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24 por volta de 1940 com base nos estudos de Jung (1971) e utilizado em larga escala a partir de 1975. 4.1 Tipos de Personalidade Além de Mayers (1995), que desenvolveu o modelo MBTI, Keirsey & Bates (1984), são considerados importantes pesquisadores na área tendo também desenvolvido testes semelhantes ao MBTI com base nos modelos de Jung (1971). Os testes de Mayers (1995) e Kersey (1984) classificam-se em 16 tipos característicos de pessoas. Os 16 tipos são formados mediante as diferentes combinações possíveis entre quatro pares de dimensões existentes no modelo. A primeira dimensão avalia a postura das pessoas com relação à preferência que esta tem no seu estilo de vida (P ou J), a segunda avalia a percepção (S ou N), a terceira avalia a forma como as decisões são tomadas (T ou F) e a quarta avalia onde cada pessoa busca suas energias (E ou I). As bases do modelo MBTI de Mayers (1995) e do modelo Keirsey & Bates (1984) o “Keirsey Temperament Sorter“ estão centradas no fato de que as pessoas possuem preferências e estas influenciam o seu modo de ser e agir. Algumas pessoas buscam a sua energia para agir em si mesmas, e outras buscam essa energia através do contato com pessoas. Existem pessoas que exercem a sua capacidade de percepção com base em dados, por outro lado algumas preferem seguir a sua intuição. Isso também acontece na forma como as pessoas tomam as suas decisões, isto é, umas preferem se basear no sentimento “feeling”, outras preferem utilizar um raciocínio lógico. A quarta dimensão avalia a forma como as pessoas preferem ter o seu estilo de vida, algumas têm preferência por mais flexibilidade e espontaneidade, ao passo que outras preferem ter uma rotina mais planejada e organizada. 25 Sintetizando as contribuições de Hirsh & Kummerow (1997), Mayers (1995), Kroeger & Thuesen (1988) e Keirsey & Bates (1984), apresenta- se as bases do modelo dos 16 tipos característicos de pessoas. 4.1.1 As Preferências E ou I – Cada pessoa pode buscar energia e motivação para o seu dia a dia de diferentes formas. Algumas preferem desenvolver atividades que tenham muitas relações, estar em grupo, serem extremamente sociáveis e estar orientadas para fora. Essas pessoas buscam como fonte de energia o mundo exterior, sendo consideradas pessoas do tipo E (extrovertidas, ”extroversion”). As pessoas do tipo I (introvertidas, “intorversion”), por sua vez, têm preferências distintas, tendo predileção por desenvolverem atividades que exijam mais concentração, sendo mais reservadas e relacionando-se com poucas pessoas, preferindo uma relação mais intensa. Diferentemente das pessoas tipo E, essas pessoas buscam energia do seu mundo interior e são consideradas pessoas do tipo I (introvertidas). Na figura 02 a seguir, estão representadas essas preferências. Figura 02 – Representação das pessoas com as suas preferências E (extroversão) e I (introversão). Mundo InteriorMundo Exterior E (extroversion) extrovertido I (introversion) introvertido Fonte de Energia 26 Kroeger & Thuesen (1988) comparam no quadro 01 a seguir, a forma como as pessoas buscam a sua energia e apresentam as suas diferenças. Quadro 01: Comparação entre as preferências entre as dimensões - E e I. E – extrovertido I - Introvertido Sociável Territorialista Interação Concentração Externo Interno Muitas relações Poucas relações Fala depois pensa Pensa depois fala Gosta de grupos Reservado S ou N – Outra dimensão de preferência considerada no modelo é a forma como as pessoas buscam as informações. Algumas pessoas baseiam-se na realidade e nos fatos que podem ser avaliados e mensurados, outras concentram-se mais em possibilidades e possíveis cursos futuros. O primeiro grupo constitui-se de pessoas que preferem a S (sensorial, “sensing”) e o segundo a N (intuição,”intuition”). Na figura 03 a seguir, estão representadas essas preferências. Figura 03 – Representação das pessoas com as suas preferências S (sensoriais) e N (intuitivos). Impressão do que pode ser Análise do real N (intuition) intuitivos Percepção S (sensing) sensoriais 27 Kroeger & Thuesen (1988) comparam, no quadro 02 a seguir, a forma como as pessoas percebem as informações e conduzem o processo de coleta de informações apresentando as diferenças. Quadro 02: Comparação das pessoas tipo S e tipo N. S – sensorial N – intuição Seqüencial Aleatório Presente Futuro Realista Conceitual Percepção Inspiração Atualizado Teórico Pé no chão Cabeça nas nuvens Fatos Fantasia Prática Ingenuidade Especificidades Generalidades F ou T – Uma dimensão análoga à anterior diz respeito à forma como são processadas as informações na tomada de suas decisões. Algumas pessoas baseiam-se nos sentimentos F (“feeling”, sentimento), outras no pensamento T (“thinking”, pensamento) do original em inglês. As pessoas que tomam suas decisões baseadas no pensamento (T) tendem a ser imparciais e racionais, orientando-se basicamente por normas e leis, ao passo que as pessoas que guiam a sua tomada de decisões pelos sentimentos (F) normalmente orientam-se pelos seus valores pessoais. Na figura 04 a seguir, estão representadas essas preferências. 28 Figura 04 – F sentimentos e T pensamento. A forma que as pessoas trabalham as informações e as utilizam na tomada de decisões são assim diferenciadas por Kroeger & Thuesen (1988) no quadro 03 a seguir: Quadro 03: Comparação das pessoas tipo T e tipo F. T – pensamento F – sentimento Objetivo Subjetivo Leis Circunstâncias Justos Humanos Políticas Valores Sociais Clareza Harmonia Firmes Persuasivos Imparcial Envolvido Racional Sentimental J ou P – O modelo comenta que existe uma diferença na preferência do estilo de vida de cada um. Algumas pessoas têm preferência por ter uma vida organizada, planejada, com responsabilidades bem definidas e estruturada. Outro grupo de pessoas, por sua vez, prefere um estilo de vida mais flexível, com menos amarrações e adapta-se a cada nova situação que enfrenta. Sentimentos e valores Raciocínio lógico imparcialidade Tomada de decisões T (thinking) pensamento F (feeling) sentimento 29 Figura 05 – Representação das pessoas com as funções Percepção e Julgamento. O primeiro grupo é formado pelas pessoas que o modelo considera do tipo J (“judgement”, julgamento) e o segundo grupo, pelas pessoas do tipo P (“perception”, percepção). Na figura 05 apresentada anteriormente, estão representadas essas preferências. Segundo Kroeger & Thuesen (1988), ao comparar-se pessoas dos tipos J e P, encontra-se diferenças bem significativas, conforme estão apresentadas a seguir, no quadro 04. Quadro 04: Comparação das pessoas tipo J e tipo P. J – julgamento P – percepção Resolve Fica pendente Decide Aguarda Se Fixa É flexível Controla Se adapta Fechado Aberto Planejador Improvisador Estruturado Solto Define Tenta Metódico Improvisador Prazo Que prazo? No quadro 05 a seguir, são apresentadas sínteses das características e seus respectivos significados. E no quadro 06, logo Firme Planejado Estilo de vida J (judgement) julgamento P (perception) percepção Flexível Improvisador 30 após, são apresentadas palavras que estão associadas a cada uma das características. Quadro 05: As características e o significado de cada uma das escalas. Característica SignificadoExtroversão (E) Tirar energia do mundo exterior das pessoas, atividades ou coisas. Introversão (I) Tirar energia do mundo interior, das idéias, emoções ou impressões pessoais. Sensação (S) Obter informações através dos cinco sentidos e observar aquilo que é real. Intuição (N) Obter informação através do sexto sentido, observando o que pode acontecer. Pensamento (T) Organizar e estruturar as informações para tomar decisões de maneira lógica e objetiva. Sentimento (F) Organizar e estruturar as informações para tomar decisões de maneira pessoal e orientada para valores. Julgamento (J) Ter vida organizada e planejada. Percepção (P) Ter vida espontânea e flexível. Fonte: De Lucca (1999) Quadro 06: Palavras associadas às preferências. Característica Palavras associadas às preferências Extroversão (E) Confiança externa, ação, pessoas, coisas, faz-pensa-faz. Introversão (I) Força interior, profundidade, concentração, reflexão, pensa-faz- pensa. Sensação (S) O que é real, prática, fatos, passo a passo. Intuição (N) Teoria, visão, inovação, possibilidades, futuro. Pensamento (T) Cabeça, justiça, crítica, razão, objetivo. Sentimento (F) Coração, subjetivo, elogio, harmonia, valor. Julgamento (J) Controle, determinado, decidido, organizado. Percepção (P) Adaptação, flexível, aberto, experimental. Fonte: De Lucca (1999) Com base nas diferentes combinações das preferências que cada indivíduo possui na sua fonte de energia (E ou I), forma de busca de informações (S ou N), maneira que toma suas decisões (T ou F) e estilo de vida (J ou P) são elaborados os 16 tipos psicológicos. 31 4.1.2 Tipos psicológicos Segundo Kroeger & Thuesen (1988) e Keirsey & Bates (1984), não existe entre os 16 tipos psicológicos um tipo que seja melhor do que outro, o que existe são tipos mais adequados para uma função ou atividade do que outros. O quadro 07 apresenta as diferentes combinações das preferências e os 16 tipos que dão origem. Quadro 07: Tipos de perfis de acordo com a tipologia MBTI Myers (1995), Kroeger e Thuesen (1988) e Keirsey & Bates (1984) Tipos Sensoriais Tipos iNtuitivos T pensamento F sentimento F sentimento T pensamento _ S T _ _ S F _ _ N F _ _ N T _ I _ _ J I S T J I S F J I N F J I N T J Introvertido I _ _ P I S T P I S F P I N F P I N T P E _ _ P E S T P E S F P E N F P E N T P Extrovertido E _ _ J E S T J E S F J E N F J E N T J Fonte: Myers (1995) Os dezesseis perfis da tipologia do MBTI podem ser melhor compreendidos a partir da descrição de cada um deles conforme relatado por De Lucca (1999), Myers (1995), Kroeger e Thuesen (1988) e Keirsey & Bates (1984). Tipos que preferem a Introversão (I): ISTJ (confiável) – Sério, quieto, alcança o sucesso através da concentração e meticulosidade. Prático, metódico, factual, lógico, realista e confiável. Gosta de tudo muito bem organizado. Assume responsabilidades. Toma decisões baseadas naquilo que é necessário e 32 age de maneira estável, indiferente a protestos ou distrações. Cuidadoso, prático, constante, gosta de fatos. ISTP (artesão) – Observador imparcial. Quieto, reservado, observa e analisa a vida com curiosidade neutra e com “tiradas de bom humor” inesperadas. Normalmente interessado em causas e efeitos em como e porque as coisas funcionam na organização dos fatos através de princípios lógicos. Tem grande habilidade para chegar ao centro de um problema de forma prática encontrando soluções. Lógico, independente, determinado. ISFJ (conservador) – Quieto, amigável, responsável e cuidadoso. Trabalha bastante para cumprir todas as suas obrigações. Proporciona estabilidade em qualquer projeto ou grupo. Meticuloso e preciso. Seus interesses normalmente não são técnicos. Pode ser paciente com detalhes. Leal, atencioso, perceptivo, preocupado com sentimentos alheios. ISFP (artista) – Reservado, simpático, sensível, educado e modesto sobre suas habilidades. Demonstra discordância, mas não impõe suas opiniões ou valores. Normalmente não se preocupa em liderar, mas é leal com o grupo. Geralmente sente-se despreocupado com seus deveres por apreciar o momento presente e não querer estragá-lo com precipitações exageradas. Modesto, cooperativo, adaptável, observador. INFJ (autor) – Atinge o sucesso através da perseverança, originalidade e desejo de fazer o que for necessário. Concentra a sua energia no trabalho. Eficaz, cuidadoso, preocupado com os outros. Respeitado por seus princípios firmes, apreciado por sua visão clara de como servir ao bem comum. Determinado, reservado, idealista, profundo, compromissado. INFP (questionador) – Observador, quieto, idealista, leal. É importante que sua vida externa seja compatível com seus valores internos. Curioso, enxerga novas possibilidades rapidamente. Geralmente funciona como catalisador na implantação de idéias. Adaptável, flexível e 33 compreensivo, a menos que um valor seja ameaçado. Procura entender as pessoas e seu potencial. Dá pouca importância a bens materiais. Gentil, curioso, reservado. INTJ (cientista) – Criativo e motivado por suas próprias idéias e propósitos. Tem uma visão ampla e rápida na identificação de padrões. Em sua área preferida, é muito organizado e sempre cumpre suas tarefas. Cético, crítico, independente, determinado, altamente competente, lógico, original, firme, exigente, teórico, voltado para sistemas globais. INTP (arquiteto) – Quieto e reservado. Gosta principalmente de atividades teóricas ou científicas. Gosta, também, de resolver problemas de forma analítica e lógica. Interessado principalmente nas idéias, tem pouco interesse por festas ou conversas em pequenos grupos. Geralmente apresenta interesses bastante definidos. Precisa seguir uma carreira onde algum grande interesse possa ser aplicado de maneira útil. Tipos que preferem a Extroversão (E): ESTP (promotor) – Grande habilidade na solução rápida de problemas. Gosta de ação e surpresas. Geralmente gosta de coisas mecânicas e esportes, sempre acompanhado de amigos. Adaptável, tolerante, pragmático. Focalizado na obtenção de resultados. Não gosta de explicações muito longas. É excelente com coisas concretas que podem ser trabalhadas, manuseadas, desmontadas e remontadas. ESTJ (administrador) – Prático, realista, naturalmente hábil para negócios mecânicos. Não mostra interesse por teorias abstratas. Quer aprender sobre aplicações diretas e imediatas. Gosta de organizar e conduzir atividades. É um bom administrador. Determinado e rápido na implantação de decisões, cuidadoso com detalhes rotineiros. Objetivo, impessoal, responsável, direto, prático. ESFP (anfitrião) – Comunicativo, compreensivo, amistoso, gosta de tudo e torna tudo mais divertido para os outros, através de sua própria 34 empolgação. Gosta de ação e de fazer as coisas acontecerem. Sabe o que está acontecendo e quer participar ativamente. Tem maior facilidade em lembrar-se de fatos do que de teorias. É ótimo em situações em que requerem bom senso e habilidade prática com as pessoas. ESFJ (vendedor) – Afetuoso, falador, popular, cuidadoso, bom colaborador, membro ativo de comitês, necessita de harmonia e tem habilidade para criá-la. Está sempre fazendo o bem para alguma pessoa. Trabalha melhor se encorajado e elogiado. Seu interesse principal está naquilo que afeta diretamente a vida das pessoas. Responsável, cooperativo, diplomático, gosta do tradicional. ENFP (jornalista) – Bastante entusiasmado, alegre, criativo, imaginativo. É capaz de fazer a maior parte das coisas que lhe interessa. Encontrasoluções rapidamente para qualquer tipo de dificuldade. Sempre pronto para ajudar pessoas com problemas. Prefere improvisações ao invés de planejamento prévio. Geralmente encontra razões convincentes para aquilo que quer. ENFJ (pedagogo) – Prestativo e responsável. Bastante preocupado com o que os outros pensam e querem. Tenta sempre respeitar os sentimentos dos outros. Apresenta propostas para liderar uma discussão em grupo com bastante tato e habilidade. Sociável, popular, complacente. Reage a elogios e críticas. Gosta de facilitar as coisas para as pessoas, ajudando-as a atingir seu potencial. ENTP (inventor) – Rápido, criativo, com muitas habilidades. É companhia agradável, está sempre atento e é sincero. Discute somente por divertimento. Grande habilidade na solução de problemas novos e desafiantes, porém é negligente com tarefas rotineiras. Apresenta diversos interesses. Tem facilidade de encontrar razões lógicas para o que quer. ENTJ (general de campo) – Sincero, decidido, líder. Desenvolve e implanta amplos sistemas para resolver problemas organizacionais. Habilidade especial para tudo que necessita explicações e discursos 35 inteligentes, como falar em público. Geralmente é bem informado e gosta de aumentar seus conhecimentos. Gosta de planejar, é objetivo, teórico, crítico, duro, estratégico. Este modelo é bastante difundido no recrutamento e na seleção de pessoas nos Estados Unidos e em importantes empresas no Brasil, além de ser utilizado, também, como ferramenta de auxílio no aprimoramento, desenvolvimento e montagem de equipes. Conforme proposto nos objetivos, esse trabalho investigará quais os tipos que existem na Incubadora Tecnológica da Universidade Federal de Santa Maria. Verificaremos se existe alguma diferença entre os tipos encontrados em outras pesquisas realizadas; analisaremos se existem algumas particularidades; investigaremos, também, se existe alguma característica predominante entre os residentes da incubadora.
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