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Elaboração de cardápio Cristiano Lanna e Erik Nako Do latim cartha que significa “carta” e dapum que quer dizer “iguarias”. Origem Todo menu surge de uma idéia, que por sua vez, surge de uma necessidade. Todo restaurante precisa ter uma identidade, algo pelo qual o público possa reconhecê-lo. Identidade e conceito Como elaborar o conceito? Onde? O quê? Quando? Como? Identidade / Conceito Quem? Como elaborar o conceito? Onde? localidade O quê? tipo de comida Quando? momento do dia/ano Como? tipo de serviço Identidade / Conceito Quem? público alvo O que? Tipo de comida • A maneira mais fácil de identificar um restaurante pelo tipo de comida e dentre os tipos de comida, a nacionalidade certamente se destaca. O que? Tipo de comida • A maneira mais fácil de identificar um restaurante pelo tipo de comida e dentre os tipos de comida, a nacionalidade certamente se destaca. O que? Tipo de comida • Além de nacionalidades, os restaurantes podem ser classificados pelo tipo de comida ou serviço. Outros tipos: Cozinha clássica ou internacional Cozinha Contemporânea Especialistas em um prato (Churrascarias, pizzarias, etc) Cafés e Lanchonetes Refeitórios profissionais Buffets e eventos Comida caseira Quem? Público alvo • Poder aquisitivo • Faixa etária • Tempo disponível • Gênero • Restrições alimentares • ... Deve-se manter sempre a mente aberta. Acreditar que o seus gostos e preferências são os de todos é um dos maiores erros de restauranteurs iniciantes. Todavia, se afastar demais do conceito também pode afastar os clientes. Onde? Localização A localização do restaurante dá dicas importantes sobre como montar seu negócio. • Você abriria uma sorveteria em uma estação de esqui? Ou um restaurante de sopas à beira mar? Respeitar as características culturais do local é essencial. Um restaurante pode ser destacar por ser diferente da maioria, mas também pode ser propositalmente parecido com os concorrentes para aproveitar uma demanda existente. Quando? Dia ou Noite? Durante ou final de semana? Almoço ou jantar? (ou lanche, ou café? ) Qual estação? Férias? Almoço de trabalho? Ocasiões especiais? Comemorações? Como? Ambiente: Chique Despretensioso Espaçoso Apertado Confortável Em pé no balcão … Tipo de Serviço: Formal Descontraído Auto serviço Buffet Delivery … Tempo de permanência: Comida rápida Menus longos Serviço contínuo Início meio e fim … Como comer: Talheres Com as mãos Palitinhos … Tipos de Menu À la carte: uma carta com várias opções de cada serviço à escolha do cliente, com cada escolha paga separadamente. Um menu a la carte deve prover opções que satisfaçam todas as possíveis vontades dos clientes. É importante que ele não tenha opções demais e que o conceito seja coeso. Do contrário o restaurante perde identidade e cria-se dificuldades no gerenciamento da cozinha. Muita diversidade no cardápio se traduz em muitas perdas e custos pouco otimizados. Um garçom de um restaurante à la carte deve tentar fazer com que o cliente coma um maior número de ítens do cardápio numa mesma refeição. Tipos de Menu Com opções: Entrada Salada de camarão com pimentões assados Sopa de aspargos com creme azedo Gaspacho de tomate Prato Principal Frango à caçadora com polenta cremosa Magret de pato ao molho de jaboticaba e arroz basmati Filé de costela com manteiga de ervas e batatas salteadas Sobremesa Pannacotta com coulis de frutas vermelhas Mousse de chocolate com crocante de avelãs Crepe de doce de leite Incluir diferentes itens em um preço único pode garantir, já no início da refeição, um ticket médio alto porém também pode prolongar a permanência do cliente no restaurante sem que gere mais receita. Tipos de Menu Menu Fechado/Degustação/Carte Blanche: oferta de um menu único com opções já pré determinadas, com preço fixo. Neste caso, o cliente não escolhe e é “obrigado” a aceitar a sequência definida dos pratos, salvo excessões. Para que um restaurante seja bem sucedido utilizando este tipo de menu ele deve ter bastante renome e reconhecimento. Em compensação pode-se otimizar ao máximo a lista de ingredientes e planejar melhor as compras. Tipos de Menu Buffet de auto-serviço: também conhecido pelo nome em inglês “self-service”. Preço fixo Por peso Rodízio: neste sistema, o cliente senta-se à mesa e é servido constantemente por garçons, que passam e oferecem as opções do menu. Nestes tipos de menus os restaurantes se aproveitam de margens grandes em carboidratos e acompanhamentos para compensar a liberdade do cliente comer quanto quiser. Os ítens mais valorizados em um rodízio nunca são oferecidos tão frequentemente. Tipos de Menu Delivery: serviço normalmente à la carte que é entregue em domicílio. Misto: um mesmo estabelecimento por ter uma combinação de um ou mais serviços descritos acima. Um grande exemplo é o das churrascarias que servem rodízio de carnes, tem buffet de auto-serviço de saladas e guarnições e ainda oferecem opções à la carte para a escolha do cliente. Os restaurantes que oferecem buffets de salada com uma opção de grelhado à parte tem se tornado populares. Tipos de Menu Menus podem ser: Estáticos, cíclicos, sazonais, “de mercado” ou mistos. Vários são os motivos para se renovar o cardápio entre eles estão: • Adequação a demanda dos clientes, seja pela estação, temporada ou tradição. • Otimização de ingredientes. • Retirar receitas de pouca aceitação e incluir outras mais populares. • Criar diversidade para o cliente. • Ajustar preços. Estrutura e composição de um cardápio Harmonia: um cardápio deve respeitar uma sequência Leve->pesado/encorpado: assim como vinhos, pratos leves devem vir antes de outros muito pesados, gordurosos ou encorpados. Frio-quente: como acima, o ideal é que pratos frios venham antes dos quentes. Porções: num restaurante em que o cliente fará a refeição em vários serviços, as porções tem que ser menores. Ex: restaurantes franceses / menu degustação. Porções grandes e para dividir dão um clima informal e familiar aos restaurantes, além de passar a impressão de bom custo benefício. Variedade de ingredientes e técnicas: é importante evitar a repetição excessiva de ingredientes e técnicas, ou ao menos a percepção de repetição. Estrutura e composição de um cardápio Otimização: ao mesmo tempo, a criação de pratos que possibilitem a utilização dos subprodutos e otimização de custos é importante para o sucesso financeiro. Ingredientes de boa qualidade, frescos e da estação: é o primeiro passo para uma receita de sucesso. Produtos que estã na época são melhores e mais baratos. Elaborar pratos surpreendentes com ingredientes simples é um grande trunfo de chefs que querem reduzir seus custos com sucesso. Custo-benefício: a sensação de ter pago o preço justo ao final de uma refeição é altamente gratificante para o comensal, assim como o contrário, uma grande decepção. Respeito ao conceito/identidade: estar de acordo com a proposta do restaurante. Estrutura Hors d’ouvre / canapés / aperitivos / amouse bouche Saladas (Brasil) Entradas frias / sopas / entradas quentes Pratos principais e guarnições: Massas Peixes / Frutos do mar Aves Carnes vermelhas e de caça Saladas (França / Itália) Queijos (França): frescos > firmes SobremesasFrutas Doces / confeitaria Os clientes não tem a obrigação de seguir todo o roteiro, mas faz parte do trabalho de garçons de sempre oferecerem todos os ítens e tentar gerar o máximo de receita em uma única refeição. Estrutura hors d’ouvre, canapés, aperitivos, amouse bouche, saladas, entradas frias, sopas, entradas quentes, Pratos principais e guarnições, Saladas, Queijos, Sobremesas Em algumas culturas é tradicional servir uma grande variedade de pratos ao mesmo tempo, normalmente acompanhados de algum carboidrato como arroz ou pão. Redação de cardápios Linguagem: o nível de sofisticação tem que ser de acordo com a proposta. Imagine chegar em um botequim e encontrar um “cromesqui de morue” (bolinho de bacalhau) Suscinto ou Extenso: em alguns casos, pode ser importante descrever bem os pratos. No entanto, o excesso pode ser visto como arrogante e dificultar o entendimento do público. Salmão ao molho de manteiga branca com batatinhas salteadas X Salmão levemente grelhado em ponto semi cru temperado com sal do Himalaia e pimentas das Índias, à emulsão de manteiga e vinagre de vinho branco guarnecido com batatas novas puxadas em azeite e tomilho argentino X Explicar a preparação dos pratos no cardápio não minimiza a necessidade de conhecimento do cardápio pelo garçom. A importância do vocabulário Usar palavras “bonitas” de forma errada ou desnecessária podem tirar credibilidade do restaurante ao invés de impressionar os clientes. Muitas vezes elas são até desnecessárias. Cogumelos puxados no vinho branco podem ser simplesmente cogumelos ao vinho branco Filés de tomate não são nada mais do que lâminas de tomates sem sementes e na maioria das receitas poderiam ser citados apenas como “tomates”. Elevar o tomate a uma categoria tão refinada pode causar decepção do cliente quando ele vir que o filé nada mais é do que o próprio tomate. Também é comum encontrar troca de termos, como por exemplo dizer batatas “sautée” quando na verdade elas são feitas no forno. Redação de cardápios Emprego de línguas estrangeiras: Deve ser coerente com o conceito e a identidade do restaurante. A mistura do português com outras línguas em princípio deve ser evitado, mas caso faça parte da proposta, é preciso deixar bem claro. Ex: Batatas sautées vs Batatas salteadas Creme Azedo vs Sour Cream Ribeye vs Entrecôte vs Filé de Costela Redundância: Algumas expressões clássicas que no entanto não são de conhecimento geral podem ser reexplicadas. Muitos clientes tem vergonha de fazer perguntas, a redundância serve para evitar que o cliente deixe de pedir um prato por não conhecê-lo. Ex: “Caponata de berinjela”/ “Tapenade de Azeitonas Pretas” Redação de cardápios Traduções: Deve-se tomar cuidado com traduções, estas devem ser objetivas e corretas. Maus exemplos (reais): Filé à francesa > Filet “à francesa” Style Lombinho com farofa e couve > Pig loin with brazilian farofa and kale from Minas Como traduzir? churrasco, vatapá, farofa, bobó, picadinho, cupuaçu, pitanga, caju, cupuaçu, fruta do conde, castanha do pará, couve, bertalha, taioba, maniçoba, aipim, cará, batata baroa, carne assada, rosbife, lagarto, picanha, bode, cabrito, dourado, namorado, lagosta, guaiamu, vieira, melado, mel de engenho… Preços, ordem e alinhamento Contra-filé a milanesa 26,50 Churrasquinho à campanha 27,00 Escalopinho ao molho madeira 35,00 Filé Oswaldo Aranha 42,50 Filé à francesa 45,70 Medaillon a Piemontesa 47,90 Picanha com palmito na brasa 64,90 X Contra-filé a milanesa 26 Picanha com palmito na brasa 64 Churrasquinho à campanha 27 Medaillon a Piemontesa 48 Escalopinho ao molho madeira 35 Filé Oswaldo Aranha 43 Filé à francesa 46 Visual Cores, tamanho e estilo de fonte/letra: por exemplo, em um ambiente muito escuro, as letras não podem ser muito pequenas ou complexas, nem o menu muito escuro, pois os clientes terão dificuldades de ler. Diagramação: a clareza ao ler e diferenciar as linhas, os nomes dos pratos sem muito esforço. Formato / praticidade: em estabelecimentos em que as mesas são muito pequenas, o cardápio não pode ser muito grande. O cliente deve poder manipular o menu com conforto e ter onde colocá-lo ao terminar. Visual Fotos: se forem entrar no menu, as fotos devem ser produzidas por um profissional qualificado para tal. Pode parecer que não, mas nem todo mundo consegue tirar uma boa foto de comida. Visual O efeito B… M... Visual Impressão: todo cardápio é feito para durar um determinado período de tempo, por vários motivos. De tempos em tempos, é preciso reimprimir para reajustar preços, retirar itens de baixa saída ou com ingredientes de difícil fornecimento. Material: a escolha do material do cardápio depende das situações de uso e de quanto tempo se pretende que este dure até a próxima impressão. Revisão de texto: é imprescindível que o texto seja revisado repetidamente antes do envio à impressão. Um simples acento a mais pode acarretar em um grande prejuízo, caso seja necessária a reimpressão. Ou terá de se esperar meses com a informação errada até a próxima leva. Implementação Várias etapas precedem a implementação do cardápio: • Brainstorming e criação • Testes e elaboração de ficha técnica: • Precificação / Controle de custos • Margem de lucro • Livro de receitas • Padronização • Controle de qualidade • Lista de ingredientes Todas estas etapas acontecem constantemente ao longo do funcionamento do restaurante e não só antes de abrir ou criar um cardápio novo. Precificação Precificação / Controle de custos: com a ficha técnica, o dono do negócio consegue saber exatamente quanto está gastando por cada porção da receita que vende. Margem de lucro: o restaurante deve definir, a partir dos custos e dos preços, a margem de lucro que pretende atingir. A partir disso, poderá fazer adaptações em determinados pratos para estimular ou desestimular seu consumo. Qualidade Padronização: quando volta a um restaurante que adorou, o cliente espera encontrar a mesma sensação de antes. O livro de receitas é o primeiro passo para que qualquer cozinheiro consiga reproduzir as receitas com precisão. Controle de qualidade: com a padronização o cozinheiro tem o que é necessário para se manter a qualidade da receita. A equipe de salão é tão responsável pela padronização e controle de qualidade quanto a cozinha. Fatores importantes para um bom funcionamento Relação com Fornecedores Treinamento de Cozinha Treinamento de salão Estatísticas de vendas A carta de vinhos Com a carta de vinhos, os cuidados não são diferentes. O empreendedor também precisa se preocupar com: • Conceito e identidade – adequacão • Público / localização • Perfil de menu / tipos de serviço • Redação e visual da carta • Controle de custos, margem de lucro e fornecimento • Impressão e duração • Treinamento de equipe • Estatística O cardápio é o principal instrumento de venda de um restaurante e nunca deve ser menosprezado. O trabalho do atendente é possibilitar que o cliente aproveite ao máximo possível o cardápio. fim
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