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15-DIREITO AGRÁRIO LEIS ESPECIAIS

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COLEÇÃO 
LEIS ESPECIAIS 
PARA CONCURSOS 
Dicas para realização de provas com 
questões de concursos e jurisprudência 
do STF e SlJ Inseridas artigo por artigo 
Coord..,...çlo: 
U:ONAROO DE MEDEIROS GARCIA 
V.O .. AOVOGIOa uerdl Ud VllldU .. nuu 
v.9 - Defensoria Pública 
v.l O . Direito Ambiental 
v.ll - [jcitações Públicas 
v.IZ . leis Penais Especiais - Tomos I, 11 e 111 
v.IJ . Direito financeiro 
v.l4 - Ministério Público 
v.IS - Direito Agrário 
v.l6 - leis Trabalhistas Especiais 
v.l7 - Processo Administrativo 
v.l8 - Propriedade Industrial 
v.l9 - Direito Urbanístico 
v.10 - Direito à Saúde 
v.ZI . Previdência Complementar 
v.22 - lei dos Planos de Saúde 
v.Zl - Improbidade Administrativa 
v.24 • Magistratura Nacional · lOMAN 
v.25 - Estatuto do Torcedor 
v.26 - Agências Reguladoras 
v.27 - lei de falências e Recuperação judicial 
v.28 - Direitos Difusos e Coletivos 
v.H - lei do CADE 
v.JO - Sociedade Anônima 
v.JI - Execução Penal 
v.32 - leis Civis Especiais de Direito de família 
v.3 J - Estatuto do Índio 
v.34 - Controle de Constitucionalidade 
v.l 5 - Portadores de Necessidades Especiais 
v.l6 - Tombamento 
v.l7 - leis Eleitorais 
v.38 - Organrzações Sociais (OS) e Organizações da 
Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) 
v J 9 - lei de Drogas 
v.40 - Estatuto da Igualdade Racial e Comunidades 
Quilombolas 
v.41 - Direitos Humanos 
v.42 - Sistema fmanceiro da Habitação 
v.4J - ICMS 
legislação do Ensino 
Direito Nourial e Registra! 
Estltuto do Estrangeiro 
Dmpropriação 
Estltuto da OAB 
Ações (onstiruoonais 
, 
DIREITO AGRARIO 
LEI N° 4.504/64; LEI N° 8.629/93; 
LEI COMPLEMENTAR N° 76/93;LEI N° 6.969/81 
Dicas para realização de provas de concursos artigo por artigo 
MARCIO PEREIRA DE ÁNDRADE 
Graduado em Direito pela PUC/SP. Advogado da União. 
Especialista em Direito Constitucional pelo IDP. 
DIREITO AGRÁRIO 
LEI N° 4.504/64; LEI N° 8.629/93; 
LEI COMPLEMENTAR N° 76/93;LEI N° 6.969/81 
Dicas para realização de provas de concursos artigo por artigo 
2a edição 
2014 
EDITORA 
]usPODIVM 
www.editorajuspodivm.com.br 
I lJI EDITORA 
' )UsPODIVM 
www.editorajuspodivm.com.br 
Rua Mato Grosso, 17 5 - Pituba, CEP: 41830-151 - Salvador- Bahia 
Te!: (71) 3363-8617 I Fax: (71) 3363-5050 
• E-mail: fale@editorajuspodivm.com.br 
Copyright: Edições JusPODIVM 
Conselho Editorial: Eduardo Viana Porte la Neves, Dirley da Cunha Jr., Leonardo de Medeiros 
Garcia, Fredie bidier Jr., José Henrique Mouta, José Marcelo Vigliar, Marcos Ehrhardt Júnior, 
Nestor Távora, Robrio Nunes Filho, Roberval Rocha Ferreira Filho, Rodolfo Pamplona Filho, 
Rodrigo Reis Mazzei e Rogério Sanches Cunha. 
Capa: Rene Bueno e Daniela Jardim (www.buenojardim.com.br) 
Diagramação: Cendi Coelho (cendicoelho@gmail.com) 
Todos os direitos desta edição reservados à EdiçõesJusPODIVM. 
É terminantemente proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio ou processo, sem a 
expressa autorização do autor e da Edições JusPODlVM. A violação dos direitos autorais caracteriza crime 
descrito na legislação em vigor, sem prejuízo das sanções civis cabíveis. 
SUMÁRIO 
Proposta da Coleção 
Leis Especiais para Concursos .............................................................. . 
Capítulo I 
Direito Agrário: Conceito, Princípios, 
Institutos e Estatuto da Terra .............................................................. . 
Capítulo li 
Desapropriação para fins de Reforma Agrária 
Lei no 8.629, de 25 de fevereiro de 1993 
··············································· 
Capítulo III 
Procedimento especial de desapropriação 
para fins de Reforma Agrária 
Lei complementar no 76, de 6 de julho de 1993 .................................. . 
Capítulo IV 
Usucapião especial rural 
7 
9 
29 
107 
Lei no 6.969, de 10 de dezembro de 1981. ................................... _.................... 161 
BIBLIOGRAFIA.................................................................................... 179 
5 
PROPOSTA DA COLEÇÃO 
LEIS EsPECIAIS PARA CoNcuRSos 
A coleçãp Leis Especiais para Concursos tem como objetivo prepa-
rar os candidatos para os principais certames do país. 
Pela experiência adquirida ao longo dos anos, dando aulas nos prin-
cipais cursos preparatórios do país, percebi que a grande maioria dos 
candidatos apenas lêem as leis especiais, deixando os manuais para as 
matérias mais cobradas, como constitucional, administrativo, processo 
civil, civil, etc .. Isso ocorre pela falta de tempo do candidato ou porque 
falta no mercado livros específicos (para concursos) em relação a tais leis. 
Nesse sentido, a Coleção Leis Especiais para Concursos tem a in-
tenção de suprir uma lacuna no mercado, preparando os candidatos para 
questões relacionadas às leis específicas, que vêm sendo cada vez mais 
contempladas nos editais. 
Em vez de somente ler a lei seca, o candidato terá dicas específicas 
de concursos em cada artigo (ou capítulo ou título da lei), questões 
de concursos mostrando o que os examinadores estão exigindo sobre 
cada tema e, sobretudo, os posicionamentos do STF, STJ e TST (prin-
cipalmente aqueles publicados nos informativos de jurisprudência). As 
instituições que organizam os principais concursos, como o Cespe, uti-
lizam os informativos e notícias (publicados na página virtual de cada 
tribunal) para elaborar as questões de concursos. Por isso, a necessidade 
de se conhecer (e bem!) a jurisprudência dos tribunais superiores. 
Assim, o que se pretende com a presente coleção é preparar o leitor, 
de modo rápido, prático e objetivo, para enfrentar as questões de prova 
envolvendo as leis específicas. 
Boa sorte! 
Leonardo de Medeiros Garcia 
(Coordenador da coleção) 
/eonardo@leonardogarcia.com.br 
leomgarcia@yahoo.com. br 
www.leonardogarcia.com. br 
7 
CAPÍTULO I 
DIREITO ÁGRÁRIO: 
CONCEITO, PRINCÍPIOS, INSTITUTOS 
E EsTATUTO DA TERRA 
1. INTRODUÇÃO 
A presente obra, por certo, não tem o objetivo de abarcar todos os temas 
relacionados ao Direito Agrário. Estudaremos em verdade seu conceito, 
seus princípios, alguns institutos previstos no Estatuto da Terra (Lei nº 
4504/64) e com maior profundidade os seguintes estatutos legais: I) Lei nº 
8.629/93, que cuida da Desapropriação para fins de reforma agrária; 11) Lei 
Complementar nº 76/93 que cuida do procedimento especial da desapro-
priação para fins de reforma agrária, e; 111) Lei nº 6.969/82. 
Trata-se, assim, de uma obra com caráter mais pragmático, que visa a 
comentar a legislação com foco nos concursos públicos, apresentando co-
mentários e dicas de provas baseados, principalmente, na jurisprudência 
do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal. 
2. CONCEITO DE DIREITO AGRÁRIO 
Ao longo do tempo, o Direito Agrário foi ganhando importância devido a 
sua relevância social, de forma a se tornar um ramo autônomo do Direito 
com suas próprias fontes, princípios e institutos, distanciando-se do Direi-
to Civil. Vale observar que o Direito Agrário possui uma forte estrutura 
legislativa, abarcando uma série de institutos jurídicos. Não é demais 
lembrar, contudo, que o Direito Agrário se relaciona com outros ramos do 
Direito, como o Direito Constitucional, o Direito Administrativo, o Direito 
Civil, o Direito Processual Civil, por exemplo, bem como outros ramos do 
conhecimento, a Agronomia, a Economia Agrária, entre outros. 
Nesse sentido, de uma maneira mais abrangente BARROS1 qualifica Direto 
Agrário como "o ramo do direito positivo que regula as relações jurídicas 
1. BARROS, Wellington Pacheco. Curso de Direito Agrário. 6ª Ed., Porto Alegre: Livraria do 
Advogado, 2009, p.17 
9 
MAReio PEREIRA DE ANDRADE 
do homem com a terra". Já OPTIZ2 prefere defini-lo como "o conjunto de 
normas jurídicas concernentes ao aproveitamentodo imóvel rural", en-
quanto BORGES3 sintetiza que se trata de "um direito novo com vasto con-
teúdo ou campo e objeto próprio de estudos, que se fixam na distribuição, 
posse e uso das terras rurais". 
De fato, da análise dos três conceitos acima colacionados, depreende-se 
a riqueza dos temas que envolvem o Direito Agrário que, como já mencio-
nado, não serão integralmente estudados nesta obra. 
7 Aplicação em concurso 
• {MP/AM - Promotor de Justiça - CESPE- 2007) Acerca do direito agrário, 
assinale a opção correta: 
·a) Trata-se de disciplina jurídica originada de elementos informadores, tais 
como a estrutura agrária, a empresa agrária, a atividade agrária e a política 
agrária, que não se subsumem, em conjunto, nem ao direito administrativo, 
nem ao direito civil ou ao empresarial. 
b) Trata-se de disciplina sem autonomia legislativa, mas apenas didática e cien-
tífica, advinda da especialização do direito privado, tal como o direito imobi-
liário ou o direito de redes contratuais. 
c) O direito agrário é regido essencialmente por institutos voltados à viabiliza-
ção de aproveitamento econômico dos imóveis rurais, diferenciando-se do 
direito ambiental por se concentrar no uso privado das terras, não fazendo 
parte de seu objeto a conservação dos recursos naturais. 
d) O direito agrário é disciplinado por normas de competência concorrente edi-
tadas pelas diversas unidades da Federação, nos termos da CF de 1988. 
e) O direito agrário envolve matéria de cunho eminentemente federal, razão 
pela qual a CF determina a criação de varas agrárias federais, com competên-
cia exclusiva para dirimir conflitos fundiários. 
COMENTÁRIO: A alternativa "a" foi considerada correta. 
• (MP/RR- Promotor de Justiça- CESPE- 2008) Julgue o item a seguir: 
"O direito agrário se especializa como disciplina jurídica, tendo como con-
ceito central a noção de função social da propriedade, diferenciando-se do 
2. OPJTZ, Silvia C.B.; OPJTZ, Oswaldo. Curso Completo de Direito Agrário. 2ª Ed., São Paulo: 
Saraiva, 2007,p.24 
3. BORGES, Antônio Moura. Curso Completo de Direito Agrário. 3ªEd., Leme: Edijur, 2009, p. 
35 
10 
DIREITO AGRÁRIO: CoNCEITO, PRI:-;CiPIOS, INSTITUTOS E EsTATUTO DA TERRA 
direito civil na medida em que não concebe a propriedade da terra apenas 
como objeto de disposição e gozo, mas principalmente como instrumento da 
atividade agrária." 
COMENTÁRIO: A alternativa foi considerada CERTA. 
3. PRINCÍPIOS DE DIREITO AGRÁRIO 
A importância do estudo dos princípios é bem conhecida pelos estudantes 
da ciência jurídica. Trata-se de normas elementares, instituídas como base 
de um determinado ramo do Direito. Servem, dessa forma, para definir a 
própria identidade do ramo do Direito estudado. Não bastasse isso, o es-
tudo dos princípios do Direito Agrário se mostra especialmente relevante 
para o universo do concurso público. Com efeito, as questões de Direi-
to Agrário exigidas em concursos públicos muitas vezes se direcionam ao 
próprio texto da legislação específica, que é de difícil memorização. Dessa 
forma, o conhecimento dos princípios será bastante útil na resolução de 
questões, pois estes servirão como vertentes interpretativas, auxiliando o 
candidato a encontrar a melhor resposta. Vale obse'rvar que não há neces-
sidade de o candidato memorizar a denominação de todos os princípios, 
é suficiente que entenda conceito basilar de cada um dos princípios. 
A seguir destacaremos os principais princípios do Direito Agrário: 
a) Princípio da Garantia do Direito de Propriedade (art. 5!!, XXII, CF/88): 
a propriedade é direito e garantia fundamental do cidadão e revela 
a opção política do estado brasileiro, assegurando-se a propriedade 
como condição de vida e desenvolvimento do proprietário da terra e 
da sociedade; 
b) Princípio da Função Social da Propriedade (art.S!!, XXIII, c/c Art.186, 
CF/88): o direito de propriedade é assegurado desde que cumprida 
sua função social. Este ponto será abordado com maior profundida nos 
comentários da legislação específica, mas por ora vale fixar a ideia de 
que "a propriedade obriga", ou seja, o proprietário deve atingir deter-
minadas.finalidades econômicas, sociais e ambientais; 
c) Princípio da Justiça Social: por ele o homem passa a ser o foco do 
Direito Agrário; tem por finalidade romper com estruturas injustas de 
posse da terra, reformulando-as constantemente, de forma a garantir 
o acesso à terra, renda e dignidade ao trabalhador rural; 
11 
12 
MARCIO PEREIRA DE ANDRADE 
d) Princípio da Melhor Distribuição da Terra (Acesso à propriedade da 
terra): segundo esse princípio a política da reforma agrária deve pri-
vilegiar a ocupação da terra por aqueles que quer~m produzir. Cabe 
ao Estado promover a expropriação das terras improdutivas e desti-
ná-las aos que não possuem condições financeiras de adquiri-las; 
e) Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Particular: prin-
cípio basilar do Direito Administrativo- embora a sua interpretação te-
nha se tornado cada vez mais relativizada-, significa que o interesse pú-
blico, do Estado, da sociedade ou da coletividade deve prevalecer sobre 
interesses particulares quando tais interesses estiverem em conflito; 
f) Princípio do Monopólio Legislativo da União: trata-se de regra ins-
culpida no art. 22, inciso I, da Constituição Federal de 1988 pela qual 
compete à União legislar privativamente sobre Direito Agrário. Vale 
observar que a competência privativa se estende também à desapro-
priação, tema com especial relevância para o Direito Agrário. (art. 22, 
11, CF/88); 
g) Princípio da Justa e Prévia Indenização nas Desapropriações (art. 52, 
XXIV, CF/88): como decorrência do direito de propriedade tem-se que 
a perda da propriedade para o Estado deve ser prévia (quanto ao tem-
po) e justa (quanto ao valor); 
h) Princípio da Permanência na Terra: aquele que mantém a terra produ-
tiva não pode ser expropriado pera fins de reforma agráría; 
i) Princípio da Proteção da Propriedade Familiar e da Pequena e Média 
Propriedade (art.5!!, XXVI, c/c art. 185, I, CF/88): a pequena proprie-
dade rural, desde que explorada pela família não será objeto de pe-
nhoFa para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produ-
tiva, assim como a pequena e média propriedade não são passíveis de 
expropriação para fins de reforma agrária; 
j) Princípio da Proteção da Propriedade Produtiva (art. 185, 11, CF/88): 
por ele a propriedade produtiva não é passível de expropriação para 
fins de reforma agrária; · 
k) Preservação dos Recursos Naturais e Proteção ao Meio Ambiente: 
apesar de ser requisito da função social da propriedade, a preservação 
dos recursos naturais é um princípio de ordem con~titucional que per-
meia todo o ordenamento jurídico. Tem especial relevânc.ia no Direito 
DIREITO AGRÁRIO: CONCEITO, PRINCÍPIOS, INSTITUTOS E ESTATUTO DA TERRA 
Agrário, tendo em vista a potencialidade de danos ambientais que a 
exploração da terra pelo homem pode causar; 
I) Princípio da Melhor Produtividade: a política agrária deve privilegiar a 
produção da terra para atender as necessidades da sociedade, incenti-
vando o uso da terra de maneira racional e adequada, mas sem deixar 
de cumprir com a função social da propriedade; 
m) Princípio do Uso da Terra Pública: as terras públicas devem ser desti-
nadas a fins produtivos, submetendo-se à função social da proprieda-
de; 
n) Princípio da Indivisibilidade do Módulo Rural: o módulo rural (concei-
to que será estudado adiante) deve ser a porção mínima de fraciona-
mento de área de terra no território brasileiro. 
São estes os princípios a serem destacados. Vale observar, contudo, que 
a doutrina não é uníssona com relação a adoção de todos os princípios 
acima elencados, havendo autores que apontam um rol ainda mais exten-
so, enquanto outros adotam um rol mais sintético, ou mesmohá autores 
que nominam diferentemente os princípios acima expostos. Entretanto, 
ressalte-se mais uma vez, que em concurso público, em regra, tem-se exi-
gido do candidato antes o entendimento do conteúdo do princípio do 
que propriamente o seu nomen juris. 
~ Aplicação em concurso 
• (CÂMARA DOS DEPUTADOS- Analista legislativo- CESPE- 2003) Julgue a 
questão a seguir: 
"Entre os princípios norteadores do direito agrário previstos expressamente 
no texto da Constituição da República, podem-se citar: a regra de monopólio 
legislativo da União; a proteção à propriedade familiar e à pequena e à média 
propriedades; a conservação e a preservação dos recursos naturais e a pro-
teção ao meio ambiente." 
COMENTÁRIO: A questão foi considerada CERTA. 
• (Delegado de Polícia/BA- CESPE- 2013) 
"Direito agrário designa o conjunto de princípios e normas que disciplinam 
as relações jurídicas, econômicas e sociais surgidas das atividades agrárias, 
bem como as empresas, a estrutura e a política agrárias, com o objetivo de 
alcançar a justiça social agrária e o cumprimento da função social da terra. 
COMENTÁRIO: A alternativa foi considerada CERTA. 
13 
MARCIO PEREIRA DE ANDRADE 
• (AGU- Procurador Federal- CESPE- 2013) 
"O direito agrário caracteriza-se pela imperatividade de suas regras, com for-
te intervenção do Estado nas relações agrárias, e pelo caráter social dessas 
regras, com nítida proteção jurídica e social ao trabalhador, o que as dife-
rencia das normas do direito civil, que buscam manter o equilíbrio entre as 
partes e o predomínio da autonomia de vontades." 
COMENTÁRIO: A alternativa foi considerada CERTA. 
• (AGU - Procurador Federal- CESPE- 2013) 
"São princípios do direito agrário a utilização da terra sobreposta à titulação 
dominial, a garantia da propriedade da terra condicionada ao cumprimento 
da função social, a primazia do interesse coletivo sobre o interesse indivi-
dual, o combate ao latifúndio, ao minifúndio, ao êxodo rural, à exploração 
predatória e aos mercenários da terra." 
COMENTÁRIO: A alternativa foi considerada CERTA. 
• (AGU- Procurador Federal - CESPE- 2013) 
"O princípio da função social da propriedade, aplicado ao direito agrário, atri-
bui ao proprietário o direito de usar, gozar e dispor da coisa como melhor lhe 
aprouver. 
COMENTÁRIO: A alternativa foi considerada ERRADA_. 
4. INSTITUTOS DO DIREITO AGRÁRIO 
14 
O Estatuto da Terra, como assim é conhecida a Lei n!1 4.504, de 30 de 
novembro de 1964, regula a propriedade territorial rural, trazendo dis-
posições sobre conceitos, uso e posse da propriedade rural, que são, em 
verdade, institutos básicos do Direito Agrário. 
Sobre o Estatuto da Terra sugerimos que o estudante leia seus dispositi-
vos, tendo em vista que muitas questões de concursos são resolvidas pela 
simples leitura da letra fria da lei, ou seja, por meio de uma interpreta-
ção meramente literal. Trata-se de um diploma legal extenso com mais de 
cento e vinte artigos, assim é recomendável a leitura atenta dos disposi-
tivos que já foram objeto de questões de provas. Como forma de facilitar 
o estudo do Estatuto, abordaremos abaixo apenas os quatro primeiros e 
principais artigos deste diploma, tendo em vista a grande incidência de 
questões a seu respeito formuladas por diferentes bancas examinadoras. 
4.1. BREVE HISTÓRICO 
Antes. de analisarmos os dispositivos legais, cabe-nos tecer algumas con-
siderações de cunho histórico e doutrinário, com vistas a introduzir o 
DIREITO AGRÁRIO: CONCEITO, PRINCÍPIOS, INSTITUTOS E ESTATUTO DA TERRA 
estudante no tema da Reforma Agrária. Isso se faz necessário pois tal 
conteúdo já foi objeto de questões em concursos públicos. 
Em relação ao aspecto histórico convém recordar que desde o início do 
processo de colonização, com as sesmarias (concessão de terras no Bra-
sil pelo governo português com o intuito de desenvolver a agricultura, 
a criação de gado e o extrativismo vegetal e, ao mesmo tempo, povoar 
o território e recompensar nobres, navegadores ou militares por servi-
ços prestados à Coroa) houve grande concentração de terra. De fato, a 
sesmaria foi o primeiro grande instituto utilizado pela Coroà portuguesa 
para povoar e desenvolver o território nacional. 
O problema da concentração da propriedade rural na mãos de poucos 
foi se perpetuando ao longo do tempo e pode ser apontado, ainda hoje, 
como um problema crônico na atividade agrária brasileira. Para tentar so-
lucionar a questão da política agrária, ainda no período do regime militar, 
foi editado o Estatuto da Terra que trouxe em seu bojo o instituto da Re-
forma Agrária. 
Em termos genéricos, pode-se dizer que há dois métodos para se fazer a 
reforma agrária, são eles o coletivista e o privatista. O método privatista 
admite a propriedade privada, ou seja, a terra é doada ao trabalhador ru: 
ral, que passa a exercer sobre ela a propriedade, desde que nela trabalhe 
e, assim, faça cumprir sua função social. Já o método coletivista consiste 
na nacionalização da terra, que passa a pertencer exclusivamente ao Esta-
do, ou seja, não há transferência de propriedade para -o trabalhador rural, 
sendo método típico dos estados socialistas. 
Pelo regime constitucional brasileiro, adota-se o método privatista, pois a 
propriedade é direito e garantia fundamental de qualquer cidadão (art.5!1, 
"caput" e XXII) sendo a propriedade privada princípio da ordem econômi-
ca brasileira (art.170, 11). 
-7 Aplicação em concurso 
• (AGU - Procurador Federal- CESPE- 2007) 
A história do direito agrário no Brasil passa pelo Tratado de Tordesilhas -
assinado.. em 7 de junho de 1494, por D. João, rei de Portugal, de um lado, 
e por D. Fernando e D. Isabel, reis de Espanha, do outro-, bem como pelo 
regime sesmaria! empregado no processo de colonização do país. Ademais, 
atualmente, o tema reforma agrária se situa entre os mais importantes, ha-
vendo inclusive entidades que lutam pela correção da estrutura agrária no 
Brasil, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MS!). Tendo 
15 
MARCIO PEREIRA DE ANDRADE 
o texto acima como referência inicial, julgue os itens a seguir, a respeito da 
legislação da reforma agrária e do processo de desapropriação para fins de 
reforma agrária. 
- "O emprego do instituto das sesmarias no Brasil gerou vícios no sistema fun-
diário, havendo a necessidade de intervenção do Estado na propriedade pri-
vada por meio de instrumentos como a desapropriação por interesse social, 
que permite, entre outros, a prévia e justa indenização em títulos da dívida 
agrária." 
COMENTÁRIO (1!2 ENUNCIADO): A questão foi considerada CERTA. 
- "No Brasil, para se fazer a reforma agrária, adota-se o método coletivista, que 
consiste na nacionalização da terra, que passa a pertencer exclusivamente ao 
Estado. Isso se explica pelo fato de não haver, no Brasil, propriedade privada, 
devendo toda terra estar subordinada ao bem comum (função social da pro-
priedade)." 
COMENTÁRIO (2º ENUNCIADO): A questão foi considerada ERRADA. 
S. ESTATUTO DA TERRA (Lei n!! 4.504/64) 
16 
Passemos agora ao estudo dos dispositivos 1!! ao 4!! do Estatuto da Terra, 
sendo certo que outros dispositivos do referido diploma serão objeto de 
comentário específico ao longo do livro, quando necessário a complemen-
tar o entendimento da legislação agrária. 
LEI N• 4.504, DE 30 DE NOVEMBRO DE 1964. 
Dispõe sobre o Estatuto da Terra, e dá outras providências. 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congresso Nacio-
nal decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
TÍTULO I 
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES 
CAPÍTULO I 
PRINCÍPIOS E DEFINIÇÕES 
Art. 1° Esta Lei regula os direitos e obrigações concernentes aos bens 
imóveis rurais, para os fins de execução da Reforma Agrária e promoção 
da Política Agrícola. 
§ 1° Considera-se Reforma Agrária o conjunto de medidas que visem a 
promover melhordistribuição da terra, mediante modificações no regime 
de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao 
aumento de produtividade. · 
DIREITO AGRÁRIO: CONCEITO, PRINCÍPIOS, INSTITUTOS E ESTATUTO DA TERRA 
§ z• Entende-se por Política Agrícola o conjunto de providências de am-
paro à propriedade da terra, que se destinem a orientar, no interesse da 
economia rural,. as atividades agropecuárias, seja no sentido de garantir-
-lhes o pleno emprego, seja no de hannonizá-las com o processo de in-
dustrialização do país. 
1. REFORMA AGRÁRIA E POLÍTICA AGRÍCOLA 
O artigo em comento nos traz o conceito básico de Reforma Agrária e de 
Política Agrícola. Compete ao estudante fixar, ao menos genericamente, o 
conceito legal dos dois institutos, pois são considerados institutos básicos 
do direito agrário. Observamos que a distinção entre reforma agrária e po-
lítica agrícola já foi objeto de diversas questões concurso público. Não nos 
aprofundaremos no conceito destes dois institutos, pois a sua definição 
legal é o que tem sido efetivamente exigido em concursos. 
7 Aplicação em concurso 
• {CÂMARA DOS DEPUTADOS- Analista Legislativo- CESPE- 2003) 
"O Estatuto da Terra (Lei n. 4.504/1964) pode ser considerado um diploma 
básico sistematizador da política agrária, agrícola e fundiária na legislação 
brasileira." 
COMENTÁRIO: A questão foi considerada CERTA, pois, como visto, o Estatu-
to da Terra é o diploma básico do Direito Agrário Brasileiro. 
• (AGU - Procurador Federal - CESPE- 2006) 
"A política fundiária deve ser entendida como um conjunto de providências 
de amparo à propriedade da terra destinadas a orientar, no interesse da eco-
nomia rural, as atividades agropecuárias, tanto no sentido de garantir o ple-
no emprego, quanto de harmonizá-las com o processo de industrialização e 
desenvolvimento do país." 
COMENTÁRIO: A questão foi considerada ERRADA pela banca examinado-
ra, pois traz o conceito de Política Agrícola previsto no §2!2 do art.lº da Lei 
nº 4504, de 1964 e não de Política Fundiária. Nas palavras de Clovis Antu-
nes Carneiro de Albuquerque Filho4 ':4 política fundiária, por sua vez, difere 
da política agrícola; sendo um capítulo, uma parte especial desta, tendo em 
vista, o disciplinamento da posse da terra e de uso adequado (função social 
da propriedade)" Dessa forma, a questão tenta confundir o candidato com 
conceitos legais diversos do objeto da questão. 
4. In http:/ /jus.com.br/artigos/1672/a-reforma-agraria-no-brasil, acessado em 19.01.2014 
17 
MARCIO PEREIRA DE ANDRADE 
• (AGU - Procurador Federal - CESPE- 2006) 
"O direito de propriedade e a posse da terra rural são institutos básicos de 
direito agrário." 
COMENTÁRIO:A questão foi considerada CERTA pela banca examinadora. 
Nesse sentido vale a pena destacar passagem da Obra Curso Completo 
de Din~ito Agrário, que bem elucido a questão: "Hoje já não se discute a 
existência do direito agrário, em face de disposições legais que regulam a 
propriedade territorial rural e os contratos agrários. Uso e posse do prédio 
rural estão regulados por normas constantes do Estatuto da Terra e leis que 
o integram. O direito agrário gira em redor de direitos e obrigações concer-
nentes aos bens imóveis rurais, sua posse e disposição."5 
• (AGU- Procurador Federal- CESPE- 2006) 
"Entende-se política agrícola o conjunto de medidas que objetivam promo-
ver melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua 
posse e de uso." 
COMENTÁRIO: A questão foi considerada ERRADA pela banca examinadora. 
Mais uma vez, o examinador tentou confundir o candidato pois trouxe, em 
verdade, o conceito legal de reforma agrária prevista no §1º do dispositivo 
citado. O conceito de política agrfco/a está no §2º do mesmo dispositivo. 
• (AGU - Procurador Federal - CESPE - 2006) 
"Considera-se reforma agrária o conjunto de providências de amparo à pro-
priedade da terra, que, no interesse da economia rural, se destinem a atender 
aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade." 
COMENTÁRIO: A questão foi considerada ERRADA. Basta ao candidato co-
nhecer o conceito legal de Reforma Agrária e Política Agrária para resolver 
a questão. 
Art. 2° É .assegurada a todos a oportunidade de acesso à propriedade da 
terra, condicionada pela sua função social, na forma prevista nesta Lei. 
§ 1° A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função so-
cial quando, simultaneamente: 
a) favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela 
labutam, assim como de suas famílias; 
b) mantém níveis satisfatórios de produtividade; 
c) assegura a conservação dos recursos naturais; 
S. OPITZ, Oswaldo, OPITZ, Silvia C.B., ob. cit, p.S. 
18 
DIREITO AGR..Ó.RJO: CONCEITO, PRINCÍPIOS, INSTITUTOS E ESTATUTO DA TERRA 
d) observa as disposições legais que regulam as justas relações de traba-
lho entre os que a possuem e a cultivem. 
§ 2° É dever do Poder Público: 
a) promover e criar as condições de acesso do tra.balhador ~ral à propri~­
dade da terra economicamente útil, de preferência nas regwes onde habi-
ta ou quando as circunstâncias regionais, o aconselhem em zonas pre-
vi~m~nte ajustadas na forma do disposto na regulamentação desta Lei; 
b) zelar para que a propriedade da terra desempenhe sua funçãq so.cial, 
estimulando planos para a sua racional utilização, promovendo.a JUSta 
remuneração e o acesso do trabalhador aos beneficios do aumento da 
produtividade e ao bem-estar coletivo. 
§ 3° A todo agricultor assiste o direito de permanecer na terra que cultive, 
dentro dos termos e limitações desta Lei, observadas sempre que for o 
caso, as normas dos contratos de trabalho. 
§ 4° É assegurado às populações indígenas o direito à poss.e das terras q~e 
ocupam ou que lhes sejam atribuídas de acordo com a legislação especial 
que disciplina o regime tutelar a que estão sujeitas. 
1. FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE 
Já vimos que a função social da propriedade é, em verdade, um princípio 
que se irradia sobre todo o arcabouço legislativo agrário brasileiro. O § 
1º do dispositivo em análise estabelece os critérios que definem o conte-
údo deste instituto, ponto que é exigido constantemente nos concursos. 
Vale dizer, ainda, que este dispositivo regulamenta o art.Sº, inciso XXIII, 
bem como o art.186 da CF/88, acima estudados. O tema da função social 
da propriedade será estudado com maior profundidade nos comentários 
ao art.9º da Lei nº 8.629/93 que cuida da desapropriação social para fins 
de reforma agrária. 
2. PRINCÍPIOS DO DIREITO AGRÁRIO 
observa-se, ainda, que o dispositivo aborda outros temas, entre eles des-
tacam-se os princípios do Direito Agrário, retromencionados, aos quais 
remetemos a leitura. 
~ Aplicação em concurso 
• (AGU - Procurador Federal - CESPE- 2006) 
"É facultado ao poder público estimular planos para a racional utilização da 
propriedade da terra, promovendo-se a justa remuneração e o acesso do 
19 
20 
MARCIO PEREIRA DE ANDRADE 
trabalhador aos benefícios do aumento da produtividade e ao bem-estar co-
letivo." 
• (AGU- Procurador Federal- CESPE- 2006) 
"É dever do poder público promover e criar as condições 'de acesso do traba-
lhador rural à propriedade da terra." 
COMENTÁRIO: As questões serão comentadas conjuntamente, pois encon-
tram fundamento no mesmo dispositivo legal. Mais uma vez, trata-se de 
mera interpretação literal dos dispositivos do Estatuto da Terra. Assim, a 
primeira questão foi considerada ERRADA, pois não constitui faculdade, 
mas, sim, dever do poder público estimular utilização da terra. Já a segunda 
assertiva foi considerada CERTA, pois vai ao encontro do dispositivo legal. 
• (MP/RR- Promotor de Justiça- CESPE- 2008) 
"O direito agrário se especializa como disciplina jurídica, tendo como con-
ceito central a noção de função social da propriedade, diferenciando-sedo 
direito civil na medida em que não concebe a propriedade da terra apenas 
como objeto de disposição e gozo, mas principalmente como instrumento da 
atividade agrária." 
COMENTÁRIO: A questão foi considerada CERTA. Com efeito, conforme 
os elementos que se podem extrair dos artigos supratranscritos o Direito 
Agrário é o conjunto de normas que visa disciplinar as relações do homem 
com a terra, condicionado o seu uso às limitações impostas pela função 
social da propriedade, o que significa, entre outras coisas, manter níveis 
satisfatórios de produção e utilização da terra. 
• {TJ/PA- Juiz Substituto- FGV- 2008) Constituem requisitos para verificação 
do cumprimento da função social da terra pelos imóveis rurais nos termos do 
Estatuto da Terra, Lei 4.504/64, exceto: 
a) Favorecer o bem estar dos proprietários e dos respectivos trabalhadores, 
bem como de suas famílias. 
b) Respeito às disposições legais que regulam as relações de trabalho. 
c) Assegurar a conservação dos recursos naturais. 
d) Assegurar a qualidade dos produtos de origem agropecuária, seus derivados 
e resíduos de valor econômico. 
e) Manter níveis satisfatórios de produtividade. 
COMENTÁRIO: A Alternativa "d" foi considerada CERTA. Nos termos do art. 
186 da CF/88 e do dispositivo acima citado, somente a assertiva "assegurar 
a qualidade dos produtos de origem agropecuária, seus derivados e resídu-
os de valor econômico" não consta dos requisitos que constituem a Função 
Social da Terra. 
DIREITO AGRÁRIO: CONCEITO, PRINCÍPIOS, INSTITUTOS E ESTATUTO DA TERRA 
3. DIREITO À POSSE POR POPULAÇÕES INDÍGENAS 
As terras ocupadas por populações indígenas são terras de propriedade 
da União nos termos do art. 20, XI, CF/88. 
O direito à posse da terra pelas populações indígenas deve seguir o dis-
posto em legislação especial própria, motivo pelo qual ora fazemos alu-
são ao Estatuto do fndio (Lei nº 6.001/73). Não existe condicionamento 
para que a população indígena ocupe suas terras, tal como "disposições 
legais que regulam as justas relações de trabalho entre os que as possuem 
e as cultivam", que seria, em verdade, uma das condições fixadas pela 
Constituição para caracterizar a função social da propriedade para os cida-
dãos comuns. Ocorre que, como acima referido, a relação das populações 
indígenas com a terra está regulada por regime jurídico próprio, sendo 
necessário apenas analisar se as terras são tradicionalmente ocupadas por 
populações indígenas. 
Vale observar, ainda, que as terras habitadas por silvícolas, como o são as 
áreas habitadas por comunidades indígenas e quilombolas, são insusce-
tíveis de usucapião (art.3º, Lei nº 6.969/81). Sobre o tema da posse terras 
de populações indígenas remetemos o leitor ao comentário do dispositivo 
retrocitado no Cap.IV desta obra. 
Tema de grande atualidade, a posse de terras por indígenas foi, recente-
mente, objeto de apreciação pelo Supremo Tribunal Federal, por ocasião 
do julgamento da ACO nº 312/BA-STF6• Na ocasião, o STF reconheceu que 
6. Decisão: Preliminarmente, o Tribunal, por maioria, acolheu a questão de ordem suscitada 
pela Senhora Ministra Cármen Lúcia no sentido de dar continuidade, nesta assentada, ao 
julgamento da ACO 312, vencido o Senhor Ministro Marco Aurélio. Por unanimidade, o 
Tribunal rejeitou a preliminar de impossibilidade jurídica do pedido. Em seguida, o Tribunal, 
por maioria, julgou parcialmente procedente a ação para declarar a nulidade de todos os 
títulos de propriedade cujas respectivas glebas estejam localizadas dentro da área da Reserva 
Indígena Caramuru-Catarina-Paraguaçu, todos eles, e, em consequência, julgadas improce-
dentes as reconvenções dos titulares desses títulos anulados, carecedores de ação os demais 
reconvintes, condenados os réus cujos títulos foram anulados a pagarem honorários de 10% 
(dez por cento) sobre o valor atualizado da causa e compensados os honorários dos outros 
reconvintes que decaíram da reconvenção, vencido o Senhor Ministro Marco Aurélio, que 
julgava improcedente ação e prejudicados os pedidos de reconvenção. Votou o Presidente, 
Ministro Ayres Britto. Redigirá o acórdão o Senhor Ministro Luiz Fux. Impedido o Senhor 
Ministro Dias Toffoli. Ausentes, em viagem oficial, o Senhor Ministro Ricardo Lewandowski 
e, justificadamente, o Senhor Ministro Gilmar Mendes. Não votou o Senhor Ministro Luiz Fux 
por ter sucedido ao Ministro Eros Grau (Relator). Plenário, 02.05.2012. 
21 
MARCIO PEREIRA DE A~DRADE 
as terras em disputa constituem uma Reserva Indígena, para declarar a 
nulidade de todos os títulos de propriedade emitidos pelo Estado da Bahia 
na década de 70, cujas respectivas glebas estiverem localizadas dentro da 
área da Reserva Indígena Caramuru-Catarina-Paraguaçu. 
~ Aplicação em concurso 
• (AGU - Procurador Federal - CESPE - 2006) Acerca do direito a posse de po-
pulações indígenas na administração pública, julgue o item a seguir: 
"De acordo com a legislação especial que disciplina o regime tutelar a que es-
tão sujeitas as populações indígenas, o direito à posse das terras que ocupam 
ou que lhes são atribuídas constitucionalmente encontra-se condicionado às 
disposições legais que regulam as justas relações de trabalho entre os que as 
possuem e as cultivam." 
COMENTÁRIO: A questão foi considerada ERRADA pelo CESPE. 
Art. 3" O Poder Público reconhece às entidades privadas, nacionais ou 
estrangeiras, o direito à propriedade da terra em condomínio, quer sob 
a forma de cooperativas quer como sociedades abertas constituídas na 
forma da legislação em vigor. 
Parágrafo único. Os estatutos das cooperativas e demais sociedades, que 
se organizarem na forma prevista neste artigo, deverão ser aprovados 
pelo Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (I.B.R.A.) que estabelecerá 
condições mínimas para a democratização dessas sociedades. 
1. COOPERATIVISMO 
Há autores, como MARQUES7, que colocam o cooperativismo como um 
dos princípios do Direito Agrário- princípio do fortalecimento do espírito 
comunitário através de cooperativas e associações. Por ele, fica assegu-
rada a propriedade na forma de condomínio por meio de cooperativas ou 
associações. A sociedade cooperativa, reconhecida como pessoa jurídica 
na forma da Lei nº 5.764/71, deve ter seus estatutos previamente aprova-
dos pelo INCRA. O art. 4ª, inciso VIl, abaixo transcrito, prevê ainda um tipo 
específico de cooperativa, denominado Cooperativa Integral de Reforma 
Agrária (C.I.R.A.) criada nas áreas prioritárias da reforma agrária com a 
finalidade de industrializar, beneficiar, preparar e padronizar a produção 
agropecuária. 
7. MARQUES, Benedito Ferreira. Direito Agrário Brasileiro. 8~ Ed, São Pal!_lo: Atlas, 2009, p.17 
DIREITO AGRÁRIO: CONCEITO, PRINCÍPIOS, INSTITUTOS E ESTATUTO DA TERRA 
2. POSSE DA TERRA POR ESTRANGEIROS 
Sobre o tema da posse de terras por estrangeiros no Brasil remetemos o 
leitor aos comentários do art. 23 da Lei nº 8.629/93. 
3. INCRA 
Hoje já não existe mais o IBRA, que teve suas atribuições transferidas para 
o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária -INCRA, autarquia 
federal criada pelo Decreto-Lei nº 1.110, de 9 de julho de 1970, com a mis-
são prioritária de realizar a reforma agrária, manter o Cadastro Nacional 
de Imóveis Rurais e administrar as terras públicas da União. 
A competência do INCRA foi ampliada por força do Decreto nº 4887, de 20 
de novembro de 2003, o qual estabeleceu que "compete ao Ministério do 
Desenvolvimento Agrário, por meio do Instituto Nacional de Colonização 
e Reforma Agrária - INCRA, a identificação, reconhecimento, delimitação, 
demarcação e titulação das terras ocupadas pelos remanescentes das 
comunidades dos quilombos, sem prejuízo da competência concorrente 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios." 
7 Aplicação em concurso 
• (AGU - Procurador Federal - CESPE - 2013) 
"É da competênciaexclusiva da União, por meio do Instituto Nacional de Colo-
nização e Reforma Agrária, identificar, reconhecer, delimitar, demarcar e titular 
as terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos." 
COMENTÁRIO: A questão foi considerada ERRADA. Conforme disposto no 
Decreto nl2 4.887, de 2003, a competência para identificar, reconhecer, de-
limitar, demarcar e titular as terras ocupadas por remanescentes das co-. 
munidades de quilombos é CONCORRENTE dos Estados, Distrito Federal e 
Municípios. 
Art. 4" Para os efeitos desta Lei, definem-se: 
I - "Imóvel Rural'', o prédio rústico, de área contínua qualquer que seja 
a sua localização que se destina à exploração extrativa agrícola, pecuária 
ou agroindustri;!l, quer através de planos públicos de valorização, quer 
através de iniciativa privada; 
li - "Propriedade Familiar", o imóvel rural que, direta e pessoalmente 
explorado pelo agricultor e sua família, lhes absorva toda a força de tra-
balho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso social e econômico, 
com área máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e eventu-
almente trabalho com a ajuda de terceiros; 
22 23 
24 
MARCIO PEREIRA DE ANDRADE 
III - "Módulo Rural", a área fixada nos termos do inciso anterior; 
IV - "Minifúndio", o imóvel rural de área e possibilidades inferiores às 
da propriedade familiar; 
V- "Latifúndio", o imóvel rural que: 
a) exceda a dimensão máxima fixada na forma do artigo 46, § 1 o, alínea 
b, desta Lei, tendo-se em vista as condições ecológicas, sistemas agríco-
las regionais e o fim a que se destine; 
b) não excedendo o limite referido na alínea anterior, e tendo área igual 
ou superior à dimensão do módulo de propriedade rural, seja mantido 
inexplorado em relação às possibilidades fisicas, econômicas e sociais 
do meio, com fins especulativos, ou seja deficiente ou inadequadamente 
explorado, de modo a vedar-lhe a inclusão no conceito de empresa rural; 
VI - "Empresa Rural" é o empreendimento de pessoa fisica ou jurídica, 
pública ou privada, que explore econômica e racionalmente imóvel rural, 
dentro de condição de rendimento econômico ... Vetado ... da região em 
que se situe e que explore área mínima agricultável do imóvel segundo 
padrões fixados, pública e previamente, pelo Poder Executivo. Para esse 
fim, equiparam-se às áreas cultivadas; as pastagens, as matas naturais e 
artificiais e as áreas ocupadas com benfeitorias; 
VII- "Parceleiro", aquele que venha a adquirir lotes ou parcelas em área 
destinada à Reforma Agrária ou à colonização pública ou privada; · 
VIII - "Cooperativa Integral de Reforma Agrária (C.I.R.A.)", toda so-
ciedade cooperativa mista, de natureza civil, ... Vetado ... criada nas áreas 
prioritárias de Reforma Agrária, contando temporariamente com a con-
tribuição financeira e técnica do Poder Público, através do Instituto Bra-
sileiro de Reforma Agrária, com a finalidade de industrializar, beneficiar, 
preparar e padronizar a produção agropecuária, bem como realizar os 
demais objetivos previstos na legislação vigente; 
IX- "Colonização", toda a atividade oficial ou particular, que se destine 
a promover o aproveitamento econômico da terra, pela sua divisão em 
propriedade familiar ou através de Cooperativas ... Vetado ... 
Parágrafo único. Não se considera latifúndio: 
a) o imóvel rural, qualquer que seja a sua dimensão, cujas características 
recomendem, sob o ponto de vista técnico e econômico, a exploração 
florestal racionalmente realizada, mediante planejamento adequado; 
b) o imóvel rural, ainda que de domínio particular, cujo objeto de preser-
vação florestal ou de outros recursos naturais haja sido reconhecido para 
fins de tombamento, pelo órgão competente da administração pública. 
DIREITO AGRÁRIO: CONCEITO, PRINCÍPIOS, INSTITUTOS E ESTATUTO DA TERRA 
1. INSTITUTOS DE DIREITO AGRÁRIO 
O artigo nos traz uma vasta gama de conceitos de institutos de Direito 
Agrário. Vale observar que a Lei de Desapropriação para fins de Reforma 
Agrária - Lei nº 8.629/93, em seus arts. 4º e 6º, também cuida de alguns 
dos conceitos tratados por este artigo, tais como imóvel rural, pequena 
e média propriedade rural e propriedade produtiva. No comentários dos 
referidos artigos são tratados também dos conceitos de prédio rústico, 
módulo rural e módulo fiscal, latifúndio e minifúndio. Dessa forma, reme-
temos o leitor a leitura da referida lei. 
Dos demais conceitos apresentados no Estatuto da Terra sugerimos ape-
nas a leitura atenta. 
-7 Aplicação em concurso 
• (AGU- Procurador Federal- CESPE- 2004) 
Por meio do Ministério do Desenvolvimento Agrário, o governo federal está 
realizando o primeiro mapeamento da agricultura familiar brasileira para 
definir quais estabelecimentos rurais apresentam uma oferta organizada de 
produtos que podem ser adquiridos pelos mercados institucional e privado. 
O projeto, que envolve técnicos das Secretarias de Agricultura Familiar (SAF) 
e do Desenvolvimento Territorial (SDT) e do INCRA, tem como objetivo prin-
cipal criar um amplo banco de dados público para facilitar a inserção dos agri-
cultores familiares no mercado consumidor brasileiro. A previsão é de que o 
estudo, inédito no país, esteja concluído em agosto de 2004. Internet: http// 
www.incra.gov.br (com adaptações). Com base no enunciado acima julgue os 
itens a seguir: 
"Considera-se propriedade familiar o prédio rústico, de área contínua, qual-
quer que seja a sua localização, que se destine à exploração extrativa agríco-
la, pecuária ou agroindustrial, explorada direta e pessoalmente eventual da 
ajuda de terceiros, que lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes 
a subsistência e o progresso social e econômico, com área máxima fixada 
para cada região e tipo de exploração." 
"Nos termos do direito agrário positivo, a medida da área correspondente à 
propriedade familiar é equivalente a, no máximo, 3 módulos rurais, sendo a 
área destes fixadas para cada região e cada tipo de exploração." 
COMENTÁRIO {1!! ENUNCIADO}: A primeira assertiva foi considerada CER-
TA pela banca do CESPE. Observa-se que questão deve ser respondida le-
vando-se em conta os conceitos trazidos pelo art. 4º do Estatuto da Terra. 
Dessa forma, fácil perceber que a questão reuniu em um só enunciado os 
incisos I e /1 do art.4º. 
25 
26 
MARCIO PEREIRA DE ANDRADE 
COMENTÁRIO (2!! ENUNCIADO}: Já a segunda questão foi considerada ER-
RADA. Com efeito, a assertiva trata do conceito de módulo rural que cor-
responde à área da propriedade familiar, assim, que, por expressa previsão 
legal, corresponde a 1 (um) só módulo rural e não a 3 (três) como mencio-
nado na questão. 
• (TJ/PA - Juiz Substituto - FGV - 2008) Área fixada pelo imóvel rural que, 
direta e pessoalmente explorado pelo agricultor e sua família, lhes absorva 
toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso social 
e econômico, com extensão máxima fixada para cada região e tipo de ex-
ploração, e eventualmente trabalhado com a ajuda de terceiros, configura 
o conceito de: 
a) Imóvel rural. 
b) Propriedade Familiar. 
c) Módulo rural. 
d) Minifúndio. 
e) Latifúndio. 
COMENTÁRIO: A alternativa "c" foi considerada CERTA. 
• (PGE/PI - Procurador do Estado - CESPE - 2008) Acerca das classificações 
legais aplicáveis ao imóvel rural, é correto afirmar que o conceito de: 
a) propriedade familiar é basilar ao direito agrário, sendo sua extensão fixada 
por pluralidade de módulos rurais para cada região econômica. 
b) média propriedade rural se refere a imóveis com extensão de seis a quinze 
módulos rurais. 
c) pequena propriedade rural está compreendido entre um e quatro módulos 
rurais 
d) minifúndio se refere a imóvel de extensão inferior à propriedade familiar. 
e) latifúndio se define pelos imóveis com extensão superior à media proprieda-
de rural. 
COMENTÁRIO:A alternativa "c" foi considerada CERTA. 
• (DPE/MA - Defensor Público - FCC - 2009) De acordo com o Estatuto da 
Terra, entende-se por imóvel rural o prédio: 
a) destinado à atividade agrícola, pecuária ou agroindustrial, qualquer que seja 
a sua localização. 
b) destinado à atividade agrícola, pecuária ou agroindustrial, desde que locali-
zado fora do perímetro urbano do Município. 
c) destinado à atividade agrícola, pecuária ou agroindustrial, desde que assim 
.definido pela legislação municipal. 
DIREITO AGRÁRIO: CONCEITO, PRINCÍPIOS, INSTITUTOS E ESTATUTO DA TERRA 
d) localizado no perímetro urbano no Município, qualquer que seja sua destina-
ção. 
e) localizado fora do perímetro urbano do Município, qualquer que seja sua 
destinação. 
COMENTÁRIO: A alternativa "a" foi considerada CERTA. (art. 4!!, I, ET)- Ver 
comentário ao art. 4!! da Lei n!! 8.629/93. 
• (Delegado de Polícia/BA- CESPE- 2013) 
"Considere que um terreno dividido por uma estrada cumpra sua função 
social, sendo destinado a atividades agropecuárias. Nessa situação hipotéti-
ca, em decorrência dessa divisão, o prédio rústico não é cara~terizado como 
imóvel rural." 
COMENTÁRIO: A alternativa foi considerada ERRADA. Apesar da assertiva 
falar em um terreno dividido por uma estrada, isso não é suficiente para 
tirar sua característica de imóvel rural (prédio rústico de área contínua), 
tendo em vista que a propriedade cumpre sua função social. 
27 
CAPÍTULO 11 
DESAPROPRIAÇÃO 
PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA 
LEI N° 8.629, DE 25 DE FEVEREIRO DE 1993 
Dispõe sobre a regulamentação dos dispositivos constitucionais relativos 
à reforma agrária, previstos no Capítulo III, Título VII, da Constituição 
Federal. 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacio-
nal decreta e eu sanciono a seguinte lei: 
Art. 1° Esta lei regulamenta e disciplina disposições relativas à reforma 
agrária, previstas no Capítulo III, Título VII, da Constituição Federal. 
1. IMPORTÂNCIA DO TEMA 
O tema da desapropriação por interesse social se mostra de extrema re-
levância para o Direito Agrário tendo em vista que a Plano Nacional da 
Reforma Agrária, se utiliza prioritariamente desse instituto para viabilizar 
sua execução. 
Esse tema tem fundamental importância em provas de concursos públi-
cos. De fato, em estatística levantada em provas do CESPE para os cargos 
das carreiras da AGU, especialmente para o cargo de Procurador Federal, 
quase 70% das questões de Direito Agrário tratam da desapropriação por 
interesse social. 
Assim, caso não seja possível ao candidato estudar todo o conteúdo exi-
gido para a disciplina de Direito Agrário- considerando-se que os Editais 
de concursos tem-se mostrado a cada dia mais extensos, e consideran-
do, ainda, que a matéria, em regra, não está na lista de prioridades dos 
concursandos, tendo em vista que nem todos os concursos a exigem -
sugerimos que o candidato se ocupe ao menos com o estudo do tema 
DESAPROPRIAÇÃO, o que com certeza garantirá alguns pontos em provas. 
Outro ponto que precisa ficar claro é que, para os objetivos deste livro, 
somente o tema da Desapropriação Fundada em Interesse Social para 
fins de Reforma Agrária será efetivamente aprofundado, tendo em vista 
29 
MAReiO PEREIRA DE ANDRADE 
ser a espécie de desapropriação que tem especial relevância para o Direito 
Agrário. 
2. CONCEITO DE DESAPROPRIAÇÃO 
Segundo MELL08 a "desapropriação se define como o procedimento atra-
vés do qual o Poder Público, fundado em necessidade pública, utilidade 
pública ou interesse social, compulsoriamente despoja alguém de um 
bem certo, normalmente adquirindo-o para si, em caráter originário, me-
diante indenização prévia, justa e pagável em dinheiro, salvo no caso de 
certos imóveis urbanos ou rurais, em que, por estarem em desacordo com 
a função social legalmente caracterizada para eles, a indenização far-se-á 
em títulos da dívida pública, resgatáveis em parcelas anuais". 
3. ESPÉCIES DE DESAPROPRIAÇÃO 
O primeiro ponto que iremos abordar diz respeito à desapropriação, tema 
por demais exigido nos concursos públicos e que será objeto de uma aná-
lise mais aprofundada nesta obra. 
O dispositivo constitucional citado fala em desapropriação por interesse 
social para .fins de reforma agrária. Veja então que a primeira advertência 
que faremos será situar o leitor no tema da desapropriação, pois existem 
diferentes modalidades expropriatórias. 
São espécies de desapropriação: 
a) desapropriação ordinária: fundada em hipóteses comuns de utilida-
de pública, necessidade pública e interesse social (art. 5º, inciso XXIV, 
CF/88), é regida pelo Decreto-lei n.º 3.365/41 (utilidade e necessidade 
públicas) e pela Lei n.º 4.132/62 (interesse social), além do Decreto-lei 
n.º 1.075/70 (imissão na posse initío /itís nas desapropriações de imó-
veis residenciais urbanos); 
b) desapropriação-sanção: fundada em hipóteses de interesse social 
para fins de reforma agrária (arts. 184 a 186 da CF/88), é regida pela 
Lei n.º 8.629/93 (lei material) e pela Lei Complementar n.º 76/93 (lei 
processual); e no interesse social para fins urbanísticos (arts. 182 da 
8. MELLO, Celso Antônio Bandeira de, Curso de Direito Administrativo, 26. ed. São Paulo: 
Malheiros, 2009, p.858 
30 
DESAPROPRIAÇÃO PARA FINS DE REFOR.\IA AGR..\RIA LEI N° 8.629, DE 25 DE FEVEREIRO DE 1993 
CF/88), é regida pela Lei n.º 10.257/2001 (Estatuto das Cidades) e pelo 
plano diretor e leis específicas de cada município; 
c) desapropriação-confisco: fundada nas hipóteses de uso criminoso da 
propriedade destinada ao cultivo de plantas psicotrópicas (art. 243 da 
CF/88), regida pela Lei n.º 8.257/91, ou no uso e disposição de outros 
bens móveis e imóveis relacionados à prática de crimes de tráfico de 
entorpecentes (art. 60 da Lei nº 11.343/20066). 
Tem-se, pois, que a desapropriação por interesse social para fins de refor-
ma agrária é apenas uma das hipóteses dentro do universo da desapro-
priação. Não obstante, em razão da especificidade da disciplina estudada, 
somente essa espécie de desapropriação será abordada na presente aná-
lise. 
4. PROCESSO ADMINISTRATIVO DE DESAPROPRIAÇÃO 
A Lei nº 8.629/93 regulamenta e disciplina os dispositivos relativos à re-
forma agrária previstos no Capítulo 111, Título VIl, da Constituição Federal, 
ou seja os arts.184 a 190. Constitui-se, assim, em diploma que disciplina 
diversos aspectos do processo administrativo relativo à desapropriação. 
Conforme será estudado no Capítulo 11! desta obra, a Lei Complementar 
nº 76/93 igualmente regulamenta aspectos. constitucionais relati.vos à re-
forma agrária, disciplina as questões atinentes processo judicial, procedi-
mento do contraditório especial, de rito sumário. 
S. SfNTESE DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO 
A primeira fase do processo de desapropriação é a fase administrativa, 
também conhecida como fase declaratória. É a fase processada no âmbito 
administrativo, em que o Poder Público declara o interesse social do bem 
imóvel para efeito de desapropriação para fins de reforma agrária. Essa 
fase é formalizada por decreto do Presidente da República e pode ser 
resumida da seguinte forma: 
i) conteúdo do ato declaratório: 
a) o sujeito ativo da desapropriação; 
b) a descrição exata do bem; 
c) o fundamento (interesse social para reforma agrária); 
d) a destinação específica a ser dada ao bem; 
31 
MARCIO PEREIRA DE ANDRADE 
e) fundamento legal específico; 
f) os recursos orçamentários destinados ao atendimento da despesa; 
ii) efeitos do ato declaratório: 
32 
a) submete o bem à força expropriatória do Estado. Essa declaração é 
dotada de autoexecutoriedade, o que possibilita à Administração fazer 
cumprir os seus próprios atos sem a necessidade de recorrer previa-
mente ao Judiciário. Isto confere ao Poder Público o direito de penetrar 
no imóvelpara fazer verificações e medições desde que as autoridades 
administrativas atuem sem abuso de poder. Havendo resistência do 
expropriado pode a Administração requerer o auxílio de força policial 
mediante autorização judicial; 
b) fixa o estado do bem, isto é, suas condições, melhoramentos, ben-
feitorias existentes etc., para o fim de estabelecer o preço da indeni-
zação. As benfeitorias realizadas após a expedição do ato declaratório 
só serão indenizadas se forem necessárias ou, se forem úteis, se tiver 
havido prévia autorização. Não há previsão legal para indenizaçã_o das 
benfeitorias voluptuárias; 
c) fixa o termo inicial para a fluência do prazo de caducidade da decla-
ração (prazo de 2 anos- art. 32 da Lei Complementar nº 76/93). 
Art. 2" A propriedade rural que não cumprir a função social prevista no 
art. 9• é passível de desapropriação, nos termos desta lei, respeitados os 
dispositivos constituCionais. (Regulamento) 
§ 1• Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de re-
forma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social. 
§ 2° Para os fins deste artigo, fica' a União, através do órgão federal com-
petente, autorizada a ingressar no imóvel de propriedade particular para 
levantamento de dados e informações, mediante prévia comunicação es-
crita ao proprietário, preposto ou seu representante. (Redação dada pela 
Medida Provisória n° 2.183-56, de 2001) 
§ 3° .Na ausência do proprietário, do preposto ou do representante, a co-
municação será feita mediante edital, a ser publicado, por três vezes co~­
secutivas, em jornal de grande circulação na capital do Estado de locali-
zação do imóvel. (Incluído pela Medida Provisória n° 2.183-56, de 2001) 
§ 4° Não será considerada, para os fins desta Lei, qualquer modificação, 
quanto ao domínio, à dimensão e às condições de uso do imóvel, introdu-
zida ou ocorrida até seis meses após a data da comunicação para levanta-
mento de dados e informações de que tratam os §§ 2° e 3°. (Incluído pela 
Medida Provisória n• 2.183-56, de 2001) 
DESAPROPRIAÇÃO PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA LEI N° 8.629, DE 25 DE FEVEREIRO DE 1993 
§ 5° No caso de fiscalização decorrente do exercício de poder de polícia, 
será dispensada a comunicação de que tratam os§§ 2" e 3". (Incluldo pela 
Medida Provisória n° 2.183-56, de 2001) 
§ 6° O imóvel rural de domínio público ou particular objeto de esbulho 
possessório ou invasão motivada por conflito agrário ou fundiário de ca-
ráter coletivo não será vistoriado, avaliado ou desapropriado nos dois 
anos seguintes à sua desocupação, ou no dobro desse prazo, em caso 
de reincidência; e deverá ser apurada a responsabilidade civil e admi-
nistrativa de quem concorra com qualquer ato omissivo ou comissivo 
que propicie o descumprimento dessas vedações. (Incluído pela Medida 
Provisória n° 2.183-56, de 2001) 
§ 7° Será excluído do Programa de Reforma Agrária do Governo Fede-
ral quem, já estando beneficiado com lote em Projeto de Assen.tamen-
to, ou sendo pretendente desse beneficio na condição de inscrito em 
processo de cadastramento e seleção de candidatos ao acesso à terra, 
for efetivamente identificado como participante direto ou indireto em 
conflito fundiário que se caracterize por invasão ou esbulho de imóvel 
rural de domínio público ou privado em ,fase de processo administrati-
vo de vistoria ou avaliação para fins de reforma agrária, ou que esteja 
sendo objeto de processo judicial de desapropriação em vias de imis-
são de posse ao ente expropriante; e bem assim quem for efetivamente 
identificado como participante de invasão de prédio público, de atos 
de ameaça, sequestro ou manutenção de servidores públicos e outros 
cidadãos em cárcere privado, ou de quaisquer outros atos de violência 
real ou pessoal praticados em tais situações. (Incluído pela Medida Pro-
visória n° 2.183-56, de 2001) 
§ 8" A entidade, a organização, a pessoa jurídica, o movimento ou a so-
. ciedade de fato que, de qualquer forma, direta ou indiretamente, auxiliar, 
colaborar; incentivar, incitar, induzir ou participar de invasão de imóveis 
rurais ou de bens públicos, ou em conflito agrário ou fundiário de caráter 
coletivo, não receberá, a qualquer título, recursos públicos. (Incluído pela 
Medida Provisória n° 2.183-56, de 2001) 
§ 9° Se, na hipótese do § 8°, a transferência ou repasse dos recursos pú-
blicos já tiverem sido autorizados, assistirá ao Poder Público o direito de 
retenção, bem assim o de rescisão do contrato, convênio ou instrumento 
similar. (Incluído pela Medida Provisória n° 2.183-56, de 2001) 
1. FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE RURAL 
Ver comentário ao art.9º. 
33 
MARCIO PEREIRA DE ANDR.o\DE 
2. COMPETÊNCIAS DECLARATÓRIA E EXECUTÓRIA 
Compete privativamente à União declarar o interesse social de uma de-
terminada propriedade para fins de reforma agrária. Trata-se de preceito 
que tem origem no art. 184, caput, da CF/88, reforçado pelo disposto no 
artigo em comento. Assim é que por meio de Decreto Presidencial é decla-
rado o interesse social sobre urna determinada área rural. 
A competência para executar a reforma agrária, contudo, é do Instituto 
Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, que é uma autar-
quia federal criada pelo Decreto-lei nº 1.110, de 9 de julho de 1970, com a 
missão prioritária de realizar a ref~rma agrária, manter o Cadastro Nacio-
nal de Imóveis Rurais e administrar as terras públicas da União. 
3. NOTIFICAÇÃO PRÉVIA 
34 
Por força do art. 2º, §2º, da Lei nº 8.629/93, conjugado com o art. 1º, 
do Decreto nº 90.697/84, o INCRA foi autorizado a ingressar em imóveis 
particulares com a finalidade de obter dados e levantar informações 
sobre o imóvel com vistas a cumprir sua missão institucional. Contudo, 
para que possa ingressar em imóveis particulares, o INCRA deve proceder 
à prévia comunicação escrita do proprietário do imóvel, ou de um seu 
preposto ou representante. Na ausência do proprietário, do preposto ou 
do representante, a comunicação será feita mediante edital, na forma do 
que determina o §32, do mesmo art. 2º, da Lei nº 8.629/93. De fato, nem 
sempre o proprietário se encontra na propriedade rural, assim, para não 
inviabilizar a vistoria, permitiu-se que o preposto ou o representante do 
proprietário do imóvel também pudesse ser intimado para tal finalidade. 
Por força do Decreto nº 90.697/84, em seu art. 2º, parágrafo único, o IN-
CRA possui o prazo de até 120 dias, sob pena de responsabilidade ad-
ministrativa, para realizar a vistoria, devendo o proprietário ou preposto 
ser previamente intimado para acompanhar os trabalhos dos técnicos da 
autarquia. Isso permite que desde do início do procedimento administra-
tivo seja cumprido o Princípio do Devido Processo Legal, permitindo ao 
proprietário exercer seus direitos, em especial a ampla defesa e o contra-
ditório. A falta de notificação ou a notificação irregular causa nulidade 
ao procedimento administrativo (ver abaixo o entendimento jurispruden-
cial). 
Não sendo localizado o proprietário ou o preposto do imóvel, e com vistas 
a viabilizar a vistoria, está permitida a notificação por meio de edital, a ser 
DESAPROPRIAÇÃO PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA LEI N° 8.629, DE 25 DE FEVEREIRO DE 1993 
publicado, por três vezes consecutivas, em jornal de grande circulação na 
capital do Estado de localização do imóvel. 
~ STF: 
Notificação sem data 
"Para efeito do disposto no art. 2!!, § 2º, da Lei federal n. 8.629, de 25 
de fevereiro de 1993, com a redação da MP n. 1.577, de 11 de junho de 
1997, reputa-se irregular e ineficaz a notificação recebida pelo proprie-
tário, mas da qual não conste a data de recebimento." (MS 24.130, Rei. 
Min. Cezar Peluso, julgamento em 16-4-08, Plenário, DJE'de 20-6-08)" 
Notificação válida. Vistoria acompanhada pelo proprietário do imóvel. 
"Reforma agrária: desapropriação: processo administrativo: notifica-ção: inexistência de contrariedade ao art. 2!!, § 2!!, da L. 8.629/93. O 
Aviso de recebimento do ofício de notificação foi assinado antes da 
realização da vistoria por pessoa que se encontrava no endereço dos 
impetrantes, cuja petição não esclarece quem seja, pelo que impos-
sível afirmar não se tratasse de preposto ou procurador deles: o que, 
nos termos da jurisprudência do Tribunal (v.g. MS 23.031 - Pleno, 
Moreira, DJ 6-8-99), seria indispensável para acolher-se a alegação de 
ineficácia da notificação. Comprovado que a vistoria foi acompanha-
da pelo proprietário do imóvel ou seu preposto, sem que tenha havi-
do impugnação ou recurso na esfera administrativa, ficaria elidida de 
qualquer modo, eventual nulidade da notificação prévia. Preceden-
tes." (MS 25.189, Rei. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 7-3-
07, Plenário, DJ de 13-4-07)" 
"Reforma agrária: desapropriação: vistoria e notificação. Ainda que, na li-
nha do entendimento majoritário do Tribunal, se empreste à notificação 
prévia da vistoria do imóvel expropriando, prevista no art. 2!!, § 2!!, da L. 
8.629/93, as galas de requisito de validade da expropriação subsequente, 
não se trata de direito indisponível: não pode, pois, invocar a sua falta, o 
proprietário que, expressamente, consentiu que, sem ela, se iniciasse a 
vistoria.(MS 23370, Relator( a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator( a) p/ Acór-
dão: Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, julgado em 16/12/1999, 
DJ 28-04-2000 PP-00074 EMENT VOL-01988-02 PP-00330)" 
Notificação a apenas um do condôminos. Nulidade. 
"Os·atos desapropriatórios para fins de reforma agrária devem ser pre-
cedidos de notificação prévia válida aos proprietários do imóvel (Lei 
n. 8.629/93, § 2º do artigo 2!!). Se a área objeto da desapropriação é 
integrada por um condomínio, a notificação deve ser feita a cada um 
dos condôminos, sejam eles usufrutuários ou nus-proprietários, de 
35 
36 
MARCIO PEREIRA DE ANDRADE 
forma direta ou através de seus representantes legalmente constituí-
dos. Precedente. Nula é a notificação feita apenas a um dos usufrutuá-
rios, que não tem poderes para representar os demais condôminos. O 
direito de administrar que o artigo 718 do Código Civil lhe confere não 
inclui o de representar os proprietários." (MS 23.012, Rei. p/ o ac. Min. 
Maurício Corrêa, julgamento em 4-6-98, Plenário, DJ de24-8-01)." 
Notificação ao inventariante. Validade. 
"A notificação prévia pode ser feita ao proprietário, preposto ou seu re-
presentante (art. 29, § 29, da Lei 8.629/93). Na forma do art. 12, V, e 991, 
li do Código de Processo Civil, ao inventariante caberá a representação 
do espólio em juízo e fora dele. Comunicação endereçada ao falecido 
e recebida pela inventariante. Inexistência de vício se o ato chegou ao 
resultado pretendido. 4. Segurança denegada. (MS 24786, Relator(a): 
Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, julgado em 09/06/2004, DJ 06-08-
2004 PP-00021 EMENT VOL-02158-02 PP-00350 RTJ VOL-00193-01 PP-
00344) 
Notificação à entidade de classe. 
"Exige-se comunicação da vistoria à entidade de classe apenas nos ca-
sos em que ela indica a área a ser desapropriada (Decreto n9 2.250/97, 
artigo 29): (MS 23312, Relator(a): Min. MAURfCIO CORRÊA, Tribunal 
Pleno, julgado em 16/12/1999, DJ 25-02-2000 PP-00054 EMENT VOL-
01980-02 PP-289)" 
"REFORMA AGRÁRIA - AUDIÇÃO DAS ENTIDADES DE CLASSE - OBRIGA-
TORIEDADE. A audição das entidades representativas de classe bem 
como a ciência relativa à vistoria somente são pertinentes uma vez 
havendo indicação, por uma delas, do imóvel para efeito de reforma 
agrária. (MS 25022, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, 
julgado em 27/10/2005, DJ 16-12-2005 PP-00059 EMENT VOL-02218-02 
·PP-00375 RTJ VOL-00199-01 PP-00253 LEXSTF v. 28, n. 326, 2006, p. 191-
197 RT v. 95, n. 848, 2006, p. 148-150) 
Notificação por edital. Validade. 
"Desapropriação. Vistoria: notificação previa mediante edital. Lei 
8.629/93, art. 2!!, § 3!!. Entidades de classe: comunicação da vistoria. 
Notificação prévia mediante edital: regularidade. Lei 8.629/93, art. 22, § 
3!!. A comunicação da vistoria à entidade de classe (Decreto 2.250/97, 
art. 2!!) somente ocorrerá no caso em que ela indica a área a ser de-
sapropriada. Precedentes do Supremo Tribunal Federal." (MS 25.185, 
Rei. Min. Carlos Velloso, julgamento em 24-11-05~ Plenário, DJ de 16-
12-2005)" 
DESAPROPRIAÇÃO PARA FI:-IS DE REFORMA AGRÁRIA LEI N° 8.629, DE 25 DE FEVEREIRO DE 1993 
4. MODIFICAÇÃO DO DOMÍNIO DO IMÓVEL APÓS A NOTIFICAÇÃO PRÉVIA 
O parágrafo 42 do artigo 2º da Lei nº 8.629/93, é de grande valia para 
garantir a realização da reforma agrária. Era prática comum entre os pro-
prietários de terras que não queriam ver suas terras desapropriadas o par-
celamento do imóvel, outorgando o domínio da propriedade a terceiros 
com o fim de inviabilizar a desapropriação, transformando, por exemplo: 
uma grande propriedade rural em médias e pequenas propriedades ru-
rais, que não são passíveis de desapropriação por força do art. 185, inciso 
I, da CF/88. Trata-se, por certo, de um ato de simulação, portanto fraudu-
lento, mas de difícil prova por parte do INCRA. 
Dessa forma, com a previsão contida no § 4º do dispositivo em comento, 
presume-se, por força de lei, a nulidade na alteração do domínio, da di-
mensão e das condições de uso do imóvel, introduzidas ou ocorridas até 
seis meses após a data da notificação prévia do proprietário, do preposto 
ou do representante. 
Constata-se, no entanto, que o dispositivo legal, por si só, não coíbe por 
completo as hipóteses de alienação ou mudança na titularidade do imó-
vel com objetivo de inviabilizar a desapropriação. Sucede que, passados 
seis meses da data da notificação prévia, são consideradas regulares as 
mudanças de domínio, desde que ocorridas antes da edição do Decreto 
Presidencial de desapropriação do imóvel. 
..... STF: 
"( ... ) não basta o desmembramento do registro imobiliário em matrí-
culas distintas qualificadas como pequenas ou médias propriedades 
rurais sem que se proceda, no 'mundo dos fatos', à exploração econô-
mica autônoma de cada uma dessas novas unidades registradas. Daí o 
caráter iuris tantum da presunção do registro imobiliário. o entendi-
mento contrário conduz a hipótese na qual, para escapar à desapropria-
ção sanção, bastaria o desmembramento do latifúndio improdutivo em 
tantas matrículas quantas fossem necessárias à configuração de peque-
nas e médias propriedades de titularidades distintas, sem qualquer alte-
ração no modo de exploração da gleba rural. (MS 28.445, Rei. Min. Eros 
Grau, decisão monocrática, julgamento em 4-5-1200, DJE de 11-5-2010) 
"No caso concreto, o desmembramento do imóvel rural em questão 
teria ocorrido após o prazo de 6 (seis) meses previsto no § 42 do art. 
2!! da Lei n. 8.629/1993. Entretanto, como admitem os próprios im-
petrantes, não foi feito o correspondente registro. Tal situação vai de 
37 
38 
MARCIO PEREIRA DE ANDRADE 
encontro à orientação da Corte no sentido da imprescindibilidade do 
registro, conforme se depreende dos seguintes precedentes: ( ... ) O 
registro público prevalece nos estritos termos de seu conteúdo, reves-
tido de presunção iuris tantum. Não se pode tomar cada parte ideal 
do condomínio, averbada no registro imobiliário de forma abstrata, 
como propriedade distinta, para fins de reforma agrária. Precedentes 
(MS n. 22.591, Relator o Ministro Moreira Alves, DJ de 14-11-2003 e MS 
n. 21.919, Relator o Ministro Celso de Mello, DJ de 6-6-97). Segurança 
denegada.' (MS n. 24.573/DF, Relator Gilmar Mendes, Redator para o 
acórdão Eros Grau, DJ 6-10-03). 
"A jurisprudência desta Corte firmou entendimento de que o § 4!! do 
artigo 2!! da Lei 8629/93 não fixa prazo de validade para a vistoria, ape-
nas determina que, durante o referido período, as modificações intro-
duzidas no imóvel não deverão ser levadas emconta para o efeito de 
desapropriação. (MS 24113, Relator(a): Min. MAURÍCIO CORREA, Tri-
bunal Pleno, julgado em 19/03/2003, DJ 23-05-2003 PP-00031 EMENT 
VOL-02111-08 PP-01684) 
"A divisão de imóvel rural, em frações que configurem médias proprieda-
des rurais, decorridos mais de seis meses da data da comunicação para 
levantamento de dados e informações, mas antes da edição do Decreto 
Presidencial, impede a desapropriação para fins de reforma agrária. 2. 
Não-incidência, na espécie, do que dispõe o parágrafo 4!! do artigo 2!! da 
lei 8.629/93. 3. Existência de precedentes. 4. Segurança concedida. (MS 
24.890, Rei. Min. Ellen Grade, julgamento em 27-11-08, Plenário, DJE 
de 13-2-09)" 
"Reforma agrária: desapropriação: imóvel desmembrado, passados mais 
de seis meses da vistoria, em duas glebas rurais médias, doadas, cada 
uma, às duas filhas do expropriado; desapropriação inadmissível (CF, art. 
185, I, c/c L 8629/93, art. 2!!, § 4!!, cf. MPr 2183/01)." (MS 24.171, Rei. 
Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 20-8-03, DJ de 12-9-03)" 
"Em relação ao pedido de liminar, tenho que as informações prestadas 
pela Presidência da República, bem como os demais elementos cons-
tantes dos autos, ao menos em uma primeira análise, afastam a fuma-
ça do bom direito. Isso porque, conforme apontado nas informações, 
a primeira alteração dominial, através da qual a primeira impetrante 
obteve a propriedade da Fazenda Videira, ocorreu dentro do período 
crítico de seis meses previsto no art. 2!!, § 4!!, da Lei 8.629/93, que es-
tabelece: 'Não será considerada, para os fins desta lei, qualquer modifi-
cação, quanto ao domínio, à dimensão e às condições de uso do imóvel, 
introduzida ou ocorrida até seis meses após a data da comunicação para 
levantamento de dados e informações de que tratam os §§ 2!! e 3!!'." 
DESAPROPRIAÇÃO PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA LEI N° 8.629, DE 25 DE FEVEREIRO DE 1993 
(MS 26.534-MC, Rei. Min. Ricardo lewandowski, decisão monocrática, 
julgamento em 7-5-07, DJ de 14-5-07) 
7 Aplicação em concurso 
• {AGU- Procurador Federal- CESPE- 2010) Julgue o item a seguir: 
"O desmembramento do imóvel rural, para caracterizar as frações desmem-
bradas como média propriedade rural, tudo devidamente averbado no regis-
tro imobiliário, e atrair a vedação contida no art. 185, inciso I, da CF, poderá 
ser efetivado mesmo após a realização da vistoria para fins expropriatórios, 
mas antes do decreto presidencial." 
COMENTÁRIO: A questão está CERTA. Observe-se que a modificação no es-
tado do imóvel feita até seis meses após a data da comunicação para levan-
tamento de dados e informações do imóvel não é considerada para os fins 
da desapropriação. Questão tormentosa, contudo, é saber se as modifica-
ções ocorridas após seis meses da comunicação são válidas ou não. A ques-
tão, assim, exigiu do candidato o entendimento jurisprudencial firmado 
pelo STF (MS 24.890, Rei. Min. Ellen Gracie, DJE 13-2-09) acima transcrito. 
S. PODER DE POLÍCIA 
Classicamente o poder de polícia é definido por GASPARINI9 como "o po-
der que dispõe a Administração Pública para condicionar o uso, o gozo 
e a disposição da propriedade e o exercício da liberdade dos adminis-
trados no interesse público e social". Isso significa dizer que o INCRA, no 
exercício de suas funções institucionais, em especial a de fiscalização da 
propriedade rural, quer seja de ofício ou por meio do recebimento de 
denúncia, poderá ingressar na propriedade particular sem cumprir os trâ-
mites legais previstos nos §§2!! e 3!!, do art. 2!!, da Lei nº 8.629/93. De fato, 
o ingresso na propriedade no exercício do poder de polícia não tem por 
objetivo realizar laudo de vistoria para fins de reforma agrária, mas sim 
para verificar a existência ou coibir a prática de atos ilícitos. 
6. IMÓVEL OBJETO DE ESBULHO POSSESSÓRIO 
A regra insculpida no parágrafo 6º do artigo 2º da Lei nº 8.629/93 visa a 
inibir invasões de terras por movimentos sociais com vistas a pressionar 
politicamente o governo para realização de desapropriações para fins de 
reforma agrária. A prática desses atos tomou conta do noticiário brasileiro 
9. GASPARINI, Diogenes. Direito Administrativo. 8~ Ed., São Paulo: Saraiva, 2003, p.120 
39 
40 
MARC!O PEREIRA DE ANDRADE 
por um longo período, mas ainda não foi completamente abandonada pe-
los movimentos campesinos. 
A norma visa, também, a resguardar o proprietário db imóvel, tendo em 
vista que uma propriedade invadida acaba por ser prejudicada no laudo 
de vistoria que aufere a produtividade da terra, o que é de total relevân-
cia para o processo de desapropriação, tendo em vista que a propriedade 
produtiva não é passível de desapropriação. 
Dessa forma, o imóvel rural invadido não será vistoriado, avaliado ou de-
sapropriado nos 2 (dois) anos seguintes à sua desocupação, dobrando-se 
esse prazo no caso de reincidência. A jurisprudência do STF flexibiliza a in-
terpretação deste dispositivo, conforme jurisprudência abaixo transcrita. 
.... STF: 
"Revela-se contrária ao Direito, porque constitui atividade à margem 
da lei, sem qualquer vinculação ao sistema jurídico, a conduta daque-
les que - particulares, movimentos ou organizações sociais - visam, 
.. pelo emprego arbitrário da força e pela ocupação ilícita de prédios 
públicos e de imóveis rurais, a constranger, de modo autoritário, o Po-
der Público a promover ações expropriatórias, para efeito de execução 
do programa de reforma agrária. - O processo de reforma agrária, em 
uma sociedade estruturada em bases democráticas, não pode ser im-
plementado pelo uso arbitrário da força e pela prática de atos ilícitos 
de violação possessória, ainda que se cuide de imóveis alegadamente 
improdutivos, notadamente porque a Constituição da República - ao 
amparar o proprietário com a cláusula de garantia do direito de pro-
priedade (CF, art. 5º, XXII)- proclama que "ninguém será privado( ... ) de 
seus bens, sem o devido processo legal" (art. 5º, LIV).- O respeito à lei 
e à autoridade da Constituição da República representa condição indis-
pensável e necessária ao exercício da liberdade e à prática responsável 
da cidadania, nada podendo legitimar a ruptura da ordem jurídica, quer 
por atuação de movimentos sociais (qualquer que seja o perfil ideoló-
gico que ostentem), quer por iniciativa do Estado, ainda que se trate da 
efetivação da reforma agrária, pois, mesmo esta, depende, para viabili-
zar-se constitucionalmente, da necessária observância dos princípios e 
diretrizes que estruturam o ordenamento positivo nacional.- O esbulho 
possessório, além de qualificar-se como ilícito civil, também pode con-
figurar situação revestida de tipicidade penal, caracterizando-se, desse 
modo, como ato criminoso (CP, art. 161, § 1º, li; Lei nº 4.947/66, art. 20). 
- Os atos configuradores de violação possessória, .além de instaurarem 
situações impregnadas de inegável ilicitude civil e penal, traduzem hi-
DESAPROPRIAÇÃO PARA FI:-;S DE REFORMA AGRÁRIA LEI N° 8.629, DE 25 DE FEVEREIRO DE 1993 
póteses caracterizadoras de força maior, aptas, quando concretamente 
ocorrentes, a infirmar a própria eficácia da declaração expropriatória. 
Precedentes." (ADI 2213 MC, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tri-
bunal Pleno, julgado em 04/04/2002, DJ 23-04-2004 PP-00007 EMENT 
VOL-02148-02 PP-00296) 
"O esbulho possessório que impede a desapropriação (art. 2º, § 6º, da 
Lei n. 8.629/93, na redação dada pela Medida Provisória n. 2.183/01), 
deve ser significativo e anterior à vistoria do imóvel, a ponto de alterar 
os graus de utilização da terra e de eficiência em sua exploração, com-
prometendo os índices fixados em lei. Precedente (MS n.23.759, Relator 
o Ministro Celso de Mello, DJ 22-8-2003 e MS n. 25.360, Relator o Minis-
tro Eros Grau, DJ 25-11-2005)." (MS 24.484, Rei. p/ o ac. Min. Eros Grau, 
julgamento em 9-2-06, Plenário, DJ de 2-6-06)." · 
"Aplica-se

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