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18/02/2019 Operações e Logística https://unifacs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_2/index.html 1/29 OPERAÇÕES E LOGÍSTICA CAPÍTULO 2 - QUAIS SÃO OS FATORES CRÍTICOS PARA O SUCESSO DE UMA EMPRESA NO ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADES DE SEU MERCADO? Francisco José Mattoso Paiva INICIAR 18/02/2019 Operações e Logística https://unifacs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_2/index.html 2/29 Introdução O objetivo de toda empresa é ter sucesso no atendimento às demandas do mercado de seus produtos. Para tanto, é natural que o conhecimento da empresa sobre o mercado em que atua e a forma como ela se posiciona em relação a ele sejam informações relevantes a serem consideradas ao definir-se a estratégia de atuação. Será que o posicionamento físico da empresa em relação ao mercado exerce algum tipo de influência sobre a demanda por seus produtos? De que maneira a empresa deve se preparar para atender às flutuações de demanda do mercado? É possível, com algum grau de certeza, prever-se de que forma o mercado irá se comportar no futuro? Essas são perguntas cujas respostas são importantes para que as empresas possam ser bem-sucedidas na missão de satisfazer a seus clientes e, para isso, precisam estar adequadamente posicionadas como considera Ballou (2010, p. 433) ao afirmar que “localizar instalações fixas ao longo da rede da cadeia de suprimentos é um importante problema de decisão que dá forma, estrutura e contornos ao conjunto completo dessa cadeia”. Para isso, neste capítulo, você será levado a analisar como as estratégias de localização e distribuição podem colaborar com o posicionamento logístico da empresa no mercado. Você irá estudar quais são as principais preocupações das empresas em relação aos estoques que elas precisam manter e de que maneira o conhecimento sobre a demanda por produtos e as formas de avaliar e prever seu comportamento futuro podem colaborar com o sucesso delas. 2.1 Processos da cadeia de suprimentos: localização, logística e distribuição Você sabe o que uma empresa precisa fazer para se manter no mercado? Ela deve dispor de uma cadeia de suprimentos capaz de atender às necessidades do mercado consumidor a custos que lhe garantam uma posição competitiva em relação aos concorrentes. Jacobs e Chase (2012) consideram que o planejamento de uma cadeia de suprimentos depende fortemente de como os produtos são movimentados entre a fábrica e os clientes. 18/02/2019 Operações e Logística https://unifacs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_2/index.html 3/29 Na definição da cadeia de suprimentos, decisões como a localização das unidades fabris e de distribuição e os sistemas adotados na entrega dos produtos aos clientes se tornam relevantes por viabilizarem as operações a custos mais baixos. Sendo assim, quais serão os principais desafios na definição dessa cadeia? Que níveis de complexidade existem nas diferentes cadeias de distribuição de produtos no mercado? Estudando os conteúdos deste tópico você entenderá a importância de um posicionamento logístico adequado e as particularidades envolvidas na definição da localização de fábricas e serviços e na definição de estratégias de distribuição. 2.1.1 Posicionamento logístico A definição de um posicionamento adequado à política da empresa é um dos fatores críticos para a atuação bem-sucedida desta no mercado. Nessa definição devem ser considerados os vários fatores que a influenciam. São eles: o valor agregado do produto, a previsibilidade da demanda e o tipo de produto, entre outros. Peter Wanke (2000) considera que o posicionamento logístico de uma empresa está diretamente associado à política de atendimento aos clientes, que pode ser uma política de respostas rápidas, como é o caso das empresas de informática, ou de antecipação da demanda, típica, por exemplo, das empresas produtoras de combustíveis. No artigo, ele argumenta que ao definir uma política de respostas rápidas aos clientes, por exemplo, a empresa deverá optar pela centralização de estoques e uso de meios de transportes ágeis que garantam a velocidade de entrega adequada. Produtos de alto valor agregado, por exemplo, são fortes candidatos à política de entregas rápidas, pois manter estoques desses produtos aumenta significativamente os custos logísticos da empresa. 18/02/2019 Operações e Logística https://unifacs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_2/index.html 4/29 E se há antecipação da demanda, qual é a melhor forma de proceder? A melhor opção será a descentralização dos estoques, permitindo uma maior proximidade dos mercados. Nesse caso, o transporte consolidado de cargas é uma melhor escolha para o atendimento, pois movimenta uma maior quantidade de produtos a partir da fábrica sem que ocorra a pulverização da operação. É o caso, por exemplo, de empresas que operam com produtos de baixo valor agregado. Observe que ao definir o posicionamento logístico, a empresa deverá considerar, entre outros fatores, o tipo de produto e, assim, indiretamente, estabelecer as diretrizes para armazenamento e transporte. Dessa forma, o posicionamento logístico interfere diretamente na definição dos custos logísticos da empresa. 2.1.2 Localização das fábricas e serviços Saber onde localizar as fábricas ou a prestação de serviços em uma cadeia de suprimentos é um fator que exerce grande influência sobre a eficácia da empresa no atendimento às demandas dos clientes e, consequentemente, sobre os Figura 1 - A velocidade de entrega é crítica em produtos de alto valor agregado. Fonte: stockphoto mania, Shutterstock, 2017. Deslize sobre a imagem para Zoom 18/02/2019 Operações e Logística https://unifacs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_2/index.html 5/29 resultados do negócio. Saber posicionar-se adequadamente, considerando os diversos fatores que influenciam tal decisão, é fundamental para a sucesso da empresa. Dessa forma, que fatores influenciam essa decisão? Proximidade dos mercados, infraestrutura disponível para movimentação dos produtos, disponibilidade de mão de obra, incentivos fiscais e proximidade de fornecedores são alguns dos motivos que levam uma empresa a posicionar-se em uma determinada localidade. A proximidade dos mercados reduz os custos logísticos com o transporte do produto acabado até o cliente final. De forma semelhante, a proximidade do fornecedor favorece a redução dos custos de suprimento de matéria-prima. A disponibilidade de infraestrutura para movimentação do produto exerce maior ou menor influência sobre os custos de transferência do produto entre o fornecedor, a fábrica e o mercado. A disponibilidade de mão de obra contribui para a redução dos custos de produção. Por exemplo, o outsourcing é uma estratégia de redução de custos de produção transferindo a fabricação do produto para um país em que a mão de obra disponível é mais barata. Por fim, incentivos fiscais oferecidos por governos também exercem influência sobre a decisão de instalação da fábrica. O governo da Bahia criou uma forte política de incentivos fiscais para a instalação das fábricas das montadoras automobilísticas Ford e Jac Motors, com isso estimulando o crescimento econômico do estado e o uso e capacitação da mão de obra local. A instalação das montadoras favorece também a instalação de outras empresas, fornecedores de insumos na fabricação de veículos, no estado. Leia o artigo sobre o assunto disponível em: <www.valor.com.br/empresas/1042284/governo-da-bahia- oferece-incentivo-fiscal-e-terreno-jac-motors (http://www.valor.com.br/empresas/1042284/governo- da-bahia-oferece-incentivo-fiscal-e-terreno-jac-motors)>.Várias são as técnicas utilizadas para a definição da localização das fábricas, sendo cada vez mais frequente o uso de simuladores computacionais com o objetivo de facilitar o cálculo e a análise dos resultados. Jacobs e Chase (2012) apresentam algumas das técnicas mais utilizadas, que são: VOCÊ QUER LER? 18/02/2019 Operações e Logística https://unifacs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_2/index.html 6/29 ponderação de fatores: são definidos os fatores importantes no processo decisório e atribuídos pontos a cada um para as diferentes localidades. A cada fator é atribuído um peso, sendo então calculada a média ponderada para cada localidade, classificando-as em função desse resultado; método do centro de gravidade: técnica empregada quando a empresa já dispõe de instalações e deseja definir o posicionamento de novas unidades. Por meio desse método, considerando os custos de transporte, o posicionamento dos mercados e das instalações já existentes, é possível estimar a localização que otimize os custos logísticos; métodos de programação linear: normalmente utilizados quando se deseja otimizar os custos de transporte entre um número maior de unidades fabris e destinos. Como você pode observar, as técnicas para definição da localização das fábricas, de uma maneira geral, visam a otimização dos custos logísticos totais e serão mais complexas à medida que aumentam o número de instalações e o tamanho dos mercados. Daí o uso de ferramentas de programação para ajudar no cálculo e avaliação dos resultados. E quanto à localização de serviços? Se compararmos à localização das fábricas, ela é um processo mais simples, pois o custo de instalação de serviços é bem menor do que o custo das instalações de produção. É claro que, assim como na instalação de fábricas, são necessárias avaliações sobre onde localizar os serviços, mas esse é um processo mais simples, muitas vezes definido a partir de pesquisas de mercado pelas quais se identificam fatores como as necessidades dos consumidores, as empresas concorrentes, a diferenciação de serviços, buscando, dessa forma, atender aos serviços requeridos. 2.1.3 Logística de distribuição Após a definição da localização das fábricas, deve-se definir, pois é igualmente importante, a logística de distribuição dos produtos, incluindo aqui a localização das instalações de armazenamento intermediárias, quando necessárias. A complexidade dessa definição também está relacionada à complexidade dos sistemas a serem considerados e à política de atendimento ao cliente adotada pela empresa. Quanto mais instalações forem necessárias, maior será a 18/02/2019 Operações e Logística https://unifacs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_2/index.html 7/29 dificuldade de definir o posicionamento de cada uma delas. O uso de simuladores computacionais também é fundamental para o alcance do resultado ótimo em relação aos custos logísticos totais da cadeia de suprimentos. VOCÊ SABIA? Muitas vezes até fatores geográficos podem ser responsáveis pela localização de instalações. Um exemplo é o que acontece na distribuição de combustíveis na região norte do Brasil. Como muitos rios, que são o meio natural de movimentação na região, não são navegáveis durante grande parte do ano, é necessário que se definam instalações de armazenamento intermediário de produtos, de forma a que se possa atender ao mercado com produtos em todas as épocas do ano. O desenvolvimento da logística como ciência trouxe uma série de modificações ao desenho dos sistemas de distribuição, incorporando novas estruturas com o objetivo de flexibilizar as operações e reduzir os custos envolvidos. Pires (2016) e Jacobs e Chase (2012) apresentam algumas dessas estruturas, como: transit point, cross docking e hubs. O transit point opera como um ponto de distribuição sem estoque de produtos para fornecedores únicos. São instalações de passagem que recebem carregamentos consolidados que são, então, separados para entregas locais aos clientes. Dessa forma, a movimentação do produto entre a fábrica e o transit point pode ser consolidada em volumes maiores que são depois fracionados para as entregas locais. O cross docking tem a mesma filosofia que o transit point, mas opera com múltiplos fornecedores. Nesse caso, a entrega local é formada pela reunião de cargas consolidadas de vários fornecedores que são separadas para constituírem essas entregas. A operação é mais complexa do que o transit point, necessitando de maior rigidez no controle das chegadas e partidas das cargas. Eventualmente, nessas instalações, pode haver a necessidade de armazenamento de pequenos estoques de produtos enquanto se aguarda a divisão da carga, mas estocar produtos não é o objetivo dessas instalações. Os hubs já são instalações de transferência mais complexas, unindo origem e destino dos produtos ou serviços, oferecendo oportunidades de 18/02/2019 Operações e Logística https://unifacs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_2/index.html 8/29 armazenamento e transferência, com o objetivo de redução dos custos logísticos totais nas operações de uma empresa. Um exemplo típico de hubs é o que ocorre nos serviços prestados pelas companhias aéreas. Em geral, cada empresa utiliza um determinado aeroporto no qual concentra seus voos, facilitando, dessa forma, a transferência de passageiros que chegam e saem. Você já deve ter notado que são inúmeras as possibilidades que uma empresa pode adotar no desenho de seu sistema logístico de distribuição de produtos ou serviços aos mercados. Além disso, a forma como ela opta por operacionalizar o sistema de distribuição também pode apresentar particularidades importantes, as quais interferem no desenho de tal sistema. Em relação à operacionalização da distribuição, a empresa pode ela mesma investir e executar os sistemas, ou pode terceirizar essas ações, ou ainda utilizar operadores logísticos especializados. A decisão quanto a isso estará baseada em alguns fatores, como: experiência da empresa no processo de distribuição e características do produto e do mercado, entre outros. Analise a seguinte situação em que uma empresa buscou uma aliança estratégica para a distribuição dos produtos. CASO A Laura Ashley foi fundada em 1953, no Reino Unido, se caracterizando como uma empresa especializada em confecções e material de decoração doméstico para o público feminino de alta renda. Em 1990, a empresa já operava mais de 450 lojas em diversas partes do mundo, e apesar do grande sucesso dos produtos de sua marca no mercado, amargava um decepcionante resultado financeiro. Relatórios Figura 2 - A decisão sobre operar ou não toda a cadeia é uma decisão estratégica da empresa. Fonte: johnkworks, Shutterstock, 2017.D e sl iz e s o b r e a i m a g e m p a r a 18/02/2019 Operações e Logística https://unifacs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_2/index.html 9/29 internos indicavam que as estratégias de ampliação do negócio adotadas pela empresa no mundo aumentaram demasiadamente a complexidade logística, dificultando sobremaneira o controle das operações. Um pouco antes dessa época, a FedEx (Federal Express) havia criado um Serviço de Logística Empresarial (SLE), que contava com três grandes vantagens competitivas: rede de transporte da FedEx, armazenagem e sistema de informações. Entre outubro de 1991 e março de 1992, a Laura Ashley e a SLE estabeleceram uma aliança em que a empresa criaria uma empresa de distribuição que seria vendida para a SLE, que passaria então a assumir toda a distribuição. A estratégia da Laura Ashley foia de utilizar os serviços da SLE, especializada em distribuição, de forma a reverter os difíceis resultados financeiros que vinha apresentando. Fonte: Baseado em COPPEAD, 2002. Vimos no caso apresentado que a empresa optou por terceirizar a distribuição dos seus produtos, de forma a concentrar esforços em outras áreas. Por apresentar-se como uma operação bastante especializada, é comum as empresas optarem por terceirizar tal atividade. O mesmo não ocorre, por exemplo, em relação ao gerenciamento dos estoques, geralmente executado pela própria empresa. 2.2 Gerenciamento de estoques O que torna uma empresa competitiva no mercado? Para atingir esse objetivo, ela deve ter produtos disponíveis para o atendimento das demandas, sempre que for necessário, mesmo naquelas situações em que os clientes não façam um planejamento adequado dos pedidos. A falta de produtos pode ter efeitos desastrosos sobre a economia e a imagem da empresa. O custo de um cliente perdido é muito elevado, até porque, em geral, ele leva consigo vários outros, por ele influenciados — e trazer esse cliente de volta é uma tarefa árdua, que nem sempre se consegue atingir. Ballou (2010) comenta que não apenas o custo da venda perdida deve ser considerado, mas também o custo de pedidos atrasados, que da mesma forma traz prejuízos tanto aos clientes como às empresas. Z o o m 18/02/2019 Operações e Logística https://unifacs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_2/index.html 10/29 O que isso traz então, de necessidades para a empresa, em relação à manutenção de estoques? Vale a pena a empresa manter estoques elevados para garantir que nenhum de seus clientes possa ficar sem produtos? O mercado atual trouxe algum tipo de preocupação adicional às empresas em relação a seus estoques? Neste tópico, vamos analisar os principais aspectos relacionados a esta etapa de operação que é tão importante para os negócios de qualquer empresa. 2.2.1 Armazenagem e estocagem Algumas vezes, os conceitos de armazenagem e estocagem se confundem. Eles podem parecer a mesma coisa, mas vamos esclarecer algumas diferenças entre eles. A estocagem é definida como a guarda de material, podendo ser matéria-prima, produto semiacabado ou produto acabado. A necessidade de guarda desse material está associada, em geral, com as estratégias de venda de produtos, de suprimento de matérias-primas ou plano de marketing da empresa. Está associada à quantidade de produto que é guardada para movimentação e entrega Figura 3 - Os conceitos de armazenagem e estocagem muitas vezes se confundem. Fonte: Andrey Burkov, Shutterstock, 2017. Deslize sobre a imagem para Zoom 18/02/2019 Operações e Logística https://unifacs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_2/index.html 11/29 posterior ao cliente ou então para utilização nas unidades fabris, no caso de matéria-prima. Nogueira (2012, p. 99) cita que “o dimensionamento de um estoque de forma adequada e o conhecimento das particularidades dos produtos, por parte da equipe responsável pelo ressuprimento, é um fator de grande importância para a qualidade no nível de serviço no atendimento ao cliente, seja ele interno ou externo.” O conceito de armazenagem, por outro lado, é mais amplo, relacionando-se com o ciclo operacional, exigindo cálculos e controles, pessoal especializado e instalações específicas para essa finalidade. A armazenagem é, portanto, uma atividade ligada à logística da empresa e fundamental para o atendimento às necessidades do cliente em uma cadeia de suprimentos, consistindo das operações que envolvem os produtos estocados. Agora, uma pergunta que poderia ser feita é a seguinte: Por que as empresas necessitam manter estoques? Ballou (2010) comenta que se fosse possível conhecer exatamente as demandas por produtos, e estes fossem entregues exatamente no momento em que são necessários, as empresas não precisariam estocá-los. Assim, concluímos que os estoques são necessários exatamente porque há incertezas em relação às previsões e às movimentações. Para suprirmos as necessidades dos clientes, sem deixar que faltem os produtos, é necessário que estes sejam guardados para quando tiverem de ser entregues. A necessidade de ter estoques traz para a empresa uma série de preocupações que vão desde o valor investido no estoque, que é um capital imobilizado, até os cuidados necessários para a garantia de sua integridade. O controle dos estoques também é um aspecto muito importante, e às vezes requer uso de sistemas computacionais bastante avançados. Os cuidados são diversos, e você pode ver alguns no vídeo a seguir: <www.youtube.com/watch?v=3sZwxQE9Cys (http://www.youtube.com/watch? v=3sZwxQE9Cys)>. VOCÊ QUER VER? 18/02/2019 Operações e Logística https://unifacs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_2/index.html 12/29 Fica claro que uma grande preocupação da empresa deve ser o quanto deve estocar de produtos sem que isso prejudique os seus resultados. Não podemos esquecer que os estoques geram custos e estes podem ser bastante significativos. 2.2.2 Custos de estoque O custo de estoque é uma das grandes preocupações das empresas na cadeia de suprimento, que buscam minimizá-lo ao máximo, claro, sem correr o risco de perder vendas por falta de produtos. Essa preocupação é plenamente justificável, pois os custos de estoque representam uma grande parte dos custos logísticos totais da empresa. Segundo Bowersox (2010, p. 232), “[...] a manutenção de estoque representa aproximadamente 37% do custo logístico total, numa indústria média”. Para Jacobs e Chase (2012), vários são os custos que devem ser considerados em relação aos estoques, sendo os principais: custo de manutenção do estoque, que está relacionado com todos os custos para a manutenção das instalações, tais como: seguro, depreciação, deterioração etc. Além, é claro, do chamado custo de oportunidade, que está relacionado ao valor financeiro do estoque. Todo produto estocado tem associado a ele um valor que, se o estoque não fosse necessário, a empresa teria disponível para investir no mercado financeiro. custo de preparação do estoque, que está relacionado com os custos envolvidos na transferência do produto, já que esta operação tem um custo associado ao preparo, documentação e movimentação do produto no estoque. custo do pedido, que congrega todos os custos decorrentes do pedido, como o inventário do estoque, o preenchimento de pedidos, o cálculo de quantidades etc. Aqui também são incluídos os custos dos sistemas utilizados no controle e acompanhamento dos estoques. custo da falta do produto, que é um dos custos mais difíceis de serem estimados. Normalmente se consideram os valores “perdidos” pela falta de venda, mas há outros custos implícitos nessa situação que não são fáceis de serem estimados, como o custo da perda de um cliente que tenha abandonado a empresa a partir de uma situação de falta de produto. O custo da imagem da empresa também pode ser considerado e, da mesma forma que o anterior, é muito mais complexo de ser estimado. 18/02/2019 Operações e Logística https://unifacs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_2/index.html 13/29 Como você pode observar, não é tarefa fácil determinar os custos decorrentes da etapa de armazenamento de estoques. Como o valor pode ser bastante significativo em relação aos custos logísticos, a correta estimativa, ou pelo menos o mínimo erro no cálculo, produz resultados relevantes para as empresas. 2.2.3 Gestão de estoques Compreendendo-se a importância da manutenção dos estoques para a empresa e conhecendo-se os custos que estão associados à guarda de produtos, seguimos nossos estudos, agora focando a gestãodos estoques. Para a correta gestão dos estoques, algumas perguntas são importantes de serem respondidas. Os pedidos de produtos estão sendo feitos de forma adequada quanto ao volume e ao momento de entrega? Há a necessidade de um estoque de segurança? Qual é a quantidade ótima de produto a ser estocado? Qual a melhor forma de controlar os estoques? Que sistemas podem ser utilizados para auxiliar nessa tarefa? Você deve ter percebido que não são perguntas simples de serem respondidas, mas são fundamentais para a adequada gestão dos estoques armazenados. Vamos seguir nossa análise tentando respondê-las. Segundo Slack et al (2013), a decisão sobre a quantidade e o momento de fazer o pedido é tomada pelo cliente, considerando as necessidades deste em relação à entrega do produto. Essa decisão é determinante para a empresa planejar seu estoque e, por essa razão, deve ser conhecida e analisada, de forma a se definir critérios a serem adotados nesse planejamento. Basicamente a rotina envolvida na estocagem é a seguinte: a empresa produz e estoca os produtos, os quais gradativamente vão sendo transferidos para o cliente à medida que este faz seus pedidos. Como isso vai reduzindo a quantidade de produtos estocados, a empresa deve ser capaz de fazer a reposição a tempo, de forma que não faltem produtos no momento em que o cliente fizer um novo pedido. 18/02/2019 Operações e Logística https://unifacs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_2/index.html 14/29 Vamos imaginar que uma empresa possui uma demanda de 1.000 unidades de determinado produto por ano. Essa demanda pode ser atendida de várias maneiras, mas como exemplo, vamos considerar que haveria duas possibilidades de atendimento: um pedido único de 1.000 unidades ou 4 pedidos de 250 unidades. Que tipo de impacto essas alternativas trariam para a gestão dos estoques? Se analisarmos os custos envolvidos em cada uma das alternativas, veremos que a primeira apresenta um maior custo de estoque, por manter um estoque médio maior de produtos, e um menor custo de preparação do pedido, por realizar apenas uma operação. Já a segunda alternativa apresenta um menor custo de estoque, por possuir um estoque médio menor, e um maior custo do pedido, por realizar um maior número de operações. Fica, então, a pergunta: O que é melhor? A resposta está explicitada a seguir. Figura 4 - O lote econômico do pedido é o ponto que minimiza os custos totais de armazenagem. Fonte: SLACK et al., 2013, p. 315. Deslize sobre a imagem para Zoom 18/02/2019 Operações e Logística https://unifacs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_2/index.html 15/29 Observe, pelo gráfico, que à medida que aumentamos a quantidade de produtos em um determinado pedido, crescem os custos de manutenção dos estoques e se reduz o custo do pedido — isso porque uma quantidade maior de produtos em um mesmo pedido exige uma maior quantidade de itens armazenados, ao passo que é menor o número de pedidos realizados. Ao contrário, quanto menor for a quantidade de produtos no pedido, menor será o custo dos estoques (menos produtos armazenados), porém aumentará significativamente o custo do pedido, pois será necessário realizar uma maior quantidade de pedidos para atender à demanda total. Não podemos analisar separadamente tais custos, por isso há uma curva de custo total. Ela apresenta um ponto mínimo, que será então o chamado lote econômico do pedido, que representa a quantidade ótima de produtos solicitados que otimiza a compensação entre os custos de manutenção de estoques e o custo de preparação do pedido. A empresa, ao operar no ponto ótimo do lote econômico, minimiza os custos, mas pode ficar sujeita ao risco de falta de produto decorrente de variações nas operações de ressuprimento e nas demandas. Daí surge o conceito de estoque de segurança, que é a garantia de um estoque para evitar a falta de produtos para atendimento aos clientes. Imagine uma indústria de produção de cerveja que opera com um estoque mínimo de malte, suficiente para um ou dois dias de produção, que é o tempo suficiente para ressuprimento da matéria-prima. Qualquer anormalidade que venha a atrasar a entrega do malte irá comprometer a produção de cerveja, que terá que ser interrompida por falta de matéria-prima. Assim, apesar de saber que em um ou dois dias ela receberá uma nova entrega de malte, a empresa poderá optar por trabalhar com um estoque superior, suficiente para três ou quatro dias de produção, de forma que possa absorver qualquer atraso, mesmo aqueles decorrentes de fatores externos, como bloqueios de estradas, greves de caminhoneiros etc. Cabe à empresa estabelecer, com base em seu histórico e experiência, qual o estoque de segurança ideal para trabalho, que não comprometa os custos de armazenagem. Por fim, vamos analisar a necessidade de sistemas de automação que permitam um melhor controle dos estoques. 18/02/2019 Operações e Logística https://unifacs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_2/index.html 16/29 Com o aumento do nível de exigência dos mercados em geral, em relação a erros e à maior quantidade de produtos disponíveis, houve naturalmente um impacto nas operações de armazenagem e no controle de estoques das empresas. Elas hoje trabalham com um maior número de SKU (Stock Keeping Unit) e, consequentemente, tiveram um aumento nas operações de entrada e saída de produtos dos estoques, uma maior necessidade de espaço para armazenamento dos diferentes SKUs e de controle da qualidade dos produtos. Assim, a automação na armazenagem tornou-se uma necessidade para as empresas, de forma que possam responder rapidamente às necessidades da área de armazenagem. Quanto mais SKUs a empresa possuir, mais difícil será a sua localização nos armazéns, sendo os sistemas de automação os responsáveis por facilitar essa operação e garantir sua eficácia. 2.3 Gerenciamento da capacidade A capacidade de atendimento da demanda dos clientes por seus produtos leva as empresas à necessidade de entendimento sobre o comportamento do suprimento de matérias-primas e das demandas por produtos. O que esse conhecimento proporciona? Ele permite estabelecer estratégias de produção de forma a operar de forma rentável. Slack et al. (2013, p. 271) cita que “o gerenciamento da capacidade está no cerne das compensações entre serviços ao cliente e custos”. Existem diferentes formas de expressar a capacidade de produção, assim como formas de adequar esta produção aos diferentes efeitos de demanda, como é o caso da sazonalidade de produtos nos mercados. A partir dos estudos deste tópico, você poderá entender a importância do acompanhamento da produção, associando esta prática à evolução dos conceitos de produção ao longo do tempo, além de conhecer que estratégias podem ser utilizadas para aproximar a capacidade de produção da demanda, ou vice-versa. 2.3.1 As bases da organização da produção Desde os primórdios da civilização humana, havia uma organização da coletividade que não buscava o ambiente externo, mas a própria subsistência. Com a revolução urbana, que sucedeu à agrícola, surgiu a preocupação com a 18/02/2019 Operações e Logística https://unifacs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_2/index.html 17/29 produção para fora, primeiro de forma artesanal e manual, daí até hoje usarmos o termo produtos “manufaturados”. A característica da produção artesanal era o uso de ferramentas simples e trabalhadores especializados (artesãos) que produziam um item a cada vez, na maior parte das vezes, exclusivos. Os artesãos participavam de todo o processo produtivo, desde a compra da matéria-prima até a entrega do produto acabado aos clientes.Esta forma de produção, com o tempo, mostrou-se cara demais e, por isso, tornou-se inviável economicamente. Com a Revolução Industrial, surgem as máquinas a vapor e o desenvolvimento da produção. As condições de trabalho eram muito ruins, muitas vezes envolvendo crianças e mulheres, com salários baixos e pouca ou nenhuma capacitação. Em função dessas condições de trabalho, em 1800 começam a surgir os primeiros sindicatos, visando organizar e defender o direito dos trabalhadores (CALVETE, 2003). O início do século XX marcou a expansão da Revolução Industrial, com o aumento significativo do número de trabalhadores e, portanto, a necessidade de reorganização das formas de produção. Ganham força nessa época as ideias de Frederick Taylor em relação à produtividade, envolvimento da mão de obra e melhorias de processos, que constituem os princípios do taylorismo. Após a Primeira Guerra Mundial, a produção de bens entrou na era da produção em massa, introduzida pela indústria automobilística americana. Ao contrário da produção artesanal, a produção em massa utilizava profissionais altamente especializados no projeto dos produtos, que eram produzidos em máquinas altamente dispendiosas e por trabalhadores com baixa qualificação, responsáveis por tarefas únicas e altamente repetitivas. Na produção em massa, o trabalhador não precisava ter nenhum conhecimento além daquele necessário para a atividade que lhe havia sido atribuída. Charlie Chaplin, no filme Tempos Modernos fez uma paródia dessa teoria, na clássica cena em que ele aperta parafusos em uma fábrica. Essa era uma VOCÊ QUER VER? 18/02/2019 Operações e Logística https://unifacs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_2/index.html 18/29 das maiores críticas ao sistema de produção em massa: a alienação do trabalhador pela mecanização das atividades que desempenhava. O consumidor tinha à sua disposição produtos mais baratos, porém com nenhuma variedade ou qualidade. Uma máxima que caracteriza bem essa fase é a de Henry Ford ao afirmar que qualquer cliente podia ter o carro da cor que quisesse, desde que fosse preto. Nos anos 1950, a indústria automobilística japonesa passava por uma grave crise, tendo sido desenvolvido pelo engenheiro mecânico chinês Taiichi Ohno um sistema de produção utilizado até hoje e conhecido como produção enxuta, que marca uma nova forma de pensar na produção, focado na redução dos custos, flexibilização das atividades de produção, acrescentando qualidade e diferenciação aos produtos. Nascido na China, na localidade de Dalian, Taiichi Ohno formou-se em engenharia mecânica pela Escola Técnica de Nagoya. Em 1932 entrou para a Toyota e onze anos mais tarde estava trabalhando na Toyota Motor Company, chegando ao cargo de vice-presidente da companhia em 1975. É considerado o criador do sistema Toyota de produção e pai do sistema Kanban. (OHNO, 2008). A filosofia central da produção enxuta é a de que é totalmente desnecessário haver perdas na produção e, portanto, elas devem ser completamente eliminadas, de forma a permitir às fábricas a produção adequada ao atendimento às demandas. 2.3.2 Planejamento e controle da capacidade de produção A capacidade de produção da empresa está associada ao quanto ela é capaz de atender às demandas de mercado por seus produtos. Assim, adequar-se às necessidades do mercado é um dos requisitos para que a empresa tenha sucesso VOCÊ O CONHECE? 18/02/2019 Operações e Logística https://unifacs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_2/index.html 19/29 nos negócios. Para Slack et al. (2013, p. 277), “[...] todas as operações e processos precisam conhecer sua capacidade porque, se eles têm pouca capacidade, não podem atender à demanda e, se têm muita, estão pagando pelo seu excesso”, entendendo que capacidade é a forma pela qual uma operação consegue atender a uma demanda na unidade de tempo. É importante ressaltar que a capacidade de produção não está associada a uma única unidade, mas a todas que compõem o processo de produção. Vamos supor que uma indústria automobilística tenha capacidade de produzir 30 veículos por hora, mas o fornecedor de pneus tem uma capacidade de produção de 100 pneus por hora. Considerando-se que um veículo é composto por 5 pneus (considerando o estepe), a capacidade de produção total é de 20 veículos por hora, pois de nada adianta à fábrica fornecer um veículo ao cliente sem os pneus, concorda? Assim, determinar o nível ótimo de produção para atendimento à demanda é fundamental para evitar efeitos econômicos desastrosos para a empresa. O grande desafio é equilibrar a capacidade de produção (em todos os níveis) com a demanda do produto. Ampliando a discussão sobre capacidade, vamos conhecer as diferentes formas sob as quais a capacidade pode ser analisada, utilizando, como referência, as definições de capacidade apresentadas por Wilker (2011). Capacidade instalada: é aquela relacionada ao quanto um sistema pode produzir por unidade de tempo, desconsiderando qualquer perda ou parada da produção. Por exemplo, se uma refinaria de petróleo tem capacidade instalada de 2.000 metros cúbicos por hora de petróleo, sua capacidade instalada no mês é de 2.000 x 24 x 30 = 1.440.000 metros cúbicos por mês. Não se considerou nesse cálculo qualquer perda ou variação da produção, assumindo que em todas as horas do mês a capacidade de produção foi exatamente a mesma. Capacidade efetiva: é a capacidade disponível descontadas as perdas previsíveis, como manutenções preventivas, paradas de produção, troca de turno de trabalho etc. Capacidade realizada: é a capacidade real de produção, ou seja, ela é calculada descontando-se as perdas não previstas (emergências, por exemplo) da capacidade efetiva. 18/02/2019 Operações e Logística https://unifacs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_2/index.html 20/29 A partir dos conceitos de capacidade de produção, são estabelecidos indicadores e metas de planejamento e controle, buscando, entre outros: equilibrar capacidade e demanda, reduzindo os custos de falta ou excesso de produtos; Figura 5 - A capacidade de uma refinaria é calculada em função do volume de petróleo processado. Fonte: Photo smile, Shutterstock, 2017. Deslize sobre a imagem para Zoom 18/02/2019 Operações e Logística https://unifacs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_2/index.html 21/29 assegurar o atendimento à demanda do cliente reduzindo a probabilidade de erros e perdas de produção; flexibilidade para atender às flutuações da demanda, garantindo a qualidade dos produtos e a velocidade de atendimento. O acompanhamento desses indicadores permitirá à empresa direcionar as decisões estratégicas que lhe permitam adequar a capacidade de produção às demandas de mercado. 2.3.3 Gestão da capacidade e previsão da demanda Por que a previsão de demandas é uma matéria de grande importância? Porque entender como ocorrem as flutuações de suprimento e de demanda permitem um adequado planejamento e gestão da capacidade de produção. Slack et al (2013, p. 286) cita que “todas as operações têm que lidar com a demanda ou suprimento variável; portanto elas necessitam fazer ajustes na capacidade em torno de seu nível básico”. Acompanhar a demanda permite um planejamento mais adequado da produção, entendendo efeitos como a sazonalidade de determinados produtos, por exemplo. VOCÊ SABIA? A sazonalidade de um produto, de uma maneira geral, revela um comportamento do mercado frente a ele. Produtos como sorvetes e cerveja, por exemplo, são mais consumidos no verão, principalmente nas regiões mais quentes, assim como o querosene, utilizado em aviões, e a gasolina, nos automóveis,tendem a apresentar um crescimento de demanda nos períodos de férias escolares, em que, geralmente, há um maior fluxo de pessoas em viagens pelo país. Ao se fazer um acompanhamento da demanda, é possível trazer os níveis de capacidade de produção para valores mais próximos a ele, permitindo a otimização dos custos de produção e de estoques. No entanto, também é possível atuar na demanda de forma a tentar aproximá-la da produção. Slack et al (2013) apresentam algumas formas de gerenciamento da demanda, por exemplo, pela restrição do acesso do cliente ao produto, do 18/02/2019 Operações e Logística https://unifacs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_2/index.html 22/29 planejamento de promoções e preços diferenciados que estimulem o crescimento da demanda. Até mesmo um processo de educação do mercado pode ser utilizado, de forma que os clientes busquem os serviços ou produtos em períodos de mais baixa demanda, como as políticas de preços de viagens e hotéis em períodos de baixa temporada. 2.4 Gestão da demanda e previsão O que se deve ter em mente ao definir o planejamento da produção das empresas? É imprescindível atentar para o objetivo de atender às demandas do mercado. Portanto, avaliar e prever a demanda por produtos é uma atividade de grande impacto sobre a forma como a empresa irá se preparar para atender aos clientes. Ballou (2010) destaca que o planejamento e controle de todas as áreas funcionais da empresa dependem das previsões dos níveis de suas demandas. Toda previsão tem um erro associado, qualquer que seja a metodologia utilizada para levantamento das informações, pois a demanda é um comportamento do mercado que pode ser alterado por fatores sobre os quais as empresas não têm controle e, muitas vezes, não têm como estimar. Neste tópico, iremos discutir os diferentes tipos de demanda, relacionando seus componentes principais, de forma que seja possível estabelecer o melhor tipo de previsão em função dos objetivos principais da empresa no levantamento dessas informações. 2.4.1 Tipos de demanda Qual a origem da demanda por produtos de uma empresa? Podemos dizer que há duas formas básicas: a demanda dependente e a demanda independente. Vamos analisar primeiro a diferença entre elas. Entende-se por demanda dependente aquela que é oriunda da demanda de um outro produto, normalmente derivada de exigências da produção (Ballou, 2010). Voltando ao exemplo da produção de veículos citada anteriormente neste capítulo, podemos dizer que a demanda que o fornecedor de pneus deve atender depende do número de veículos produzido pela montadora. Como cada veículo utiliza 5 pneus, se a montadora produzir 30 veículos por hora, a demanda por 18/02/2019 Operações e Logística https://unifacs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_2/index.html 23/29 pneus será de 150 pneus por hora. Esta demanda não precisa de estimativa. Basta saber o número de veículos produzidos que teremos a demanda por pneus definida. Já a demanda por veículos é chamada de demanda independente, pois sua estimativa não depende diretamente da demanda de outros produtos, e sim do comportamento do mercado consumidor (Ballou, 2010). A empresa não tem como propor estratégias que visem alterar as demandas dependentes. No entanto, em relação à demanda independente, conforme Jacobs e Chase (2012), a empresa pode assumir uma estratégia de ações para influenciar a demanda, como promoções, diferenciação de produtos etc., ou então adotar uma postura passiva de simplesmente atendê-la, sem a preocupação de influenciá-la. A decisão por uma ou outra postura dependerá de vários fatores, como o tipo de produto, a capacidade de atendimento da empresa e sua estratégia no mercado. Figura 6 - As demandas por componentes dos veículos (pneus, volantes etc.) são consideradas demandas dependentes. Fonte: Zoran Karapancev, Shutterstock, 2017. Deslize sobre a imagem para Zoom 18/02/2019 Operações e Logística https://unifacs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_2/index.html 24/29 2.4.2 Componentes da demanda A demanda por produtos ou serviços pode ser analisada a partir dos elementos que a constituem. Conforme apresentado por Jacobs e Chase (2012), os principais são seis: demanda média, tendência, sazonalidade, componentes cíclicos, variação aleatória e autocorrelação. Analisaremos a seguir cada um desses elementos e suas influências sobre a demanda. A demanda média é calculada com base na média dos valores observados para uma determinada demanda ao longo do tempo. A tendência está relacionada ao comportamento apresentado pela curva. Por exemplo, uma determinada demanda pode apresentar um comportamento linear enquanto outra pode apresentar um comportamento exponencial. A sazonalidade está relacionada a períodos de aumento da demanda que são observados de forma sistemática, tais como os já citados aumentos de demanda por alguns tipos de combustíveis nos períodos de férias. Os componentes cíclicos são mais difíceis de serem estimados pois são suscetíveis a causas externas, como guerras, greves e condições econômicas, as quais, por serem imprevisíveis em relação à ocorrência, dificilmente são consideradas na demanda. Figura 7 - A partir dos elementos da demanda é possível estimar as demandas futuras. Fonte: JACOBS; CHASE, 2012, p. 456. Deslize sobre a imagem para Zoom 18/02/2019 Operações e Logística https://unifacs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_2/index.html 25/29 A variação aleatória, como o próprio nome nos leva a supor, são provocadas por fatores aleatórios. Em geral, essa variação é calculada subtraindo-se todas os demais elementos da demanda. A autocorrelação indica a persistência com que uma demanda ocorre. Por exemplo, se uma demanda apresentar um comportamento aleatório em um determinado período, teremos dificuldade em estimá-la no período seguinte. Já se houver uma frequente autocorrelação na demanda, essa dificuldade em estimar os valores em períodos futuros será menor. 2.4.3 Tipos e técnicas de previsão Considerando os elementos que compõem a demanda, Jacobs e Chase (2012) listam os seguintes tipos de previsão que podem ser realizados: análise de séries temporais, avaliação qualitativa, relações causais e simulações. Nas análises de séries temporais são utilizados dados relacionados às demandas passadas para estimar comportamentos futuros da demanda. Os métodos de previsão mais utilizados são as regressões lineares, as médias móveis simples ou ponderadas, com ou sem suavização por tendência. O modelo a ser selecionado depende de alguns fatores como o horizonte de tempo a ser considerado (curto ou longo), o número de dados disponíveis para a análise e a exatidão desejada na avaliação. Um outro fator importante é o impacto sobre o investimento previsto pela empresa para o atendimento da demanda. Quanto maior for o investimento envolvido, mais acertada deve ser a previsão feita, já que erros podem trazer efeitos econômicos bastante significativos. Quando se fala em análise quantitativa de resultados, não se pode esquecer de um conceito importante que está relacionado à medida do erro associado à previsão. Segundo Jacobs e Chase (2012, p. 470), a definição de erro se refere “à diferença entre o valor de previsão e aquele que de fato ocorreu”. Erro padrão, erro quadrático e desvio absoluto são termos comumente utilizados para cálculo dos erros e devem estar associados às estimativas feitas utilizando métodos quantitativos. Segundo Jacobs e Chase (2012), os métodos qualitativos para estimativa da demanda dependem de especialistas e conhecedores do mercado e do portfólio de produtos para que seus resultadospossam ser adequados aos interesses da empresa. Os métodos mais utilizados são as pesquisas de mercado, pelas quais se busca conhecer a opinião a respeito da necessidade do mercado por um 18/02/2019 Operações e Logística https://unifacs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_2/index.html 26/29 determinado produto; a analogia histórica a outro produto; painéis de consenso, buscando reunir grupos de pessoas para discutirem a demanda dos produtos e uma metodologia chamada de método delphi, que é um tipo de painel de consenso em que a discussão não é aberta e se mantém o sigilo sobre a identidade dos participantes. Outros métodos menos utilizados são as relações causais, que utilizam outras variáveis que não o tempo para a previsão da demanda, e as simulações, em que o responsável pela avaliação da demanda estabelece as variáveis que considera importantes na previsão, analisando o seu comportamento à medida que altera o valor dessas variáveis. Pode-se também utilizar a conjugação de métodos quantitativos e qualitativos para a previsão de demanda. O objetivo, em geral, é o de ajustar os resultados quantitativos pela metodologia qualitativa. Esse tipo de conjugação pode ser aplicado em vários casos. Veja como foi aplicado no setor de autopeças, lendo o artigo disponível em: <www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2011_tn_sto_135_856_17751.pdf (http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2011_tn_sto_135_856_17751.pdf)>. Como você pode perceber, não há uma forma única de previsão da demanda, e todas elas, de uma certa forma, apresentam erros que podem ser mais ou menos expressivos dependendo da técnica utilizada e do próprio comportamento da demanda, que, por sua vez, também depende de fatores, como o mercado, o tipo do produto, as opções disponíveis e o preço, entre outros. VOCÊ QUER LER? Síntese 18/02/2019 Operações e Logística https://unifacs.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/operacoes_logistica/ebook_html/unidade_2/index.html 27/29 Concluímos este capítulo, no qual foram apresentados os conceitos a respeito de como a empresa pode se preparar para atender o mercado de uma forma eficaz, considerando seu posicionamento logístico e as informações disponíveis sobre a demanda por seus produtos. Neste capítulo, você teve a oportunidade de: conhecer os fatores que influenciam o posicionamento logístico da empresa em sua cadeia de suprimentos; analisar as instalações e procedimentos que podem ser adotados para aproximar a empresa de seus mercados; entender as principais preocupações da empresa em relação aos estoques de seus produtos; analisar os impactos das quantidades estocadas sobre os custos logísticos da empresa; conhecer os principais tipos de demanda e as técnicas utilizadas para sua previsão. Referências bibliográficas BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/Logística empresarial. 5 ed. Porto Alegre: Bookman, 2010. BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2009. CALVETE, C. S. Estudo da relação entre as estruturas sindicais e as formas de organização do processo de produção. 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