Buscar

consentimento do ofendido

Prévia do material em texto

Na teoria do delito, o consentimento do ofendido pode ter dois enfoques com finalidades diferentes sendo eles afastar a tipicidade ou excluir a ilicitude do fato. O consentimento do ofendido gera consequências diferentes dependendo do tipo penal que se analisa. Em caso de delitos contra a dignidade sexual por exemplo, havendo consentimento da mulher na relação sexual não se pode cogitar tipicidade da conduta daquele que mantém com ela conjunção carnal. Outro exemplo muito usado se dá na violação de domicílio onde se quem de direito permite o ingresso de outrem em sua residência, também não haverá tipicidade na conduta deste último. 
Segundo Bacigalupo, um setor da teoria distingue entre o consentimento que exclui a tipicidade e o que exclui a antijuricidade, estabelecendo diversos pressupostos para a eficácia de ambos. O consentimento excluiria a tipicidade quando o tipo descrevesse uma ação cujo caráter ilícito reside em atuar contra a vontade do sujeito passivo: exemplo da invasão domiciliar visto acima. O consentimento excluiria, pelo contrário, a antijuricidade quando o comportamento do autor importasse já uma lesão ao bem jurídico.
Seja como causa que afaste a tipicidade, seja como excludente da ilicitude, o consentimento do ofendido não encontra amparo expresso em nosso Direito Penal objetivo, portanto, causa supralegal. O Código Penal Brasileiro não incluiu o consentimento do ofendido como causa de exclusão do crime. Mesmo assim, deve o mesmo ser reputado como uma cláusula supralegal, ja que o legislador não poderia prever todas as mudanças das condições materiais de exclusão, sendo que a criação de novas causas de justificação, ainda não elevadas ao direito positivo, corrobora para a aplicação da justiça material.
Para compreender sobre a matéria deve se entender que o consentimento surtirá efeito desejado se estiverem presentes alguns requisitos. O primeiro diz respeito á capacidade do ofendido em consentir. Somente aquele que por penalmente imputável, ou seja, que tiver 18 anos completos que estiver em estado de perfeita higidez mental, é que poderá consentir. 
O segundo nos diz respeito à indisponibilidade do bem sobre o qual recai o consentimento. Se o bem for indisponível, mesmo que o indivíduo que consente seja capaz, tal consentimento não será levado em consideração. Exemplo que identifica bem o segundo requisito dá-se quando vem à tona casos ligados a vida, bem indisponível por excelência. Doente em fase terminal que sofre intensamente pede auxílio de terceira pessoa para que desligue os aparelhos que o mantêm vivo. Caso isso aconteça, essa terceira pessoa responderá por homicídio mesmo havendo o consentimento pois não se pode abrir mão de tal direito. 
Por último, o consentimento ainda deverá ser anterior ou mesmo simultâneo à conduta do agente. Se for posterior, não afastará a ilicitude da conduta praticada.

Continue navegando