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ANTROPOLOGIA – APS1 CONCEITO DE RELATIVISMO CULTURAL E ALTERIDADE EXEMPLEFICANDO ATRAVES DE SITUAÇÕES NOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO CURSO: ANTROPOLOGIA NOME: CAIO RODRIGUES DE CARVALHO - MATRÍCULA: 1901988 O conceito de alteridade é fundamental para a antropologia, que busca estudar o Homem em todas as esferas de sua existência. Alteridade, portanto, investiga o estranhamento consequente do contato entre indivíduos, entre diferentes, considerando que a construção do “eu” apenas pode realizar-se a partir do encontro com o “outro”. A partir deste encontro, elementos, contradições e fenômenos relativos à nossa própria cultura, que estariam mascarados pela familiaridade, naturalizados, se desvelariam, ampliando nossa compreensão sobre nós mesmos. Além disso, no esforço de reconhecer as peculiaridades e semelhanças do outro, os processos históricos e culturais que forjaram seus costumes, tradições e formas de pensar, avançamos na legitimação das diferenças e na superação dos julgamentos e sobreposições. A unidade entre o eu e o outro, portanto, é interdependente. Tendo isto em vista, correlaciona-se ao conceito de alteridade o de relativismo cultural para os investigadores. Estes, em sua atividade, e levando em conta a alteridade, deveriam buscar a neutralidade, a imparcialidade diante da sociedade objeto de seu estudo. Relativizar as diferenças entre as culturas, incluindo sua originária. O relativismo cultural compreende que o funcionamento de uma sociedade não obedece aos mesmos critérios que a outra, nem poderia, pois responde à diferentes processos de formação levando em conta diferentes determinações. Rituais, costumes, tradições, relações sociais no geral recebem sentido de acordo como historicamente uma determinada cultura enxerga o mundo, por assim dizer. Por isso, não deveria haver hierarquização entre culturas, e considerar que seus valores seriam superiores aos de outra cultura é desconsiderar esse processo, é medir sociedades diferentes com a mesma régua – prática típica de uma postura etnocêntrica, a qual o relativismo cultural se contrapõe. Desde a segunda metade do século XX, como demonstra PEIRANO (1999)1, a área da antropologia expandiu-se para além do foco sobre sociedades indígenas, 1 PEIRANO, Marina G. S. A alteridade em contexto: a antropologia como ciência social no Brasil.Núcleo de Antropologia da Política, Brasília, 1999. multiplicando o entendimento de alteridade e relativismo cultural deslocando-se, inclusive, para questões nacionais, urbanas, raciais (como fez Florestan Fernandes2), entre outros. Um exemplo representativo seria o debate atual sobre a criminalização do funk em território brasileiro, polarizando classes e grupos sociais. O funk é um gênero musical brasileiro oriundo das favelas cariocas, com estética eletrônica e letras com representações sociais acerca do contexto marginalizados que seus produtores estão inseridos. Os “bailes” realizados no interior das favelas são os principais eventos que o funk é tocado, reunindo a juventude local, que é majoritariamente negra. Não raro, o funk é apresentado pela mídia através de uma lente que focaliza a violência, a criminalidade, a depravação3. Bailes são reprimidos4 e diversos funkeros, inclusive, já foram presos pelo teor de suas letras5 e suposta associação com tráfico6. Numa sociedade profundamente desigual socioeconomicamente, com uma elite majoritariamente branca e classes populares majoritariamente não-brancas, fica claro que esse debate é conduzido a partir de uma perspectiva etnocêntrica. As práticas culturais negras que não correspondem imediatamente aos valores e costumes cultivados pela classe-média e alta branca tendem a ser combatidos na sociedade brasileira. O pensamento por trás dessa postura é de que tais práticas, como o funk (mas como o samba, anteriormente), não merecem nem ser validadas como cultura, não merecem existir, devem ser proibidas e eliminadas pelo seu perigo de degradação da sociedade, ou mesmo subversão dos valores dominantes. Entretanto, o dever do investigador cuidadoso é encarar com imparcialidade essas manifestações culturais, conectando os sentidos e funções das mesmas na estrutura das relações sociais das comunidades periféricas, relativizando a hierarquia cultural imposta por determinados grupos sobre os demais e praticando alteridade para com os grupos sociais desprivilegiados, invisibilizados. Praticar este tipo de alteridade na produção científica é contrapor-se às injustiças, opressões raciais, de gênero, de classe, é engajamento social. 2 Para mais informações: <http://reflexoes-rupturas.blogspot.com/2007/12/questo-racial-analisada-por- florestan.html> 3 Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=eqIATn2kaC0> 4 Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=gSIRFKN4CAo> 5 Disponível em: <http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/12/funkeiros-sao-presos-no-rio-por- apologia-ao-trafico.html> 6 Disponível em: <https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2019/03/22/justica-determina-prisao- de-dj-rennan-da-penha-e-mais-10-envolvidos-no-baile-da-gaiola.ghtml>
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