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@enfermeiranara Como fazer um diagnóstico de enfermagem? 1. DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM Um diagnóstico de enfermagem é um julgamento clínico sobre respostas/ experiências atuais ou potenciais do indivíduo, família ou comunidade aos problemas de saúde / processos de vida. Um diagnóstico de enfermagem proporciona a base para a seleção das intervenções de enfermagem de forma a atingir resultados pelos quais o enfermeiro é responsável. Na década de 1960, acreditou-se que o processo de enfermagem possuía quatro partes, ou seja, investigação, planejamento, implementação e avaliação. Os diagnósticos de enfermagem são norteadores do cuidado, pois permitem planejar a assistência ao indivíduo, à família e/ou à comunidade. É a segunda etapa do Processo de Enfermagem (PE) e resultado da análise crítico-reflexiva dos dados coletados na primeira etapa, Histórico de Enfermagem (ou Coleta de dados de Enfermagem), na qual identificamos sinais e sintomas passíveis de intervenção. O diagnóstico de enfermagem constitui a base para a escolha das intervenções de enfermagem para o alcance dos resultados com os quais o enfermeiro tem competência e é responsável. 2. COMPREENDENDO A TAXONOMIA NANDA-I A taxonomia da NANDA iniciou em 1973 e é norteada por uma estrutura teórica – os Padrões de Respostas Humanas – que “orienta a classificação e categorização dos diagnósticos de enfermagem ou das condições que necessitam de cuidados de enfermagem.” As taxonomias foram desenvolvidas para padronizar a linguagem que os enfermeiros utilizam na descrição ou caracterização dos fenômenos que identificam, tratam e avaliam em seus pacientes. São sistemas de classificação que organizam as ocorrências que defrontamos diariamente padronizando a linguagem, ou seja, organizando em grupos ou classes, com base em suas semelhanças. O sistema de classificação de diagnósticos de enfermagem da NANDA-I – é o mais utilizado mundialmente. @enfermeiranara COMPONENTES: TÍTULO: é uma frase curta ou um termo que representa um padrão de indicadores relacionados. DEFINIÇÃO: descrição clara e precisa do diagnóstico, delineia o seu significado e diferencia-o de todos os outros diagnósticos. CARACTERÍSTICAS DEFINIDORAS: são inferências (evidências clínicas, sinais ou sintomas) observadas, que se agrupam como manifestações de um diagnóstico de enfermagem com foco no problema, bem-estar ou síndrome. FATORES RELACIONADOS: são condições ou circunstâncias que podem anteceder, estar associadas ou contribuir para o desenvolvimento do diagnóstico. Exemplo: TÍTULO: Conforto prejudicado (00214) DEFINIÇÃO: Falta percebida de sensação de conforto, amparo e transcendência nas dimensões físicas, psicoespiritual, ambiental e social CARACTERÍSTICAS DEFINIDORAS: Sintomas angustiantes, desconforto, padrão de sono perturbado, ansiedade e medo, escassez de recurso, inquietude, irritabilidade, etc. FATORES RELACIONADOS : Controle ambiental insuficiente, estímulos ambientais nocivos, Privacidade insuficiente, Recursos insuficientes (p. ex., financeiro, social, conhecimento), etc. 3. TIPOS DE DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM Diagnóstico com foco no problema – resposta humana indesejável para as condições de saúde/processos vitais que existe no indivíduo, família ou comunidade. Ex: Troca de gases prejudicada. Diagnóstico de risco – risco de um indivíduo, família, grupo ou comunidade para o desenvolvimento de respostas indesejáveis para as condições de saúde ou processos vitais. Ex: Risco de infecção. @enfermeiranara Diagnóstico de promoção da saúde – motivação e desejo de elevar o bem-estar e o potencial para saúde humana. Ex: Disposição para melhora do autocuidado. Síndrome – agrupamento de diagnósticos de enfermagem que ocorrem juntos e são mais bem manejados em conjunto por meio de intervenções similares. Ex: Síndrome de estresse por mudança. 4. DOMÍNIOS E CLASSES DOS DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM A Taxonomia da NANDA-I classifica e categoriza os focos diagnósticos em Domínios e Classes. Ela possui 234 diagnósticos de enfermagem, agrupados em 13 domínios e 47 classes. Domínios são ”esferas de conhecimento “, ou seja, são níveis abrangentes de classificação que dividem o fenômeno em grupos principais. Classes são subcategorias dos domínios, que compartilham atributos comuns. @enfermeiranara A Taxonomia II da NANDA-I é composta por uma estrutura multiaxial, ou seja, tem vários eixos. Cada eixo é uma dimensão da resposta humana considerada no processo diagnóstico. Há diagnósticos que possuem componentes de apenas um eixo (Ex: Fadiga 00093), e outros que englobam dois ou mais eixos (Ex: Enfrentamento familiar comprometido – 00074). 5. DEFINIÇÕES DOS EIXOS Eixo 1: Foco do diagnóstico: Problema, reação, fator de risco, conhecimento Eixo 2: Sujeito do diagnóstico : Indivíduo, cuidador, família, grupo, comunidade Eixo 3: Julgamento: Comprometido, diminuído, deficiente, eficaz, etc. Eixo 4: Localização: Leito, bexiga, gastrointestinal, vascular, etc. Eixo 5: Idade: Feto, neonato, lactente, criança, adulto, etc. Eixo 6: Tempo: Agudo, crônico, contínuo, intermitente, etc. Eixo 7: Situação do diagnóstico: Atual, promoção da saúde, risco. @enfermeiranara 6. REALIZANDO UM DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM: PASSO-A- PASSO 6.1. 1º Passo: COLETA DE DADOS DIRECIONADA É nesse momento que vamos conhecer o paciente, sua história clínica e repercussões físicas, emocionais, familiares e sociais. O foco é obter informações que demostrem o estado geral do paciente, levando em consideração os aspectos biopsicossocioespirituais. Deve ser abrangente, adequada ao local, podendo ser formal ou informal (é importante criar vínculo com o paciente). Exige conhecimento prévio das necessidades humanas: respiração, eliminação, termorregulação, conforto físico, autocuidado e integridade da pele. Comunicação eficiente: desde fazer a pergunta certa e decifrar a resposta do paciente/familiar. Coletar dados objetivos e subjetivos. Dados de exames e prontuários auxiliam a coleta de dados do enfermeiro. A coleta de dados deve ser orientada por uma teoria de enfermagem. O exame físico deve ser o mais completo possível e focado nos principais problemas investigados. 6.2. 2º Passo: ANÁLISE E AGRUPAMENTO DE DADOS A transformação dos dados coletados em diagnósticos de enfermagem requer pensamento crítico, capacidade de raciocínio e experiência. Todas as perguntas, todos os dados e resultados de exames coletados na primeira etapa adicionam mais informações para o pensamento diagnóstico. Agrupe os dados coletados de acordo com os sinais e sintomas de forma lógica usando de raciocínio clínico, identificando padrões ou características em comum. Cada agrupamento contém características definidoras, critérios clínicos que foram observados e verificados. Esses critérios clínicos são sinais e sintomas, ou fatores de risco que, quando analisados com outros critérios, leva a uma conclusão diagnóstica. Se estiver com dificuldade, experimente separar os dados por domínios: respiração, eliminação, termorregulação, conforto físico, autocuidado e integridade da pele. Analise os dados! É importante saber separar dados normais de dados anormais e descobrir se algum dado está faltando. @enfermeiranara 6.3. 3° Passo: ESCOLHENDO O DIAGNÓSTICO Como já dissemos, cada diagnóstico na Taxonomia NANDA–I possui sua definição clara e deve ser analisado para que não haja erros na escolha do diagnóstico. Com os grupos criados, procure a qual domínio eles se enquadram. Identifique no domínio selecionado a qual classe pertence. Com o domínio e classe definidos, procure nos títulos de diagnósticos do mesmo domínio e classe, que se encaixam com a necessidade diagnosticada Confira se a definição do diagnóstico e características definidoras conferem com os dados coletados. Em caso negativo, volte ao domínios e classe. 6.4. 4° Passo: CONSTRUINDO O ENUNCIADO DO DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM Ao escrever uma declaração de diagnóstico usando o Problema-etiologia de sintomas (PES) método, estamos transmitindo uma grande quantidade de informações aos nossos colegas. Começamos com o próprio diagnóstico, seguido pelos fatores etiológicos (fatores relacionados em um diagnóstico real). Por fim, identificar os principais sinais / sintomas (características definidoras) que estão aparecendo no paciente, no caso de diagnósticos com foco de problemas. No caso de diagnósticos de risco e promoção da saúde, há fatores etiológicos aplicar, de modo que identificar os fatores de risco que predispõem o paciente a um problema potencial para diagnósticos de risco, ou evidência que sugere um potencial para a promoção da saúde (Definição de características) para um diagnóstico promoção da saúde. DIAGNÓSTICO VOLTADO A UM PROBLEMA Diagnóstico voltado a um problema, relacionado a ______________________ (Fatores relacionados), conforme evidenciado por _________________________ (Características Definidoras). Exemplo de Diagnóstico Voltado a um Problema: Ansiedade relacionada a crises situacionais e estresse (fatores relacionados) conforme evidenciada por agitação, insônia, angústia e anorexia (características definidoras). @enfermeiranara DIAGNÓSTICO DE RISCO Para diagnósticos de risco, não há fatores relacionados (fatores etiológicos), uma vez que estamos identificando uma vulnerabilidade em um paciente para um problema em potencial; o problema ainda não está presente. Portanto, identificam-se os fatores de risco que predispõem o indivíduo a um problema em potencial. A apresentação correta para um diagnóstico de risco NANDA-I, seria: Risco para _____________ evidenciado por __________________________ (Fatores de risco). Exemplo de diagnóstico de Risco: Risco para Infecção, evidenciado por vacinação inadequada e imunossupressão (fatores de risco) DIAGNÓSTICO DE PROMOÇÃO DA SAÚDE Devido aos diagnósticos de promoção da saúde não exigirem um fator relacionado, não há "relacionado com" na redação deste diagnóstico. Em vez disso, a característica (s) definidora (s) são fornecidos como prova do desejo por parte do doente para melhorar o seu estado de saúde atual Título + Característica(s) definidora(s) Ex: Disposição para autocuidado melhorado evidenciada por desejo expresso de melhorar o autocuidado. Exemplo de Diagnóstico de Promoção da Saúde: Disposição para aumento do auto cuidado, evidenciado pela expressão de desejo para melhorar o autocuidado. OBSERVAÇÃO: Exemplo de um diagnóstico que pode confundir: Domínio 11- segurança e proteção – O diagnostico relacionado a pele : Integridade da pele prejudicada- está relacionada a epiderme e/ou derme alterada. Integridade tissular prejudicada- está relacionada ao dano a camada mais profunda como: membrana mucosa, córnea, tecido tegumentar, fáscia, muscular, tendão, osso, cartilagem, capsula articular e/ ou ligamento. @enfermeiranara Exemplo: Caso clinico: P.R.S, 55 anos, negro, hipertenso diagnosticado há 11anos, casado, pedreiro, cinco filhos, deu entrada na unidade de pronto atendimento do Hospital Geral de Santa Tereza, acompanhado de sua esposa, advindo de sua residência devido a dispneia desencadeada por pequenos esforços e edema em MMII. Durante a anamnese o enfermeiro de plantão questionou ao paciente sobre seus hábitos de vida, desorientado e com dificuldades para ouvir, a esposa respondeu por ele. Segundo ela “ele não realiza atividades físicas, pois se sente cansado devido a doença do coração, assim que faz pequenos esforços”, negando uso de álcool e alergias. Além disso, relatou que os problemas de saúde começaram há cerca de seis meses, quando lhe foi dado um diagnóstico de doença cardíaca devido a tosse persistente durante s esforços (os exames analisados pelo enfermeiro não continham a classificação da doença). Depois do diagnostico ainda segundo a mesma eles acharam que os sintomas vinham do cigarro utilizado por seu esposo há 20anos, porém com as crises de falta de ar resolveram procurar o serviço de saúde. Histórico clínico: Apendicectomia aos 33anos, dislipidemia, em uso de sinvastatina 10mg e captopril 25mg. Histórico familiar: Mãe hipertensa e diabética e irmão cardiopata, com histórico de IM aos 35anos. Mapa conceitual dos problemas: @enfermeiranara Sistematização da assistência de enfermagem Nome: P.R.S Registro: 0000 Clinica : Médica Idade: 55anos Data de nascimento: 10/ 05/ 1962 Quarto: 10 Leito: 4 Data de internação: 20/ 08/ 2017 @enfermeiranara @enfermeiranara Exemplo 2: J.C.M, masculino,89 anos, procurou a UBS mais próxima de sua casa relatando que está já alguns dias apresentando falta de ar, dor de cabeça, momentos de tontura, sua PA= 140x89, normotérmico, o medico de plantão suspeitou um possível diagnostico de Diabetes devido ao seu teste glicêmico estar alto. Qual os possíveis diagnósticos de enfermagem para este paciente? Quais as intervenções de enfermagem para este paciente? RESPOSTA : DIAGNOSTICO DE ENFERMAGEM: Risco da integridade tissular prejudicada evidenciado por desequilíbrio circulatório sanguíneo. Fadiga relacionada ao cansaço, evidenciado por condição física prejudicada devido a quadros de pressão arterial elevado. @enfermeiranara Dor aguda relacionada a alteração na pressão sanguínea, evidenciada por agentes lesivos aumento do suporte sanguíneo causado pela pressão elevada. Risco de queda evidenciado por idade elevada. INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM: Promover controle da pressão arterial através de medicamentos se necessário. Realizar instruções ao paciente sobre o seu quadro clinico, e o que pode melhorar para a sua qualidade de vida( como alimentação, atividade física, momentos de lazer, controle da Pa.) Orientar sobre a necessidade das consultas regulares para avaliação de seu quadro clinico. Orientar sobre os medicamentos gratuitos, custeados pelo SUS. Orientar sobre os possíveis riscos que este paciente pode acometer devido a sua PA elevado e possível Diabetes. RESULTADOS ESPERADOS: Controle da pressão arterial. Controle da glicemia. Alimentação equilibrada Pratica constante de exercícios físicos. Frequência nas consultas médica. Regularidade da ingesta dos medicamentos. Paciente estar bem orientado sobre a seu quadro de saúde e a suas doenças. Paciente tenha momentos de lazer. Paciente esta bem orientada sobre os seus riscos e como pode evita- los. Melhora na qualidade de vida. @enfermeiranara REFERÊNCIAS NANDA-I: Herdman TH & Kamitsuru, S. (Eds.). (2014). NANDA INTERNATIONAL NURSING DIAGNOSES AND CLASSIFICATION, 2015-2017. Oxford: Wiley Blackwell. POTTER, P; PERRY, A. G; Fundamentos de enfermagem – Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.1568p. OLIVEIRA, R.G. de; Blackbook-Enfermagem/Reynaldo Gomes de Oliveira. Belo horizonte:Blackbook Editora,2016. PEREIRA.P.D.S, FAGGIONATO.M, LOPES.F. Estudode caso: sistematização da assistência de enfermagem. Revista Saúde em Foco – Edição nº 9 – Ano: 2017. Disponível.em:http://www.unifia.edu.br/revista_eletronica/revistas/saude _foco/artigos/ano2017/066_ass_enfermagem.pdf
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