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OAB 1ª Fase - XI Exame (Teoria) 
Direito Processual Civil 
Sabrina Dourado 
1 
EXECUÇÃO 
 
1) Noções gerais 
A execução, em suas diversas 
modalidades, objetiva satisfazer a obrigação 
definida em título executivo. Este título 
executivo, por sua vez, pode ter sido formado 
tanto em Juízo, por meio de uma sentença ou 
decisão interlocutória, ou fora dele, em razão 
da eficácia executiva de que são dotados 
alguns títulos de crédito ou contratos, como o 
de locação, por exemplo. 
A execução inicia-se e desenvolve-
se sempre em benefício do credor da 
obrigação, por meio de atos de coerção, com a 
possibilidade de se impor multa ao devedor 
pelo não cumprimento da obrigação no prazo, 
ou ainda com a apropriação e eventual 
disposição dos bens do devedor, entre outras 
medidas. 
Porém, não são todas as 
obrigações que necessitam de um processo 
executivo autônomo para serem satisfeitas. 
Isto porque, a partir da modificação 
do CPC promovida pela Lei 8.953/94, o 
cumprimento das obrigações de fazer ou não 
fazer e de entregar coisa, definidas em títulos 
executivos judiciais (sentenças ou decisões 
interlocutórias, ainda que liminares), dá-se por 
meio do procedimento previsto nos artigos 461 
e 461-A do CPC. Ou seja, depois de prolatada 
a decisão que fixou a obrigação, desnecessária 
será a formação de nova relação processual 
porque a efetivação da obrigação ocorrerá no 
mesmo processo e de forma diversa da 
execução tradicional, pois poderá ser iniciada 
até mesmo de ofício pelo juiz. 
Esse tipo de provimento judicial, 
seguindo a classificação quinária proposta por 
Pontes de Miranda, tem eficácia executiva, pois 
confere autorização para que a decisão seja 
executada nos mesmos autos, sem a 
instauração de procedimento autônomo. 
Diverge, portanto, das sentenças 
condenatórias, que declaram a existência da 
obrigação, condenando o devedor ao seu 
cumprimento, e devem submeter-se ao 
procedimento executivo para serem satisfeitas, 
caso não cumpridas voluntariamente pelo 
devedor, e também das sentenças 
mandamentais, que emitem uma ordem de 
cumprimento à parte, sob pena de imposição 
de alguma medida coercitiva como multa ou 
prisão civil, e até mesmo de configuração de 
crime de desobediência. De acordo com a 
classificação referida, as sentenças podem 
ainda ser declaratórias ou constitutivas. 
Não se tratando, portanto, de 
obrigações de fazer ou não fazer e entregar 
coisa previstas em título judicial, a execução 
das demais obrigações previstas em títulos 
executivos pode se dar tanto em processo 
executivo específico, como em fase do 
processo de conhecimento. 
O sistema executivo originalmente 
previsto no Código de Processo Civil 
estabelecia um procedimento único de 
execução para os títulos executivos 
extrajudiciais e para as sentenças. Em ambos 
era necessário o ajuizamento de ação 
autônoma, o que causava uma demora 
excessiva, em flagrante prejuízo ao exequente. 
Foi a alteração promovida no CPC 
pela Lei 11.232/05 que trouxe a separação dos 
procedimentos ao estabelecer que as 
obrigações de pagar quantia definidas em título 
executivo judicial agora não mais são 
executadas em relação processual executiva 
autônoma, mas sim por meio de atos 
executivos a serem realizados em fase do 
mesmo processo, denominada de fase de 
“cumprimento da sentença”. Diante desta 
modificação, passou-se também a denominar 
de “sincrético” este processo que unificou o 
processo de conhecimento e o de execução, 
permitindo que a efetivação forçada do julgado 
seja feita como fase do mesmo processo. 
Porém, os títulos executivos que 
não foram formados em juízo, denominados de 
extrajudiciais (ainda que estipulem obrigação 
de fazer e não fazer ou entregar coisa), assim 
como alguns títulos judiciais (como a sentença 
penal condenatória, a sentença arbitral, a 
sentença estrangeira – art. 475-N do CPC – e a 
sentença condenatória proferida contra a 
Fazenda Pública – art. 730 e 731 do CPC), 
continuam a ser executadas por meio de 
processo executivo autônomo. 
Por fim, convém observar que a 
partir da Lei nº. 11.232/2005, o devedor não 
mais pode promover a denominada execução 
invertida, com o objetivo de citar o credor para 
vir receber seu crédito. Assim, o devedor que 
desejar cumprir a obrigação prevista em título 
executivo extrajudicial deverá ajuizar a 
 
 
 
 
 
 
 
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OAB 1ª Fase - XI Exame (Teoria) 
Direito Processual Civil 
Sabrina Dourado 
2 
competente ação de consignação em 
pagamento. 
 
2) Princípios da ação executiva 
Além dos princípios gerais do 
direito processual, notadamente aqueles de 
previsão constitucional como o do devido 
processo legal, do contraditório e ampla 
defesa, entre outros, o procedimento executivo, 
por sua especificidade em relação aos demais 
procedimentos, ostenta princípios próprios, a 
saber: princípio da patrimonialidade, princípio 
da efetividade ou utilidade, princípio da 
disponibilidade e princípio da menor 
onerosidade. 
 
2.1) Princípio da patrimonialidade: 
De acordo com o art. 591 do CPC, 
o devedor responde, para o cumprimento de 
suas obrigações, com todos os seus bens, 
presentes e futuros, salvo as restrições 
estabelecidas em lei. 
Portanto, o devedor não poderá, 
salvo na hipótese de inadimplemento voluntário 
e inescusável de prestação alimentícia, como 
se verá adiante, sofrer qualquer restrição à sua 
liberdade em razão de descumprimento de 
suas obrigações, pois para a satisfação delas 
será atingido apenas o seu patrimônio. 
A responsabilidade patrimonial pelo 
cumprimento das obrigações será originária, 
quando for o patrimônio do próprio devedor que 
responderá pela dívida. 
Será, porém, secundária, quando o 
patrimônio de terceiros for atingido para 
satisfazer a obrigação do devedor. No entanto, 
por se tratar de medida excepcional, somente 
será atingido o patrimônio de terceiros nas 
hipóteses taxativamente previstas no art. 592 
do CPC. Neste caso, mesmo não sendo 
devedores e não fazendo parte da relação 
executiva, os terceiros ali relacionados poderão 
ter seus bens atingidos. 
 Como ressalva o art. 591 do CPC, 
a hipótese de responsabilidade patrimonial 
secundária configura exceção ao princípio da 
patrimonialidade, a qual, como todas as 
restrições de direitos, deve estar 
expressamente previstas em lei e ser 
interpretada restritivamente. 
Como exceção ao princípio da 
patrimonialidade, temos a possibilidade de 
haver prisão civil por dívida nas hipóteses 
previstas no art. 5º, inciso LXVII, da 
Constituição Federal, relativas ao responsável 
pelo inadimplemento voluntário e inescusável 
de obrigação alimentícia e a do depositário 
infiel. Porém, é necessário observar que a 
Convenção Americana sobre Direitos Humanos 
(Pacto de São José da Costa Rica), integrada 
em nosso ordenamento pelo Dec. nº 678, de 
06 de novembro de 1992, e que, segundo o 
parágrafo 3º do art. 5º da CF, tem natureza 
equivalente a emenda constitucional, apenas 
permite a prisão civil por dívida do devedor de 
obrigação alimentícia. A respeito, o STF editou 
a súmula vinculante nº 25, pacificando a 
questão: “É ilícita a prisão civil de depositário 
infiel, qualquer que seja a modalidade do 
depósito”. 
Há ainda algumas categorias de 
bens que não podem ser objeto de 
expropriação em execução. Com efeito, o art. 
649 do CPC e a Lei 8.009/90 relacionam 
diversos bens considerados impenhoráveis. 
Do mesmo modo, os bens públicos 
são também considerados impenhoráveis, 
devendo a execução contra a Fazenda Pública 
seguir o regime de precatórios, a ser estudado 
oportunamente. 
Não havendo bens do devedor ou 
de terceiros responsáveis para responder pela 
obrigação, deverá a execução ser suspensa, 
nos termos do art. 791, inciso III,do CPC. 
 
2.2) Princípio da efetividade e utilidade da 
execução 
Conforme já dito, a execução inicia-
se e desenvolve-se sempre em benefício do 
credor da obrigação definida em título 
executivo. Desse modo, no curso da execução, 
deverão ser penhorados tantos bens quantos 
bastem para o pagamento do principal 
atualizado, juros, custas e honorários 
advocatícios (CPC, art. 659). 
Porém, com o intuito de não tornar 
inútil o procedimento e apenas trazer prejuízo 
ao devedor, ressalva o § 2º do art. 659 que não 
se levará a efeito a penhora, quando for 
evidente que o produto da execução dos bens 
encontrados será totalmente absorvido pelo 
pagamento das custas da execução. 
A fim de se trazer efetividade ao 
procedimento executivo, autoriza-se que o 
credor também execute provisoriamente os 
títulos executivos judiciais ainda não 
 
 
 
 
 
 
 
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transitados em julgado, bem como a solicite a 
aplicação de multa diária na hipótese de não 
cumprimento da obrigação de fazer e não fazer 
e entregar coisa previstas em título executivo 
extrajudicial, dentre outras medidas. 
 
2.3) Princípio da disponibilidade 
Considerando que a execução é 
instaurada a pedido e em benefício do credor, 
inevitável que dela possa dispor, quando for de 
seu interesse. Poderá também dispor apenas 
de algumas medidas executivas, como a 
penhora de determinado bem, por exemplo, 
sem que tal ato acarrete a extinção do feito. Tal 
permissão, ademais, consta expressamente do 
art. 569 do CPC, que prevê: o credor tem a 
faculdade de desistir de toda a execução ou de 
apenas algumas medidas executivas. 
 
2.4) Princípio da menor onerosidade 
Tal princípio está inserto no art. 620 
do CPC e determina que se houver vários 
meios de o credor promover a execução, o juiz 
mandará que se faça pelo modo menos 
gravoso para o devedor, mas desde que a 
execução não se torne mais gravosa para o 
credor. 
 
3) Legitimidade ad causam para a execução 
3.1) Legitimidade ativa 
É apenas o credor que detém 
legitimidade ordinária para promover a 
execução (CPC, art. 566, inciso I). Tal 
condição, ademais, deve constar 
expressamente do título executivo que se 
pretende executar. E se o credor for menor, 
deverá estar representado ou assistido. 
O Ministério Público, se não figurar 
como credor no título executivo (hipótese em 
que terá legitimidade ordinária), poderá, 
quando autorizado por lei, promover a 
execução, postulando direito alheio em nome 
próprio (CPC, art. 566, inciso II). Neste caso, 
sua legitimidade será extraordinária. Como 
exemplo, temos a possibilidade de o Ministério 
Público executar a sentença condenatória 
proferida em ação coletiva movida por outro 
legitimado, quando este não a promover no 
tempo devido. 
Quando a condição de credor for 
transferida a outra pessoa, em razão de “causa 
mortis” ou negócio “inter vivos”, poderá este 
terceiro, na condição de legitimado derivado, 
sucessivo ou superveniente, promover ou 
prosseguir com a execução. Também não 
podemos confundir a legitimação derivada com 
a legitimação extraordinária, uma vez que na 
legitimação derivada não será postulado direito 
alheio em nome próprio, mas sim direito da 
própria pessoa que, embora não figure como 
credor no título executivo, teve para si 
transferidos os direitos do credor primitivo. 
O art. 567 do CPC prevê os 
seguintes legitimados derivados para a 
promoção ou prosseguimento da execução: 
I - o espólio, os herdeiros ou os 
sucessores do credor, sempre que por morte 
deste, lhes for transmitido o direito resultante 
do título executivo; 
Nessa hipótese, cumpre observar 
apenas que a legitimidade do espólio surge 
com a abertura do processo de inventário ou 
arrolamento e finda-se com a partilha, devendo 
sempre ser representado pelo inventariante. 
II - o cessionário, quando o direito 
resultante do título executivo lhe foi transferido 
por ato entre vivos; 
O ato negocial de cessão de crédito 
deverá ser escrito (CC, art. 288), sendo as 
consequências e responsabilidades do cedente 
e cessionário reguladas pela lei civil. 
III - o sub-rogado, nos casos de 
sub-rogação legal ou convencional. 
Dá-se sub-rogação quando um 
terceiro paga a dívida e assume a posição do 
primitivo credor, podendo cobrá-la mediante 
execução. As hipóteses de sub-rogação estão 
previstas nos artigos 346 e 347 do Código Civil. 
 
3.2) Legitimidade passiva 
Em regra, terá legitimidade para 
figurar no pólo passivo da ação de execução o 
devedor, assim reconhecido como tal no título 
executivo (CPC, art. 568, inciso I). Sua 
legitimidade, portanto, será ordinária. 
Porém, quando a condição de 
devedor for transferida, em razão de “causa 
mortis” ou negócio “inter vivos”, para um 
terceiro, este, na condição de legitimado 
derivado, sucessivo ou superveniente, poderá 
ser também executado. Os incisos II e III do 
art. 568 do CPC dispõem, a respeito, que o 
espólio, os herdeiros ou os sucessores do 
devedor, assim como o novo devedor, que 
assumiu, com o consentimento do credor, a 
 
 
 
 
 
 
 
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obrigação resultante do título executivo, são 
legitimados passivos à execução. 
Também poderá ser demandado 
em execução o fiador que assumiu em Juízo o 
compromisso de garantir o cumprimento da 
obrigação, ainda que não tenha feito parte do 
título executivo (CPC, art. 568, inciso IV). Nesta 
hipótese, a responsabilidade será 
extraordinária, pois responderá em nome 
próprio por débito alheio. 
Com relação à fiança convencional, 
o fiador somente poderá ser demandado 
diretamente se sua obrigação estiver prevista 
em título executivo extrajudicial; se a garantia 
estiver prevista em qualquer outro documento 
que não se revista da qualidade de título 
executivo, sua responsabilidade deverá ser 
primeiramente apurada em processo de 
conhecimento. Convém observar que este 
entendimento não afronta o disposto na 
Súmula 268 do STJ, que prevê que “o fiador 
que não integrou a relação processual de 
despejo não responde pela execução do 
julgado”, porque neste caso executa-se a 
sentença, proferida em relação processual da 
qual não fez parte o fiador, motivo pelo qual os 
efeitos da sentença não o alcançam. 
O responsável tributário, assim 
definido em legislação própria, também é 
considerado legitimado passivo extraordinário 
para a ação executiva, nos termos do art. 568, 
inciso V, pois responderá por débito alheio, 
como nos casos do inventariante, relativamente 
aos débitos do espólio (CTN, art. 134, IV). 
 
3.3) Litisconsórcio 
É plenamente admissível na 
execução a formação de litisconsórcio, seja 
ativo, passivo ou misto, assim como originário 
ou superveniente. E embora seja normalmente 
facultativa a formação de litisconsórcio na 
execução, não há qualquer impedimento na 
formação de litisconsórcio necessário, se o tipo 
da obrigação o exigir. 
 
3.4) Intervenção de terceiros na execução 
Considerando que a oposição, a 
nomeação à autoria, a denunciação da lide e o 
chamamento ao processo são hipóteses de 
intervenção de terceiro utilizáveis na formação 
do título executivo judicial, não têm cabimento 
na execução. 
Com relação à assistência, sua 
admissibilidade é polêmica na doutrina pois 
não haverá sentença a beneficiar juridicamente 
o terceiro. Porém, diante da redação do art. 
834 do Código Civil, há quem admita o 
ingresso do fiador como assistente do credor 
(CC, art. 834:“Quando o credor, sem justa 
causa, demorar a execução iniciada contra o 
devedor, poderá o fiador promover-lhe o 
andamento”). 
 
4) Pressupostos processuais do processo 
executivoAlém dos pressupostos processuais 
comuns a todos os procedimentos 
(classificados como pressupostos de 
existência: a) existência de demanda; b) 
investidura do órgão jurisdicional; c) citação 
válida; ou de pressupostos de validade 
positivos: a) petição inicial apta; b) 
competência do juízo; c) imparcialidade do juiz; 
d) capacidade de ser parte ou capacidade civil; 
e) capacidade de estar em juízo (ou 
capacidade processual ou “legitimatio ad 
processum”); f) capacidade postulatória; ou 
ainda chamados de pressupostos de validade 
negativos, que devem estar ausentes da 
relação processual: a) litispendência; b) coisa 
julgada; c) perempção), no processo executivo 
temos pressupostos específicos, relativos à 
obrigação que pode ser objeto de execução. 
De acordo com o art. 580 do CPC, 
somente pode ser instaurado procedimento 
executivo quando visar satisfazer obrigação 
certa, líquida, exigível e consubstanciada em 
título executivo. 
Certa é a obrigação que apresenta 
claramente definidos quem são seus sujeitos 
(credor e devedor), a natureza da prestação 
(que pode ser de pagar quantia, de fazer ou 
não fazer, ou de entregar coisa), bem como o 
objeto desta prestação. 
Líquida é a obrigação que tem 
determinado e mensurado o objeto da 
prestação (“quantum debeatur”), por meio da 
indicação da quantidade ou valor, por exemplo. 
Ademais, também será líquida a obrigação cujo 
objeto possa ser apurável por meio de cálculos 
aritméticos (como o saldo devedor de aluguel 
não pago, que é acrescido de multa e juros 
predefinidos no contrato). Ilíquida, por outro 
lado, é a obrigação que depende da prova de 
fatos para sua mensuração. Neste sentido a 
 
 
 
 
 
 
 
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súmula 233 do STJ: “o contrato de abertura de 
crédito, ainda que acompanhado de extrato da 
conta-corrente, não é título executivo”. 
O título executivo, por sua vez, será 
exigível, com o inadimplemento da obrigação 
ou com a constituição em mora do devedor, 
quando esta for imprescindível (mora “ex 
persona”). O art. 581 do CPC ainda autoriza o 
credor a iniciar a execução quando a prestação 
oferecida não corresponder ao direito ou à 
obrigação, ou seja, quando houver 
cumprimento imperfeito. Porém, não será 
permitida a execução do cumprimento de uma 
obrigação recíproca se a parte que a requerer 
não tiver cumprido sua contraprestação (neste 
sentido o art. 582 do CPC: “em todos os casos 
em que é defeso a um contraente, antes de 
cumprida a sua obrigação, exigir o implemento 
da do outro, não se procederá à execução, se 
o devedor se propõe a satisfazer a prestação, 
com meios considerados idôneos pelo juiz, 
mediante a execução da contraprestação pelo 
credor, e este, sem justo motivo, recusar a 
oferta”). 
Necessário também que referidos 
pressupostos sejam identificáveis no título 
executivo, motivo pelo qual exige-se a 
apresentação do instrumento respectivo para 
que se inicie a execução. 
Por fim, não estando preenchidos 
os pressupostos para a execução, acima 
estudados, a execução deve ser declarada 
nula, nos termos do art. 618 do CPC, que 
dispõe: “Art. 618 - É nula a execução: I - se o 
título executivo extrajudicial não corresponder a 
obrigação certa, líquida e exigível; II - se o 
devedor não for regularmente citado; III - se 
instaurada antes de se verificar a condição ou 
de ocorrido o termo, nos casos do artigo 572”. 
 
 
 
5) Título executivo 
Título executivo não se confunde 
com título de crédito. Título executivo é o 
documento que autoriza que se promova a 
ação executiva ou que se inicie a fase do 
cumprimento de sentença, tendo, portanto, 
natureza processual. Título de crédito, por seu 
turno, são os documentos representativos de 
uma obrigação de direito material e 
conceituados por Cesare Vivante como o 
documento necessário para o exercício do 
direito, literal e autônomo, nele mencionado. 
Nem todos os títulos executivos, porém, são 
títulos de crédito, da mesma forma que nem 
todos os títulos de créditos podem ser 
considerados títulos executivos. 
Os títulos executivos, por sua 
origem, são classificados como títulos judiciais 
ou extrajudiciais. 
 
5.1) Títulos Executivos Judiciais 
Os títulos executivos judiciais 
emanam de pronunciamento judicial que impõe 
uma obrigação ao devedor que, não sendo 
cumprida, enseja execução. 
O art. 475-N do CPC relaciona os 
títulos executivos judiciais: 
Inciso I - a sentença proferida no 
processo civil que reconheça a existência de 
obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa 
ou pagar quantia; 
Todas as sentenças que tenham 
eficácia condenatória podem ser objeto de 
execução, independentemente da natureza da 
obrigação (obrigação de fazer, não fazer, 
entregar coisa ou pagar quantia). Não 
podemos olvidar que as sentenças 
declaratórias e constitutivas também podem 
ser objeto de execução, na parte relativa à 
condenação ao pagamento das verbas de 
sucumbência. 
Quanto às obrigações de pagar 
quantia definidas em título executivo judicial, 
sua execução ocorre no bojo do próprio 
processo de conhecimento numa fase 
chamada de “cumprimento de sentença”. 
Tratando-se de obrigação de fazer, não fazer 
ou entregar coisa, a execução se dará 
conforme o procedimento previsto nos artigos 
461 e 461-A do CPC, por meio da concessão 
da tutela específica ou mediante providências 
que assegurem o resultado prático equivalente 
ao do adimplemento. 
II - a sentença penal condenatória 
transitada em julgado; 
A sentença penal, ainda que não 
faça expressa menção à condenação do 
acusado à reparação dos danos causados à 
vítima, é considerada título executivo em 
benefício desta. No entanto, normalmente será 
necessário que se faça prévia liquidação para 
apuração do montante devido (“quantum 
debeatur”), por meio do processo de 
liquidação, antes de se iniciar o processo 
 
 
 
 
 
 
 
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executivo. Incabível, porém, será a rediscussão 
da culpa do acusado (“an debeatur”). 
Ademais, a sentença penal 
condenatória será liquidada e executada não 
no bojo do procedimento criminal em que 
proferida, mas perante o juízo cível competente 
(CPC, art. 575, inciso IV). 
Convém também observar que as 
instâncias cível e criminal são independentes, 
embora se intercomuniquem. Ou seja, 
reconhecida a responsabilidade do acusado, 
incabível a rediscussão do assunto na esfera 
cível, motivo pelo qual se já houver ação cível 
de ressarcimento dos danos em andamento, 
passar-se-á diretamente à fase de liquidação. 
Porém, se a ação de reparação de danos já 
tiver sido julgada improcedente e sobrevier 
sentença condenatória na esfera criminal, 
caberá à vítima apenas ajuizar ação rescisória 
da sentença cível, diante da coisa julgada 
formada. Tal posicionamento, porém, não é 
pacífico na doutrina, havendo também aqueles 
que reputam prevalecer a sentença criminal, já 
que o CPC a considera título executivo judicial 
independentemente da apreciação da questão 
no juízo cível. 
III - a sentença homologatória de 
conciliação ou de transação, ainda que inclua 
matéria não posta em juízo; 
Havendo acordo entre as partes 
durante a tramitação de um processo (ainda 
que tenha a natureza de conciliação, 
transação, reconhecimento jurídico do pedido 
ou renúncia ao direito postulado e mesmo que 
verse sobre matéria diversa daquela que se 
discute nos autos), e sendo o pacto 
homologado, a sentença respectiva será 
considerada título executivo judicial e poderá 
ser executada nos mesmos autos em que 
proferida, se houver descumprimento por 
qualquer das partes. 
IV - a sentença arbitral; 
A sentença arbitral,quando 
condenatória, é considerada título executivo 
judicial, ainda que não homologada por juiz, 
nos termos do art. 18 e 31 da Lei 9.307/96. 
Sua execução, porém, somente 
poderá ser feita pelo Poder Judiciário, no juízo 
competente (CPC, art. 575, inciso IV). 
V - o acordo extrajudicial, de 
qualquer natureza, homologado judicialmente; 
Os acordos extrajudiciais de 
qualquer natureza podem também ser levados 
à juízo para homologação, se nenhum vício de 
forma ou validade o macular, valendo a 
sentença como título executivo judicial. Tal 
autorização repete aquela prevista no art. 57 
da Lei 9.099/95. 
VI - a sentença estrangeira, 
homologada pelo Superior Tribunal de Justiça; 
A necessidade de homologação da 
sentença estrangeira, assim como a 
competência do Superior Tribunal de Justiça 
para tal apreciação, está prevista na 
Constituição Federal, art. 105, inciso I, alínea 
“i”, da mesma forma que a competência da 
Justiça Federal para sua execução, depois de 
homologada (CF, art. 109, inciso X). 
Com relação aos títulos executivos 
extrajudiciais oriundos de país estrangeiro, de 
acordo com o § 2º do art. 585 do CPC não é 
exigível qualquer homologação para que 
tenham eficácia executiva, bastando que 
satisfaçam aos requisitos de formação exigidos 
pela lei do lugar de sua celebração e indicar o 
Brasil como o lugar de cumprimento da 
obrigação. 
VII - o formal e a certidão de 
partilha, exclusivamente em relação ao 
inventariante, aos herdeiros e aos sucessores 
a título singular ou universal. 
Tendo em vista que o formal de 
partilha somente tem força executiva em 
relação às pessoas nele mencionadas, se 
algum bem adjudicado estiver na posse de 
terceiro, será necessária ação de 
conhecimento para propiciar a transferência da 
posse. 
 
5.2) Títulos Executivos Extrajudiciais 
De acordo com o art. 585 do CPC, 
são títulos executivos extrajudiciais: 
I - a letra de câmbio, a nota 
promissória, a duplicata, a debênture e o 
cheque; 
Os títulos de crédito referidos são 
considerados títulos executivos extrajudiciais e, 
desde que satisfeitos os requisitos específicos 
de prazo e forma previstos na legislação 
própria, poderão embasar ação executiva. 
Relativamente ao cheque e a nota promissória, 
regulados respectivamente pela Lei 7.357/85 e 
pela Lei Uniforme – Dec. nº 57.663/66, não há 
necessidade de prévio protesto para serem 
executados, a menos que se pretenda cobrá-
los de endossadores ou avalistas. Quanto à 
 
 
 
 
 
 
 
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duplicata, regulada pela Lei 5.474/68, necessita 
da aceitação do sacado para que tenha força 
executiva. Do contrário, deverá estar 
protestada e acompanhada do comprovante de 
entrega da mercadoria ou da prestação do 
serviço, desde que não tenha havido recusa. 
Também a letra de câmbio deve ser aceita pelo 
sacado para que, contra ele, seja movida a 
ação executiva; não havendo aceite, a 
cobrança contra o sacador e endossadores 
dependerá de prévio protesto, nos termos 
previstos na Lei Uniforme. 
II - a escritura pública ou outro 
documento público assinado pelo devedor; o 
documento particular assinado pelo devedor e 
por duas testemunhas; o instrumento de 
transação referendado pelo Ministério Público, 
pela Defensoria Pública ou pelos advogados 
dos transatores; 
Tratando-se de escritura pública, 
bastará a assinatura do devedor, assumindo o 
dever de cumprir a prestação (seja de pagar 
quantia, entregar coisa fungível ou infungível, 
ou de fazer e não fazer), para que seja 
considerado título executivo. Tratando-se de 
documento particular, exige-se também a 
assinatura de duas testemunhas. Quando a 
transação extrajudicial for referendada pelo 
Ministério Público, pela Defensoria Pública ou 
pelos advogados das partes, desnecessária 
será a assinatura de testemunhas. 
III - os contratos garantidos por 
hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem 
como os de seguro de vida; 
Com relação a este dispositivo, 
necessário ponderar que os contratos de 
seguro de vida com cobertura de acidentes 
pessoais que resulte incapacidade não podem 
ser executados porque necessária será a 
análise do grau de incapacidade do segurado 
para aferição do montante da indenização, 
motivo pelo qual não são considerados 
líquidos. Somente os seguros de vida que 
visam à cobrança da indenização por morte 
podem ser executados. 
IV - o crédito decorrente de foro e 
laudêmio; 
A obrigação do enfiteuta de pagar o 
foro anual, assim como o laudêmio que deve 
ser recolhido toda vez que o domínio útil do 
imóvel objeto da enfiteuse for transferido, 
também constituem-se créditos que podem ser 
exigidos por meio de ação executiva. 
V - o crédito, documentalmente 
comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, 
bem como de encargos acessórios, tais como 
taxas e despesas de condomínio; 
Desde que seja escrito, o contrato 
de locação pode ser executado, ainda que não 
tenha sido também subscrito por duas 
testemunhas. E considerando a expressão 
“documentalmente comprovado”, empregada 
no inciso, admite-se também a execução de 
crédito decorrente de locação reconhecido 
documentalmente, ainda que a contratação 
tenha sido verbal. Quanto aos acessórios, é 
lícita a cobrança, por meio de ação executiva, 
das taxas de luz, água e despesas de 
condomínio. Não poderão ser cobradas, 
porém, as despesas relativas à reforma do 
imóvel feita quando da desocupação, posto 
que tal quantia não se mostra líquida. 
VI - o crédito de serventuário de 
justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, 
quando as custas, emolumentos ou honorários 
forem aprovados por decisão judicial; 
As verbas fixadas incidentalmente 
nos feitos em que os auxiliares da justiça 
prestam serviço são consideradas título 
executivo extrajudicial e passíveis de execução 
em processo autônomo. Ainda que fixados pelo 
juiz, não são considerados pela lei como 
créditos decorrente de título executivo judicial, 
embora haja na doutrina, a exemplo de 
Cândido Rangel Dinamarco, quem defenda 
terem natureza de título executivo judicial 
porque fixadas no bojo do processo. 
VII - a certidão de dívida ativa da 
Fazenda Pública da União, dos Estados, do 
Distrito Federal, dos Territórios e dos 
Municípios, correspondente aos créditos 
inscritos na forma da lei; 
O crédito referido neste inciso será 
cobrado em execução fiscal, regulada pela Lei 
6.830/80. 
VIII - todos os demais títulos a que, 
por disposição expressa, a lei atribuir força 
executiva. 
Como exemplos de títulos 
executivos previstos em legislação especial, 
temos o contrato de alienação fiduciária em 
garantia e o contrato escrito de honorários 
advocatícios (Lei 8.906/94, art. 24). 
 
6) Competência 
 
 
 
 
 
 
 
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A competência para o 
processamento da ação executiva deve ser 
estudada separadamente para os títulos 
executivos judiciais e extrajudiciais, podendo 
ora ser absoluta, ora relativa. 
 
6.1) Competência para execução de título 
judicial 
O art. 475-P e o art. 575, ambos do 
CPC, em seus incisos I e II, determinam que o 
cumprimento da sentença deve ocorrer no 
tribunal ou juízo que processou a causa, 
tratando-se, no primeiro caso, de competência 
originária do tribunal, e no segundo, de causa 
iniciada no primeiro grau de jurisdição. 
Funcional, portanto, deve ser considerado este 
critério de fixação de competência. 
Porém, tratando-se de sentença 
penal condenatória, sentença arbitral ou 
sentença estrangeira, a competência será 
relativa, e deverá observar o critério territorial 
previsto para o processo de conhecimento 
(CPC, art. 475-P e art.575, inciso IV), 
observando-se que a execução da sentença 
estrangeira tramitará perante a Justiça Federal 
(CF, art. 109, inciso X). Isto porque não há 
processo civil de conhecimento prévio nestes 
casos, a gerar a prevenção do juízo. Também 
é certo que, nestas hipóteses, necessária será 
a formação de processo autônomo de 
liquidação, se o caso, e de execução. 
Relevante exceção está prevista no 
parágrafo único do art. 457-P, que admite a 
opção do credor pelo processamento da 
execução no juízo onde se encontram os bens 
sujeitos à expropriação ou no juízo do atual 
domicílio do executado, casos em que a 
remessa dos autos do processo será solicitada 
ao juízo de origem. Como se vê, a lei facultou 
apenas ao credor, nos casos por ela 
especificados, a possibilidade de ajuizar a 
execução em foro diverso do juízo onde se 
processou a ação de conhecimento em 
primeiro grau. Nessa hipótese, reconhecendo-
se competente, o juízo da execução solicitará a 
remessa dos autos da ação de conhecimento 
ao juízo de origem. 
 
6.2) Execução de título extrajudicial 
A competência para o ajuizamento 
da ação de execução de título extrajudicial é 
relativa e observa os mesmos critérios 
utilizados para a fixação da competência no 
processo de conhecimento, dentre os quais 
estabelecemos a seguinte ordem: 
primeiramente o foro de eleição indicado pelas 
partes contratualmente (CPC, art. 111); em 
segundo lugar o foro do local indicado como de 
pagamento (CPC, art. 100, inciso IV, alínea 
“d”); e por último o foro de domicílio do réu 
(CPC, art. 94). 
 
6.3) Execução fiscal 
A execução fiscal, de acordo com o 
art. 578 do CPC, será proposta no foro do 
domicílio do devedor ou, se não o tiver, no foro 
de sua residência ou no local onde for 
encontrado, ressalvando o parágrafo único 
que, havendo mais de um devedor, a Fazenda 
Pública poderá escolher o foro do domicílio de 
qualquer deles. Também poderá a ação ser 
proposta no foro do lugar em que se praticou o 
ato ou ocorreu o fato que deu origem à dívida, 
embora nele não mais resida o devedor, ou, 
ainda, no foro da situação dos bens, quando a 
dívida deles se originar. 
 
7) Responsabilidade patrimonial 
Nos termos do art. 591 do CPC, é o 
patrimônio do devedor que responderá pelo 
cumprimento de suas obrigações, não se 
olvidando que há certos bens que não podem 
ser penhorados, a exemplo daqueles 
relacionados no art. 649 do CPC. Neste caso, 
classifica-se a responsabilidade patrimonial do 
devedor de originária. 
Será, porém, secundária a 
responsabilidade patrimonial quando o 
patrimônio de terceiros vem a ser atingido para 
satisfazer a obrigação do devedor. As 
hipóteses de responsabilidade patrimonial 
secundária estão relacionadas no art. 592 do 
CPC. Vejamos: 
Inciso I: ficam sujeitos à execução 
os bens do sucessor a título singular, tratando-
se de execução fundada em direito real ou 
obrigação reipersecutória (inciso I do art. 592). 
Nesse caso, o devedor aliena bem 
cuja propriedade se discute em processo de 
conhecimento. Ficando vencido nesta 
demanda, o bem alienado a terceiro poderá ser 
objeto da execução a ser promovida 
posteriormente, mesmo que já esteja na posse 
do terceiro adquirente. A respeito da segunda 
hipótese (de execução fundada em obrigação 
reipersecutória), e também a título de exemplo, 
 
 
 
 
 
 
 
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ficará sujeito à execução e passível de 
apreensão o bem alienado a terceiro no curso 
de processo que visa rescindir o contrato 
primitivo de compra e venda que transferiu a 
propriedade do bem ao vendedor que está 
sendo executado; isto porque, sendo acolhida 
a pretensão daquele que vendeu 
primitivamente o bem, ineficaz será a segunda 
venda feita a terceiro, posto que realizada no 
curso do processo que objetivava a rescisão do 
contrato originário. Não podemos deixar de 
observar que referidas hipóteses se equiparam 
àquelas de fraude à execução, previstas no 
inciso V, deste mesmo artigo. 
II - do sócio, nos termos da lei; 
Dependendo do tipo de sociedade 
formada, os sócios podem ser solidariamente 
responsáveis pelas dívidas da pessoa jurídica, 
como nos casos de sociedades de fato, 
sociedade em nome coletivo, entre outras. 
Também poderá haver a desconsideração da 
personalidade jurídica da sociedade, a fim de 
se estender aos sócios a responsabilidade pelo 
pagamento das dívidas sociais, ainda que 
tenham sua responsabilidade limitada 
contratualmente. Esta última hipótese ocorre 
nos casos em que houver abuso da 
personalidade jurídica, caracterizado pelo 
desvio de finalidade, ou pela confusão 
patrimonial, nos termos do art. 50 do Código 
Civil. 
III - do devedor, quando em poder 
de terceiros; 
Nos termos do art. 591 do CPC, o 
devedor responderá com a totalidade de seus 
bens pelas dívidas que contrair, ainda que 
estejam na posse de terceiros. Desnecessária 
a ressalva feita neste artigo pois, mesmo na 
posse de terceiro, o bem continua sendo do 
devedor. 
IV - do cônjuge, nos casos em que 
os seus bens próprios, reservados ou de sua 
meação respondem pela dívida; 
Ficam sujeitos à execução não 
somente os bens particulares do devedor e os 
comuns que não ultrapassem sua meação, 
mas também os próprios do cônjuge e os que 
superarem a meação do devedor, desde que a 
dívida executada tenha beneficiado a família. E 
por ser presumível que a dívida contraída pelo 
cônjuge verte-se em benefício da família ou do 
casal, cabe ao cônjuge do devedor provar que 
não se beneficiou. 
Havendo penhora de bens cujo 
montante ultrapasse a meação do devedor, 
caberá ao cônjuge opor embargos de terceiro 
visando à desconstituição da constrição. Caso 
admita, ainda que implicitamente, que a dívida 
beneficiou a ambos, e tenha interesse em 
discuti-la, também poderá opor embargos do 
devedor. 
Por fim, sendo feita a penhora 
sobre bem indivisível, a meação do cônjuge 
alheio à execução recairá sobre o produto da 
alienação do bem, nos termos do art. 655-B do 
CPC. 
V - alienados ou gravados com 
ônus real em fraude de execução. 
Também ficam sujeitos à penhora 
os bens que foram vendidos pelo devedor em 
fraude à execução, frustrando, portanto, o 
pagamento da dívida, ainda que estes bens 
estejam na posse de terceiros. 
Considera-se em fraude à 
execução a alienação ou oneração de bens 
que ocorrerem nas hipóteses do art. 593 do 
CPC, ou seja: quando sobre os bens pender 
ação fundada em direito real (inciso I); quando, 
ao tempo da alienação ou oneração, corria 
contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo 
à insolvência (inciso II); e nos demais casos 
previstos em lei (inciso III). 
Embora o instituto seja denominado 
“fraude à execução”, não se exige que a 
alienação ou oneração ocorra na pendência de 
ação de execução, bastando que esteja 
pendente ação de conhecimento e que o 
devedor já tenha sito citado nesta ação, 
conforme entendimento majoritário no STJ. 
Havendo alienação fraudulenta do 
bem que é objeto de ação fundada em direito 
real, e no curso desta ação, não se dá o 
ingresso do terceiro adquirente nos autos, 
tendo o feito prosseguimento contra o 
alienante, sendo certo ainda que a sentença a 
ser proferida também entre as partes 
originárias estenderá seus efeitos ao 
adquirente, nos termos do art. 42 do CPC. 
Na hipótese de alienação que 
reduza o devedor à insolvência, o 
reconhecimento da fraude à execução não 
permite a alteração da titularidade das partes, 
mas apenas a penhora do bem alienado 
fraudulentamente. Convém frisar que não se 
declara a nulidade da venda do bem, mas 
 
 
 
 
 
 
 
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apenas aineficácia, perante o credor, desta 
negociação fraudulenta. 
Não se deve confundir também a 
fraude à execução com a fraude contra 
credores (prevista nos artigos 158 e seguintes 
do Código Civil), a qual deve ser reconhecida 
em ação própria (chamada ação pauliana), a 
ser movida pelo credor tanto contra o devedor 
alienante como contra o terceiro adquirente, e 
que exige a comprovação não só do fato de a 
alienação ter reduzido o devedor à insolvência 
(“eventus damni”), quando da ciência do 
adquirente desta intenção do devedor de 
prejudicar o credor (“consilium fraudis”). 
E embora o art. 593 do CPC não 
exija a comprovação do “consilium fraudis” 
para o reconhecimento da fraude à execução, 
mas apenas o “eventus damni”, o STJ, por 
meio de sua súmula nº 375, firmou o 
entendimento de que é imprescindível a ciência 
do adquirente, ainda que presumida, do 
ajuizamento de ação fundada em direito real ou 
capaz de reduzir o devedor à insolvência. Isto 
porque, de acordo com a súmula 375 do STJ: 
“O reconhecimento da fraude de execução 
depende do registro da penhora do bem 
alienado ou da prova de má-fé do terceiro 
adquirente”. 
Relativamente ao conhecimento da 
ação por parte de terceiros, o art. 615-A trouxe 
importante inovação ao permitir que o 
exequente, no ato da distribuição, obtenha 
certidão do ajuizamento da execução para fins 
de averbação no registro de imóveis, de 
veículos ou de outros bens, que fará presumir 
em fraude à execução a alienação ou oneração 
de bens efetuada após a averbação, nos 
termos de seu parágrafo terceiro. 
 
8) Espécies de execução 
A execução é classificada como 
definitiva ou provisória, conforme veremos 
separadamente. 
 
9.1) Definitiva 
Definitiva é a execução cujo título 
executivo não corre risco de se tornar inexigível 
por força de reforma de decisão anterior que 
autorizou o início da execução. 
Portanto, a execução dos títulos 
executivos extrajudiciais será definitiva (CPC, 
art. 587, 1ª parte), assim como a execução das 
sentenças já transitadas em julgado (CPC, art. 
475-I, § 1º, primeira parte). 
 
9.2) Provisória 
No entanto, provisória será a 
execução de título executivo judicial ainda não 
transitado em julgado, ou seja, cuja sentença 
foi impugnada por recurso ao qual não foi 
atribuído efeito suspensivo (CPC, art. 475-I, § 
1º, segunda parte). 
Também será provisória a 
execução de título executivo extrajudicial 
quando interposta apelação contra a sentença 
de improcedência dos embargos que foram 
recebidos com efeito suspensivo (CPC, art. 
587, 2ª parte). Neste caso, a execução do título 
executivo extrajudicial iniciou-se de forma 
definitiva; porém, com a oposição de 
embargos, recebidos com efeito suspensivo 
(CPC, art. 739-A, § 1º), a execução teve 
sobrestado seu andamento, que somente 
voltará a tramitar quando os embargos forem 
julgados improcedentes; sendo, porém, a 
sentença de improcedência dos embargos 
atacada por recurso de apelação (que sempre 
será recebida no efeito devolutivo, nos termos 
do art. 520, V, do CPC), a execução poderá 
novamente prosseguir, mas de forma provisória 
e não definitiva, como originalmente iniciou-se. 
Cumpre ainda observar que a redação deste 
art. 587, alterada pela Lei nº 11.382/2006, 
revogou parcialmente a súmula 317 do STJ 
que definia como definitiva a execução de título 
extrajudicial, ainda que pendente apelação 
contra sentença que julgasse improcedentes os 
embargos. 
Igualmente provisória será a 
execução das decisões interlocutórias, como a 
de antecipação de tutela, visto que poderão ser 
cassadas quando do julgamento definitivo. 
E diante da possibilidade de 
reforma da decisão que autoriza a execução 
provisória, esta somente se iniciará por 
requerimento do credor, e correrá por sua 
conta e risco, visto que deverá ressarcir o 
executado dos danos que este sofrer, se a 
sentença for reformada (CPC, art. 475-O, 
inciso I). Mesmo que seja provisória a 
execução, não se encontra vedado o 
levantamento de depósito em dinheiro ou a 
prática de atos que importem alienação de 
propriedade ou dos quais possa resultar grave 
dano ao executado, mas a prática de tais atos 
 
 
 
 
 
 
 
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dependem de prestação de caução suficiente e 
idônea nos próprios autos, arbitrada de plano 
pelo juiz (CPC, art. 475-O, inciso II), que 
somente poderá ser dispensada nas hipóteses 
do parágrafo segundo do mesmo artigo: I - 
quando, nos casos de crédito de natureza 
alimentar ou decorrente de ato ilícito, até o 
limite de sessenta vezes o valor do salário-
mínimo, o exeqüente demonstrar situação de 
necessidade; II - nos casos de execução 
provisória em que penda agravo de 
instrumento junto ao Supremo Tribunal Federal 
ou ao Superior Tribunal de Justiça (artigo 544), 
salvo quando da dispensa possa 
manifestamente resultar risco de grave dano, 
de difícil ou incerta reparação. 
 A execução definitiva, por fim, 
tramitará nos autos principais (seja no mesmo 
processo em que formado o título, ou em 
processo autônomo de execução), enquanto a 
provisória em autos apartados, por meio da 
chamada carta de sentença (CPC, art. 475-O, 
§ 3º), já que os autos principais serão 
remetidos à instância superior para julgamento 
do recurso pendente. Exceção se faz à 
execução provisória de título extrajudicial, que 
não necessita de carta de sentença, posto que 
os embargos julgados improcedentes e que 
foram impugnados por recurso, correm em 
autos apartados (CPC, art. 736, parágrafo 
único). 
 
10) Cumulação de execuções 
De acordo com o art. 573 do CPC: 
“É lícito ao credor, sendo o mesmo o devedor, 
cumular várias execuções, ainda que fundadas 
em títulos diferentes, desde que para todas 
elas seja competente o juiz e idêntica a forma 
do processo”. Portanto, para que haja 
cumulação de execuções, o credor e o devedor 
devem ser os mesmos, o juízo competente 
para o processamento de todas, assim como 
idêntico o procedimento executivo. Desse 
modo, é possível o mesmo credor executar, 
contra o mesmo devedor, dois títulos 
executivos extrajudiciais que contenham 
previsão de pagar quantia. Se um dos títulos, 
porém, contiver obrigação de entregar coisa, 
por exemplo, incabível será a cumulação. 
Também não se admite cumulação 
de execuções quando se tratar de título 
executivo judicial, diante da competência 
funcional que apresentam. 
 
11) Espécies de execução 
É a natureza da obrigação prevista 
no título executivo que determina a espécie de 
execução a ser utilizada, dentre as diversas 
que são previstas e reguladas pelo CPC. Se a 
obrigação não cumprida for de dar coisa certa 
ou incerta, o procedimento a ser adotado será 
aquele da execução para entrega de coisa 
(CPC, arts. 621/631); se a obrigação, por sua 
vez, for de fazer ou não fazer, empregado será 
o procedimento da execução das obrigações 
de fazer e não fazer (CPC, arts. 632/645). Por 
fim, tratando-se de obrigação de pagar quantia, 
diversas são as espécies de execução 
existentes, vejamos: execução por quantia 
certa contra devedor solvente (CPC, arts. 
646/724), execução por quantia certa contra 
devedor insolvente (CPC, arts. 748/786-A), 
execução contra a Fazenda Pública (CPC, arts. 
730/731), execução de prestação alimentícia 
(CPC, arts. 732/735) e execução fiscal 
(regulada pela Lei 6.830/80). 
 
 
 
 
12) Atos atentatórios à dignidade da justiça 
O art. 600 do CPC prevê diversas 
hipóteses de atos que são considerados 
atentatórios à dignidade da justiça que podem 
ser praticados pelos executados durante a 
execução, motivo pelo qual devemos observá-
los. Referido artigo prevê as seguintes 
hipóteses de atos do executado que são 
considerados atentatórios à dignidade dajustiça: I - frauda a execução; II - se opõe 
maliciosamente à execução, empregando ardis 
e meios artificiosos; III - resiste 
injustificadamente às ordens judiciais; IV - 
intimado, não indica ao juiz, em 5 (cinco) dias, 
quais são e onde se encontram os bens 
sujeitos à penhora e seus respectivos valores. 
E, de acordo com o art. 601 do 
CPC, “Nos casos previstos no artigo anterior, o 
devedor incidirá em multa fixada pelo juiz, em 
montante não superior a vinte por cento do 
valor atualizado do débito em execução, 
sem prejuízo de outras sanções de natureza 
processual ou material, multa essa que 
reverterá em proveito do credor, exigível na 
própria execução”. 
 
 
 
 
 
 
 
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Ressalva, porém, o parágrafo único 
do art. 601, que o juiz poderá relevar a pena se 
o devedor se comprometer a não mais praticar 
qualquer dos atos definidos no art. 600 e der 
fiador idôneo, que responda ao credor pela 
dívida principal, juros, despesas e honorários 
advocatícios. 
 
LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA 
 
1) Introdução 
Somente a obrigação líquida pode 
ser objeto de ação executiva. Líquida é a 
obrigação que tem determinado e mensurado o 
objeto da prestação, ou seja, quando já se 
encontra definido o “quantum debeatur” (valor 
da dívida), nas obrigações de pagar quantia, ou 
o fato a ser prestado, nas obrigações de fazer, 
ou ainda o objeto a ser entregue, nas 
obrigações de entregar coisa. 
É necessário ressaltar que o 
procedimento de liquidação destina-se 
exclusivamente aos títulos executivos judiciais, 
motivo pelo qual conclui-se que a iliquidez dos 
títulos executivos extrajudiciais impede, por 
completo, sua execução, pois deixará de ser 
considerado título executivo. 
Na liquidação também é vedado 
rediscutir a lide ou modificar a sentença que a 
julgou (CPC, art. 475-G). 
Com relação aos títulos executivos 
judiciais (como a sentença cível, por exemplo), 
devem, em regra, ser líquidos, já que somente 
admite-se a prolação de sentença ilíquida 
quando for genérico o pedido formulado na 
petição inicial. Por sua vez, “Quando o autor 
tiver formulado pedido certo, é vedado ao juiz 
proferir sentença ilíquida” (CPC, art. 459, 
parágrafo único). 
O pedido genérico, ademais, 
somente pode ser formulado nas hipóteses 
previstas no art. 286 do CPC, que são: “I - nas 
ações universais, se não puder o autor 
individuar na petição os bens demandados; II - 
quando não for possível determinar, de modo 
definitivo, as conseqüências do ato ou do fato 
ilícito; III - quando a determinação do valor da 
condenação depender de ato que deva ser 
praticado pelo réu”. 
O § 3º do art. 475-A do CPC 
também proíbe a prolação de sentença ilíquida 
nas hipóteses previstas no art. 275, inciso II, 
alíneas “d” e “e” do CPC. Vejamos estas 
hipóteses: “d) de ressarcimento por danos 
causados em acidente de veículo de via 
terrestre; e) de cobrança de seguro, 
relativamente aos danos causados em acidente 
de veículo, ressalvados os casos de processo 
de execução”. E ainda que não haja 
parâmetros ou provas acerca do valor dos 
danos a serem indenizados nestes dois últimos 
casos citados, o art. 475-A do CPC determina 
que o juiz deverá fixá-lo a seu prudente critério, 
mas nunca deixar a apuração para a fase de 
liquidação. 
A jurisprudência também tem se 
orientado no sentido de que a necessidade de 
se calcular juros e correção monetária não 
torna ilíquido o crédito, uma vez que a 
obrigação cujo montante possa se apurar por 
meio de cálculos aritméticos é considerada 
líquida. 
Porém, havendo necessidade de se 
produzir provas para mensurar o saldo 
devedor, ilíquido é considerado tal crédito, 
como é o caso do contrato de abertura de 
crédito, que não pode ser executado porque 
depende da comprovação do saldo negativo 
existente no momento, o qual não é apurável 
por simples cálculo aritmético (neste sentido a 
súmula 233 do STJ: “O contrato de abertura de 
crédito, ainda que acompanhado de extrato da 
conta-corrente, não é título executivo”). 
Com relação ao procedimento da 
liquidação, temos que antes da Lei 
11.232/2005 que alterou o CPC, a liquidação 
se fazia por meio de um processo autônomo 
de conhecimento, a ser encerrado por 
sentença que também poderia ser impugnada 
por meio de recurso de apelação. 
Atualmente, a liquidação é 
considerada, pelo art. 475-A do CPC, como 
uma fase do processo original, a ser 
instaurada depois da prolação da sentença da 
fase de conhecimento, com vistas a 
complementá-la, declarando o “quantum 
debeatur” ou o objeto a ser entregue. A 
liquidação, ademais, será encerrada por 
decisão contra a qual caberá agravo de 
instrumento, e não mais apelação. 
Porém, a despeito de a liquidação 
não mais ter a natureza jurídica de processo 
autônomo, e sim de fase ou incidente 
processual, há diversos doutrinadores, como 
Cândido Rangel Dinamarco e Luiz Rodrigues 
Wambier, que classificam como sentença a 
 
 
 
 
 
 
 
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decisão que encerra a fase liquidatória, 
embora desafiada por agravo de instrumento. 
Isto porque a decisão da liquidação resolveria 
nova questão de mérito controvertida, relativa 
ao valor da dívida ou a definição do objeto a 
ser entregue, e não mera questão incidente. 
 
2) Fase de liquidação 
Tratando-se de fase do mesmo 
processo, a liquidação, em regra, deve ser 
requerida no mesmo juízo em que proferida a 
sentença ilíquida. Porém, com relação à 
sentença penal condenatória, sentença arbitral 
e sentença estrangeira, a competência será 
relativa, e deverá observar o critério territorial 
previsto para o processo de conhecimento, 
uma vez que não há processo cível de 
conhecimento prévio. A liquidação individual da 
sentença coletiva, pela vítima ou seu sucessor, 
também não ocorrerá no mesmo juízo do 
processo coletivo, mas deverá ser distribuída 
livremente e conforme as regras de 
competência próprias. 
Eventualmente poderá a 
liquidação ser processada em autos 
apartados do processo de conhecimento, 
quando requerida na pendência da tramitação 
de recurso interposto conta a sentença, e 
tramitará no juízo de origem e não perante o 
Tribunal (CPC, art. 475-A, § 2º), caso em que 
será denominada de liquidação provisória. 
Admite-se também que se inicie a fase de 
liquidação ainda que a sentença ilíquida tenha 
sido objeto de recurso recebido no efeito 
suspensivo. Porém, a execução provisória 
somente é admitida quando a sentença tiver 
sido impugnada por recurso recebido no 
efeito devolutivo. 
Sendo a sentença apenas 
parcialmente ilíquida, o credor poderá 
simultaneamente promover a execução da 
parte líquida, em autos apartados, e dar início 
à fase de liquidação, nos mesmos autos 
(CPC, art. 475-I, § 2º). 
 
3) Espécies de liquidação 
Atualmente, temos duas espécies 
de liquidação previstas no CPC: por 
arbitramento e por artigos. 
Não mais temos a chamada 
liquidação por cálculo de contador. Com efeito, 
se a determinação do valor da condenação 
depender apenas de cálculo aritmético, não 
haverá liquidação, e o credor desde já poderá 
requerer o cumprimento da sentença, 
instruindo o pedido com a memória 
discriminada e atualizada do cálculo (CPC, art. 
475-B). E, se algum dado faltar ao credor para 
elaboração do cálculo, poderá requerer ao juiz 
que o requisite do devedor ou terceiro, os quais 
terão prazo de até trinta dias para cumprir a 
diligência. Se, injustificadamente, o devedor 
não apresentar os dados requisitados, reputar-
se-ão corretos os cálculos apresentados pelo 
credor; se for o terceiro quem descumpriu a 
ordem, o juiz expedirá mandado de apreensão, 
requisitando,se necessário, força policial, tudo 
sem prejuízo da responsabilidade por crime de 
desobediência (CPC, arts. 475-B, parágrafos 1º 
e 2º, e art. 362). 
O contador apenas será chamado 
para auxiliar o juízo se a memória de cálculo 
apresentada pelo credor aparentemente 
exceder os limites da decisão exequenda, ou 
nos casos de assistência judiciária, a fim de 
auxiliar o hipossuficiente na condução do 
processo. O credor, porém, poderá discordar 
dos cálculos apresentados pelo contador, 
ocasião em que a execução prosseguirá pelo 
valor que o credor indicar, mas a penhora, no 
entanto, ficará restrita ao valor apurado pelo 
contador (CPC, art. 475-B, parágrafos 3º e 4º). 
Há quem classifique a liquidação 
individual da sentença coletiva genérica, 
prevista no CDC, como sendo outra espécie de 
liquidação. Porém, ainda que movida por 
pessoa diversa daquela que ajuizou a ação 
coletiva – uma vez que a liquidação individual 
será requerida pela vítima – a liquidação se 
processará por uma das modalidades acima 
indicadas (por arbitramento ou por artigos, 
normalmente por esta última). 
 
3.1) Liquidação por arbitramento (arts. 475-
C/475-D) 
A liquidação por arbitramento será 
necessária quando, para apuração do 
“quantum debeatur”, for exigida a produção 
de prova pericial. 
Será feita a liquidação por 
arbitramento nas seguintes hipóteses: a) 
quando houver determinação neste sentido 
na sentença; b) quando as partes assim 
convencionarem; c) ou quando a questão 
discutida exigir a produção deste tipo de 
prova, em face da natureza do objeto da 
 
 
 
 
 
 
 
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liquidação (CPC, art. 475-C). 
 
3.2) Por artigos (arts. 475-E/475-F) 
O procedimento da liquidação por 
artigos deverá ser adotado quando houver 
necessidade de alegar e provar fato novo 
(CPC, art. 475-E). 
Fato novo é aquele ocorrido 
posteriormente à sentença e fundamental 
para a apuração do valor e extensão da 
obrigação. Também é considerado fato novo 
aquele que, embora ocorrido antes da 
sentença, não foi objeto de alegação e de 
prova no processo e que se mostra 
fundamental para a determinação do 
“quantum” devido. 
A título de exemplo, é considerado 
fato novo a prova do montante dos danos 
materiais e o grau de incapacidade da vítima 
de acidente de trânsito que ainda se 
encontrava hospitalizada quando do início do 
processo de conhecimento visando a 
indenização dos danos sofridos. Sendo 
acolhido o pedido indenizatório, o montante 
dos danos materiais sofridos durante o 
processo, ou mesmo posteriores à sentença, 
desde que relativos ao mesmo acidente 
(remédios e despesas com internação, por 
exemplo), poderão ser apurados em 
liquidação e cobrados nos mesmos autos. 
 
4) Procedimento 
A fase de liquidação por 
arbitramento inicia-se com o requerimento da 
parte, por simples petição, que não necessita 
ter os requisitos de uma petição inicial. Em 
seguida, será a parte contrária intimada, na 
pessoa de seu advogado (CPC, art. 475-B, § 
1º). Tendo o processo de conhecimento 
tramitado à revelia do condenado, 
desnecessária será a intimação. 
Não tendo havido prévio processo 
cível de conhecimento (nos casos de 
sentença penal condenatória, por exemplo), a 
liquidação será iniciada por petição inicial e o 
réu será citado para responder, sob pena de 
revelia (CPC, art. 475-N, parágrafo único). 
O rito procedimental a ser adotado 
será o mesmo que foi observado no processo 
de conhecimento (ordinário ou sumário – art. 
475-F do CPC). Tratando-se de processo de 
liquidação autônomo, o rito dependerá do 
valor atribuído à causa. 
Em relação à liquidação por 
arbitramento, a prova pericial a ser produzida 
observará as mesmas regras previstas para o 
processo de conhecimento, previstas nos 
artigos 420 e seguintes do CPC. Deverá o 
juiz, portanto, nomear o perito e fixar prazo 
para a entrega do laudo; depois de 
apresentado o laudo, as partes poderão 
manifestar-se no prazo de dez dias e, se 
necessário, poderá também ser designada 
audiência, antes da decisão. 
Quanto à liquidação por artigos, 
deverá a parte alegar e provar os fatos novos 
relacionados diretamente ao “quantum 
debeatur” e, para tanto, poderá produzir 
qualquer tipo de prova (documental, 
testemunhal, inclusive a pericial). 
Relativamente aos efeitos da revelia neste 
tipo de liquidação, a presunção de veracidade 
incidirá sobre os fatos novos que foram 
alegados no requerimento inicial. 
Ao final da liquidação, é possível 
que a parte interessada não tenha 
conseguido provar os fatos novos alegados 
ou mesmo que, após exaustiva produção 
probatória, tenha se concluído não haver 
qualquer saldo devedor. Neste último caso, 
não há dúvida de ter ocorrido a chamada 
“liquidação zero”, e de que será julgada 
improcedente a liquidação. Porém, divide-se a 
doutrina quanto à primeira hipótese, havendo 
quem entenda que a liquidação deve ser 
extinta, sem julgamento do mérito, com a 
declaração de que os fatos não foram 
provados, autorizando, inclusive, a 
repropositura da liquidação; e, outros que 
adotam a orientação, a que nos filiamos, de 
que a falta de provas enseja a improcedência 
da liquidação e impede a repropositura da 
liquidação. Esta última orientação visa 
garantir maior segurança jurídica ao sistema e 
impedir que o réu seja excessivamente 
onerado com a desídia do autor da liquidação. 
Por fim, a decisão que julga a 
liquidação poderá ser impugnada por agravo 
de instrumento (CPC, art. 475-H), sendo certo 
ainda que não há qualquer previsão na lei 
acerca da possibilidade de condenar o 
sucumbente no pagamento de honorários 
advocatícios. No entanto, embora não seja 
uniforme a jurisprudência, a tendência é que 
seja reconhecida como devida a condenação 
em honorários advocatícios na fase de 
 
 
 
 
 
 
 
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liquidação, utilizando-se dos parâmetros 
previstos no § 4º do art. 20 do CPC. 
 
EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA 
CONTRA DEVEDOR SOLVENTE FUNDADA 
EM TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL 
 
1) Introdução 
O procedimento destinado à 
execução por quantia certa contra devedor 
solvente, fundada em títulos executivos 
extrajudiciais, está prevista nos artigos 646 a 
724 do CPC e tem aplicação subsidiária a 
todas as demais espécies de execução, 
naquilo que não tiverem de específico, motivo 
pelo qual será analisado em primeiro lugar. 
 Referido procedimento, ademais, é 
destinado à execução dos títulos executivos 
extrajudiciais, em que se forma processo 
autônomo de execução, diversamente da 
execução dos títulos judiciais, cuja execução 
se processa em fase do mesmo processo em 
que formado o título, denominada de fase de 
cumprimento de sentença. 
Ambas as espécies, porém, são 
destinadas à satisfação das obrigações de 
entregar dinheiro. 
Inicialmente também é importante 
conceituar “devedor solvente”, que é 
considerado aquele devedor cujo patrimônio 
tem valor superior ao de suas dívidas, 
enquanto o insolvente é aquele devedor cujo 
valor de suas dívidas supera o valor de seu 
patrimônio. 
 
 
2) Fase postulatória. Requisitos. 
Considerando que a execução de 
título extrajudicial tramitará autonomamente, 
deverá ter início por meio de petição inicial, a 
qual deverá observar os requisitos do art. 282 
do CPC, já que o art. 598 do CPC determina 
que as disposições do processo de 
conhecimento aplicam-se subsidiariamente à 
execução. 
Desses requisitos genéricos, 
conveniente apenas relembrar o que já foi 
estudado quanto à causa de pedir, que 
relativamente à execução, deve fazer menção 
ao inadimplemento da obrigação prevista no 
título executivo. Opedido, porém, não deve ser 
condenatório, mas apenas de citação do 
devedor para cumprimento da obrigação e 
eventual deferimento das medidas 
expropriatórias dos bens do devedor, visando a 
satisfação da dívida. Quanto às provas, 
desnecessário qualquer requerimento de 
produção delas, visto que não haverá, na 
execução, qualquer apuração acerca da 
existência ou exigibilidade do crédito, ou 
mesmo prolação de sentença que solucionará 
a lide. Eventual discussão sobre a exigibilidade 
do título poderá, no entanto, ser feita em 
embargos a serem opostos pelo devedor, no 
momento oportuno. 
Além disso, necessário o 
cumprimento dos requisitos do art. 614 do 
CPC, ou seja, deverá o exequente instruir a 
inicial com o título executivo extrajudicial, o 
demonstrativo do débito atualizado até a data 
da propositura da ação, assim como com a 
prova de que se verificou a condição, ou 
ocorreu o termo, se o caso. 
O título executivo, portanto, é 
documento indispensável à propositura da 
ação, devendo ser apresentado juntamente 
com a petição inicial, sob pena de 
indeferimento. Tratando-se de título de crédito, 
sua apresentação ainda serve para impedir sua 
circulação. Desse modo, apenas 
excepcionalmente é que será dispensada sua 
apresentação, como nos casos em que o título 
executivo encontra-se juntado em autos de 
outro processo judicial, por exemplo, ocasião 
em que se admite o início da execução apenas 
com a apresentação de cópia autenticada do 
título. 
É ainda facultado ao credor que 
indique na petição inicial bens do devedor à 
penhora (CPC, art. 652, § 2º). 
Na falta de comprovação de 
qualquer dos requisitos referidos, o juiz 
determinará a emenda da petição inicial, no 
prazo de dez dias (CPC, art. 616), sob pena de 
indeferimento. O indeferimento da inicial 
poderá ser ainda motivado pela ausência de 
qualquer dos pressupostos do art. 580 do CPC, 
relativos à certeza, liquidez e exigibilidade do 
título executivo, que devem estar comprovados 
na petição inicial. Estando satisfeitos os 
pressupostos processuais, tanto genéricos 
quanto específicos, assim como as condições 
da ação, o juiz determinará a citação do 
devedor. 
 
3) Honorários advocatícios 
 
 
 
 
 
 
 
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No mesmo despacho inicial que 
determinar a citação, o juiz fixará os honorários 
advocatícios a serem pagos pelo devedor, de 
acordo com os parâmetros do art. 20, § 4º do 
CPC (CPC, art. 652-A). 
Havendo pagamento integral da 
dívida no prazo de 03 (três) dias concedido ao 
executado para a satisfação da obrigação, e 
sem que tenham sido opostos embargos, a 
verba honorária será reduzida pela metade. 
Porém, havendo oposição de 
embargos, novos honorários deverão ser 
fixados na sentença que os decidir. 
 
 
 
 
 
 
4) Averbação do ajuizamento da execução 
em registros públicos 
Nos termos do art. 615-A do CPC, 
o exequente poderá, logo no ato da distribuição 
da execução, antes mesmo, portanto, de 
qualquer apreciação da petição inicial pelo 
magistrado, obter certidão comprobatória do 
ajuizamento da execução para averbação em 
registros públicos. 
Esta certidão conterá a 
identificação das partes e o valor da causa e 
poderá ser averbada, por exemplo, na 
matrícula dos imóveis de propriedade do 
devedor, assim como no cadastro de 
propriedade de veículo. Feita a averbação, a 
existência da ação executiva será conhecida 
por todos aqueles que efetuarem pesquisa 
junto a tais registros públicos, o que 
normalmente ocorre quando da venda de bens, 
motivo pelo qual a própria lei considera em 
fraude à execução a alienação ou oneração de 
bens depois de feita a averbação (CPC, art. 
615-A, § 3º). 
O exequente deverá comunicar as 
averbações feitas no prazo de 10 (dez) dias de 
sua concretização (CPC, art. 615-A, § 1º). 
Se durante a tramitação da 
execução forem penhorados bens suficientes 
para garantir o pagamento da dívida, será 
determinado o cancelamento das averbações 
dos bens que não foram penhorados, a fim de 
não prejudicar o devedor (CPC, art. 615-A, § 
2º). 
Considerando que referida 
averbação não depende de autorização 
judicial, é possível que o exequente promova 
averbações indevidas. Assim, caso isso ocorra, 
poderá ser condenado a indenizar o executado 
pelos danos que tenha sofrido, em quantia não 
superior a 20% sobre o valor da causa, ou a 
ser liquidada por arbitramento, em autos 
apartados. A título de exemplo, será 
considerada indevida a averbação feita em 
diversos bens cuja soma supere 
injustificadamente o valor da dívida ou ainda 
aquela feita em relação a bem de valor muito 
superior ao da dívida, em detrimento de outros 
de valor mais baixo, uma vez que, pelo 
princípio da menor onerosidade, a execução 
deve se fazer pelo modo menos gravoso para o 
devedor. 
 
5) Citação 
Em regra, a citação do executado 
será feita por oficial de justiça, consoante se 
extrai da redação do art. 652, § 2º do CPC, que 
faz referência apenas a esta modalidade de 
citação. 
A citação por correio é vedada, nos 
termos do art. 222, alínea “d”, do CPC. Apenas 
na execução fiscal é que se admite a citação 
pelo correio, conforme autoriza o art. 8º, inciso 
I, da Lei 6.830/80. 
A citação por edital é admitida pelo 
art. 654 do CPC, com a observação de que 
somente será feita quando houver prévio 
arresto de bens, uma vez que deverá ser 
requerida pelo exequente no prazo de 10 (dez) 
dias da intimação desta medida cautelar. Nesta 
modalidade de citação, o prazo de três dias 
para pagamento voluntário da dívida, previsto 
no art. 652 do CPC, terá início somente depois 
de findo o prazo do edital, ocasião em que, não 
havendo pagamento, o arresto será convertido 
em penhora, prosseguindo-se o feito com a 
alienação dos bens. 
Quanto à citação por hora certa, 
realizada quando o oficial de justiça, embora 
não tenha encontrado o devedor, tiver suspeita 
de que ele se oculta para não ser citado (CPC, 
art. 227), tem sido admitida pela jurisprudência, 
conforme entendimento consolidado na súmula 
196 do STJ. 
No mais, nos termos do art. 652 do 
CPC, o devedor será citado para pagar a dívida 
no prazo de 03 (três) dias, que é contado da 
 
 
 
 
 
 
 
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data da juntada aos autos da primeira via do 
mandado de citação. Somente depois de 
transcorrido referido prazo é que o oficial de 
justiça retornará à residência do devedor, com 
a segunda via do mandado, para realizar a 
penhora de bens, avaliá-los, e intimar o 
executado da penhora (CPC, art. 652, § 1º). 
Sendo feito o pagamento da dívida 
no prazo de 03 (três) dias, os honorários 
advocatícios fixados quando do despacho 
inicial serão reduzidos pela metade (CPC, art. 
652-A, parágrafo único). 
Poderá também o devedor opor 
embargos, no prazo de 15 (quinze) dias 
contados da juntada aos autos do mandado de 
citação, se quiser discutir a dívida. 
No entanto, no prazo para oposição 
dos embargos, o devedor poderá, ao invés de 
apresentá-los, reconhecer o crédito, ocasião 
em que ser-lhe-á facultado efetuar o depósito 
de 30% do valor da dívida (incluindo custas e 
honorários advocatícios) e solicitar que o 
pagamento do restante seja feito em até 06 
(seis) parcelas mensais, acrescidas de 
correção monetária e juros de 1% (um por 
cento) ao mês (CPC, art. 745-A). Deferido o 
pagamento parcelado, suspensos estarão os 
atos executivos e autorizado estará o 
exequente a efetuar o levantamento da quantia 
depositada; sendo indeferido o pedido, a 
execução prosseguirá, mantido o depósito. 
Caso o devedor não efetue o 
pagamento de qualquer das prestações a que 
se obrigou, as demaisparcelas vencerão 
antecipadamente e o remanescente será 
acrescido de multa de 10%, hipótese em que, o 
feito também terá prosseguimento, sendo 
vedada a oposição de embargos. 
 
6) Arresto executivo ou “pré-penhora” 
Não sendo o executado encontrado 
para ser citado, mas tendo o oficial de justiça 
localizado bens seus que bastem para garantir 
a execução, deverá arrestá-los. Tal modalidade 
de arresto é conhecida como “pré-penhora”. E 
embora seja considerada uma medida cautelar, 
não se exige que estejam presentes os 
requisitos da tutela cautelar, relativos ao 
“fumus boni iuris” e o “periculum in mora”, 
bastando que o devedor não seja encontrado 
para citação, mas apenas seus bens. 
Feito o arresto, o oficial de justiça 
continuará procurando o devedor, nos 10 (dez) 
dias seguintes, e por 03 (três) dias distintos; 
não o encontrando, certificará o ocorrido e 
devolverá o mandado. Em seguida, será o 
exequente intimado do arresto, ocasião em que 
deverá requerer a citação por edital do 
executado, conforme já estudamos. 
 
7) Penhora 
A penhora é o ato executivo 
destinado à apreensão de bens do devedor, 
vinculando-os à execução. Com a penhora, o 
credor também passa a ter preferência em 
relação a outros credores, da mesma 
categoria, que futuramente penhorem o mesmo 
bem (CPC, art. 612). 
Será feita a penhora, em regra, 
pelo oficial de justiça. Citado o devedor citado e 
não tendo ele efetuado o pagamento da dívida 
no prazo de 03 (três) dias a que se refere o art. 
652 do CPC ou mesmo requerido o pagamento 
parcelado da dívida, nos termos do art. 745-A 
do CPC, o oficial de justiça, munido da 
segunda via do mandado, realizará a penhora 
de bens, passará a avaliá-los e ainda intimará 
o executado da penhora (CPC, art. 652, § 1º). 
Primeiramente se procederá à 
penhora dos bens indicados pelo exequente na 
petição inicial (CPC, art. 652, § 2º). Não tendo 
o exequente indicado bens do devedor à 
penhora, o próprio oficial de justiça efetuará a 
penhora dos bens que encontrar ou aqueles 
que forem indicados pelo devedor, e que sejam 
suficientes para a garantia da dívida atualizada, 
incluindo os juros, as custas e os honorários 
advocatícios (CPC, art. 659). 
Estando os bens do devedor em 
comarca diversa daquela em que se processa 
a execução, expedir-se-á carta precatória 
solicitando sua penhora, avaliação e alienação 
(CPC, art. 658). 
No entanto, tratando-se de bem 
imóvel, dispensável será a expedição de carta 
precatória, uma vez que a penhora desta 
espécie de bens realiza-se mediante auto ou 
termo de penhora, nos termos do art. 659, §§ 
4º e 5º, do CPC, pelo qual o executado 
também será constituído depositário do bem. 
Realizada a penhora, e dela intimado o 
executado, pessoalmente ou na pessoa de seu 
advogado, caberá ao exequente apenas 
providenciar a averbação respectiva no cartório 
de registro de imóveis, para gerar presunção 
absoluta de conhecimento do ato por terceiros. 
 
 
 
 
 
 
 
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Frise-se, por oportuno, que a averbação não 
constitui formalidade essencial à penhora e não 
é obrigatória, apenas servindo para ilidir a 
fraude à execução. 
Penhorando-se bem indivisível, a 
meação do cônjuge alheio à execução recairá 
sobre o produto da alienação do bem, nos 
termos do art. 655-B do CPC. 
Mediante requerimento do credor 
ou mesmo de ofício, pelo juiz, poderá o 
executado ser intimado para indicar bens à 
penhora, se as diligências empreendidas neste 
sentido forem infrutíferas. O desatendimento 
desta determinação judicial pelo executado, 
com a indicação da localização e valores dos 
bens sujeitos à penhora, no prazo de 05 (cinco) 
dias, será considerado ato atentatório à 
dignidade da justiça e ensejará a aplicação de 
multa em montante de até 20 % do valor 
atualizado do débito em execução, sem 
prejuízo de outras sanções de natureza 
processual ou material, multa essa que 
reverterá em proveito do credor, exigível na 
própria execução (CPC, art. 600, inciso IV e 
art. 601). Ressalva, porém, o parágrafo único 
do art. 601, que o juiz poderá relevar a pena se 
o devedor se comprometer a não mais praticar 
qualquer dos atos definidos no art. 600 e der 
fiador idôneo, que responda ao credor pela 
dívida principal, juros, despesas e honorários 
advocatícios. 
Com relação aos bens penhoráveis, 
deverá o exequente, no momento em que 
indicar algum bem do devedor, assim como ao 
oficial de justiça, quando for efetuar a penhora, 
observar, preferencialmente, a ordem prevista 
no art. 655 do CPC, a seguir relacionada: I - 
dinheiro, em espécie ou em depósito ou 
aplicação em instituição financeira; II - veículos 
de via terrestre; III - bens móveis em geral; IV - 
bens imóveis; V - navios e aeronaves; VI - 
ações e quotas de sociedades empresárias; VII 
- percentual do faturamento de empresa 
devedora; VIII - pedras e metais preciosos; IX - 
títulos da dívida pública da União, Estados e 
Distrito Federal com cotação em mercado; X - 
títulos e valores mobiliários com cotação em 
mercado; e XI - outros direitos. 
Importante observar que o dinheiro 
é colocado em primeiro lugar na ordem de 
preferência da penhora, seguido de veículos e 
de bens móveis e, somente depois, de bens 
imóveis. E para propiciar a penhora de dinheiro 
em depósito ou aplicação financeira, o CPC 
expressamente autorizou fosse feita por meio 
eletrônico, mediante requisição do juiz à 
autoridade supervisora do sistema bancário 
(CPC, art. 655-A). 
Referida modalidade, denominada 
de “penhora online”, é celebrada por meio do 
sistema BACENJUD elaborado e administrado 
pelo Banco Central, o qual repassa 
eletronicamente aos bancos as ordens judiciais 
de penhora feitas eletronicamente por juízes, 
mediante utilização de senha pessoal e 
certificação digital que garantem a identificação 
do solicitante e a segurança da operação. 
Encontrado dinheiro do devedor em depósito 
ou aplicação, a quantia solicitada é reservada e 
transferida para conta judicial indicada pelo juiz 
solicitante. O sistema BACENJUD tem sido 
constantemente aprimorado a fim de que não 
sejam bloqueados numerários de várias contas 
do mesmo devedor, possibilitando até mesmo 
que as empresas já indiquem a conta que 
deseja ser atingida em primeiro lugar pela 
ordem judicial. 
A penhora “online”, segundo 
reiteradamente tem decidido os Tribunais, não 
ofende o princípio da menor onerosidade por 
atender à ordem de preferência do art. 655 do 
CPC e até mesmo por trazer economia ao 
devedor e ao processo, já que reduz 
significativamente a produção de atos 
expropriatórios custosos como a publicação de 
edital, honorários de perito avaliador. Diante 
dessas facilidades, muitos juízes optam por 
tentar primeiramente se fazer a penhora 
“online” antes de autorizar a penhora por oficial 
de justiça. Por fim, sendo feita penhora “online” 
de quantia considerada impenhorável, nos 
termos do inciso IV do art. 649 do CPC, caberá 
ao executado alegar e comprovar esta 
condição. 
Admite-se também a penhora de 
direito do devedor objeto de processo judicial 
ainda em tramitação, motivo pelo qual se diz 
tratar-se de penhora de expectativa de direito 
litigioso. O art. 674 prevê que, nestas 
hipóteses, averbar-se-á no rosto dos autos a 
penhora, a fim de se efetivar nos bens que 
posteriormente forem adjudicados ou vierem a 
caber ao devedor. 
Igualmente passível de penhora é 
parte do faturamento de empresas devedoras, 
conforme autoriza o art. 655-A, § 3º, do CPC. 
 
 
 
 
 
 
 
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OAB 1ª Fase - XI Exame (Teoria) 
Direito Processual Civil 
Sabrina Dourado 
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Determinada a penhora, será nomeado 
depositário com a atribuição de submeter à 
apreciação

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