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CURSO LABORATÓRIO DA PETIÇÃO INICIAL APONTAMENTOS PROFESSOR RICARDO QUEZADO1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS - O QUE É A PETIÇÃO? É o meio através do qual as partes, em regra, por meio de seus advogados, levam ao conhecimento do Poder Judiciário (juiz singular ou Tribunal) suas demandas, uma vez que na atualidade não mais se faz possível assim proceder diretamente e de forma verbal. - A regra vigente no sistema processual civil brasileiro é que o Poder Judiciário não dá início ao processo de forma espontânea, ou de ofício, necessitando ser provocado para isso (art. 2º e 262 do CPC. Exceção art. 989 CPC). - Tal provocação se dá por meio da petição inicial = exordial, peça inaugural, proscenial, vestibular). Uma vez provocado o Judiciário, os demais atos e procedimentos ocorrerão por impulso oficial. - A petição inicial pode ser considerada como o ato mais importante de todos os procedimentos adotados pelo autor, talvez até mesmo de toda a ação, uma vez que nela estarão contidos os parâmetros da demanda, até onde se poderá chegar a discussão. Assim, o advogado deverá dispensar muita atenção na elaboração da vestibular, uma vez que um erro em seu petitório poderá acarretar graves prejuízos ao seu cliente (jurisdicionado). - No passado muito se valorizou petições extensas e com linguagem rebuscada, rica em termos em latim, onde quem não tivesse freqüentado os bancos da academia não conseguiria entender uma só palavra, não entenderia o que ocorrera ou estava sendo 1 Material elaborado com base no Manual de Prática Civil dos autores Fernanda Tartuce, Luiz Dellore e Marco Aurelio Marin. pleiteado. Contudo, atualmente, a tendência é que se busque simplificar com linguagem clara e concisão (na medida do possível). - Entretanto, concisão e clareza não podem ser confundidas com linguagem “chula”. Na petição se deverá buscar utilizar linguagem técnica, com uso dos institutos adequados ao caso, o que demonstrará que detém conhecimento jurídico (exemplo: não confundir os institutos citação e intimação). - Lembrar que o magistrado (ou servidor) estará lendo a inicial sem a sua companhia, ou seja, você não estará lá para explicar o caso; ademais, ele estará fazendo aludida leitura com tempo escasso. Logo, se a peça estiver mal redigida, incompreensível, existe uma forte tendência dele deixá-la de ler e ir buscar tomar conhecimento dos fatos na peça de defesa do réu (a verdade do réu), o que poderá trazer sérios prejuízos para seu cliente. - Outro ponto que não pode ser esquecido é o cuidado com o português, por vezes nos deparamos com graves erros no uso da língua portuguesa. - NARRATIVA FÁTICA A narrativa fática deve ser expressa de forma clara e objetiva, devendo ser apresentados de forma a atentar para uma narrativa cronológica e lógica, buscando facilitar o entendimento do leitor. - FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA Expostos os fatos, você deverá passar a fundamentação jurídica, seguindo igualmente uma lógica na exposição dos fatos, de preferência do geral para o específico quando da apresentação dos dispositivos legais. Exemplo: Nas relações de consumo – CF/88, Código Civil e Código de Defesa do Consumidor. - Em ações corriqueiras como uma ação de alimentos, ou uma ação de despejo por falta de pagamento, o advogado pode apresentar a demanda de forma mais simples. Contudo, em demandas com maior complexidade ou temas novos e pouco debatidos, será necessário realizar um maior investimento de tempo e laudas. - A lei processual não tratou da forma como a petição inicial deva ser elaborada sob o aspecto da quantidade de linhas, recuos e etc... Contudo, na prática, já se consolidou linhas mínimas que deverão ser seguidas, sempre lançando mão do bom senso. Num passado próximo, realidade que ainda pode ocorrer nos procedimentos que tramitarem perante as comarcas do interior do Estado, o espaço deixado após o endereçamento era utilizado para o juiz despachar; Não recomendado elaborar peças muito floreadas, cheias de cores e tipos de fontes e tamanhos diferentes. - Entretanto, ao longo do CPC, e em especial no art. 282 do Código de Ritos, podemos observar os requisitos indispensáveis quando da propositura de uma petição inicial. Art. 282. A petição inicial indicará: I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida; II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido, com as suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - o requerimento para a citação do réu. - Tais requisitos são taxativos e não exemplificativos, como podemos observar pela simples análise do verbo “indicará”. Logo, estes necessariamente deverão ser observados pelo advogado. - Estes são a regra para o procedimento comum no rito ordinário. Atentar que o CPC traz a previsão para outros procedimentos especiais. Logo, importante será ao advogado atentar nos dispositivos correlatos. Ex.: No procedimento sumário a inicial já deverá trazer o rol de testemunhas, nos termos do art. 276, CPC. - Logo, se a inicial não trouxer todos os requisitos retromencionados, o juiz deverá determinar sua correção, que juridicamente atende pelo termo de emenda a inicial (art. 284), sob pena de indeferimento e conseqüente extinção do processo sem resolução do mérito (art. 267, I). - Conforme anteriormente explanado, a peça deverá ser elaborada de forma lógica, com começo, meio e fim. Caso assim não proceda e o juiz não consiga compreender o que está sendo exposto e pleiteado, poderá extinguir o processo em virtude da inépcia “quando da narração dos fatos não decorrer logicamente o pedido” (art. 295, parágrafo único). REQUISITOS APRESENTADOS PELO ART. 282, CPC I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida (ENDEREÇAMENTO); JUSTIÇA COMPETENTE Inicialmente, importante relembrarmos que o Poder Judiciário Brasileiro é dividido em 5 ramos distintos: Justiça Eleitoral, Justiça do Trabalho, Justiça Penal Militar (Justiças Especializadas) e a Justiça Federal e Justiça Estadual (Justiça Comum). Art. 106 e ss da CF/88. - Assim, necessário será fazermos uma análise excludente da situação fática para descobrirmos onde deverá ser intentada nossa demanda. - Em não sendo nossa demanda competência de uma das “justiças especializadas”, deverá ser da “justiça comum”, restando assim descobrirmos se da Justiça Federal ou Estadual. A CF/88, em seu art. 109, inc. I (União, empresa pública ou autarquia federal). Deste modo, se não estivermos diante de uma situação cuja competência seja da Justiça Federal, nem de uma das “Justiças Especializadas”, estaremos, por eliminação, diante de uma causa cuja competência é da Justiça Comum Estadual (Competência Residual). Ex.: Acidente entre dois veículos: entre particulares (Justiça Estadual). Envolvendo um carro de ente da União (Justiça Federal). - Observação 1: Justiça Estadual Juiz de Direito Comarca (ex.: de Fortaleza); Justiça Federal Juiz Federal Seção Judiciária (do Ceará); Justiça do Trabalho Juiz da Xª Vara do Trabalho de (Cidade); - Observação 2: Atentar para a existência dos Juizados Especiais Estaduais (Lei 9.099/95 – até 40 S.M.) e os Juizados Especiais Federais (Lei 10.259/2001 – até 60 S.M.); FORO - Uma vez descoberta a justiça competente, passamos a análise do FORO, que nada mais é do que acircunscrição territorial, limite geográfico, onde um ou mais juízos exercem suas funções. Observação: Fórum é o prédio sede dos serviços forenses. Logo, não confundir foro com fórum. - Competência territorial – existência de duas regras gerais e algumas exceções. Arts. 94 e ss. do CPC: Art. 94 – ações fundadas em direito pessoal (obrigacional) competente o domicílio do réu; Art. 95 – ações fundadas em direito real sobre bens imóveis competente o foro do local da coisa; Art. 100, Incisos e parágrafo único – ente outras – demandas indenizatórias decorrentes de acidente de veículo: foro do local do acidente ou do domicílio do autor (afastando a regra geral prevista no art. 94). Situação similar encontramos no art. 4º da Lei 9.099/95); - Na hipótese da petição ser apresentada/protocolada perante Justiça ou foro incompetente: Incompetência absoluta (decorrem da matéria e da hierarquia) – deve ser declarada de ofício pelo juiz, podendo ser alegada pelo réu, e remetida para o juiz competente (art. 113, CPC). Incompetência relativa (decorrem do valor ou do território) – cabe ao requerido suscitar tal incompetência. Em assim não fazendo, a competência será prorrogada (art. 114, CPC). - Importante aqui destacarmos a existência do CÓDIGO DE DIVISÃO E ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO CEARÁ, através do qual se determina como será a organização do Poder Judiciário em nosso Estado, tanto do Tribunal de Justiça como dos demais órgãos de 1º grau (primeira instância). Exs.: Art. 19 – pág. 30. Art. 21, §§ - pág. 30. Art. 106 e seguintes – pág. 62. Art. 125, § 1º - pág. 67. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu (QUALIFICAÇÃO DAS PARTES); - Apesar de não restar expresso no inc. II do art. 282 do CPC a necessidade de informar a nacionalidade das partes, a inserção desta informação na petição é indicada, e utilizada corriqueiramente na prática. - De modo similar podemos vislumbrar a inserção das informações correspondentes ao RG, CPF, RNE (Registro Nacional de Estrangeiros) e CNPJ, visando assim a citação de pessoa diversa da objetivada, como no caso dos homônimos. Vários tribunais exigem ainda, para além da necessidade de mencionar os dados do CPF, a juntada de comprovante de inscrição junto a Receita Federal. - Neste sentido podemos vislumbrar o disposto na Lei 11.419/2006, que ao disciplinar a tramitação processual eletrônica dispôs em seu art. 15: “salvo impossibilidade que comprometa o acesso à justiça, a parte deverá informar, ao distribuir a petição inicial de qualquer ação judicial, o número do cadastro de pessoas físicas ou jurídicas, conforme o caso, perante a Secretaria da Receita Federal”. - Para as situações que se desconheça as qualificações do réu (seu estado civil, profissão, RG, CPF), como por exemplo nas ações possessórias (ex.: ação de reintegração de posse), tal qualificação poderá ser realizada da seguinte forma: FELIZBERTO JUNQUEIRA, qualificação desconhecida, residente e domiciliado na Rua das Flores, n.º 135-B, Papicu, Fortaleza/CE, CEP xx.xxx-xxx. - Para o caso de um ou vários réus os quais se desconheça os nomes, poderá utilizar: TERCEIROS INVASORES, qualificações desconhecidas, com endereço residencial desconhecido, que podem ser encontrados no imóvel situado na Rua das Flores, n.º 135- B, Papicu, Fortaleza/CE. - Para fins de concursos e Exame de Ordem, indicado não realizar a inserção de dados que não tenham sido informados na prova, devendo utilizar a referência genérica entre parênteses, ou ainda seguida de reticências. III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido (CAUSA DE PEDIR); - Inicialmente, imperioso destacarmos a distinção entre o PEDIDO e a CAUSA DE PEDIR. Ou seja, o primeiro é O QUE SE QUER, enquanto o segundo é POR QUE SE QUER. - Assim, a razão pela qual se quer constitui a causa de pedir (causa petendi), apresentados entre os requisitos delineados no art. 282 do Código de Ritos como “fatos e fundamentos jurídicos do pedido”. - Nada mais é do que uma explanar ao magistrado o motivo pelo qual o jurisdicionado pleiteia em juízo determinada providência. - Assim, os fatos (causa de pedir remota) são os eventos ou acontecimentos que originaram o conflito, ocorridos no plano material. Ex. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS decorrente de acidente de trânsito entre veículos automotores. Aqui deverão conter informações pertinentes ao acidente, mais especificamente: quando, como, onde, envolvidos e conseqüências (vítimas? danos materiais? Pagamento?). - Deverá se buscar uma exposição precisa, trazendo os pontos essenciais à compreensão da controvérsia. Narrativa lógica e cronológica dos acontecimentos, visando facilitar o entendimento do leitor (juiz, auxiliares do judiciário, advogado da parte adversa. - Dados irrelevantes devem ser evitados, uma vez que não guardam interesse para a solução do litígio. Ademais, evitam que a petição se torne muito longa, maçante e ininteligível. - Evitar linguagem muito rebuscada, uma vez que atualmente se busca facilitar a compreensão da ação pelo jurisdicionado. Contudo, a peça deverá atentar para uma linguagem técnica, abrindo mão do uso de linguagem “chula” e informal. - Apresentação dos fatos na terceira pessoa, mesmo nas petições em que o autor esteja fazendo uso do jus postulandi ou advogando em causa própria. - Para fins de exames e concursos, imperioso ao candidato não inovar/ criar fatos para resolver o problema. Assim, o candidato deverá se ater estritamente ao enunciado apresentado. - Por sua vez, os fundamentos jurídicos (causa de pedir próxima) são as conseqüências jurídicas perseguidas pelo autor com relação ao réu, decorrente exatamente dos fatos anteriormente narrados. Ex.: continuando no exemplo anteriormente apresentado, o fundamento jurídico aqui será exatamente do dever de reparar, oriunda da responsabilidade civil (art. 5, inc. V e X da CF/88, arts. 186 e 927 do CC). - Conforme distinção apresentada no próprio inciso III do art. 282 do CPC, mostra-se mais adequado dividirmos a causa de pedir em dois tópicos: DOS FATOS e DO DIREITO. Tal divisão não é obrigatória, uma vez que a lei assim não dispôs. Contudo, tal divisão irá facilitar na análise e compreensão dos argumentos aduzidos pelo peticionante. - ATENÇÃO!!! Apesar dos brocardos jurídicos “Jura novit curia” (o juiz conhece o direito) e do “Da mihi factum, dabo tibi jus” (Dá-me os fatos que te dou o direito), a apresentação da fundamentação jurídica mostra-se essencial, já que o próprio inciso III do art. 282 do CPC apresenta como requisitos da petição inicial a indicação destes. Neste sentido, urge ainda destacar a necessidade do prequestionamento da matéria, com a indicação dos dispositivos, para fins de interposição de Recurso Especial (REsp) e Recurso Extraordinário (RE) – Súmula 282 STF. - Apesar de destacar a doutrina que a melhor interpretação de prequestionamento exigiria apenas a abordagem da tese jurídica na decisão, muitos Tribunais tem entendido ser necessária a menção expressa do dispositivo pelo julgador em seu decisum). Embargos de Declaração ou Embargos Aclaratórios. - O art. 337. A parte, que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o determinar o juiz. Ou seja, devido a grande quantidade de legislação produzida em nosso país, versando por vezes sobre temas muito específicos,estes podem ainda não ter sido enfrentados em juízo. Assim, recomendável a apresentação de dispositivos de lei municipal, estadual ou estrangeiro. - Ao tratarmos da fundamentação jurídica, não podemos vincular esta diretamente a indicação do dispositivo ou fundamentação legal. Tal indicação poderá e até deverá está presente na fundamentação jurídica, mas mostra-se como forma de embasar tais fundamentos jurídicos e não estes como si mesmos. Ex.: Ainda se valendo do exemplo decorrente da colisão de trânsito, a fundamentação jurídica será o dever de indenizar daquele que causar danos a outrem, como forma de se assegurar a paz social, situação imperiosa para o sucesso da vida em sociedade. Os dispositivos serão utilizados como força de alicerçar a fundamentação jurídica. - Contudo, para fins de ECT e Exames de Ordem, recomendável que o candidato/ aluno indique o dispositivo aplicável ao caso concreto, bem como proceda a transcrição do mesmo. Na hora de escrever, deve-se ter em mente um silogismo: A partir de determinados fatos (premissa menor), há uma dada conseqüência jurídica (premissa maior), razão pela qual se pretende determinada providência do juiz, o pedido (conclusão)2. - Assim, ao elaborar uma petição inicial, o advogado deverá sempre atentar se a peça guarda lógica entre os fatos narrados, a fundamentação jurídica e o pedido. 2 TARTUCE, Fernanda. DELLORE, Luiz. MARIN, Marco Aurélio. Manual de prática civil. 9. ed. São Paulo: Método, 2013. - A peça exordial estará sujeita a determinação de emenda da inicial pelo juiz, caso este entenda que a exposição dos fatos não esteja clara. Caso o problema não seja solucionado, poderá o magistrado decidir pela extinção do processo sem resolução do mérito (Vide art. 267, inc. I c/c o art. 284 e o art. 295, parágrafo único, I e II do CPC). IV - o pedido, com as suas especificações (PEDIDO); - Como visto anteriormente, o pedido deverá responder a pergunta O QUE SE QUER, ou ainda, PARA QUE se busca o Judiciário. - Assim, numa: Se o autor sofreu um dano e quer ser indenizado, seu pedido será a condenação do réu a pagar determinada quantia em dinheiro capaz de ressarcir o prejuízo suportado. Se determinado contrato traz uma cláusula considerada pelo autor como nula ou abusiva, seu pedido será que o juiz declare a nulidade de tal cláusula. Se o locatário deixa de pagar o aluguel, então o pedido do locador será que o juiz rescinda o contrato e determine a desocupação do imóvel (despejo). - Ao pedido deverá ser dispensada muita atenção, exigindo do advogado uma elaboração técnica mais precisa, uma vez que resta vedado ao magistrado exceder os limites do pedido, ali estará indicado o máximo que o juiz poderá conceder ao acolher o pleito do autor. Logo, se o pedido não é formulado de forma adequada quando da elaboração da petição inicial, não será possível ampliá-lo pela via interpretativa. Exemplo: Pelo exposto, pede-se seja o réu condenado a indenizar todos os prejuízos causados ao autor. Dado o caráter subjetivo do dano moral, bem como a interpretação restritiva do pedido, não poderia o magistrado condenar o réu em danos morais. Assim, mais adequado seria a exposição do pedido da seguinte forma: Pelo exposto, requer o autor que Vossa Excelência se digne de: condenar o réu ao pagamento dos danos materiais causados ao autor, na quantia de R$ 10.000,00 (dez mil reais), bem como em danos morais no importe de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). - O pedido deverá ser certo e determinado. Apesar do caput do art. 286 do CPC usar a conjunção alternativa “ou”, e não a aditiva “e”, doutrina e jurisprudência são claras ao afirmar que o pedido deve ser certo e determinado. - Assim, imperioso destacar que a certeza e a determinação dos pedidos são elementos distintos. A certeza diz respeito à providência jurisprudencial pleiteada. Por sua vez, a determinação refere-se ao bem da vida pretendido pelo autor. Exemplo: na ação de alimentos, a determinação, o bem da vida, será os alimentos, a comida no prato, ou o dinheiro no bolso para adquirir a comida. Já a certeza será a condenação do réu ao pagamento dos alimentos. - Logo, ao realizar o pedido, o postulante irá pleitear um provimento jurisprudencial (condenação, declaração ou constituição – pedido ou objeto imediato) para me seguida pleitear o bem da vida perseguido pelo autor (a quantia em dinheiro, a coisa a ser entregue – pedido ou objeto mediato). - Espécies de pedido: Cumulação de pedidos: mais de um pedido na mesma petição. Vide art. 292, CPC. Ex.: danos morais e materiais; investigação de paternidade e alimentos; inexistência da dívida e danos morais. Pedido alternativo: pedir-se-á “A” ou “B”, indistintamente, por força da lei ou do contrato. Em regra a escolha ficará a cargo do juiz ou do réu, quando houver previsão contratual. Ex.: contrato de seguro – muitas vezes consta que a obrigação da seguradora será de pagar a indenização ou entregar veículo semelhante ao sinistrado. Pedido sucessivo/subsidiário/eventual: o pedido principal é “A”. Porém, se este não puder ser concedido, pede-se então o “B”, que é o pedido subsidiário/sucessivo/eventual. Vide art. 289, CPC. - Ver artigo 20 CPC – honorários advocatícios. - Na hipótese do autor pretender pleitear a concessão de tutela antecipada, deverá apresentar as razões para concessão desta no momento da elaboração da causa de pedir. V - o valor da causa; - Apesar de muitas vezes esquecido, o valor da causa é um dos requisitos da petição inicial. No caso de esquecimento deste, o juiz deverá determinar que o autor proceda a emenda da inicial para que este dê a causa um valor. - Atentar que toda causa cível, contencioso ou não (procedimentos de jurisdição voluntária – art. 1.103 e ss. do CPC), deverá ter um valor atribuído, conforme preceituado pelo art. 258 do CPC. Ex.: numa ação de guarda de menor. Art. 258. A toda causa será atribuído um valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediato. - Urge destacar que nas ações penais, de modo diverso das ações cíveis, não há necessidade, nem mesmo previsão legal para atribuição de valor a causa. - Para fins de atribuição ao valor da causa, importante destacarmos que existem dois critérios básicos: a) os casos em que a fixação é legal (ou obrigatória); b) outras a atribuição será voluntária. a) Fixação legal ou obrigatória: os critérios para atribuição do valor da causa já foram previamente definidos pelo legislador, conforme podemos observar nos artigos 259 e 260 do CPC. Existem casos ainda em que tal atribuição ficou a carga da legislação extravagante, como por exemplo, na Lei do Inquilinato, lei 8.245/91, art. 58, III. b) Fixação voluntária: nestas situações não existe previsão legal trazendo qualquer tipo de baliza ou critério para fins de atribuição ao valor da causa, situação esta que deverá ser livremente fixado a partir de uma estimativa do autor. Ex. Investigação de paternidade, guarda, etc. - O valor da causa terá importância processual e fiscal. a) Processual: No procedimento comum, poderá determinar a utilização do rito sumário. Ver artigo 275, I do CPC. No Juizado Especial Cível será determinante para fixação da competência, bem como para definir a obrigatoriedade da participação de advogado. Ver art. 3º, I e art. 9º da Lei 9.099/95. Base de cálculo para multas e outras penas impostas pelo juiz. Art. 18, § 2º;488, II; 538, parágrafo único – CPC. Eventualmente é parâmetro para a fixação de honorários advocatícios. Art. 20, § 4º, CPC. b) Fiscal: Do ponto de vista fiscal, o valor da causa é base de cálculo para o pagamento da taxa judiciária. - No caso de erro quanto a atribuição ao valor da causa, poderá o magistrado, de ofício, determinar a intimação do autor para sanar a falha. Em assim não procedendo, poderá o réu, no prazo de resposta, apresentar impugnação ao valor da causa. Art. 261, CPC. VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados (PROTESTO/ REQUERIMENTO DE PROVAS); - Ao longo da exposição da causa de pedir, especialmente quando da narrativa fática, é provável que se apresentem uma série de questões que serão contra-argumentadas/ rebatidas na contestação do réu. Desse modo, será por intermédio das provas produzidas nos autos que se formará o convencimento do juiz, sendo a regra que o ônus da prova compete a quem as elega. Vide art. 333, I, CPC. - Como já exaustivamente mencionado, por se tratar de um requisito apresentado pelo art. 282 do CPC, não deverá ser esquecido pelo advogado ou candidato de exame de ordem ou concurso público. - Existe ainda na doutrina divergência quanto a utilização dos termos “protestar por provas” e “requerer”. Segundo aqueles doutrinadores, o primeiro termo seria utilizado de forma genérica, abstrata, enquanto o segundo termo (requer provar o alegado...) seria a efetiva solicitação da produção da prova específica, como deveria ser utilizado para o caso do pedido por provas no procedimento sumário. Observação: Segundo Fernanda Tartuce, em sua obra retromencionada, para fins de exames de ordem e concursos, visando evitar a perda de pontos, mais adequado seria a utilização sempre da expressão “Requer provar o alegado...”. - Os meios de prova: O art. 332 do CPC assevera que “Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação ou a defesa”. Logo, não são admitidos em juízo as provas imorais e as obtidas por meios ilícitos ou fraudulentos. a) Prova documental: deverá acompanhar a inicial ou contestação. Art. 396, CPC. b) Prova oral: será subdividida em depoimentos pessoal (art. 392, CPC) e prova testemunhal (art. 400, CPC). *Oitiva como informante – contraditar testemunha. c) Prova pericial: avaliação de documentos, exames, vistoria ou avaliação. (art. 420, CPC). d) Inspeção judicial: pouco usual. O juiz se deslocará até o local dos fatos para inspecionar pessoas ou coisas (art. 440, CPC). e) Confissão: quando a parte admite a verdade de um fato contrário ao seu interesse, que pode ocorrer no momento do depoimento pessoal, por escrito ou ainda documentalmente (art. 348, CPC). f) Exibição de documento ou coisa: o juiz determina que uma das partes, ou mesmo um terceiro, exiba em juízo determinado documento ou coisa relevante a solução da causa (arts. 355 e 360 do CPC). VII - o requerimento para a citação do réu (CITAÇÃO). - Apesar de parte da doutrina entender que tal situação trata-se de mera formalidade do sistema processual, diante da necessidade de citação do réu para formação do contraditório e ampla defesa, não deve o advogado ou candidato a concurso ou exame de ordem incorrer no risco de não requer a citação do réu, até mesmo por se tratar de um requisito taxativamente apresentado no art. 282 do CPC. - No caso de ausência deste, passível de intimação do autor para emendar a inicial. - Diferença entre citação, intimação e notificação. a) Citação: ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim de se defender (art. 213, CPC). b) Intimação: ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos do processo, para que faça ou deixe de fazer alguma coisa (art. 234, CPC). Por ser destinada ao autor, ao réu, ao MP e aos auxiliares do juízo (perito, intérprete, depositário, etc.). c) Notificação: na sistemática do CPC, a notificação é uma ação (medida cautelar nominada – art. 867, CPC) que tem por objetivo manifestar qualquer intenção de modo formal. Assim, por meio de uma notificação alguém pode demonstrar interesse quanto ao término da locação. Tal situação poderá ser realizada por meio de notificação extrajudicial via cartório de registro de títulos e documentos, ou ainda, via correio, com carta registrada – conforme o caso. - Formas de citação: a) Correio (art. 222, CPC) – regra geral, com exceções trazidas no próprio art. 222, CPC. > AR ou ARMP (aviso de recebimento de mão própria – somente será entregue ao próprio destinatário, e não a outrem, em seu endereço, como no AR). A jurisprudência majoritária que predomina para os casos de citação em causas cíveis é que a citação da pessoa física somente é válida quando recebida pelo próprio réu. Pessoa jurídica – art. 223, parágrafo único, CPC. b) Oficial de justiça (art. 224, CPC). Realizada pelo oficial de justiça. Normalmente se requer tal citação quando a por correio não logra êxito, ou ainda nos casos do art. 222, CPC. > Realizada através de mandado judicial (mandado de citação). > Se a citação por oficial tiver que ocorrer em outra comarca, será realizada através de carta precatória. > Citação por hora certa – “suspeita de ocultação” do réu – art. 227, CPC. c) Edital (art. 231, CPC) > usualmente utilizada quando o réu esta em local “incerto e não sabido”. É meio de exceção, assim, em regra, o juiz antes de deferir tal modalidade de citação, irá exigir a demonstração de que o autor efetivamente tentou encontrar o réu (diligências: ofício a órgãos públicos, DETRAN, empresas de telefonia, etc). > Edital a ser publicado em jornais e imprensa oficial (art. 232, CPC) - Sugere-se que o advogado, ao elaborar a petição inicial, especifique a forma com que deseja a citação do réu, observando os ditames legais, evitando assim a perda de tempo em caso de escolha da serventia por meio menos célere. d) Via eletrônica – meio mais recente, previsto na Lei 11.419/2006 – lei que disciplina a tramitação processual eletrônica. Observação: art. 4º da Lei 11.419/2006 Data de disponibilização: dia em que for disponibilizado o diário de justiça; Data da publicação: § 3o Considera-se como data da publicação o primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico. Início do prazo: § 4o Os prazos processuais terão início no primeiro dia útil que seguir ao considerado como data da publicação.
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