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Direito de Família - 02 - Parentesco

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2.PARENTESCO
Conceito. Espécies. Efeitos
2.1. Conceito. O parentesco na perspectiva civil-constitucional
Considerando a percepção atual da família como núcleo voltado a promover o desenvolvimento da personalidade de seus membros, o parentesco é destinado a preservar e desenvolver as qualidades mais relevantes entre familiares, tais como o afeto, a solidariedade, a união, o respeito. Neste sentido, ao lado do parentesco biológico tradicionalmente reconhecido, é possível vislumbrar novas modalidades, tais como aquelas estabelecidas por vínculo socioafetivo, como, por exemplo, o filho de criação, além da adoção à brasileira, dentre outros.
Tendo em vista adaptar o parentesco às garantias constitucionais e ao pluralismo da sociedade contemporânea, e considerando que todo e qualquer modelo de família merece a proteção do Estado, pode-se inferir que toda relação de parentesco, sem discriminação, merece a tutela do Estado.
O estudo do parentesco, nas palavras de Cristiano Farias, diz respeito às relações estabelecidas entre pessoas que integram uma comunidade familiar. Considerando a dinâmica social e as diversas situações existentes nas relações de parentesco no mundo contemporâneo, necessário se faz compreender o parentesco em sentido amplo, de maneira a considerar todas as relações, sejam elas decorrentes do vínculo biológico, da adoção, do vínculo afetivo, do decorrente da reprodução assistida. 
Para Pontes de Miranda, parentesco é a relação que vincula entre si pessoas que descendem umas das outras ou do autor comum (consanguinidade), que aproxima cada um dos cônjuges dos parentes do outro (afinidade), ou que se estabelece, por fictio juris, entre o adotado e o adotante. O mesmo autor esclarece que o cônjuge pertence à família e não é parente do outro cônjuge.
Segundo Paulo Lôbo, parentesco é a relação jurídica estabelecida por lei ou por decisão judicial entre uma pessoa e as demais que integram o grupo familiar, nos limites da lei.
Maria Helena Diniz conceitua o parentesco como a relação vinculatória existente não só entre pessoas que descendem umas das outras ou de um mesmo tronco comum, mas também entre um cônjuge ou companheiro e os parentes do outro, entre o adotante e o adotado e entre o pai institucional e o filho socioafetivo.
Em sentido estrito, o parentesco se limita ao consanguíneo. Em sentido amplo o parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consanguinidade ou outra origem, segundo dispõe o art. 1593. Tal disposição possibilita inferir que o parentesco decorre de laços de sangue, e de outras possibilidades reconhecidas pelo Direito, como a adoção, a afinidade, a socioafetividade, conforme já mencionado.
O parentesco é, também, um vínculo jurídico estabelecido por lei que assegura direitos e impõe deveres.
2.2. O vínculo de parentesco: Linhas e graus
O vínculo de parentesco é estabelecido em linhas, e a contagem desse vínculo se dá em graus, indicando a distância entre os parentes.
 2.2.1. Linhas de parentesco
O parentesco pode ser em linha reta, ou em linha colateral, também denominada de transversal ou oblíqua. 
a)O parentesco em linha reta diz respeito à série de pessoas que descendem umas das outras, numa relação de ascendentes e descendentes (art. 1591). Procede sucessivamente de cada filho para os genitores e destes genitores para os progenitores; da mesma forma, procede de cada pessoa para seus filhos, netos, bisnetos, etc. Assim, de uma pessoa tem origem uma linha reta ascendente e outra descendente. O parentesco em linha reta é infinito. 
Ascendente é a pessoa da qual se origina outra pessoa. A linha reta ascendente se bifurca em duas direções, uma em relação ao pai, outra em relação à mãe, existindo para cada pessoa, ascendentes maternos e ascendentes paternos. Daí falar-se em ‘árvore genealógica’.
 AVÓ DE MARIA
 
 
 MÃE DE MARIA LINHA RETA ASCENDENTE
MARIA
Descendentes são os parentes de sucessivas gerações. Na linha reta descendente surgem subgrupos, denominados estirpes, abrangendo as pessoas provenientes de um mesmo ascendente. Assim, dois netos de filhos diferentes são parentes em segundo grau, e são provenientes de duas estirpes diversas. Cada descendente passa a constituir uma estirpe em relação a seus pais.
 MARIA
 
 LINHA RETA DESCENDENTE
 
 FILHA DE MARIA
 NETA DE MARIA
Vale referendar que, para a maioria da doutrina, marido e mulher não são parentes, como também não são os companheiros. Os cônjuges unem-se pelo vínculo conjugal proveniente do casamento, vínculo este que pode ser extinto pela morte, pela anulação do casamento, pelo divórcio.
b) O parentesco em linha colateral, transversal, ou oblíqua supõe ancestrais comuns, denominados em lei de tronco, seguindo a idéia de árvore genealógica. Diz respeito às pessoas provenientes de um tronco comum, sem descenderem umas das outras. Ex: irmãos, primos, tios e sobrinhos (art. 1592). 
A linha é denominada colateral porque os parentes estão em linha paralela, ao contrário da linha reta. Diz-se transversal porque os parentes mais remotos se distanciam em linha transversal pelo fato de ser preciso ir até o ancestral comum. Ao contrário da linha reta, a linha colateral é finita para fins jurídicos, limitando-se ao quarto grau, que é formado pelos primos entre si, pelo tio-avô e o sobrinho-neto. 
 
 __________________mMmMM________________________
 _____ ____ 
 
No direito brasileiro, para fins sucessórios, o parentesco em linha colateral se encerra no 4º grau. Para fins de obrigação alimentar se encerra no 2º grau colateral. Para fins de casamento o parentesco que gera impedimentos se encerra no 3º grau colateral.
O parentesco misto ou complexo é aquele em que o vínculo decorre de duas ou mais relações simultâneas, como dois irmãos que se casam com duas irmãs. Os filhos nascidos deste casamento são colaterais em linha duplicada.
 2.2.2. Graus de parentesco
Dentro da linha, existem graus de parentesco definidos pela proximidade com o ancestral comum. 
Grau é a distância em gerações, que vai de um a outro parente. É a unidade de parentesco em cada linha. Geração é a relação que existe entre o genitor e o gerado. (art. 1594). 
Na linha reta, os graus são contados pelo número de gerações, partindo-se de uma pessoa. Na linha reta ascendente, o pai desta pessoa é seu parente de primeiro grau em linha reta. Da mesma maneira a sua mãe. Na linha reta, a contagem de graus é infinita, cada geração correspondendo a um grau. Neste sentido, o pai é parente em 1º grau do filho, em 2º grau do neto, em 3º grau do bisneto, e vice-versa. (art. 1594)
Na linha colateral a contagem também é feita pelo número de gerações, porém, se inicia de uma determinada pessoa, subindo até o ascendente comum em relação à pessoa que se quer verificar o parentesco. Deste ascendente comum se faz a descida até esta pessoa (art. 1594). Não existe parente colateral de primeiro grau porque se faz necessária a subida até o tronco comum, contando um grau e quando se conta uma geração ainda se está na linha reta. O ascendente comum, neste caso, não é incluído na contagem.
Por isso os irmãos são parentes em segundo grau porque o primeiro grau é contado de um filho até o pai; e deste pai para o outro filho se conta mais um grau. Tios e sobrinhos são colaterais em terceiro grau; primos, em quarto grau.
No que diz respeito aos irmãos, faz-se, ainda, uma distinção por estirpe. Os filhos do mesmo pai e da mesma mãe são chamados irmãos bilaterais ou germanos, por terem o parentescobilateral. Irmãos apenas do mesmo pai ou da mesma mãe são irmãos unilaterais. 
2.3. Tipos de parentesco
O art. 1 593 do Código distingue o parentesco natural do parentesco civil, conforme resulte da consangüinidade ou de outra origem. Além deste, o artigo 1595 dispõe sobre o vínculo da afinidade. 
Art.1593: “O parentesco é natural ou civil, conforme resulte da consanguinidade ou outra origem”.
Art. 1595: “Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade”.
O parentesco natural é o resultante dos laços de sangue.
 O parentesco civil é aquele criado por lei.
Na tradição do direito brasileiro consideram-se três modalidades de parentesco: o parentesco natural (ou biológico), o parentesco civil e o parentesco por afinidade. O parentesco biológico não deixa dúvida quanto a seu entendimento. 
O parentesco civil, tradicionalmente, resulta da adoção. Todavia, a doutrina atual reconhece como parentesco civil aquele resultante da fecundação heteróloga, disciplinada no art. 1595, V. 
Para alguns autores, a ‘outra origem’ mencionada na lei se refere à adoção e à afinidade entendimento este que não é unânime.
Segundo entende Washington de Barros Monteiro, a expressão “outra origem” abre espaço para o reconhecimento da paternidade desbiologizada, ou socioafetiva, formada por laços de afetividade. Esta forma de parentesco vem sendo vista como até mais importante que os vínculos consangüíneos.
Para Sílvio Rodrigues, a expressão “outra origem” contempla a situação da inseminação artificial, em que o próprio Código também considera a paternidade presumida, com resultado idêntico à filiação consanguínea.
Vale ressaltar que, embora o Código faça a diferença entre parentesco natural e parentesco civil, não pode haver qualquer distinção valorativa entre eles em razão do princípio da igualdade. Neste sentido, todos devem ser chamados apenas de parentes, conforme ensina Carlos Roberto Gonçalves.
No que diz respeito à socioafetividade, alguns autores (dentre os quais Paulo Lôbo) entendem que consiste em categoria jurídica, na medida em que situações da vida familiar, onde se observam convivência, estabilidade, solidariedade e afetividade, são projetadas para o Direito, acarretando não só deveres, como também direitos. Os laços de afeto derivam da convivência familiar e, no que se refere, especialmente, ao estado de filiação, uma vez construído de maneira duradoura, a paternidade socioafetiva não poderá ser impugnada nem contraditada.
Afinidade é o vínculo criado pelo casamento ou pela união estável, unindo o cônjuge aos parentes do outro, conforme define o art. 1 595. Decorre, portanto, do casamento ou da união estável, vinculando um cônjuge ou companheiro aos parentes do outro. 
Para alguns autores a afinidade não consiste em parentesco propriamente dito, mas é percebida como vínculo decorrente de relações construídas entre o marido e os parentes de sua esposa, e entre a esposa e os parentes de seu marido.
A afinidade decorre da lei, consistindo em vínculo de ordem jurídica. Na língua inglesa, esta decorrência legal da afinidade pode ser percebida nas próprias palavras utilizadas, quando apenas se acrescenta a expressão “in law” aos vocábulos usados no parentesco consanguíneo. Assim, o sogro, que é pai do cônjuge, é chamado de “father in law”, o cunhado, de “brother in law”.
O parágrafo 1º do art. 1595 define que a afinidade se limita aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro. O parágrafo 2º dispõe que a afinidade em linha reta não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável.
Art. 1595, parágrafo 1º: “O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro”.
Parágrafo 2º: “Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável”.
A contagem dos graus de parentesco ocorre da mesma forma, porém a afinidade não ultrapassa o segundo grau. A afinidade existe na linha reta e na colateral. Assim, o sogro, bem como a sogra são parentes afins em linha reta de 1º grau; os cunhados em linha colateral de segundo grau. 
A afinidade pode decorrer do casamento e da união estável. Ex: o marido é parente afim em 1º grau do filho da mulher com quem se casou, ou seja o seu enteado é seu filho por afinidade. O pai é parente em 1º grau, em linha reta, da esposa de seu filho. Esta esposa é sua nora, os esposos das filhas são seus genros, também parentes em 1ºgrau por afinidade.
Na linha colateral, os cunhados são parentes afins. Com o fim do casamento, cessa a afinidade entre cunhados. Neste sentido, o viúvo ou divorciado pode casar com a cunhada (ver art. 1 595 e parágrafos).
Nas hipóteses de nulidade ou anulabilidade, a afinidade somente se manterá se reconhecida a putatividade do casamento.
A afinidade não gera afinidade; por isso, não existe afinidade entre os parentes do cônjuge ou do companheiro. Os cunhados não são parentes entre si. Ex: Os maridos de minhas 3 irmãs são meus cunhados, mas eles não são parentes entre si. Da mesma forma, os afins decorrentes do primeiro casamento não se tornam afins do cônjuge relativo ao segundo casamento.
Efeitos do parentesco
Diversos são os efeitos do parentesco nos vários ramos do direito. Por esta razão, o estudo das relações de parentesco adquire importância prática, uma vez que a lei define direitos e obrigações entre os parentes, podendo ser de ordem pessoal e patrimonial, bem como são fixadas proibições.
- O art. 229 da Constituição Federal impõe aos pais o dever de criar, manter e educar os filhos menores. Também atribui aos maiores o dever de assistir os pais na velhice, carência ou enfermidade.
- No direito de família os efeitos do parentesco aparecem com mais intensidade, como, por exemplo, nos impedimentos matrimoniais (art. 1521, I). Na mesma linha, parentes em linha reta não podem adotar um ao outro.
- O art. 1 694 do Código Civil define o direito de alimentos entre parentes.
- O art. 1 829 disciplina a indicação dos ascendentes e descendentes como herdeiros necessários.
- No processo civil, não podem ser testemunhas o cônjuge da parte, seu ascendente ou descendente, em qualquer grau; o colateral até o 3º grau, seja o parentesco consangüíneo ou afim. – CPC, art. 447, parágrafo 2º, I
- Segundo o art. 144, parágrafo 1º do CPC o parentesco próximo entre as partes e o juiz, ou o serventuário da justiça acarreta suspeição destes. Existem efeitos também no que se refere à citação do cônjuge ou qualquer parente do morto, consangüíneo ou afim, no dia do falecimento e até os 7 dias seguintes (art. 244, IV).
- No direito penal, o parentesco entre o agente e a vítima agrava a intensidade da pena (crime cometido contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge), conforme o art. 61, II e).
- No direito fiscal, o parentesco pode definir isenções, deduções, o nível de habilitação.
- No direito constitucional e no administrativo existem restrições de parentesco para ocupar certos cargos. Ex: inelegibilidade nos casos do art. 14, parágrafo 7º da CF. Ou proibição de nepotismo no serviço público.
- No direito sucessório o parentesco define as classes de herdeiros que podem concorrer à herança, estabelecendo os limites para os colaterais até o 4ºgrau.
- No direito eleitoral, o parentesco pode acarretar a inelegibilidade.
MARIA
FILHA B
FILHA C
FILHA A
NETA E
NETA F
NETA G
NETA D

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