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CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 1 AULA 17: FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA O Título IV da Constituição trata da Organização dos Poderes, tendo reservado seu Capítulo IV para dispor sobre o que denominou Funções Essenciais à Justiça, compreendendo o Ministério Público, a Advocacia Pública, a Advocacia e a Defensoria Pública. 1) MINISTÉRIO PÚBLICO 1.1) NOÇÕES GERAIS O regime constitucional anterior atribuía ao Ministério Público funções de difícil conciliação, uma vez que cabia ao órgão, como funções precípuas: (a) a defesa da ordem jurídica e dos direitos fundamentais e (b) a representação judicial e extrajudicial das entidades federadas e a consultoria e o assessoramento jurídico do Poder Executivo. É fácil de imaginarmos as dificuldades de atuação que a anterior Carta Magna impunha à instituição do Ministério Público. Basta pensarmos nas situações em que a afronta à ordem jurídica emanasse das próprias unidades federadas, por parte dos órgãos que integram seu Poder Executivo. A Constituição de 1988, atenta a este fato, alterou profundamente a posição institucional do Ministério Público. Não apenas deixou de conferir, mas expressamente vedou o poder exercer atividades de representação judicial e de consultoria jurídica de entidades públicas (CF, art. 129, IX), atribuições que passaram a ser desempenhadas pela Advocacia-Geral da União e pelas Procuradorias dos Estados e do Distrito Federal, nas suas respectivas esferas de Governo, sendo ao Ministério Público outorgada a missão de assegurar o respeito à ordem jurídica, ao regime democrático, e aos direitos individuais e sociais indisponíveis (CF, art. 127, caput). O regramento constitucional da instituição vem prescrito em capítulo à parte, separado daqueles que tratam dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Com isto, evidencia-se a dúvida do próprio legislador constitucional, ao não vincular a instituição a nenhum dos Poderes do Estado. Como salienta o Ministro Sepúlveda Pertence, citado por Alexandre de Moraes, "a colocação tópica e o conteúdo normativo da Seção revelam a renúncia, por parte do constituinte, de definir explicitamente a posição do Ministério Público entre os Poderes do Estado". De nossa parte, em conformidade com o posicionamento da maioria de nossos constitucionalistas, consideramos de pequena importância qualquer discussão acerca da existência ou não de vinculação do Ministério Público a um dos Poderes da República. O que deve ser destacado, na matéria, são as prerrogativas outorgadas pela Constituição à instituição e a seus membros, que asseguram ao Ministério Público CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 2 plenas condições de exercer com imparcialidade e independência suas atribuições constitucionais, sem sujeição a qualquer dos Poderes do Estado, mas apenas à Constituição e às leis que regulam a sua atuação. É esta a lição, dentre outros, do Professor Vicente Paulo, quando afirma: A Constituição Federal criou, em plena harmonia com o sistema dos "freios e contrapesos" (checks and balances), o Ministério Público como um órgão autônomo e independente, não subordinado a qualquer dos Poderes da República, como autêntico fiscal da nossa Federação, da separação de Poderes, da moralidade pública, da legalidade, do regime democrático e dos direitos e garantias constitucionais. 1.2) COMPOSIÇÃO O art. 128 da Constituição Federal define a estrutura do Ministério Público, que abrange, nos seguintes termos: I - o Ministério Público da União, que compreende: a) o Ministério Público Federal; b) o Ministério Público do Trabalho; c) o Ministério Público Militar; d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; II - os Ministérios Públicos dos Estados. A organização dos diferentes Ministérios Públicos é matéria de lei complementar, cuja iniciativa é concorrente entre o Procurador-Geral e o respectivo Chefe do Poder Executivo (CF, art. 128, § 5º, c/c o art. 61, § 1º, II, d). Temos, assim, que a organização do Ministério Público da União (MPU) é matéria a ser tratada em lei complementar cuja iniciativa é concorrente entre o Procurador-Geral da República (o chefe do MPU) e o Presidente da República; e os Ministérios Públicos dos Estados são organizados em lei complementar estadual, de iniciativa concorrente entre o Governador do Estado e o respectivo Procurador-Geral de Justiça (o chefe do MP estadual). Em obediência à Constituição foi editada a Lei Complementar Federal nº 75, de 20-5-1993, que dispõe sobre a organização, as atribuições e o estatuto do Ministério Público da União. Também cabe ser citada a Lei nº 8.625, de 12-2-1993, que se constitui na Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, dispondo sobre normas gerais para a organização do Ministério Público dos Estados. 1.3) NOMEACÃO E DESTITUIÇÃO DOS PROCURADORES-GERAIS O processo de nomeação e de destituição dos Procuradores-Gerais, os Chefes dos diversos ramos do Ministério Público, vem tratado no art. 128 da Constituição, em seus §§ 1º a 4º. Pela análise dos referidos dispositivos, pode-se concluir que o disciplinamento constitucional reforça a independência do Ministério Público, principalmente, por reservar os CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 3 cargos de chefia nos seus diversos ramos exclusivamente aos integrantes da carreira; por instituir mandatos por prazo certo e por impedir a destituição diretamente pelo respectivo Chefe de Poder Executivo, tornando indispensável, no caso, a intervenção do Poder Legislativo. O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da República (PGR), nomeado pelo Presidente da República dentre integrantes da carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta do Senado Federal (CF, art. 128, § 1º). Alexandre de Moraes advoga o entendimento de que a escolha pode recair em membro integrante de qualquer dos ramos do MPU, até mesmo do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. A duração do mandato é de dois anos e, segundo o Supremo Tribunal Federal, são possíveis sucessivas reconduções do mesmo membro da carreira, desde que, em cada oportunidade, seja observado o procedimento prescrito na Constituição. Desse modo, pode o Presidente da República nomear indefinidamente para o cargo o mesmo membro da carreira, desde que cada nomeação seja precedida da aprovação do Senado, por maioria absoluta. Também é necessária a participação do Senado no processo de destituição da autoridade, a teor do § 2º, do art. 128, da Constituição. O ato de destituição, a exemplo do ato de nomeação, é de competência do Presidente da República, mas a dispensa deve ser autorizada pelo Senado Federal, mais uma vez por maioria absoluta de seus membros, em votação secreta (LC nº 75/93, art. 25, parágrafo único). Temos, assim, que os processos de nomeação e de destituição do PGR são análogos: o Presidente da República propõe a Casa o indicado à nomeação (ou solicita a autorização para destituir o atual PGR); segue-se a autorização do Senado, por maioria absoluta; por fim, o Presidente procede à nomeação (ou a destituição) da autoridade. Acima indicamos que o Ministério Público da União é composto pelo Ministério Público Federal, pelo Ministério Público do Trabalho, pelo Ministério Público Militar e pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. Deve-se destacar, nesse ponto, que, apesar de o PGR ser definido pela Constituição como o Chefe do MPU, três dos seus ramos têm chefia própria, cabendo ao PGR somentea direção do Ministério Público Federal. O Ministério Público do Trabalho tem por chefe o Procurador-Geral do Trabalho, nomeado pelo Procurador-Geral da República, dentre integrantes deste ramo do MPU, com mais de trinta e cinco anos de idade e cinco anos na carreira. A escolha se dá a partir de lista tríplice mediante voto plurinominal, facultativo e secreto dos membros do Colégio de Procuradores. A duração do mandato é de dois anos, admitida uma recondução, pelo mesmo processo. O Ministério Público Militar (MPM) tem por chefe o Procurador-Geral da Justiça Militar, nomeado pelo Procurador-Geral da República, dentre integrantes deste ramo do MPU, com mais de trinta e cinco anos de idade e cinco anos na carreira. Mais uma vez, a escolha se dá com base em lista tríplice resultante do voto plurinominal, facultativo e secreto dos membros CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 4 do Colégio de Procuradores. O mandato é de dois anos e é possível uma recondução, pelo mesmo processo. Já o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) tem por chefe o Procurador-Geral de Justiça, nomeado pelo Presidente da República, sem a participação do Senado, dentre integrantes da carreira, a partir de uma lista tríplice elaborada por este ramo do MPU. O mandato é de dois anos e admite-se uma só recondução, pelo mesmo processo. Ao Presidente da República também cabe a competência para a destituição do Procurador-Geral de Justiça do MPDFT antes do término do seu mandato, sendo necessário, para tanto, a autorização prévia do Senado Federal, pelo voto da maioria absoluta de seus membros (CF, art. 128, § § 3º e 4º). O § 3º, do art. 128, da Constituição também regula o procedimento para a nomeação dos chefes dos Ministérios Públicos estaduais, os Procuradores-Gerais de Justiça. A nomeação cabe diretamente ao respectivo Governador do Estado, sem a participação da Assembléia Legislativa, devendo a escolha recair em um dos membros do Ministério Público estadual indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio órgão, na forma da lei respectiva. O mandato é de dois anos, sendo admitida apenas uma recondução, pelo mesmo processo. De pronto, podemos destacar as duas diferenças no regramento constitucional, relativamente ao Procurador-Geral da República e aos Procuradores-Gerais de Justiça dos Estados e do DF e Territórios: (a) só se admite uma recondução para o cargo de Procurador-Geral de Justiça, ao passo que o PGR pode ser sucessivamente reconduzido, sem qualquer limitação; (b) não há participação do Poder Legislativo no processo de nomeação do Procurador-Geral de Justiça, enquanto que para a nomeação do PGR há intervenção prévia e obrigatória do Senado Federal. O STF tem entendimento assente na matéria, no sentido de que afronta a Constituição Federal norma de Constituição estadual que sujeite a nomeação do Procurador-Geral de Justiça, pelo Governador do Estado, à prévia aprovação da Assembléia Legislativa (STF, ADIN 1.506/SE). Por outro lado, a participação do Poder Legislativo no processo de destituição dos Procuradores-Gerais de Justiça é obrigatória, a teor do § 4º, do art. 128, da Constituição, segundo o qual "os Procuradores- Gerais nos Estados e no Distrito Federal e Territórios poderão ser destituídos por deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei complementar respectiva". Em se tratando do MPDFT, a deliberação compete ao Senado Federal, como exposto acima; nos demais casos, à Assembléia Legislativa respectiva. 1.4) PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DO MINISTÉRIO PÚBLICO Estabelece o § 1°, do art. 127, da Constituição os princípios institucionais do Ministério Público, a saber: a independência funcional, a unidade, e a indivisibilidade. Além destes, expressamente previstos na Carta Política, o STF já firmou o entendimento de que nossa Constituição contempla também o princípio do promotor natural. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 5 Desde logo, deve-se frisar que referidos princípios devem ser considerados como incidindo não sobre o Ministério Público como um todo, mas sobre cada um de seus ramos, nos termos do art. 128 da CF. Assim, por exemplo, o princípio da indivisibilidade não compreende o MPU, genericamente considerado, mas os diversos ramos em que o órgão se desmembra. Isso significa que há indivisibilidade no âmbito do Ministério Público Federal, do Ministério Público do Trabalho, do Ministério Público Militar e do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, o mesmo se aplicando a cada um dos Ministérios Públicos estaduais. Idêntico raciocínio vale para os demais princípios institucionais do Ministério Público. O princípio da independência funcional significa que o membro do MP, no desempenho de suas funções típicas, não se subordina a nenhuma autoridade, nem mesmo ao chefe do ramo do Ministério Público que integra. Como ressalta Alexandre de Moraes, “no direito constitucional pátrio, só se concebe no Ministério Público uma hierarquia no sentido administrativo, pela chefia do Procurador-Geral da instituição, nunca de índole funcional”. Estes são os exatos termos da independência do MP, que, como o próprio nome indica, é funcional, e não administrativa. Isto significa dizer que o membro do Parquet, ao redigir uma peça processual, ao decidir pelo oferecimento ou não de uma denúncia, ao analisar a existência de interesse difuso a justificar a propositura de uma ação popular, entre outras possíveis manifestações, atua com plena autonomia, sujeito apenas às suas próprias convicções e às normas constitucionais e legais que compõem nosso sistema jurídico, sem qualquer possibilidade de ingerência em sua atuação funcional por parte de autoridades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, ou mesmo do próprio Ministério Público. Enfim, ninguém, nem mesmo seus superiores hierárquicos, podem impor ao membro da instituição certa conduta. Admite-se, apenas, que os órgãos de direção superior do Ministério Público editem recomendações gerais sobre matérias técnicas, para todos os membros da instituição, sem caráter vinculante. Exemplo de aplicação deste princípio encontra-se no art. 28 do Código de Processo Penal, segundo o qual, frente a um pedido de arquivamento de inquérito policial promovido por um integrante do órgão, pode o Chefe do Ministério Público respectivo determinar a realização de novas diligências pelas autoridades policiais, propor diretamente a denúncia ou designar outro membro para tal finalidade, mas de modo algum lhe é autorizado determinar ao membro que solicitou o arquivamento que altere seu posicionamento e ofereça a denúncia. Nunca é demais ressaltar que a Constituição alçou à condição de crime de responsabilidade do Presidente da República qualquer conduta atentatória contra o livre exercício do Ministério Público (CF, art. 85, II). Pode ocorrer, entretanto, que o membro do MP seja desidioso no exercício de suas funções, perdendo prazos processuais para a interposição de recursos, deixando de se manifestar em situações nas quais por lei está obrigado a fazê-lo, redigindo peças com evidentes falhas técnicas, entre outras possibilidades. Nessas hipóteses, porque sujeito à disciplina CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 6 administrativa da instituição, deverá o membro do Parquet sofrer as sanções previstas na legislação própria. O controle administrativo sobre os membros do MP foi mesmo reforçado pela EC nº 45/2004 que, ao criar o Conselho Superior do Ministério Público, definiu entre suas atribuições a de “receber e conhecerdas reclamações contra membros ou órgãos do Ministério Público da União ou dos Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional da instituição, podendo avocar processos disciplinares em curso, determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa”. O princípio da unidade, por sua vez, significa que todos os membros do Ministério Público fazem parte de um só órgão, sob a chefia de um Procurador-Geral, não sendo, pois, admissível sua subdivisão em diversos Ministérios Públicos autônomos, cada um desvinculado dos demais. Não, há, pois, múltiplas instâncias de atuação, mas unicidade hierárquica do órgão na figura do respectivo Procurador-Geral. Ressaltando-se novamente, tal unidade deve ser compreendida como incidente no âmbito de cada um dos ramos da instituição. Assim, há unidade no Ministério Público Federal ou no Ministério Público do Trabalho, sendo vedada sua subdivisão em órgãos menores, mas não cabe se falar em unidade entre todos os ramos que compõem o MPU, pois cada um possui chefia própria. Da mesma forma, não há unidade entre os Ministérios Públicos de diferentes Estados, ou entre um Ministério Público estadual e cada um dos ramos do MP que compõem o MPU. O terceiro princípio institucional do Ministério Público é o da indivisibilidade, o qual, na verdade, resulta do princípio anterior. Se há unidade no interior de cada ramo do MP, atuando o órgão como um corpo único, não há vinculação pessoal dos seus membros aos processos em que atuam, podendo ser substituídos uns pelos outros, de acordo com as disposições legais sobre a matéria, sem qualquer dano para o transcurso do processo e sem que se possa alegar qualquer vício processual em virtude da substituição. A atuação de cada um dos ramos do MP é indivisível, não havendo vinculação das pessoas integrantes do órgão aos processos que se encontram no momento sob sua responsabilidade, sendo admissível, a qualquer tempo, sua substituição por outro membro do mesmo ramo do Ministério Público. Vicente Paulo trata do ponto nos seguintes termos: Pelo princípio da indivisibilidade, todos os membros do Ministério Público são reciprocamente substituíveis, tornando o órgão uma totalidade homogênea. Cada membro está investido da totalidade das funções do órgão, não sendo possível seccioná-las. É postulado de garantia coletiva da defesa de bens sociais e públicos, que não pode ser fixado em apenas um membro, mas em todo o órgão. Cada membro representa o órgão todo, porque o interesse que titulariza é coletivo, e não de uma individualidade concreta. Sendo indisponível o interesse representado pelo Ministério Público, a não- CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 7 fixação de membro (a não ser por distribuição interna, nos termos da lei de sua organização) significa a natureza da totalidade homogênea do órgão. O mesmo Autor traz um exemplo de aplicação pelo STF do princípio ora em comento, que se configurou quando a Corte entendeu que o pedido de arquivamento de inquérito policial formulado por um Procurador-Geral da República possui caráter irretratável, não sendo passível de modificação por manifestação de outro Procurador-Geral da República, no futuro, no sentido de que seja oferecida a denúncia com relação aos fatos objeto da investigação, salvo se, no caso, surgirem novas provas que justifiquem a alteração do pronunciamento, porque a manifestação do anterior Procurador-Geral da República representa a vontade do órgão, e não da pessoa que naquela oportunidade ocupava o cargo (Inq. 2.028/BA). Mais uma vez deve-se ressaltar que a indivisibilidade recai sobre cada ramo do MP em separado, de modo que não é possível invocar-se o princípio para substituir um membro de certo ramo da instituição por um integrante de ramo diverso. Tal tentativa implicaria ofensa à Constituição. Além dos três princípios acima discriminados, expressamente previstos como tal no texto constitucional, o STF já decidiu que nossa Carta alberga, ainda, o princípio do promotor natural. Seu conteúdo é bastante singelo: ele veda a designação casuística de membros do MP para atuarem em determinados processos, impondo que a competência de cada um dos integrantes da carreira esteja estabelecida a partir de critérios genéricos, abstratos, que assegurem ao membro do MP a independência necessária para o exercício de suas funções. Inegavelmente, a autonomia funcional do membro do Parquet seria severamente enfraquecida se, a qualquer instante, o chefe do Ministério Público pudesse indicar um "promotor de exceção", que viria substituir aquele que, de acordo com os critérios pré-estabelecidos, é efetivamente o competente para atuar no caso em questão. Enfim, como requisito para uma atuação independente e imparcial, o princípio do promotor natural impõe a adoção de critérios de competência pré-estabelecidos e abstratos, de modo a delimitar com precisão a competência atribuída a cada membro da instituição, sendo vedada qualquer designação casuística, arbitrária, por parte da chefia do órgão, admitindo-se apenas as substituições calcadas em critérios também previamente estabelecidos, nos termos da lei. Em matéria de competência, deve-se destacar, ainda, o § 2°, do art. 129, da Constituição, segundo o qual as funções do Ministério Público somente poderão ser desempenhadas por integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição. 1.5) AUTONOMIA ADMINISTRATIVA, FUNCIONAL E ORCAMENTÁRIO- FINANCEIRA A Constituição, em seu art. 127, § 2°, confere ao Ministério Público autonomia administrativa e funcional, e, no art. 127, § 3°, autonomia orçamentário-financeira. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 8 A autonomia funcional da instituição é assegurada especialmente pelos princípios institucionais que analisamos acima, e pelas garantias contempladas no art. 128, § 5°, I, a vitaliciedade, a inamovibilidade a irredutibilidade de subsídios, que não serão analisadas nesse momento. A autonomia da instituição tem os parâmetros iniciais de sua abrangência, especificados no próprio art. 127, § 2°, segunda parte, nos termos do qual, observado o disposto no art. 169 da CF, tem o Ministério Público competência para propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou de provas e títulos, a política remuneratória e os planos de carreira, cabendo à lei dispor sobre sua organização e funcionamento. O art. 3° da Lei Orgânica Nacional do Ministério Público complementa o dispositivo constitucional, outorgando à instituição competência para a produção de diversos atos de gestão relacionados à sua autonomia administrativa, tais como: (a) prover os cargos iniciais da carreira e dos serviços auxiliares; (b) remover os servidores da instituição; (c) promovê- los às classes superiores da carreira; (d) editar atos de concessão de aposentadoria e pensão; (e) declarar a vacância dos cargos da carreira e dos serviços auxiliares da instituição; (f) organizar suas secretarias e os serviços auxiliares; (g) compor seus órgãos de administração; (h) elaborar seus regimentos internos; (i) celebrar contratos relativos às necessidades do serviço, entre outras competências de caráter administrativo. A autonomia orçamentário-financeira do Ministério Público é disciplinada nos §§ 3° a 6°, do art. 127, da Constituição. Na lição de Hely Lopes Meirelles, trazida por Alexandrede Moraes, podemos defini-la nos seguintes termos: (...) a autonomia financeira é a capacidade de elaboração da proposta orçamentária e de gestão e aplicação dos recursos destinados a prover as atividades e serviços do órgão titular da dotação. Essa autonomia pressupõe a existência de dotações que possam ser livremente administradas, aplicadas e remanejadas pela unidade orçamentária a que foram destinadas. Tal autonomia é inerente aos órgãos funcionalmente independentes, como são o Ministério Público e o Tribunal de Contas, os quais não poderiam realizar plenamente as suas funções se ficassem na dependência de outro órgão controlador de suas dotações orçamentárias. O § 3°, do art. 127, da Carta, expressamente outorga ao Ministério Público a competência para a elaboração da sua proposta orçamentária, observados os limites estipulados na lei de diretrizes orçamentárias. Os §§ 4° a 6° do artigo, acrescentados ao texto constitucional pela EC nº 45, de 2004, complementam a matéria. Nos seus termos, se o Ministério Público não encaminhar a respectiva proposta orçamentária dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária em vigor naquele exercício, ajustados de acordo com os limites fixados na lei de diretrizes orçamentárias (CF, art. 127, § 4°). CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 9 Se a proposta orçamentária for encaminhada em desconformidade com os limites estipulados na lei de diretrizes orçamentárias, cabe ao Poder Executivo proceder aos ajustes necessários da mesma, para fins de consolidação na proposta orçamentária anual (CF, art. 127, § 5º). Finalmente, durante a execução orçamentária do exercício não poderá haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais (CF, art. 127, § 6º). 1.6) FUNÇÕES INSTITUCIONAIS O art. 129 da Constituição enumera algumas funções a serem desempenhadas pelo Ministério Público. Uma breve leitura do dispositivo é suficiente para se concluir que, além de retirar da instituição qualquer atuação relacionada à representação judicial de entidades públicas ou à consultoria jurídica do Poder Executivo, a Constituição alargou sobremaneira o campo de atuação do Ministério Público na defesa da sociedade como um todo, dando especial relevância à defesa dos direitos fundamentais, da probidade administrativa e do respeito à ordem jurídica pelos Poderes Públicos, além de conferir à instituição a titularidade da ação penal pública. Nos termos do referido dispositivo, são funções institucionais do Ministério Público: a) promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; b) zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; c) promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; d) promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição; e) defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas; f) expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva; g) exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior; h) requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais; i) exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 10 O § 1º, do art. 129, da CF, afastando quaisquer dúvidas na matéria, assevera que a legitimação do Ministério Público para as ações civis acima indicadas não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto na Constituição Federal e nas leis que integram nosso ordenamento. De pronto, pode-se perceber que o rol de atribuições do MP prescrito na Constituição não é exaustivo, pois o inc. IX, do art. 129, ressalva a possibilidade de que à instituição sejam conferidas outras competências pelo legislador ordinário, desde que compatíveis com aquelas prescritas na Carta Política. Os §§ 2º a 4º, do art. 129, da Constituição, todos alterados pela EC nº 45, de 2004, contemplam outras regras de atuação do MP. Pelo § 2º, as funções da instituição só podem ser exercidas por integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição. Pelo § 3º, o ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e observando-se, nas nomeações, a ordem de classificação. O § 4º determina a aplicação ao Ministério Público, no que couber, das normas do art. 93 da Carta, que serão analisadas quando do estudo do Poder Judiciário. E o § 5º, encerrando o artigo 129 da CF, o qual foi acrescentado pela EC nº 45, de 2004, determina que a distribuição de processos no Ministério Público será imediata. Alexandre de Moraes, analisando as competências conferidas pela Constituição ao Ministério Público, é enfático ao afirmar que elas compreendem todos os poderes necessários ao seu pleno desempenho, mesmo que não estejam previstos expressamente na Constituição, e desde que, por evidente, não afrontem os demais dispositivos do Texto Maior. Em suma, o Autor defende que o Ministério Público goza de competências genéricas implícitas, quais sejam, as necessárias ao eficaz desempenho das competências que lhe foram expressamente outorgadas pela Constituição, dando especial ênfase, nesse contexto, à atuação investigatória do Parquet, na esfera criminal, e sempre destacando a necessidade de observância das demais disposições constitucionais e a possibilidade de responsabilização penal, civil e administrativa dos membros da instituição por eventuais abusos cometidos no exercício de suas funções. São suas as seguintes considerações: Entre essas competências implícitas, parece-nos que não poderia ser afastado o poder investigatório criminal dos promotores e procuradores, para que, em casos que entenderem necessário, produzam as provas necessárias para combater, principalmente, a criminalidade organizada e a corrupção, não nos parecendo razoável o engessamento do órgão titular da ação penal, que, CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 11 contrariamente ao histórico da Instituição, teria cerceado seus poderes implícitos essenciais para o exercício de suas funções constitucionais expressas. Não reconhecer ao Ministério Público seus poderes investigatórios criminais implícitos corresponde a diminuir a efetividade de sua atuação em defesa dos direitos fundamentais de todos os cidadãos, cuja atuação autônoma, conforme já reconheceu nosso Supremo Tribunal Federal, configura a confiança de respeito aosdireitos individuais e coletivos, e a certeza de submissão dos Poderes à lei. Embora não haja relação direta com a lição do Autor, cabe destacar que o STF assentou o entendimento de que o Ministério Público goza de legitimação para a propositura de ação investigatória de paternidade, desde que provocado pelo interessado a tanto e que existam indícios positivos da descendência, derivando tal atribuição da função ministerial de promover a defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis (CF, art. 127). O Professor Vicente Paulo, sobre a matéria, traz à colação trecho do voto do Ministro Maurício Corrêa, proferido no RE 248.869-SU, no qual o ilustre julgador declarou, como fundamento para o reconhecimento da competência do MP para a interposição de ação investigatória de paternidade, que "está fora de qualquer dúvida que o direito ao reconhecimento da paternidade tem conteúdo indisponível, derivado da própria força impositiva dos preceitos de ordem pública que regulam a matéria". 1.6.1) Ação Civil Pública O inc. III, do art. 129, da Constituição atribui ao MP competência para promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos. Trata-se de mais uma ação constitucional instituída para a defesa dos interesses da coletividade, neles compreendidos os interesses difusos, os interesses coletivos e os interesses individuais homogêneos, como analisaremos abaixo. Não é possível sua interposição, para a defesa de interesses individuais, a não ser que se enquadrem como individuais homogêneos. Pode-se listar a ação civil pública ao lado da ação popular e do mandado de segurança coletivo, respeitadas as peculiaridades de cada uma dessas ações constitucionais. Como salienta o § 1º, do art. 129, da Constituição, a legitimação do MP para a interposição das ações de natureza civil referidas neste artigo não afasta a possibilidade de que terceiros possam delas também se valer, nos termos da Constituição e da legislação ordinária. Esta prescrição é, em tudo, aplicável à ação civil pública. A Lei nº 7.347/85, que regula a ação, prevê no seu art. 5º, como legitimados para a interposição: a) o Ministério Público; CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 12 b) a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, bem como suas entidades da Administração Indireta; c) as associações que estejam regularmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a proteção ao meio-ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. Eventualmente poderá a ação ser movida conjuntamente, pois a Lei nº 7.347/85 autoriza a formação de litisconsorte facultativo entre os Ministérios Públicos da União, dos Estados e do Distrito Federal e Territórios para a propositura da ação. Apesar de a Lei não autorizar ao cidadão, individualmente, a interposição da ação, pode qualquer pessoa provocar a iniciativa do Ministério Público, repassando-lhe informações sobre fatos que possam justificar a propositura da ação. Os servidores públicos também são referidos na Lei, mas, neste caso, a eles foi prescrita a obrigação de repassar tais informações ao MP, quando delas tiveram conhecimento no desempenho de suas funções. Também os magistrados e os Tribunais, quando, no exercício de suas funções, tiverem ciência de informações que possam justificar a propositura de ação civil pública, deverão enviar ao MP as respectivas peças, para a adoção das providências cabíveis. O Ministério Público ocupa uma posição especial no âmbito da ação civil pública, apesar de não deter a competência exclusiva para sua interposição, em obediência ao texto constitucional. O Professor Vicente Paulo apresenta uma síntese das possíveis atuações do MP, na hipótese, que pedimos licença para transcrever: a) é um dos legitimados para o ajuizamento da ação; b) se a ação não for por ele proposta, atuará como parte autônoma, zelando pela regularidade do processo e pela correta aplicação da lei; c) se houver desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, deverá assumir a titularidade ativa; d) se, decorridos sessenta dias da sentença condenatória, a associação autora da ação não promover a execução, é sua obrigação fazê-lo; e) está isento de custas e honorários advocatícios (ônus de sucumbência) no caso de improcedência da ação civil pública por ele proposta. A Constituição de 1988 alargou consideravelmente a esfera de abrangência da ação civil pública. A Lei nº 7.347/85, em sua redação original, previa sua aplicação somente nas hipóteses de lesão ou ameaça de lesão ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor histórico, artístico e paisagístico. Como podemos perceber, o art. 129, III, da CF, alterou radicalmente a matéria, ao prescrever que a ação civil pública é instrumento apto “para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos”. Em vista disso, o art. 1º da Lei 7.347, de 1985, foi alterado, buscando-se melhor adaptá-lo à determinação constitucional, de modo que, CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 13 atualmente, estabelece que a ação pode ser interposta para a defesa de direitos e interesses relacionados: a) ao meio ambiente; b) ao consumidor; c) aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; d) a qualquer outro interesse difuso ou coletivo; e) por infração da ordem econômica e da economia popular; f) à ordem urbanística. Vamos aproveitar a oportunidade para apresentar os conceitos de interesse difuso, interesse coletivo e interesse individual homogêneo, valendo-nos essencialmente das disposições do Código de Defesa do Consumidor. Interesses difusos são os interesses de natureza indivisível que dizem respeito a um número indeterminado e indeterminável de pessoas vinculadas por circunstâncias fáticas (não-jurídicas). Exemplo de interesse difuso é o interesse em um meio ambiente ecologicamente equilibrado. Todos, pelo mero fato de habitar este pequeno planeta (número indeterminado e indeterminável de titulares vinculados por uma circunstância fática) têm interesse na proteção do meio ambiente, sem que se possa quantificar e discriminar este interesse para cada membro da coletividade (interesse de natureza indivisível). Interesses coletivos são os interesses de natureza indivisível titularizados por um grupo, classe ou categoria de pessoas que sejam relacionadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica. Exemplo de interesse coletivo é o interesse de livre manifestação artística defendido por uma associação constituída para celebrar peças teatrais (grupo de pessoas ligadas por uma relação jurídica, sem que se possa quantificar o interesse de cada uma). Interesses individuais homogêneos são os interesses de natureza divisível titularizados por categoria, classe ou grupo de pessoas vinculadas por uma situação fática comum. Seria o caso, por exemplo, das pessoas que compraram, numa mesma revenda, automóveis com o mesmo defeito de fabricação. Haveria a mesma origem fática (a compra na mesma revenda e o mesmo defeito de fabricação) a unir todo o grupo de consumidores, mas, neste caso, os prejuízos suportados por cada um são suscetíveis de mensuração individual. Não devem restar dúvidas quanto à legitimidade do MP para propor ação civil pública em defesa de interesses individuais homogêneos que decorram de relaçãode consumo ou que sejam indisponíveis. No que toca aos interesses individuais homogêneos de caráter indisponível, a conclusão decorre do próprio texto constitucional, pois o art. 127 confere, na sua parte final, legitimidade para o Ministério Público atuar em defesa de “interesses sociais e individuais indisponíveis”. No que toca aos direitos individuais e homogêneos decorrentes de relação de consumo, a doutrina e jurisprudência majoritárias advogam a legitimidade do MP, sempre que o interesse, apesar de relacionado CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 14 diretamente a um grupo de pessoas, disser respeito também à coletividade como um todo. Entretanto, segundo o STF, o Ministério Público não possui legitimidade para a interposição de ação civil pública objetivando a declaração de inconstitucionalidade de leis tributárias, seja para impedir a continuidade da exigência do tributo, seja para obter a restituição dos valores que se reputam indevidamente pagos. Este posicionamento do STF observa-se, por exemplo, no AgRE 248.191, quando a Corte decidiu que: O Ministério Público não tem legitimidade para aforar ação civil pública para o fim de impugnar a cobrança de tributos ou para pleitear a sua restituição. É que, tratando-se de tributos, não há, entre o sujeito ativo (poder público) e o sujeito passivo (contribuinte) relação de consumo, nem seria possível identificar o direito do contribuinte com "interesses sociais e individuais indisponíveis", (CF art. 127). Em encerramento, deve-se discutir a questão da possibilidade de controle de constitucionalidade por meio da ação civil pública em função dos efeitos erga omnes atribuídos à decisão proferida pela ação, nos termos da Lei nº 7.347, de 1985. Como tal ação pode ser proposta, entre outros legitimados, por qualquer membro do Ministério Público, perante qualquer juiz ou tribunal do país, poderia ela, em função dos seus efeitos, usurpar a competência do STF, na esfera federal, e dos Tribunais de Justiça, no âmbito estadual e no âmbito distrital, já que poderia declarar incidentalmente, em controle difuso, a inconstitucionalidade de uma lei com efeito erga omnes, característica típica e exclusiva das decisões proferidas em sede de controle concentrado. A questão toda, portanto, é a possibilidade de decretação da inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo com efeitos erga omnes numa ação típica de controle difuso. O STF, pronunciando-se sobre o tema, deixou assente a possibilidade de declaração de inconstitucionalidade em ação civil pública, desde que o objeto da ação esteja perfeitamente individualizado, já que assim o efeito da declaração seria apenas com relação àquele objeto. Enfim, admite o STF a possibilidade de declaração de inconstitucionalidade em sede de ação civil pública, quando nesta o objeto em discussão for um bem específico e determinado, de forma que a decisão não declare a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo com efeitos erga omnes, limitando-se a negar-lhe aplicabilidade perante aquele caso concreto e aquele bem específico, o que inelutavelmente fará com que seus efeitos sejam limitados às partes na ação. Afastou-se, assim, a possibilidade de utilização da ação civil pública como meio de controle de constitucionalidade, dotado de eficácia erga omnes, pois nessa situação a ação estaria funcionando, ilegitimamente, como sucedâneo da Ação Direta de Inconstitucionalidade. 1.7) GARANTIAS CONFERIDAS AOS MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 15 O art. 128, § 5º, da Constituição, em seu inc. I confere aos membros do MP certas garantias, a fim de assegurar-lhes condições para um exercício imparcial e independente de suas funções, tendo por limites somente os preceitos constitucionais e as disposições legais que lhes sejam aplicáveis. Tais garantias não devem, pois, ser vistas como privilégios pessoais dos membros do MP, mas como instrumentos indispensáveis ao pleno e adequado desempenho de suas funções, nos termos postos pela Constituição. São três as garantias: a) vitaliciedade, para cuja aquisição faz-se necessário dois anos de exercício das funções do cargo e aprovação no estágio probatório, após o que o membro do MP só está sujeito à perda de seu cargo em virtude de decisão judicial transitada em julgado. A vitaliciedade só não se aplica àqueles que ingressaram na instituição antes da promulgação da Constituição de 1988, e que optaram pelo regime anterior quanto às garantias e vantagens, que prevê somente a estabilidade (art. 29, § 3º, do ADCT); b) inamovibilidade, pela qual o membro do MP somente pode ser removido para outra localidade por vontade própria, salvo por motivo de interesse público e mediante decisão do órgão colegiado competente do Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada ampla defesa. A EC nº 45/2004 alterou o quorum necessário para a remoção por interesse público, que anteriormente era de dois terços. Vale ressaltar que tanto a inamovibilidade quanto a vitaliciedade são garantias que somente podem ser conferidas pela Constituição Federal; c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, § 4º, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI; 150, II; 153, III; 153, § 2º, I. Na matéria, vale destacar a lição de Alexandre de Moraes, que é enfático ao advogar a impossibilidade de alteração, pelo poder constituinte derivado, das normas constitucionais que definem as funções do Ministério Público, sua estrututa orgânica e as garantias da instituição e de seus membros. São suas as seguintes considerações: Desse modo, por ser o Ministério Público instituição permanente e essencial à função jurisdicional do Estado, incumbido, entre outras importantíssimas funções, da defesa de cláusulas pétreas como a separação de Poderes, os direitos e garantias individuais e a própria existência da Federação e do voto direto, secreto, universal e periódico, ao defender o regime democrático, nenhuma norma do Poder Constituinte derivado poderá alterar sua estrutura orgânica, suas garantias de independência e imparcialidade e suas funções de controle, todas fixadas em defesa da própria sociedade e da perpetuidade da democracia. 1.8) VEDAÇÕES CONSTITUCIONAIS AOS MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO O inc. II, do § 5°, do art. 128, da Constituição veda aos membros do MP: CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 16 a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais; b) exercer a advocacia; c) participar de sociedade comercial, na forma da lei; d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério; e) exercer atividade político-partidária; f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei (proibição acrescentada pela EC nº 45, de 2004). A alínea e, do inc. II, do § 5°, do art. 128, da CF foi alterada pela EC nº 45/2004. Na redação anterior da norma, ao membro do Ministério Público era vedado o exercício de atividade político-partidária, salvo exceções previstas em lei. Havia, portanto, ressalva quanto à possibilidade de exercício de atividade desta natureza, nos termos da legislação própria. Com base nessa redação, o Supremo Tribunal Federal havia assentado o entendimento de que era possível a filiação partidária de membro do Ministério Público, para fins de candidatura a mandato eletivo nos Poderes Executivo ou Legislativo,desde que houvesse, nos prazos previstos em lei, a devida desincompatibilização. Atualmente, na redação do dispositivo sob a égide da EC nº 45/2004, simplesmente se declara que ao membro do MP é proibido “exercer atividade político-partidária”, sem qualquer ressalva. Por conseguinte, atualmente esta vedação é absoluta. O membro do Ministério Público, pelo texto atual da CF, em nenhuma hipótese poderá exercer atividade político-partidária, salvo quando passar à condição de inativo. Alexandre de Moraes relembra, com razão, que a nova regra não se aplica aos membros do MP que tenham ingressado no órgão antes da entrada em vigor da Constituição de 1988, desde que tenham feito a opção que lhes facultou o § 3º, do art. 29, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Nas palavras do Autor, “nessa hipótese, ao membro do Ministério Público serão permitidas a filiação partidária e a candidatura para mandatos eletivos, respeitados os prazos da LC nº 64/90 (prazos de desincompatibilizações), bem como quais outras formas de exercício da atividade político-partidária”. Ampliando a conclusão, o art. 29, § 3º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias permitiu aos integrantes da carreira, admitidos antes da promulgação da Constituição de 1988, a opção pelos direitos e vantagens que possuíam com base no regime anterior. Quanto às vedações, determinou tal dispositivo que deve ser considerada a situação jurídica do membro do MP na data da promulgação da CF, ou seja, com as vedações já existentes em tal época. Desse modo, foi admitida, pela vigente Carta, a coexistência de dois regimes jurídicos diferenciados, no que diz direito aos direitos, vantagens e vedações relativas aos membros do MP. Aqueles que já integravam a carreira, quando da entrada em vigor da Constituição, puderam optar CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 17 pelos direitos e vantagens nela previstos ou por aqueles que possuíam sob a égide do regime jurídico a ela anterior; no que se refere às vedações, sujeitam-se eles àquelas previstas no regime anterior, não lhes sendo aplicáveis as instituídas pela Constituição de 1988. Já os membros do MP que ingressaram na carreira em data posterior à da promulgação da CF não têm qualquer possibilidade de opção, devendo enquadrar-se obrigatoriamente no regime jurídico por ela instituído, no tocante a direitos, vantagens e vedações. Uma das vedações que não se aplica àqueles que já integravam a carreira na data da promulgação da atual Constituição é a proibição de exercício da advocacia em caráter privado. Com isto, temos que tais membros poderão atuar na advocacia privada, paralelamente com suas atribuições institucionais, ao contrário do que ocorre com os membros que ingressaram na carreira após a promulgação da Constituição de 1998, para os quais a advocacia privada é vedada em termos absolutos. Inclusive, para estes foi ampliada a restrição, uma vez que a EC nº 45, de 2004, proibiu-lhes de exercer a advocacia no juízo ou no tribunal do qual tenham se afastado, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração (CF, art. 128, § 6°). 1.9) CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO A EC nº 45, de 2004, ao adicionar ao texto constitucional o art. 130-A, instituiu o Conselho Nacional do Ministério Público, órgão de composição colegiada que tem como missão institucional fiscalizar a atuação administrativa e financeira do Ministério, bem como o cumprimento, pelos seus membros, de seus deveres funcionais. Embora a doutrina ressalte que a atuação do Conselho não poderá atentar contra a independência funcional do Parquet, violando suas atribuições e as garantias de seus membros, é inegável que o Conselho, pelas competências que lhe foram outorgadas pela Constituição, terá um real poder de interferência na atuação do Ministério Público, objetivando assegurar que a instituição não se desvirtue no cumprimento de suas elevadas atribuições. Dentro dessa perspectiva, o § 2º, do art. 130-A, após declarar em termos genéricos a função do Conselho – fiscalização da atuação administrativa e financeira da instituição e do cumprimento dos deveres constitucionais pelos seus membros -, especifica como competências do órgão: a) zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério Público, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências; b) zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Ministério Público da União e dos Estados, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência dos Tribunais de Contas; c) receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Ministério Público da União ou dos Estados, inclusive contra seus serviços CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 18 auxiliares, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional da instituição, podendo avocar processos disciplinares em curso, determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa; d) rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de membros do Ministério Público da União ou dos Estados julgados há menos de um ano; e) elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias sobre a situação do Ministério Público no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar a mensagem prevista no art. 84, XI. A fim de facilitar a disponibilização de informações ao Conselho, requisito indispensável para o adequado cumprimento de suas funções, o § 5º, do art. 130-A determina a criação, pela União e pelos Estados, mediante lei ordinária, de ouvidorias do Ministério Público, que terão competência para receber reclamações e denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos do Ministério Público, inclusive contra seus serviços auxiliares, representando diretamente ao Conselho Nacional do Ministério Público. A composição do Conselho Nacional do Ministério Público é definida no caput, do art. 130-A, da Constituição. Segundo o dispositivo, o órgão é formado por quatorze membros, todos nomeados pelo Presidente da República, após a aprovação do indicado pela maioria absoluta do Senado Federal. A nomeação será para um mandato de dois anos, admitindo-se uma recondução, observado o mesmo processo da primeira investidura. Nos termos do dispositivo, integram o Conselho: a) o Procurador-Geral da República, que o preside; b) quatro membros do Ministério Público da União, assegurada a representação de cada uma de suas carreiras; c) três membros do Ministério Público dos Estados; d) dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal e outro pelo Superior Tribunal de Justiça; e) dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; f) dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal. Os membros do Conselho originários do Ministério Público serão escolhidos pela respectiva instituição, na forma disposta em lei (CF, art. 130-A, § 1º). Pela composição do Conselho, percebe-se que o legislador constituinte derivado respeitou a independência constitucionalmente assegurada ao Ministério Público. Em primeiro lugar, porque a maioria de seus integrantes – em número de oito - é oriunda da própria instituição; em segundo, porquea presidência do Conselho foi cometida ao Chefe do Ministério Público da União, o Procurador-Geral da República; em terceiro, porque o Corregedor nacional do Conselho é escolhido dentre os membros do Ministério Público que compõem o órgão. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 19 O § 3º, do art. 130-A trata da escolha do Corregedor nacional e das suas atribuições. A escolha se dá em votação secreta, vedada a recondução, sendo atribuições do Corregedor, além de outras que lhe forem conferidas por lei, as seguintes: a) receber reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos membros do Ministério Público e dos seus serviços auxiliares; b) exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e correição geral; c) requisitar e designar membros do Ministério Público, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores de órgãos do Ministério Público. O § 4º, do art. 130-A dispõe que o Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil oficiará junto ao Conselho. Deve-se destacar que, ao conferir ao PGR a condição de membro nato do Conselho, como Presidente do órgão, a Constituição, embora não o afirme expressamente, excepcionou a regra geral para a nomeação, já que não poderá o Senado negar à autoridade seu direito de acesso ao Conselho, como Presidente. Neste caso, portanto, não caberá ao Senado qualquer apreciação do nome, sendo necessário apenas o ato formal do Presidente da República, nomeando a autoridade. Como exposto, além dos oito integrantes do Conselho egressos do Ministério Público, é o órgão composto por dois membros do Poder Judiciário, por dois advogados, representando a categoria, e por dois cidadãos, representando a própria sociedade, na forma do art. 130-A da CF. Dentre os advogados não poderá ser escolhido para compor o Conselho o Presidente da OAB, pois a Constituição reservou-lhe uma atribuição em separado junto ao órgão, impossibilitando sua nomeação como membro do mesmo. 1.10) MINISTÉRIO PÚBLICO JUNTO AOS TRIBUNAIS DE CONTAS A Constituição Federal foi econômica no regramento do Ministério Público junto aos Tribunais de Contas, limitando-se a dispor, no art. 130, que a seus membros aplicam-se as regras pertinentes a direitos, vedações e forma de investidura prescritas para os membros dos demais ramos do MP. Desse modo, todas as considerações relativas a essas matérias constantes dos tópicos anteriores dessa unidade aplicam-se, na íntegra, aos membros do Ministério Público atuante junto às Cortes de Contas. Com relação ao próprio órgão, a Constituição não traz qualquer disposição, o que levou a doutrina a debater acerca da sua posição institucional, tendo sido estabelecidas duas posições: pela primeira, o Ministério Público junto aos Tribunais de Contas seria mais um ramo do Ministério Público, sob a direção do respectivo Procurador-Geral; pela segunda, o órgão integraria o próprio Tribunal de Contas junto ao qual atuasse. A questão foi levada ao Supremo Tribunal Federal, na ADIN 798-1/DF, oportunidade em que o Pretório Excelso assentou o entendimento de que o órgão integra a estrutura da própria Corte de Contas. Desse modo, temos que o Ministério Público atuante junto ao Tribunal de Contas da União compõe o próprio TCU, e não o Ministério Público da União; de idêntico modo, o Ministério Público atuante junto ao Tribunal de Contas do CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 20 Estado faz parte da própria Corte de Contas, e não do Ministério Público estadual. Em conseqüência dessa posição, o STF também assentou que a organização desse Ministério Público não está sujeita às disposições do art. 128, § 5°, CF, que é aplicável apenas aos ramos do MP referidos no caput do artigo, de modo que, além de a matéria poder ser tratada em lei ordinária (e não complementar, como consta no 128, § 5°), a iniciativa para a apresentação do projeto de lei cabe exclusivamente ao próprio Tribunal de Contas junto ao qual este MP vai atuar, e não, concorrentemente, ao Procurador-Geral e ao respectivo Chefe de Poder Executivo. Assim, o Ministério Público que atua junto ao TCU integra a estrutura da própria Corte de Contas, a quem cabe, com exclusividade, apresentar o projeto de lei ordinária tratando de sua organização. Como este modelo é de observância obrigatória pelos Estados, os Ministérios Públicos atuantes junto aos Tribunais de Contas estaduais integram o próprio Tribunal, a quem cabe com exclusividade apresentar o projeto de lei ordinária à Assembléia Legislativa respectiva tratando de sua organização. 2. ADVOCACIA PÚBLICA A Constituição, em seu art. 131, outorga à Advocacia-Geral da União (AGU), diretamente ou por meio de órgão vinculado, as funções de representação judicial e extrajudicial da União, competindo-lhe, nos termos da lei complementar que tratar de sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoria jurídica do Poder Executivo. A instituição da AGU, pela Constituição Federal, teve a precípua finalidade de substituir o regime jurídico vigente sob a égide da Constituição anterior, que conferia tais atribuições ao Ministério Público. Com a instituição da AGU, afasta-se totalmente o Ministério Público de quaisquer atividades dessa natureza, que passam a ser exercidas pela AGU. São duas, pois, as funções que a atual Constituição reservou à Advocacia- Geral da União: a representação, judicial e extrajudicial da União, abrangendo todos os órgãos da sua Administração Direta, em quaisquer dos três Poderes; e a consultoria e o assessoramento jurídico do Poder Executivo federal. A AGU é chefiada pelo Advogado-Geral da União, autoridade de livre escolha pelo Presidente da República, dentre cidadãos maiores de 35 anos, de notável saber jurídico e de reputação ilibada (CF, art. 131, § 1º). O Presidente da República, além de poder nomear livremente o Advogado- Geral da União, não havendo, neste processo, qualquer participação do Senado Federal, também detém plena discricionariedade para determinar sua exoneração. De se notar que, dentre os requisitos constitucionais a serem observados na escolha, não consta a necessidade do diploma de bacharel em Direito, apenas de notável saber jurídico. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 21 O Advogado-Geral da União goza de status hierárquico equivalente ao de Ministro de Estado, sendo julgado pelo Senado Federal, nos crimes de responsabilidade (CF, art. 52, II), e pelo Supremo Tribunal Federal, nos crimes comuns (CF, art. 102, I, c). A AGU, na condição de órgão permanente, tem seu quadro de membros organizados em carreira, dando-se o ingresso nas suas classes iniciais mediante aprovação em concurso público de provas e títulos (CF, art. 131, § 2º). Ao contrário dos membros do Ministério Público, os integrantes da instituição não fazem jus à vitaliciedade, mas tão somente à estabilidade, da mesma forma que os titulares de cargos efetivos em geral. O § 3º, do art. 131, da Constituição ressalva a competência para a representação da União na execução da dívida ativa de natureza tributária, cometendo tal atribuição à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, órgão que pertence à estrutura do Ministério da Fazenda, não integrando, pois, a Advocacia-Geral da União. O art. 132 da Carta dispõe que os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal deverão ser organizados em carreira, na qual o ingresso se dará mediante aprovação em concurso público de provas e títulos, com a participação obrigatória da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas etapas. A tais servidores foi asseguradaa estabilidade, após três anos de efetivo exercício do cargo e aprovação em avaliação de desempenho realizada perante os órgãos próprios, conforme relatório circunstanciado das corregedorias. Aos Procuradores dos Estados e do Distrito Federal compete a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas. 3) ADVOCACIA Reza o art. 133 da Constituição que "o advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei". O dispositivo contempla duas regras peculiares aos advogados, a saber, sua indispensabilidade e sua inviolabilidade (ou imunidade) no exercício da profissão. Ambas, todavia, têm caráter relativo. No que toca à indispensabilidade, significa que geralmente é obrigatória a atuação do profissional do Direito nos processos que tramitam perante o Poder Judiciário, não sendo lícita, portanto, a produção de atos processuais diretamente pela parte interessada. Esta é a regra geral na matéria: o ius postulandi – a capacidade para postular em juízo – é prerrogativa exclusiva do bacharel em Direito regulamente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil. Todavia, apesar de ser inegável que a presença do advogado, nos processos judiciais, representa um fator de extrema relevância para a efetiva defesa dos direitos contemplados na Constituição Federal e na legislação como um todo, nosso ordenamento jurídico, em atenção a CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 22 outros interesses de igual relevância, permite, em certas hipóteses, que o interessado acesse diretamente o Poder Judiciário, tornando dispensável a presença do advogado. Isso se observa, por exemplo, nos processos de até determinado valor interpostos perante os juizados especiais cíveis, na revisão criminal e no habeas corpus. Nessas hipóteses, entre outras, a postulação em juízo não requer a constituição de advogado, sendo válida a atuação direta do interessado, sem assistência advocatícia. Da mesma forma, a inviolabilidade conferida pela Constituição ao profissional do Direito não se reveste de caráter absoluto. Em primeiro lugar, cabe ressaltar que a garantia compreende apenas os atos e manifestações produzidos pelo advogado, no regular exercício de suas atribuições, e que tenham pertinência com a pretensão que no momento defende, não sendo extensível a quaisquer condutas desvinculadas do exercício profissional ou que não se relacionem com o interesse que o advogado está naquele instante a defender. A doutrina já pacificou o entendimento de que a proteção não alcança as entrevistas concedidas pelos advogados aos meios de comunicação, pois não se vislumbra vínculo entre a manifestação e o desempenho de suas funções. O Superior Tribunal de Justiça, analisando a inviolabilidade do advogado na esfera penal, teve a oportunidade de proferir o seguinte entendimento: "(...) seria odiosa qualquer interpretação da legislação vigente conducente à conclusão absurda de que o novo Estatuto da OAB teria instituído, em favor da nobre classe dos advogados, imunidade penal ampla e absoluta, nos crimes contra a honra e até no desacato, imunidade essa não conferida ao cidadão brasileiro, às partes litigantes, nem mesmo aos juízes e promotores. O nobre exercício da advocacia não se confunde com um ato de guerra em que todas as armas, por mais desleais que sejam, possam ser utilizadas". Com base em considerações dessa natureza, nossa jurisprudência já assentou que, em matéria penal, a inviolabilidade do advogado não alcança a calúnia (imputar a alguém falsamente o cometimento de um crime – Código Penal, art. 138) e o desacato (destratar agente público no exercício da função ou em razão dela – CP, art. 331), com relação aos quais o advogado responde da mesma forma que os cidadãos em geral; abrangendo somente a difamação (imputar a alguém um fato concreto que seja ofensivo à sua reputação, mas que não constitua crime – pode ser contravenção – CP, art. 139) e a injúria (“xingar” alguém, ofendendo- lhe a dignidade ou o decoro – CP, art. 140). Ademais, a inviolabilidade não alcança os crimes de injúria e difamação, quando a pessoa atingida é o próprio magistrado que preside o processo. O advogado, portanto, é protegido pela inviolabilidade exclusivamente com relação aos atos e manifestações praticados no desempenho de sua atividade profissional e que se relacionem com o interesse que naquele momento está incumbido de defender, na esfera administrativa ou judicial, o que o torna imune aos crimes de injúria e difamação, salvo quando a ofensa é irrogada ao juiz da causa. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 23 Se a ofensa não tiver sido proferida no exercício de suas atribuições próprias, ou, mesmo nesse caso, se ela não se relaciona à pretensão que no momento o profissional está a defender, não incide a inviolabilidade. 4) DEFENSORIA PÚBLICA Os arts. 134 e 135 da Constituição Federal dispõem sobre a Defensoria Pública, definida como instituição essencial à função jurisdicional do Estado, competindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, nos termos do art. 5°, LXXIV, da Constituição (CF, art. 134, caput). Caberá à lei complementar, editada pela União, organizar a Defensoria Pública da União e do Distrito Federal e dos Territórios, bem como prescrever normas gerais para a organização da Defensoria Pública nos Estados. As Defensorias Públicas, de todas as unidades da Federação, serão organizadas em cargos de carreira, cujo ingresso pressupõe aprovação em concurso público de provas e títulos, sendo assegurada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade, e vedado aos mesmos o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais (CF, art. 134, § 1°, antigo parágrafo único renumerado pela EC 45, de 2004). O regime remuneratório para os membros da Defensoria Pública é o subsídio, nos termos do art. 135 da CF, com redação dada pela EC nº 19, de 1998. A EC nº 45, de 2004, robusteceu as Defensorias Públicas dos Estados ao assegurar-lhes autonomia funcional e administrativa, além de conferir- lhes a competência exclusiva para a apresentação da sua proposta orçamentária, dentro dos limites definidos na lei de diretrizes orçamentárias, e observado o disposto no art. 99, § 2° (CF, art. 134, § 2°, acrescentado ao texto constitucional pela EC nº 45, de 2004). CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 24 QUESTÕES DE PROVAS ANTERIORES 1) CESPE 1 (Procurador Federal de 2ª Categoria – AGU – DEZ 2002) - O A respeito da Advocacia-Geral da União (AGU) – instituição que desempenha atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo – e da representação judicial da União e das unidades federadas, julgue os itens abaixo. A. O constituinte originário não se limitou a acolher a AGU no texto constitucional, dedicando alguns dispositivos ao seu chefe, o advogado- geral da União. Estabeleceu requisitos objetivos e subjetivos à sua escolha: idade mínima de trinta e cinco anos, escolha privativa do presidente da República, notável saber jurídico e reputação ilibada. A exemplo do que ocorre com o procurador-geral da República, o advogado- geral da União deverá ter o seu nome aprovado pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal. B. Pela prática de crime de responsabilidade, a Constituição da República submete o advogado-geral da União à jurisdição política do Senado Federal.Por outro lado, compete ao Superior Tribunal de Justiça processar e julgar, originariamente, as infrações comuns por ele praticadas. C. Compete à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, em causas de natureza fiscal, representar judicialmente a União. D. Os procuradores dos estados e do Distrito Federal, organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em todas as suas fases, exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas federadas. 2 (Defensor Público – Alagoas/2003) - Considerando as atribuições do Ministério Público e as funções essenciais à justiça, julgue os seguintes itens. A. Considere a seguinte situação hipotética. O Ministério Público de uma cidade do interior passou a exercer a fiscalização de um abrigo que comportava idosos e de outro que abrigava deficientes físicos. Constatou irregularidade em ambos. A direção do abrigo de idosos apresentou representação contra o promotor de justiça no próprio Ministério Público, usando, entre outros fundamentos, o de que isso não estava na esfera de atribuição e funções institucionais do órgão. Nessa situação, havia razão e fundamento jurídico para a representação. B. Considere a seguinte situação hipotética. O advogado de um empresário que cometera homicídio deu uma entrevista na rádio da cidade, usando, como fundamentos de defesa de CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 25 seu cliente, acusações outras contra o vereador que apresentou a representação no Ministério Público. Não havia provas das acusações do advogado. Na saída da rádio, foi-lhe perguntado se ele não temia alguma conseqüência jurídica para o seu ato, já que poderia ter praticado um ilícito penal. Ele respondeu que não, sob o argumento de que teria imunidade, pois estava no exercício da profissão. Nessa situação, houve fundamento jurídico na afirmativa do advogado. 3 (Técnico Judiciário – Área Administrativa – TST – 2003 - adaptada) - Um missionário estrangeiro, nascido na República de Angola, país de língua portuguesa, residente no Brasil há um ano ininterrupto, ingressou com ação popular contra o proprietário de uma fazenda, situada na região amazônica, sob a alegação de que o fazendeiro estaria mantendo, em sua propriedade, vários índios na condição de escravos. Além disso, o missionário deu conhecimento do fato ao Ministério Público. Com referência a essa situação hipotética, julgue o item subseqüente. A ciência do fato ao Ministério Público está correta, uma vez que, de acordo com a Constituição da República, é função institucional do Ministério Público, entre outras, defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas. 4 (Defensor Público da União – 2004) - O procurador-geral da República não precisa ser nomeado necessariamente entre os subprocuradores- gerais da República, que compõem a última classe da carreira do Ministério Público Federal (MPF). QUESTÃO 5 (Juiz Federal –TRF 5ª Região – 2004) - O Ministério Público se apresenta hoje como um verdadeiro poder do Estado. Se Montesquieu tivesse escrito hoje o Espírito das Leis, por certo não seria tríplice, mas quádrupla, a divisão dos poderes. Ao órgão que legisla, ao que executa, ao que julga, um outro órgão acrescentaria ele � o que defende a sociedade e a lei perante a justiça, parta a ofensa donde partir, isto é, dos indivíduos ou dos próprios poderes do Estado! Alfredo Valladão. Ministério Público. In: Revista dos Tribunais. São Paulo: RT, v. 225, jul./1954, p. 38-9 (com adaptações). O trecho transcrito acima retrata a visão de avançada doutrina sobre o Ministério Público brasileiro na vigência da Constituição Federal de 1891. O trabalho completo foi publicado originalmente no Jornal do Commércio de 19/4/1914 e, em 1954, um extrato, no periódico indicado. Considerando o excerto acima, julgue os itens a seguir, tendo em vista o estado democrático de direito e o ordenamento jurídico brasileiro. A. A jurisprudência do STF não aceita a tese de quarto poder, defendida por doutrinadores como o do trecho transcrito, e consagra o entendimento de que, garantida efetivamente a independência do Ministério Público, a colocação constitucional é secundária, de interesse quase meramente teórico. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 26 B. Um dispositivo de constituição estadual que conceda autonomia financeira ao Ministério Público, segundo o STF, não está compreendido na competência assegurada na Constituição da República. Mas, por estar contida na iniciativa para a criação de cargos, não é inconstitucional norma estadual que explicite competência do Ministério Público para propor a fixação de vencimentos de seus cargos. C. O STF já afirmou que a ordem jurídica confere explicitamente poderes amplos de investigação ao Ministério Público. 6 (Procurador do Estado – PGRR – 2004) - Na Constituição do Estado de Roraima, assegura-se expressamente ao Ministério Público autonomia administrativa, financeira e funcional, cabendo-lhe, inclusive, praticar atos de gestão e adquirir bens e serviços. 7 (Analista Judiciário – Área Administrativa – STJ – 2004) - Considere a seguinte situação hipotética. Um procurador de justiça de determinado estado-membro praticou estelionato. Tal crime foi processado e julgado perante o tribunal de justiça do estado. O membro do Ministério Público, autor da denúncia, argüiu incompetência daquele órgão, ao fundamento de que, em crime comum, o procurador deve ser julgado e processado na comarca do local do fato. Nessa situação, assiste razão ao membro do Ministério Público. 8 (Analista Judiciário – Área Administrativa – STJ – 2004) - As funções e garantias detidas pelos membros do Ministério Público se igualam às imunidades e prerrogativas dos parlamentares e juízes. 9 (Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE/AL – 2004) - Se o governador de um estado solicitar que um promotor de justiça profira parecer em processo administrativo que tramite em órgão do Poder Executivo estadual, o promotor deverá fazê-lo, já que o atendimento à solicitação é compatível com as funções do Ministério Público. 10 (Procurador Consultivo – MP TCE/PE – 2004) - Aplicam-se aos membros do Ministério Público que atuam junto aos tribunais de contas as regras constitucionais relativas a direitos e vedações dos membros do Ministério Público comum. 11 (Procurador Consultivo – MP TCE/PE – 2004) - De acordo com a ordem jurídica brasileira, é possível aos diferentes ramos do Ministério Público desempenhar outras funções além daquelas expressamente previstas no texto constitucional, desde que elas sejam compatíveis com a finalidade do órgão e hajam sido previstas em lei federal. 12 (Procurador – MP TCE/PE – 2004) - Devido ao princípio da unidade do Ministério Público (MP), previsto constitucionalmente, o Supremo Tribunal CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 27 Federal (STF) firmou o entendimento de que o MP junto aos TCs deve, em princípio, integrar a estrutura do MP do respectivo estado, salvo se a Constituição estadual preceituar de maneira diversa. 13 (Defensor Público – SE – 2005) - A representação e a consultoria jurídica de entidades públicas são constitucionalmente vedadas ao Ministério Público. 2) ESAF 14 (Promotor de Justiça – CE/2001) - Sobre o Ministério Público, como previsto na Constituição Federal e compreendido pelo Supremo Tribunal Federal, é correto afirmar: a) O Ministério
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