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XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 ENEGEP 2003 ABEPRO 1 Modelo de gestão estratégica: estudo de caso em empresa de marketing direto David Lungareze (UFAM) lungareze@manausnet.com.br Dr. Léo Fernando Castelhano Bruno, Ph.D. (UFAM) lbruno@genius.org.br Resumo Proposição de um modelo de gestão para empresas comerciais, embasado nas teorias administrativas, do Planejamento Estratégico e da valorização dos recursos humanos. O Sistema de Gestão de Alto Desempenho compôs a metodologia utilizada no modelo, sendo justificado pela adoção do Balanced Scorecard, o qual delineou a validação e a medição do desempenho organizacional, refletindo os impactos do modelo de gestão adotado. O Balanced Scorecard propiciou uma visão abrangente e estratégica da organização, fornecendo as informações necessárias para as tomadas de decisões, bem como para a criação de valor futuro. A relevância consistiu no fato de ser abordado a administração com um novo enfoque, procurando uma sinergia entre métodos, teorias e técnicas que antes se achavam isolada. Contribuiu, dessa forma, para enriquecer o estudo de processos de administração estratégica, bem como para servir de modelo de gestão para outras organizações comerciais e de prestação de serviços no país. Palavras-chave: Indicadores de desempenho; Balanced Scorecard; Gestão estratégica. 1. Introdução A competitividade cada vez mais vem estreitando o relacionamento entre consumidores, empresa e investidores, numa relação ganha-ganha, crescendo a demanda por modelos de gestão estratégica que traduzem metas quantitativas em qualitativas, valorizando a competência, criatividade e inovação. Entretanto, ainda encontram-se empresas com modelos tradicionais de gestão que não atendem as expectativas, pois são administrações mecanicistas e centralizadoras. A criatividade e inovação, habilidades indispensáveis no rol das competências entre indivíduos e suas organizações, trazem novos conceitos e rompe paradigmas, na valorização da Inteligência Competitiva visando produtividade, retorno dos investimentos, qualidade, fidelidade dos clientes e retenção de talentos que deve ousar eticamente. Para isso, deve-se criar vetores estratégicos, tais como: treinamento e desenvolvimento de equipes flexíveis e mais competitivas, comprometidas e envolvidas com o negócio da organização, que possuam visão de futuro. Portanto, neste contexto se propôs um modelo de gestão estratégico para empresas comerciais, concebido na visão do Balanced Scorecard e adoção de indicadores de desempenho. Assim, foi aplicado um estudo de caso com resultados e conclusões extremamente relevantes, pois se buscou investimento em pessoas como agente de mudanças. Cada vez mais o mundo dos negócios está mudando. Por isso, as organizações estão buscando novos modelos de gestão, e através de seus recursos humanos vêm conquistando resultados significativos através da inovação e da ousadia. À frente das iniciativas estão os profissionais da área, com contribuição pelo pioneirismo de suas ações, sempre adaptadas às freqüentes mudanças de mercado. 2. Referencial Teórico A Administração por Objetivos-APO foi definida por Odiorne (1965) como sendo “... o processo de administração no qual os gerentes superiores e subordinados de uma organização XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 ENEGEP 2003 ABEPRO 2 definem em conjunto suas metas comuns e especificam as principais áreas de responsabilidade de cada posição em relação aos resultados esperados de cada um, e utilizam essas medidas como guias para a melhor operação de setor e verificação da contribuição de cada um de seus membros”. O enfoque passou a ser nos objetivos da organização, que devem ser claros e mensuráveis, expressando sua realidade e as ações para sua execução. A APO inicia com o planejamento estratégico, determinando as metas, as prioridades e medidas de desempenho. Esta tem como propósito à melhoria da eficácia, ela é lógica e sistemática, ocorrendo a realimentação contínua no processo pela autocorreção e autocontrole dos resultados. De acordo com Leibenstein (1975), os agentes dotados de capacidade empresarial reúnem um conjunto de qualificações que se diferenciam em relação aos contingentes economicamente mobilizáveis, a saber: “·· ter visão estratégica, orientada para o futuro, capaz de antever novas realidades e seus desdobramentos”. Litwin e Stinger (1978) ao estudarem o Clima Organizacional, apud Neri (1997), propõem que o Clima Organizacional é um filtro pelo qual passam os fenômenos objetivos: estrutura, liderança e tomada de decisões. Então, avaliando o Clima Organizacional, é medida a forma como a organização é percebida. As Políticas de Recursos Humanos são condições fundamentais e indispensáveis na busca da excelência, da qualidade e da obtenção de altos níveis de produtividade. Para Lopes (1979), quando se questiona o que leva o homem a se motivar no trabalho, chega- se à conclusão que a motivação relaciona-se intimamente com a personalidade do ser humano e com o seu desenvolvimento mental, emocional e profissional. Por conseguinte, não surpreende o interesse em compreender a natureza, fontes e causas da motivação, os fatores que a influenciam, bem como os meios de estimulá-la construtivamente. Segundo Hailstones (1980), destaca-se a capacidade empresarial como "o mais importante dos fatores de produção”. Sua persistente busca pelo lucro e por outros elementos motivadores, inerentes a produção e distribuição de bens e serviços, é a principal força propulsora do processo econômico. A empresariedade seria a energia mobilizadora da economia. A compreensão do processo de produção de uma organização e as relações funcionais de cada fator em sua composição, associada a modelos de gestão apropriados, compõe a formação de um modelo elementar de crescimento para além de satisfazer o cliente, encantá-lo. Sabe-se que a qualidade está no homem, sendo ele quem gera os recursos materiais e os métodos de trabalho, ficando estes, portanto, subordinados ao seu desempenho. Considerando que isso não ocorre por acaso, esse passa a ser um fator preponderante a ser gerenciado na organização. As organizações devem aliar qualidade à produtividade. Para Larousse (1980), “... estratégia é a arte de planejar ações de guerra; arte de combinar a ação de forças militares, políticas, morais, econômicas, implicadas na condução de uma guerra ou na preparação da defesa de um Estado”. Com isso, diversas tentativas de planejamento organizacional em longo prazo surgiram como projeções financeiras estáticas. Entretanto, para Chiavenato (1983), “... as Políticas de Recursos Humanos vão variar de empresa para empresa, dependendo das necessidades e filosofia de atuação de cada organização. Na verdade, elas se constituem em diretrizes fundamentais ou guias para ação, que procuram condicionar o alcance dos objetivos e o desempenho das funções de pessoal”. Nesta busca pela qualidade, administrar RH com enfoque tradicional não possibilita a obtenção de altos níveis de produtividade. É o advento da visão de RH de caráter estratégico, não mais visto meramente como um centro de custos. XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 ENEGEP 2003 ABEPRO 3 Em concordância, Stoner e Freeman (1985), apresentam uma definição bem clara sobre estratégia: “programa amplo para se definir e alcançar as metas de uma organização; resposta da organização ao seu ambiente através do tempo”. Conforme Gracioso (1990), os teóricos da estratégia de competição apreciam fazer analogias entre as estratégias de negócios e as militares, porque em ambas, o problema básico é o mesmo: aniquilar ouneutralizar o oponente. Neste contexto, conforme Zaccarelli (1990) menciona quando falava de administração estratégica que esta “objetiva transformar a estratégia em decisões e ações”. Assim, observa- se que a administração estratégica é uma administração do futuro, de uma forma sistêmica e intuitiva, consolidando princípios, normas e funções para alavancar harmoniosamente o processo de planejamento da situação futura desejada da organização. 3. O Balanced Scorecard- BSC As organizações necessitam de um modelo de gestão estratégico que proporcione crescimento e estabilidade nos negócios. Esta gestão deve estar equipada com argumentos que lhe conceda a melhoria das rotinas de trabalho e redução de custos, estando na rota da eficiência e da capacidade para a acirrada competição de mercado. Sem dúvida, o caminho a se tomar é a busca pela administração estratégica, pelo uso diferenciado de ferramentas de gestão que proporcione o sucesso corporativo, envolvendo pessoas, estratégias e performance. Para tal, aponta-se à utilização do Balanced Scorecard como instrumento de mensuração de desempenho e de implementação de estratégias. Norton e Kaplan (1997) apresentam o Balanced Scorecard como um conceito de gestão que tem como ponto de partida a medição constante de tudo que acontece dentro da organização: desde despesas com custos operacionais e não-operacionais até o retorno do capital investido em treinamento e desenvolvimento de colaboradores, devidamente orientados por estratégias organizacionais. O enfoque do Balanced Scorecard é orientado pela visão de que não basta fortalecer o tradicional departamento de contabilidade com seus números e cifras (faturamento, lucro e vendas), pois não são suficientes para mostrar a realidade e antever o futuro da organização. Deve-se montar um Sistema Estratégico de Mensuração – SEM, numa combinação de indicadores que apontem o que fazer em longo prazo. A principal faceta do Balanced Scorecard está na identificação de capacitores (vetores) que impulsionem os resultados numa relação de causa-e-efeito dos indicadores antecedentes e conseqüentes. Todos estes indicadores devem ser enquadrados em quatro perspectivas que abracem a totalidade da organização: Perspectiva de Aprendizagem e Crescimento, Perspectiva dos Processos Internos, Perspectiva dos Clientes e Perspectiva Financeira. Aponta-se que o ideal é que primeiramente a organização entre numa fase de introdução da cultura do Balanced Scorecard, com definição de metas e objetivos, utilizando o método apenas para avaliar se as estratégias estão corretas e caminhando vinculado ao que se deseja. A correção do curso, daí em diante, passa envolver todos os colaboradores numa relação de sensibilidade, capacitando as pessoas da organização a saberem distinguir um simples gráfico de desempenho (crescimento de vendas, por exemplo), de um indicador estratégico (eficiência de equipes e do relacionamento com clientes, por exemplo). Esta realização somente é alcançada com eficácia se a organização tiver a capacidade de envolver todos os colaboradores (em equipes) na tarefa de cruzar e relacionar estes dados. XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 ENEGEP 2003 ABEPRO 4 Cada departamento da organização deve possuir metas de resultados e desempenho, avaliados semanalmente ou quinzenalmente em reuniões entre os participantes das equipes, analisando os resultados obtidos, buscando a relação causal entre os indicadores estratégicos adotados. Todos estes resultados e análises sustentarão a pauta das reuniões mensais (com todas as equipes) para a tomada de decisões corretivas. O Balanced Scorecard mede tudo o que acontece, reunindo a maior quantidade possível de dados através do Sistema Estratégico de Mensuração – SEM, demonstrando através de gráficos de desempenho orientados pela visão estratégica da organização. 4. Aspectos Metodológicos Utilizados A abordagem organizacional foi sistêmica, global, abrangente e holística, possibilitando a visualização das relações de causa-e-efeito, ou seja, as inter-relações entre os fatores de produção adquiridos pela organização. Este enfoque sistêmico permitiu a análise do meio ambiente ou cenário externo, definindo como cenário provável, de longo prazo, a partir do qual os objetivos institucionais e suas respectivas estratégias foram delineados e os indicadores organizacionais obtidos para monitorar o planejamento. A implantação da ferramenta na organização se deu com o significado muito mais do que o simples monitoramento do impacto de RH sobre o desempenho da empresa, facilitando a execução da estratégia organizacional, compondo e complementando o modelo de gestão voltado devido à valorização dos recursos humanos. Com a metodologia de alinhamento do RH e do Scorecard com a estratégia da empresa, os gestores tiveram novos insights sobre o que foi necessário para efetivamente alcançar resultados de alta performance futura. O Modelo de Gestão se completou com a introdução de uma metodologia de indicadores de gestão do processo. Fundamentalmente, a eficácia do modelo de gestão depende da capacidade de medição, informação e análise. Porém, estes devem ser uma decorrência das estratégias de ação. Descritivamente, as análises de desempenho estão relacionadas com o cliente, o desempenho dos produtos, as operações no processo, o mercado, comparações com a concorrência, os fornecedores, os funcionários, os aspectos de custos e financeiros, dentre outros inúmeros que foram utilizados. Encontra-se aqui o estado-da-arte da gestão, pois é descrito como um sistema em que um dos seus elementos estruturais é chamado de inferência científica. Este elemento incluso no processo de gestão foi responsável pela informação de como as decisões deveriam ser tomadas na organização, baseadas em fatos, dados e informações quantitativas. Assim, tomou-se a premissa de que aquilo que não se pode medir não se pode avaliar, e assim, não há como se decidir sobre ações e medidas a tomar. Esta metodologia consistiu na extração de informações sobre a organização e seu meio ambiente, tomando-se conclusões mais relevantes para apoiar a avaliação e a tomada de decisões nos vários níveis da organização. Isto revelou tendências, projeções e relações de causa-e-efeito, não evidentes a vista rápida. Portanto, este conjunto de medições, informações e análises se tornaram a base para o planejamento, à crítica sobre o desempenho da organização, a necessidade de melhorias no processo, no norteamento organizacional, através de comparações com dados considerados de excelência. A principal abordagem desta metodologia proposta foi à busca pela interligação do capital humano com as estratégias das organizações e suas performances, pois este assume primordial importância na criação de valor. Assim, o modelo deveria responder a algumas perguntas, tais como: quais são as estratégias organizacionais? Estas estratégias incorporam a compreensão a XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 ENEGEP 2003 ABEPRO 5 respeito do desenvolvimento do capital humano? Como gerar ferramentas para medir e gerenciar a criação de capital humano e valor? O modelo proposto foi estruturado fundamentalmente no reconhecimento do valor dos ativos intangíveis e pela tendência daí decorrentes no sentido da criação de um sistema estratégico de gestão a partir da mensuração do desempenho. Destarte, vislumbrou-se uma interligação entre os recursos humanos e as estratégias organizacionais como recurso essencial de contribuição para o desempenho da empresa. 5. Análise do Estudo de Caso A desenvolvimento do modelo de gestão estratégica para empresas comerciais de marketing direto foi efetuado num período de doze meses em umaempresa típica situada em Manaus, sendo possíveis à junção de riquíssimas informações através da metodologia empregada para sua validação. A evolução das teorias da administração proporcionou ao longo dos séculos o aprendizado e a agregação de valores nas organizações. Estes conceitos foram agrupados, formando verdadeiros conjuntos de medidas e técnicas. Identificar a missão, visão e o negócio da organização foi alvo imediato, seguidos da análise dos pontos fortes e pontos fracos, bem como das oportunidades e ameaças da organização. Esta análise dos ambientes interno e externo foi fundamental para se estabelecer o contexto no qual seria aplicado o planejamento. Em se tratando de uma empresa com renome no mercado onde atua e, após anos operando com um modelo tradicional, impulsionado pelo aumento da concorrência no mercado e pelo alto grau de inadimplência, vislumbrou-se as possibilidades de crescimento. Assim sendo, decidiu-se rever as políticas, para em seguida buscar um aumento da competitividade, traduzida basicamente pela redução dos custos que refletiria no aumento nas margens de ganhos dos clientes, sendo considerado como estratégia inicial o diferencial competitivo que a organização ofereceria aos consumidores em relação aos principais concorrentes. Com base em entrevistas e instrumentos aplicados, pôde-se perceber que a situação interna e espaço físico, bem como o clima organizacional e as políticas gerenciais demandavam esforços relacionados à melhoria de desempenho da empresa. Conseguiu-se identificar as pressões internas e externas. Foram determinados três fatores limitantes: número atual de clientes cadastrados e volume de faturamento; limite de crédito fornecido e volume de endividamento; alto grau de inadimplência. O limite de espaço físico determinava o número possível de clientes atendidos por período ou expedientes, abaixo da demanda existente. Trabalhar nesta situação teria como conseqüência à limitação do volume das vendas e dos lucros. Isso dificultaria o atendimento de pressões internas, tais como o pagamento por horas extras, contribuindo para diminuir a motivação, tendo impacto negativo elevado nos indicadores do Clima Organizacional. Este fator influenciaria diretamente na satisfação dos colaboradores e conseqüentemente por reflexo, na satisfação dos clientes, impedindo a retenção dos mesmos e o não atingimento das metas pré- estabelecidas. Em função da análise ambiental da empresa, foram estabelecidas quatro principais estratégias: necessidade de criação de um modelo de gestão estratégica para a organização com indicadores de desempenho; expansão da capacidade de produção (ou vendas); ampliação dos serviços com a abertura de novas filiais; revisão dos processos administrativos, do sistema de informações eletrônico e criação de um setor de controladoria e planejamento estratégico, para direcionar o caminho a ser seguido a médio e longo prazo. A utilização da metodologia do Balanced Scorecard– BSC, para validar o modelo adotado complementou com muita importância o estudo devido à identificação de indicadores não- financeiros na análise do desempenho, estabelecendo um equilíbrio entre os indicadores tradicionais de resultados e os novos indicadores chamados de vetores do desempenho futuro ou indicadores de tendências. XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 ENEGEP 2003 ABEPRO 6 À medida que se percebeu a velocidade de mudança dependente do volume de recursos injetados no novo projeto, bem como a importância do envolvimento da equipe, a empresa optou pela ampliação do espaço físico das lojas de atendimento, das instalações administrativas, significando a ampliação da capacidade de prestação de serviço, como estratégia na busca pelo aumento de receita, tendo em vista os limitantes já considerados. O objetivo da organização foi definido em “ser reconhecida como líder no segmento do mercado que atua na região Norte do país, fornecendo produtos e serviços de excelência a seus clientes” podendo se considerar implícito a busca da estratégia de diferenciação. Como conseqüência, as estratégias foram concebidas em dois pontos de vista: A Estratégia Competitiva e a Estratégia de Crescimento ou de Expansão. Observou-se que, após definir-se os rumos organizacionais, bem como as datas e os responsáveis para a execução do plano de ação, houve o aumento da motivação entre os colaboradores e gerentes, devido à sensação de pertencerem ao grupo, com aproveitamento da criatividade e intuição de todos, fortalecido pelo crescimento da maturidade da organização. Foram encontradas resistências às mudanças, dificultando o andamento do planejamento e das medidas de ação. Para a implantação do Planejamento Estratégico, foram escolhidos responsáveis para cada questão estratégica, pois de acordo com a qualidade, um dos objetivos do processo de implantação é a transferência de todo o conhecimento para o executante. Nesta metodologia aplicada, não houve a necessidade da existência de um "inspetor", cabendo aos responsáveis atuar na organização, gerenciando as ações pré-determinadas. 6. Conclusões Os objetivos organizacionais de elaboração do planejamento estratégico e a agregação de uma metodologia de validação para este modelo foram contemplados. Procurou-se ressaltar a relevância da gestão estratégica do conhecimento e de valorização de recursos humanos. A administração foi reestruturada, visando a interligação de pessoas à execução do plano de ação desfechando melhorias na performance organizacional pela relação de causa-e-efeito acompanhada pelos capacitores antecedentes e conseqüentes. O estudo de caso demonstrou que a necessidade de mudança nem sempre é reconhecida por todos, e as ações de transformação nem sempre são executadas devido ao Clima Organizacional desfavorável. Assim, o gestor deve buscar a melhor solução e adaptar os princípios científicos ao seu caso específico, não existindo uma fórmula única que possa ser aplicado a todas as organizações. A aplicação do instrumento de medição do Clima Organizacional trouxe à tona evidências claras que facilitaram o processo de adequação do planejamento estratégico aos reais problemas enfrentados pelos colaboradores. Foi mostrado que é relevante adotar um modelo participativo e de valorização dos recursos humanos. Dessa feita, se obteve maior aceitação da idéia, motivação, sentimento de equipe, com cada um sabendo o seu papel e sua importância dentro da organização. A respeito, todas as organizações devem oferecer aos colaboradores a oportunidade de desenvolverem a criatividade, intuição e mentalidade crítica, além do que, promover e incentivar atitudes pró- ativas. Observou-se que, em decorrência das participações nas tomadas de decisões ocorreu maior grau de empenho por parte dos colaboradores. Assim, concluiu-se que o planejamento estratégico não fornece direções e que quem o faz são as pessoas integrantes da organização, escolhendo seu próprio caminho. Ele apenas sistematiza as questões, embasado no processo de qualidade que têm como objetivo maior à otimização da organização. Assim, os planos devem ser gerados com precisão de informações de forma simples e o mais rapidamente possível, em função da velocidade das mudanças do XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 ENEGEP 2003 ABEPRO 7 quadro ambiental da organização. O estudo de caso possibilitou a confirmação da hipótese no que tange à relevância da valorização dos recursos humanos para modelos de gestão. Com a aplicação da metodologia de validação, detectou-se que o Scorecard completa o modelo de gestão adotado, devido a sua alta capacidade como instrumento equilibrado para focalizar as estratégias organizacionais, pois o modelo proposto é um modelo ancoradona abordagem dos resultados de performance. Portanto, o modelo adotado se completa com a adoção de medidas de desempenho que propiciam uma visão abrangente, subvertendo a idéia tradicional da organização como um conjunto interagido de funções e departamentos independentes e isolado. Também, detectou-se que a maioria do tempo nas organizações é gasto com ações para a melhoria da rotina atual baseada em fatos e dados passados. Entretanto, concluiu-se que para se tornar uma empresa de referência, a organização teria que inovar e investir mais recursos em capacitores estratégicos, numa relação de causa-e-efeito, para melhoria de performance futura. Assim sendo, este estudo de caso organizou alguns conceitos que se encontravam dispersos na bibliografia e forneceu uma interpretação particular sobre eles, visando facilitar a sua compreensão para apresentar um modelo de gestão específico à organização. Porém, ficou esclarecido que qualquer que seja o modelo de gestão adotado, este deverá ser composto de incentivos a motivação e a ação estratégicas. Finalmente, deve-se ressaltar o grande valor da organização ajuizar de forma inovadora para renovar continuamente seus conceitos e métodos, produtos e estrutura. As organizações necessitam de modelos de gestão flexível, com base no aprendizado contínuo de suas equipes, possibilitando o crescimento e desenvolvimento, pela gestão estratégica do conhecimento. A gestão estratégica de pessoas, com medidas de performance organizacional busca alternativas e compromete toda a organização nas ações associadas à sua sobrevivência em seu nicho de mercado. Portanto, concluiu-se que o modelo proposto, validado e orientado pelos princípios básicos do Balanced Scorecard, ofereceu um mecanismo capaz de identificar indicadores estratégicos da organização trazendo melhoria continua (por retroalimentação) e equilíbrio entre as quatro perspectivas, interligando pessoas, estratégia e performance da organização, permitindo sua contínua revisão e atualização, ficando claro que é da maior importância estabelecer as relações de causa-e-efeito entre os indicadores de performance da organização. Referências CHIAVENATO, I. (1983) - Administração de Empresas: uma abordagem contingencial. São Paulo: McGraw- Hill. GRACIOSO, F. (1990) - Planejamento Estratégico Orientado para o Mercado: como planejar o crescimento da empresa conciliando recursos e cultura com as oportunidades do ambiente externo. São Paulo: Atlas. HAILSTONES, T. J. (1980) - Básic Economics. Cincinnati: South-Western. KAPLAN, R. S. & NORTON, D. P. 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