (proteina ativadora da GTPase α-GDP resultante se dissocia do efetor e se religa com βγ, completando o ciclo Proteínas G e sua função Proteínas G e sua função Subunidade α – Detém ação GTPase Porque após ligação da subunidade α com o GTP não ocorre o desligamento?? Ação GTPase da subunidade α é fraca Existência de uma outra enzima GDI (Guanine nucleotide dissociation inhibitor) – mantém o GTP ligado Proteínas G e sua função 4 classes principais de proteína G Gs, Gi, - Agem através da adenilil ciclase Go – Agem por canais iônicos Gq – Agem em pela degradação do fosfatidilinositol difosfatoProteínas G e sua função Alvos das proteínas G Os principais alvos das proteínas G através dos quais os GPCRs controlam diferentes aspectos são ◦ Adenilil-ciclase – enzima produtora de AMPc ◦ Fosfolipase C – (enzima formadora de IP3 e DAG) ◦ Canais iônicos : cálcio e potássio Sistema adenilil-ciclase/AMPc Sistema que utiliza o AMPc como segundo mensageiro ( 3´5´ adenosina- monofosfato cíclico) AMPc é um nucleotídeo sintetizado no interior da célula a partir do ATP pela ação de uma enzima ligada a membrana ( Adenilil-ciclase) GDP AGONISTA GTP GDP AGONISTA GTP ADENILATO CICLASE GTP GS (+) PKA FOSFORILAÇÃO PROTEÍNA AMPc R Sistema adenilil-ciclase/AMPc ATP Sistema adenilil-ciclase/AMPc Vários fármacos, hormônios e neurotransmissores atuam por AMPc AMPc regula muitos aspectos da função celular ◦ metabolismo energético, ◦ divisão e diferenciação celular ◦ transporte de íons ◦ proteínas contráteis Proteínas quinases Sistema adenilil-ciclase/AMPc Sistema adenilil-ciclase/AMPc • Gi inibem a adenilil ciclase e assim reduzem a concentração de AMPc • Ex. α2 adrenoceptores, mAch, (M2) e opioides • Gs estimula a adenilil ciclase, aumentando níveis de AMPc • Ex. Serotonina, catecolaminas Sistema adenilil-ciclase/AMPc Sistema adenilil-ciclase/AMPc AMPc é então hidrolisado à 5´AMP por enzimas fosfodiesterases (PDEs) Ex: PDE III, V, etc... Inibidores seletivos de PDEs apresentam efeito terapêutico ◦ Medicamentos em doenças cardiovasculares e respiratórias Sistema fosfolipase C / Inositol Fosfatidil inositol (4,5 ) difosfato (PIP2) PIP2 é substrato de algumas enzimas ligadas a membrana (PLCβ, PLA2 e PLD) PLC β – Cliva o PIP2 em DAG e IP3 ◦ PLA2 – cliva o em ácido araquidônico A ativação da PLC é mediada por ativação da proteína G Sistema fosfolipase C / Inositol Fosfatidil inositol (4,5 ) difosfato Sistema fosfolipase C / Inositol Inositol (1,4,5) trifosfato (IP3) é um mediador hidrossolúvel que é liberado no citosol Age em receptores IP3 específicos Controlar a liberação de cálcio das reservas intracelulares Sistema fosfolipase C / DAG Diacilglicerol é produzido a partir da hidrólise de PI ( fosfoinositídeos) Altamente lipofílico – não sai para o citosol Principal efeito – ativar uma proteína quinase C (PKC – fosfoquinase C) Catalisa fosforilações intracelulares Vários tipos de PKC - distribuições diferentes - fosforilam diferentes proteínas ◦ maioria ativada por DAG e canais de Ca++ Sistema fosfolipase C / Inositol Sistema fosfolipase C / DAG Após ativação destas quinases (agem em muitas proteínas funcionais diferentes: ◦ canais iônicos, ◦ receptores, ◦ enzimas, ◦ proteínas do citoesqueleto EFEITO Canais iônicos como alvos das Proteínas G Receptores acoplados a proteína Go controle de canais iônicos ◦ (Não AMPC ou IP3 ou DAG) Ex. Canais de cálcio e potássio no SNC (analgesia por opioides) Canais de potássio nas células cardíacas Envolvimento direto da βγ com a proteína Go sem segundos mensageiros Canais iônicos como alvos das Proteínas G Canais iônicos como alvos das Proteínas G Despolariza K+ Go K+ Receptor Proteína G Enzimas alvo Adenilato ciclase Fosfolipase C Fosfolipase A2 2ºs AMPc IP3 DAG AA mensageiros Proteínas PKA PKC quinases [Ca2+] eicosanoides Canais iônicos Efetores:enzimas, canais iônicos, proteínas contráteis, etc Receptores Tipo 3- Receptores ligados a quinases e correlatos Receptores Tipo 3- Receptores ligados a quinases e correlatos Diferentes dos tipo 1 e 2 ◦ Estruturalmente e funcionalmente Grande gama de mediadores ◦ Fatores de crescimento, hormônios e citocinas, receptores toll e insulina Receptores constituídos por uma grande proteína (até 1000 resíduos aa) Efeitos exercidos a nível de transcrição gênica Receptores Tipo 3- Receptores ligados a quinases e correlatos “Receptores de superfície celular” Receptores Tipo 3- Receptores ligados a quinases e correlatos Importante entender: Quinases são enzimas que catalisam uma reação bem específica: a fosforilação de proteínas fosforilações - adição de grupamentos fosfatos Nas proteínas, a fosforilação costuma acontecer nos aminoácidos Serina, Treonina e Tirosina Receptores Tipo 3- Receptores ligados a quinases e correlatos Importante entender: A fosforilação desses aa muda radicalmente sua natureza química e isso provoca alterações conformacionais da enzima Reduzem ou aumentam drasticamente a capacidade da enzima de exercer sua função original Fosforilação x desfosforilação ◦ (quinases) (Fosfatases) Receptores Tipo 3- Receptores ligados a quinases e correlatos Uma região transmembrana helicoidal Domínios extracelular e intracelular Receptores Tipo 3- Receptores ligados a quinases e correlatos Existência de muitas variantes Mais de 100 receptores deste tipo foram clonados Papel importante: ◦ na fisiologia (crescimento, divisão e diferenciação celular) ◦ Mediação da inflamação ◦ Reparação ◦ Apoptose e respostas imunológicas Receptores Tipo 3- Receptores ligados a quinases e correlatos Principais tipos: ◦ Receptores tirosina quinase (RTKs) ◦ Serina/treonina quinases ◦ Receptores de citocinas ◦ Receptores associados a guanilil-ciclase Receptores Tipo 3- Receptores ligados a quinases e correlatos Receptores tirosina quinase (RTKs) Receptores para muitos fatores de crescimento ( epidérmico e neuronal) Grupo de receptores toll-símiles ◦ Reconhecem lipopolissacarídeos bacterianos (importantes na reação a infecção) ◦ Insulina Mecanismo de ação Ligação do ligante leva a dimerização Mecanismo de ação Associação de 2 domínios de quinase intracelular permite que ocorra uma autofosforilação mútua dos resíduos de tirosina Mecanismo de ação Resíduos de tirosina fosforilados servem então como sítios de ancoragem de alta afinidade para proteínas intracelulares Proteínas “adaptadoras” Sequencias altamente específicas Mecanismo de ação Proteínas adaptadoras ligam-se a determinados receptores Detém cadeias de aas altamente conservadas ( são específicas) Mecanismo de ação Ex: Via RAS/RAF - vias de fator de crescimento e mitógenos RAS , proteína transmissora do sinal Permuta GTP – GDP , ativa a Raf, primeira de 3 enzimas serina/treonina quinases , uma fosforila e ativa a próxima. A última (proteína ativadora de mitógenos) inicia a expressão gênica Importantes em: tumores malignos, inflamação, degeneração Futuros agentes terapêuticos Mecanismo de ação Resultado final é ativar ou inibir, via fosforilação, diversos fatores de transcrição Estes migram para o núcleo e que suprimem ou induzem a expressão de diversos genes efeito Mecanismo de ação Efeito Divisão celular Proliferação de tecido Etc... E se essa via não se deligar ?? Mecanismo de ação Receptores tipo 4 Introdução O 4° tipo corresponde ao tipo de receptores nucleares Receptores que se encontram no citosol e após ativados migram para o núcleo Estrógenos; glicocorticoides Vitamina D, A e hormônio Tireoidiano Introdução Receptores presentes nascélulas e após translocados para o núcleo - produzem efeito Receptores NÃO são inseridos na membrana e sim na fase solúvel da célula Introdução “São fatores de transcrição ativados por ligantes” Família pequena (10% dos receptores são nucleares GPCR) Alvos importantes para fármacos e sinalização endócrina R Núcleo Síntese Síntese de proteínas R R Receptores que regulam a transcrição de genes mRNA MEMBRANA NUCLEAR NÚCLEO Introdução Receptores se encontram: ◦ no citosol e ganham mobilidade para o núcleo (esteroides, glicocorticoides) ◦ Outros receptores residem dentro do compartimento nuclear Toda esta família de receptores é muito importante ◦ Sinalização de lipídeos ( e regulação do metabolismo ◦ Regulam enzimas do metabolismo de fármacos (10%) Introdução Doenças associadas ao mau funcionamento dos receptores nucleares ◦ Inflamação ◦ Diabetes ◦ Doenças cardiovasculares ◦ Obesidade ◦ Distúrbios na reprodução Estrutura Compartilham características estruturais similares compreendidas em 4 módulos ◦ Domínio N-terminal – Maior heterogeneidade – Função de ligação a fatores de transcrição Estrutura ◦ Domínio central, altamente conservada, consiste na estrutura responsável pela ligação com o DNA ( alças de íons de zinco – dedos) ◦ Função de ligação a elementos responsivos a hormônios nos genes Estrutura ◦ Região de dobradiça altamente flexível, permitindo a dimerização e facilita a conformação para a ligação com o DNA Estrutura ◦ Domínio C terminal – módulo de ligação ao ligante, específico para cada classe de receptor Classificação dos receptores Duas principais classes I e II Classe I – Receptores para hormônios esteroides, receptores para glicocorticoides e mineralocorticoides (GR e MR), além de estrógeno, progesterona e andrógeno Classificação dos receptores Classe II Nesta classe os ligantes são lipídeos já presentes dentro da célula importantes no reconhecimento de vias metabólicas ◦ (PPAR) – Receptor ativador da proliferação de peroxissomo (ácidos graxos) ◦ (LXR) – Receptor de oxiesterol hepático (colesterol) ◦ (SRX) – Receptor de xenobióticos Mecanismo de ação “ Traduzem os sinais através de modificações na transcrição gênica” Classe I Receptores permanecem inativos ligados reversivelmente a proteínas dentro da célula Mecanismo de ação Difusão ou transporte passivo dos ligantes para dentro da célula Mecanismo de ação Ligação de alta afinidade Formação de homodímeros – translocados ao núcleo Exposição de porção de ligação ao DNA Podem ativar ou reprimir genes através de ligação com elementos responsivos a hormônios, positivos ou negativos Mecanismo de ação Conclusão Receptores importantes de vias de metabolização endógenas e classes de medicamentos (corticoides) Doenças metabólicas associadas a expressão destes receptores. Conclusão Diferentes tipos de receptores irão apresentar diferentes tipos de efeitos biológicos Conhecer os tipos de receptores de ação dos medicamentos auxilia no entendimento do mecanismo de ação Alguma dúvida??
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