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Direito Constitucional - Aula 17 - Funções Essencias à Justiça

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AULA 17: FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA 
 
 
O Título IV da Constituição trata da Organização dos Poderes, tendo 
reservado seu Capítulo IV para dispor sobre o que denominou Funções 
Essenciais à Justiça, compreendendo o Ministério Público, a Advocacia 
Pública, a Advocacia e a Defensoria Pública. 
 
 
1) MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
1.1) NOÇÕES GERAIS 
O regime constitucional anterior atribuía ao Ministério Público funções de 
difícil conciliação, uma vez que cabia ao órgão, como funções precípuas: 
(a) a defesa da ordem jurídica e dos direitos fundamentais e (b) a 
representação judicial e extrajudicial das entidades federadas e a 
consultoria e o assessoramento jurídico do Poder Executivo. É fácil de 
imaginarmos as dificuldades de atuação que a anterior Carta Magna 
impunha à instituição do Ministério Público. Basta pensarmos nas 
situações em que a afronta à ordem jurídica emanasse das próprias 
unidades federadas, por parte dos órgãos que integram seu Poder 
Executivo. 
A Constituição de 1988, atenta a este fato, alterou profundamente a 
posição institucional do Ministério Público. Não apenas deixou de conferir, 
mas expressamente vedou o poder exercer atividades de representação 
judicial e de consultoria jurídica de entidades públicas (CF, art. 129, IX), 
atribuições que passaram a ser desempenhadas pela Advocacia-Geral da 
União e pelas Procuradorias dos Estados e do Distrito Federal, nas suas 
respectivas esferas de Governo, sendo ao Ministério Público outorgada a 
missão de assegurar o respeito à ordem jurídica, ao regime 
democrático, e aos direitos individuais e sociais indisponíveis (CF, 
art. 127, caput). 
O regramento constitucional da instituição vem prescrito em capítulo à 
parte, separado daqueles que tratam dos Poderes Executivo, Legislativo e 
Judiciário. Com isto, evidencia-se a dúvida do próprio legislador 
constitucional, ao não vincular a instituição a nenhum dos Poderes do 
Estado. Como salienta o Ministro Sepúlveda Pertence, citado por 
Alexandre de Moraes, "a colocação tópica e o conteúdo normativo da 
Seção revelam a renúncia, por parte do constituinte, de definir 
explicitamente a posição do Ministério Público entre os Poderes do 
Estado". 
De nossa parte, em conformidade com o posicionamento da maioria de 
nossos constitucionalistas, consideramos de pequena importância 
qualquer discussão acerca da existência ou não de vinculação do 
Ministério Público a um dos Poderes da República. O que deve ser 
destacado, na matéria, são as prerrogativas outorgadas pela Constituição 
à instituição e a seus membros, que asseguram ao Ministério Público 
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plenas condições de exercer com imparcialidade e independência suas 
atribuições constitucionais, sem sujeição a qualquer dos Poderes do 
Estado, mas apenas à Constituição e às leis que regulam a sua atuação. 
É esta a lição, dentre outros, do Professor Vicente Paulo, quando afirma: 
A Constituição Federal criou, em plena harmonia com o sistema dos 
"freios e contrapesos" (checks and balances), o Ministério Público 
como um órgão autônomo e independente, não subordinado a 
qualquer dos Poderes da República, como autêntico fiscal da nossa 
Federação, da separação de Poderes, da moralidade pública, da 
legalidade, do regime democrático e dos direitos e garantias 
constitucionais. 
 
1.2) COMPOSIÇÃO 
O art. 128 da Constituição Federal define a estrutura do Ministério Público, 
que abrange, nos seguintes termos: 
I - o Ministério Público da União, que compreende: 
a) o Ministério Público Federal; 
b) o Ministério Público do Trabalho; 
c) o Ministério Público Militar; 
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; 
II - os Ministérios Públicos dos Estados. 
A organização dos diferentes Ministérios Públicos é matéria de lei 
complementar, cuja iniciativa é concorrente entre o Procurador-Geral e o 
respectivo Chefe do Poder Executivo (CF, art. 128, § 5º, c/c o art. 61, § 
1º, II, d). 
Temos, assim, que a organização do Ministério Público da União (MPU) é 
matéria a ser tratada em lei complementar cuja iniciativa é concorrente 
entre o Procurador-Geral da República (o chefe do MPU) e o Presidente da 
República; e os Ministérios Públicos dos Estados são organizados em lei 
complementar estadual, de iniciativa concorrente entre o Governador do 
Estado e o respectivo Procurador-Geral de Justiça (o chefe do MP 
estadual). 
Em obediência à Constituição foi editada a Lei Complementar Federal nº 
75, de 20-5-1993, que dispõe sobre a organização, as atribuições e o 
estatuto do Ministério Público da União. 
Também cabe ser citada a Lei nº 8.625, de 12-2-1993, que se constitui na 
Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, dispondo sobre normas gerais 
para a organização do Ministério Público dos Estados. 
 
1.3) NOMEACÃO E DESTITUIÇÃO DOS PROCURADORES-GERAIS 
O processo de nomeação e de destituição dos Procuradores-Gerais, os 
Chefes dos diversos ramos do Ministério Público, vem tratado no art. 128 
da Constituição, em seus §§ 1º a 4º. Pela análise dos referidos 
dispositivos, pode-se concluir que o disciplinamento constitucional reforça 
a independência do Ministério Público, principalmente, por reservar os 
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cargos de chefia nos seus diversos ramos exclusivamente aos integrantes 
da carreira; por instituir mandatos por prazo certo e por impedir a 
destituição diretamente pelo respectivo Chefe de Poder Executivo, 
tornando indispensável, no caso, a intervenção do Poder Legislativo. 
O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da 
República (PGR), nomeado pelo Presidente da República dentre 
integrantes da carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a aprovação 
de seu nome pela maioria absoluta do Senado Federal (CF, art. 128, § 
1º). Alexandre de Moraes advoga o entendimento de que a escolha pode 
recair em membro integrante de qualquer dos ramos do MPU, até mesmo 
do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. 
A duração do mandato é de dois anos e, segundo o Supremo Tribunal 
Federal, são possíveis sucessivas reconduções do mesmo membro da 
carreira, desde que, em cada oportunidade, seja observado o 
procedimento prescrito na Constituição. Desse modo, pode o Presidente 
da República nomear indefinidamente para o cargo o mesmo membro da 
carreira, desde que cada nomeação seja precedida da aprovação do 
Senado, por maioria absoluta. 
Também é necessária a participação do Senado no processo de destituição 
da autoridade, a teor do § 2º, do art. 128, da Constituição. O ato de 
destituição, a exemplo do ato de nomeação, é de competência do 
Presidente da República, mas a dispensa deve ser autorizada pelo Senado 
Federal, mais uma vez por maioria absoluta de seus membros, em 
votação secreta (LC nº 75/93, art. 25, parágrafo único). 
Temos, assim, que os processos de nomeação e de destituição do PGR são 
análogos: o Presidente da República propõe a Casa o indicado à nomeação 
(ou solicita a autorização para destituir o atual PGR); segue-se a 
autorização do Senado, por maioria absoluta; por fim, o Presidente 
procede à nomeação (ou a destituição) da autoridade. 
Acima indicamos que o Ministério Público da União é composto pelo 
Ministério Público Federal, pelo Ministério Público do Trabalho, pelo 
Ministério Público Militar e pelo Ministério Público do Distrito Federal e 
Territórios. Deve-se destacar, nesse ponto, que, apesar de o PGR ser 
definido pela Constituição como o Chefe do MPU, três dos seus ramos têm 
chefia própria, cabendo ao PGR somentea direção do Ministério Público 
Federal. 
O Ministério Público do Trabalho tem por chefe o Procurador-Geral do 
Trabalho, nomeado pelo Procurador-Geral da República, dentre 
integrantes deste ramo do MPU, com mais de trinta e cinco anos de idade 
e cinco anos na carreira. A escolha se dá a partir de lista tríplice mediante 
voto plurinominal, facultativo e secreto dos membros do Colégio de 
Procuradores. A duração do mandato é de dois anos, admitida uma 
recondução, pelo mesmo processo. 
O Ministério Público Militar (MPM) tem por chefe o Procurador-Geral da 
Justiça Militar, nomeado pelo Procurador-Geral da República, dentre 
integrantes deste ramo do MPU, com mais de trinta e cinco anos de idade 
e cinco anos na carreira. Mais uma vez, a escolha se dá com base em lista 
tríplice resultante do voto plurinominal, facultativo e secreto dos membros 
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do Colégio de Procuradores. O mandato é de dois anos e é possível uma 
recondução, pelo mesmo processo. 
Já o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) tem por 
chefe o Procurador-Geral de Justiça, nomeado pelo Presidente da 
República, sem a participação do Senado, dentre integrantes da carreira, 
a partir de uma lista tríplice elaborada por este ramo do MPU. O mandato 
é de dois anos e admite-se uma só recondução, pelo mesmo processo. Ao 
Presidente da República também cabe a competência para a destituição 
do Procurador-Geral de Justiça do MPDFT antes do término do seu 
mandato, sendo necessário, para tanto, a autorização prévia do Senado 
Federal, pelo voto da maioria absoluta de seus membros (CF, art. 128, 
§ § 3º e 4º). 
O § 3º, do art. 128, da Constituição também regula o procedimento para 
a nomeação dos chefes dos Ministérios Públicos estaduais, os 
Procuradores-Gerais de Justiça. A nomeação cabe diretamente ao 
respectivo Governador do Estado, sem a participação da Assembléia 
Legislativa, devendo a escolha recair em um dos membros do Ministério 
Público estadual indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio órgão, 
na forma da lei respectiva. O mandato é de dois anos, sendo admitida 
apenas uma recondução, pelo mesmo processo. 
De pronto, podemos destacar as duas diferenças no regramento 
constitucional, relativamente ao Procurador-Geral da República e aos 
Procuradores-Gerais de Justiça dos Estados e do DF e Territórios: (a) só 
se admite uma recondução para o cargo de Procurador-Geral de Justiça, 
ao passo que o PGR pode ser sucessivamente reconduzido, sem qualquer 
limitação; (b) não há participação do Poder Legislativo no processo de 
nomeação do Procurador-Geral de Justiça, enquanto que para a nomeação 
do PGR há intervenção prévia e obrigatória do Senado Federal. 
O STF tem entendimento assente na matéria, no sentido de que afronta a 
Constituição Federal norma de Constituição estadual que sujeite a 
nomeação do Procurador-Geral de Justiça, pelo Governador do Estado, à 
prévia aprovação da Assembléia Legislativa (STF, ADIN 1.506/SE). 
Por outro lado, a participação do Poder Legislativo no processo de 
destituição dos Procuradores-Gerais de Justiça é obrigatória, a teor do 
§ 4º, do art. 128, da Constituição, segundo o qual "os Procuradores-
Gerais nos Estados e no Distrito Federal e Territórios poderão ser 
destituídos por deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo, na 
forma da lei complementar respectiva". Em se tratando do MPDFT, a 
deliberação compete ao Senado Federal, como exposto acima; nos demais 
casos, à Assembléia Legislativa respectiva. 
 
1.4) PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
Estabelece o § 1°, do art. 127, da Constituição os princípios institucionais 
do Ministério Público, a saber: a independência funcional, a unidade, e a 
indivisibilidade. Além destes, expressamente previstos na Carta Política, o 
STF já firmou o entendimento de que nossa Constituição contempla 
também o princípio do promotor natural. 
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Desde logo, deve-se frisar que referidos princípios devem ser 
considerados como incidindo não sobre o Ministério Público como um todo, 
mas sobre cada um de seus ramos, nos termos do art. 128 da CF. Assim, 
por exemplo, o princípio da indivisibilidade não compreende o MPU, 
genericamente considerado, mas os diversos ramos em que o órgão se 
desmembra. Isso significa que há indivisibilidade no âmbito do Ministério 
Público Federal, do Ministério Público do Trabalho, do Ministério Público 
Militar e do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, o mesmo se 
aplicando a cada um dos Ministérios Públicos estaduais. Idêntico raciocínio 
vale para os demais princípios institucionais do Ministério Público. 
O princípio da independência funcional significa que o membro do MP, 
no desempenho de suas funções típicas, não se subordina a nenhuma 
autoridade, nem mesmo ao chefe do ramo do Ministério Público que 
integra. 
Como ressalta Alexandre de Moraes, “no direito constitucional pátrio, só 
se concebe no Ministério Público uma hierarquia no sentido administrativo, 
pela chefia do Procurador-Geral da instituição, nunca de índole funcional”. 
Estes são os exatos termos da independência do MP, que, como o próprio 
nome indica, é funcional, e não administrativa. Isto significa dizer que o 
membro do Parquet, ao redigir uma peça processual, ao decidir pelo 
oferecimento ou não de uma denúncia, ao analisar a existência de 
interesse difuso a justificar a propositura de uma ação popular, entre 
outras possíveis manifestações, atua com plena autonomia, sujeito apenas 
às suas próprias convicções e às normas constitucionais e legais que 
compõem nosso sistema jurídico, sem qualquer possibilidade de 
ingerência em sua atuação funcional por parte de autoridades dos Poderes 
Executivo, Legislativo e Judiciário, ou mesmo do próprio Ministério 
Público. 
Enfim, ninguém, nem mesmo seus superiores hierárquicos, podem impor 
ao membro da instituição certa conduta. Admite-se, apenas, que os 
órgãos de direção superior do Ministério Público editem recomendações 
gerais sobre matérias técnicas, para todos os membros da instituição, 
sem caráter vinculante. 
Exemplo de aplicação deste princípio encontra-se no art. 28 do Código de 
Processo Penal, segundo o qual, frente a um pedido de arquivamento de 
inquérito policial promovido por um integrante do órgão, pode o Chefe do 
Ministério Público respectivo determinar a realização de novas diligências 
pelas autoridades policiais, propor diretamente a denúncia ou designar 
outro membro para tal finalidade, mas de modo algum lhe é autorizado 
determinar ao membro que solicitou o arquivamento que altere seu 
posicionamento e ofereça a denúncia. 
Nunca é demais ressaltar que a Constituição alçou à condição de crime de 
responsabilidade do Presidente da República qualquer conduta atentatória 
contra o livre exercício do Ministério Público (CF, art. 85, II). 
Pode ocorrer, entretanto, que o membro do MP seja desidioso no exercício 
de suas funções, perdendo prazos processuais para a interposição de 
recursos, deixando de se manifestar em situações nas quais por lei está 
obrigado a fazê-lo, redigindo peças com evidentes falhas técnicas, entre 
outras possibilidades. Nessas hipóteses, porque sujeito à disciplina 
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administrativa da instituição, deverá o membro do Parquet sofrer as 
sanções previstas na legislação própria. 
O controle administrativo sobre os membros do MP foi mesmo reforçado 
pela EC nº 45/2004 que, ao criar o Conselho Superior do Ministério 
Público, definiu entre suas atribuições a de “receber e conhecerdas 
reclamações contra membros ou órgãos do Ministério Público da União ou 
dos Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da 
competência disciplinar e correicional da instituição, podendo avocar 
processos disciplinares em curso, determinar a remoção, a disponibilidade 
ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de 
serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla 
defesa”. 
O princípio da unidade, por sua vez, significa que todos os membros do 
Ministério Público fazem parte de um só órgão, sob a chefia de um 
Procurador-Geral, não sendo, pois, admissível sua subdivisão em diversos 
Ministérios Públicos autônomos, cada um desvinculado dos demais. Não, 
há, pois, múltiplas instâncias de atuação, mas unicidade hierárquica do 
órgão na figura do respectivo Procurador-Geral. 
Ressaltando-se novamente, tal unidade deve ser compreendida como 
incidente no âmbito de cada um dos ramos da instituição. Assim, há 
unidade no Ministério Público Federal ou no Ministério Público do Trabalho, 
sendo vedada sua subdivisão em órgãos menores, mas não cabe se falar 
em unidade entre todos os ramos que compõem o MPU, pois cada um 
possui chefia própria. Da mesma forma, não há unidade entre os 
Ministérios Públicos de diferentes Estados, ou entre um Ministério Público 
estadual e cada um dos ramos do MP que compõem o MPU. 
O terceiro princípio institucional do Ministério Público é o da 
indivisibilidade, o qual, na verdade, resulta do princípio anterior. Se há 
unidade no interior de cada ramo do MP, atuando o órgão como um corpo 
único, não há vinculação pessoal dos seus membros aos processos em 
que atuam, podendo ser substituídos uns pelos outros, de acordo com as 
disposições legais sobre a matéria, sem qualquer dano para o transcurso 
do processo e sem que se possa alegar qualquer vício processual em 
virtude da substituição. 
A atuação de cada um dos ramos do MP é indivisível, não havendo 
vinculação das pessoas integrantes do órgão aos processos que se 
encontram no momento sob sua responsabilidade, sendo admissível, a 
qualquer tempo, sua substituição por outro membro do mesmo ramo do 
Ministério Público. 
Vicente Paulo trata do ponto nos seguintes termos: 
Pelo princípio da indivisibilidade, todos os membros do Ministério 
Público são reciprocamente substituíveis, tornando o órgão uma 
totalidade homogênea. Cada membro está investido da totalidade 
das funções do órgão, não sendo possível seccioná-las. É postulado 
de garantia coletiva da defesa de bens sociais e públicos, que não 
pode ser fixado em apenas um membro, mas em todo o órgão. 
Cada membro representa o órgão todo, porque o interesse que 
titulariza é coletivo, e não de uma individualidade concreta. Sendo 
indisponível o interesse representado pelo Ministério Público, a não-
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fixação de membro (a não ser por distribuição interna, nos termos 
da lei de sua organização) significa a natureza da totalidade 
homogênea do órgão. 
O mesmo Autor traz um exemplo de aplicação pelo STF do princípio ora 
em comento, que se configurou quando a Corte entendeu que o pedido de 
arquivamento de inquérito policial formulado por um Procurador-Geral da 
República possui caráter irretratável, não sendo passível de modificação 
por manifestação de outro Procurador-Geral da República, no futuro, no 
sentido de que seja oferecida a denúncia com relação aos fatos objeto da 
investigação, salvo se, no caso, surgirem novas provas que justifiquem a 
alteração do pronunciamento, porque a manifestação do anterior 
Procurador-Geral da República representa a vontade do órgão, e não da 
pessoa que naquela oportunidade ocupava o cargo (Inq. 2.028/BA). 
Mais uma vez deve-se ressaltar que a indivisibilidade recai sobre cada 
ramo do MP em separado, de modo que não é possível invocar-se o 
princípio para substituir um membro de certo ramo da instituição por um 
integrante de ramo diverso. Tal tentativa implicaria ofensa à Constituição. 
Além dos três princípios acima discriminados, expressamente previstos 
como tal no texto constitucional, o STF já decidiu que nossa Carta 
alberga, ainda, o princípio do promotor natural. 
Seu conteúdo é bastante singelo: ele veda a designação casuística de 
membros do MP para atuarem em determinados processos, impondo que 
a competência de cada um dos integrantes da carreira esteja estabelecida 
a partir de critérios genéricos, abstratos, que assegurem ao membro do 
MP a independência necessária para o exercício de suas funções. 
Inegavelmente, a autonomia funcional do membro do Parquet seria 
severamente enfraquecida se, a qualquer instante, o chefe do Ministério 
Público pudesse indicar um "promotor de exceção", que viria substituir 
aquele que, de acordo com os critérios pré-estabelecidos, é efetivamente 
o competente para atuar no caso em questão. 
Enfim, como requisito para uma atuação independente e imparcial, o 
princípio do promotor natural impõe a adoção de critérios de competência 
pré-estabelecidos e abstratos, de modo a delimitar com precisão a 
competência atribuída a cada membro da instituição, sendo vedada 
qualquer designação casuística, arbitrária, por parte da chefia do órgão, 
admitindo-se apenas as substituições calcadas em critérios também 
previamente estabelecidos, nos termos da lei. 
Em matéria de competência, deve-se destacar, ainda, o § 2°, do art. 129, 
da Constituição, segundo o qual as funções do Ministério Público somente 
poderão ser desempenhadas por integrantes da carreira, que deverão 
residir na comarca da respectiva lotação, salvo autorização do chefe da 
instituição. 
 
1.5) AUTONOMIA ADMINISTRATIVA, FUNCIONAL E ORCAMENTÁRIO-
FINANCEIRA 
A Constituição, em seu art. 127, § 2°, confere ao Ministério Público 
autonomia administrativa e funcional, e, no art. 127, § 3°, autonomia 
orçamentário-financeira. 
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A autonomia funcional da instituição é assegurada especialmente pelos 
princípios institucionais que analisamos acima, e pelas garantias 
contempladas no art. 128, § 5°, I, a vitaliciedade, a inamovibilidade a 
irredutibilidade de subsídios, que não serão analisadas nesse momento. 
A autonomia da instituição tem os parâmetros iniciais de sua abrangência, 
especificados no próprio art. 127, § 2°, segunda parte, nos termos do 
qual, observado o disposto no art. 169 da CF, tem o Ministério Público 
competência para propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus 
cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público de provas 
ou de provas e títulos, a política remuneratória e os planos de carreira, 
cabendo à lei dispor sobre sua organização e funcionamento. 
O art. 3° da Lei Orgânica Nacional do Ministério Público complementa o 
dispositivo constitucional, outorgando à instituição competência para a 
produção de diversos atos de gestão relacionados à sua autonomia 
administrativa, tais como: (a) prover os cargos iniciais da carreira e dos 
serviços auxiliares; (b) remover os servidores da instituição; (c) promovê-
los às classes superiores da carreira; (d) editar atos de concessão de 
aposentadoria e pensão; (e) declarar a vacância dos cargos da carreira e 
dos serviços auxiliares da instituição; (f) organizar suas secretarias e os 
serviços auxiliares; (g) compor seus órgãos de administração; (h) 
elaborar seus regimentos internos; (i) celebrar contratos relativos às 
necessidades do serviço, entre outras competências de caráter 
administrativo. 
A autonomia orçamentário-financeira do Ministério Público é disciplinada 
nos §§ 3° a 6°, do art. 127, da Constituição. Na lição de Hely Lopes 
Meirelles, trazida por Alexandrede Moraes, podemos defini-la nos 
seguintes termos: 
(...) a autonomia financeira é a capacidade de elaboração da 
proposta orçamentária e de gestão e aplicação dos recursos 
destinados a prover as atividades e serviços do órgão titular da 
dotação. Essa autonomia pressupõe a existência de dotações que 
possam ser livremente administradas, aplicadas e remanejadas pela 
unidade orçamentária a que foram destinadas. Tal autonomia é 
inerente aos órgãos funcionalmente independentes, como são o 
Ministério Público e o Tribunal de Contas, os quais não poderiam 
realizar plenamente as suas funções se ficassem na dependência de 
outro órgão controlador de suas dotações orçamentárias. 
O § 3°, do art. 127, da Carta, expressamente outorga ao Ministério 
Público a competência para a elaboração da sua proposta orçamentária, 
observados os limites estipulados na lei de diretrizes orçamentárias. 
Os §§ 4° a 6° do artigo, acrescentados ao texto constitucional pela EC nº 
45, de 2004, complementam a matéria. 
Nos seus termos, se o Ministério Público não encaminhar a respectiva 
proposta orçamentária dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes 
orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação 
da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária 
em vigor naquele exercício, ajustados de acordo com os limites fixados na 
lei de diretrizes orçamentárias (CF, art. 127, § 4°). 
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Se a proposta orçamentária for encaminhada em desconformidade com os 
limites estipulados na lei de diretrizes orçamentárias, cabe ao Poder 
Executivo proceder aos ajustes necessários da mesma, para fins de 
consolidação na proposta orçamentária anual (CF, art. 127, § 5º). 
Finalmente, durante a execução orçamentária do exercício não poderá 
haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações que 
extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, 
exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos 
suplementares ou especiais (CF, art. 127, § 6º). 
 
1.6) FUNÇÕES INSTITUCIONAIS 
O art. 129 da Constituição enumera algumas funções a serem 
desempenhadas pelo Ministério Público. Uma breve leitura do dispositivo é 
suficiente para se concluir que, além de retirar da instituição qualquer 
atuação relacionada à representação judicial de entidades públicas ou à 
consultoria jurídica do Poder Executivo, a Constituição alargou 
sobremaneira o campo de atuação do Ministério Público na defesa da 
sociedade como um todo, dando especial relevância à defesa dos direitos 
fundamentais, da probidade administrativa e do respeito à ordem jurídica 
pelos Poderes Públicos, além de conferir à instituição a titularidade da 
ação penal pública. 
Nos termos do referido dispositivo, são funções institucionais do Ministério 
Público: 
a) promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; 
b) zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de 
relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, 
promovendo as medidas necessárias a sua garantia; 
c) promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do 
patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses 
difusos e coletivos; 
d) promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de 
intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta 
Constituição; 
e) defender judicialmente os direitos e interesses das populações 
indígenas; 
f) expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua 
competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na 
forma da lei complementar respectiva; 
g) exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei 
complementar mencionada no artigo anterior; 
h) requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito 
policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações 
processuais; 
i) exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis 
com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a 
consultoria jurídica de entidades públicas. 
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O § 1º, do art. 129, da CF, afastando quaisquer dúvidas na matéria, 
assevera que a legitimação do Ministério Público para as ações civis 
acima indicadas não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, 
segundo o disposto na Constituição Federal e nas leis que integram nosso 
ordenamento. 
De pronto, pode-se perceber que o rol de atribuições do MP prescrito na 
Constituição não é exaustivo, pois o inc. IX, do art. 129, ressalva a 
possibilidade de que à instituição sejam conferidas outras competências 
pelo legislador ordinário, desde que compatíveis com aquelas prescritas 
na Carta Política. 
Os §§ 2º a 4º, do art. 129, da Constituição, todos alterados pela EC nº 
45, de 2004, contemplam outras regras de atuação do MP. 
Pelo § 2º, as funções da instituição só podem ser exercidas por 
integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da respectiva 
lotação, salvo autorização do chefe da instituição. 
Pelo § 3º, o ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á mediante 
concurso público de provas e títulos, assegurada a participação da Ordem 
dos Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel em 
direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e observando-se, nas 
nomeações, a ordem de classificação. 
O § 4º determina a aplicação ao Ministério Público, no que couber, das 
normas do art. 93 da Carta, que serão analisadas quando do estudo do 
Poder Judiciário. 
E o § 5º, encerrando o artigo 129 da CF, o qual foi acrescentado pela EC 
nº 45, de 2004, determina que a distribuição de processos no Ministério 
Público será imediata. 
Alexandre de Moraes, analisando as competências conferidas pela 
Constituição ao Ministério Público, é enfático ao afirmar que elas 
compreendem todos os poderes necessários ao seu pleno desempenho, 
mesmo que não estejam previstos expressamente na Constituição, e 
desde que, por evidente, não afrontem os demais dispositivos do Texto 
Maior. 
Em suma, o Autor defende que o Ministério Público goza de competências 
genéricas implícitas, quais sejam, as necessárias ao eficaz desempenho 
das competências que lhe foram expressamente outorgadas pela 
Constituição, dando especial ênfase, nesse contexto, à atuação 
investigatória do Parquet, na esfera criminal, e sempre destacando a 
necessidade de observância das demais disposições constitucionais e a 
possibilidade de responsabilização penal, civil e administrativa dos 
membros da instituição por eventuais abusos cometidos no exercício de 
suas funções. 
São suas as seguintes considerações: 
Entre essas competências implícitas, parece-nos que não poderia 
ser afastado o poder investigatório criminal dos promotores e 
procuradores, para que, em casos que entenderem necessário, 
produzam as provas necessárias para combater, principalmente, a 
criminalidade organizada e a corrupção, não nos parecendo 
razoável o engessamento do órgão titular da ação penal, que, 
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contrariamente ao histórico da Instituição, teria cerceado seus 
poderes implícitos essenciais para o exercício de suas funções 
constitucionais expressas. 
Não reconhecer ao Ministério Público seus poderes investigatórios 
criminais implícitos corresponde a diminuir a efetividade de sua 
atuação em defesa dos direitos fundamentais de todos os cidadãos, 
cuja atuação autônoma, conforme já reconheceu nosso Supremo 
Tribunal Federal, configura a confiança de respeito aosdireitos 
individuais e coletivos, e a certeza de submissão dos Poderes à lei. 
Embora não haja relação direta com a lição do Autor, cabe destacar que o 
STF assentou o entendimento de que o Ministério Público goza de 
legitimação para a propositura de ação investigatória de paternidade, 
desde que provocado pelo interessado a tanto e que existam indícios 
positivos da descendência, derivando tal atribuição da função ministerial 
de promover a defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis 
(CF, art. 127). 
O Professor Vicente Paulo, sobre a matéria, traz à colação trecho do voto 
do Ministro Maurício Corrêa, proferido no RE 248.869-SU, no qual o ilustre 
julgador declarou, como fundamento para o reconhecimento da 
competência do MP para a interposição de ação investigatória de 
paternidade, que "está fora de qualquer dúvida que o direito ao 
reconhecimento da paternidade tem conteúdo indisponível, derivado da 
própria força impositiva dos preceitos de ordem pública que regulam a 
matéria". 
 
1.6.1) Ação Civil Pública 
O inc. III, do art. 129, da Constituição atribui ao MP competência para 
promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do 
patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses 
difusos e coletivos. 
Trata-se de mais uma ação constitucional instituída para a defesa dos 
interesses da coletividade, neles compreendidos os interesses difusos, os 
interesses coletivos e os interesses individuais homogêneos, como 
analisaremos abaixo. Não é possível sua interposição, para a defesa de 
interesses individuais, a não ser que se enquadrem como individuais 
homogêneos. 
Pode-se listar a ação civil pública ao lado da ação popular e do mandado 
de segurança coletivo, respeitadas as peculiaridades de cada uma dessas 
ações constitucionais. 
Como salienta o § 1º, do art. 129, da Constituição, a legitimação do MP 
para a interposição das ações de natureza civil referidas neste artigo não 
afasta a possibilidade de que terceiros possam delas também se valer, nos 
termos da Constituição e da legislação ordinária. Esta prescrição é, em 
tudo, aplicável à ação civil pública. 
A Lei nº 7.347/85, que regula a ação, prevê no seu art. 5º, como 
legitimados para a interposição: 
a) o Ministério Público; 
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b) a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, bem como suas 
entidades da Administração Indireta; 
 c) as associações que estejam regularmente constituídas há pelo menos 
um ano e que incluam entre seus fins institucionais a proteção ao 
meio-ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, 
ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. 
Eventualmente poderá a ação ser movida conjuntamente, pois a Lei nº 
7.347/85 autoriza a formação de litisconsorte facultativo entre os 
Ministérios Públicos da União, dos Estados e do Distrito Federal e 
Territórios para a propositura da ação. 
Apesar de a Lei não autorizar ao cidadão, individualmente, a interposição 
da ação, pode qualquer pessoa provocar a iniciativa do Ministério Público, 
repassando-lhe informações sobre fatos que possam justificar a 
propositura da ação. Os servidores públicos também são referidos na Lei, 
mas, neste caso, a eles foi prescrita a obrigação de repassar tais 
informações ao MP, quando delas tiveram conhecimento no desempenho 
de suas funções. 
Também os magistrados e os Tribunais, quando, no exercício de suas 
funções, tiverem ciência de informações que possam justificar a 
propositura de ação civil pública, deverão enviar ao MP as respectivas 
peças, para a adoção das providências cabíveis. 
O Ministério Público ocupa uma posição especial no âmbito da ação civil 
pública, apesar de não deter a competência exclusiva para sua 
interposição, em obediência ao texto constitucional. O Professor Vicente 
Paulo apresenta uma síntese das possíveis atuações do MP, na hipótese, 
que pedimos licença para transcrever: 
a) é um dos legitimados para o ajuizamento da ação; 
b) se a ação não for por ele proposta, atuará como parte autônoma, 
zelando pela regularidade do processo e pela correta aplicação da lei; 
c) se houver desistência infundada ou abandono da ação por associação 
legitimada, deverá assumir a titularidade ativa; 
d) se, decorridos sessenta dias da sentença condenatória, a associação 
autora da ação não promover a execução, é sua obrigação fazê-lo; 
e) está isento de custas e honorários advocatícios (ônus de sucumbência) 
no caso de improcedência da ação civil pública por ele proposta. 
A Constituição de 1988 alargou consideravelmente a esfera de 
abrangência da ação civil pública. 
A Lei nº 7.347/85, em sua redação original, previa sua aplicação somente 
nas hipóteses de lesão ou ameaça de lesão ao meio ambiente, ao 
consumidor, a bens e direitos de valor histórico, artístico e paisagístico. 
Como podemos perceber, o art. 129, III, da CF, alterou radicalmente a 
matéria, ao prescrever que a ação civil pública é instrumento apto “para a 
proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros 
interesses difusos e coletivos”. 
Em vista disso, o art. 1º da Lei 7.347, de 1985, foi alterado, buscando-se 
melhor adaptá-lo à determinação constitucional, de modo que, 
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atualmente, estabelece que a ação pode ser interposta para a defesa de 
direitos e interesses relacionados: 
a) ao meio ambiente; 
b) ao consumidor; 
 c) aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e 
paisagístico; 
d) a qualquer outro interesse difuso ou coletivo; 
e) por infração da ordem econômica e da economia popular; 
f) à ordem urbanística. 
Vamos aproveitar a oportunidade para apresentar os conceitos de 
interesse difuso, interesse coletivo e interesse individual homogêneo, 
valendo-nos essencialmente das disposições do Código de Defesa do 
Consumidor. 
Interesses difusos são os interesses de natureza indivisível que dizem 
respeito a um número indeterminado e indeterminável de pessoas 
vinculadas por circunstâncias fáticas (não-jurídicas). Exemplo de 
interesse difuso é o interesse em um meio ambiente ecologicamente 
equilibrado. Todos, pelo mero fato de habitar este pequeno planeta 
(número indeterminado e indeterminável de titulares vinculados por uma 
circunstância fática) têm interesse na proteção do meio ambiente, sem 
que se possa quantificar e discriminar este interesse para cada membro 
da coletividade (interesse de natureza indivisível). 
Interesses coletivos são os interesses de natureza indivisível 
titularizados por um grupo, classe ou categoria de pessoas que sejam 
relacionadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica 
básica. Exemplo de interesse coletivo é o interesse de livre manifestação 
artística defendido por uma associação constituída para celebrar peças 
teatrais (grupo de pessoas ligadas por uma relação jurídica, sem que se 
possa quantificar o interesse de cada uma). 
Interesses individuais homogêneos são os interesses de natureza 
divisível titularizados por categoria, classe ou grupo de pessoas 
vinculadas por uma situação fática comum. Seria o caso, por exemplo, 
das pessoas que compraram, numa mesma revenda, automóveis com o 
mesmo defeito de fabricação. Haveria a mesma origem fática (a compra 
na mesma revenda e o mesmo defeito de fabricação) a unir todo o grupo 
de consumidores, mas, neste caso, os prejuízos suportados por cada um 
são suscetíveis de mensuração individual. 
Não devem restar dúvidas quanto à legitimidade do MP para propor ação 
civil pública em defesa de interesses individuais homogêneos que 
decorram de relaçãode consumo ou que sejam indisponíveis. 
No que toca aos interesses individuais homogêneos de caráter 
indisponível, a conclusão decorre do próprio texto constitucional, pois o 
art. 127 confere, na sua parte final, legitimidade para o Ministério Público 
atuar em defesa de “interesses sociais e individuais indisponíveis”. 
No que toca aos direitos individuais e homogêneos decorrentes de relação 
de consumo, a doutrina e jurisprudência majoritárias advogam a 
legitimidade do MP, sempre que o interesse, apesar de relacionado 
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diretamente a um grupo de pessoas, disser respeito também à 
coletividade como um todo. 
Entretanto, segundo o STF, o Ministério Público não possui legitimidade 
para a interposição de ação civil pública objetivando a declaração de 
inconstitucionalidade de leis tributárias, seja para impedir a continuidade 
da exigência do tributo, seja para obter a restituição dos valores que se 
reputam indevidamente pagos. 
Este posicionamento do STF observa-se, por exemplo, no AgRE 248.191, 
quando a Corte decidiu que: 
O Ministério Público não tem legitimidade para aforar ação civil 
pública para o fim de impugnar a cobrança de tributos ou para 
pleitear a sua restituição. É que, tratando-se de tributos, não há, 
entre o sujeito ativo (poder público) e o sujeito passivo 
(contribuinte) relação de consumo, nem seria possível identificar o 
direito do contribuinte com "interesses sociais e individuais 
indisponíveis", (CF art. 127). 
Em encerramento, deve-se discutir a questão da possibilidade de controle 
de constitucionalidade por meio da ação civil pública em função dos 
efeitos erga omnes atribuídos à decisão proferida pela ação, nos termos 
da Lei nº 7.347, de 1985. 
Como tal ação pode ser proposta, entre outros legitimados, por qualquer 
membro do Ministério Público, perante qualquer juiz ou tribunal do país, 
poderia ela, em função dos seus efeitos, usurpar a competência do STF, 
na esfera federal, e dos Tribunais de Justiça, no âmbito estadual e no 
âmbito distrital, já que poderia declarar incidentalmente, em controle 
difuso, a inconstitucionalidade de uma lei com efeito erga omnes, 
característica típica e exclusiva das decisões proferidas em sede de 
controle concentrado. 
A questão toda, portanto, é a possibilidade de decretação da 
inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo com efeitos erga omnes 
numa ação típica de controle difuso. O STF, pronunciando-se sobre o 
tema, deixou assente a possibilidade de declaração de 
inconstitucionalidade em ação civil pública, desde que o objeto da ação 
esteja perfeitamente individualizado, já que assim o efeito da declaração 
seria apenas com relação àquele objeto. 
Enfim, admite o STF a possibilidade de declaração de inconstitucionalidade 
em sede de ação civil pública, quando nesta o objeto em discussão for um 
bem específico e determinado, de forma que a decisão não declare a 
inconstitucionalidade da lei ou ato normativo com efeitos erga omnes, 
limitando-se a negar-lhe aplicabilidade perante aquele caso concreto e 
aquele bem específico, o que inelutavelmente fará com que seus efeitos 
sejam limitados às partes na ação. 
Afastou-se, assim, a possibilidade de utilização da ação civil pública como 
meio de controle de constitucionalidade, dotado de eficácia erga omnes, 
pois nessa situação a ação estaria funcionando, ilegitimamente, como 
sucedâneo da Ação Direta de Inconstitucionalidade. 
 
1.7) GARANTIAS CONFERIDAS AOS MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
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O art. 128, § 5º, da Constituição, em seu inc. I confere aos membros do 
MP certas garantias, a fim de assegurar-lhes condições para um exercício 
imparcial e independente de suas funções, tendo por limites somente os 
preceitos constitucionais e as disposições legais que lhes sejam aplicáveis. 
Tais garantias não devem, pois, ser vistas como privilégios pessoais dos 
membros do MP, mas como instrumentos indispensáveis ao pleno e 
adequado desempenho de suas funções, nos termos postos pela 
Constituição. 
São três as garantias: 
 a) vitaliciedade, para cuja aquisição faz-se necessário dois anos de 
exercício das funções do cargo e aprovação no estágio probatório, após o 
que o membro do MP só está sujeito à perda de seu cargo em virtude de 
decisão judicial transitada em julgado. A vitaliciedade só não se aplica 
àqueles que ingressaram na instituição antes da promulgação da 
Constituição de 1988, e que optaram pelo regime anterior quanto às 
garantias e vantagens, que prevê somente a estabilidade (art. 29, § 3º, 
do ADCT); 
 b) inamovibilidade, pela qual o membro do MP somente pode ser 
removido para outra localidade por vontade própria, salvo por motivo de 
interesse público e mediante decisão do órgão colegiado competente do 
Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, 
assegurada ampla defesa. A EC nº 45/2004 alterou o quorum necessário 
para a remoção por interesse público, que anteriormente era de dois 
terços. Vale ressaltar que tanto a inamovibilidade quanto a vitaliciedade 
são garantias que somente podem ser conferidas pela Constituição 
Federal; 
 c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, § 4º, 
ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI; 150, II; 153, III; 153, § 2º, I. 
Na matéria, vale destacar a lição de Alexandre de Moraes, que é enfático 
ao advogar a impossibilidade de alteração, pelo poder constituinte 
derivado, das normas constitucionais que definem as funções do Ministério 
Público, sua estrututa orgânica e as garantias da instituição e de seus 
membros. São suas as seguintes considerações: 
Desse modo, por ser o Ministério Público instituição permanente e 
essencial à função jurisdicional do Estado, incumbido, entre outras 
importantíssimas funções, da defesa de cláusulas pétreas como a 
separação de Poderes, os direitos e garantias individuais e a própria 
existência da Federação e do voto direto, secreto, universal e 
periódico, ao defender o regime democrático, nenhuma norma do 
Poder Constituinte derivado poderá alterar sua estrutura orgânica, 
suas garantias de independência e imparcialidade e suas funções de 
controle, todas fixadas em defesa da própria sociedade e da 
perpetuidade da democracia. 
 
1.8) VEDAÇÕES CONSTITUCIONAIS AOS MEMBROS DO MINISTÉRIO 
PÚBLICO 
O inc. II, do § 5°, do art. 128, da Constituição veda aos membros do MP: 
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a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, 
percentagens ou custas processuais; 
b) exercer a advocacia; 
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; 
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, 
salvo uma de magistério; 
e) exercer atividade político-partidária; 
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de 
pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções 
previstas em lei (proibição acrescentada pela EC nº 45, de 2004). 
A alínea e, do inc. II, do § 5°, do art. 128, da CF foi alterada pela EC nº 
45/2004. Na redação anterior da norma, ao membro do Ministério Público 
era vedado o exercício de atividade político-partidária, salvo exceções 
previstas em lei. Havia, portanto, ressalva quanto à possibilidade de 
exercício de atividade desta natureza, nos termos da legislação própria. 
Com base nessa redação, o Supremo Tribunal Federal havia assentado o 
entendimento de que era possível a filiação partidária de membro do 
Ministério Público, para fins de candidatura a mandato eletivo nos Poderes 
Executivo ou Legislativo,desde que houvesse, nos prazos previstos em 
lei, a devida desincompatibilização. 
Atualmente, na redação do dispositivo sob a égide da EC nº 45/2004, 
simplesmente se declara que ao membro do MP é proibido “exercer 
atividade político-partidária”, sem qualquer ressalva. 
Por conseguinte, atualmente esta vedação é absoluta. O membro do 
Ministério Público, pelo texto atual da CF, em nenhuma hipótese poderá 
exercer atividade político-partidária, salvo quando passar à condição de 
inativo. 
Alexandre de Moraes relembra, com razão, que a nova regra não se aplica 
aos membros do MP que tenham ingressado no órgão antes da entrada 
em vigor da Constituição de 1988, desde que tenham feito a opção que 
lhes facultou o § 3º, do art. 29, do Ato das Disposições Constitucionais 
Transitórias. Nas palavras do Autor, “nessa hipótese, ao membro do 
Ministério Público serão permitidas a filiação partidária e a candidatura 
para mandatos eletivos, respeitados os prazos da LC nº 64/90 (prazos de 
desincompatibilizações), bem como quais outras formas de exercício da 
atividade político-partidária”. 
Ampliando a conclusão, o art. 29, § 3º, do Ato das Disposições 
Constitucionais Transitórias permitiu aos integrantes da carreira, 
admitidos antes da promulgação da Constituição de 1988, a opção pelos 
direitos e vantagens que possuíam com base no regime anterior. Quanto 
às vedações, determinou tal dispositivo que deve ser considerada a 
situação jurídica do membro do MP na data da promulgação da CF, ou 
seja, com as vedações já existentes em tal época. 
Desse modo, foi admitida, pela vigente Carta, a coexistência de dois 
regimes jurídicos diferenciados, no que diz direito aos direitos, vantagens 
e vedações relativas aos membros do MP. Aqueles que já integravam a 
carreira, quando da entrada em vigor da Constituição, puderam optar 
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pelos direitos e vantagens nela previstos ou por aqueles que possuíam sob 
a égide do regime jurídico a ela anterior; no que se refere às vedações, 
sujeitam-se eles àquelas previstas no regime anterior, não lhes sendo 
aplicáveis as instituídas pela Constituição de 1988. Já os membros do MP 
que ingressaram na carreira em data posterior à da promulgação da CF 
não têm qualquer possibilidade de opção, devendo enquadrar-se 
obrigatoriamente no regime jurídico por ela instituído, no tocante a 
direitos, vantagens e vedações. 
Uma das vedações que não se aplica àqueles que já integravam a carreira 
na data da promulgação da atual Constituição é a proibição de exercício 
da advocacia em caráter privado. Com isto, temos que tais membros 
poderão atuar na advocacia privada, paralelamente com suas atribuições 
institucionais, ao contrário do que ocorre com os membros que 
ingressaram na carreira após a promulgação da Constituição de 1998, 
para os quais a advocacia privada é vedada em termos absolutos. 
Inclusive, para estes foi ampliada a restrição, uma vez que a EC nº 45, de 
2004, proibiu-lhes de exercer a advocacia no juízo ou no tribunal do qual 
tenham se afastado, antes de decorridos três anos do afastamento do 
cargo por aposentadoria ou exoneração (CF, art. 128, § 6°). 
 
1.9) CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO 
A EC nº 45, de 2004, ao adicionar ao texto constitucional o art. 130-A, 
instituiu o Conselho Nacional do Ministério Público, órgão de 
composição colegiada que tem como missão institucional fiscalizar a 
atuação administrativa e financeira do Ministério, bem como o 
cumprimento, pelos seus membros, de seus deveres funcionais. 
Embora a doutrina ressalte que a atuação do Conselho não poderá atentar 
contra a independência funcional do Parquet, violando suas atribuições e 
as garantias de seus membros, é inegável que o Conselho, pelas 
competências que lhe foram outorgadas pela Constituição, terá um real 
poder de interferência na atuação do Ministério Público, objetivando 
assegurar que a instituição não se desvirtue no cumprimento de suas 
elevadas atribuições. 
Dentro dessa perspectiva, o § 2º, do art. 130-A, após declarar em termos 
genéricos a função do Conselho – fiscalização da atuação administrativa e 
financeira da instituição e do cumprimento dos deveres constitucionais 
pelos seus membros -, especifica como competências do órgão: 
a) zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério Público, 
podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou 
recomendar providências; 
b) zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante 
provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por membros 
ou órgãos do Ministério Público da União e dos Estados, podendo 
desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as 
providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da 
competência dos Tribunais de Contas; 
c) receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do 
Ministério Público da União ou dos Estados, inclusive contra seus serviços 
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auxiliares, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional da 
instituição, podendo avocar processos disciplinares em curso, determinar 
a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou 
proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções 
administrativas, assegurada ampla defesa; 
d) rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de 
membros do Ministério Público da União ou dos Estados julgados há 
menos de um ano; 
e) elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar 
necessárias sobre a situação do Ministério Público no País e as atividades 
do Conselho, o qual deve integrar a mensagem prevista no art. 84, XI. 
A fim de facilitar a disponibilização de informações ao Conselho, requisito 
indispensável para o adequado cumprimento de suas funções, o § 5º, do 
art. 130-A determina a criação, pela União e pelos Estados, mediante lei 
ordinária, de ouvidorias do Ministério Público, que terão competência 
para receber reclamações e denúncias de qualquer interessado contra 
membros ou órgãos do Ministério Público, inclusive contra seus serviços 
auxiliares, representando diretamente ao Conselho Nacional do Ministério 
Público. 
A composição do Conselho Nacional do Ministério Público é definida no 
caput, do art. 130-A, da Constituição. Segundo o dispositivo, o órgão é 
formado por quatorze membros, todos nomeados pelo Presidente da 
República, após a aprovação do indicado pela maioria absoluta do Senado 
Federal. A nomeação será para um mandato de dois anos, admitindo-se 
uma recondução, observado o mesmo processo da primeira investidura. 
Nos termos do dispositivo, integram o Conselho: 
a) o Procurador-Geral da República, que o preside; 
b) quatro membros do Ministério Público da União, assegurada a 
representação de cada uma de suas carreiras; 
c) três membros do Ministério Público dos Estados; 
d) dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal e outro pelo 
Superior Tribunal de Justiça; 
e) dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos 
Advogados do Brasil; 
f) dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados 
um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal. 
Os membros do Conselho originários do Ministério Público serão 
escolhidos pela respectiva instituição, na forma disposta em lei (CF, art. 
130-A, § 1º). 
Pela composição do Conselho, percebe-se que o legislador constituinte 
derivado respeitou a independência constitucionalmente assegurada ao 
Ministério Público. Em primeiro lugar, porque a maioria de seus 
integrantes – em número de oito - é oriunda da própria instituição; em 
segundo, porquea presidência do Conselho foi cometida ao Chefe do 
Ministério Público da União, o Procurador-Geral da República; em terceiro, 
porque o Corregedor nacional do Conselho é escolhido dentre os membros 
do Ministério Público que compõem o órgão. 
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O § 3º, do art. 130-A trata da escolha do Corregedor nacional e das suas 
atribuições. A escolha se dá em votação secreta, vedada a recondução, 
sendo atribuições do Corregedor, além de outras que lhe forem conferidas 
por lei, as seguintes: 
a) receber reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas 
aos membros do Ministério Público e dos seus serviços auxiliares; 
b) exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e correição geral; 
c) requisitar e designar membros do Ministério Público, delegando-lhes 
atribuições, e requisitar servidores de órgãos do Ministério Público. 
O § 4º, do art. 130-A dispõe que o Presidente do Conselho Federal da 
Ordem dos Advogados do Brasil oficiará junto ao Conselho. 
Deve-se destacar que, ao conferir ao PGR a condição de membro nato do 
Conselho, como Presidente do órgão, a Constituição, embora não o afirme 
expressamente, excepcionou a regra geral para a nomeação, já que não 
poderá o Senado negar à autoridade seu direito de acesso ao Conselho, 
como Presidente. Neste caso, portanto, não caberá ao Senado qualquer 
apreciação do nome, sendo necessário apenas o ato formal do Presidente 
da República, nomeando a autoridade. 
Como exposto, além dos oito integrantes do Conselho egressos do 
Ministério Público, é o órgão composto por dois membros do Poder 
Judiciário, por dois advogados, representando a categoria, e por dois 
cidadãos, representando a própria sociedade, na forma do art. 130-A da 
CF. Dentre os advogados não poderá ser escolhido para compor o 
Conselho o Presidente da OAB, pois a Constituição reservou-lhe uma 
atribuição em separado junto ao órgão, impossibilitando sua nomeação 
como membro do mesmo. 
 
1.10) MINISTÉRIO PÚBLICO JUNTO AOS TRIBUNAIS DE CONTAS 
A Constituição Federal foi econômica no regramento do Ministério Público 
junto aos Tribunais de Contas, limitando-se a dispor, no art. 130, que a 
seus membros aplicam-se as regras pertinentes a direitos, vedações e 
forma de investidura prescritas para os membros dos demais ramos do 
MP. Desse modo, todas as considerações relativas a essas matérias 
constantes dos tópicos anteriores dessa unidade aplicam-se, na íntegra, 
aos membros do Ministério Público atuante junto às Cortes de Contas. 
Com relação ao próprio órgão, a Constituição não traz qualquer 
disposição, o que levou a doutrina a debater acerca da sua posição 
institucional, tendo sido estabelecidas duas posições: pela primeira, o 
Ministério Público junto aos Tribunais de Contas seria mais um ramo do 
Ministério Público, sob a direção do respectivo Procurador-Geral; pela 
segunda, o órgão integraria o próprio Tribunal de Contas junto ao qual 
atuasse. 
A questão foi levada ao Supremo Tribunal Federal, na ADIN 798-1/DF, 
oportunidade em que o Pretório Excelso assentou o entendimento de que 
o órgão integra a estrutura da própria Corte de Contas. Desse modo, 
temos que o Ministério Público atuante junto ao Tribunal de Contas da 
União compõe o próprio TCU, e não o Ministério Público da União; de 
idêntico modo, o Ministério Público atuante junto ao Tribunal de Contas do 
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Estado faz parte da própria Corte de Contas, e não do Ministério Público 
estadual. 
Em conseqüência dessa posição, o STF também assentou que a 
organização desse Ministério Público não está sujeita às disposições do 
art. 128, § 5°, CF, que é aplicável apenas aos ramos do MP referidos no 
caput do artigo, de modo que, além de a matéria poder ser tratada em lei 
ordinária (e não complementar, como consta no 128, § 5°), a iniciativa 
para a apresentação do projeto de lei cabe exclusivamente ao próprio 
Tribunal de Contas junto ao qual este MP vai atuar, e não, 
concorrentemente, ao Procurador-Geral e ao respectivo Chefe de Poder 
Executivo. 
Assim, o Ministério Público que atua junto ao TCU integra a estrutura da 
própria Corte de Contas, a quem cabe, com exclusividade, apresentar o 
projeto de lei ordinária tratando de sua organização. Como este modelo é 
de observância obrigatória pelos Estados, os Ministérios Públicos atuantes 
junto aos Tribunais de Contas estaduais integram o próprio Tribunal, a 
quem cabe com exclusividade apresentar o projeto de lei ordinária à 
Assembléia Legislativa respectiva tratando de sua organização. 
 
 
2. ADVOCACIA PÚBLICA 
 
A Constituição, em seu art. 131, outorga à Advocacia-Geral da União 
(AGU), diretamente ou por meio de órgão vinculado, as funções de 
representação judicial e extrajudicial da União, competindo-lhe, nos 
termos da lei complementar que tratar de sua organização e 
funcionamento, as atividades de consultoria e assessoria jurídica do Poder 
Executivo. 
A instituição da AGU, pela Constituição Federal, teve a precípua finalidade 
de substituir o regime jurídico vigente sob a égide da Constituição 
anterior, que conferia tais atribuições ao Ministério Público. Com a 
instituição da AGU, afasta-se totalmente o Ministério Público de quaisquer 
atividades dessa natureza, que passam a ser exercidas pela AGU. 
São duas, pois, as funções que a atual Constituição reservou à Advocacia-
Geral da União: a representação, judicial e extrajudicial da União, 
abrangendo todos os órgãos da sua Administração Direta, em quaisquer 
dos três Poderes; e a consultoria e o assessoramento jurídico do Poder 
Executivo federal. 
A AGU é chefiada pelo Advogado-Geral da União, autoridade de livre 
escolha pelo Presidente da República, dentre cidadãos maiores de 35 
anos, de notável saber jurídico e de reputação ilibada (CF, art. 131, § 1º). 
O Presidente da República, além de poder nomear livremente o Advogado-
Geral da União, não havendo, neste processo, qualquer participação do 
Senado Federal, também detém plena discricionariedade para determinar 
sua exoneração. De se notar que, dentre os requisitos constitucionais a 
serem observados na escolha, não consta a necessidade do diploma de 
bacharel em Direito, apenas de notável saber jurídico. 
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O Advogado-Geral da União goza de status hierárquico equivalente ao de 
Ministro de Estado, sendo julgado pelo Senado Federal, nos crimes de 
responsabilidade (CF, art. 52, II), e pelo Supremo Tribunal Federal, nos 
crimes comuns (CF, art. 102, I, c). 
A AGU, na condição de órgão permanente, tem seu quadro de membros 
organizados em carreira, dando-se o ingresso nas suas classes iniciais 
mediante aprovação em concurso público de provas e títulos (CF, art. 131, 
§ 2º). Ao contrário dos membros do Ministério Público, os integrantes da 
instituição não fazem jus à vitaliciedade, mas tão somente à estabilidade, 
da mesma forma que os titulares de cargos efetivos em geral. 
O § 3º, do art. 131, da Constituição ressalva a competência para a 
representação da União na execução da dívida ativa de natureza 
tributária, cometendo tal atribuição à Procuradoria-Geral da Fazenda 
Nacional, órgão que pertence à estrutura do Ministério da Fazenda, não 
integrando, pois, a Advocacia-Geral da União. 
O art. 132 da Carta dispõe que os Procuradores dos Estados e do Distrito 
Federal deverão ser organizados em carreira, na qual o ingresso se dará 
mediante aprovação em concurso público de provas e títulos, com a 
participação obrigatória da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as 
suas etapas. A tais servidores foi asseguradaa estabilidade, após três 
anos de efetivo exercício do cargo e aprovação em avaliação de 
desempenho realizada perante os órgãos próprios, conforme relatório 
circunstanciado das corregedorias. 
Aos Procuradores dos Estados e do Distrito Federal compete a 
representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades 
federadas. 
 
 
3) ADVOCACIA 
 
Reza o art. 133 da Constituição que "o advogado é indispensável à 
administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações 
no exercício da profissão, nos limites da lei". 
O dispositivo contempla duas regras peculiares aos advogados, a saber, 
sua indispensabilidade e sua inviolabilidade (ou imunidade) no 
exercício da profissão. Ambas, todavia, têm caráter relativo. 
No que toca à indispensabilidade, significa que geralmente é obrigatória a 
atuação do profissional do Direito nos processos que tramitam perante o 
Poder Judiciário, não sendo lícita, portanto, a produção de atos 
processuais diretamente pela parte interessada. Esta é a regra geral na 
matéria: o ius postulandi – a capacidade para postular em juízo – é 
prerrogativa exclusiva do bacharel em Direito regulamente inscrito na 
Ordem dos Advogados do Brasil. 
Todavia, apesar de ser inegável que a presença do advogado, nos 
processos judiciais, representa um fator de extrema relevância para a 
efetiva defesa dos direitos contemplados na Constituição Federal e na 
legislação como um todo, nosso ordenamento jurídico, em atenção a 
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outros interesses de igual relevância, permite, em certas hipóteses, que o 
interessado acesse diretamente o Poder Judiciário, tornando dispensável a 
presença do advogado. 
Isso se observa, por exemplo, nos processos de até determinado valor 
interpostos perante os juizados especiais cíveis, na revisão criminal e no 
habeas corpus. Nessas hipóteses, entre outras, a postulação em juízo não 
requer a constituição de advogado, sendo válida a atuação direta do 
interessado, sem assistência advocatícia. 
Da mesma forma, a inviolabilidade conferida pela Constituição ao 
profissional do Direito não se reveste de caráter absoluto. 
Em primeiro lugar, cabe ressaltar que a garantia compreende apenas os 
atos e manifestações produzidos pelo advogado, no regular exercício de 
suas atribuições, e que tenham pertinência com a pretensão que no 
momento defende, não sendo extensível a quaisquer condutas 
desvinculadas do exercício profissional ou que não se relacionem com o 
interesse que o advogado está naquele instante a defender. A doutrina já 
pacificou o entendimento de que a proteção não alcança as entrevistas 
concedidas pelos advogados aos meios de comunicação, pois não se 
vislumbra vínculo entre a manifestação e o desempenho de suas funções. 
O Superior Tribunal de Justiça, analisando a inviolabilidade do advogado 
na esfera penal, teve a oportunidade de proferir o seguinte entendimento: 
"(...) seria odiosa qualquer interpretação da legislação vigente 
conducente à conclusão absurda de que o novo Estatuto da OAB 
teria instituído, em favor da nobre classe dos advogados, imunidade 
penal ampla e absoluta, nos crimes contra a honra e até no 
desacato, imunidade essa não conferida ao cidadão brasileiro, às 
partes litigantes, nem mesmo aos juízes e promotores. O nobre 
exercício da advocacia não se confunde com um ato de guerra em 
que todas as armas, por mais desleais que sejam, possam ser 
utilizadas". 
Com base em considerações dessa natureza, nossa jurisprudência já 
assentou que, em matéria penal, a inviolabilidade do advogado não 
alcança a calúnia (imputar a alguém falsamente o cometimento de um 
crime – Código Penal, art. 138) e o desacato (destratar agente público 
no exercício da função ou em razão dela – CP, art. 331), com relação aos 
quais o advogado responde da mesma forma que os cidadãos em geral; 
abrangendo somente a difamação (imputar a alguém um fato concreto 
que seja ofensivo à sua reputação, mas que não constitua crime – pode 
ser contravenção – CP, art. 139) e a injúria (“xingar” alguém, ofendendo-
lhe a dignidade ou o decoro – CP, art. 140). Ademais, a inviolabilidade 
não alcança os crimes de injúria e difamação, quando a pessoa atingida é 
o próprio magistrado que preside o processo. 
O advogado, portanto, é protegido pela inviolabilidade exclusivamente 
com relação aos atos e manifestações praticados no desempenho de sua 
atividade profissional e que se relacionem com o interesse que naquele 
momento está incumbido de defender, na esfera administrativa ou 
judicial, o que o torna imune aos crimes de injúria e difamação, salvo 
quando a ofensa é irrogada ao juiz da causa. 
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Se a ofensa não tiver sido proferida no exercício de suas atribuições 
próprias, ou, mesmo nesse caso, se ela não se relaciona à pretensão que 
no momento o profissional está a defender, não incide a inviolabilidade. 
 
 
4) DEFENSORIA PÚBLICA 
 
Os arts. 134 e 135 da Constituição Federal dispõem sobre a Defensoria 
Pública, definida como instituição essencial à função jurisdicional do 
Estado, competindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os 
graus, dos necessitados, nos termos do art. 5°, LXXIV, da Constituição 
(CF, art. 134, caput). 
Caberá à lei complementar, editada pela União, organizar a Defensoria 
Pública da União e do Distrito Federal e dos Territórios, bem como 
prescrever normas gerais para a organização da Defensoria Pública nos 
Estados. 
As Defensorias Públicas, de todas as unidades da Federação, serão 
organizadas em cargos de carreira, cujo ingresso pressupõe aprovação em 
concurso público de provas e títulos, sendo assegurada a seus integrantes 
a garantia da inamovibilidade, e vedado aos mesmos o exercício da 
advocacia fora das atribuições institucionais (CF, art. 134, § 1°, antigo 
parágrafo único renumerado pela EC 45, de 2004). 
O regime remuneratório para os membros da Defensoria Pública é o 
subsídio, nos termos do art. 135 da CF, com redação dada pela EC nº 19, 
de 1998. 
A EC nº 45, de 2004, robusteceu as Defensorias Públicas dos Estados ao 
assegurar-lhes autonomia funcional e administrativa, além de conferir-
lhes a competência exclusiva para a apresentação da sua proposta 
orçamentária, dentro dos limites definidos na lei de diretrizes 
orçamentárias, e observado o disposto no art. 99, § 2° (CF, art. 134, § 
2°, acrescentado ao texto constitucional pela EC nº 45, de 2004). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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QUESTÕES DE PROVAS ANTERIORES 
 
 
1) CESPE 
 
 
1 (Procurador Federal de 2ª Categoria – AGU – DEZ 2002) - O A respeito 
da Advocacia-Geral da União (AGU) – instituição que desempenha 
atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo – 
e da representação judicial da União e das unidades federadas, julgue os 
itens abaixo. 
A. O constituinte originário não se limitou a acolher a AGU no texto 
constitucional, dedicando alguns dispositivos ao seu chefe, o advogado-
geral da União. Estabeleceu requisitos objetivos e subjetivos à sua 
escolha: idade mínima de trinta e cinco anos, escolha privativa do 
presidente da República, notável saber jurídico e reputação ilibada. A 
exemplo do que ocorre com o procurador-geral da República, o advogado-
geral da União deverá ter o seu nome aprovado pela maioria absoluta dos 
membros do Senado Federal. 
B. Pela prática de crime de responsabilidade, a Constituição da República 
submete o advogado-geral da União à jurisdição política do Senado 
Federal.Por outro lado, compete ao Superior Tribunal de Justiça processar 
e julgar, originariamente, as infrações comuns por ele praticadas. 
C. Compete à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, em causas de 
natureza fiscal, representar judicialmente a União. 
D. Os procuradores dos estados e do Distrito Federal, organizados em 
carreira, na qual o ingresso dependerá de concurso público de provas e 
títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em 
todas as suas fases, exercerão a representação judicial e a consultoria 
jurídica das respectivas federadas. 
 
2 (Defensor Público – Alagoas/2003) - Considerando as atribuições do 
Ministério Público e as funções essenciais à justiça, julgue os seguintes 
itens. 
A. Considere a seguinte situação hipotética. 
O Ministério Público de uma cidade do interior passou a exercer a 
fiscalização de um abrigo que comportava idosos e de outro que abrigava 
deficientes físicos. Constatou irregularidade em ambos. A direção do 
abrigo de idosos apresentou representação contra o promotor de justiça 
no próprio Ministério Público, usando, entre outros fundamentos, o de que 
isso não estava na esfera de atribuição e funções institucionais do órgão. 
Nessa situação, havia razão e fundamento jurídico para a representação. 
B. Considere a seguinte situação hipotética. 
O advogado de um empresário que cometera homicídio deu uma 
entrevista na rádio da cidade, usando, como fundamentos de defesa de 
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seu cliente, acusações outras contra o vereador que apresentou a 
representação no Ministério Público. Não havia provas das acusações do 
advogado. Na saída da rádio, foi-lhe perguntado se ele não temia alguma 
conseqüência jurídica para o seu ato, já que poderia ter praticado um 
ilícito penal. Ele respondeu que não, sob o argumento de que teria 
imunidade, pois estava no exercício da profissão. 
Nessa situação, houve fundamento jurídico na afirmativa do advogado. 
 
3 (Técnico Judiciário – Área Administrativa – TST – 2003 - adaptada) - 
Um missionário estrangeiro, nascido na República de Angola, país de 
língua portuguesa, residente no Brasil há um ano ininterrupto, ingressou 
com ação popular contra o proprietário de uma fazenda, situada na região 
amazônica, sob a alegação de que o fazendeiro estaria mantendo, em sua 
propriedade, vários índios na condição de escravos. Além disso, o 
missionário deu conhecimento do fato ao Ministério Público. Com 
referência a essa situação hipotética, julgue o item subseqüente. 
A ciência do fato ao Ministério Público está correta, uma vez que, de 
acordo com a Constituição da República, é função institucional do 
Ministério Público, entre outras, defender judicialmente os direitos e 
interesses das populações indígenas. 
 
4 (Defensor Público da União – 2004) - O procurador-geral da República 
não precisa ser nomeado necessariamente entre os subprocuradores-
gerais da República, que compõem a última classe da carreira do 
Ministério Público Federal (MPF). 
QUESTÃO 
5 (Juiz Federal –TRF 5ª Região – 2004) - O Ministério Público se apresenta 
hoje como um verdadeiro poder do Estado. Se Montesquieu tivesse escrito 
hoje o Espírito das Leis, por certo não seria tríplice, mas quádrupla, a 
divisão dos poderes. Ao órgão que legisla, ao que executa, ao que julga, 
um outro órgão acrescentaria ele � o que defende a sociedade e a lei 
perante a justiça, parta a ofensa donde partir, isto é, dos indivíduos ou 
dos próprios poderes do Estado! 
Alfredo Valladão. Ministério Público. In: Revista dos Tribunais. São Paulo: 
RT, v. 225, jul./1954, p. 38-9 (com adaptações). 
O trecho transcrito acima retrata a visão de avançada doutrina sobre o 
Ministério Público brasileiro na vigência da Constituição Federal de 1891. 
O trabalho completo foi publicado originalmente no Jornal do Commércio 
de 19/4/1914 e, em 1954, um extrato, no periódico indicado. 
Considerando o excerto acima, julgue os itens a seguir, tendo em vista o 
estado democrático de direito e o ordenamento jurídico brasileiro. 
A. A jurisprudência do STF não aceita a tese de quarto poder, defendida 
por doutrinadores como o do trecho transcrito, e consagra o entendimento 
de que, garantida efetivamente a independência do Ministério Público, a 
colocação constitucional é secundária, de interesse quase meramente 
teórico. 
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B. Um dispositivo de constituição estadual que conceda autonomia 
financeira ao Ministério Público, segundo o STF, não está compreendido na 
competência assegurada na Constituição da República. Mas, por estar 
contida na iniciativa para a criação de cargos, não é inconstitucional 
norma estadual que explicite competência do Ministério Público para 
propor a fixação de vencimentos de seus cargos. 
C. O STF já afirmou que a ordem jurídica confere explicitamente poderes 
amplos de investigação ao Ministério Público. 
 
6 (Procurador do Estado – PGRR – 2004) - Na Constituição do Estado de 
Roraima, assegura-se expressamente ao Ministério Público autonomia 
administrativa, financeira e funcional, cabendo-lhe, inclusive, praticar atos 
de gestão e adquirir bens e serviços. 
 
7 (Analista Judiciário – Área Administrativa – STJ – 2004) - Considere a 
seguinte situação hipotética. Um procurador de justiça de determinado 
estado-membro praticou estelionato. Tal crime foi processado e julgado 
perante o tribunal de justiça do estado. O membro do Ministério Público, 
autor da denúncia, argüiu incompetência daquele órgão, ao fundamento 
de que, em crime comum, o procurador deve ser julgado e processado na 
comarca do local do fato. Nessa situação, assiste razão ao membro do 
Ministério Público. 
 
8 (Analista Judiciário – Área Administrativa – STJ – 2004) - As funções e 
garantias detidas pelos membros do Ministério Público se igualam às 
imunidades e prerrogativas dos parlamentares e juízes. 
 
9 (Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE/AL – 2004) - Se o 
governador de um estado solicitar que um promotor de justiça profira 
parecer em processo administrativo que tramite em órgão do Poder 
Executivo estadual, o promotor deverá fazê-lo, já que o atendimento à 
solicitação é compatível com as funções do Ministério Público. 
 
10 (Procurador Consultivo – MP TCE/PE – 2004) - Aplicam-se aos 
membros do Ministério Público que atuam junto aos tribunais de contas as 
regras constitucionais relativas a direitos e vedações dos membros do 
Ministério Público comum. 
 
11 (Procurador Consultivo – MP TCE/PE – 2004) - De acordo com a ordem 
jurídica brasileira, é possível aos diferentes ramos do Ministério Público 
desempenhar outras funções além daquelas expressamente previstas no 
texto constitucional, desde que elas sejam compatíveis com a finalidade 
do órgão e hajam sido previstas em lei federal. 
 
12 (Procurador – MP TCE/PE – 2004) - Devido ao princípio da unidade do 
Ministério Público (MP), previsto constitucionalmente, o Supremo Tribunal 
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Federal (STF) firmou o entendimento de que o MP junto aos TCs deve, em 
princípio, integrar a estrutura do MP do respectivo estado, salvo se a 
Constituição estadual preceituar de maneira diversa. 
 
13 (Defensor Público – SE – 2005) - A representação e a consultoria 
jurídica de entidades públicas são constitucionalmente vedadas ao 
Ministério Público. 
 
 
2) ESAF 
 
 
14 (Promotor de Justiça – CE/2001) - Sobre o Ministério Público, como 
previsto na Constituição Federal e compreendido pelo Supremo Tribunal 
Federal, é correto afirmar: 
a) O Ministério

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