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INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL Prof.ª M.ª Ana Elisa Thomazella Gazzola Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas – UNESP, UNICAMP e PUC-SP INTEGRAÇÃO REGIONAL ØO que é INTEGRAÇÃO REGIONAL? - Um processo em que dois ou mais países iniciam relações de cooperação regional, buscando objetivos que isoladamente não atingiriam (segurança, comércio, infraestrutura, narcotráfico, meio-ambiente). INTEGRAÇÃO REGIONAL Ø COOPERAÇÃO: é conjuntural: • Pode deixar de existir quando o objetivo é atingido. Ø INTEGRAÇÃO: pressupõe cooperação, mas também: • criação de uma estrutura burocrática; • possibilidade de aprofundamento (incorporar mais temas); • estratégias de longo prazo. INTEGRAÇÃO REGIONAL • Ou seja, é perene, permanente, aumentando os temas na agenda e proporcionando maior aprofundamento. Ø Exemplo: • Contaminação do aquífero guarani no Paraguai (mais próximo da superfície) pelas plantações de soja – assunto tratado dentro do Mercosul – Brasil, Argentina e Paraguai. INTEGRAÇÃO REGIONAL ØA decisão de integrar parte dos Estados nacionais. • Participação voluntária para assuntos que sozinhos não conseguiriam trabalhar; ØAs pressões pela integração: • plano doméstico (empresariado) e exterior (conjunturas); • tendência de regionalização e globalização; • modificação da estrutura do Estado (democracia). INTEGRAÇÃO REGIONAL Ø A instituição pode ser: • INTERGOVERNAMENTAL: horizontal. Presença de instrumentos decisórios pelos quais os Estados participantes atuam através de representantes. Não há instituições comuns que possuem poderes acima dos Estados nacionais. INTEGRAÇÃO REGIONAL Ø A instituição pode ser: • SUPRANACIONAL: há uma instância superior. Além dos representantes governamentais, incorporam-se ao processo outros atores relevantes das sociedades envolvidas. Dinâmica decisória tem autonomia em relação aos Estados nacionais. Na sua plenitude, ordens estão acima dos Estados. INTEGRAÇÃO REGIONAL Ø CONTEXTO: No período entre guerras, houve considerável grau de desintegração da economia europeia. As crescentes restrições comerciais e dificuldades de pagamentos, a partir de 1913, são dignas de atenção. A importação dos países desenvolvidos se desviou das economias fortes para as menos desenvolvidas que não eram especializadas em produtos manufaturados. INTEGRAÇÃO REGIONAL • Este desvio implica em diminuição da concorrência entre os produtos industriais das economias mais avançadas e menor especialização entre estes países. • A formação da União Europeia pode ser encarada como uma possível solução para reintegrar as economias europeias. INTEGRAÇÃO REGIONAL • Evitar futuras guerras entre a Alemanha e a França; • Formalizar a criação de uma “terceira força” na política mundial; • Restabelecer a Europa Ocidental como uma potência mundial. INTEGRAÇÃO REGIONAL • Já nos países da América Latina, o DESENVOLVIMENTO econômico surge como condição essencial. Esses países que seguem defensores da doutrina do crescimento equilibrado, procuram a integração econômica com a finalidade de assegurar mercado suficientemente vasto (economias de escala) para desenvolver suas indústrias. • Desenvolvimento econômico = Industrialização. INTEGRAÇÃO REGIONAL • Importante: o estabelecimento de blocos regionais intensifica o poder de negociação e reduz a vulnerabilidade externa desses países frente aos Estados mais desenvolvidos (desvio de comércio e concorrência), especialmente, no nível multilateral. INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL Ø Teoria econômica e comercial da integração regional • Autor: Bela Alexander BALASSA; • Economista da década 1960; • Obra: Teoria da Integração Econômica (1961) INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL Ø Integração econômica: • Um processo que implica medidas destinadas à abolição de discriminações entre unidades econômicas de diferentes Estados; à ausência de várias formas de discriminação entre economias nacionais. INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL Ø Enquanto a cooperação inclui uma ação tendente a diminuir a discriminação (acordos internacionais sobre políticas comerciais); o processo de integração econômica pressupõe medidas que conduzem à supressão de alguns tipos de discriminação (barreiras aduaneiras). INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL Ø Etapas do modelo de integração – Bela Balassa: 1. Área de Livre Comércio 2. União Aduaneira ou Alfandegária 3. Mercado Comum 4. União Econômica 5. Integração Econômica Total INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL 1. ÁREADE LIVRE COMÉRCIO As restrições quantitativas entre os participantes são abolidas, mas cada país mantém suas pautas próprias em relação aos países não-membros. INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL • Eliminação das barreiras tarifárias e não tarifárias (licença de importação, fitossanitárias para produtos perecíveis, cotas de importação, especificações de produtos); • Mínimo de 80% da pauta comercial; • Baixa institucionalização: decisões tomadas pelos governos nacionais; INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL • Controle alfandegário para evitar o desvio de comércio; • Por exemplo: O México importa um produto x da China por U$5 e os EUA por U$10 – desvio ocorre quando os EUA passam a importar por U$5 via México através do NAFTA, passando pela fronteira sem taxação. INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL 2. UNIÃOADUANEIRAOUALFANDEGÁRIA O estabelecimento de uma união aduaneira implica, além da supressão das discriminações no que se refere aos movimentos de mercadorias no interior do bloco, a igualização dos direitos em relação ao comércio com terceiros países (não-membros). INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL • União das aduanas: acaba o controle alfandegário e se cria uma política comercial comum, ou seja, uma única tarifa para os produtos externos ao bloco – TARIFA EXTERNA COMUM (TEC); • Aumento do número de produtos da pauta – 100% da pauta. • Instituições intergovernamentais; INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL • Detectar as áreas mais sensíveis ao bloco: por ex., no caso do açúcar brasileiro, por ser muito competitivo, os produtores argentinos pressionam a Argentina para não deixá-lo entrar na pauta; produtos da linha branca (a indústria argentina ainda era nascente), calçados (o Brasil aprendeu a fazer com a Argentina, mas tornou-se mais competitivo que ela – não entrou na área de livre comércio); INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL • Aprofundamento das instituições: instituições que cuidarão dessas políticas comuns – maior institucionalização; • Mercosul: política comercial comum ainda é negociada, e há muitas listas de exceção: daí o processo estar na etapa de uma união aduaneira imperfeita. INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL 3. MERCADO COMUM Em um mercado comum, atinge-se uma forma mais elevada de integração econômica, em que são abolidas não só as restrições comerciais, mas também as restrições aos movimentos de fatores produtivos (a terra, o trabalho, o capital). INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL • Etapas a serem cumpridas – as quatro liberdades: 1. Bens (mercadorias); 2. Serviços – ofertar seus serviços para outros países; 3. Capital – livre circulação monetária (necessidade de macrocoordenação econômica muito grande – ainda longe de acontecer no Mercosul); INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL 4. Trabalho – a livre circulação de pessoas já é grande entre os países, mas ainda há obstáculos negociados para a validação de diplomas (mesmo os diplomas da UNILA ainda têm dificuldade de serem aceitos em todos os países); • Necessidade de instituições supranacionais; • Coordenação de políticas macroeconômicas(taxa de juros, inflação, taxa de câmbio): cada vez mais intensa. INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL 4. UNIÃO ECONÔMICA Distingue-se de um mercado comum por associar a supressão de restrições aos movimentos de mercadorias e fatores com um certo grau de harmonização das políticas nacionais, de forma a abolir as discriminações resultantes das disparidades existentes entre as políticas. INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL Ø União Europeia; • Moeda Comum: • Coordenação cada vez mais ampla das políticas macroeconômicas – cedendo autonomia das decisões econômicas para o bloco. • A Alemanha cedeu o Banco Central alemão para sediar o Banco Central Europeu – décadas de preparação. INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL • Alemanha e França investiram, desde os anos de 1970, em países menores (Espanha, Portugal, Itália, Irlanda e Grécia – PIIGS) para reduzir as assimetrias. • CRISE DA GRÉCIA (2010): forjou documentos para cumprir suas obrigações perante o bloco. Quando a crise veio, todos tiveram que aplicar medidas de austeridade econômica. INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL • Livre circulação de pessoas: os europeus sabem o que se passa nos outros países, podem trabalhar, se aposentar; • Maior aprofundamento das instituições supranacionais e intergovernamentais; • Política Externa Comum – algumas políticas nacionais ainda conflitam com a europeia (como a de migrações). INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL Ø O que a Alemanha ganha investindo em outros países: país pagador (paymaster)? • Após a Segunda Guerra, a UE busca de criar uma zona de paz e a Alemanha passa a liderar este processo. Para sustentá-lo, pede as contrapartidas: financeiramente, há ganhos de exportação, de mercado consumidor, maior influência nos vizinhos. INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL 5. INTEGRAÇÃO ECONÔMICATOTAL Pressupõe a unificação das políticas monetárias, fiscais, sociais e anticíclicas dos países envolvidos, exigindo o estabelecimento de uma autoridade supranacional cujas decisões são obrigatórias a todos os Estados-membros. INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL • É pretendida pela União Africana, mas ainda não foi alcançada por nenhum bloco; • Fase final da integração: objetivo de formação de um Estado novo (como os EUA); • Economia unificada, autoridade supranacional, união política com descentralização administrativa. INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL RESULTADOS do processo de integração: • Estabelecimento de objetivos comuns; • Alteração das estratégias nacionais; • Transferência de funções do Estado; • Diminuição de sua autonomia; • Constituição de normas e estruturas para operacionalizar a integração; INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL • Possibilidade de expandir em direção a outros níveis previamente; • Processo decisório é entrelaçado: dificuldade em separar o que é doméstico do que é externo; • Custos elevados para o país que queira deixar o processo de integração. INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL Ø IMPORTANTE • Os custos de sair do bloco (reconstruir seus bancos centrais, retomar suas próprias moedas, abrir mão de sua especialização e variar suas economias, renegociar todos os acordos com todos os países de forma bilateral) são muito maiores do que se reajustar aos processo; • Isso reflete um bom processo de integração! INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL Ø Dois pontos de vistas teóricos: 1. Liberalismo econômico Seus defensores encaram a integração como um processo idêntico à liberalização do comércio: apenas abolir as restrições aos movimentos das mercadorias. INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL Ø Dois pontos de vistas teóricos: 2. Intervencionista A manutenção do pleno emprego, a previsão de depressões, os problemas de desenvolvimento regional, a regulamentação dos cartéis e monopólios requerem intervenção do Estado na vida econômica e a integração leva à harmonização de vários setores e necessidade de coordenação das políticas nacionais. INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL O que seria o aprofundamento do processo de integracionista? • O avanço do processo, das etapas, incorporação de mais temas nas agendas – a evolução do processo nas suas etapas. • Maior comprometimento com as disciplinas da integração; • Pressuposto de todo processo de integração. O que seria a expansão/alargamento do bloco? • Aumento no número de Estados participantes. INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL Condições ideais para o aprofundamento da integração regional • Diminuição da autonomia do Estado; • Aumento da legitimidade das instituições regionais; • Diminuição expressiva das assimetrias entre os países; • Diminuição do déficit democrático: • Aumento da interdependência; • Aumento da identidade regional. INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL Ø Efeitos ESTÁTICOS (automáticos): • Distribuição eficiente de riquezas intra-bloco – consumidor troca o fornecedor nacional pelo externo se o preço for menor: • Desvio de comércio: prejudica os países que não participam da integração – consumidor troca fornecedor mais produtivo extrabloco pelo menos eficiente do bloco. INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL Efeitos DINÂMICOS para diminuir esses efeitos estáticos: • Produção em cadeia beneficia o consumidor; • Desvio de comércio é compensado pelo efeito dinâmico; • Apesar do grande impacto para os países membros, não há garantia de ganho para todos.
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