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1 ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL – ESAB TECNOLOGIAS PARA TRANSMISSÃO DE DADOS VIA SATÉLITE Gilbert Keide Nassif Filho¹ Resumo A transmissão de dados via satélite, após sofrer uma rápida evolução nos últimos 50 anos, é hoje um dos meios de comunicação mais utilizados pela sociedade, em especial para localização e orientação de meios móveis, como o GPS, e para a difusão de informação e conhecimento, como TV e Internet. Neste contexto, o artigo tem por objetivo apresentar as diversas tecnologias empregadas na transmissão de dados via satélite. Dentre os autores pesquisados para a constituição conceitual deste trabalho, destacam-se Godinho (2008), Oshiro (2008), Silvério (2008), Simões (2009) e Sousa (2012). A metodologia utilizada foi a pesquisa descritiva, tendo como coleta de dados o levantamento bibliográfico. A transmissão de dados via satélite, devido à sua importância geopolítica e de abrangência mundial, tornou- se de vital importância para a evolução das comunicações na sociedade moderna. Palavras-chave: Satélite. Transmissão. Tecnologias. Comunicações. 1 Introdução Um satélite é um objeto físico que orbita ou gira em torno de um corpo celeste. Satélites existem na natureza, e nosso próprio sistema solar é um exemplo perfeito. O Satélite construído pelo homem é um repetidor de sinais que recebe dados transmitidos de um ponto na superfície terrestre e os retransmite para outro ponto. É uma estação retransmissora de sinais situada no espaço. Um repetidor em órbita. Os sinais enviados da Terra e captados pela antena do satélite são transmitidos em ondas portadoras de subida situadas na faixa de 6 GHz (5.850 MHz a 6.425 MHz) denominada Banda C. Em seguida, os sinais são convertidos pelo satélite, por meio de circuitos, para portadoras de descida situadas na faixa de frequência de 4 GHz (3.625 MHz a 4.200 MHz), amplificados e irradiados para a cobertura da superfície terrestre. O satélite de comunicação pode ser um repetidor ativo - quando recebe, trata, amplifica e retransmite o sinal - ou um repetidor passivo - quando apenas reflete o sinal. Estas características técnicas tornam o satélite um dos principais meios de telecomunicações do mundo moderno, permitindo atingir distâncias não alcançadas por qualquer outra tecnologia 2 disponível. Atendendo embarcações, aeronaves, locais remotos e de difícil acesso, ele dispensa a necessidade de infraestrutura terrestre de telecomunicações. O tema deste trabalho refere-se ao estudo das diversas tecnologias empregadas na transmissão de dados via satélite, utilizando-se como principais referências bibliográficas os autores Simões, Sousa, Silvério, Oshiro e Godinho. O objetivo geral deste artigo é descrever e explicar, de forma técnica e resumida, o uso da tecnologia de transmissão de dados via satélite aos estudantes e profissionais que trabalham com esta tecnologia. Esta pesquisa justifica-se pela falta de bibliografia especializada e aborda, de forma resumida e prática, as tecnologias de transmissão de sinais de dados via satélite. A metodologia de pesquisa é exploratória e descritiva, com coleta de dados por pesquisa bibliográfica. 2 Revisão de literatura Até a década de 60 do século passado, os serviços de transmissão de dados eram oferecidos basicamente por conexões via canais de rádios microondas e cabos submarinos. Após o advento da utilização comercial de satélites de comunicações ocorrido na década de 60, registrou-se grande expansão dos serviços de comunicações em longas distâncias, em especial em regiões isoladas. Simões (2009, p.118) explica: A grande vantagem da conexão via satélite é a possibilidade de atender a grandes distâncias e dispensar infraestrutura terrestre de telecomunicações. Um sistema via satélite requer a instalação de uma antena parabólica e de um terminal de satélite, que são equipamentos de custo elevado. Os satélites de comunicação são na sua grande maioria, do tipo geoestacionário. São assim denominados por serem colocados em uma órbita sobre o Equador de tal forma que o satélite tenha um período de rotação igual ao do nosso planeta Terra, ou seja, 24 horas. Com isso, a velocidade angular de rotação do satélite se iguala à da Terra e tudo se passa como se o satélite estivesse parado no espaço em relação a um observador na Terra. Um satélite típico é composto de uma parte comum (“bus”) onde se encontram as baterias, painéis solares, circuitos de telemetria e a parte de propulsão. Além do “bus” há a carga útil (“payload”), composta essencialmente dos circuitos repetidores, denominados “transponders”. 3 Figura 1: Estrutura do satélite Fonte: Silvério (2008) Conforme apresentada na figura 1, mostra-se a divisão do satélite em “bus” e “payload” Portanto, pode-se concluir, com base nas explicações de Simões, que o satélite comporta-se como um repetidor de sinais que reflete e amplifica o sinal transmitido para uma grande área geográfica devido ao fato de se deslocar na mesma velocidade de rotação da Terra. As frequências mais utilizadas para a comunicação via satélite são a Banda C, que envia dentro da faixa de 5,8 a 6,4 GHz e recebe dentro da faixa de 3,6 a 4,2GHz, e a Banda Ku, que envia dentro da faixa de 14,0 a 14,5 GHz e recebe dentro da faixa de 11,7 a 12,2 GHz. As frequências utilizadas na transmissão estão diretamente relacionadas ao tamanho da antena de recepção. Godinho (2004, p.11) definiu: Normalmente, as bandas de frequências utilizadas no percurso descendente são mais baixas que as utilizadas no percurso ascendente. Isto acontece de modo a reduzir possíveis interferências e porque o percurso descendente é considerado mais crítico que o ascendente, devido às limitações de potência do satélite. O facto da banda de frequências do percurso ascendente ser mais elevado também permite maximizar o ganho de recepção, dado que o ruído captado pelo satélite é elevado. Tabela 1: Bandas de frequência utilizadas em satélites Fonte: Godinho (2004) 4 Conforme demonstrado na Tabela 1, as bandas de frequências utilizadas em sistemas de comunicações por satélite situam-se nas bandas UHF (300 MHz - 3 GHz) e SHF (3 GHz - 30 GHz).O espaço geoestácionário foi dividido pela União Internacional de Telecomunicações (UIT) em 180 posições orbitais, cada uma delas separada da outra por um ângulo de dois graus. O Brasil pleiteou 19 posições orbitais junto à UIT, sendo sete delas designadas para uso das operadoras brasileiras. 2.1 Colocação de um satélite em órbita Para se colocar um satélite em órbita, é preciso utilizar foguetes potentes. Isto envolve a necessidade de integração de tecnologias atualmente em uso. Existem os foguets do tipo Ariane, utilizado no continente europeu, e os foguetes Delta dos Estados Unidos. . Figura 2: Foguete Delta Figura 3: Maquete satélite Fonte: Silvério (2008) Fonte: Elaboração Própria (2017) Conforme apresentado na figura 2, foguete pronto para ser lançado para colocação de um satélite em órbita. Na figura 3, maquete de um satélite de comunicação. 5 2.2 Transponders Silvério (2008, p. 132) define transponders como: Denominação dos diversos canais que o satélite possui. O sistema transponder consiste nada mais do que sistema integradode receptores e transmissores de sinais de rádio que operam em tempo integral e conjuntamente. Os satélites podem possuir dezenas ou centenas de transponders e cada transponder representa o par de um receptor e um transmissor de rádio. Como normalmente há muitos canais em operação ao mesmo tempo, é necessário se determinar de qual deles se está falando e por sua vez, em que frequência que ele opera. Cada transponder possui uma frequência de operação própria tanto para receber, como para transmitir os seus sinais para as estações terrestres. A expressão para definir esta frequência está baseada no sentido em que a informação trafega. Se o sinal segue da Terra para o satélite, dizemos que esta frequência é de subida, ou uplink, mas se o sinal desce do satélite para uma estação terrestre, dizemos que ele é um downlink. Como os sistemas de transmissão e recepção são integrados, e mesmo que utilizem as mesmas antenas, não significa que todos tenham utilizar frequências idênticas. A figura 4 apresenta o plano de frequência do satélite INTELSAT operando na Banda C. Figura 4: Plano de canalização do Intelsat Fonte: Silvério (2008) Pode-se concluir que cada canal (transponder) possui largura de banda de 36 MHz na Banda C e 27 MHz na Banda Ku. É comum o lançamento de satélites com 36 transponders de 40 Mhz em uma só banda. Na maioria dos casos, os satélites possuem 24 canais, sendo 12 de polarização vertical e 12 de polarização horizontal. Para alocar estas bandas em polarizações diferentes e proporcionar uma isolação ainda maior entre elas, os canais são alocados de forma a não coincidir em frequências limites. Três configurações básicas de transponders são usadas em satélites de comunicação. Todas elas apresentam variações mínimas entre si, mas cada uma tem suas vantagens e desvantagens . São os transponders de conversão simples, conversão dupla e regenerativo. O transponder de conversão simples utiliza um único 6 misturador para converter o sinal de enlace de subida para o de decisda. O de conversão dupla faz o mesmo trabalho em duas etapas com o dois misturadoes e o regenerativo -conforme o próprio nome sugere - regenera o sinal aumentando a sua potência em relação ao enlace de subida para o de descida. Figura 5 : Transponder de conversão simples Fonte: Silvério (2008) Figura 6: Transponder de conversão dupla Fonte: Silvério (2008) As figuras 5 e 6 mostram os transponderes o de conversão simples e o de conversão dupla. 2.3 Classificação dos satélites Os satélites, de acordo com Godinho (2004, p.10), podem ser de quatro tipos, dependendo da aplicação que se pretende dar a eles. Há os satélites de comunicações, os quais se subdividem em satélites fixos de comunicações (FSS, Fixed Satellite Service), satélites de difusão (BSS,Broadcasting Satellite Service) e satélites de comunicações móveis (MSS, 7 Mobile Satellite Service); os satélites de navegação, que são os de posicionamento (GPS, Global Positioning System); os satélites de observação da terra e atmosfera, os meteorológicos e os de detecção remota ; e os satélites militares, empregados em espionagem. Silvério (2008, p. 131), por sua vez, os classifica por tipo de estabilização: Além dessa classificação podemos definir os satélites quanto ao tipo de estabilização: - Os estabilizados a três eixos por giroscópios; - Os giro-estabilizados: São estabilizados pela própria massa que fica girando sobre o seu próprio eixo, paralelamente aos eixos de rotação da terra, estes tipos de satélites compõem a maior parte dos satélites sincronos do espaço. Segue abaixo descrição do significado de órbita do satélite segundo Sousa (2012, p.356): O posicionamento do satélite no espaço ao redor da Terra é chamado de órbita a qual pode ser elíptica ou circular. As órbitas circulares podem ser sincronas ou assincronas. Nas síncronas o satélite fica sobre o Equador numa órbita de posicionamento fixo em relação a um ponto da terra. Tem uma órbita de 24 horas em redor da Terra. Nas assíncronas o satélite tem um ciclo de rotação diferente do planeta, podendo por exemplo, circundar a terra em algumas horas. Nesse caso para que tenha uma cobertura integral num determinado ponto do planeta, é necessário um grande número de satélites em órbita assíncrona. E Godinho (2004, p.11) completa com os tipos de órbitas: Consoante a altura a que os satélites se encontram, e dependendo das características da órbita que descrevem, é possível definir diversos tipos de órbitas: . GEO (Geosynchronous Earth Orbit): órbita circular equatorial geossíncrona – período de revolução: 23h56 m4,091 s – altitude média: 35 786 km . LEO (Low Earth Orbit): órbita circular de baixa altitude – altitude típica: 500 - 1 500 km – período de revolução 1h 30m - 2h . MEO (Medium Earth Orbit): órbita circular de altitude média – altitude típica: 10 400 km – período de revolução 6 horas . HEO (Highly Elliptical Orbit): órbita elíptica – órbita elíptica inclinada – perigeu de baixa altitude 8 Figura 7: Principais orbitas de satélites Fonte: Godinho(2004) Observando as características de cada tipo de órbita na figura acima, é possível definir as principais aplicações para um satélite localizado em determinada órbita: GEO: Comunicações fixas, Difusão, Meterologia LEO: Comunicações móveis, Radiomadorismo, Observação da Terra MEO: Comunicações móveis, Navegação HEO: Comunicações fixas. Tabela 2: Comparação tipos de órbitas Fonte: Godinho (2004) A forma como os sinais das estações terrestres acessam o satélite e compartilham para transmitir e receber as suas informações é chamada método de acesso. Godinho (2004, p. 13) explica: Existem três técnicas para que diversas estações possam comunicar simultaneamente com o mesmo satélite: Acesso Múltiplo por Divisão de Frequência(FDMA): Neste tipo de acesso, é possível que todas as estações usem o satélite simultaneamente, mas cada uma utiliza uma banda de frequências diferente. Este tipo de acesso é normalmente utilizado na transmissão analógica. Acesso Múltiplo por Divisão no Tempo(TDMA):Neste tipo de acesso apenas é permitido `as estações transmitir uma de cada vez numa dada gama de frequência, 9 utilizando os “slots” temporais que lhe foram atribuídos. Este tipo de acesso é normalmente utilizado em transmissão digital. Acesso Múltiplo por Divisão de Código(CDMA):Neste tipo de acesso, é possível que várias estações transmitam simultaneamente na mesma frequência sinais dispersos pelo espectro, codificando os sinais ortogonalmente. Para recuperar um dado sinal é necessário ter conhecimento do código que foi utilizado para dispersar o sinal no espectro. 2.4 Segmento Terrestre: Segue a definição extraída de Oshiro (2008, p.107): É composto pelas estações terrenas e pelo centro de operação e controle. Os sinas analógicos ou digitais entram por um multiplexador com interface banda básica que converte todos os sinais em digitais. Um filtro de sinais da recepção é colocado na ponta para evitar que a recepção interfira no sinal transmitido. No caso da digitalização de sinais analógicos, tipicamente de voz na interface banda base de entrada, a forma de transformar o sinal analógico em digital é por meio de amostragens PCM(Pulse Code Modulação). No sistema PCM de digitalização de sinais análógicos,são retiradas amostras na taxa de 8.000 amostras por segundo(amostragem de Nyquist) do sinal analógico. Cada amostra é transformada em um código de 8 bits, fazendo assim a digitalização. Cada codificação depende do nível da onda senoidal no momento da amostragem. Precisamos, portanto, de uma banda de transmissão(capacidade de transmissão) de 64.000 bits por segundo em canal, para transmitir a voz digitalizada. Como um canal de 64Kbps pode ter um custo muito alto e inviabilizar o uso nessa aplicação para transmissão de apenas uma comunicação de voz, utiliza-se a compressão dos sinais digitais. Alguns algoritmos de compressão de sinais digitalizados de voz conseguem comprimir os bits de 64.000(64K), podemos trafegar oito canais de voz que ocupam 8Kbps da banda de cada um. Isto produz uma economia significativa nas transmissões de voz digitalizada. Figura 8: Antena e estação terrena Fonte: Oshiro (2008) 10 Podemos concluir pela Figura 8 que a estação terrestre necessita está localizada em uma área com visada aberta para o satélite a fim de melhorar o sinal de enlace de subida e evitar ruídos causados por obstáculos. 2.5 Antenas Parabólicas: As antenas parabólicas são parte da estrutura de recepção do sinal via satélite. Uma boa antena garante a perfeita recepção do sinal proveniente do satélite. Ela precisa ser robusta para resistir aos ventos e corrosão. Segue descrição dada por Godinho (2004, p. 14): As antenas parabólicas são o dispositivo destinado a lidar directamente com a radiação eletromagnética em utilização pelo sistema. Consoante um determinado conjunto de factores, estas podem estar a funcionar com emissoras ou receptoras, mas não é comum que ambas as funções sejam efectuadas pela mesma antena, simultaneamente. As antenas são utilizadas em UHF e Microondas. Possuem uma alta diretividade, o que resulta um alto ganho. Uma antena receptora de satélites de três metros de diâmetro, por exemplo, tem um ganho de 33 dB, ou seja, ela “amplifica” ( o mais correto seria falar concentra) o sinal de chegada em cerca de 2000 vezes.Lembrando sempre que o ganho da antena parabólica é deve-se à sua capacidade de concentrar o sinal recebido em um único ponto, do sinal recebido.Ela pode ser feita de diferentes materiais, como alumínio e fibra de vidro. A diferença do material empregado em sua construção influenciará em seu ganho. Uma antena de alumínio têm um ganho maior do que uma de fibra de vidro. O diâmetro da antena também influencia no ganho da mesma. Quanto maior o diâmetro da antena maior será o ganho e melhor a qualidade da recepção. Uma antena parabólica para recepção de satélites pode ser dividida em diversas partes: refletor, iluminador,corneta corrugada ou feedhorn, polorotor e o elemento amplificador (LNA, LNB, LNC) .O refletor direciona todo o sinal recebido para um único ponto: o foco. O iluminador segura a corneta corrugada (feedhorn) , que possui, em sua parte interna, o dipolo que receberá os sinais de RF. O polorotor colocará o dipolo na polarização vertical ou horizontal. O elemento amplificador ( o LNB e o LNC) amplificará o sinal recebido e também o converterá para uma freqüência mais baixa. Existem dois tipos de antenas: Focal Point e Cassegrain. Na antena do tipo Focal Point, o alimentador(Feed Horn) localiza no foco da antena. No tipo Cassegrain, o alimentador 11 localiza-se do sinal fica na superfície da parábola, irradiando o sinal para um sub-refletor que reflete o sinal para a parábola,e esta, por sua vez, o reflete para o espaço e vice-versa. Figura 9: Estrutura de uma antena parabólica (Focal Point) Fonte: Godinho (2004) Godinho (2004, p.14) também descreve: O Prato é um componente passivo do sistema,simplesmente destinado a refletir as ondas que nele incidem. Para que essa reflexão se faça de forma eficiente, a forma e constituição do Prato obedecem a determinados parâmetros. A forma do Prato é a de uma parábola tridimensional. As propriedades da curva parabólica permitem reflectir maior potência de radiação para um ponto comum (o feed-horm) do que qualquer outro tipo de curva conhecida, daí que seja mais utilizada. O feed-horn para o qual desconhecemos termo apropriado em portugûes, é o dispositivo destinado a capturar o sinal electromagnético, funcionando assim como a verdadeira antena do sistema. A utilização do feed-horn possibilita essencialmente o comprimento de dois requisistos: 1) A sua forma e constituição permitem “agrupar” a radiação refletida pelo refletor, num feixe mais condensado, conferrindo assim maior potência ao sinal recebido. 2) Formar num primeiro nível de filtragem de ruído, contribuindo para uma melhoria da relação sinal-ruído logo desde a entrada do sistema. A saída do feed-horn o sinal é passado para um pequeno guia de onda metálico que o transmite para o LNB. Nota: O prato refere-se ao termo refletor presente na lingua portuguesa do Brasil. Elemento Amplificador (LNA, LNB, LNC): As suas características mais importantes são: temperatura de ruído e ganho. A temperatura de ruído é uma grandeza que define a quantidade de ruído térmico que é gerada pelo elemento amplificador. Quanto menor a temperatura de ruído melhor o elemento amplificador. Caso o ruído que ele crie seja maior que o sinal recebido e amplificado, ele encobrirá o sinal e a recepção será péssima. A temperatura de ruído é dada em graus Kelvin. Exemplo de um bom elemento amplificador (um LNB) ganho = 65 dB. Temperatura de ruído = 30 graus Kelvin. Por ganho entendemos a capacidade de amplificação do mesmo (valores em dB). Um LNA com 10dB de ganho multiplicaria por 10 o sinal recebido. O LNB (Low Noise Blockconverter - Conversor de Baixo Ruído) é o mais utilizado e o principal componente eletrônico desta fase do sistema. Seu nome deve-se ao fato de que 12 converte uma banda contínua de alta frequência em uma banda de frequência mais baixa, passível de ser transportada por cabo coaxial. O LNB costuma utiliza um Oscilador local de alta frequência por volta dos 10 GHz, mas varia conforme a banda que se pretende captar. Amplifica o sinal recebido na faixa de 3,7 a 4,2 GHz (Banda C) e o converte para a faixa de 950 a 1450 MHz. O LNB efetua depois uma filtragem de todo o espectro exterior à banda desejada e proporciona ao sistema um primeiro estágio de amplificação de baixo ruído do sinal recebido. A amplificação de baixo ruído é crucial, uma vez que, nesta fase do sistema é da ordem de grandeza do sinal captado. Os LNBs atuais utilizam o composto químico sintético Arsenieto de Gálio(GaAs) e tecnologia HEMT (High Electron Mobility Transistor) para possibilitar elevada ampliação com o mínimo de ruído. É ainda possível comandar o LNB para captar uma determinada banda de frequências em polarização horizontal ou vertical. Este comando é efetuado pelo receptor, mediante o envio de uma tensão específica para o LNB, 13V ou 17V tensão DC. Godinho (2004, p. 15) descreve o posicionamento da antena parabólica em relação ao satélite: Posicionamento das antenas parabólica: Tal como foi inicialmente referido, o funcionamento deste tipo de sistemas envolve linha de vista directa entre emissores e receptores. Este é, naturalmente, o facto que motiva a colocação de antenas parabólicas em zonas exteriores de edifícios, geralmente elevadas em relação à área circundante - tipicamente telhados de edifícios, chaminés ou torres próprias para o efeito. A orientação da antena é no entanto um aspecto mais preocupante. Aopasso que a sua colocação em locais altos e de linha de vista desimpedida é relativamente óbvia, a região do espaço para a qual uma determinada antena deve ser direccionada por forma a receber informação específica é uma matéria digna de atenção. A figura que se segue procura ilustrar os dois graus de liberdade de uma antena parabólica Figura 10: Antena orientação - azimute e elevação Fonte: Godinho (2004) O posicionamento do satélite em relação à Terra é descrito pela longitude e altitude.Através destes dado,s consegue-se calcular o ângulo de elevação em relação ao 13 satélite bem como ao azimute. Uma vez que, para satélites geostacionários, a altitude é fixa, é a diferença entre longitudes que determina a inclinação. 2.6 Receptores de Sinais: Os receptores de sinais via satélite são instrumentos que decodificam o sinal recebido da antena parabólica e fazem a descriptação dos dados. São peças fundamentais de Hardware e Software que estão em constante evolução para se adaptarem às constantes modificações nos protocolos de codificação e compressão de dados utilizados pelos satélites. Godinho (2004, p. 17) descreve as funcionalidade e objetivos dos receptores: Todos os sistemas de televisão por satélite terminam num receptor. Existem diversos tipos deste equipamento, com funcionalidades e aplicações diversas, mas a principal distinção a fazer é entre sistemas analógicos e digitais. Pela distinção efetuada é óbvio compreender que receptores analógicos são capazes de efectuar somente desmodulação analógica, e receptores puramente digitais apenas conseguem desmodular transmissões digitais. Existem no entanto receptores simultaneamente analógicos e digitais, capazes de lidar com os dois tipos de sinais. Deve ser feita também uma distinção entre receptores e receptores/desencriptadores (IRD – integrated receiver/descrambler). Os primeiros simplesmente desmodulam o sinal recebido, ao passo que os sistemas receptor/ desencriptador incluem capacidade para recuperar sinais encriptados, quer os analógicos, quer os digitais. Assim, as funcionalidades dos receptores concentram-se em: Recepção electrónica do sinal – desmodulação. Separação (desmultiplexagem) do tipo de informação contida no sinal (bandas de áudio/vídeo e sinais de controlo) e respectivo encaminhamento. Desencriptação dos conteúdos permitidos (nos IRD’s). Descodificação de todo o conteúdo recebido (descompressão). Adaptação dos sinais à representação no formato de televisão local. Figura 11: Decoder IRD 2900 Séries Fonte: Harmonic (2017) 14 Figura 12: Esquema de blocos de um IRD Decoder Fonte: Godinho (2004) A figura 11 acima e a figura 12 ilustra um típido decodificador IRD. Godinho (2004, p.17) segue explicando sobre os blocos operacionais do decodificador: I- Bloco de recepção: Nesta primeira fase, o sinal é recebido electronicamente, passando por filtros passa banda sintonizados para o canal pretendido, amplificadores de baixo ruído e desmoduladores próprios para o tipo de sinal que se pretende receber. II- Bloco de desmultiplexagem: Este subsistema destina-se a separar as componentes dos sinais desmodulados (sinais de vídeo/áudio e controlo) e a enviá-los para o bloco respectivo. III- Bloco de segurança: Este bloco consiste num processador de segurança, ao qual são entregues os sinais de controlo do sistema, e que vai efectuar o processamento necessário, afim de determinar quais os conjuntos de serviços (tipicamente um pacote de canais) a que o acesso está autorizado. IV- Módulo de permissão de acesso: Esta secção recebe do processador de segurança a informação dos canais cuja visualização é permitida. Nesta secção está o CAM – Conditional Access Module, que é um dispositivo destinado a trocar informação com um cartão electrónico (smart card) que o utilizador coloca no receptor. Este cartão tem um formato único para cada distribuidor de serviços de televisão por satélite e inclui chaves próprias e algoritmos de desencriptação exclusivos. Sistemas de encriptação comuns são, por exemplo, Nagravision, SmartCrypt, Syster, ou VideoCrypt. O cartão é personalizado ao nível do utilizador, com a atribuição de um número de identificação específico. Quando o processador de segurança recebe sinais do operador a atribuir autorização ao cartão respectivo para desbloqueio de determinados canais, o cartão e o CAM trocam a informação necessária de forma a desencriptar o sinal. V- Bloco descodificador: Este bloco não deve ser confundido com o anterior, apesar do nome assim o sugerir. Descodificação, nestes sistemas digitais, refere-se ao processo de recuperar um sinal codificado com técnicas de compressão (tipicamente MPEG-2) utilizadas para maximizar o número de canais possíveis de transmitir numa largura de banda limitada. A descodificação não emprega algoritmos ou chaves secretas, nem necessita de identificação/autorização prévia. É simplesmente necessário que o equipamento tenha o hardware/software necessário para descomprimir a stream de dados que recebe. VI- Bloco modulador:Esta última secção do receptor é a interface com o sistema de televisão local, e visa adaptar a informação de áudio e vídeo ao formato próprio de exibição do sistema televisivo a ser utilizado (PAL, NTSC, SECAM, etc.). A figura 12 ilustra o diagrama interno de um decodificador de sinal IRD. A descrição dada por Godinho (2014, p.17) mostra o esquema de propagação interna do sinal que passa por diversas fases de decodificação, desemcriptação e descompactação, até chegar ao destino 15 final, que é ou um receptor televisivo - no caso de uma transmissão de vídeo - ou um servidor - no caso da transmissão de dados, que podem ser texto, imagem ou voz. . 3 Conclusão Este trabalho foi formulado com o objetivo de auxiliar aqueles que desejam aprimorar seus conhecimentos no fascinante mundo da transmissão de dados via satélite, bem como nas diversas tecnologias e equipamentos envolvidos no processo. Procurou-s seguir uma ordenação lógica com base em estudos dos autores citados ao longo do artigo. O objetivo é que o leitor possa entender, de uma maneira ordenada, a tecnologia empregada na transmissão de dados via satélite. Para que esta evolução continue, está sendo cada vez mais necessária a utilização de satélites mais potentes com maiores custos de produção. Essa evolução decorre principalmente do desenvolvimento de novos materiais capazes de resistir as intempéries do espaço e da evolução da automação, da telemática e, principalmente, da eletrônica, que aumenta muito a capacidade de transmissão dos transponders com o advento de novos osciladores . O trabalhou procurou demonstrar que, devido às suas características únicas de atingir lugares remotos, o satélite consegue levar a comunicação a qualquer região do planeta. Ficando aqui a proposta para um novo trabalho a ser realizado sobre o tema: Transmissão de Sinais de Vídeo Via Satélite e pela Internet. Referências SOUSA, L.B. Redes de Computadores: Dados, Voz e Imagem, 10. ed. São Paulo: Érica , 2012. SIMÕES, R.M. Sistemas de Múltimidea e TV Digital, ESAB, 2008. OSHIRO, A.S. Redes de Acesso e Serviços de Telecomunicações, ESAB, 2007. SILVÉRIO, M.G.P. Comunicção Rádio Via Satélite, ESAB, 2008. GODINHO, P.; SILVA, R; PELADO, V. A Televisão Via Satélite, Universidade Técnica de Lisboa, 2004.
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