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AULA 1 – LINGUÍSTICA: O ESTUDO CIENTÍFICO DA LINGUAGEM CURSO DE LETRAS – PROFESSORA MARCIA DIAS LIMA DA SILVA A LINGUAGEM HUMANA Marilena Chauí, Convite à Filosofia: Platão, em seu livro Fedro se referiu à linguagem como pharmakon: remédio, veneno e cosmético. a) Linguagem como remédio. Fortalecimento do conhecimento. b) Linguagem como veneno. Capacidade de sedução das palavras que nos impede de questionar. c) Linguagem como cosmético. Possibilidade de esconder algo sob as palavras. Aula 1 TRAÇOS CARACTERÍSTICOS DA LINGUAGEM HUMANA a) SIMBOLIZAÇÃO. A linguagem opera com elementos que representam a realidade (arbitrariedade do signo). b) ARTICULAÇÃO. Quando se diz que a língua é articulada considera-se que as unidades linguísticas podem ser divididas em unidades menores. Exemplo. ‘As gatas’ pode ser segmentada da seguinte forma: a- , artigo definido; -s desinência de plural; gat- radical que indica tratar-se de um felino de pequeno porte, -a, desinência de feminino e -s, desinência de plural. Se /g/ for substituído por /p/ tem-se um outro radical que aparece na palavra pata. Aula 1 TRAÇOS CARACTERÍSTICOS DA LINGUAGEM HUMANA c) REGULARIDADE. As unidades linguísticas têm uma significação permanente capaz de repetir-se nas mesmas circunstâncias. Embora essas unidades variem no tempo, no espaço e no meio social, essa variação não ultrapassa certos limites. d) INTENCIONALIDADE. Os atos de comunicação humanos têm um propósito claro e definido. e) PRODUTIVIDADE. A linguagem humana produz um número infinito de mensagens. Aula 1 AFINAL DE CONTAS, O QUE É LINGUÍSTICA? Os estudos sobre a linguagem humana sempre tiveram esse caráter científico? Não! Linguística é a ciência que estuda a linguagem humana, oral ou escrita. ESTUDOS SOBRE LÍNGUA: OS GREGOS • Platão e seu livro Crátilo (427-347 a.C., discípulo de Sócrates). Discussões sobre questões linguísticas: a)Naturalistas (Platão): relação entre a forma da palavra e o referente (relação entre ‘essência’ e ‘aparência’). Busca da etimologia das palavras para descobrir o seu verdadeiro significado. “Etymo” (grego) - verdadeiro; verdadeiro significado. (A análise das partes da palavra levaria a descoberta do verdadeiro significado; da ideia original.) b)Convencionalistas: Aristóteles (384-322 a.C.) - a forma da palavra é resultado da convenção social. Aula 1 ESTUDOS SOBRE LÍNGUA: OS GREGOS • Estóicos. Não se preocupavam com a língua em si mesma: língua como expressão do pensamento e dos sentimentos. São os primeiros a tratar as questões linguísticas de modo mais concreto; já diferenciavam a dicotomia significante x significado; trataram da fonética, gramática (especialmente o desenvolvimento da teoria e terminologia) e etimologia, entre outros temas. • Período Alexandrino. Criação da primeira grande biblioteca na colônia grega de Alexandria (séc. III a.C.). (Alexandria: centro de pesquisa literária e linguística.) Aula 1 ESTUDOS SOBRE LÍNGUA: OS GREGOS • Dionísio da Trácia (segunda metade do século III a.C.): primeira descrição da língua grega e primeira descrição gramatical publicada no mundo ocidental. “A gramática é o conhecimento prático do uso linguístico comum aos poetas e aos prosadores.” • Como ele trabalhou? Colhia material nos textos para justificar sua descrição (atitude empírica: conhecimento prático). Objetivo principal: apreciação adequada da literatura grega clássica (não se preocupou com sintaxe). Por 13 séculos, foi a base para os estudos gramaticais em várias línguas. Aula 1 ESTUDOS SOBRE LÍNGUA: DIONÍSIO Divisão estóica do discurso: • substantivo; • verbo; • conjunção; • artigo. Dionísio acrescentou: • advérbio; • particípio; • pronome; • preposição. Objetivo principal: apreciação adequada da literatura grega clássica (não se preocupou com sintaxe) Aula 1 O QUE TEMOS ANTES DO SURGIMENTO DA LINGUÍSTICA? 1. Pré-linguística. Não é considerada ciência: não há busca por explicações. Estudo do certo e do errado; estudo da língua estrangeira; estudo filológico da linguagem. 2. Paralinguística. Não entra no domínio dos estudos linguísticos. Estudo lógico da linguagem; estudo biológico da linguagem. Aula 1 • Desde a Antiguidade, os homens estudavam as línguas. No período conhecido como PRÉ-LINGUÍSTICA, segundo Camara Jr. (1986) houve os seguintes estudos: 1) Estudo do certo e do errado. Nesse tipo de estudo, não há uma visão científica da linguagem, já que a preocupação maior é estabelecer a diferença entre o que é considerado certo e o que é considerado errado. O modo de falar das classes superiores é considerado correto e há preocupação em se passar esse modo de falar de uma geração para outra. ESTUDOS SOBRE A LINGUAGEM 2) Estudo da língua estrangeira. Através do contato entre comunidades com línguas diferentes, tem-se um estudo com a comparação entre diferentes sistemas linguísticos. 3) Estudo filológico da linguagem. Busca compreender textos antigos, comparando-se textos do presente com textos do passado, através da literatura. Esse estudo ainda não é considerado ciência, pois não há busca por explicações. Após a Pré-Linguística, temos o período conhecido como PARALINGUÍSTICA e que é representado por estudos que não entraram no domínio da linguagem. Nesse período, aconteceu o: 4) Estudo lógico da linguagem. Estudo que mesclou filosofia e Linguística e que buscou descobrir a relação entre pensamento e linguagem. 5) Estudo biológico da linguagem. Encara-se a linguagem como inerente ao ser humano e dependente de aspectos biológicos do corpo humano. Estudavam-se as características biológicas que permitem ao homem falar. COMO SURGEM OS ESTUDOS LINGUÍSTICOS? (Pré-linguística) • 1786 – Sir William Jones, da East Indian Company, na Royal Asiatic Society de Calcutá: documento no qual ele estabelece o parentesco entre o Sânscrito (língua clássica da Índia) com Latim, Grego e algumas línguas germânicas. • Século XIX. Publicação da primeira gramática de Sânscrito em Inglês. Aula 1 COMO SURGEM OS ESTUDOS LINGUÍSTICOS? A GRAMÁTICA COMPARADA Século XIX – estudo do parentesco linguístico: método denominado comparativo. Daí: Gramática Comparada ou Linguística Histórica – estudo das transformações pelas quais as línguas passavam (comparação de sucessivos estados de língua). Os primeiros comparativistas estavam interessados em confrontar o Sânscrito com outras línguas Indo-europeias, especialmente o Grego e o Latim. Aula 1 COMO SURGEM OS ESTUDOS LINGUÍSTICOS? A partir da descoberta do Sânscrito: 1) interesse em identificar as famílias de línguas; 2) mostrar que a mudança linguística é um processo: a) regular: princípio de regularidade das mudanças; b) universal: todas as línguas evoluem; c) constante: qualquer língua está em evolução contínua. Aula 1 • A lei de Grimm. Primeiramente publicada em 1818, é um estudo sobre as línguas germânicas antigas e modernas, com esquematização de suas estruturas gramaticais. • Na edição de 1822, explicou as correspondências fonéticas, por exemplo, algumas línguas germânicas tinham f onde outras línguas tinham p; tinham p onde outras línguas tinham b. LINGUÍSTICA COMO CIÊNCIA Ferdinand de Saussure, Curso de Linguística Geral, 1916: a) a Línguística ganha um objeto de estudo: a língua; b) o estudo passa a ser sincrônico, ou seja, analisa-se um estado de língua (não mais se comparam sucessivos estados de língua); • Língua e fala; • Signo linguístico: significante e significado; • Sincronia e diacronia; • Sintagma e paradigma. Aula 1 O QUE É LINGUÍSTICA? A definiçãoclássica afirma que “Linguística é a ciência que estuda a linguagem verbal humana, oral ou escrita.” Atualmente, já cuida também do não verbal. Por lidar com algo referente ao homem, a Linguística envolve aspectos tais como biologia, neurofisiologia, psicologia, sociologia entre outros. a) A língua é parte da fisiologia humana. Exemplos. Estudos sobre aquisição e perda da linguagem; partes do cérebro envolvidas na produção da linguagem. b) Há relação entre pensamento e linguagem. Exemplo. LIBRAS como primeira língua. c) A língua é um fenômeno social. Exemplos. Linguagem e poder; a relação entre língua e sociedade. d) Entre outras aplicações. Aula 1 O QUE É LINGUÍSTICA? Como a linguística procede? 1. Investigação dos princípios; 2. Observação das características que regulam as estruturas da língua. Exemplo. Você conhece o João? a) Eu o conheço desde criança. b) Eu conheço ele desde criança. c) Eu conheço Ø desde criança. Aula 1 COMO A LINGUÍSTICA TRATA ESSAS TRÊS FRASES? Após coleta de dados, faz-se uma análise: Você conhece o João? a) Eu o conheço desde criança. (Uso do pronome oblíquo = falante culto) b) Eu conheço ele desde criança. (Uso do pronome ele como acusativo = forma marcada?) c) Eu conheço Ø desde criança. (Uso da categoria vazia: forma não-marcada) Aula 1 LINGUÍSTICA X GRAMÁTICA Vamos lembrar os gregos e de Dionísio da Trácia. A palavra latina Grammatica origina-se no grego: • Grammatikós - aquele que entende o uso das letras; • Grámmata = letras; • Téchne grammatiké = arte de ler e escrever. Por que ‘arte’? Aula 1 LINGUÍSTICA X GRAMÁTICA • Gramática Tradicional. É a teoria linguística ocidental iniciada pelos gregos, em Alexandria, no século III a.C. com o objetivo de preservar a pureza da língua grega (Dionísio da Trácia). • Gramática Normativa. É a gramática de uma língua codificada sob a forma de um livro e que estabelece as regras e normas do que é considerado a forma correta em relação à escrita e à fala. A Gramática Normativa também é chamada de Gramática Prescritiva, já que ela prescreve esse conjunto de normas. Aula 1 LINGUÍSTICA X GRAMÁTICA Gramática = doutrina. (certo /errado)Linguística = ciência. (Gradiente: aceitável / não-aceitável) Gramática = como a língua deve ser. Linguística = como a língua é. Aula 1 POR QUE A DIFERENÇA DE TRATAMENTO A UM MESMO FENÔMENO? Gramática: tem caráter ideológico (Gramática Prescritiva). • Aponta ‘como deve ser’. • As formas apresentadas são dotadas de prestígio. • Trabalha com noções de certo e errado. • Segue o modelo proposto pela Gramática Tradicional. Linguística: tem caráter científico (Gramática Descritiva). • Aponta ‘como é’. • Trabalha com a adequação ao ambiente. Aula 1 COMO A LINGUÍSTICA ANALISA UMA LÍNGUA? • A Linguística é empírica: análise os dados a partir de um corpus. • Como ciência, as análises da Linguística não se baseiam em julgamentos de valor e sim na explicação dos fatos. • A Linguística elabora uma gramática que descreve os fatos da língua: não é uma questão de certo e errado e sim uma questão de uso. Aula 1 LINGUÍSTICA X GRAMÁTICA Redução do paradigma verbal no Português Brasileiro Gramática Normativa Falante culto Eu amo Eu amo Tu amas Você Ele, ela ama Ele, ela ama A gente Nós amamos Nós amamos Vós amais Vocês amam Eles, elas amam Eles, elas Aula 1 LINGUÍSTICA: O ESTUDO CIENTÍFICO DA LINGUAGEM 1º) Ferdinand de Saussure, Curso de Linguística Geral, 1916; 2º) Gerativismo, Noam Chomsky; 3º) Sociolinguística, William Labov; 4º) Funcionalismo, T. Givón. Até a próxima aula! Aula 1 A OBRA DE SAUSSURE 1916, Curso de Linguística Geral (CLG). • Publicado por dois alunos, três anos após a morte de Saussure, a partir de anotações de aula. • Início da Linguística moderna. • Não se usa a palavra dicotomia no CLG, mas é assim que se chamam os quatro pares de conceitos, que fazem uma síntese. • Dichotomía (grego) = divisão em partes iguais. Em Saussure, ‘dicotomia’ refere-se a um par de conceitos que são definidos um em relação ao outro. Aula 2 O PONTO DE VISTA DETERMINA O OBJETO DE ESTUDO Exemplo (pp. 15-16 do CLG). Alguém pronuncia ‘nu’: quem ouve, pensa no significado. a) Análise sob o ponto de vista histórico. A palavra ‘nu’ corresponde ao latim nudum. b) Análise sob o ponto de vista fonético. Se analisarmos a palavra ‘nu’ como som ou como expressão, o ponto de vista histórico não é importante. c) Análise do ponto de vista semântico. Como expressão de uma ideia, como um significado. Aula 2 COMO A COMUNICAÇÃO SE PROCESSA Ouvimos alguém falar. O que acontece? a) Um conceito produz uma imagem acústica no cérebro: fenômeno psíquico. b) O cérebro transmite aos órgãos da fonação um impulso correlativo da imagem: processo fisiológico c) As ondas sonoras se propagam: fenômeno físico. Linguagem humana = língua (langue)+ fala (parole) Aula 2 COMO A COMUNICAÇÃO SE PROCESSA • A língua é psíquica (existe na mente dos indivíduos): é um sistema armazenado pelos indivíduos. • A fala é psicofísica (há na fala o componente físico quando pensamos nas ondas sonoras e o componente psíquico quando se pensa no processamento do que foi ouvido): esse sistema é utilizado pelos indivíduos de formas diferentes. Aula 2 Língua: sistema (igual em todos) Fala: uso do sistema (diferente em todos) COMO A COMUNICAÇÃO SE PROCESSA (CLG, p. 27) “O estudo da linguagem comporta, portanto duas partes: uma, essencial, tem por objeto a língua, que é social em sua essência e independente do indivíduo; esse estudo é unicamente psíquico; outra, secundária, tem por objeto a parte individual da linguagem, vale dizer a fala, inclusive a fonação e é psicofísica.” Língua = essência; independente do indivíduo. Fala = individual. COMO A COMUNICAÇÃO SE PROCESSA (CLG, p.25) “O signo escapa sempre, em certa medida, à vontade individual [...] estando nisso o seu caráter essencial [...]”. A língua é composta por signos. Por que a língua é ‘essência’? Sem ela, não há comunicação. Como vamos nos comunicar sem um sistema linguístico? O PONTO DE VISTA DETERMINA O OBJETO DE ESTUDO: Linguagem humana = língua + fala A língua como objeto de estudo da linguística. A linguagem tem um lado social e um lado individual. Língua Fala • A língua é o lado social da língua. • A língua é a essência: sem uma língua não podemos nos comunicar. • A língua é o ideal: é o sistema armazenado na mente dos indivíduos. Esse sistema é usado da mesma forma por todos? Não. • A fala é heterogênea. Ela apresenta o uso ‘real’ do sistema. COMO A COMUNICAÇÃO SE PROCESSA A LÍNGUA COMO OBJETO DE ESTUDO DA LINGUÍSTICA A linguística como ciência só pode estudar aquilo que é recorrente, constante e sistemático. O que é um sistema? É um conjunto em que um elemento se define pelos demais. A língua é formada por quais elementos? A língua é formada por um conjunto de signos linguísticos em que um se define pelos demais. Mas, o que significa “um se define pelos demais”? • O que significa ‘um se define pelos demais”? Em nosso cérebro, temos ‘signos’ armazenados. Buscamos esses signos quando queremos nos comunicar. Comofazemos para dizer frases simples como: a) Esse carro é azul. b) Aquele carro é azul A LÍNGUA COMO OBJETO DE ESTUDO DA LINGUÍSTICA A LÍNGUA COMO OBJETO DE ESTUDO DA LINGUÍSTICAExemplos. a) Esse, essa, aquele, aquela, meu, seu, a, o, as, os, um uma etc. b) Carro, camisa, livro, vassoura, caneta, casa etc. c) É, foi, está, comprei, usei etc. d) Azul, verde, novo, velho, quebrada etc. e) etc. Outros exemplos. A casa é minha. Aquela casa é sua. Entre outras possibilidades. A LÍNGUA COMO OBJETO DE ESTUDO DA LINGUÍSTICA Ao definir a língua como um conjunto de signos, Saussure define o novo objeto dos estudos para a Linguística. (CLG, p; 17) A língua é a parte essencial da linguagem. Por que ‘essencial’? a) Um indivíduo pode ser privado da fala e conservar a língua. Por quê? A língua é o sistema que permite que compreendamos o que falam conosco. Aula 2 A LÍNGUA COMO OBJETO DE ESTUDO DA LINGUÍSTICA b) Pessoas que falam a mesma língua conseguem se comunicar porque, apesar das diferentes falas, há o uso da mesma língua. Exemplo. A gente vai ao cinema. / Nós vamos ao cinema. “O sistema da língua apresenta regras (fonológicas, morfológicas, sintáticas e semânticas) que determinam o emprego das formas e relações sintáticas, necessárias para a produção de significados.” (Lopez, Edward. Fundamentos da Linguística Contemporânea. São Paulo: Cultrix, 2004, p. 76-77) POR QUE A LÍNGUA É SOCIAL? A língua é um produto social da faculdade da linguagem e só existe na massa. (CLG, p. 22) “Ela é a parte social da linguagem, exterior ao indivíduo que, por si só, não pode nem criá-la nem modificá-la; ela não existe senão em virtude duma espécie de contrato estabelecido entre os membros da comunidade.” (CLG, p. 27) “A língua existe na coletividade sob a forma duma soma de sinais depositados em cada cérebro, mais ou menos como dicionários cujos exemplares, todos idênticos, fossem repartidos entre os indivíduos.” POR QUE A LÍNGUA É SOCIAL? A língua é um produto social da faculdade da linguagem e só existe na massa. (CLG, p. 22) “Ela é a parte social da linguagem, exterior ao indivíduo que, por si só, não pode nem criá-la nem modificá-la; ela não existe senão em virtude duma espécie de contrato estabelecido entre os membros da comunidade.” (CLG, p. 27) “A língua existe na coletividade sob a forma duma soma de sinais depositados em cada cérebro, mais ou menos como dicionários cujos exemplares, todos idênticos, fossem repartidos entre os indivíduos.” O QUE FAZEMOS QUANDO SEPARAMOS LÍNGUA E FALA? (CLG, p. 22) “Com o separar a língua da fala, separa-se ao mesmo tempo: 1º, o que é social do que é individual; 2º, o que é essencial do que é acessório.” • Os fatos da língua dizem respeito à estrutura do sistema linguístico. • Os fatos da fala dizem respeito ao uso desse sistema pelos indivíduos. Aula 2 COMO SAUSSURE CARACTERIZA A FALA? “A fala é, ao contrário, um ato individual de vontade e de inteligência [...]” (CLG, 22). Individual= heterogênea; assistemática (liberdade de combinações). Possui caráter privado: pertence ao indivíduo que a utiliza. Pessoas que falam a mesma língua conseguem se comunicar porque, apesar das diferentes falas, há o uso da mesma língua. QUAL A RELAÇÃO ENTRE LÍNGUA E FALA? Língua e fala são interdependentes: • A língua é instrumento da fala (sem o sistema da língua, o indivíduo não pode se comunicar). • A língua é produto da fala (através das mudanças ocorridas na fala dos indivíduos a língua se modifica, ou seja, a língua evolui). • A fala é necessária para que a língua se estabeleça. Aula 2 FORMA E SUBSTÂNCIA “A língua é uma Forma e não uma Substância”. (CLG, p. 141) Por que a língua é forma? ‘Forma’ para Saussure significa ‘essência’ (= sistema e estrutura que organizam nossa comunicação). Exemplo. Nós saiu cedo. Alteração na substância (= aparência), mas não na forma (essência) Aula 2 FORMA E SUBSTÂNCIA (Castelar:2000) LÍNGUA (Forma) Essência Psíquica Estrutura Constante FALA (Substância) Aparência Psicofísica Conjuntura Circunstancial EUGENIO COSERIU E A CRÍTICA À DICOTOMIA LÍNGUA/FALA As variantes linguísticas fazem parte do sistema da língua e, por isso, ele substitui ‘língua’ por ‘sistema’. Entre o sistema, abstrato, e a fala, uso concreto, haveria a norma, um nível intermediário, um conjunto de realizações consagradas pelo uso. Sistema Norma Fala (uso) LÍNGUA E FALA (Castelar:2000) LÍNGUA Social Homogênea Sistemática Concreta Conservadora Ideal Supra-individual Potencialidade FALA Individual Heterogênea Assistemática Abstrata Inovadora Real Individual Realidade VAMOS PRATICAR? Questão I. Leia as afirmativas a seguir e marque a resposta correta. I. A fala é um ato social de vontade e inteligência. II. A língua é um sistema homogêneo. III. Nenhum indivíduo tem a capacidade de criar a língua ou de modificá-la conscientemente. Qual das alternativas a seguir está correta? • I e II. c) I e III. e) Somente III. • II e III. d) Somente II. VAMOS PRATICAR? Complete os espaços com as palavras língua e fala. a) A ________ é necessária para que a ______ seja inteligível. b) A _______ é necessária para que a _______ se estabeleça. c) A _______ é o instrumento e o produto da _______. d) A ________ é o que faz evoluir a ____________. Até a próxima aula! A LÍNGUA E OS SIGNOS LINGUÍSTICOS 1. A língua é um sistema. 2. Um sistema é um conjunto em que um elemento se define pelos demais. 3. Se a língua é um sistema, quais são os elementos que formam a língua? Os signos linguísticos. Antes de Saussure: a língua era uma nomenclatura; uma lista de termos. Com Saussure e depois dele: na língua, os elementos que compõem os signos linguísticos são psíquicos, unidos em nosso cérebro por associação. Aula 3 SIGNO LINGUÍSTICO: SIGNIFICANTE + SIGNIFICADO “O signo linguístico une não uma coisa e uma palavra, mas um conceito e uma imagem acústica.” (CLG, p. 80) Não é o som: é a impressão psíquica do som. Quando pensamos, os signos se formam em nosso cérebro, mas não há o som do ponto de vista físico. SIGNO LINGUÍSTICO: SIGNIFICANTE + SIGNIFICADO Significado ________________ Significante Conceito ________________ Imagem acústica Significante e significado não podem ser separados. SIGNIFICANTE (IMAGEM ACÚSTICA) + SIGNIFICADO (CONCEITO) O significante ou imagem acústica é uma imagem sensorial: é a parte perceptível do signo. O significado ou conceito é a parte intelígivel. (Carvalho, 2000:28) O significado ou conceito “[...] é a representação mental de um objeto ou da realidade social em que nos situamos, representação essa condicionada, plasmada pela formação sociocultural que nos cerca desde o berço”(Carvalho: 2000,27) SIGNIFICANTE (IMAGEM ACÚSTICA) + SIGNIFICADO (CONCEITO) Exemplo. Vamos lá em casa? CARACTERÍSTICA DO SIGNO LINGUÍSTICO: ARBITRARIEDADE Por que o signo linguístico é arbitrário? Porque não há relação entre significante significado. Poderíamos chamar ‘casa’ de ‘flor’ se assim tivesse sido estabelecido. Por que Saussure não usou a palavra ‘símbolo’? Porque o símbolo não é arbitrário: é um objeto que representa uma ideia abstrata. A substituição do símbolo prejudicaria o significado. Exemplos. CARACTERÍSTICA DO SIGNO LINGUÍSTICO: ARBITRARIEDADE O princípio da arbitrariedade parte da ideia de que não há uma razão natural para se unir determinado conceito a determinada sequência fônica,por isso, qualquer sequência fônica poderia se associar a qualquer conceito e vice-versa, desde que fosse consagrado pela comunidade linguística. CARACTERÍSTICA DO SIGNO LINGUÍSTICO: ARBITRARIEDADE Arbitrário = imotivado “A palavra arbitrário requer também uma observação. Não deve dar a ideia de que o significado dependa da livre escolha do que fala [...] queremos dizer que o significante é imotivado, isto é, arbitrário em relação ao significado, com o qual não tem nenhum laço natural na realidade.” (CLG, p.83) CARACTERÍSTICA DO SIGNO LINGUÍSTICO: ARBITRARIEDADE Vimos na aula 2: “O signo escapa sempre, em certa medida, à vontade individual [...] estando nisso o seu caráter essencial [...]”. (CLG, p.25) O signo linguístico é uma convenção social: ainda que o signo linguístico seja arbitrário e não haja relação entre significante e significado, não podemos utilizá-los da forma que desejarmos. Vamos refletir. Marcelo, martelo, marmelo, Ruth Rocha. CARACTERÍSTICA DO SIGNO LINGUÍSTICO: ARBITRARIEDADE Arbitrário = imotivado Em nossa aula 2, vimos: “Ela [a língua] é a parte social da linguagem, exterior ao indivíduo que, por si só, não pode nem criá-la nem modificá-la; ela não existe senão em virtude duma espécie de contrato estabelecido entre os membros da comunidade.” (CLG, p. 22) CARACTERÍSTICA DO SIGNO LINGUÍSTICO: ARBITRARIEDADE Tira do Calvin em Português Europeu CARACTERÍSTICA DO SIGNO LINGUÍSTICO: ARBITRARIEDADE Tira do Calvin em Português Brasileiro O ARBITRÁRIO ABSOLUTO E O ARBITRÁRIO RELATIVO Mesmo considerando que o signo linguístico é arbitrário, Saussure considerou a existência do arbitrário absoluto e do arbitrário relativo: “Apenas uma parte dos signos é absolutamente arbitrária; em outras, intervém um fenômeno que permite reconhecer graus no arbitrário sem suprimi-lo: o signo pode ser relativamente motivado [...].” (CLG, p. 152: grifo no original). Exemplos. Livro/livraria/livreiro. DISCORDÂNCIAS QUANTO À ARBITRARIEDADE DO SIGNO LINGUÍSTICO a) Onomatopeias. As onomatopeias são elementos da língua formados a partir de sons evocados. Há vínculo entre significante e significado? São exemplos de palavras motivadas? ‘Tique-taque’ é uma onomatopeia perfeita, mas esse tipo de onomatopeia é raro. Saussure. As onomatopeias variam de língua para língua porque não são imitações fiéis de ruídos e sons naturais: quando aparecem em uma língua, sofrem evolução fônica. DISCORDÂNCIA QUANTO À ARBITRARIEDADE DO SIGNO LINGUÍSTICO b) Exclamações. Chamadas de interjeições, também foram rejeitadas por Saussure. Segundo ele, embora se tente enxergar nelas expressões espontâneas, temos diferenças de uma língua para outras. Se as exclamações não fossem signos arbitrários, deveriam ser iguais em todas as línguas: os sentimentos dos homens são iguais, independentemente da língua. Exemplos. Ai! (Português) Ouch! (Inglês) (Adaptamos fonética e fonologicamente para nossa língua). OUTRA CARACTERÍSTICA DO SIGNO LINGUÍSTICO: LINEARIDADE • O significante possui uma natureza auditiva e representa uma extensão que somente pode ser medida em uma linha. • A linearidade é dos significantes já que o significado é a representação mental ou conceito, a parte abstrata da palavra. OUTRA CARACTERÍSTICA DO SIGNO LINGUÍSTICO: LINEARIDADE • Não podemos emitir dois fonemas simultaneamente. • Não podemos superpor os sons: produz-se um som após o outro; uma palavra depois da outra; uma frase depois da outra. Uma curiosidade. A Baposa e o Rode (Millôr Fernandes). Moral. Jamie confais em quá estade em dificuldém. COMO SE PROCESSA A MUDANÇA LINGUÍSTICA? IMUTABILIDADE DO SIGNO. O indivíduo tem sua criatividade ‘freada’ pelo fato do signo linguístico ser imposto: ao usar a língua, o indivíduo quer comunicar suas ideias e, por isso, precisa utilizar o sistema da língua da mesma forma que os indivíduos que o cercam. “Se, com relação à ideia que representa, o significante aparece como escolhido livremente, em compensação, com relação à comunidade linguística que o emprega, não é livre: é imposto.” (CLG, p.85) COMO SE PROCESSA A MUDANÇA LINGUÍSTICA? • MUTABILIDADE. Saussure afirmou que o tempo tanto assegura a continuidade da língua quanto atua na alteração dos signos linguísticos. Por mais que isso pareça contraditório, há uma verdade por trás dessa afirmação: “[...] a língua se transforma sem que os indivíduos possam transformá-la.” (p. 89) “O tempo, que assegura a continuidade da língua, tem um outro efeito, em aparência contraditório com o primeiro: o de alterar mais ou menos rapidamente os signos linguísticos e, em certo sentido, pode-se falar, ao mesmo tempo de mutabilidade e de imutabilidade do signo.” (CLG, p. 89) COMO SE PROCESSA A MUDANÇA LINGUÍSTICA? MUTABILIDADE DO SIGNO. Para que haja mudanças no sistema, é preciso que toda a coletividade concorde. Tempo _ _ _ _ _ _ _ _ _ Língua Massa Falante Até a próxima aula! COMO FUNCIONAM AS RELAÇÕES ENTRE OS TERMOS DA LÍNGUA? Syntagma (grego) – coisa posta em ordem. As relações sintagmáticas referem-se às relações de combinação entre os signos. Paradéigma (grego) – modelo; exemplo. As relações paradigmáticas referem-se às relações associativas entre os signos. O EIXO SINTAGMÁTICO Como Saussure traz a linearidade para relacionar os termos da língua? Sintagma “A relação sintagmática existe in praesentia; repousa em dois ou mais termos igualmente presentes numa série efetiva. Ao contrário, a relação associativa une termos in absentia numa série mnemônica virtual.” (CLG, p. 143) Paradigma . O EIXO SINTAGMÁTICO Segundo Saussure, a língua é formada por elementos que se sucedem um após outro linearmente, isto “na cadeia da fala”. A relação entre esses elementos Saussure (p. 142) chama de sintagma: O sintagma se compõe sempre de duas ou mais unidades consecutivas O eixo sintagmático se baseia no caráter linear do signo linguístico, “que exclui a possibilidade de [se] pronunciar dois elementos ao mesmo tempo” (CLG, 142). O EIXO SINTAGMÁTICO Carvalho (2000:87) afirma que um termo passa a ter valor em virtude do contraste que estabelece com aquele que o precede ou lhe sucede, “ou a ambos visto que um termo não pode aparecer ao mesmo tempo que outro, devido ao seu caráter linear.” Só para lembrar: A Baposa e o Rode, Millôr Fernandes. Moral. Jamie confais em quá estade em dificuldém. O EIXO SINTAGMÁTICO Refletindo sobre in praesentia “[...] quase todas as unidades da língua dependem seja do que as rodeia na cadeia falada, seja das partes sucessivas de que elas próprias de compõem.” (CLG, p. 148) Exemplos. Desejoso = desej + oso (caloroso, duvidoso etc.) Desfazer = des + fazer (descolar, deslocar etc.) Ele comprou a casa azul do condomínio. TIPOS DE SINTAGMAS 1 — Sintagma Fônico. Estabelece-se a partir da relação entre fonemas. a) Fonêmico. Ocorre com grupos vocálicos (ditongos, tritongos), grupos consonantais e sílabas. b) Prosódico. Um grupo acentual tônico ou átono, pode diferenciar dois signos. Exemplos. a) Pública (adjetivo) e publica (verbo). b) Quando falamos, diferenciamos uma exclamação, uma afirmação ou uma interrogação pelo tom de voz ou entonação. TIPOS DE SINTAGMAS 2 - Sintagma Mórfico. Relação entre morfemas. a) Quando um sintagma mórfico é lexical, temos a própria palavra, que tanto pode ser primitiva (laranja) quanto derivada (laranjeiras). b) Quando o sintagma mórfico é locucional está no nível intermediário entre o sintagma lexical e o sintático, conforme os exemplos assim que, tábua de passar, havia dito etc. TIPOS DE SINTAGMAS3- Sintagma sintático. Estabelecidos a partir da relação entre sintagmas dentro da oração. a) Suboracional. Estabelece-se a partir das relações de subordinação entre os diferentes sintagmas dentro da oração. Exemplos. Relação entre verbo e complemento. As crianças comeram maçã. SV SN banana. torta. etc. Exemplos. Relação entre verbo e complemento. A casa necessita de reforma. SV SP de espaço etc. Relação entre o nome e seu complemento. Ana rasgou o vestido de noiva. SN SP a capa do livro a folha do caderno etc. TIPOS DE SINTAGMAS TIPOS DE SINTAGMAS 3- Sintagma sintático. Estabelecidos a partir da relação entre sintagmas dentro da oração. b) Oracional. É o período simples, formado por SN + SV. Exemplo. Juliana abriu a porta. SN SV abriu o livro. comprou a porta. vendeu o livro. etc. c) Supra-oracional. Estabelece-se a partir da subordinação entre duas orações. Exemplo. [João conseguiu o emprego] [que queria]. Oração Principal Or. Sub. Adjetiva Restritiva [Ele necessita] [que o trabalho seja entregue.] Oração Principal Or. Sub. Subs.Objetiva Indireta TIPOS DE SINTAGMAS RELAÇÕES PARADIGMÁTICAS A relação associativa ocorre fora do plano sintagmático, na mente dos indivíduos onde ele ‘opõe’ os elementos: “O paradigma não é qualquer associação de signos pelo som e pelos sentidos, mas uma série de elementos linguísticos suscetíveis de figurar no mesmo ponto do enunciado se o sentido for outro.” (PIETROFORTE, Antonio V. A íngua como objeto de estudo da Linguística, In. FIORIN, José Luiz, (org.). Introdução à Linguística. São Paulo: Contexto,2001, p.89) RELAÇÕES PARADIGMÁTICAS Por que a relação paradigmática ocorre in absentia? Quando selecionamos um elemento e o utilizamos para compor o sintagma, os demais elementos ficam ausentes desse sintagma. Exemplo. Ele comprou a casa azul do condomínio. Ele x elas, ela, nós , eu, tu, você, vocês, Maria, João Paulo etc. Comprou x comprava, compraria etc. Comprar x vender, alugar, arrendar etc. A x as, o, os, um , uma, minha, sua etc. Casa x apartamento, mansão, cabana etc. NÍVEL FONOLÓGICO Sintagma p a t a m a t a l a t a Paradigma p o t e As relações sintagmáticas e paradigmáticas ocorrem em diversos níveis Sintagma NÍVEL MORFOLÓGICO com e ria com e Paradigma detest a va m NÍVEL ORACIONAL Sintagma Ana comeria bolo. Paradigma João come bala. Elas detestavam maçã. As relações sintagmáticas e paradigmáticas ocorrem em diversos níveis RELAÇÕES PARADIGMÁTICAS Relações sintagmáticas = operação contrastiva. Relação paradigmática = operação distintiva. O paradigma é uma reserva de termos virtuais que representam as possibilidades, no nível das seleções. Assim, o paradigma representa a potencialidade: todos os signos que o indivíduo conhece ficam armazenados para que ele faça a seleção e organize os sintagmas. RELAÇÕES PARADIGMÁTICAS: RELAÇÕES ASSOCIATIVAS Cada elemento linguístico evoca no falante ou no ou- vinte a imagem de outros elementos: a relação dá-se in absentia, ou seja, associam-se na memória as unidades que têm algo de comum entre si (pelo sentido, pelo som). Exemplos. a) Palavras agrupadas pelo radical. Ensino, ensinar, ensinemos há o radical como elemento comum. b) Palavras agrupadas por sufixos. Casamento, armamento, julgamento; c) Palavras agrupadas por analogia de significados. Ensino, instrução, aprendizagem, educação. (CLG, p. 145) O SINTAGMA PERTENCE À LÍNGUA A frase é o protótipo do sintagma (=organização), mas apesar de a frase pertencer ao âmbito da fala, o sintagma deve ser estudado na língua, já que a liberdade que os sintagmas possuem é ‘aparente’. “Poder-se-ia fazer aqui uma objeção. A frase é o tipo por excelência de sintagma. Mas ela pertence à fala e não à língua [...]; não se segue que o sintagma pertence à fala? Não pensamos assim. É próprio da fala a liberdade das combinações; cumpre, pois perguntar, se todos os sintagmas são igualmente livres.” (CLG, p. 144) O SINTAGMA PERTENCE À LÍNGUA Por que estudar os sintagmas na língua? 1. Existem sintagmas que “são frases feitas”, já cris- talizadas, verdadeiros chichês, “nas quais o uso proibe qualquer modificação” (CLG, 144). Não permitem a liberdade combinatória da fala. Exemplos. “ora essa!”, “ora bolas!”, “não diga!”, “pois é!”, “veja só!”, “e agora?”, “dar com os burros n’água”, “é isso ai” etc. O SINTAGMA PERTENCE À LÍNGUA 2. Analogia e Neologismos. Os sintagmas na fala são construídos a partir de formas regulares e que pertencem. por essa razão, à língua, pois, como adverte Saussure (p. 145), “cumpre atribuir à língua e não à fala todos os tipos de sintagmas construídos sobre formas regulares”. Exemplo. Imexível aparece na fala e passa ao sistema (= língua) porque há modelos ou paradigmas já existentes no sistema, como ilegível imperdível, irreversível, etc. RESUMINDO. A potencialidade da língua, o paradigma, possibilita sua criação através do que Saussure chama de analogia: acionamos as palavras semelhantes que estão armazenadas em nosso paradigma. CASTELAR (2000:95) Relações Sintagmáticas Opera na frase Realidade Oposição contrastiva In praesentia Valor por contraste entre termos presentes Baseadas na linearidade do significante Combinação Relações Paradigmáticas Opera no sistema Potencialidade Oposição distintiva In absentia Valor por oposição a termos ausentes Situam-se na memória do falante Seleção VAMOS PRATICAR? Em relação ao sintagma, podemos afirmar que ele: a) é oposição distintiva. b) é potencialidade. c) diz respeito à seleção dos elementos. d) situa-se na memória do falante. e) relaciona-se à linearidade do significante Em relação ao paradigma, podemos afirmar que ele: a) diz respeito à combinação dos elementos. (paradigma= seleção) b) é oposição contrastiva. (paradigma=distinção) c) relaciona-se à linearidade do significante. d) situa-se na memória do falante. e) opera 'in praesentia'. (paradigma= in absentia) VAMOS PRATICAR? Leia as afirmativas a seguir a respeito do eixo sintagmático. I. O sintagma representa as possibilidades de uso da língua. II. Por operar com base na linearidade do signo linguístico, o sintagma opera ‘in praesentia’. III. A relação associativa ocorre no plano paradigmático. a) As alternativas I e III estão corretas. b) Somente a alternativa I está correta. c) As alternativas II e III estão corretas. d) Todas as alternativas estão corretas. e) Somente a alternativa II está correta. VAMOS PRATICAR? Leia as afirmativas a seguir a respeito do eixo associativo ou paradigmático: I. As relações associativas situam-se na memória do falante. II. O paradigma opera por oposições distintivas. III. As relações entre os elementos no paradigma operam 'in absentia'. a) As alternativas I e III estão corretas. b) Somente a alternativa I está correta. c) As alternativas I e II estão corretas. d) Todas as alternativas estão corretas. e) Somente a alternativa II está correta. VAMOS PRATICAR? Em relação ao eixo sintagmático e ao eixo associativo é INCORRETO afirmar: a) As relações sintagmáticas se baseiam na linearidade do signo linguístico. b) As relações associativas acontecem na mente dos indivíduos. c) As relações paradigmáticas estabelecem-se em funçãoda presença dos termos no discurso. d) As relações associativas ocorrem in absentia e representam as possibilidades de escolha. e) As relações sintagmáticas representam a realização concreta e ocorrem in praesentia. Até a próxima aula! VAMOS PRATICAR? SINCRONIA E DIACRONIA Assim, Saussure considera que se devam distinguir os fenômenos de duas maneiras: • Sincronia: syn (simultaneidade) + chrónos (tempo). Os fatos da língua são estudados nas relações que contraem, uns em relação aos outros. • Diacronia: dia (movimento através de) + chrónos (tempo). Os fatos da língua são estudados considerando a interferência do fator tempo e o estudo da mudança linguística. SINCRONIA E DIACRONIA C A B (Sincronia: um estado de língua) D (Diacronia: uma fase de evolução) Por que as linhas se cruzam? Em um estado de língua, temos formas atuais e formas que vão caindo em desuso. SINCRONIA E DIACRONIA Só para lembrar: mutabilidade e imutabilidade do signo linguístico: O signo linguístico é imposto e a criatividade do indivíduo é ‘freada’. No entanto: “[...] a língua se transforma sem que os indivíduos possam transformá-la.” (p. 89) “O tempo, que assegura a continuidade da língua, tem um outro efeito, em aparência contraditório com o primeiro: o de alterar mais ou menos rapidamente os signos linguísticos e, em certo sentido, pode-se falar, ao mesmo tempo de mutabilidade e de imutabilidade do signo.” (CLG, p. 89) COMO SE PROCESSA A MUDANÇA LINGUÍSTICA? MUTABILIDADE DO SIGNO. Para que haja mudanças no sistema, é preciso que toda a coletividade concorde. Tempo _ _ _ _ _ _ _ _ _ Língua Massa Falante SINCRONIA E DIACRONIA • A Linguística sincrônica se ocupará das relações lógicas e psicológicas que unem os termos coexistentes e que formam sistema, tais como são percebidos pela consciência coletiva. • A Linguística diacrônica estudará, ao contrário, as relações que unem termos sucessivos não percebidos por uma mesma consciência coletiva e que se substituem uns aos outros sem formar sistema entre si. COMO SAUSSURE LIDOU COM O FATOR TEMPO? Saussure priorizou os estudos sincrônicos, diferenciando-se dos estudos diacrônicos da Escola Comparativista – diacrônico é, desse modo, tudo que diz respeito às evoluções. Para Saussure, a prioridade deve ser para a pesquisa descritiva, ou seja, estudar a língua sincronicamente. SINCRONIA A sincronia opera a partir de uma única perspectiva: a dos falantes, consistindo o seu método em “observar- lhes o testemunho” (CLG, 106). O objeto da sincronia é observar e descrever o funcionamento do sistema linguístico “num lapso de tempo suficientemente curto para, na prática, se poder considerar um ponto no eixo do tempo”. (Martinet, apud Carvalho: 2000, 74) SINCRONIA A sincronia opera a partir de uma única perspectiva: a dos falantes, consistindo o seu método em “observar- lhes o testemunho” (CLG, 106). O objeto da sincronia é observar e descrever o funcionamento do sistema linguístico “num lapso de tempo suficientemente curto para, na prática, se poder considerar um ponto no eixo do tempo”. DIACRONIA As técnicas da Linguística diacrônica distinguem duas perspectivas, segundo o caráter dos dados com que opera (CLG, 106): • Método prospectivo - estuda e compara dois ou mais estados da mesma língua, cada um antepassado ou descendente do outro. Método usado principalmente em linguística histórica. • Método retrospectivo (mais conhecido como comparativo) - estuda estados de língua que tenham parentesco entre si tentando-se chegar (até onde seja possível) ao estado do último antepassado comum a todos os estados conhecidos. DIACRONIA • Apesar de haver afirmado que a diacronia leva a tudo, contanto que se saia dela (numa critica mordaz aos neogramáticos), Saussure (p. 106) reconhece o seu valor, mas apenas como um meio, não um fim: ‘‘A diacronia não tem um fim em si mesma”. E explicita o mestre (p. 115): “Mas todas as inovações (...) coletividade as acolhe.” DIACRONIA • Apesar de haver afirmado que a diacronia leva a tudo, contanto que se saia dela (numa critica mordaz aos neogramáticos), Saussure (p. 106) reconhece o seu valor, mas apenas como um meio, não um fim: ‘‘A diacronia não tem um fim em si mesma”. E explicita o mestre (p. 115): “Mas todas as inovações (...) coletividade as acolhe.” • A Linguística diacrônica estudará, ao contrário, as relações que unem termos sucessivos não percebidos por uma mesma consciência coletiva e que se substituem uns aos outros sem formar sistema entre si. VAMOS PRATICAR? Como podemos caracterizar sincronia e diacronia? SINCRONIA (1) DIACRONIA (2) a) ( ) Estática. b) ( ) Leva em conta o tempo. c) ( ) Trata de fatos simultâneos. d) ( ) Interessa-se pelo sistema. e) ( ) Gramática histórica/ estudo externo da língua. f) ( ) Comeder > comeer > comer. Por que optar pelo método sincrônico? 1. O falante nativo não tem consciência da sucessão dos fatos da língua no tempo: ele pode utilizar a língua sem saber nada de sua história. O indivíduo que usa a língua como veículo de comunicação e interação social não percebe essa sucessão de fatos. O falante só percebe a língua que ele utiliza, ou seja, o estado sincrônico de língua porque a língua possui uma lógica interna. Exemplo. A palavra ‘romaria’. POR QUE OPTAR PELO MÉTODO SINCRÔNICO? 2. Língua como sistema de valores: o linguista só pode realizar a abordagem desse sistema, estudando, analisando e avaliando suas relações internas (sintagmáticas e paradigmáticas), isto é, estudando sua estrutura, sincronicamente. Como a língua é um sistema de valores, seu estudo deveria partir da estrutura como se apresenta num estado momentâneo, a qual é a única perceptível pelos falantes, visto que os mesmos não percebem a sucessão de fatos linguísticos no tempo, que constituem a diacronia. FERDINAND DE SAUSSURE: A NOÇÃO DE VALOR Para Saussure, a língua é uma rede de pares opositivos: “na língua só existem diferenças”. O valor dos elementos da língua é um valor semântico, traz significado. Exemplos. Lá e lã (se é vogal oral, não é vogal nasal); Carro x carros (se é singular, não é plural); Cata x gata (se é o fonema surdo, não é o sonoro) Carro x camisa (um substantivo ou outro). O JOGO DE XADREZ E A SINCRONIA • Cada posição de jogo corresponde a um estado de língua. • O valor de cada peça depende da posição que ela ocupa no tabuleiro. Igualmente na língua, cada elemento tem seu valor determinado pela oposição e pelo contraste com os outros elementos. E esse valor é momentâneo, pois ele pode variar de um estado ao outro da língua. • Assim como no jogo de xadrez o deslocamento de uma peça não ocasiona mudança geral no sistema, as mudanças na língua aplicam-se a certos elementos, embora não se saiba quais efeitos serão causados sobre o restante do sistema. No entanto, o próprio Saussure enxerga uma falha na comparação. O JOGO DE XADREZ E A SINCRONIA Falha na comparação: o jogador tem o poder de deslocar peças conscientemente e, dessa forma, agir intencionalmente sobre o sistema (Jogo de xadrez), o falante nada premedita, não lhe é dado logicar, pois na língua ‘‘é espontânea e fortuitamente que suas peças se deslocam, ou melhor, se modificam” (CLG, 105). VAMOS PRATICAR? Leia as afirmativas a seguir sobre sincronia: I. Estuda a língua a partir do ponto de vista do falante. II. Estuda um estado de língua. III. Estuda os fatos da língua levando em conta o fator tempo. (Isso é diacronia) a) Somente I está correta. b) I e II estão corretas. c) II e III estão corretas. d) I e III estão corretas.e) Todas estão corretas. SINCRONIA E ARBITRARIEDADE DO SIGNO Porque a relação entre o significante e o significado é arbitrária pode ser afetada pelo tempo. Se essa relação fosse natural e lógica, o signo linguístico teria condições de resistir à ação transformadora do tempo, mantendo-se imutáveis os seus dois constituintes. • “Uma língua é radicalmente incapaz de se defender dos fatores que se deslocam, de minuto a minuto, a relação entre o significante e o significado. (CLG, p.90) • Portanto, é exatamente por ser uma entidade eminentemente histórica que a língua exige, prioritariamente, uma análise a-histórica, isto é, sincrônica. O ESTRUTURALISMO LINGUÍSTICO • Ainda que Saussure não tenha usado a palavra ‘estruturalismo’, deixou um importante estudo sobre o sistema da língua e sobre sua estrutura. A partir do conceito de sistema, Saussure propõe o estudo da língua em suas relações internas, observando-se a organização das unidades que compõem esse sistema e dos princípios e regulamentos que o regem. • A obra de Saussure influenciou linguistas como Leonard Bloomfield, nos Estados Unidos, Louis Hjelmslev, na Escandinávia, e Antoine Meillet e Émile Benveniste que, na França, continuaram o trabalho de Saussure. O QUE É UMA ANÁLISE ESTRUTURALISTA • Cada língua possui uma estrutura específica. • A estrutura da língua pode ser observada em três níveis: fonológico, morfológico, sintático. • Cada nível é constituído por unidades do nível imediatamente inferior. • A descrição da língua deve partir das unidades mais simples para as mais complexas. • Cada unidade é definida de acordo com sua posição estrutural. (COSTA, Marcos A.Estruturalismo. In. MARTELOTTA, Mario E. Manual de Linguística. São Paulo: Contexto, 2010) O QUE É UMA ANÁLISE ESTRUTURALISTA Exemplo. (A descrição da língua deve partir das unidades mais simples para as mais complexas. Cada unidade é definida de acordo com sua posição estrutural.) Fonema – O/ a/l/u/n/o c/õ/p/r/o/u /o/s l/i/v/r/o/s Morfemas – O / alun/o compr/ou o/s livro/s Palavras – O / aluno / comprou / os/ livros/ Sintagmas – O aluno/ comprou os livros Frase – O aluno comprou os livros CASTELAR (2000:77) Sincronia Estática Descritiva Interesse pelo sistema Abstrai o tempo Trata de fatos simultâneos Estuda o modo como a língua funciona Descreve um determinado estado de uma mesma língua Diacronia Evolutiva Prospectiva e retrospectiva Interesse pela evolução Leva em conta o tempo Trata de fatos sucessivos Estuda o processo de evolução da língua Confronta estados diferentes de uma mesma língua FERDINAND DE SAUSSURE A linguística é o estudo da linguagem verbal humana. Linguagem humana = língua + fala A língua é formada por signos linguísticos. (significante + significado) Eixo sintagmático e eixo paradigmático Sincronia Questão 1. A diacronia: a) é estática. b) interessa-se pelo sistema. c) trata de fatos sucessivos. d) descreve um determinado estado de uma língua. e) estuda o modo como a língua funciona. VAMOS PRATICAR? Questão 2. A sincronia: a) pode ser prospectiva e retrospectiva. b) descreve um determinado estado de uma mesma língua. c) leva em conta o tempo. d) preocupa-se com a evolução. e) trata de fatos sucessivos. Questão 3. Em relação à sincronia é INCORRETO afirmar que ela estuda: a) os fatos que atuam na língua de maneira sistemática e geral. b) a língua sob a perspectiva daqueles que só conhecem essa última como uma realidade sistemática e funcional. c) o modo como a língua funciona. d) o processo de evolução da língua. e) um determinado estado de uma mesma língua. Questão 4. Leia as afirmativas a seguir. I. A diacronia estuda os fatos linguísticos em suas transformações através dos tempos. II. A sincronia descreve estados de língua e suas relações internas. III. A sincronia estuda as relações entre fenômenos existentes ao mesmo tempo. a) As alternativas I e II estão corretas. b) Todas as alternativas estão corretas. c) As alternativas I e III estão corretas. d) Somente I está correta. e) Somente III está correta. Questão 5. Leia as afirmativas a seguir: I - A sincronia trabalha sob a perspectiva das pessoas que falam a língua em determinado momento. II - No método retrospectivo, tem-se o estudo e a comparação de dois ou mais estados da mesma língua, cada um antepassado ou descendente do outro. III - No método prospectivo, tem-se o estudo de estados de língua que tenham parentesco entre si tentando-se chegarão estado do último antepassado comum a todos os estados conhecidos. a) I e II estão corretas. b) Todas estão corretas. c) I e III estão corretas. d) Somente I está correta. e) Somente III está correta Até a próxima aula! A TEORIA GERATIVISTA • Noam Avram Chomsky, professor do MIT: 1957, Syntatic Structures - Esse livro surge como uma resposta ao behaviorismo que era o modelo dominante na época. Como Chomsky vê a linguagem? “A linguagem é um conjunto de sentenças, cada uma finita em comprimento e construída a partir de um conjunto finito de elementos” (1957:13; apud Lyons: 1987). Chomsky não menciona a função comunicativa das línguas, naturais ou não. Lembrando Saussure: ‘A língua é o produto social da faculdade da linguagem.’ A TEORIA GERATIVISTA • A teoria gerativista é formulada como uma resposta ao modelo behaviorista que era dominante na primeira metade do século XX. • Behaviorista. A linguagem humana é um condicionamento social, uma resposta aos estímulos produzidos pela interação social. A resposta viria da repetição e seria convertida em hábitos: a criança ouve uma palavra e a repete por imitação, no mesmo contexto. A linguagem humana seria um fenômeno externo ao ser humano, fixado pela repetição. A LINGUAGEM É ADQUIRIDA OU INATA: BEHAVIORISMO X GERATIVISMO • SKINNER. A criança é uma lousa em branco: o sistema linguístico é constituído do nada, é determinado quase que inteiramente pela experiência, e não geneticamente transmitida. Empiristas – a linguagem adquirida pela criança deve-se ao treinamento que recebe dos pais: observação, imitação de adultos, das outras crianças. Como justificar a criatividade? Exs. ‘Fazi’, ‘sabo’ (a criança nunca ouviu), ‘sirires’ (plural de siri), ‘morridinha (analogia à subidinha). • CHOMSKY. As pessoas nascem com ideias inatas e grande parte da organização psicológica é transmitida geneticamente. CHOMSKY E SUA CRÍTICA AO BEHAVIORISMO • Chomsky publica uma resenha, em 1958, criticando o livro Comportamento verbal, de Skinner: como acreditar na visão comportamentalista, se o falante é criativo? a) A criança cria palavras nunca ouvidas. b) Todos os indivíduos criam frases inéditas na língua, seja ele analfabeto ou autor de renome. A criatividade é a principal característica da linguagem humana: isso reforça a visão racionalista de Chomsky. Conclusão. A visão racionalista da linguagem é a correta. OS BEHAVIORISTAS E O PENSAMENTO EMPIRISTA Os behavioristas eram empiristas. • Empirismo – (empeiria = experiência) a experiência é o ponto de partida do conhecimento: O conhecimento e o comportamento humano seriam determinados pelo ambiente . Tudo o que está em nossa razão, entrou nela por meio dos sentidos, ou seja, das percepções dos nossos cinco sentidos. (Empirismo de caráter individualista) As formas complexas da atividade da criança são uma combinação de hábitos. O GERATIVISMO E O PENSAMENTO RACIONALISTA Para Chomsky: a mente é a fonte do conhecimento humano. Noam Chomsky: racionalista (ratio = razão) • Racionalistas - fonte principal do conhecimento humano é a mente. Pensamento, na razão -fonte principal do conhecimento humano Conhecimento - universalmente válido (matemática). Com o gerativismo, a língua deixa de ser analisada como um comportamento socialmente condicionado e passa a ser analisada como uma faculdade mental. A VISÃO GERATIVISTA DAS LÍNGUAS Com o gerativismo, a língua deixa de ser analisada como um comportamento socialmente condicionado e passa a ser analisada como uma faculdade mental. Como o gerativista estuda a língua? a) O que há de comum entre as línguas do mundo? b) O que o indivíduo sabe quando diz que ‘sabe uma língua?’ c) Como o indivíduo adquire esse conhecimento? d) De que maneira esse conhecimento é posto em prática? e) Como o cérebro recebe esse conhecimento? (Kenedy,2010. In. Martelotta, 2010) MODULARIDADE DA MENTE • Chomsky considera que a mente humana é composta por sistemas cognitivos como a faculdade da linguagem, a faculdade de desenvolver formas de compreensão matemática etc. • Essa faculdade da linguagem está presente em todos os seres humanos como uma herança biológica • A faculdade da linguagem seria uma estrutura cognitiva, localizada do lado esquerdo do cérebro, que faz parte da mente humana e estaria em interação com os outros órgãos mentais. • A faculdade da linguagem seria dividida em módulos. MODULARIDADE DA MENTE Há provas de que o cérebro é modular? Chomsky considera a afasia uma possibilidade de explicação para que o módulo da linguagem também seja subdividido. • Afasias de Broca: Quebras de produção de fala e deficiências fonológicas. • Afasia de Wernicke. Problemas de compreensão e revelam uma separação entre sintaxe e semântica, ou seja, suas frases são sintaticamente bem elaboradas mas sem significado. POR QUE ‘GERATIVISMO’? • O conhecimento sobre as línguas como um conjunto de regras sobre como formar frases (regras = competência dos falantes) Por que ‘gerativa’? Apresenta o conjunto de regras que representam a gramática da língua e permitem que o falante crie novas sentenças a partir das regras que ele formula para a sua língua natural. • GERATIVIDADE - possibilidade de fazer uso infinito de meios finitos. • Os gerativistas defendiam que com um número finito de regras gramaticais podemos formular infinitas sentenças de uma língua. QUAL A RELAÇÃO ENTRE MATEMÁTICA E LINGUÍSTICA? As regras internalizadas geram frases: “gerar” no sentido matemático de explicitar, listar ou enumerar todas as possibilidades deriváveis de uma fórmula (regra). Tais possibilidades — as frases geráveis — é que são infinitas, ou seja, ilimitadas. Impossível dar a lista completa das frases previstas pelas regras da língua. Vejam as três regras seguintes: 1. 0 SN SV 2. SV V SN 3. SN Art N (Leia-se: Oração reescrita como Sintagma Nominal + Sintagma Verbal. Sintagma Verbal reescrito como Verbo + Sintagma Nominal. E Sintagma Nominal reescrito como Artigo + Nome.) QUAL A RELAÇÃO ENTRE MATEMÁTICA E LINGUÍSTICA? A menina comprou a blusa. 1. SN SV A menina SN Art N SV comprou a blusa 2. V SN Somente essas três regras ‘geram’ um número infinito de sentenças. QUAL A RELAÇÃO ENTRE MATEMÁTICA E LINGUÍSTICA? 1. SN: art + substantivo a boneca, o livro, os livros, o biscoito, a água. 2. SV: verbo + sintagma nominal comprou a blusa bebo a água leio o livro uso a blusa GRAMÁTICA UNIVERSAL Gramática universal, dispositivo de aquisição da língua (DAL) – “language acquisition device” e estado inicial . Nomes dados a essa estrutura mental inata. Essa prédisposição biológica permite à criança formular as regras da gramática da sua língua a partir dos dados linguísticos do ambiente que a cerca. O Input desses dados funciona como gatilho (tradução do inglês trigger) que aciona certo valor de parâmetro para que a criança componha a gramática de sua língua particular. GRAMÁTICA UNIVERSAL O que são esses valores que a criança aciona? São os parâmetros: [+] ou [-]. A língua apresenta o A língua não apresenta parâmetro o parâmetro Ordem: substantivo adjetivo [+] português; [-] inglês (a ordem em inglês é adjetivo substantivo) O QUE É GRAMÁTICA PARA O GERATIVISMO? Só para lembrar: Gramática normativa (= gramática prescritiva) Gramática Tradicional Para o gerativismo, ‘gramática’ corresponde à gramática internalizada pelo falante durante o processo de aquisição da linguagem. A gramática para Chomsky será definida como o conjunto finito de regras que permitem produzir a totalidade dos enunciados gramaticais possíveis de uma dada língua. GRAMÁTICA UNIVERSAL E GRAMÁTICA PARTICULAR • Gramática universal. Conjunto das propriedades gramaticais comuns a todas as línguas do mundo. • Gramática particular. É a gramática de uma língua em particular. A partir dos princípios que temos em nossa Gramática Universal, criamos a gramática de nossa língua. GRAMÁTICA UNIVERSAL A GU é composta por princípios e de parâmetros: Princípios - leis gerais comuns a todas as línguas do mundo e são geneticamente determinados. Parâmetros - aplicação desses princípios a uma língua particular originando a gramática particular de uma língua (GP). PRINCÍPIOS E PARÂMETROS Exemplo. Princípio - todas as sentenças têm sujeito. Parâmetro do sujeito nulo. Uma língua pode não ter sujeito expresso. Os parâmetros são binários (valor positivo ou negativo). Inglês (sujeito tem que ser pronunciado)- Caso esteja exposta ao inglês, vai estar exposta a estruturas com elementos expletivos e traçará o valor negativo. It rains. O inglês apresenta o valor negativo do parâmetro (não apresenta sujeito nulo). Português - (apresenta sujeito nulo) - exposta ao português a criança terá no input as evidências para marcar um valor positivo para esse parâmetro. Chove. PRINCÍPIOS E PARÂMETROS It rains. – inglês [ - ] Não apresenta sujeito nulo Chove. – português [ + ] Apresenta sujeito nulo Em português, o parâmetro do sujeito nulo é positivo, ou seja, o falante pode produzir sentenças com o sujeito realizado ou não. Um falante do inglês saberá que, em sua língua, é preciso produzir sentenças com o sujeito realizado. VAMOS PRATICAR? 1. Assinale a letra cujo enunciado NÃO se refere ao conceito de Gramática Universal: a) É composta de princípios e de parâmetros. b) É a estrutura linguística herdada geneticamente por cada membro da espécie humana. c) Trabalha com um padrão de correção linguística, que deve ser seguido por todos. d) É um sistema de todas as regras necessárias para se poder falar. e) É o estágio inicial de um falante que está adquirindo uma língua. 2. A citação abaixo refere-se a um aspecto da Teoria Gerativa. Assinale-o. “Sabemos que o corpo humano é composto por órgãos diferentes que desempenham funções diferentes, cada um deles com funcionamento específico – ou seja, o coração bate para fazer circular o sangue, mas os rins não batem para filtrar a água do corpo; adicionalmente o tipo de tecido que compõe o fígado é muito diferente do tipo de tecido que compõe o estômago, por exemplo.” (Mioto, Silva & Lopes, 1999, p.25) a) Modularidade da mente. b) Gramática Universal. c) Gramática Particular. d) Parâmetros. e) Princípios. 3. Tendo como base a Teoria de Princípios e Parâmetros, analise os exemplos abaixo e, em seguida, assinale a alternativa INCORRETA: It rains. – inglês [ - ] Chove. – português [ + ] Moro no Rio. – português [ + ] I live in Rio – inglês [ - ] Eu moro no Rio – português [ + ] a) Em português, o parâmetro do sujeito nulo é negativo, ou seja, o falante pode produzir sentenças com o sujeito realizado ounão. b) Um falante do inglês saberá que, em sua língua, é preciso produzir sentenças com o sujeito realizado. c) O falante do português pode escolher enunciados como os apresentados em (II), (III) e (V), pois todos fazem parte da língua. d) Em inglês, produzir apenas “Live in Rio” em lugar de “I live in Rio” não faria sentido, pois é preciso preencher a posição do sujeito. e) O falante do inglês, assim como o falante do português, pode escolher: preencher ou não a posição do sujeito. 4. Segundo o Gerativismo, o ser humano já nasce com um dispositivo para a aquisição de uma língua. Isso significa dizer que a) todos os indivíduos nascem com uma disposição para desenvolver uma língua. b) o aparato genético varia de cultura para cultura; por isso, as línguas são diferentes. c) os animais também apresentam o mesmo aparato genético, pois também desenvolvem linguagem. d) a análise do dispositivo genético já nos permite saber a língua a ser desenvolvida pelo indivíduo. e) o dispositivo varia de pessoa para pessoa, pois somos todos diferentes. 5. Sobre o conceito de Princípios e Parâmetros, assinale a alternativa INCORRETA: a) São os componentes da Gramática Universal. b) “Todas as línguas do mundo possuem funções sintáticas como sujeito e predicado”. Isso é um princípio. c) Os princípios são comuns a todas as línguas, apresentam caráter universal. d) Os parâmetros são responsáveis em explicar a organização das línguas naturais por serem gerais. e) Os parâmetros são reconhecidos a partir dos dados linguísticos do ambiente do indivíduo em fase de aquisição de linguagem. Até a próxima aula! O QUE É COMUM NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO? • As crianças captam o que é regular no sistema e criam uma regra. Exemplo. Pincel/pincelar; vassoura/vassourar? As crianças adquirem primeiro palavras de conteúdo (substantivos, adjetivos, verbos) e depois palavras estruturais (pronomes, preposições). Nomear = substantivos (concreto) Verbos e adjetivos = mais abstrato No início: uso de estruturas simples; depois: estruturas coordenadas e subordinadas. O QUE POSSIBILITA A AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM? • Nascemos com uma capacidade inata para desenvolver a linguagem (nascemos com a GU e seus princípios). • A exposição à língua aciona o gatilho e permite que a Gramática Universal libere informações. Assim, a partir da GU, criamos a GP de nossa língua natural. • Desenvolvemos nossa língua natural ou nossas línguas naturais a partir da exposição aos dados linguísticos do ambiente. GENIE Inserida no convívio social com 13 anos e 7 meses: adquiriu vocabulário, mas apresentou problemas na sintaxe e na morfologia. • Apresentou rápida aquisição do vocabulário, mostrando uma habilidade semântica superior àquela alcançada por crianças normais em igual período de tempo. • Apresentou pobre elaboração morfológica e um reduzido emprego de estruturas sintáticas complexas em sua fala, mostrando uma habilidade sintática bastante defasada em relação às crianças normais. Conclusão: Aprender uma língua natural é um processo e a experiência desempenha importante papel na aquisição da linguagem. Chomsky: experiência = gatilhos (trigger). A MENTE É MODULAR O caso de Genie corrobora a ideia de que a mente é modular e a linguagem, por constituir um módulo independente dos demais, tem seus princípios próprios. Por quê? Ela desenvolveu alguns aspectos da linguagem e não outros. Conclusão. Mesmo a faculdade da linguagem é modular, ou seja, teríamos módulos para fonologia, morfologia, semântica e sintaxe. A LATERALIZAÇÃO DO CÉREBRO Lateralização. O processo através do qual um dos hemisférios do cérebro é especializado para o desempenho de certas funções. • A lateralização é comumente considerada como uma pré-condição evolutiva do desenvolvimento de inteligência superior no homem. • Lateralização é sujeita à maturação, no sentido de que é geneticamente pré-programada e é específica aos seres humanos. Esse processo relaciona-se à capacidade das crianças para aprenderem uma língua natural. A LATERALIZAÇÃO DO CÉREBRO • A lateralização começa quando a criança tem mais ou menos dois anos e completa-se em algum ponto da faixa entre os cinco anos e o início da puberdade. Idade crítica para a aquisição da linguagem: • Lenneberg que considera que a lateralização só termina na puberdade parecendo ser esse o limite máximo para a aquisição da linguagem. • Krashen, considera que a lateralização pode estar concluída entre os 5 e 6 anos de idade. Talvez seja por isso que nessa idade uma criança já adquiriu a maior parte da gramática. QUAL É A FUNÇÃO DA EXPERIÊNCIA? A função da experiência é ativar a competência linguística, ou seja, temos o gatilho e a GU passa a liberar informações para que construamos nossa GP. Desse modo, temos: • Produtividade - fato de a criança produzir, quando ainda jovem, construções gramaticais que jamais ocorreram antes em sua experiência. • Criatividade - fato de a linguagem humana ser independente de estímulo, na medida em que “o enunciado que alguém profere em dada ocasião é, em princípio, não predizível, e não pode ser descrito apropriadamente, no sentido técnico desses termos, como uma resposta a algum estímulo identificável, linguístico ou não linguístico” (Lyons, 1987:212-213). QUAL É A FUNÇÃO DA EXPERIÊNCIA? A chamada regularização, por exemplo, mostra a criança aplicando rigorosamente, também a formas sujeitas a casos especiais, as regras gerais que já internalizou. • *fazi ou *trazi - regra que gera as formas regulares como bati, comi etc.; • abrido, *cobridO *fazido, *escrevidO pelos modelos regulares dormido, comido, batido etc.; • *eu pego tu; *não empurra eu; * mais grande, * mais bom, como mais alto, mais fraco etc.. O QUE É SABER UMA LÍNGUA PARA CHOMSKY? 1. Saber a língua é saber a gramática respectiva Dominar as regras que governam (ou “geram”) a construção e enunciação das frases; emprego das palavras, sua colocação, o acordo entre elas (concordância), pronúncia, acentos e tons, etc. Exemplo. Fonologia - quando precisamos nomear algo novo: Corsa mas não Rcaso (pelas leis fonológicas do português não existe a seqüência inicial rc.) Sintaxe- A casa x casa a 2. Saber a língua não se confunde com saber se comunicar. Diferença entre competência e desempenho. 3. Saber a língua é saber o sistema oral “Pela idade de quatro a seis anos, a criança normal é um adulto linguístico.” O QUE É SABER UMA LÍNGUA PARA CHOMSKY? A COMPETÊNCIA LINGUÍSTICA Para Chomsky, a Linguística deve estudar a competência; ela é puramente linguística. A competência é o conhecimento do indivíduo sobre sua língua natural. Competência relaciona-se à cognição; a principal função da língua é expressar o pensamento. • Competência - conjunto de normas que o falante internaliza e que lhe permite emitir, receber e julgar os enunciados em sua língua. COMPETÊNCIA x DESEMPENHO Saussure: langue x parole Chomsky: competência x desempenho. • Desempenho - O uso que o falante faz do conhecimento que tem sobre a língua; comportamento do indivíduo. O desempenho por estar sujeito a fatores extralinguísticos não seria analisado pela linguística e sim pela psicologia. Desempenho (Chomsky) = Fala (Saussure) O desempenho é variável: se falamos em público, se estamos aborrecidos etc. A COMPETÊNCIA LINGUÍSTICA A competência (Chomsky) NÃO corresponde à língua de Saussure. • Saussure: língua é fato social, uma instituição humana, cujo objetivo é a interação social, estando a língua incluída nas ciências sociais. • Competência (processo mental) - conjunto de normas que o falante internaliza e que lhe permite emitir, receber e julgar os enunciados emsua língua. A principal função da língua é cognitiva, ou seja, expressar o pensamento. Sob essa perspectiva, a função comunicativa está em segundo plano. A COMPETÊNCIA LINGUÍSTICA A análise linguística deve descrever as regras que governam a estrutura da competência fornecendo subsídios para a compreensão da organização da mente humana. A menina comprou a blusa. SN SV A menina SN Art N comprou a blusa SV V SN COMPETÊNCIA GRAMATICAL Competência gramatical - conhecimento que têm os falantes/ouvintes da língua e da linguagem, independentemente de qualquer informação extralinguística. • Formação das frases - gramaticais (bem formadas sintaticamente) e agramaticais (com problemas sintáticos). • Gramaticalidade é um conceito que define as sequencias que pertencem ou não à língua. COMPETÊNCIA GRAMATICAL • As sequencias geradas pela gramática da língua, em acordo com essas regras internalizadas, são gramaticais e as que não pertencem à gramática da língua, desobedecendo, portanto, tais regras, são agramaticais. Chomsky considera que frases agramaticais não ocorrem já que o falante não as ouve e, portanto, não as internaliza. • O falante nativo decide se uma sentença é gramatical ou não baseado no seu conhecimento da língua, ou seja, na sua competência. COMPETÊNCIA GRAMATICAL • Atenção: frases agramaticais não estão formadas seguindo as regras da língua, não sendo compreendidas pelos falantes. Chomsky afirma que não se produzem frases agramaticais: se não internalizamos a regra, não produzimos a sentença. • Gramaticalidade estabelece quais sentenças pertencem ou não a uma língua e quem decide isso é o falante nativo, escolarizado ou não. Exemplos. Viu ele x viu-o ; tu vais x você vai; fui à praia x fui na praia. COMPETÊNCIA PRAGMÁTICA Competência pragmática ultrapassa o nível da informação sobre a forma e o significado das sentenças. (aceitável / inaceitável) Aceitabilidade - julgamentos dos falantes; fenômeno intuitivo; baseia-se no fato de a sentença ser ou não gramatical mas considera também fatores relacionados ao desempenho como limitação de memória, fatores semânticos etc. Toda frase agramatical é inaceitável (cf. “o viu cinema Beto no”), mas uma frase pode ser gramatical e ser inaceitável devido outros fatores. GRAMATICALIDADE X ACEITABILIDADE • Toda frase agramatical é inaceitável: Na vai praia nós. • Uma frase gramatical do ponto de vista gerativo, nada tem a ver com correção do ponto de vista normativo. Exemplo. Nós vai na praia. Gramatical e aceitável do ponto de vista gerativo. “ Ele é viúvo, mas a mulher dele ainda não morreu.” (Lobato: 1986: 51) Gramatical mas inaceitável (problemas em termos de julgamento). GRAMATICALIDADE X ACEITABILIDADE 1. O rapaz saiu. 2. O rapaz que o homem viu saiu. 3. O rapaz que o homem que a moça convidou viu saiu. 4.O rapaz que o homem que a moça que João beijou convidou viu saiu. 1. Leia a afirmativa a seguir: “O que permite ao falante decidir, então, se uma sentença é gramatical ou não, é o conhecimento que ele tem.” (MIOTO, Carlos, SILVA, Maria Cristina F. e LOPES, Ruth E. V. Novo Manual de sintaxe. Florianópolis: Insular, 2005.) A definição apresentada refere-se: a) ao desempenho linguístico. b) à competência linguística. c) ao inatismo. d) à faculdade da linguagem. e) ao behaviorismo. VAMOS PRATICAR? 2- Segundo Chomsky, uma criança de aproximadamente 5 anos já é considerada um “adulto linguístico”. Sobre a aquisição da linguagem, segundo o Gerativismo, é correto afirmar que • ter contato com um sistema linguístico é irrelevante, pois os mecanismos são inatos. • os adultos precisam falar pausadamente para que a criança desenvolva uma língua. • a correção da fala da criança pelo adulto é importante para que ela fale corretamente e não sofra preconceitos. • uma criança sem patologia irá desenvolver uma língua normalmente, desde que seja exposta a dados linguísticos. • as crianças já nascem predispostas a desenvolver uma língua específica, independentemente do meio. 3. Para Chomsky, o objeto de estudo da Linguística deve ser: a) a competência, pois é o conhecimento linguístico internalizado do falante. b) o desempenho, pois é o conhecimento linguístico posto em uso. c) a fala, pois é o uso individual do sistema linguístico. d) a gramática, pois é o conjunto de regras para o bom uso da língua. e) o inatismo, pois é o aparato genético para desenvolver uma língua. 4. Tendo como base os pressupostos teóricos gerativistas, assinale o melhor comentário para a citação abaixo: “Como o físico deve observar os raios e trovões, o linguista tem que observar as sentenças produzidas. Mas, sem dúvida, não pode ater a elas.” (MIOTO, Carlos, SILVA, Maria Cristina F. e LOPES, Ruth E. V. Novo Manual de sintaxe. Florianópolis: Insular, 2005.) a) O linguista deve analisar os enunciados produzidos pelos indivíduos para entender melhor sobre a competência linguística. b) O desempenho linguístico deve ser ignorado, uma vez que o que interessa é a competência. c) Deve-se estudar apenas o desempenho e, por isso, a teoria linguística de base gerativa é eficiente. d) O papel do Gerativismo é descrever e explicar o desempenho linguístico dos falantes, pois ele é um ato individual. e) O Gerativismo considera somente o que, de fato, foi produzido pelos falantes em uma determinada situação comunicativa. 5. Assinale a letra cujo enunciado NÃO se refere às ideias behavioristas: a) Espera-se que a criança adquira um comportamento verbal por meio da observação, da imitação de adultos, das outras crianças e por meio da manipulação dos dados externos. b) A língua é vista como uma coleção de palavras, locuções e sentenças; um sistema cujos hábitos são adquiridos e explicados pelo meio externo. c) A aquisição da linguagem, neste enfoque, seria o resultado de uma construção gradativa operada pela criança e que ocorre primordialmente pela experiência. d) As pessoas nascem com ideias inatas e grande parte da organização psicológica é "instalada" no organismo e transmitida geneticamente. e) A criança adquire a língua somente por meio da imitação de outros usuários ou por meio de uma sequência de respostas sob o controle de estímulos externos e associações intraverbais. Até a próxima aula! BREVE RESUMO: SAUSSURE Saussure – língua é social: unifica a comunidade já que compartilhamos o mesmo sistema linguístico. Ênfase ao caráter social ou institucional dos sistemas linguísticos. Insere a linguística no contexto mais amplo das ciências sociais: linguística como sendo mais próxima da sociologia ou da psicologia social. • Língua é homogênea e a fala é heterogênea. • A heterogeneidade da fala não pode ser explicada pela Linguística. BREVE RESUMO: CHOMSKY A língua é um processo cognitivo. O primeiro objetivo da língua é expressar o pensamento; 2ª função é a social. Assim, a linguística está mais perto da psicologia cognitiva. • A competência linguística não é o sistema linguístico, mas o conhecimento que os indivíduos têm desse sistema. Esse conhecimento é o mesmo para todos os indivíduos e é puramente lingüístico. • O desempenho é variável e não pode ser estudado pela Linguística: a Psicolinguística deve estudá-lo, já que é variável. INÍCIO DOS ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS William Labov (1972). Ocorrência do r- final. • Antes da 2ª guerra a norma era não realizar o r –final ( a norma prestigiava r ~ Ø.) • Só falantes com menos de 40 anos realizavam o r – final: os mais jovens adotaram uma nova norma. • Isso se torna a norma de prestígio e os falantes caminham nessa direção. CONCLUSÃO. Toda variação é motivada: a variação é sistemática
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