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ADM 1

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FORMAÇÃO DO DIREITO ADMINISTRATIVO
O Direito Administrativo, como ramo autônomo, nasceu em fins do século XVIII e início do século XIX, o que não significa que inexistissem anteriormente normas administrativas, pois onde quer que exista o Estado existem órgãos encarregados do exercício de funções administrativas. O que ocorre é que tais normas se enquadravam no jus civile (direito rígido, inflexível, solene e exclusivo dos cidadãos romanos, onde se misturava a religião e o jurídico), da mesma forma que nele se inseriam as demais, hoje pertencentes a outros ramos do direito.
A Idade Média não encontrou ambiente propício para o desenvolvimento do Direito Administrativo. Era a época das monarquias absolutas, em que todo poder pertencia ao soberano; a sua vontade era a lei, a que obedeciam a todos os cidadãos, justificadamente chamados servos ou vassalos (aqueles que se submetem à vontade de outrem).
A formação do Direito Administrativo, como ramo autônomo, teve início, juntamente com o direito constitucional e outros ramos do direito público, a partir do momento em que começou a desenvolver-se – já na fase do Estado Moderno – o conceito de Estado de Direito, estruturado sobre o princípio da legalidade (em decorrência do qual até mesmo os governantes se submetem à lei, em especial à lei fundamental que é a Constituição) e sobre o princípio da separação de poderes, que tem por objetivo assegurar a proteção dos direitos individuais, não apenas nas relações entre particulares, mas também entre estes e o Estado.
DIREITO ADMINISTRATIVO NO BRASIL
Podemos afirmar que o Direito Administrativo no Brasil teve início após a sua colonização, pois a partir deste fato houve a instauração das Ordenações Portuguesas no território brasileiro, não havendo nenhuma criação doutrinária do Brasil, mas apenas o Direito português. Neste período a atividade administrativa não era do tamanho da atual e nem tinha as divisões vistas hoje. Só havia apenas por parte da segurança pública e, sobretudo, da arrecadação de impostos, esta última sendo uma das atividades mais destacadas e com bastante rigor em sua execução.
(...)
As bases do Direito Administrativo Brasileiro atual são os Princípios, que fundamentam, organizam e direcionam as normas que regem a Administração Pública. A nova Constituição e algumas leis infraconstitucionais do Direito Administrativo explicitaram alguns princípios da Administração, que fundamentam e direcionam o ordenamento jurídico administrativo. 
 “A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”.
CONCEITO
Ramo do direito público composto por normas que visam estabelecer a estrutura da administração pública e seu funcionamento, com o objetivo de se atender de forma direta, concreta e imediata o interesse público. 
CRITÉRIOS PARA DEFINIÇÃO DO DIREITO ADM.
- Ramo do direito público; ATENDER DE FORMA CONCRETA, DIRETA E
- Composto por normas; IMEDIATA O INTERESSE PUBLICO.
- Regra: Estrutura
 Atividade (função)
 ESTADO x GOVERNO x ADMINISTRAÇÃO PUBLICA
Estado: Ordem jurídica soberana que rege a vida de um povo estabelecido em um território.
Governo: Conjunto de órgãos responsáveis pelas decisões primarias de estado, fixando as diretrizes, politicas publicas a serem atendidas pelas estruturas competentes do estado. 
Adm. publica: Conjunto de órgãos, pessoas e agentes, responsáveis pela concretização das decisões primarias tomadas pelos órgãos do governo. 
ADMINISTRAÇÃO PUBLICA
Sentido objetivo: REFERE-SE A FUNÇÃO
A administração pública tem sua estrutura (órgãos, pessoas e agentes), para tornar concreto a ideia da sociedade.
É desempenhado uma função administrativa, como por exemplo:
- Poder de polícia;
- Prestar serviço público (saúde, educação...);
- Fomento (incentivo que a administração faz a particulares especiais visando um bem comum.);
- Intervir na propriedade privada.
Sentido subjetivo: REFERE-SE A ESTRUTURA/COMPOSIÇÃO
Podemos chamar de Administração Pública todas as pessoas físicas, jurídicas e órgãos públicos que exercerem atividade administrativa, estejam em qualquer Poder da República e em qualquer esfera federativa (federal, estadual, distrital ou municipal).
FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO
Lei: (fonte direta/imediata)
Como fonte primária, principal, tem-se a lei, em seu sentido genérico (latu sensu), que inclui, além da Constituição Federal, as leis ordinárias, complementares, delegadas, medidas provisórias, atos normativos com força de lei, e alguns decretos-lei ainda vigente no país, entre outros. Em geral, é ela abstrata e impessoal.
O Direito Administrativo não possui um código próprio como o Direito Civil, Direito Previdenciário e outros.
As demais fontes são secundarias.
Jurisprudência: (fonte indireta/mediata)
É a decisão reiterada de julgados de um mesmo assunto. São resumos que servem como fonte de pesquisa para aplicabilidade de normas dentro do Direito Administrativo. 
Súmulas vinculantes se encaixam muito bem nesse conceito, pois são interpretações jurídicas que auxiliam tribunais no tratamento de matérias parecidas.
Doutrina: (fonte indireta/mediata)
Conjunto de princípios que são aplicáveis ao Direito Administrativo, consubstanciados em artigos, livros e outros documentos escritos pelos doutrinadores. 
Costumes: (fonte indireta/mediata)
São regras não escritas que suprem a ausência de regra legislativa descrita em códigos e estatutos. São aceitos dentro de uma sociedade, e levam em conta a cultura onde esses costumes são aplicados.
INTERPRETAÇÃO
Princípio da supremacia do interesse público sobre o privado:
O princípio da supremacia do interesse público sobre o privado é um princípio implícito, que tem suas aplicações explicitamente previstas em norma jurídica. Trata-se, pois, das prerrogativas administrativas.
A essência desse princípio está na própria razão de existir da Administração, ou seja, a Administração atua voltada aos interesses da coletividade. Assim, em uma situação de conflito entre interesse de um particular e o interesse público, este último deve predominar. É por isso que a doutrina considera esse um princípio fundamental do regime jurídico administrativo.
Exemplo: nas diversas formas de intervenção do Estado na propriedade na propriedade privada, como a desapropriação (assegurada a indenização), a servidão administrativa, o tombamento de imóvel de valor histórico, a ocupação temporária, etc.
Presunção de validade nos atos administrativos:
SISTEMAS
Quanto a aplicação das normas do direito administrativo, onde, solucionam conflitos envolvendo estado (administração pública) e um indivíduo, existem sistemas:
Contencioso administrativo:
Também chamado de modelo francês, o contencioso administrativo caracteriza-se pela repartição da função jurisdicional entre o Poder Judiciário e tribunais administrativos. 
Nos países que adotam tal sistema, o Poder Judiciário decide as causas comuns, enquanto as demandas que envolvam interesse da Administração Pública são julgadas por um conjunto de órgãos administrativos.
A decisão sendo de interesse administrativo, não caberá revisão do poder judiciário.
É ligado ao executivo, não ao judiciário. NÃO ADOTADO NO BRASIL
 
Jurisdição Una:
Também conhecido como modelo inglês é aquele em que todas as causas, mesmo aquelas que envolvem interesse da Administração Pública, são julgadas pelo Poder Judiciário. 
É a forma de controle existente atualmente no Brasil (art. 5º, XXXV, CF). 
No Brasil, o Poder Judiciário tem o monopólio da jurisdição, o que impede a adoção do sistema francês. 
PRINCIPIOS ADMINISTRATIVOS
Princípio da Legalidade:Esse princípio diz respeito à obediência à lei.
“Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. 
Ou seja, poderá fazer tudo que não seja proibido pela lei.
Sendo interpretado a partir do estado e seus agentes, estes, somente poderão agir, se houver lei autorizando. 
Princípio da Impessoalidade:
Qualquer agente público, seja ele eleito, concursado, indicado, etc., está ocupando seu posto para servir aos interesses do povo. Assim, seus atos obrigatoriamente deverão ter como finalidade o interesse público, e não próprio ou de um conjunto pequeno de pessoas amigas. Ou seja, deve ser impessoal.
Exemplo: Se o administrador decide construir ou asfaltar uma determinada rua, deve fazê-lo para beneficiar o conjunto da população, não porque a rua passa em frente a um terreno seu ou de algum correligionário. Nesta situação, teríamos um ato pessoal.
Princípio da Moralidade:
Obedecendo a esse princípio, deve o administrador, além de seguir o que a lei determina, pautar sua conduta na moral comum, fazendo o que for melhor e mais útil ao interesse público. Tem que separara, além do bem do mal, legal do ilegal, justo do injusto, conveniente do inconveniente, também o honesto do desonesto.
Princípio da Publicidade:
Diz respeito à obrigação de dar publicidade, levar ao conhecimento de todos os seus atos, contratos ou instrumentos jurídicos como um todo. Isso dá transparência e confere a possibilidade de qualquer pessoa questionar e controlar toda a atividade administrativa, esta, que deve representar o interesse público, por isso não se justificam de regra, o sigilo.
Poderá ser de oficio: Adm. faz por iniciativa própria, independente de provocação.
Poderá ser provocada: Requerido. Exceto se comprometer a segurança nacional; informações que comprometem vida privada das pessoas. 
Princípio da Eficiência: 
Os agentes públicos devem agir com rapidez, perfeição e rendimento. Importante também é o aspecto econômico, que deve pautar as decisões, levando-se em conta sempre a relação custo-benefício.
Princípio da Supremacia do Interesse Público:
Irá se sobrepor o interesse da coletividade sobre o interesse do particular, o que não significa que os direitos deste não serão respeitados. 
Sempre que houver confronto entre os interesses, há de prevalecer o coletivo.
Exemplo: É o que ocorre nos casos de desapropriação por utilidade pública. 
Determinado imóvel deve ser disponibilizado para a construção de uma creche. O interesse do proprietário se conflita com o da coletividade que necessita dessa creche. Seguindo esse princípio e a lei, haverá sim a desapropriação, com a consequente indenização particular
Princípio da indisponibilidade pela administração pública do interesse público:
Cada decisão tomada pela Administração Pública deve estar fundamentada pelas razões de fato e direito que levaram a ela.
O STF já decidiu que a motivação é necessária em todo e qualquer ato administrativo. 
Ela terá detalhamento maior ou menor conforme o ato que seja vinculado ou discricionário, porém, não se admite mais que este seja imotivado, como parte da doutrina clássica defendida.
Princípio da Tutela:
Princípio da Autotutela:
É a possibilidade da administração publica anular seus atos quando ilegais e de revoga-los quando, apesar de validos, se mostrarem inconvenientes e importunos ao interesse público. 
Principio da proporcionalidade: 
Preceitua que nenhuma garantia constitucional goza de valor supremo e absoluto, de modo a aniquilar outra garantia de valor e grau equivalente.
Tem por finalidade precípua equilibrar os direitos individuais com os anseios da sociedade.
Deve-se verificar se a ação é adequada para o fim que deseja alcançar;
Tentar usar a menos agravosa possível;
Verificar se os ônus impostos a coletividade justificam os bônus trazidos. 
Princípio da razoabilidade:
Pressupõe uma análise das circunstancias concretas diante das quais se encontram o administrador e a racionalidade da decisão por ele tomada diante dessas tais circunstancias. 
Princípio da segurança jurídica: 
Entende-se a necessidade do respeito das situações jurídicas consolidadas, das relações jurídicas estabilizadas e das preservações das esferas jurídicas e patrimonial, contra a surpresa que pode comprometer a estabilizar as relações jurídicas sociais.
Princípio da finalidade:
O princípio da finalidade imprime à autoridade administrativa o dever de praticar o ato administrativo com vistas à realização da finalidade perseguida pela lei.

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