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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA VET0201C - ANATOMIA VETERINÁRIA I Profa Msc. Fernanda de Souza Caxias do Sul, 2015. 2 1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA 1.1 HISTÓRICO A história da anatomia engloba um lapso de tempo que supera o cálculo humano. Sua origem se perde na pré-história. Consideramos na história da anatomia cinco épocas: vulgar, Escola de Alexandria, de Galeno, de Vesálio e atual. - Época vulgar: caracterizou-se por um desconhecimento quase completo dos seres vivos. Conhecimentos elementares e incompletos integram a doutrina anatômica dessa época. O espirito observador de alguns, se consagrando por sacrificar e desarticular os animais empregados na alimentação humana gerou os conhecimentos da época. - Escola de Alexandria: no século III a.C., foi celebre a grandiosa biblioteca e o museu, existente na cidade de Alexandria, para onde convergiam homens eminentes, estudiosos de todas as ciências. Neste grande centro cultural estudou-se a anatomia em condições vantajosas, graças aos trabalhos de dissecações realizadas em animais de várias espécies. - Época de Galeno: Galeno nasceu em Bérgamo, que compartilhava com Alexandria o conhecimento da época, no ano 131 de nossa era. Foi um grande médico, porém o espírito religioso do período, o privou, de ensinamentos adquiridos em cadáveres humanos. Como viajante incansável percorreu extensos territórios, praticou dissecações em muitas espécies de animais descobrindo novos tipos de organizações, até conseguir formar a escola médica. É considerado o criador da anatomia comparada. Devido ao espírito religioso da época, tido como todo poderoso, nenhum descobrimento anatômico humano novo se incorporou aos de Galeno e assim passaram-se 14 séculos. - Época de Vesálio: em 1543, André Vesálio, publicou pela primeira vez seu memorável trabalho “De humani corporis fabrica” (sobre a estrutura do corpo humano), sendo caracterizado como o primeiro livro de anatomia humana realmente exato, pois, era dito popular da época “é melhor equivocar-se com Galeno do que acertar com outros”. Vesálio que lecionava na Universidade de Pádua, tinha apenas 29 anos quando apresentou uma anatomia sistemática baseada não na fé ou em analogias da anatomia animal de Galeno, mas em estudos de dissecações do cadáver humano. André Vesálio foi considerado o restaurador da obra de Galênica e o verdadeiro fundador da anatomia humana. - Época Atual: os descobrimentos, a partir daí se sucederam vertiginosamente. Com o descobrimento do microscópio, surgem investigações anatômicas de grande alcance. Em nossos dias são utilizados meios complementares, além do bisturi e pinças, como o uso do raio-X (anatomia radiológica), ultra-sonografia, microscopia de varredura, entre outros. 1.2 CONCEITO A anatomia é um ramo do conhecimento que estuda a forma, a disposição e a estrutura dos componentes dos seres vivos. O termo, de origem grega, literalmente significa “cortar fora”, por isso a dissecação do cadáver ser um meio tradicional de estudá-la, além de primordial. Anatomia macroscópica é o estudo das estruturas que podem ser dissecadas e observadas a olho nu. 1.3 DIVISÃO DA ANATOMIA A anatomia especial é aquela que compreende o estudo de uma única espécie. A anatomia comparada compara uns indivíduos com outros de espécies diferentes e descobre as analogias e diferenças de organização existente entre eles. A anatomia apresenta as seguintes subdivisões: 3 Osteologia Sindesmologia Miologia Sistemática Neurologia Angiologia Descritiva Esplancnologia Normal Estesiologia Anatomia Topográfica/ Regional Médico Cirúrgica Artística/escultural Microscópica/ Histológica Patológica Teratológica Desenvolvimento Filogênica *Anatomia normal - estuda os indivíduos que gozavam de bom estado de saúde, antes do abate ou sacrifício e está dividida em descritiva e microscópica ou histológica. a) Anatomia descritiva: é a que estuda sucessivamente, os diferentes órgãos. Descrever um órgão é informar o seu nome, sua situação, sua forma, seu volume, peso, cor, consistência, relações e a disposição relativa de suas diferentes partes, quando subdividido. b) Anatomia microscópica ou histológica (geral): estuda as estruturas e seus detalhes invisíveis a olho nu com o uso da microscopia óptica e eletrônica. Anatomia descritiva - está dividida em sistemática e topográfica ou regional. a) Anatomia sistemática: estuda grupos de órgãos que estejam tão estreitamente relacionados em suas atividades que constituem os sistemas corpóreos com função comum. Ex. sistema muscular, nervoso e circulatório. O estudo da anatomia sistemática está subdividido nas seguintes partes: - Osteologia: estuda os ossos que compõem o esqueleto. - Sindesmologia: estuda as articulações, que são os meios de uniões entre os ossos. - Miologia: estuda os músculos, que são os elementos ativos do movimento. - Neurologia: é o estudo do sistema nervoso. Este sistema está subdividido em central e periférico. - Angiologia: estuda o coração e vasos (artérias, veias e linfáticos) por onde circula o sangue e a linfa encarregados de nutrir e drenar todos os tecidos do corpo. - Esplancnologia: estuda as vísceras que compõem os sistemas localizados no interior do corpo do animal. Ex. sistemas respiratório, digestório, urinário, etc. - Estesiologia: estuda os órgãos que se destinam a captação das sensações como o olho, orelha, papilas gustativas, etc. - Tegumento: estuda a pele e seus anexos. - Endocrinologia: estuda as glândulas de secreção interna. Estas podem ser estudadas também juntamente com os sistemas que estão relacionadas funcionalmente. Por exemplo, a hipófise no sistema nervoso, o testículo no sistema genital masculino, etc. b) Anatomia topográfica ou regional: é a que está diretamente envolvida com a forma e as relações de todos os órgãos presentes numa região específica ou parte do corpo dos seres vivos. Os conhecimentos da anatomia topográfica são empregados na clínica e cirurgia (médico cirúrgica) e nas belas artes (artística ou escultural). *Anatomia patológica: estuda as alterações do estado normal dos órgãos quando animal adoece ou seus componentes funcionam mal. *Anatomia teratológica: é a que estuda o desenvolvimento anormal, vícios de conformação compatíveis ou não com a vida. Ex. animal com duas cabeças. 4 *Anatomia do desenvolvimento: estuda as fases pelas quais os organismos passam desde a concepção, o nascimento, a juventude, a maturidade até a idade avançada. A embriologia estuda o desenvolvimento do indivíduo desde a fecundação do oócito até o nascimento. *Anatomia filogênica: é o estudo das transformações da espécie no tempo. Ex: o ancestral do cavalo possuía cinco dedos e o atual apenas um. 1.4 NOMENCLATURA ANATÔMICA Como toda ciência, a anatomia tem sua linguagem própria. O conjunto de termos empregados para designação e descrição de um organismo ou suas partes denomina-se nomenclatura anatômica. Foi realizado em Paris, em 1955, um Congresso de Anatomia, visando uma uniformização internacional da nomenclatura anatômica. Foi escrita em latim com a permissão de cada nação traduzi-la para sua língua. Em 1968, foi publicada em Viena, pela Comissão Internacional de Nomenclatura Veterinária, sob responsabilidade da Associação Mundial de Anatomistas Veterinários, a Nomina Anatômica Veterinária (NAV). Essa nomina é periodicamente revista, sendo a quinta em 2005, e tentaremos usá-la de forma permanenteneste trabalho. É escrita em latim e pode ser traduzida para a língua do profissional que a emprega, por exemplo, o latim hepar torna-se fígado em português, higado em espanhol, liver em inglês, foie em francês e leber em alemão. 1.5 POSIÇÃO ANATÔMICA Para evitar o uso de termos diferentes nas descrições anatômicas, convencionou-se uma posição padrão (posição anatômica). Para os animais quadrúpedes, a posição anatômica é aquela em que o animal está com os quatro membros em estação (de pé) e alerta. Esta posição é diferente da posição anatômica humana. Quando descrevemos um órgão, não interessando se o cadáver está sobre uma mesa, sempre temos em mente a posição anatômica. 1.6 PLANOS PARA O CORPO DOS ANIMAIS QUADRÚPEDES Plano é uma superfície, real ou imaginária, ao longo da qual dois pontos quaisquer podem ser unidos por uma linha reta. Na posição anatômica, o corpo pode ser delimitado por planos tangentes à sua superfície, formando uma figura geométrica, um paralelepípedo. Assim, têm-se os seguintes planos: 1.6.1 Planos de delimitação a) Dois planos verticais, um tangente à cabeça, plano cranial, e outro tangente à cauda, plano caudal. b) Dois planos verticais tangentes de cada lado do corpo, plano lateral direito e plano lateral esquerdo. c) Dois planos horizontais, um tangente ao dorso, plano dorsal, e outro à palma das mãos e planta dos pés, plano podálico. O tronco é limitado inferiormente, pelo plano que tangencia o ventre, plano ventral. 1.6.2 Planos de secção a) Plano mediano ou sagital mediano: divide o animal em dois antímeros criando a simetria bilateral, o conceito de antimeria e os termos associados direito e esquerdo. b) Plano sagital: são planos que cortam o animal paralelamente ao plano mediano, criando os termos medial e lateral. c) Plano horizontal: divide o animal em dois paquímeros originando o conceito de paquimeria e os termos dorsal e ventral. d) Plano transversal: divide o animal em dois metâmeros criando o conceito de metameria e os termos cranial e caudal. 1.7 TERMOS INDICATIVOS DE POSIÇÃO E DIREÇÃO DAS PARTES DO CORPO DOS ANIMAIS a) Cranial e caudal – expressões usadas para indicar na direção ou maior aproximação da cabeça ou da cauda. 5 b) Dorsal e ventral – na direção ou relativamente próximo ao dorso ou ao ventre (abdômen) do animal, respectivamente. O termo ventral nunca deve ser usado para membros. c) Lateral e medial – estrutura distante ou afastada do plano mediano e na direção ou relativamente próximo ao plano médio, respectivamente. d) Rostral – na direção ou relativamente próximo ao focinho do animal. Usado somente para a cabeça. e) Proximal e distal – proximal é relativamente próximo à raiz ou origem principal; distal é afastado da raiz. Usados para membros e cauda. f) Axial e abaxial – as estruturas que ficam próximas ao eixo central de um dedo central, ou próximo ao eixo do membro se passarem entre os dois dedos são ditas axiais; e as que estão à distância do eixo de referência estão em posições abaxiais. g) Interno e externo – usado para cavidades. h) Superficial e profundo – termos com o significado usual. i) Superior e inferior – usado para olhos, lábios, boca e dentes. j) Parietal e visceral – parietal refere-se a face da estrutura que está em direção à parede da cavidade; e visceral quando na direção das outras vísceras. k) Cortical e medular – o primeiro significa a camada externa; o segundo significa a camada interna de alguns órgãos como rins, adrenal, etc. l) Dorsal e palmar – usado para a mão. Substitui o termo caudal por palmar. m) Dorsal e plantar – usado para o pé. Substitui o termo caudal por plantar. Figura 1 - Designações para posição e direção do corpo animal (Fonte: KÖNIG & LIEBICH, 2002). 1.8 CONSTITUIÇÃO GERAL O corpo dos vertebrados tem como unidade anátomofuncional a célula. Um conjunto de células da mesma natureza forma um tecido. A reunião de vários tecidos forma um órgão. Diversos órgãos reunidos podem formar um sistema e os sistemas formam aparelhos. 1.9 DIVISÃO DO CORPO DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS O corpo divide-se em cabeça, pescoço, tronco e membros. Principais partes do corpo: 6 Cabeça Pescoço Tórax Tronco Abdome Pelve Raiz Ombro Anteriores ou Divisão do Corpo Torácicos Braço Membros Parte Livre Antebraço Mão (palma e dorso) Raiz Quadril Posteriores, Pélvicos ou Coxa Pelvinos Parte Livre Perna Pé (planta e dorso) 1.10 SITUAÇÃO DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS NO SISTEMA ZOOLÓGICO Os animais domésticos encontram-se distribuídos no sistema zoológico da seguinte mneira: RAMO -------------------------------- Vertebrata CLASSE ----------------------------- Mammalia SUBCLASSE ---------------------- Eutheria Ordem Subordem Família Subfamília Gênero Espécie Boi Artiodactyla Ruminatia Bovidae Bovinae Bos taurus Cabra Artiodactyla Ruminatia Bovidae Caprinae Capra hircus Cão Carnívora Fissipedia Canidae - Canis familiaris Cavalo Perissodactyla Hippomorpha Equidae Equinae Equus caballus Gato Carnívora Fissipedia Felidae - Felis domestica Ovelha Artiodactyla Ruminatia Bovidae Caprinae Ovis aries Porco Artiodactyla Suiformes Suidae - Suis scrofa 2. OSTEOLOGIA Osteologia é a ciência que estuda os ossos, em sentido restrito. Em um sentido mais amplo, inclui o estudo das formações intimamente ligadas ou relacionadas com os ossos, com eles formando um todo, o esqueleto. 2.1 ESQUELETO É o conjunto de ossos, cartilagens e ligamentos que compõem o corpo de um animal. O esqueleto é composto de partes duras e resistentes que estrutura as formas dos animais. O esqueleto desempenha várias funções vitais ao organismo animal, dentre elas podemos citar: - proteção para órgãos moles, como o coração, pulmões, sistema nervoso central, etc.; - sustentação e conformação do corpo; - sistema de alavancas que movimentadas pelos músculos permitem o deslocamento do corpo, no todo ou em parte; - local de armazenamento de íons Ca e P (durante a gravidez a calcificação é feita, em grande parte pela reabsorção destes elementos armazenados no organismo materno); - local de produção de certas células do sangue. 2.2 DIVISÃO DO ESQUELETO O esqueleto resulta da armação dos ossos entre si, sendo assim, ele divide-se em: Esqueleto axial: é o eixo principal do corpo, formado pela cabeça, coluna vertebral, costelas e esterno. 7 Esqueleto apendicular: formado pelos apêndices locomotores, isto é, os ossos dos membros anteriores e posteriores. Esqueleto esplâncnico ou visceral: compreende em ossos desenvolvidos no interior de algumas vísceras ou órgão, não se articulando com nenhum outro osso. Ex: osso peniano dos canídeos e felídeos; osso cardíaco dos bovinos; osso rostral do focinho dos suídeos; fabelas dos caninos (dois ossos em forma de ervilha, situados caudal mente aos côndilos do fêmur no interior do músculo gastrocnêmio). 2.3 NÚMERO DE OSSOS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS O número de ossos em um esqueleto animal varia segundo: - a idade deste animal: devido à fusão que ocorre das partes ósseas desde a origem até o nascimento e daí até a idade adulta. Os elementos ósseos que se originam separados no feto vão se unindo à medida que o animal se desenvolve até a idade adulta. - dentro de uma mesma espécie: principalmente no número de vértebras caudais. - dentro do esqueleto de um mesmo animal entre os dois antímeros. Ex: tarso do eqüino pode apresentar 6-7 ossos, e o carpo de 7-8 ossos. - entre espécies diferentes: principalmente devido ao número de dedos. Os eqüinos pisam em um dedo, os ruminantes em dois, os suínos em quatro, os caninos e felinos em quatro ou cinco e os humanos emcinco. As vértebras caudais também apresentam uma grande variação entre espécies diferentes. Eqüino Bovino Ovino Suíno Canino TOTAL 199 - 209 203 - 205 200 - 206 272 - 279 302 - 305 2.4 CLASSIFICAÇÃO DOS OSSOS a) Ossos longos: caracterizam-se por apresentar uma forma longa e cilíndrica em que uma dimensão, ou comprimento, predomina sobre as outras duas (largura e espessura). Apresentando, normalmente, extremidades dilatadas. Encontram-se nos membros com função de colunas de sustentação. São compostos de um corpo ou diáfise, a qual contém em seu interior uma cavidade medular que abriga a medula óssea. Suas extremidades ou epífises estão interligadas a diáfise nos animais em crescimento por um anel cartilagíneo chamado metáfise ou disco epifisário. Ex: úmero, rádio – ulna, metacarpo, falange proximal (menor osso longo), fêmur, tíbia – fíbula, metatarso. b) Ossos planos ou chatos: apresentam duas dimensões, comprimento e largura, predominantes sobre a espessura. Apresentam grande área para inserções musculares, tendo ainda, a função de proteção de órgãos e vísceras. Ex: ossos da abóboda craniana, escápula, ossos do coxal (ílio, ísquio, púbis). c) Ossos curtos: não apresentam nenhuma dimensão predominante, sendo todas proporcionais entre si. Sua função consiste em amortizar os choques diminuindo os atritos e direcionando os tendões dos movimentos. Ex: ossos do carpo e tarso, falange média e distal, ossos sesamóides, patela. d) Ossos irregulares: ossos de aspecto disforme ou de forma complexa. Encontram-se, geralmente, na linha mediana e são ímpares. Tem várias funções e não são passíveis de classificação geral, e sim, especiais. Ex: vértebras, ossos da base do crânio. e) Ossos alongados: são ossos em que existe uma predominância excessiva do comprimento sobre as outras dimensões, não apresentando cavidade medular. Ex: costelas f) Ossos pneumáticos: são ossos que apresentam, em seu interior, um espaço revestido de membrana mucosa, repleto de ar. Este espaço entra em contato com o meio exterior através do sistema respiratório e tuba auditiva nas aves ou pela cavidade nasal nos mamíferos. A função dos ossos pneumáticos é de diminuir o peso específico do esqueleto, já que qualquer coisa orgânica que preenchesse esses espaços pesariam muito mais que o ar. Ex: mamíferos → seios paranasais aves → esterno, úmero 8 2.5 ESTRUTURA DOS OSSOS Os ossos constam principalmente de tecido ósseo, mas considerados como órgãos, apresentam ainda periósteo, endósteo, medula óssea, vasos e nervos. 2.5.1 Ossos longos →Periósteo: é uma membrana que reveste a superfície externa do osso, com exceção das extremidades articulares que são revestidas por tecido cartilagíneo. É composto, externamente, de uma membrana de tecido conjuntivo fibroso de proteção e internamente, de uma camada de células osteogênicas. →Substância compacta: forma a maior parte da diáfise. É rica em depósito de sais minerais, principalmente de cálcio. É extremamente dura e resistente. →Substância esponjosa: forma o interior das extremidades. Tem aspecto poroso e é formada por uma disposição especial de lâminas ósseas chamadas lamelas ósseas. →Endósteo: é uma fina membrana fibrosa que reveste a cavidade medular e o interior da substância esponjosa. →Medula óssea: é um tecido hematocitopoiético ou hematocitogênico, ou seja, que dá origem às células sangüíneas. Localiza-se nos ossos longos, dentro das cavidades medulares. Nas outras classes de ossos, no interior da substância esponjosa. Nos jovens a medula óssea é sempre vermelha. Já nos mais idosos, este tecido vai sendo substituído por tecido adiposo, formando a medula óssea amarela. A medula óssea do esterno permanece por toda a vida vermelha. Figura 2 – Esquema de um osso longo Camada fibrosa Camada osteogênica 9 2.5.2 Ossos planos São formados por duas lâminas de substância compacta, e preenchidas por substância esponjosa. Os ossos planos da abóbada craniana apresentam uma lâmina externa de substância compacta e uma lâmina de interna de osso muito denso, estando as duas interligadas por uma certa quantidade de substância esponjosa, sendo denominada esta formação de diploë. A lâmina compacta interna não é mais espessa que a externa e sim mais resistente. A face interna da cavidade craniana não apresenta periósteo, não tendo capacidade regenerativa, em fraturas e lacerações tem que ser completadas com placa metálica. Se houvesse periósteo teríamos a formação de calo ósseo e compressão do tecido nervoso. A natureza revestiu a cavidade com uma membrana chamada dura-máter. Figura 3 – Esquema de um osso plano 2.5.3 Vasos e nervos As artérias que nutrem os ossos são de dois tipos: periósticas e medulares ou nutrícias As artérias periósticas ramificam-se no periósteo e penetram pelos canais de Wolkmann indo nutrir o sistema Haversiano da substância compacta. As artérias nutrícias ou medulares penetram na diáfise através do forame nutrício indo irrigar a medula óssea. As veias principais abandonam o osso, geralmente, por forames localizados próximos ou nas epífises, nunca acompanhando as artérias. Os nervos acompanham as artérias sendo que as terminações nervosas do periósteo são sensoriais e estão relacionadas com o sentido muscular e o equilíbrio (cinestesia). 2.6 DESENVOLVIMENTO ÓSSEO O primitivo esqueleto embrionário consiste de cartilagem e tecido fibroso, nos quais os ossos desenvolvem-se. O processo é designado de ossificação ou osteogênese e é elaborado essencialmente pelas células produtoras de osso, chamadas osteoblastos. Os ossos são formados, a princípio, no desenvolvimento embrionário por matrizes cartilagíneas ou fibrosas. São ditos ossos membranosos os formados por moldes de tecido conjuntivo fibroso. Os principais ossos são aqueles da abóboda e lados do crânio e muitos ossos da face. 10 Os ossos cartilagíneos são os que se desenvolvem de uma matriz de cartilagem. É a maior parte do esqueleto. Daí derivam os nomes de ossificação intramembranosa e endocondral. Condros é cartilagem. O processo de ossificação dá-se a partir de um centro de ossificação, irradiando-se até a periferia óssea. Os ossos apresentam vários centros de ossificação. 2.7 CRESCIMENTO DOS OSSOS Os ossos longos crescem em comprimento através do disco epifisário da metáfise que é cartilagíneo. A cartilagem deste disco vai proliferando e ossificando até que o osso atinja o tamanho ideal, então todo o disco ossifica na idade adulta não podendo mais crescer. Normalmente o disco epifisário distal ossifica e se consolida bem antes que o proximal. O crescimento em espessura dos ossos longos é do tipo membranoso, feito pela proliferação da lâmina osteogênica do periósteo, que se multiplica em camadas e ossifica. Os ossos membranosos crescem através do tecido conjuntivo fibroso que persiste nos bordos ósseos e que prolifera e vai ossificando em camadas. 2.8 ACIDENTES ÓSSEOS São variações na superfície dos ossos, podendo ser saliência ou depressão do tipo articular ou não articular. 2.8.1 Saliências articulares: promovem articulação entre ossos. Cabeça: ex: do fêmur, da costela, do úmero Côndilo: ex: da mandíbula, do occipital, do temporal Tróclea: ex: do tarso Faceta: ex: da costela, das vértebras 2.8.2 Saliências não articulares: servem de ponto de apoio para músculos, tendões e ligamentos. Processo ou apófise: ex: processo odontóide do axis, processo espinhoso das vértebras Tuberosidade: ex: tuberosidade deltóide do úmero, protuberância occipital externa Cristas: ex: parietal, facial, da tíbia Tubérculo: ex: do úmero, da costela Espinhas: ex: espinha da escápula Linhas: ex: da tíbia, do coxal Trocânter: ex:trocanter maior e menor do fêmur Epicôndilo: ex: epicôndilo lateral dos côndilos 2.8.3 Depressões articulares Cavidade Cotilóide: ex: nas vértebras torácicas, acetábulo que recebe a cabeça do fêmur (mais funda que a glenóide) Cavidade Glenóide: ex: na escápula Cavidade anular do atlas: ex: onde se articula o axis Cavidade troclear: ex: patela que articula com as trócleas da tíbia 2.8.4 Depressões não articulares Incisura: ex: da mandíbula Hiato: ex: hiato rasgado Forame: ex: forame magno do occipital Fissura: ex: fissura palatina Impressões digitais: ex: no temporal Seios: ex: no frontal, maxilar Goteiras: ex: da costela Canais: ex: canal alar Sulco: ex: na face medial da escápula, da costela Fossa: ex: no temporal, no úmero, massetérica Meato: ex: da tuba auditiva do temporal 11 Uma cabeça é uma hemiesfera e articula com uma cavidade cotilóide. Ex: cabeça do fêmur com acetábulo. Como a cabeça do úmero no eqüino está em atrofia, tornando-se um côndilo, a cavidade da escápula é dita glenóide. Um côndilo é um hemicilindro e articula-se com uma cavidade glenóide. Ex: côndilos do úmero com a extremidade proximal do rádio, no eqüino. O pino odontóide do áxis articula-se com a cavidade anular do atlas. Uma tróclea é um hemicarretel e articula-se com a cavidade troclear. Ex: tarso tibial com a extremidade distal da tíbia. 2.9 ESQUELETO AXIAL 2.9.1 COLUNA VERTEBRAL (RAQUE) É uma cadeia de ossos irregulares, denominados vértebras, que se estendem desde a cabeça até a extremidade da cauda. A coluna vertebral forma o eixo principal do corpo, apresentando-se dividida em regiões denominadas cervical, torácica, lombar, sacral e caudal. 2.9.1.1 Fórmula vertebral É a maneira de se expressar graficamente o número de vértebras das diversas regiões. O número é constante dentro de uma espécie, variando apenas a região caudal. Toma-se a letra inicial da região seguida pelo número de vértebras desta. Cervical Torácica Lombar Sacral Caudal Eqüino C 7 T 18 L 6 S 5 Ca 15-21 Bovino C 7 T 13 L6 S 5 Ca 18-20 Ovino C 7 T 13 L 6 S 4 Ca 16-18 Canino C 7 T 13 L 7 S 3 Ca 20-23 Suíno C 7 T 14-15 L 6-7 S 4 Ca 20-23 Aves C14 T 7 LS 14 Ca 5-7 2.9.1.2 Vértebras São ossos ímpares, irregulares e que apresentam características particulares para cada região e na mesma região. Os caracteres gerais são encontrados em todas as vértebras e servem como meio de diferenciação destas com os demais ossos do esqueleto. As vértebras em geral apresentam: 1. Corpo: é cilíndrico e ventral. Apresenta uma extremidade cranial, geralmente convexa e apresenta uma cabeça articular; e uma extremidade caudal, normalmente côncava, com uma cavidade cotilóide. A face dorsal do corpo forma o assoalho do canal vertebral e é plana, enquanto sua face ventral é convexa transversalmente podendo apresentar na linha mediana uma crista ventral. 2. Arco: é dorsal e formado embriologicamente de duas lâminas, assim esse conjunto cria um espaço chamado forame vertebral. Os forames vertebrais em sequência originam o canal vertebral que abriga a medula espinhal. O arco apresenta incisuras na junção com o corpo, incisuras craniais e caudais, que juntamente com a vértebra precedente ou com a seguinte formam forames intervertebrais, por onde emergem os nervos espinhais. Do arco surgem expansões ósseas chamadas processos. 3. Processos (espinhosos, articulares, transversos) O processo espinhoso é mediano e projeta-se dorsalmente do arco da vértebra. Dirige-se para cima sob a forma de uma longa espinha. Os processos articulares, 2 craniais e 2 caudais, projetam-se cranial e caudalmente do arco, com a função de articular a vértebra com a precedente e a subseqüente. Os processos transversos emergem do arco lateralmente, próximo a fusão com o corpo. Os processos mamilares são projeções crânio-dorsal do processo articular cranial de uma vértebra, aparecendo nas 4 últimas vértebras torácicas, porém sendo típico das vértebras lombares. 12 2.9.1.3 Região Cervical (7 Vértebras) Apresenta sete vértebras em todas as espécies domésticas. A 1ª e 2ª são modificadas devido à função especial de sustentar e movimentar a cabeça, a 6ª e 7ª também possuem algumas modificações. As características desta região são o corpo, o arco e cabeça articular desenvolvidas. →Atlas (1ª vértebra) Articula-se cranialmente com o occipital e caudalmente com o áxis. O corpo e o processo espinhoso estão atrofiados. Os processos transversos transformaram-se em asas, com uma fossa atlantal (ventralmente). Assim restaram dois arcos, o dorsal com um tubérculo dorsal na linha mediana e um arco ventral com um tubérculo ventral, também na linha mediana. A extremidade cranial sofreu uma modificação nos processos articulares originando duas cavidades glenóides, as quais recebem os côndilos do occipital. Essa articulação permite o movimento de afirmação da cabeça. A extremidade caudal no arco modificou-se e a superfície articular caudal formou uma cavidade chamada de fossa odontóide (cavidade anular) que serve para articulação com o processo odontóide do áxis, que permite o movimento de negação da cabeça. As asas (processo transverso modificado) são vazadas cranialmente pelos forame vertebral lateral e pelo forame alar, e caudalmente pelo forame transverso. O forame vertebral lateral é mais medial e abre-se no canal vertebral, enquanto o forame alar é mais lateral, abrindo-se na fossa atlantal. O conjunto dos forames transversos de vértebras vizinhas forma o canal transversal, por onde passa a artéria vertebral e o nervo vertebral do Sistema Nervoso Autônomo. COMPARADA: RUMINANTES: asas menos encurvadas. Não apresenta forame transverso. SUÍNOS: tubérculo dorsal grande, asas achatadas, o forame transverso passa atrás da borda caudal da asa e não é visível dorsalmente, apenas ventralmente. Às vezes está ausente. CARNÍVOROS: arco ventral estreito, superfície dorsal é convexa. As asas são largas e quase horizontais, apresenta incisura alar ao invés de forame alar. Forame transverso presente. →Áxis (2° vértebra) É a mais longa de todas as vértebras e caracteriza-se por apresentar um grande processo espinhoso bífido e um processo odontóide (dente). A extremidade cranial modificada articula-se com a cavidade anular do Atlas pela superfície ventral convexa do dente e por áreas articulares laterais a este. Na fusão do arco dorsal com o corpo, nos animais jovens, encontramos uma incisura, que no adulto fecha-se com uma ponte óssea formando o forame vertebral lateral. Na extremidade caudal temos uma cavidade cotilóide que recebe a cabeça da terceira vértebra cervical. Os processos transversos são pouco desenvolvidos, voltados caudalmente e vazados por um pequeno forame transverso. O processo espinhoso é muito desenvolvido, bifurcado caudalmente, terminando cada ponta em um grande processo articular caudal. COMPARADA: BOVINOS: o axis é curto, o processo espinhoso se projeta um pouco cranialmente. Processo odontóide é largo sua face dorsal é profunda e côncava. Forame vertebral lateral é circular e não tão junto à borda do arco. Processos transversos mais espessos, forame transverso às vezes incompleto. SUÍNOS: processo espinhoso desenvolvido direcionado dorsal e caudalmente. Processo odontóide cilíndrico, processo transverso pequeno e às vezes não está presente. CARNÍVOROS: processo odontóide arredondado e longo chega atingir o occipital. Processo transverso pontiagudo, forames transversos relativamente grandes, processo espinhoso fino e de altura moderada se prolonga cranialmente de modo a se sobrepor ao arco dorsal do atlas. Não apresenta forame vertebral lateral, possui incisura vertebralcranial. 13 →3°, 4° e 5° vértebras cervicais (bicúspides) As vértebras cervicais típicas são C3, C4 e C5, pois apresentam todos os elementos típicos e são parecidas. Possuem forma alongada, com processos articulares muito bem desenvolvidos, processos espinhosos atrofiados e processos transversos bicúspides e amplos, vazados na base por um forame transverso e com uma crista ventral acentuada. O longo corpo apresenta uma extremidade cranial, com uma superfície articular convexa chamada cabeça e na extremidade caudal, a superfície articular é côncava e chamada de cavidade cotilóide. →6° Vértebra (tricúspide) É mais curta que o padrão (C3, C4 e C5), tem um processo transverso com 3 pontas (cúspide), vazado por um imenso forame transverso. O processo espinhoso começa a aparecer. COMPARADA: BOVINOS: é mais curta e o processo transverso é mais quadrado. →7° Vértebra (unicúspide) É a mais curta das vértebras cervicais. Tem o processo transverso com apenas uma cúspide, que não é vazado na base, pela ausência de forame transverso. O processo espinhoso já é desenvolvido e, na extremidade caudal do corpo, lateralmente, surge uma faceta articular caudal, que recebe juntamente com a faceta cranial da 1ª vértebra torácica, a cabeça da 1ª costela. Ausência de crista ventral com exceção dos cães. 2.9.1.4 Região Torácica (18 vértebras) A característica principal dessa região é o comprimento do processo espinhoso (desenvolvido), apresentando ainda faces articulares para a cabeça e para o tubérculo da costela. Uma vértebra torácica em geral apresenta um corpo muito curto, com facetas articulares, duas craniais e duas caudais, para receber a cabeça da costela. O arco é pequeno, o processo espinhoso muito desenvolvido, com processos articulares pequenos e ovais. O processo transverso é curto com uma faceta articular que recebe o tubérculo da costela. As facetas articulares do corpo de uma vértebra torácica, juntamente com a faceta da vértebra precedente ou da vértebra seguinte, formam uma cavidade articular chamada fóvea costal, que recebe a cabeça da costela. Na união do arco com o corpo encontramos grandes incisuras, sendo que as caudais são mais profundas que as craniais, e formam com as incisuras da vértebra precedente e da subseqüente, forames intervertebrais. Através deles saem os nervos espinhais. A última vértebra (T18) não possui faceta articular caudal. E se observarmos as vértebras torácicas, quanto mais próximo da última, mais às facetas craniais ficam próximas da superfície articular do processo transverso, até fundirem-se. A cabeça da costela torna-se menor e funde- se com a superfície articular do tubérculo. Nas 4 ou 5 últimas vértebras torácicas encontramos processos mamilares. De um modo geral os processos transversos diminuem de tamanho e estão dispostos cada vez mais ventral. Os processos espinhosos aumentam em comprimento até a terceira ou quarta vértebra e então diminuem até a 15ª as espinhas mais longas são as mais espessas e apresentam seus ápices engrossados. COMPARADA: BOVINOS: corpo mais largo, processo mamilar a partir da 3° vértebra. SUÍNO: o arco é perfurado de cada lado por um forame do arco. Processo transverso apresenta processo mamilar a partir da 3ª vértebra. CARNÍVOROS: apresentam o processo mamilar em todas as vértebras, as três últimas apresentam o processo acessório, as três ou quatro primeiras tem o processo espinhoso 14 aproximadamente igual no comprimento. Caudal a este ponto tornam-se gradativamente mais curtas. 2.9.1.5 Região Lombar (6 vértebras) As vértebras lombares têm o aspecto de um aeroplano pois apresentam processos transversos desenvolvidos e processo espinhoso de forma retangular. Os corpos das 3 primeiras são elípticos e apresentam uma crista ventral distinta. A partir da 4ª se tornam mais largos e achatados e a crista diminui. Depois da 3ª aumentam em altura e largura. As incisuras caudais são mais profundas que as craniais. Os processos articulares são pequenos, sendo que os craniais apresentam tipicamente uma expansão dorsal chamada processo mamilar. Os processos transversos, retangulares e longos, crescem até a 3ª ou 4ª vértebra e os últimos diminuem. Os 3 primeiros inclinam-se caudalmente enquanto os 3 últimos inclinam-se cranialmente, fechando o flanco dorsalmente. O processo transverso da 5ª vértebra lombar apresenta caudalmente uma faceta articular oval côncava, que articula com a faceta articular convexa do bordo cranial do processo transverso da 6ª vértebra. O processo transverso da 6ª vértebra apresenta cranialmente uma faceta convexa para o processo da 5ª e caudalmente outra faceta côncava que se articula com a faceta da asa do sacro. A 5ª e a 6ª podem estar fusionadas. COMPARADA: BOVINOS: são mais longas que o cavalo. Processos transversos da 5° e da 6° não se articulam e a 6° não se articula com o sacro. CARNÍVOROS: processos transversos semelhantes a placas. Comprimento aumenta até a 5ª vértebra, não formam articulações uns com os outros ou com o sacro. Processos acessórios projetam-se caudalmente sobre as incisuras caudais das 5° primeiras vértebras. Os processos articulares caudais são grandes e sustentam os processos mamilares. 2.9.1.6 Região Sacral (5 vértebras) O sacro é formado pela fusão de 5 vértebras através de seus corpos, sendo descrito como um osso único. A forma é triangular e ele está suspenso, fixado aos ossos ilíacos (coxal), com os quais está firmemente articulado. Seu eixo longitudinal é levemente curvo, sendo sua extremidade caudal um pouco mais elevada que a cranial. Face dorsal – apresenta 5 processos espinhosos (espinhas sacrais), direcionados dorsal e caudalmente. Os processos são acompanhados lateralmente pelos forames sacrais dorsais, por onde emergem os ramos dorsais dos nervos espinhais sacrais. A fusão dos processos transversos cria a crista sacral lateral. Em animais idosos os processos espinhosos podem fundir-se formando uma crista sacral mediana. Face ventral (pélvica) – é côncava longitudinalmente, cortada por 4 linhas transversais, formadas pela fusão dos corpos vertebrais. Nas extremidades de cada linha encontramos um forame sacral ventral, por onde emerge o ramo ventral de cada nervo espinhal sacral. Bordos laterais – as bordas laterais são rugosas, espessas cranialmente e delgadas caudalmente. Base – é cranial e ampla. Apresenta a extremidade cranial do primeiro corpo vertebral, cujo lábio ventral saliente é chamado de promontório. Este é uma referência para medir um dos diâmetros de abertura da cavidade pélvica (passagem fetal). A cada lado do corpo encontra-se uma incisura, que juntamente com a incisura de L6 forma um forame intervertebral. Dorsal ao corpo tem a abertura de entrada do canal sacral (triangular), lateralmente encontra-se o processo articular cranial, com uma projeção mamilar. As asas do sacro apresentam cranialmente, uma superfície articular oval e convexa que articula com a superfície côncava do bordo caudal do processo transverso de L6. Caudalmente a asa apresenta uma superfície articular alongada, rugosa e irregular, voltada dorsocaudalmente, a face auricular que articula com o ílio. Vértice – é formado pela superfície caudal do último corpo sacral, que se articula com o corpo da 1ª vértebra caudal. A abertura caudal do canal sacral é também triangular, porém bem mais estreita que a entrada. COMPARADA: 15 BOVINOS: formado por 5 segmentos, mais longo que o do cavalo. Os processos espinhosos são unidos para formar uma crista sacral mediana. Uma crista sacral lateral é formada pela fusão dos processos articulares. A face pélvica é marcada por um sulco central que indica o curso da artéria sacral mediana. Os forames sacrais pélvicos são grandes. As asas encurvam-se cranioventralmente, são quadrangulares e curtas. Face cranial concava não articular. SUÍNOS: normalmente constituídos de 4 vértebras sacrais mais a 1° vértebra caudal, menos curvado do que no bovino. Processo espinhoso pouco desenvolvido. Nos lados encontram-se os forames sacrais dorsais. Presença de um forame entre o sacro e a 1ª vértebra caudal. A asa é semelhante a dos bovinos. Processos articulares grandes. CANINOS: fusão de 3 vértebras, curto, largo e quadrangular. Linhas transversais, forames sacrais ventrais, processo articular cranial, processo articular caudal, crista sacral mediana e crista sacral intermédia. 2.9.1.7 Região Caudal (15 - 21 vértebras) As primeiras vértebras caudais possuem corpo alargado, na face ventral há um sulco mediano na qual passa a arteria caudal mediana. Arco pequeno e triangular. Não apresentam incisuras craniais. Pequenos rudimentos de processo articulares. Os processos transversos vão diminuindo caudalmente e as vértebras ficam reduzidas a bastões cilíndricos de tamanho decrescente. A última apresenta extremidade pontiaguda. COMPARADA: BOVINOS: longas e mais desenvolvidas que no cavalo. As 5-6 primeiras possuem arco espinhoso completo. SUINOS: a 1ª vértebra caudal está unida ao sacro. CARNÍVOROS: arco nas seis primeiras, processos articulares desenvolvidos nas 4 primeiras.Processos transverso grande nas primeiras e gradativamente desaparece. 2.9.1.8 Canal vertebral O maior diâmetro encontra-se no Atlas. Este diminui gradualmente até C4, em C5 inicia uma dilatação que cresce em C6, C7 e volta a diminuir em T1 até T2. Isto se deve a grande concentração de corpos de neurônios e axônios que inervam o membro torácico criando um engrossamento da medula espinhal chamada intumescência cervical, de onde se origina o plexo braquial. A partir daí o canal estrangula ainda mais e na metade da região torácica chega-se ao menor diâmetro, que se mantém com pequena variação de aumento até na altura de L3, onde aumenta, voltando a diminuir em L5. Dentro desta dilatação encontra-se a intumescência lombar de onde se originam os nervos que formam o plexo lombossacral, que inervam o membro pélvico. O canal estreita rapidamente na parte sacral até desaparecer nas primeiras vértebras caudais. 2.9.2 COSTELAS São ossos alongados dispostos em pares que formam a parede lateral do tórax. Cada costela se articula na região dorsal com duas vértebras e se continua na região ventral com as cartilagens costais. O número de costelas corresponde ao de vértebras torácicas. ANIMAL PARES DE COSTELAS COSTELAS ESTERNAIS COSTELAS ASTERNAIS ESTERNEBRAS EQÜINO 18 8 10 7(6) RUMINANTE 13 8 5 7 SUÍNO 14 7 7 6 CARNÍVORO 13 9 4 8 São divididas em: a) Costelas esternais ou verdadeiras: são aquelas que se articulam com o osso esterno por meio de suas cartilagens costais. Geralmente são os primeiros pares. b) Costelas asternais ou falsas: são aquelas que são articuladas entre si, por meio das suas cartilagens costais e formam o arco costal. São todas aquelas que não são verdadeiras. 16 c) Costelas flutuantes: são as que sua extremidade ventral termina livremente, não aderida a uma cartilagem adjacente (arco costal). As duas últimas costelas no homem e carnívoros. *Espaço intercostal: é o intervalo entre as costelas. 2.9.2.1 Características gerais das costelas Cada costela é constituída por um corpo e duas extremidades: a) Corpo: é a porção média da costela que se apresenta de forma arqueada. Face lateral: é convexa e apresenta cranialmente um sulco longitudinal até a porção mediana. Face medial: é côncava e apresenta caudalmente uma depressão chamada de sulco costal, por onde passam artéria, veia e o nervo intercostal. b) Extremidade dorsal ou vertebral: apresenta uma cabeça, colo e tubérculo. *Cabeça: apresenta duas superfícies articulares, separadas por um sulco onde se prende o ligamento intra-articular, que vão se articular com o corpo de duas vértebras adjacentes na fóvea costal. *Colo: É a porção estreita logo após a cabeça que une esta ao corpo. *Tubérculo: apresenta uma superfície articular que se articula com o processo transverso da vértebra de igual número de série. c) Extremidade ventral ou esternal: apresenta uma tira de cartilagem que dá continuação as costelas e denomina-se cartilagem costal. Pode articular-se com o esterno (costelas esternais) ou com outra cartilagem adjacente por meio de tecido elástico para formar o arco costal (costelas asternais). A primeira costela é mais curta, sendo que seu corpo alarga grandemente na extremidade esternal. No terço médio do bordo cranial ocorre à presença do tubérculo do músculo escaleno. Sulcos estão ausentes. A cabeça é grande e o tubérculo maior ainda. COMPARADA: RUMINANTES: costelas mais largas e espaço intercostal mais estreito. Cavidade torácica mais curta e colo longo. SUÍNOS: costelas acentuadamente curvas em raças melhoradas, corpo estreito. CARNÍVOROS: o corpo é cilíndrico e a cartilagem costal é mais longa. 2.9.3 ESTERNO É um osso segmentário, situado na linha média, que forma o assoalho da cavidade torácica e articula-se lateralmente com as cartilagens das costelas esternais. Consta de 6-8 segmentos ósseos (esternebras) unidas por cartilagens interpostas em animais jovens. É conhecido vulgarmente como osso do peito. Apresenta a forma de uma canoa comprimida lateralmente, exceto na extremidade caudal que é achatada dorso ventralmente. Ventralmente apresenta a crista esternal que é palpável no animal vivo. Apresenta 3 porções: a) Manúbrio ou pré-esterno: extremidade mais cranial. A borda dorsal apresenta uma incisura que serve para articulação do primeiro par de costelas. No eqüino encontramos a cartilagem cariniforme, que é um prolongamento do manúbrio. Serve de inserção para músculos do peito e pescoço. b) Corpo ou mesoesterno: É a principal parte, apresenta lateralmente, no ponto de união dos segmentos, superfícies articulares côncavas para articulação das costelas esternais. A face dorsal é côncava, em forma de triangulo estreito com a base caudal. A face ventral apresenta uma crista em forma de quilha que diminui ao se aproximar da extremidade caudal. Pode ser palpada no animal vivo. c) Extremidade caudal ou metaesterno: apresenta a cartilagem xifóide que é longa e delgada e, presa a última esternébra, o processo xifóide. Dorsalmente, serve de inserção ao músculo do diafragma e ventralmente serve de inserção para o músculo transverso do abdome e para a linha alba. COMPARADA: 17 RUMINANTES: não tem cartilagem do manúbrio, nem crista ventral. A cartilagem xifóide é pequena e o esterno é achatado no sentido dorso-ventral. SUÍNOS: não apresenta cartilagem do manúbrio e nem crista ventral. O processo xifóide é longo e estreito. CARNÍVOROS: esternébras arredondadas. Não apresenta cartilagem do manúbrio, apresenta uma curta cartilagem cônica. O esterno é longo, sendo que este tem quase o mesmo comprimento da região torácica. TÓRAX O esqueleto do tórax está formado na regai dorsal pelas vértebras torácicas, lateralmente pelas costelas e cartilagens costais e, ventralmente, pelo esterno. Apresenta uma forma de cone achatado lateralmente com abertura nas duas extremidades. O ápice é a abertura cranial e a base a abertura mais caudal. O tórax envolve e protege os órgãos torácicos. *Entrada do tórax: é mais estreita e é formada pela primeira vértebra torácica, primeiro par de costelas e pelo manúbrio. *Saída do tórax: é mais ampla e está formada pela última vértebra torácica, último par de costelas, arco costal, última esternebra e processo xifóide. 2.9.4 CABEÇA ÓSSEA É a porção elevada e anterior das espécies domésticas, estando em posição normal. Está divididaem crânio e face. Crânio: é a porção mais caudal, é formado por ossos planos e esses concorrem para a formação da cavidade craniana, que vai proteger parte do sistema nervoso central o encéfalo. Está dividido em porção basal e porção dorsal (abóbada craniana). Porção basal: lembra a continuação da coluna vertebral, estando formado pelos seguintes ossos: Occipital (1), Esfenóide (1), Etmóide (1) e Temporal (2). Porção dorsal: forma o teto e parte das paredes laterais da cavidade craniana, compreendendo os ossos: Parietal (2), Interparietal (1) e Frontal (2), Face: forma a porção rostral e restante da cabeça, é constituída pelos seguintes ossos: Nasal (2),Lacrimal (2), Incisivo (2), Zigomático (2), Vômer (1), Maxilar (2), Pterigóide (2), Palatino (2), Concha Nasal (cornetos) (4 - 2 dorsais, 2 ventrais), Mandíbula (1) e Hióide (1). 2.9.4.1 Ossos do crânio 2.9.4.1.1 OCCIPITAL É o mais caudal dos ossos do crânio. Forma a parede caudal da abóbada craniana e da base, sendo que no encontro destas duas existe uma grande perfuração ao centro, o forame magno, que liga a cavidade craniana com o canal vertebral. O occipital divide-se em: - duas porções laterais - uma porção basilar - uma porção escamosa As porções laterais mais a porção basilar formam o forame magno. A porção escamosa não participa. As porções laterais apresentam: - côndilos do occipital que se articulam com o Atlas. - processo paracondilar (paramastóide) - fossa condílea ou condiliana - forame do nervo hipoglosso A porção basilar: Forma com seu bordo lateral o limite medial do hiato rasgado (forame lácero). Apresenta na fusão com o corpo do esfenóide, dorsalmente, a crista esfeno-occipital(internamente) e ventralmente (externo) dois tubérculos basilares. A porção escamosa apresenta: Face externa: 18 - crista nucal - crista parietal externa - protuberância occipital externa, onde se insere a porção funicular do ligamento nucal. Face interna: - protuberância occipital interna - impressões digitais - fossa cerebelar COMPARADA: RUMINANTES: forma parte ventral somente da superfície caudal do crânio; crista parietal externa estende-se ventralmente na protuberância occipital externa; côndilos mais afastados; processos paracondilares curtos e largos; na fossa condílea ventral encontramos 2 ou + forames o mais ventral é o forame do hipoglosso; a base do occipital é curta e apresenta 2 grandes tubérculos musculares localizados na junção com o esfenóide; não tem forame lácero, somente o forame jugular; não possui crista nucal e sim uma linha nucal; apresenta outros forames que são a abertura do canal condíleo. Forame mastóide na ovelha. SUÍNOS: forma a superfície caudal do crânio, achatado e alongado; processo paracondilar alongado; forame do hipoglosso localiza-se caudal ao forame jugular, apresenta forame lacero e tubérculo muscular; não têm protuberância occipital externa. CARNÍVOROS: côndilos achados; presença de forame mastóide entre o occipital e o temporal; processos paracondilares curtos; possuem crista nucal, forame jugular e forame lácero; forame do hipoglosso pequeno. 2.9.4.1.2 ESFENÓIDE Forma 2/3 rostrais do crânio entre o occipital caudalmente e etmóide rostralmente. Encontra-se dividido em três partes: corpo, asas temporais e asas orbitais. Embriologicamente é originado de duas partes isoladas, o basisfenóide e o pré-esfenóide, que se fundem completamente em um único osso no adulto. *Corpo Face ventral - sua porção rostral fica escondida em grande parte pelas asas do vômer e ossos pterigóides. Seio esfenoidal - o corpo do esfenóide apresenta uma cavidade que é revestida de membrana mucosa e está repleta de ar e que entra em contato com o meio externo através do fundo da cavidade nasal, o seio esfenoidal. Como todos os seios paranasais, tem a função de diminuir o peso específico do crânio. Face dorsal: intracraniana - asa orbitária - asa temporal - corpo do esfenóide - processo basilar do occipital - sulco óptico - canais ópticos - fossa hipofisária (sela túrcica) - sulco para o seio cavernoso da dura-máter - sulco do nervo maxilar - crista esfeno-occipital - hiato rasgado *Asas orbitárias Face interna - Apresenta impressões dos giros cerebrais, é ampla e arredondada, pois a formação em escamas sobrepostas faz com que na face externa apenas uma pequena parte seja visualizada na fossa pterigopalatínica. Face externa - Fica em grande parte escondida pela asa temporal e pelos ossos temporais e frontais. Seu contorno é de um dedo limitado caudalmente pela porção temporal do frontal e rostralmente pela porção orbitária do frontal, na fossa pterigopalatínica, dorsalmente a asa temporal. 19 *Asas temporais Face interna - Corresponde a pequena parte lateral ao corpo do esfenóide e é ocupada pelos sulcos para o seio cavernoso da dura-máter e para o nervo maxilar. Apresenta impressões digitais. Face externa - Apresenta uma projeção rostro-ventral, o processo pterigóide do esfenóide que é vazado na base pelo forame alar caudal. Seu bordo rostral forma a crista pterigóide (pterigopalatínica) que é perfurada pelo forame alar parvo. Ela esconde os seguintes forames caudais da fossa pterigopalatínica, de dorsal para ventral: -Forame Etmoidal -Forame Óptico -Fissura Orbitária -Forame Redondo -Forame Alar rostral Seu bordo caudal forma o limite rostral do forame lácero que apresenta 3 incisuras que são de medial para lateral: -Incisura carotídea – p/ a artéria carótida interna -Incisura oval – p/ o nervo mandibular -Incisura espinhosa – p/ a artéria meníngea média. Processo pterigóide do esfenóide - É uma projeção rostroventral da asa temporal e do corpo do esfenóide que se funde como um bisel escamoso. COMPARADA: RUMINANTES: crista pterigóide, forame órbito-redondo (fissura orbitária + forame redondo), forame oval, não apresenta canal alar. SUÍNOS: corpo triangular, forame órbito-redondo, crista pterigóide, não apresenta canal alar nem forame oval. CARNÍVOROS: crista pterigóide, forame oval, canal alar, forame orbito-redondo, forame óptico, forame etmoidal . 2.9.4.1.3 ETMÓIDE Está localizado rostralmente ao esfenóide formando a parede rostral da abóbada, que é o septo ou tabique que separa a cavidade craniana das cavidades nasais. É formado por: - 2 lâminas crivosas ou crivadas - 2 massas laterais (medial em meia cabeça) - 1 lâmina perpendicular *Lâminas crivosas São tabiques em forma de peneira, vazadas por inúmeros orifícios, onde passam as fibras nervosas que formam o I par craniano, o nervo olfatório. Face cerebral - é côncava e está dividida na linha mediana pela crista galli, em duas fossas etmoidais. A crista galli é a projeção intracraniana da lâmina perpendicular. A fossa etmoidal recebe o bulbo olfatório e contém nas laterais o forame etmoidal, que se abre na fossa pterigopalatínica. Face nasal - é convexa e dela pende as massas laterais, que são compostas por endoturbinados, para o interior das cavidades nasais. *Massas laterais São lâminas ósseas finas do tipo papiráceas enroladas, formando os endoturbinados, os quais diminuem de tamanho de dorsal para ventral. O primeiro é o maior e se insere no osso nasal e é chamada concha nasal dorsal (I endoturbinado). O segundo é bem menor e chama- se de grande célula etmoidal ou concha nasal média.(II endoturbinado). *Lâmina perpendicular Forma a parte caudal do tabique (septo) nasal, é a parte óssea, o restante do septo é cartilagíneo. Na crista perpendicular localiza-se a crista galli. 2.9.4.1.4 TEMPORAL 20 Está localizado de cada lado da cavidade craniana e subdividido em porção escamosa,petrosa e timpânica (a timpânica será descrita juntamente com a petrosa) *Porção Escamosa Externamente: - Processo zigomático do temporal: se une ao processo temporal do zigomático e forma o arco zigomático. - Côndilo temporal (tubérculo articular): articula-se com os côndilos da mandíbula. - Cavidade glenóide (fossa mandibular) - Processo retroarticular - Forame retroarticular - Contribui na formação da parede medial da fossa temporal Internamente: - côncava com impressões digitais dos giros cerebrais. *Porção Petrosa Tem a forma de uma pirâmide, esta dividida em quatro faces, uma base e um ápice (vértice), que abriga em seu interior os órgãos que captam a audição e o equilíbrio estático e dinâmico. Face externa: - Processo acústico externo com o meato acústico externo - Processo mastóide - Sulco para artéria meníngea caudal Face Interna: - Meato acústico interno - Crista petrosa (onde se fixa a tenda do cerebelo) Base: - Processo muscular - Processo estilóide (local onde se articula com o osso hióide) - Forame estilomastóide (abertura externa do canal facial) - Ampola óssea (bolha timpânica) Ápice (vértice): porção mais dorsal, está relacionada com a porção escamosa do temporal e com o osso occipital. COMPARADA: RUMINANTES: processo retroarticular menos proeminente, processo muscular é grande, não possui processo mastóide, possui meato temporal. SUÍNOS: processo retroarticular reduzido, bula timpânica alongada, processo muscular, processo mastóide reduzido, processo estilomastóide fundido a bula timpânica, forame estilomastóide. CARNÍVOROS: não apresenta côndilo temporal, processo retroarticular grande, meato temporal, processo mastóide, forame estilomastóide, processo muscular, processo estilóide. 2.9.4.1.5 PARIETAL Ocupam a maior parte da abóbada craniana. Os dois parietais fundem-se na linha mediana pela sutura parietal ou interparietal. Face externa: é convexa e apresenta a crista parietal externa que se bifurca rostralmente, indo alcançar o processo supraorbitário (zigomático) do frontal. Forma parte da parede medial da fossa temporal. Face interna: é côncava e apresenta as impressões dos giros cerebrais e na linha mediana forma a crista parietal interna, que é sulcada e por onde corre o seio longitudinal da dura-máter. Bordo rostral: apresenta a sutura parieto frontal. Bordo caudal: forma as suturas parieto occipital e parieto interparietal. Bordo medial: apresenta a sutura parietal. Bordo lateral: forma a sutura escamosa, entre o parietal e a porção escamosa do temporal. COMPARADA: RUMINANTES: não forma o teto, mas a porção caudal do crânio, crista parietal externa é reduzida. 21 SUÍNOS: semelhante aos eqüinos, crista parietal externa nas duas extremidades. CARNÍVOROS: semelhante aos eqüinos. 2.9.4.1.6 INTERPARIETAL Situado na linha mediana, rostralmente a porção escamosa do occipital e caudalmente aos ossos parietais. É descrito como um osso ímpar. Face externa: é lisa e cortada na linha mediana pela crista parietal externa. Face interna (cerebral): apresenta a protuberância occipital interna que é uma eminência em forma de pirâmide triangular com 3 bordos cortantes, com o ápice projetado ventro- rostralmente, entre os hemisférios cerebrais e o cerebelo. A base da protuberância é vazada transversalmente pelo sulco transversal onde corre o seio comunicante da dura-máter. 2.9.4.1.7 FRONTAL Forma a parte mais rostral da abóbada craniana e a parte mais caudal do teto da face, correspondendo a testa. Face externa: é quase lisa, plana e subcutânea. Apresenta uma projeção láteroventral, o processo supraorbitário ou zigomático do frontal, com um forame supraorbitário. Face interna: a lâmina interna projeta-se internamente dos ossos nasais em direção caudo- ventral indo se fundir ao dorso das lâminas crivosas e perpendicular do etmóide, daí projeta-se caudo-dorsalmente indo fundir-se internamente a lâmina externa do frontal, criando assim um espaço chamado seio frontal. Este é dividido na linha mediana por um septo completo e cada seio é subdividido incompletamente por numerosos tabiques ósseos. Processo zigomático do frontal - projeta-se látero-ventralmente fusionando-se ao arco zigomático, fechando caudalmente a cavidade orbitária. Relaciona-se com os ossos: Frontal do antímero oposto – sutura frontal Nasal – sutura fronto nasal Lacrimal – sutura fronto lacrimal Parietal – sutura parieto frontal (coronal) Temporal – sutura escamosa Esfenóide – sutura fronto esfenoidal Palatino – sutura fronto palatina Maxilar – sutura fronto maxilar COMPARADA: RUMINANTES: forma metade do comprimento total do crânio, as bordas formam com o parietal uma grande protuberância intercornual ponto mais alto do crânio; processo cornual (animais aspados), processo zigomático curto e se une ao processo frontal do zigomático, forame supraorbital apresenta o sulco supraorbital. SUÍNOS: processo zigomático é incompleto, não alcança o arco zigomático; forame supraorbital na parede superior da órbita, apresenta sulco supraorbital. CARNÍVOROS: processo zigomático curto e não alcança o arco. A órbita é completada por uma fibrocartilagem; não apresenta forame supraorbitário. 2.4.9.2 Ossos da face 2.4.9.2.1 NASAL Rostralmente aos frontais formando a maior parte do teto da cavidade nasal. Face externa (facial) - é lisa e convexa transversalmente. Face interna (nasal) - é lisa, côncava e cortada longitudinalmente pela crista para a inserção da concha nasal dorsal. Forma, na extremidade caudal, pequena parte do teto do seio frontal. Bordo medial - é reto com sutura internasais. Bordo lateral - apresenta as suturas naso maxilar e naso lacrimal. Extremidade caudal - sutura naso frontal. Extremidade rostral - é um vértice livre, que concorre na formação da incisura nasoincisiva. COMPARADA: 22 BOVINOS: não se funde com os ossos adjacentes mesmo na idade avançada, a extremidade rostral é alargada e apresenta uma incisura. OVINOS: semelhante ao eqüino. SUÍNOS: na extremidade rostral da cartilagem do septo nasal entre os ossos nasal e incisivo apresenta o osso rostral (osso do focinho do porco). CANINOS: não formam a incisura nasoincisiva. 2.4.9.2.2 LACRIMAL Está localizado na porção rostral da órbita e estende-se rostralmente sobre a face até o maxilar. Articula-se com o osso frontal e nasal dorsalmente e com o zigomático e maxilar ventralmente. Apresenta 3 faces: orbitária, facial e nasal. Face orbitária - é triangular, lisa e côncava. Forma parte da parede rostral da cavidade orbitária. Apresenta a fossa para o saco da glândula lacrimal, da qual parte o canal lacrimal ósseo abrindo-se no sulco lacrimal do maxilar, na cavidade nasal. Face facial - é um pentágono irregular, convexa e lisa com um pequeno processo lacrimal ao centro. Face nasal - projeta-se no interior dos seios frontal e maxilar. É côncava e irregular, e é cruzada longitudinalmente pelo canal lacrimal ósseo. COMPARADA: RUMINANTES: não tem processo lacrimal, fossa para o saco lacrimal é pequena. OVINOS: fossa lacrimal externa ou infraorbitária que no animal vivo abriga a bolsa infraorbitária. SUÍNOS: dois orifícios lacrimais, fossa canina ou muscular. CANINOS: osso bem pequeno, sem face facial. 2.4.9.2.3 ZIGOMÁTICO (malar) Articula-se com o osso lacrimal dorsalmente, com o maxilar rostral e ventralmente, e com o temporal caudalmente. É composto de: face facial, face orbitária e face nasal com 3 bordos e 1 processo.. Face facial - é lisa e convexa, larga rostralmente e estreita caudalmente. Apresenta, ventralmente, a crista facial onde se insere o músculo masseter, que fecha a boca. Face orbitária - é muito pequena e está separada da face facial por um bordo orbitário côncavo. É côncava e lisa. Face nasal - é côncava e se projetano interior do seio maxilar. Processo temporal do zigomático - é uma projeção caudal, em bisel, que se funde ao processo zigomático do temporal, ventralmente, formando com este o arco zigomático. COMPARADA: RUMINANTES: apresenta o processo bifurcado em duas porções: uma é o processo frontal do zigomático que se articula com o processo zigomático do frontal e a outra é o processo temporal do zigomático. SUÍNOS: não se articula com o frontal, processo temporal bastante robusto e também é bifurcado; forma parte da fossa muscular ou canina. CANINO: o processo temporal é a maior parte do osso zigomático. É muito longo e fortemente curvo. Entre os processos temporal e zigomático existe uma pequena eminência denominada de processo frontal, no qual se insere o ligamento orbitário. 2.4.9.2.4 MAXILAR OU MAXILA Situa-se na porção lateral da face, articula-se com quase todos os ossos da face e aloja os dentes molares superiores. Apresenta 1 corpo e 2 processos (o palatino e o zigomático do maxilar). *Corpo Face externa: é côncava rostralmente e convexa caudalmente. Apresenta a crista facial, que é a continuação rostral do arco zigomático. É vazada pelo forame infraorbitário. Face interna ou nasal: dentro da cavidade nasal. É côncava dorso-ventralmente e forma a maior parte da parede lateral da cavidade nasal. Apresenta o sulco lacrimal – que é a 23 continuação do canal lacrimal ósseo, proveniente do saco da glândula lacrimal. A crista para inserção da concha nasal ventral. Canal infraorbitário – leva vasos e nervos infraorbitários entre o forame maxilar e infraorbitário. Ele está situado no bordo dorsal da lâmina interna do maxilar, a qual delimita medialmente uma cavidade chamada seio maxilar. Esta grande cavidade do corpo da maxila é subdividida parcialmente por trabéculas ósseas. Ele é revestido por membrana mucosa, abrindo-se na cavidade nasal e está repleto de ar. Como todo seio paranasal, têm a função de diminuir o peso específico do crânio. Bordo dorsal - é irregular e escamoso e articula-se com os ossos incisivos, nasais e lacrimais. Bordo ventral ou alveolar - apresenta 6 alvéolos dentários separados por tabiques inter alveolares para os 6 dentes molares superiores. Rostralmente ao primeiro grande molar freqüentemente existe um alvéolo para o primeiro pré-molar chamado de dente de lobo. Extremidade rostral - é pontiaguda e articula-se com o osso incisivo. Extremidade caudal - é larga e apresenta: a tuberosidade maxilar, caudal ao último dente e o processo zigomático do maxilar. *Processo palatino: que forma a maior parte do palato duro. Apresenta o sulco palatino, forame palatino maior rostral e os forames palatinos menores ou acessórios. *Processo zigomático do maxilar: é uma projeção em forma de estilete, situado ventromedialmente ao processo temporal do osso zigomático. COMPARADA: RUMINANTES: maxilar é mais curto, o forame infra-orbitário pode ser duplo, principalmente no ovino. Não apresenta crista facial, apresentando no seu lugar a tuberosidade facial. SUÍNOS: o maxilar é alongado, forame infra-orbitário geralmente é duplo; fossa muscular ou canina. CANINOS: não apresenta crista nem tuberosidade facial 2.4.9.2.5 INCISIVO É o osso mais rostral da face, articula-se com os ossos nasais, maxilares e vômer. É composto de um corpo e dois processos: palatino e nasal. *Corpo: a face labial é lisa e relaciona-se com o lábio superior e a face palatina é côncava. O corpo acha-se perfurado pelo canal inter-incisivo, onde penetram artéria, veia e nervo incisivo. *Processos nasais: projetam-se caudal e dorsalmente formando parte da parede lateral da cavidade nasal. Formam, juntamente com o osso nasal, a incisura naso-incisiva, que é a abertura óssea da narina. Ventralmente, na junção com o maxilar, forma no macho adulto, o alvéolo para o dente canino, raramente ocorrendo em fêmeas. *Processos palatinos: são duas lâminas ósseas que formam a porção rostral do palato duro. Está separada lateralmente do maxilar pela fissura palatina. Bordo alveolar: apresentam três alvéolos profundos para os dentes incisivos superiores. COMPARADA: RUMINANTES: não apresentam dentes incisivos superiores nem processos alveolares, o canal inter incisivo se transforma fissura inter incisiva. Possui incisura naso-incisiva e a fissura palatina é alargada. SUÍNOS: fissura palatina é alargada e o canal inter-incisivo transforma-se em fissura. CANINOS: não possui incisura naso-incisiva. Há canal inter-incisivo. 2.4.9.2.6 VÔMER Está localizado na cavidade nasal. É constituída por uma lâmina que forma rostralmente um sulco septal onde se encaixa a cartilagem do septo nasal. Caudalmente se expande lateralmente como se fossem orelhas de gato formando uma incisura sem nome. Lateralmente estão limitadas pelo palatino e pterigóide. COMPARADA: RUMINANTES: o sulco septal é bem mais alargado. 2.4.9.2.7 PTERIGÓIDE 24 São lâminas ósseas encurvadas que articulam-se com os ossos palatino, esfenóide e vômer. Formam parte das paredes laterais das coanas. A extremidade ventral é livre e forma o processo ganchoso do pterigóide ou hâmulo do pterigóide. COMPARADA: SUÍNOS: é fino e rombudo. D+ ESPÉCIES: o hámulo é menor. 2.4.9.2.8 PALATINO Estão situados em ambos os lados das coanas e formam a porção caudal do palato duro. Apresentam duas lâminas: horizontal e perpendicular. Coana é a abertura caudal da cavidade nasal *Lâmina horizontal: é plana e forma a porção caudal do palato duro. Possui a forma de uma ferradura quando unida a lâmina do lado oposto. Une-se com o processo palatino do maxilar e forma com este o forame palatino maior rostral que é a saída do canal palatino. *Lâmina perpendicular: forma a parede lateral das coanas e parte da parede da fossa pterigopalatina. São côncavas e lisas. Forma com o osso pterigóide o processo pterigóide. Forames rostrais da fossa pterigopalatínica (de dorsal p/ ventral): forame maxilar, forame esfenopalatino e forame palatino maior caudal. Forame maxilar → canal infraorbitário → forame infraorbitário Entra nervo e artéria maxilar – nervo e artéria infraorbitário – sai artéria nasal dorsal . e nervo infraorbitário Forame esfenopalatino → cavidade nasal (coana) Levam vasos e nervos esfenopalatinos para a cavidade nasal For. palatino maior caudal → canal palatino → for. palatino maior rostral Levam vasos e nervos palatinos para a cavidade bucal (palato duro) COMPARADA: RUMINANTES: lâmina horizontal ocupa 1/3 do palato duro, forame palatino maior rostral é mais medial; forame maxilar transforma-se em fissura maxilar. SUÍNOS: lâmina horizontal em formato de cunha; os forames palatinos maiores rostrais situam- se nos processos palatinos dos maxilares. CANINOS: lâmina horizontal forma 1/3 do palato duro. 2.4.9.2.9 CONCHAS NASAIS (cornetos) São ossos em forma de lâminas enroladas localizados no interior da cavidade nasal, são em número de 2 pares (ventral e dorsal) que estão separados pelo septo nasal. As conchas nasais dorsais (formação pertencente ao osso etmóide) estão fixadas nas cristas para inserção da concha nasal dorsal do osso nasal e as ventrais nas cristas para inserção da concha nasal ventral do osso maxilar. *Função: as conchas aumentam a superfície de contato do ar inspirado com a mucosa quente, aumentando a temperatura do ar, diminuindo a possibilidade de choque térmico, quando este ar chega aos pulmões. É por este motivo que se deve sempre respirar pelo nariz e não pela boca. *Meatos são os espaços existentes entre as conchas e são: Meato nasal dorsal: é o espaço entre a concha nasal dorsal e o teto da cavidade nasal. Meato nasal médio:é o espaço entre as conchas nasais dorsais e ventrais. Meato nasal ventral: é o espaço entre a concha nasal ventral e o assoalho da cavidade nasal. Meato comum: é o espaço entre as conchas e o septo nasal. 25 Figura 4 – Corte transversal da cabeça de equino na altura do quarto dente pré molar superior. 38 – concha nasal dorsal, 39 – concha nasal ventral, 33 – meato nasal comum, 34 – meato nasal ventral, 35 – meato nasal médio, 36 – meato nasal dorsal. Figura 5 – Corte mediano da cabeça de eqüino. 5 – concha nasal dorsal, 6 – concha nasal média, 8 – concha nasal ventral, 13 – meato nasal dorsal, 14 – meato nasal médio, 15 – meato nasal ventral 2.4.9.2.10 MANDÍBULA É o maior osso da face e é ímpar. As duas metades se fundem quando o animal apresenta ao redor de dois meses de idade. Para descrição consiste em um corpo e dois ramos verticais. *Corpo: é a porção horizontal, espessa, que apresenta os dentes incisivos inferiores. Face lingual: é lisa e côncava onde repousa a ponta da língua. Face mentoniana: é convexa e corresponde ao lábio inferior. Está marcada por um sulco central que corresponde à sínfise mandibular. Borda alveolar: apresenta seis alvéolos para os dentes incisivos inferiores e um pouco mais caudal, um alvéolo para o dente canino no macho, raramente em fêmeas. *Ramos: estende-se caudalmente ao corpo formando o ângulo da mandíbula e continuando-se como porção vertical. Na sua divergência entre os ramos forma o espaço inter mandibular. Apresenta a porção horizontal, porção vertical, 2 faces, 2 bordos e 2 extremidades. a) PORÇÃO HORIZONTAL Face lateral: é lisa e apresenta na junção com o corpo o forame mentoniano que é a abertura rostral do canal mandibular. Face medial: é lisa e apresenta a linha milohioidea, próxima ao bordo ventral, onde se insere o músculo milohioideo. 26 b) PORÇÃO VERTICAL Face lateral: com linhas rugosas para inserção do músculo masseter. No cão existe uma fossa massetérica. Face medial: é côncava e apresenta linhas de inserção para o músculo pterigóideo interno. É perfurada pelo forame mandibular que é a entrada do canal mandibular. c) BORDO ALVEOLAR (dorsal) - apresenta seis alvéolos pares para os dentes molares inferiores. d) BORDO VENTRAL - é arredondada no cavalo jovem, tornando-se estreita e cortante nos animais idosos. Próximo ao ângulo da mandíbula existe pequena depressão denominada de incisura onde os vasos faciais e o ducto parotídeo, contornam o osso. É local de tomada de pulso no eqüino. e) EXTREMIDADE ROSTRAL – é a que se une ao corpo. f) EXTREMIDADE ARTICULAR – apresenta o processo coronóide onde se insere o músculo temporal, que fixa a mandíbula ao crânio. Um côndilo mandibular que se articula com a porção escamosa do temporal, um colo da mandíbula e uma incisura mandibular. *Ângulo da mandíbula - é largo e áspero e onde se insere o músculo occipito mandibular (digástrico) que abre a boca. Canal mandibular - inicia no forame mandibular e abre-se no forame mentoniano, seu trajeto é ventral aos dentes molares, e por ele passam artéria, veia e nervo alveolares inferiores. COMPARADA: RUMINANTES: as duas metades não se fundem completamente mesmo na idade avançada, portando existe sínfise mandibular. O corpo é mais curto e mais largo, e apresenta 8 alvéolos para os dentes incisivos inferiores. Não há alvéolos para os dentes caninos. Apresenta 6 alvéolos para os dentes molares. O processo coronóide é mais extenso e se projeta caudalmente. O ramo é menor que o do eqüino. SUÍNOS: existe um par de forames mentonianos mediais. Na face lateral há vários forames mentonianos laterais. Apresenta alvéolos para os dentes caninos dirigidos lateralmente. O processo coronóide é pequeno e a incisura mandibular é larga. CANINOS: apresenta sínfise mandibular. Apresenta alvéolos para os dentes caninos. Existem dois ou três forames mentonianos. O processo coronóide é muito extenso. No ângulo entre o corpo e o ramo vertical da mandíbula existe o processo angular que se projeta caudalmente. 2.4.9.2.11 HIÓIDE É conhecido vulgarmente por osso da língua. Está situado entre os ramos da mandíbula, caudalmente. É constituído por diversas peças ósseas que se articulam entre si. Está inserido no processo estilóide da parte petrosa do temporal através da cartilagem tímpano hióide. Projeta-se rostralmente através de uma lâmina óssea denominada estilo-hióide, forma um ângulo de 90° e continua-se com o cerato-hióide, este último articula-se com uma peça transversal denominada basi-hióide. As extremidades laterais do basi-hióide projetam-se caudalmente constituindo os tiro-hioídes. Medianamente projeta-se rostralmente em um longp processo lingual. O processo lingual é o local onde se fixa a base da língua e o tiro-hióide sustenta a laringe. COMPARADA: RUMINANTES: entre o estilo-hióide e o cerato-hióide existe o epi-hióide. SUÍNOS: apresenta epi-hióide e o processo lingual é curto e pontiagudo. CANINO: apresenta epi-hióide é bem desenvolvido e não apresenta processo lingual. 27 Figura 6 - Osso hióide de equino: g – ângulo articular; f’ – ângulo muscular; f – estilo-hióide; e – epi- hióide (fundido no estilo-hióide - vermelho); d – cerato-hióide; a – basi-hióide; b – processo lingual; c – processo tiro-hióide; c’ – catilagem de c. Figura 7 - Osso hióide de bovino: 1 – ângulo articular; 2’ - ângulo muscular; 2 – estilo-hióide; 3 – epi- hióide; 4 – cerato-hióide; 5 - processo tiro-hióide; 6 - cartilagem de 5; 7 – basi-hióide; 8 - processo lingual. 2.10 ESQUELETO APENDICULAR O esqueleto apendicular é formado pelos ossos que formam os membros torácicos ou anteriores e os membros pélvicos ou posteriores. 2.10.1 MEMBRO TORÁCICO OU ANTERIOR Consiste de quatro partes: cintura escapular, braço, antebraço e mão. *Cintura escapular - quando completamente desenvolvida é formada por escápula, coracóide e clavícula. Nos mamíferos domésticos somente a escápula é desenvolvida e o osso coracóide funde-se com ela. A clavícula está ausente ou é um pequeno rudimento encravado no músculo braquiocefálico. Os membros torácicos se articulam com o tronco por meio de músculos. Este tipo de articulação é denominada sisarcose. *Braço - consiste de um único osso longo, o úmero. *Antebraço - é formado por dois ossos, rádio e ulna. *Mão - é formada por carpo, metacarpo, falanges e sesamóides. 2.10.1.1 ESCÁPULA (cintura escapular) É um osso plano situado lateralmente na porção cranial da parede do tórax. Tem forma triangular e apresenta duas faces, três bordas e três ângulos. 28 Face lateral - acha-se dividida em duas fossas pela espinha da escápula. Esta espinha apresenta uma proeminência central denominada de tuberosidade da espinha. A fossa situada cranialmente a espinha é denominada de fossa supra-espinhosa e a localizada caudalmente de fossa infra-espinhosa, sendo esta última maior. Face costal (medial) - apresenta a fossa subescapular. Borda proximal - situa-se a cartilagem escapular. Borda cranial - é convexa e rugosa na porção proximal; côncava e lisa na porção distal. Borda caudal - é levemente côncava. Ângulo articular (distal ou glenóide) - une-se ao corpo da escápula pelo colo. Apresenta a cavidade glenóide para articular com a cabeça do úmero. A cavidade é oval com uma incisura glenóide. Apresenta também, o tubérculo supraglenóide cranialmente, e no seu lado medial temos o processo coracóide. ** A cavidade glenóide articula-se com a cabeça do úmero, sendo portanto uma exceção. Ângulo cranial e caudal - no ruminante, no cão, no gato e no suíno (rudimentar) a espinha da escápula projeta-se distalmente formando o acrômio. COMPARADA: RUMINANTES: a fossa supra-espinhal não se estende até a porção ventral do osso. A tuberosidade da espinha
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