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LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL
Karla Regina Santos Ribeiro 
Virgínia de Fátima Dias
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O livro Legislação Empresarial almeja orientar os estudos de profissionais ou 
estudantes que tenham interesse em obter conhecimentos da área jurídica - 
em especial no ramo do Direito Empresarial, atualmente tão importante para 
aqueles que procuram estruturar formalmente sua empresa ou atuar na área 
de negócios.
O livro estrutura-se de maneira a apresentar os principais tópicos legais desde 
o surgimento da atividade empresária, o seu desenvolvimento, até o seu fim. 
Sua contribuição, dessa forma, apresenta-se no sentido de esclarecer quais 
normas jurídicas são aplicadas às relações empresariais, tema de indiscutível 
relevância nos dias atuais. 
9 788538 763307
Curitiba
2017
Legislacao 
Empresarial
çã
Karla Regina Santos Ribeiro 
Virgínia de Fátima Dias
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
D53L Dias, Virgínia de Fátima
Legislação empresarial / Virgínia de Fátima Dias, Karla Regina 
Santos Ribeiro. - 1. ed. - Curitiba, PR : IESDE Brasil, 2017.
160 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6330-7
1. Empresas - Legislação. 2. Sociedades comerciais - Legislação. I. 
Ribeiro, Karla Regina Santos. II.Título.
17-43673 CDU: 347.72
Direitos desta edição reservados à Fael.
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael.
© 2017 – IESDE Brasil S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer 
processo, sem autorização por escrito das autoras e do detentor dos direitos autorais.
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Produção
FAEL
Direção Acadêmica Francisco Carlos Sardo
Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz
Revisão IESDE
Projeto Gráfico Sandro Niemicz
Capa Vitor Bernardo Backes Lopes
Imagem da Capa Shutterstock.com/Africa Studio
Arte-Final Evelyn Caroline dos Santos Betim
Sumário
 Carta ao Aluno | 5
1. Noções gerais de introdução ao Direito | 7
2. Direito Empresarial | 23
3. Direito Societário | 41
4. Sócios e sociedade: previsões legais | 57
5. Contrato Social | 73
6. Metamorfoses societárias | 91
7. Dissolução e liquidação das sociedades empresárias | 109
8. Direito Falimentar | 127
 Gabarito | 145
 Referências | 153
Este livro almeja orientar profissionais ou estudantes que 
tenham interesse em obter conhecimentos da área jurídica, em espe-
cial do ramo do Direito Empresarial, atualmente tão importante 
para aqueles que procuram estruturar formalmente sua empresa ou 
atuar na área de negócios.
Com esse intento, seu início está voltado para noções gerais 
de introdução ao Direito, de forma a refletir sobre o conceito de 
Direito, a relação entre Direito e Estado e apresentar a estrutura do 
ordenamento jurídico brasileiro. Na sequência, passa-se às noções de 
Direito Empresarial, para explicar a atividade empresarial, segundo 
a legislação pátria. Considerando que a legislação empresarial tem 
como sujeito o empresário, faz-se uma análise acerca de sua figura e 
da relação entre o empresário e os consumidores. 
Carta ao Aluno
– 6 –
Legislação Empresarial
Este livro traz, também, uma reflexão sobre o conceito e os elementos 
que compõem as sociedades segundo o ordenamento jurídico brasileiro, a 
classificação e a distinção entre os vários tipos de sociedades empresárias e 
a legislação que regula a relação dos sócios, bem como as normas jurídicas 
aplicadas ao trato destes com terceiros e com a própria sociedade.
Em um mundo globalizado, no qual há oscilações na economia ao 
mesmo tempo em que o desenvolvimento tecnológico é vertiginoso e gera 
uma alta competitividade no mundo dos negócios, as metamorfoses societá-
rias são uma constante. Portanto, a compreensão de quais são elas e da legis-
lação aplicável a cada uma é de fundamental importância para que possam 
ser utilizadas, permitindo às empresas a diminuição de gastos e o aumento 
de seus lucros, com a finalidade de se manterem ativas no mercado. A obra 
aborda, portanto, as mudanças em relação a essas sociedades, buscando escla-
recer como são reguladas sob a ótica do ordenamento jurídico brasileiro. 
Por fim, este livro trata da dissolução e liquidação das sociedades e seus 
aspectos legais, por decisão dos sócios ou outros motivos, tais como a decreta-
ção judicial de falência, também objeto de estudo, por meio da análise da Lei 
n. 11.101/2005, a qual regula a recuperação judicial e extrajudicial e a falência.
Este livro sobre legislação empresarial estrutura-se, pois, de maneira a 
apresentar os principais tópicos legais que abrangem desde o surgimento da 
atividade empresária, o seu desenvolvimento, até o seu fim. Sua contribuição, 
nesse sentido, está em esclarecer quais normas jurídicas são aplicadas às rela-
ções empresariais, tema de indiscutível relevância nos dias atuais.
1
Noções gerais de 
introdução ao Direito
Introdução 
Neste primeiro capítulo, o objetivo é fornecer aos indi-
víduos que iniciam seus estudos jurídicos uma visão ampla do 
Direito, trazendo-lhes conceitos gerais, como o que se entende 
por Direito, a relação entre Direito e Estado e o que é e como 
funciona o ordenamento jurídico.
Tais saberes são importantes para que aqueles que não conhe-
cem o Direito de maneira mais profunda possam compreendê-lo 
e aplicá-lo, não só em sua vida pessoal, mas especialmente em seu 
cotidiano profissional.
Considerando que o público para o qual o presente material 
está voltado busca conhecimentos acerca do Direito Empresarial, as 
explicações servirão de sustentação para que compreendam que tal 
área do Direito faz parte do ordenamento jurídico brasileiro e tem 
seus alicerces na Teoria Geral do Direito.
Legislação Empresarial
– 8 –
1.1 Conceito de Direito
Definir o que é direito não é tarefa fácil, considerando que o vocabulário 
da língua portuguesa é bastante rico e uma mesma palavra pode possuir dife-
rentes sentidos, dependendo do contexto em que está inserida. Por exemplo, 
quando alguém afirma “Tenho o direito de receber pelo trabalho que realizo”, 
isso significa dizer que “é justo” receber pelo trabalho. Por outro lado, ao falar 
que “O direito brasileiro nem sempre é respeitado”, já temos outro sentido 
para o vocábulo, o qual significa norma jurídica. Ainda é possível dizer “Eu 
tenho o direito de ajuizar uma ação de indenização contra quem me calu-
niou”, contexto no qual a acepção da palavra direito é voltada para a faculdade 
do uso da norma jurídica existente. 
Cabe à Filosofia Jurídica tratar das várias acepções da palavra direito. 
Para os fins a que se propõe este texto, empregaremos o entendimento do 
Direito como um conjunto de normas que, emanadas de poderes competen-
tes, disciplina a conduta em sociedade, usando para isso a coercitividade, ou 
seja, o poder do Estado de impor às pessoas o cumprimento das regras por 
ele estabelecidas. 
Só ao Estado cabe usar da força para obrigar os indivíduos a adotar, por 
meio da norma jurídica, o comportamento capaz de evitar conflitos, numa 
sociedade em que os seres humanos se tornam cada vez mais individualistas 
e competitivos.
Vivendo em sociedade, lutando por sua sobrevivência, o homem neces-
sita de regras que assegurem a ordem e impeçam a discórdia. Já afirmou 
o grande jurista Paulo Nader: “O Direito está em função da vida social” 
(NADER, 2005, p. 27). 
É verdade que existem outros meios de controle social além do Direito, 
tais como a religião e a moral, que também determinam regras de convívio 
social. A religião, ao propagar a ideia de amor ao próximo, nada mais faz do 
que, por meio de dogmas específicos, propagar a ideia de respeito ao outro e, 
consequentemente, propiciar a harmonia social. E a moral, ao designar o que 
é certoou errado, bom ou mau, busca aprimorar a essência humana e, assim, 
ensina a melhor forma de se comportar em sociedade. Entretanto, nenhum 
desses meios de controle social tem a característica de coercitividade que tem 
– 9 –
Noções gerais de introdução ao Direito
o Direito. Além disso, enquanto os primeiros, religião e moral, almejam aper-
feiçoar o indivíduo como ser humano, o Direito, por meio de suas regras, 
volta-se para o comportamento do homem no convívio social, as ações que 
este venha a praticar. Em outras palavras, o Direito se interessa pelo que o 
homem faz ou deixa de fazer na vida social, e não com seu foro íntimo, como 
ocorre com a religião e a moral. 
O Direito como regra jurídica, formado por códigos e leis, é denomi-
nado de Direito Positivo, ou seja, um sistema de normas jurídicas que regula 
as relações entre as pessoas em dado momento histórico.
O Direito como conjunto de normas jurídicas, primeiramente, pelo 
critério romano, foi dividido em direito público e direito privado. Tal dis-
tinção é útil do ponto de vista da didática, pois facilita a pesquisa e, con-
sequentemente, o aperfeiçoamento e a sistematização dos princípios que 
compõem o Direito.
Nesse sentido, as normas jurídicas de Direito Público, chamadas de 
cogentes ou taxativas, regulam as relações jurídicas em que o interesse do 
Estado é predominante. Assim, para muitos doutrinadores, tais como Bran-
cato (2011), Venosa (2016) e Palaia (2012), fazem parte do direito público 
o Direito Constitucional, o Direito Tributário, o Direito Penal, o Direito 
Administrativo, o Direito Processual, o Direito Internacional Público e o 
Direito Internacional Privado, enquanto o Direito Civil é predominante-
mente formado por normas de direito privado. Não é pacífico, no entanto, 
o entendimento quanto à natureza jurídica do Direito do Trabalho. Para 
Miguel Reale (2005), o Direito do Trabalho apresenta-se como “um Direito 
eminentemente público”, por ser o Estado a disciplinar as formas de pres-
tação de trabalho e os contratos coletivos. Já para Martins (2005), por pre-
ponderar a autonomia da vontade das partes no Direito do Trabalho, ele se 
trata de um ramo do direito privado. Mas a corrente predominante é a de 
que o Direito do Trabalho é um ramo do direito privado, haja vista que os 
contratantes (empregador e empregado) são livres para estipular as regras de 
seu pacto de emprego. 
 Há também o “Direito misto”, querendo dizer que uma mesma área do 
Direito possui normas taxativas (e, portanto, de Direito público) e normas 
Legislação Empresarial
– 10 –
dispositivas (de Direito privado), como o Direito de Família e o próprio 
Direito do Trabalho, conforme Venosa (2016).
Ao tratar do Direito, é preciso lembrar que ele surge com base em algu-
mas fontes, sendo uma delas as fontes históricas. Para captar a finalidade 
do instituto jurídico, é necessário conhecer em que momento e em que cir-
cunstâncias foram criadas as normas. O estudo de tais fontes compete a uma 
disciplina específica denominada História do Direito. 
Há, ainda, as fontes materiais do Direito, também chamadas de fontes 
de produção do Direito, que são constituídas pelos fatores jurídicos, tais como 
a geografia e a economia, sendo, assim, fontes materiais indiretas. E existem 
também as fontes materiais diretas, as quais são identificadas como sendo os 
próprios órgãos responsáveis pela produção da lei (Poder Legislativo) e pela 
produção da jurisprudência (Poder Judiciário).
Interessa-nos, entretanto, uma terceira categoria de fontes jurídicas, 
chamadas de fontes formais do Direito, que são as formas de expressão do 
Direito: a lei, o costume, a jurisprudência e a doutrina.
A lei, no Brasil, é a principal fonte formal do Direito, uma vez que 
adotamos a norma escrita como diretriz essencial de conduta na sociedade 
brasileira, seguindo o sistema romanista. Observe-se que a própria Consti-
tuição da República Federativa do Brasil (BRASIL, 1988), lei máxima de 
nosso ordenamento jurídico, determina em seu artigo 5°, inciso II, que todos 
são obrigados a fazer o que está previsto em lei. Já no sistema adotado em 
países de língua inglesa, como Inglaterra e Austrália, a lei é apenas mais uma 
fonte entre tantas outras.
A lei, elaborada com base em critérios específicos e por um órgão com-
petente para fazê-lo, é regra geral e abstrata, que deve ser obedecida por 
todos, uma vez que é dotada de coação. O órgão responsável por elaborá-la 
é o Poder Legislativo e, em situações excepcionais, conforme estabelece a 
Constituição Federal de 1988, artigo 62, o Poder Executivo, na pessoa do 
presidente da república, pode editar medidas provisórias com força de lei. 
Por exemplo, quando foi criada a contribuição provisória sobre movimenta-
ções financeiras (CPMF), isso ocorreu por meio de medida provisória, que 
teve efeitos legais imediatos por 60 dias, prorrogáveis por mais 60, mas foi 
– 11 –
Noções gerais de introdução ao Direito
enviada imediatamente ao Congresso Nacional para que este votasse se ela 
deveria ou não se transformar em lei. 
Outra fonte formal do Direito é o costume. Um exemplo de costume 
jurídico foi o cheque pré-datado, uma criação brasileira. Sendo aplicada 
somente no caso de omissão da lei, a norma costumeira ou consuetudinária 
resulta de, segundo Miguel Reale (2005, p. 157), uma conduta praticada de 
maneira consciente e que se repete socialmente até que os indivíduos acabam 
por concebê-la como obrigatória.
O Direito costumeiro possui um requisito subjetivo, que é a crença da 
obrigatoriedade da conduta, e um requisito objetivo, a constância do ato.
Para que seja fonte do Direito, o costume precisa ser reconhecido como 
tal pelo ordenamento jurídico, conforme ocorre no Brasil, em que a Lei 
de Introdução às Normas de Direito, no artigo 4° (BRASIL, 1942), prevê: 
“Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os 
costumes e os princípios gerais de direito”.
A jurisprudência, palavra que designa a aplicação do Direito com sabe-
doria (jus = Direito; prudentia = sabedoria), resulta de reiteradas decisões dos 
tribunais numa mesma direção interpretativa. Por não ter força vinculativa, 
a jurisprudência é tida como fonte secundária do Direito. Um exemplo claro 
de jurisprudência é quando duas pessoas do mesmo sexo convivem por certo 
tempo numa relação conjugal, uma delas vem a falecer e a que permaneceu 
viva requer pensão por morte ao INSS, que não concede. O “cônjuge sobre-
vivente” move então uma ação judicial requerendo seu direito. Como é um 
caso raro, não existe conceito já estabelecido. O juiz analisa, julga e dá sua 
decisão favorável. Quando surge outra situação igual a ser julgada, fica mais 
fácil a decisão, porque já existe um caso semelhante.
Por fim, a doutrina, também considerada fonte do Direito, é resultado 
do estudo das leis por parte de juristas, estudiosos e operadores jurídicos em 
geral, que geram teses, compêndios, tratados, pareceres capazes de mostrar 
caminhos aos magistrados e sugerir modificações aos legisladores.
Outra classificação para as fontes do Direito é, segundo Venosa (2016):
a) Diretas, imediatas ou primárias – lei e costume, porque têm, por 
elas mesmas, potencialidade suficiente para gerar a regra jurídica.
Legislação Empresarial
– 12 –
b) Indiretas, mediatas ou secundárias – doutrina, jurisprudência, ana-
logia, princípios gerais do direito e equidade. Essas fontes servem 
para esclarecer a aplicação global do Direito.
Os princípios gerais do Direito, assim como a analogia e os costumes, são 
considerados, segundo a Lei de Introdução às Normas de Direito ( BRASIL, 
1942), em seu artigo 4°, processos de preenchimento de lacunas existentes 
na lei, pois esta nem sempre consegue regular todas as situações sociais e o 
legislador não tem como prever todos os acontecimentos. 
Assim, os princípios gerais do Direito servem de base ao ordenamento 
jurídico, por trazerem em seu bojo valores sociais dos quais se serve o legis-
lador. Essesprincípios são comuns a todas as áreas do Direito, tais como 
viver honestamente, dar a cada um o que é seu e não causar danos a outrem 
(todos espelhando valores sustentados socialmente). Têm função informa-
dora, quando servem de base ao legislador para a criação de preceitos legais, 
função normativa, ao serem aplicados nas lacunas da lei, e, por fim, função 
interpretativa, ao auxiliarem na compreensão exata da norma. Por serem apli-
cados na lacuna da lei, que é norma jurídica, também são os ditos princípios 
normas jurídicas. 
Nader (2005, p. 194) explica que a “analogia é um recurso técnico que 
consiste em se aplicar, a uma hipótese não prevista pelo legislador, a solução 
por ele apresentada para outra hipótese fundamentalmente semelhante à não 
prevista”. Para a aplicação da analogia jurídica, alguns requisitos devem ser 
respeitados, tais como: inexistência de dispositivo legal prevendo ou discipli-
nando a hipótese do caso concreto a ser julgado; identidade de fundamento 
jurídico no ponto comum às duas situações; semelhança entre o caso con-
creto e a situação não regulada.
Como exemplo de aplicação analógica, pode-se citar o caso do reconhe-
cimento, pelo Supremo Tribunal Federal, da família homoafetiva, conferindo 
aos casais homossexuais o direito à união estável: uma vez que as leis brasilei-
ras ainda não previam o casamento entre casais homossexuais, coube a uma 
decisão judicial, tomando por base a legislação acerca de união entre heteros-
sexuais, decidir sobre a matéria. Para tal, foi usada a analogia.
– 13 –
Noções gerais de introdução ao Direito
Por fim, faz-se necessário alertar que no Direito Penal não se aplica a 
analogia, uma vez que o princípio da legalidade (“não há crime ou pena sem 
lei penal que expressa e previamente os estabeleça”) impede sua utilização.
1.2 Direito e Estado
O Direito emana do Estado, que é responsável não só pela produção das 
leis, mas pelo controle de sua aplicação. Mas o Estado depende do Direito, 
que organiza sua atuação e delimita seus poderes.
Sob o ponto de vista jurídico, o Estado deve sua existência ao fato de 
possuir uma Constituição. Pode-se conceituar o Estado como a pessoa jurí-
dica formada por uma sociedade que vive em determinado território e é 
subordinada a uma autoridade soberana. 
O Estado atua tanto no plano externo quanto no interno. No 
interno, cabe-lhe garantir a ordem pública, e o faz ao criar o Direito e 
buscar garantir a aplicação da justiça. Já no plano externo, o Estado tem 
de fazer valer sua soberania.
Há várias teorias que buscam explicar a relação entre Direito e Estado. 
Segundo a teoria monista, Direito e Estado se confundem, ou seja, o 
Estado é fonte única do Direito, fazendo com que sejam considerados como 
uma única realidade, formando uma só entidade. Os defensores de tal teoria 
– Hans Kelsen, Hegel, Thomas Hobbes e Jean Bodin – não admitem a pos-
sibilidade de qualquer norma jurídica que não esteja atrelada ao Estado. Já a 
teoria dualística ou dualista, criada por Otto Von Gierke e Georges Gurvith, 
preconiza a total separação entre Direito e Estado, ao afirmar que o Direito é 
uma criação estritamente social e, nesse caso, cabe ao Estado apenas elaborar 
normas jurídicas que advenham da consciência social. No caso da teoria do 
paralelismo, defendida por Giorgio Del Vecchio, há a ideia de que Direito e 
Estado se completam em sua atuação, ainda que sejam realidades diferentes.
Se o Estado cria o Direito por meio dos poderes constituídos e o Direito 
determina como deve ser a atuação do Estado, não há como se negar a inter-
ligação entre eles.
Legislação Empresarial
– 14 –
Neste ponto é fundamental tratar do Estado de Direito. Ele é formado 
pelo Direito, como conjunto de normas que regem o funcionamento de uma 
sociedade, e pelo Estado, forma de organização política.
Entende-se que ocorre o Estado de Direito a partir do momento em 
que há a participação do povo na administração pública, por meio de seus 
representantes, como a Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988) 
determina em seu artigo 1°, parágrafo único. E é com o desenvolvimento 
do Estado de Direito que surge a divisão dos poderes que compõem a estru-
tura político-administrativa do Estado: Poder Executivo, Poder Legislativo 
e Poder Judiciário.
A divisão dos Poderes, com suas funções específicas bem delineadas pela 
Lei Maior (Constituição), afasta o Estado absolutista, em que todas as fun-
ções eram centralizadas na figura do rei, situação em que o Estado de Direito 
não podia ser reconhecido, uma vez que o soberano exercia sobre o povo um 
poder incontrolado.
Entretanto, o Estado de Direito ainda não foi plenamente alcançado no 
Brasil, ainda que haja no país a distribuição de poderes, posto que os repre-
sentantes escolhidos pelo povo devem por ele e para ele trabalhar, o que nem 
sempre tem acontecido. Ainda se permite, assim, muita injustiça social e a 
falta de um serviço público eficaz para a população, impedindo-lhe a garantia 
da dignidade.
1.3 Ordenamento jurídico
O Estado possui um ordenamento jurídico constituído de normas jurí-
dicas diferentes entre si, a fim de organizar a sociedade. 
Ordenamento significa a ação de fazer algo de determinado modo. O 
vocábulo jurídico, conforme é possível inferir pelo já exposto anteriormente, 
qualifica o que está de acordo com o Direito.
Ao explicar o que é ordenamento jurídico, Venosa traz a definição de Hugo 
de Brito Machado: “O ordenamento jurídico é um conjunto de prescrições, 
ou proposições prescritivas, que podem ser entendidas como conjunto de 
palavras destinadas a prescrever certos comportamentos” (VENOSA, 2006, 
p. 76 apud MACHADO, 2000, p. 71). 
– 15 –
Noções gerais de introdução ao Direito
Há um “ordenamento jurídico” em cada país, formado pelas diversas 
fontes de Direito, pois a realidade jurídica é concebida como um sistema de 
normas, desde as normas legais até as normas negociais, entre as quais existe 
uma hierarquia para sua aplicação.
A hierarquia das normas jurídicas significa que no ordenamento jurídico 
brasileiro existem leis que suplantam as outras. A ideia de hierarquia das leis 
foi proposta primeiramente por Hans Kelsen, jurista nascido em Praga em 
1881, que criou a chamada Pirâmide de Kelsen. Segundo Kelsen (1987), todas 
as leis estão subordinadas a uma “lei maior” e a ela têm de ser adequadas. Por-
tanto, se uma lei contrariar a dita “lei maior”, ela pode ser contestada.
Havendo conflitos entre as leis em sua aplicação em decisões judiciais, 
para Hans Kelsen a lei somente poderá ser anulada pelo próprio tribunal que 
a proferiu ou, ainda, por tribunal superior. Quando a lei for contrária à Cons-
tituição, diz-se então que tal lei é inconstitucional. No entanto, Kelsen (1987, 
p. 287) afirma que “enquanto, porém, não for revogada, tem de ser conside-
rada como válida; e enquanto for válida, não pode ser inconstitucional”. 
No Brasil, a validade de todo o ordenamento jurídico depende de uma 
norma “maior”, que é a Constituição da República Federativa do Brasil. Sub-
metem-se a ela todas as demais normas jurídicas. 
Trata-se de uma Constituição rígida, que organiza o país em uma repú-
blica federativa formada pela união indissolúvel dos estados, dos municípios 
e do Distrito Federal. Os 26 estados federados têm autonomia para elaborar 
suas próprias constituições estaduais e leis. No entanto, a competência legis-
lativa destas é limitada pelos princípios estabelecidos na Constituição Federal.
A Carta Maior brasileira dispõe, ainda, sobre os instrumentos legais do 
nosso ordenamento jurídico: emendas à Constituição, que consistem em 
mudanças no texto constitucional; leis complementares, que complementam 
a Constituição ao detalhar uma questão sem interferir no texto Constitucio-
nal (tais leis são admissíveis apenas em casos expressamente autorizados na 
Constituição); leis ordinárias, que lidam com todas as matérias, à exceção 
daquelas reservadas às leis complementares; e medidas provisórias, que são 
editadaspelo presidente da república em situações importantes e urgentes 
e têm natureza temporária e força de lei, devendo, assim, ser submetidas ao 
Congresso Nacional para possível aprovação legislativa. Após serem exami-
Legislação Empresarial
– 16 –
nadas pelo Congresso Nacional, as medidas provisórias deverão ser converti-
das em lei ordinária, caso aprovadas. Se rejeitadas, tácita ou expressamente, 
perdem a eficácia ex tunc, e o Congresso Nacional deverá regular as relações 
jurídicas que surjam a partir de então. 
Quando a pirâmide de Kelsen foi criada, nela não constavam os tratados 
internacionais, mas apenas o direito interno. Entretanto, atualmente, é ine-
gável a influência do Direito Internacional no ordenamento jurídico interno 
dos países, o que gerou a necessidade de se pensar sobre qual é a posição dos 
tratados internacionais em tal “pirâmide”, ou seja, quais as normas jurídicas 
que se subordinam a esses tratados.
A Constituição Federal brasileira (BRASIL, 1988), em seu artigo 5°, 
inciso LXXVIII, §3°, ao tratar dos direitos e garantias fundamentais, prevê 
que, se os tratados internacionais dispuserem acerca de direitos humanos e 
forem votados como emendas constitucionais, estarão acima das demais leis.
Nessa direção, o Supremo Tribunal Federal entendeu, no julgamento 
do habeas corpus 79.785, de 2000, majoritariamente, que os tratados inter-
nacionais de direitos humanos, antes equiparados às normas ordinárias fede-
rais, apresentam status de norma supralegal, isto é, estão acima da legislação 
ordinária, mas abaixo da Constituição. Tal posicionamento admite a hipótese 
de tais tratados adquirirem hierarquia constitucional, desde que observado 
o procedimento previsto no parágrafo 3°, artigo 5° da CF, acrescentado pela 
Emenda Constitucional n. 45/2004.
Desse modo, o Supremo Tribunal Federal alterou, por meio de uma deci-
são, a pirâmide criada por Kelsen, que ainda possui em seu topo a Constituição 
Federal, porém acrescenta logo abaixo os tratados internacionais de direitos 
humanos, desde que aprovados, como ocorre com as emendas constitucionais. 
Além das relações entre os tipos de normas jurídicas (tratados interna-
cionais, Constituição Federal, leis complementares, leis ordinárias, leis dele-
gadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções), estabelecendo 
a prevalência de umas sobre as outras, o ordenamento jurídico também traz 
a hierarquia das normas relativas aos domínios geográficos das leis, uma vez 
que leis federais predominam sobre as leis estaduais e ambas não podem ser 
contrariadas por lei municipal.
– 17 –
Noções gerais de introdução ao Direito
Mas, se por um lado existe uma hierarquia entre as normas jurídi-
cas nacionais no que se refere à sua aplicação ao caso concreto, por outro, 
quanto aos aspectos de validade, vigência e eficácia, elas se submetem aos 
mesmos critérios.
Após sua elaboração pelo órgão competente, e segundo o procedimento 
determinado pelo próprio ordenamento jurídico, a lei é publicada nos órgãos 
de impresa oficial (Diário Oficial) para sua publicidade e passa a ser obriga-
tória a partir de sua vigência, ou seja, da data que entra em vigor. Tornada 
pública a lei, todos devem respeitá-la, conforme dita o artigo 3° da Lei de 
Introdução às Normas de Direito (BRASIL, 1942): “Ninguém se escusa de 
cumprir a lei, alegando que não a conhece”.
A data de início da vigência da lei normalmente vem descrita na própria 
norma, a exemplo do que ocorreu com a Lei n. 11.788, de 25 de setembro de 
2008 (Lei de Estágio) (BRASIL, 2008), que descreve, em seu artigo 21: “Esta 
Lei entra em vigor na data de sua publicação”.
Se a lei não dispuser em seu texto qual a data de sua vigência, ela entrará 
em vigor 45 dias após sua publicação dentro do país e três meses se for apli-
cada em Estado estrangeiro, conforme prevê a Lei de Introdução às Normas 
de Direito (BRASIL, 1942), artigo 1°, caput e §1°. 
O espaço de tempo entre a publicação da lei e sua entrada em vigor 
denomina-se vacacio legis, que é o período dado pelo legislador para que a 
sociedade se adapte à nova lei. Temos vários exemplos de leis brasileiras que 
tiveram vacatio legis, tais como o Código de Trânsito Brasileiro – Lei n. 9.503, 
de 23 de setembro de 1997 (120 dias após a publicação) –, o Código de Pro-
teção e Defesa do Consumidor – Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990 
(120 dias após a publicação) – e o Código Civil – Lei n. 10.406, de 10 de 
janeiro de 2002 (1 ano após a publicação).
Após entrar em vigor, a lei gera efeitos imediatos, respeitando o direito 
adquirido (é o que integra o patrimônio jurídico da pessoa por meio da lei até 
então vigente), o ato jurídico perfeito (entendido como o ato já consumado 
segundo a lei vigente no momento em que o ato se consumou) e a coisa jul-
gada (decisão judicial irrecorrível concedida com base na lei vigente à época 
de sua sentença definitiva).
Legislação Empresarial
– 18 –
A lei nova terá vigência até que outra lei que regule a mesma matéria a 
modifique ou revogue. A lei revogadora deve ser do mesmo nível ou supe-
rior hierarquicamente à lei revogada. Por exemplo, uma lei ordinária só pode 
revogar outra lei ordinária ou de hierarquia inferior a ela. 
A eficácia da lei no espaço refere-se ao local onde a norma jurídica será 
aplicada e regula a conduta não só dos brasileiros, mas dos estrangeiros que 
estiverem em território nacional, segundo o princípio da territorialidade. Há 
ainda casos específicos de leis brasileiras que têm eficácia em outros países. 
Também é importante considerar a aplicação da lei no espaço, o 
que determina o artigo 9° da Lei de Introdução às Normas de Direito 
(BRASIL, 1942):
Art. 9º Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país 
em que se constituírem.
§ 1º Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e depen-
dendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiari-
dades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato.
§ 2º A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar 
em que residir o proponente.
Por fim, além de compreender como se dá a vigência da lei no tempo 
e no espaço, é necessário ressaltar que, para que tenha validade, a lei deve 
preencher alguns requisitos extremamente importantes, tais como legiti-
midade do órgão para elaborá-la, competência em relação à matéria da lei 
que será elaborada e respeito ao procedimento técnico para sua criação. As 
normas básicas que regulam tais requisitos estão na Constituição Federal 
e nas Leis Complementares n. 95/1998 (BRASIL, 1998) e n. 107/2001 
(BRASIL, 2001).
Para a eficácia da norma jurídica, é necessário, ainda, observar o cum-
primento efetivo da lei por parte da sociedade. Uma vez que o Direito deve 
ser criado com base nos valores e nas instituições sociais, a lei que não atende 
a tais requisitos, ou seja, que não tem nenhum vínculo com a sociedade na 
qual está sendo inserida ou não considera a cultura do povo, não terá eficácia. 
Muitas vezes, a lei não atinge seus objetivos porque não existe fiscaliza-
ção suficiente ou estrutura estatal para colocá-la adequadamente em prática, 
o que não lhe permite ter eficácia.
– 19 –
Noções gerais de introdução ao Direito
Ampliando seus conhecimentos
A ação do Direito
(NADER, 2005, p. 27)
O Direito está em função da vida social. A sua finalidade 
é a de favorecer o amplo relacionamento entre as pessoas 
e os grupos sociais, que é uma das bases do progresso da 
sociedade. Ao separar o lícito do ilícito, segundo valores de 
convivência que a própria sociedade elege, o ordenamento 
jurídico torna possíveis os nexos de cooperação e disciplina a 
competição, estabelecendo as limitações necessárias ao equi-
líbrio e à justiça nas relações.
Em relação ao conflito, a ação do Direito se opera em duplo 
sentido. De um lado, preventivamente, ao evitar desinteligên-
cias quanto aos direitos que cada parte julga ser portadora. 
Isto se faz mediante a exata definição do Direito, que deveter 
na clareza, simplicidade e concisão de suas regras, algumas de 
suas qualidades. De outro lado, diante do conflito concreto, o 
Direito apresenta solução de acordo com a natureza do caso, 
seja para definir o titular do direito, determinar a restauração 
da situação anterior ou aplicar penalidades de diferentes tipos.
Cenário de lutas, alegrias e sofrimentos do homem, a socie-
dade não é simples aglomeração de pessoas. Ela se faz por 
um amplo relacionamento humano, que gera amizade, a cola-
boração, o amor, mas que promove, igualmente, a discórdia, 
a intolerância, as desavenças. Vivendo em ambiente comum, 
possuindo idênticos instintos e necessidades, é natural o apa-
recimento de conflitos sociais, que vão reclamar soluções. Os 
litígios surgidos criam para o homem as necessidades de segu-
rança e de justiça. Mais um desafio lhe é lançado: a adaptação 
das condutas humanas ao bem comum. Como as necessida-
des coletivas tendem a satisfazer-se, ele aceita o desafio e lan-
Legislação Empresarial
– 20 –
ça-se ao estudo de fórmulas e meios, capazes de prevenirem 
os problemas, de preservarem os homens, de estabelecerem 
paz e harmonia no meio social. A característica fundamental 
da sociedade é, assim, a submissão de um agrupamento de 
pessoas iguais a leis ou sistema jurídico, sem o que não haver 
entendimento e convivência.
A sociedade sem o Direito não resistiria, seria anárquica, teria 
o seu fim. O Direito é a grande coluna que sustenta a socie-
dade. Criado pelo homem para corrigir a sua imperfeição, o 
Direito representa um grande esforço para adaptar o mundo 
exterior às suas necessidades de vida.
 
Atividades
1. Acerca da relação entre Direito e sociedade, assinale a opção correta: 
a. o Direito não é uma abstração, solto no espaço e no tempo, mas 
um fenômeno imerso na vida humana, ou seja, o Direito é algo 
que está no processo existencial do indivíduo e da coletividade. 
b. em relação ao conflito, a ação do Direito se opera em um 
único sentido, ou seja, preventivamente, ao evitar desinteli-
gências quanto aos direitos que cada parte julga ser portadora.
c. a característica fundamental da sociedade é a submissão de 
um agrupamento de pessoas iguais a leis ou sistema jurídico, 
mas é possível o convívio social harmônico sem a existência 
do Direito. 
d. o Direito, na sociedade, existe única e exclusivamente para 
aplicar penalidades de diferentes tipos. 
2. Analise as afirmações a seguir: 
I. Jurisprudência é fonte estatal do Direito e se traduz a partir 
das decisões reiteradas dos tribunais em um mesmo sentido, 
sobre uma mesma temática.
– 21 –
Noções gerais de introdução ao Direito
II. A lei é a fonte do Direito mais utilizada no ordenamento jurí-
dico brasileiro. 
III. Costume é fonte do Direito, embora não exista no ordena-
mento jurídico brasileiro previsão nesse sentido. 
IV. Acerca das fontes do Direito, existe uma única classificação.
a. Apenas as assertivas I e II estão corretas.
b. Apenas as assertivas I, II e III estão corretas.
c. Apenas a assertiva IV está correta.
d. Todas as assertivas estão corretas.
3. Analise a situação exposta e assinale a afirmação correta:
Em Curitiba, por meio da Lei n. 9.493, de 15 de abril de 1999, que 
foi votada pela Câmara de Vereadores, aprovada e entrou em vigor 
60 dias após sua publicação, é obrigatório que cães de raças consi-
deradas violentas usem focinheira ao transitarem em vias públicas. 
Porém, é comum encontrar animais sem o equipamento pelas ruas 
da cidade.
a. A citada lei não possui vigência.
b. A lei em questão não tem legitimidade.
c. O não cumprimento demonstra que ela não tem efetivi-
dade social.
d. A lei citada não possui vigência nem efetividade.
2
Direito Empresarial
Introdução
Neste capítulo, o objetivo é proporcionar a compreensão 
dos fundamentos básicos da relação mercantil e das obrigações 
decorrentes, demonstrando, assim, os principais conceitos relacio-
nados à atividade econômica organizada de fornecimento de bens 
ou serviços, denominada empresa.
Os conhecimentos apresentados são importantes para 
desenvolver o entendimento prático da legislação empresarial, obser-
vando as atividades econômicas no mercado interno e globalizado.
Pretende-se, portanto, oportunizar um aprimoramento dos 
conhecimentos, das habilidades e das atitudes no que se refere à 
legislação empresarial.
Legislação Empresarial
– 24 –
2.1 Atividade empresarial
Para viver nós precisamos, diariamente, de bens e serviços, que são 
fornecidos por organizações econômicas, estruturadas e desenvolvidas por 
pessoas que têm como objetivo ganhar dinheiro – os empresários. Pode-se 
entender que a atividade empresarial é a articulação de fatores de produção 
(capital, mão de obra, insumo e tecnologia) com a finalidade de produzir 
bens e serviços.
Os empresários surgem, quando, por meio do capital (próprio ou alheio), 
organizam-se, adquirem matéria-prima, contratam mão de obra especializada 
e desenvolvem ou adquirem tecnologia, visando a produzir bens ou serviços 
para determinado público, na perspectiva de lucro.
A atividade empresarial consiste, nesses termos, em juntar os recursos 
financeiros, humanos, materiais e tecnológicos, com o objetivo de fornecer ao 
mercado de consumo bens e serviços de qualidade e com preço competitivo 
e, em contrapartida, obter mais recursos financeiros. 
A empreitada desenvolvida pelo empresário é uma ação de risco, visto 
que por mais que ele tenha cuidado, por mais inovador que o bem ou ser-
viço possa parecer ser, pode simplesmente não agradar aos consumidores, ou, 
ainda, o desenvolvimento da empresa pode ser afetado por crises econômicas 
ou outras hipóteses alheias à sua vontade.
Quando a empresa não realiza as expectativas do empresário e não gera 
os lucros devidos, os investimentos são perdidos. Para que o risco de insucesso 
de qualquer atividade econômica seja minimizado, é necessário que o empre-
sário tenha capacidade de planejar suas atividades, identificando as possíveis 
fragilidades da empresa frente ao mercado, com a finalidade de atenuar os 
prováveis riscos.
Em suma, para que uma empresa desenvolva bens e serviços, é necessá-
ria a presença do empresário. De acordo com o artigo 966 do Código Civil, 
“considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econô-
mica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços” 
(BRASIL, 2002a). De tal definição podem-se extrair algumas características 
importantes, que são:
 2 profissionalismo;
– 25 –
Direito Empresarial
 2 atividade econômica organizada;
 2 produção ou circulação de bens ou de serviços.
Sobre o profissionalismo, em consonância com Coelho (2016), ele 
está ligado a três ordens, que são: habitualidade, pessoalidade e monopó-
lio das informações.
Nesse sentido, para que seja considerada uma atividade profissional, essa 
não pode ser esporádica. Logo, quando uma pessoa se organiza para produzir 
um bem, mesmo que seja com a finalidade de venda, porém por um pequeno 
lapso de tempo, não será considerado um empresário. Um exemplo muito 
comum são as pessoas que não estão trabalhando, que desenvolvem algum pro-
duto com a finalidade de sanar problemas financeiros emergenciais, produzem 
docinhos em casa e, assim que arranjam um emprego, param de produzi-los.
No que diz respeito à pessoalidade, refere-se à realização da atividade 
pelo empresário de forma pessoal, ou seja, por mais que a empresa contrate 
diversos empregados, para a produção ou a circulação de bens e serviços, esses 
realizam as ações em nome do empresário. 
Por fim, sobre o monopólio das informações, é a ordem mais impor-
tante no que se refere ao profissionalismo, visto que, para ser considerado um 
profissional empresário, é necessário que este concentre todas as informações 
de seu empreendimento, ou seja, que o empresário detenha o conhecimento 
sobre as condições de uso, os atributos, as matérias-primas, os riscos que o 
produto ou o serviço podem causar no seu potencial consumidor.Em suma, para que seja considerado profissional, o empresário deverá 
desenvolver sua atividade de forma permanente, de forma pessoal, e princi-
palmente ter todas as informações pertinentes aos bens ou serviços desenvol-
vidos em sua empresa.
Sobre a segunda característica para ser empresário (atividade empresa-
rial), quando o legislador prevê que o empresário “exerce profissionalmente 
uma atividade econômica organizada”, quer dizer que a empresa é uma ativi-
dade de produção ou, ainda, de circulação de bens ou serviços. É importante 
destacar que a empresa não é sinônimo de estabelecimento empresarial, visto 
que empresa é uma atividade desenvolvida e estabelecimento é o local onde é 
desenvolvida a atividade empresarial. Todavia, pode ser também considerado 
Legislação Empresarial
– 26 –
o complexo de bens organizados, para o exercício da empresa, segundo o 
Código Civil (BRASIL, 2002a), que prevê estabelecimento empresarial, no 
artigo 1.142, como “todo complexo de bens organizado, para exercício da 
empresa, por empresário, ou por sociedade empresária”.
Na concepção do Direito Empresarial moderno, a ideia central está no 
princípio da preservação da empresa, ou seja, de manter a atividade empresarial 
ativa, visto os interesses oriundos da relação empresarial, como é o caso dos pos-
tos de trabalho, dos impostos arrecadados pelo Fisco ou, ainda, do desenvolvi-
mento econômico trazido pela atividade empresarial em determinada sociedade.
Essa atividade é desenvolvida com o objetivo de lucro, porém existem 
outras atividades que são consideradas empresariais, mas não têm a finalidade 
básica de aferir lucro, como no caso das escolas religiosas. Todavia, quando 
essas empresas prestam serviços, os valores das mensalidades devem ser supe-
riores aos dos gastos com insumos, pois numa sociedade capitalista, nenhuma 
empresa se manteria sem lucratividade. O lucro, nesse caso, é um meio de 
esses religiosos empresários realizarem suas demais finalidades. Logo, o lucro 
é um meio para obtenção da finalidade dessa empresa.
Outro atributo importante derivado do conceito de empresa é o da orga-
nização, que se refere à manipulação dos quatro elementos de produção: capi-
tal, mão de obra, insumos e tecnologia, que o empresário realiza com a fina-
lidade de estruturar a sua organização econômica. Logo, podemos entender 
que, quando uma pessoa compra bens para revender, sem a presença desses 
quatro elementos de produção não pode ser considerado empresário, pois não 
organiza a mão de obra, visto que não contrata nenhum funcionário, e não 
depende de tecnologia.
E, por fim, a quarta característica importante é a produção de bens ou 
serviços, que corresponde à industrialização de bens. Logo, toda atividade de 
fabricação é empresarial. 
A atividade empresária também pode permear a prestação de serviços, 
uma vez que aquele que intermedeia a relação de consumo entre o fabricante 
e o consumidor final, ou seja, o atacadista, o varejista, exerce a profissão pre-
vista no artigo 966 do Código Civil, como é o caso das agências de turismo, 
que vendem a passagem aérea, porém não prestam o serviço de transporte 
aéreo. Ressalta-se, aqui, que a prestação de serviço é uma atividade econô-
– 27 –
Direito Empresarial
mica que não resulta em um bem tangível, como, por exemplo, a atividade 
de transporte.
Os bens e serviços se distinguem, visto que os bens são coisas materiais, 
ou seja, corpóreas, já os serviços são uma obrigação de fazer. Entretanto, com 
a utilização da internet ocorreu uma dificuldade de conceituar os objetos de 
consumo, como no caso da assinatura de jornal virtual. Contudo, mesmo no 
âmbito virtual, o ato de fornecer bens ou serviços também é considerado uma 
atividade empresarial.
A legislação que conceitua o empresário também apresenta quem não 
pode ser considerado legalmente como tal, visto que de alguma forma não 
tem as quatro características essenciais. Por exemplo, não são considerados 
empresários os indivíduos que não organizam uma empresa. Por mais que sua 
atividade gere lucro e seja consistente, não será considerado empresário. Entre 
essas atividades, o artigo 966 do Código Civil, parágrafo único, prevê que 
“Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza 
científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou cola-
boradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa” 
(BRASIL, 2002a).
No que diz respeito à profissão intelectual, encontram-se os profissio-
nais liberais, como é o caso de médicos, dentistas, arquitetos, entre outros, 
bem como os escritores e artistas de qualquer expressão, como músicos e 
atores, que não são considerados empresários. Contudo, esses profissionais 
intelectuais podem exercer atividade empresarial quando o exercício de sua 
profissão seja um elemento da empresa.
Exemplificando, será considerado empresário o médico que administrar 
e contratar um rol de médicos e vários funcionários para atender os pacientes. 
Nesse caso, mesmo que o médico continue a cuidar de seus pacientes, sua 
função é também a de exercer profissionalmente atividade econômica organi-
zada que tem a finalidade de atender vários pacientes.
No que se refere ao empresário rural, são considerados empresários as 
pessoas que têm sua atividade econômica desenvolvida principalmente fora 
do centro da cidade. São considerados exemplos de atividade econômicas 
rurais a agricultura, o extrativismo vegetal, entre outros. Todavia, essas ati-
vidades devem ser desempenhadas de forma profissional. Ressalta-se que a 
Legislação Empresarial
– 28 –
atividade rural não necessariamente ocorre fora dos perímetros da cidade, 
visto que muitas vezes a área de cultivo (sítios, fazenda) pode estar dentro da 
zona urbana, assim como as atividades em prédios rústicos dentro da cidade.
Essas atividades, no Brasil, são desenvolvidas de duas formas: ou pela 
agroindústria, ou pela agricultura familiar. Na primeira, verifica-se a presença 
de tecnologia avançada, grandes áreas de cultivo e vários empregados. Entre-
tanto, na segunda, o dono da terra e seus familiares são os que trabalharam dire-
tamente na atividade, pequena área de produção, com tecnologia mais simples. 
A legislação brasileira permite ao profissional rural que escolha se quer 
ou não ser considerado empresário, em conformidade com o artigo 971 do 
Código Civil, que diz: 
O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profis-
são, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e 
seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas 
Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará 
equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro 
(BRASIL, 2002a).
Logo, se esse profissional rural requerer sua inscrição no registro das 
empresas na Junta Comercial, será considerado um empresário. De acordo 
com Coelho (2016), os donos de pequenas empresas que desenvolvem profis-
sionalmente de forma organizada as atividades rurais familiares, na sua maio-
ria, optam por não se registrarem na Junta Comercial.
2.2 O empresário, as obrigações das empresas, 
o estabelecimento e o nome empresarial
O empresário é aquele indivíduo que exerce uma atividade articulando 
os fatores de produção, com a finalidade de obter lucro de forma habitual. 
O exercício da profissão de empresário, de acordo com a legislação, traz 
um conjunto de obrigações. A não observância destas pode ocasionar conse-
quências, inclusive penalmente. Entre elas, destaca-se:
 2 registrar-se no Registro de Empresa antes de iniciar suas atividades 
(artigo 967 do Código Civil);
– 29 –
Direito Empresarial
 2 escriturar regularmente os livros obrigatórios; 
 2 levantar balanço patrimonial e de resultado econômico a cada ano 
(artigo 1.179 do Código Civil). 
A lei trata do Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva 
sede, antes do início de sua atividade, visto que, sem esse registro, a empresa 
será consideradairregular e, por consequência, não poderá solicitar o pedido 
de falência ou, ainda, solicitar empréstimos em instituições financeiras.
Outras obrigações pertinentes ao empresário são a escrituração dos livros 
obrigatórios – que compreendem os livros empresariais Diário e Razão – e o 
levantamento anual de balanço. 
O optante pelo Simples Nacional está dispensado de qualquer escritu-
ração mercantil, ou escriturar o livro-caixa, porém deverá ter documentos 
que permitam a verificação da movimentação financeira, inclusive o registro 
bancário. Os demais microempresários e empresários de pequeno porte que 
não são optantes do Simples Nacional deverão escriturar o livro-caixa.
Sobre os livros empresariais, devem ser realizados observando-se alguns 
requisitos, conforme está previsto no artigo 1.183 do Código Civil: a escritu-
ração deverá ser feita em idioma nacional, moeda corrente, por ordem cronoló-
gica, entre outros. Os livros podem ser feitos exclusivamente em meio eletrônico.
Sobre a terceira obrigação, o artigo 1.179 do Código Civil adverte que 
o empresário é obrigado a levantar, anualmente, dois balanços: o balanço 
patrimonial e o balanço de resultado econômico. A falta desses balanços pode 
ser considerada, conforme artigo 178 do mesmo Código, um ato criminoso 
gerado pelo empresário.
O empresário também está obrigado a manter outros documentos 
essenciais para o exercício da empresa, conforme a legislação própria de cada 
atividade empresarial, como é o caso do laudo de vistoria e a liberação do 
estabelecimento pelo Corpo de Bombeiros, que tem como finalidade que o 
estabelecimento empresarial não corra risco de acidentes por causa de possí-
veis incêndios. A falta desse documento poderá gerar o pagamento de multa 
ou interdição da empresa.
Além dos já expostos, existem vários documentos obrigatórios, 
dependendo do ramo da atividade empresarial, como é o caso da autori-
Legislação Empresarial
– 30 –
zação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para as empre-
sas que comercializam medicamentos – farmácias e drogarias, de acordo 
com a Lei n. 9.782/99 (BRASIL, 1999) e a Resolução da Anvisa 238/01 
(BRASIL, 2002b).
Ressalta-se que o estabelecimento empresarial é o conjunto de bens – 
corpóreos e incorpóreos – que tem a finalidade empresarial. Logo, pode-se 
entender esse tipo de estabelecimento como um instrumento empregado pelo 
empresário para o funcionamento de sua atividade.
O empresário dispõe seus bens que integrem e desenvolvam da melhor 
maneira a atividade empresarial. Esse complexo racional de bens tem um 
valor agregado, ou seja, bens quando ordenados para o trabalho empresarial 
adquirem um valor no mercado. Contudo, os bens empresariais não podem 
ser confundidos com o patrimônio pessoal do empresário. 
No caso do empresário individual (que é sempre pessoa física), todos os 
bens são considerados seu patrimônio, tanto os bens particulares, quanto os 
bens utilizados na atividade empresarial. Todavia, o estabelecimento empre-
sarial se equivale a todos os bens (materiais ou imateriais) que são utilizados 
no desenvolvimento da atividade com fins lucrativos.
O estabelecimento empresarial possui dois elementos relevantes:
 2 o conjunto de bens;
 2 a organização.
O complexo de bens é o instrumento que o empresário tem para exercer 
suas funções empresariais. Entretanto, esse conjunto de bens deve ser orga-
nizado, conectado entre si de forma a realizar a atividade empresarial. Essa 
forma organizada pelo empresário é que o diferencia das demais empresas. 
Todas as ações que o empresário realiza para constituir sua empresa também 
são consideradas estabelecimento empresarial dessa sociedade.
Em suma, o estabelecimento empresarial é o conjunto de bens corpóreos 
(como é o caso das instalações, dos equipamentos, entre outros), bem como de 
bens incorpóreos (marcas, patentes, entre outros). E as legislações penal e civil 
disciplinam normas para proteção desses bens. Todavia, o Direito Comercial 
tem como finalidade tutelar bens incorpóreos da relação empresarial.
– 31 –
Direito Empresarial
Um dos elementos do estabelecimento empresarial é o seu nome, que é 
definido como uma palavra que o designa. Logo, é uma expressão que a iden-
tifica na função empresarial. Segundo o art. 1°, caput, da IN/DREI 15/2013: 
“nome empresarial é aquele sob o qual o empresário individual, empresa 
individual de responsabilidade Ltda. – EIRELI, as sociedades empresárias, as 
cooperativas exercem suas atividades e se obrigam nos atos a elas pertinentes” 
(BRASIL, 2013a).
O nome tem duas funções importantes, sendo: a subjetiva (que indivi-
dualiza e identifica a pessoa jurídica como um sujeito de direito) e a objetiva 
(que garante a essa pessoa jurídica sua fama, reputação).
É importante destacar que o nome empresarial não é sinônimo de marca 
nem do nome fantasia, nome do domínio ou, ainda, os chamados sinais de 
propaganda. Verificam-se as seguintes diferenças:
 2 Segundo o artigo 122 da Lei n. 9.279/1996 (BRASIL, 1996), 
marca é “aquela usada para distinguir produto ou serviço de outro 
idêntico, semelhante ou afim, de origem diversa”. Logo, pode-se 
entender marca como uma representação simbólica que identifica 
o produto ou o serviço do empresário. Sua tutela é feita pelo direito 
de propriedade industrial.
 2 O nome fantasia é um “apelido” que a empresa possui, ou seja, 
é um termo pelo qual a empresa é chamada – pode ser conside-
rado como um nome popular, pelo qual a empresa é conhecida 
por seus consumidores. 
 2 O nome de domínio é uma identificação eletrônica da página em 
que o produto se encontra ou, ainda, um endereço eletrônico, que 
tem como finalidade a memorização do endereço do site empresa-
rial na internet pelos usuários. Segundo o Enunciado 7, da I Jor-
nada de Direito Comercial do CJF: “O nome de domínio integra 
o estabelecimento empresarial como bem incorpóreo para todos os 
fins de direito” (BRASIL, 2013b).
 2 Os sinais de propaganda têm a finalidade de chamar atenção dos 
consumidores. A Lei n. 9.279/1996 não manteve o dispositivo que 
tutelava esse objeto. Todavia, existe o Conselho de Autorregula-
Legislação Empresarial
– 32 –
mentação Publicitária (CONAR), o qual fiscaliza os sinais de pro-
pagandas e impõe normas aos seus associados.
2.3 O empresário e o direito dos consumidores 
(desconsideração da personalidade jurídica)
Atualmente, a relação entre consumidores é disciplinada pela Lei n. 
8.078/90 (BRASIL, 1990), o Código de Proteção e Defesa do Consumidor, 
que tem a finalidade de proteger os consumidores contra os abusos de forne-
cedores de produtos e serviços. 
Essa lei é acionada toda vez que, numa relação mercantil de consumo, em 
uma das partes está o consumidor – que, de acordo com o artigo 2° dessa lei, é: 
“toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como 
destinatário final”. No outro polo, deve se encontrar o fornecedor, que o artigo 
3° traz como a “pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estran-
geira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de 
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, expor-
tação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços” 
(BRASIL, 1990).
Nesse contexto, sempre que houver uma relação entre quem exerce a 
atividade de fornecer bens ou serviços, seja para o mercado ou para o consu-
midor final, está se falando de uma relação de consumo. Logo, o Código do 
Consumidor deve ser a fonte para sanar possíveis controvérsias nesta relação 
jurídica ou nas derivadas dela.
Os contratos de compra e venda podem ser caracterizados como uma 
relação de consumo quando em um dos polos da relação se encontra o consu-
midor final. Como quando alguém compra um carro diretamente da fábrica 
ou da concessionária. A mercadoria – o carro – será entregue para a pessoa 
que usufruirá do bem. 
Porém, quando a concessionária compra o carro da fábrica para revenda, 
encontra-se diante deuma relação mercantil, pois nessa situação não se 
encontra o consumidor final. Outro exemplo de relação mercantil ocorre 
quando você compra um carro usado de seu vizinho. Em tal exemplo, verifi-
ca-se a falta do fornecedor. Nesses dois casos, o dispositivo legal para pautar 
– 33 –
Direito Empresarial
possíveis conflitos é o Código Civil, e não o Código do Consumidor, como 
nos primeiros exemplos.
O conceito de fornecedor está abarcado no conceito de empresário; 
nesse sentido o fornecedor é um empresário, que deve se pautar nas suas 
relações pelo Código do Consumidor. Observa-se ainda que a relação ou 
o contrato de consumo traz diversos direitos aos consumidores, em vários 
aspectos – entre eles, podem-se citar os prazos, a qualidade do bem etc. 
Um dos temas que o Código do Consumidor disciplina é a qualidade 
do produto e do serviço. Com essa finalidade essa lei prevê três conceitos 
importantes: fornecimento perigoso, defeituoso e viciado (BRASIL, 1990).
O fornecimento perigoso é aquele que expõe o consumidor a risco, 
devido ao produto ou serviço sofrer por falta ou inconformidade das informa-
ções prestadas pelo fornecedor. Logo, pode-se entender que o fornecimento é 
perigoso, não porque o produto ou o serviço esteja com defeito, mas porque, 
por falta de informação, o consumidor gerou o dano e, por consequência, 
colocou sua vida, ou sua saúde, sua integridade física em risco. Exemplo de 
fornecimento perigoso é o produto de limpeza que não tem nenhum defeito 
e nenhum vício, porém não traz nenhuma informação na embalagem ou no 
rótulo sobre sua composição química ou acerca de possíveis efeitos nocivos. 
Conforme o artigo 8° do Código do Consumidor, o fabricante está dis-
pensado de fornecer informações somente nos casos em que o consumidor 
tenha conhecimento prévio de possíveis danos, ou seja, os “riscos considera-
dos normais e previsíveis” (BRASIL, 1990). Como é o caso dos fabricantes de 
copo de vidro, que não precisam informar que, caso o produto quebre, pode o 
consumidor se cortar, pois essa informação é difundida entre os consumidores. 
Nesse caso de fornecimento perigoso, o problema seria sanado caso as 
informações fossem suficientes e adequadas para os consumidores. Todavia, o 
artigo 10 da mesma lei adverte que é proibido o fornecimento de produtos e 
bens que sejam altamente nocivos ou perigos para a saúde e para a segurança 
do consumidor, logo, o fornecedor não consegue, por meio de informações 
de rótulo ou de embalagem, fornecer todas as precauções que o consumidor 
necessita tomar para manusear o produto ou o serviço.
Os fornecedores (o fabricante, o produtor, o construtor, o importador 
e o prestador de serviço) respondem por dano causado por fornecimento 
Legislação Empresarial
– 34 –
perigoso de forma objetiva, ou seja, caso ocorra dano por falta de informação 
no rótulo e na embalagem, os sujeitos que fornecem o bem e o serviço serão 
considerados culpados, independentemente da vontade (ou não) de prejudi-
car alguém.
O fornecimento defeituoso ocorre quando os produtos ou serviços apre-
sentam incongruência, ou seja, o produto ou o serviço tem um problema no 
seu fornecimento. Perceba que, nesse caso, por mais que haja informação 
adequada no rótulo ou na embalagem, o dano foi causado porque o produto 
estava com problemas. 
Exemplo de fornecimento defeituoso, por erro de fábrica, é quando 
a bateria do celular esquenta demais, ocasionando uma pequena explosão, 
enquanto o celular está no bolso e, consequentemente, queima a pele do con-
sumidor. Nesse caso, o erro foi de fábrica, pois o consumidor não utilizou de 
modo errado o produto em questão.
A responsabilidade do fabricante, produtor, construtor e importador 
dos produtos ou do prestador de serviços, nas hipóteses de fornecimento 
defeituoso, é objetiva, ou seja, independentemente de culpa por parte do 
fabricante, este deverá indenizar o consumidor. 
A legislação atual expõe que existem algumas hipóteses em que o dano 
derivado do consumo não será de responsabilidade do fabricante, conforme 
o artigo 12, § 3°: a) quando o fabricante, na sua linha de produção, verificou 
possível defeito no produto e o descartou, porém alguém furtou esse produto 
e o comercializou, b) quando não existe defeito no produto, sendo caso for-
tuito ocorrido após o fornecimento; c) quando a culpa do defeito é exclusiva 
do consumidor.
Por fim, o fornecimento viciado corresponde ao serviço ou o produto 
que possui vício ou defeito de fábrica, porém é detectado pelo consumidor. 
Por exemplo, no caso de um carro que tem problema no motor, mas em que 
tal problema é descoberto pelo consumidor antes de qualquer tipo de aci-
dente, estamos falando de um vício. Todavia, se o problema do motor não for 
descoberto antes do acidente, trata-se de uma coisa defeituosa.
Ressalta-se, ainda, que os defeitos podem ser redibitórios ou aparentes. 
No primeiro caso, os defeitos são ocultos, sendo revelados somente mediante 
– 35 –
Direito Empresarial
testes e exames técnicos, enquanto o segundo refere-se aos vícios que podem 
ser vistos com uma simples análise do adquirente.
Quando ocorre o fornecimento por coisa com defeito, o fabricante pode 
solucionar a situação de três modos: a) devolver o dinheiro corrigido; b) dimi-
nuir o preço; ou c) substituir o produto ou reexecutar o serviço. Todavia, 
quando a coisa for viciada, só se poderá utilizar as duas primeiras hipóteses 
para resolver a questão.
A legislação prevê que o direito do consumidor de reclamar de um pro-
duto ou serviço não durável é de 30 dias, porém, quando o produto ou ser-
viço for considerado durável, esse período sobe para 90 dias, começando esse 
tempo, nas duas hipóteses, na entrega do produto ou na realização do serviço.
Conforme o Código do Consumidor, o fornecedor não pode fazer publici-
dade simulada, enganosa ou, ainda, abusiva (BRASIL, 2002a). Publicidade simu-
lada contempla os anúncios feitos de forma a ocultar seu caráter de propaganda. 
Exemplos disso são as reportagens que, na verdade, tem intuito de fazer propaganda.
A publicidade enganosa é aquela que leva o consumidor ao erro, ou 
seja, são publicidades que não têm todas as informações, ou estas são falsas. 
Por exemplo, as propagandas do castelo da Barbie que não informam que os 
bonecos não estão inclusosno briquedo. Muitas mães, ao irem à loja, verificam 
que o produto é vendido separadamente, gerando assim muitos transtornos.
A publicidade abusiva é aquela que agride os valores sociais, como é o 
caso das propagandas de cigarro que não tenham nenhum tipo de alerta de 
que o cigarro faz mal à saúde. Também são considerados abusivos os anúncios 
racistas, sexistas, discriminatórios e lesivos ao meio ambiente.
Os empresários que promoverem publicidade enganosa ou abusiva 
podem ser responsabilizados civil e penalmente, bem como deverão indeni-
zar o consumidor. No caso das propagandas enganosas, o consumidor poderá 
solicitar a aquisição dos produtos e serviços nas condições apresentadas.
Em suma, o Código do Consumidor tem como objetivo coibir ações dos 
fabricantes que sejam danosas aos consumidores, bem como responsabilizar 
a pessoa do empresário pelo fornecimento de produtos ou serviços que colo-
quem em risco a vida da pessoa ou a sua saúde. 
Legislação Empresarial
– 36 –
Um dos dispositivos legais que essa lei prevê é a desconsideração da personali-
dade jurídica, no seu artigo 28, nos casos em que o empresário fraudar ou abusar do 
seu direito para satisfazer seu interesse econômico em detrimento do consumidor.
Ampliando seus conhecimentos
Desconsideração da personalidade jurídica da 
sociedade limitada e a responsabilidade civil 
dos sócios administradores
(SOUZA, 2017)
[...]
A desconsideração da personalidade jurídica é instituto 
essencial para combater as fraudes praticadas por meio de pes-
soas jurídicas afastando a autonomia patrimonial entre sócios 
e sociedade; dessa forma o caráter absoluto da autonomia 
patrimonial restou superado diante da constataçãode que ela 
poderia ser utilizada para fins ilícitos. Assim, a desconside-
ração da personalidade jurídica contribui para o aperfeiçoa-
mento da pessoa jurídica, pois permite afastar os efeitos da 
personificação para um caso específico, sem extingui-la.
O resultado da pesquisa reforçou que a separação patrimo-
nial estabelecida entre a sociedade empresária e seus sócios 
constitui um incentivo essencial para a iniciativa privada e, con-
sequentemente, para a propulsão da atividade econômica. 
Portanto, assim como não visa extinguir a pessoa jurídica, a 
desconsideração também não visa extinguir a autonomia patri-
monial, muito pelo contrário, o objetivo é assegurar que a 
pessoa jurídica seja utilizada para atender ao seu objeto social, 
– 37 –
Direito Empresarial
em toda sua plenitude, sem que haja deturpação da sua finali-
dade por meio de fraudes.
Entretanto, ao mesmo tempo em que não se pode permitir 
que a autonomia patrimonial decorrente da personalização 
seja usada de escudo para a prática de atos ilícitos, também, 
não se deve permitir a aplicação desenfreada e abusiva da 
desconsideração, desvinculada dos seus fundamentos, o que 
provocaria o desvirtuamento da teoria e do próprio instituto 
da pessoa jurídica, motivo pelo qual no âmbito do Direito 
Civil se aplica a teoria onde para desconsiderar a persona-
lidade jurídica é indispensável a prova de fraude, desvio de 
finalidade e confusão patrimonial, ou seja, a ausência de patri-
mônio da sociedade, por si só, não é motivo suficiente para 
ensejar a aplicação da superação da autonomia patrimonial da 
pessoa jurídica e a consequente responsabilização dos seus 
sócios ou administradores.
O art. 50 do Código Civil fixou expressamente a necessidade 
de existência do abuso do direito para a declaração de des-
consideração, e elegeu como circunstâncias caracterizadoras 
deste abuso o desvio de finalidade ou a confusão patrimonial.
Contudo, a utilização do instituto é possível quando presentes os 
pressupostos previstos em lei, ou seja, devendo ser observado 
se o caso concreto é passível de desconsideração da personali-
dade jurídica, pois quando não estão presentes os pressupostos 
para desconsideração ou quando for possível a responsabiliza-
ção direta do sócio administrador por ato praticado, não é cabí-
vel a desconsideração da personalidade jurídica.
Destaca-se ainda a importância de o instituto estar devida-
mente formalizado processualmente, diminuindo os riscos de 
ser aplicado de forma errônea e consequentemente trazendo 
prejuízos, seja para o credor, seja para o sócio administrador 
Legislação Empresarial
– 38 –
atingido pela desconsideração da personalidade jurídica, e 
ainda, baseado no contraditório e ampla defesa observando 
o devido processo legal.
Por meio do presente estudo, se infere que o estudo da des-
consideração da personalidade jurídica aplicada à sociedade 
limitada é extremamente relevante, pois este tipo societário é 
o mais comumente adotado, principalmente pela responsabi-
lidade limitada dos sócios, porém conforme observado nas 
doutrinas estudadas, mesmo nas sociedades limitadas podem 
os sócios responder ilimitadamente em casos de prática de 
atos ilícitos mobilizados por meio da pessoa jurídica.
[...]
Atividades
1. Sobre o empresário, assinale a alternativa correta:
a. É aquele que executa atividade por um lapso de tempo.
b. É o empregado que realiza as atividades em nome do dono 
da empresa.
c. É quem exerce profissionalmente atividade econômica organi-
zada para a produção ou circulação de bens ou serviços.
d. É aquele que possui mais votos na Assembleia Geral de Cotistas.
2. Os empresários devem manter, obrigatoriamente, dois livros 
empresariais, em boa ordem e guarda, que são:
a. Livro Diário e Livro Razão.
b. Livro Diário e Livro-Caixa.
c. Livro-caixa e Livro Razão.
d. Livro-Caixa e Livro de Inventário.
– 39 –
Direito Empresarial
3. Quando o empresário expõe o consumidor a risco, devido ao pro-
duto ou serviço sofrer por falta ou inconformidade das informações 
prestadas pelo fornecedor, estamos diante de:
a. fornecimento perigoso.
b. fornecimento defeituoso.
c. fornecimento viciado.
d. propaganda enganosa.
3
Direito Societário
Introdução 
Neste capítulo, o objetivo é proporcionar a compreensão 
dos conceitos oriundos da sociedade empresarial, demonstrando, 
assim, os principais temas relacionados ao conjunto de agentes cuja 
finalidade é exercer a função de empresário.
Os conhecimentos são importantes para que se desenvolva o 
entendimento prático da legislação empresarial, visto que no Brasil 
há mais de 16 milhões de empresas, que se diferem por seu escopo, 
bem como pela sua formação societária, conforme dados da Confe-
deração Nacional do Comércio de Bens, Serviço e Turismo (2017).
Legislação Empresarial
– 42 –
3.1 Sociedades empresárias: 
conceito e elementos
O conceito de empresário, elencado no artigo 966 do Código Civil 
(BRASIL, 2002), refere-se a uma pessoa física ou jurídica. Logo, pode-se 
entender que a pessoa física é o empresário. Entretanto, a pessoa jurídica diz 
respeito à sociedade empresarial. É oportuno observar que, conforme o artigo 
980 – A do Código Civil, existe uma nova estrutura de empresário, que é a 
EIRELI – Empresa Individual de Responsabilidade Limitada.
No panorama empresarial, verifica-se que 73% do PIB (Produto Interno 
Bruto), no ano de 2011, em contrapartida o empresário individual, movi-
mentaram 599 bilhões de reais do mesmo período, em conformidade com os 
dados do Sebrae (2014). Logo, pode-se entender que as sociedades empresa-
riais têm um desempenho muito relevante na economia.
Pode-se compreender que essa atuação mais importante da sociedade 
empresarial no panorama econômico ocorre, conforme Coelho (2016), por-
que as pessoas jurídicas buscam em suas ações diminuir os riscos empresariais, 
haja vista que os empresários constituem uma sociedade, uma vez que, neste 
modelo, ocorre a separação do patrimônio da empresa, que é desvinculada da 
pessoa do empresário, e, ainda, a possibilidade de limitação de responsabili-
dade. Com o surgimento da EIRELI, na visão de Bertoldi e Ribeiro (2016), 
ocorrerá a diminuição de sociedades empresárias.
A sociedade empresária é conceituada, conforme Fazzio Júnior (2016, 
p. 112), como “pessoa jurídica de direito privado, implementada por um 
contrato, cujo objeto social é a exploração de atividade empresarial, ou que, 
independentemente de seu objeto, adota a forma societária por ações”. Em 
suma, pode-se entender que a sociedade é uma pessoa jurídica que deriva de 
um contrato – Contrato Social ou estatuto da sociedade.
Nesse contexto, é importante destacar que a sociedade empresária se 
fundamenta na condição de ser consequência de um contrato plurilateral 
de organização, bem como é uma pessoa jurídica de direito privado. Con-
quanto o artigo 44 do Código Civil (BRASIL, 2002) considere as sociedades 
como pessoas jurídicas de direito privado, juntamente com as associações, as 
fundações, as sociedades, os partidos políticos, as organizações religiosas e a 
– 43 –
Direito Societário
EIRELI. Nem toda a sociedade possui personalidade jurídica, como é o caso 
das sociedades em comum (sociedade transitória) e a sociedade em conta de 
participação, regulamentada pelos artigos 986 até 996 do Código Civil.
Consoante ao artigo 981 do Código Civil (BRASIL, 2002), o conceito 
de sociedade é o “contrato em que pessoas reciprocamente se obrigam a con-
tribuir com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a 
partilha, entre si, dos resultados”. Logo, podem-se perceber algumas caracte-
rísticas presentes:
 2 Contrato: conforme Negrão (2016, p. 24), é instrumento público 
ou particular, registrado (todas as sociedades personificadas) ou não 
levado a registro (sociedade em comum e em conta de participação).
 2 Pessoas: refere-se a todas as possibilidades previstas na legislação, 
lembrando que a sociedade em nome coletivo, conforme o artigo 
1.039 do CódigoCivil, só pode ser formada por pessoas natu-
rais. Entretanto a sociedade subsidiária integral será constituída 
somente por pessoa jurídica, segundo o artigo 251 da LSA, e a 
sociedade em comandita simples terá sua composição de pessoas 
naturais na qualidade de sócios comanditados, no entendimento 
do artigo 1.045 do Código Civil, pessoas naturais ou jurídicas 
como sócios comanditários.
 2 Contribuição com bens e/ou serviços e partilha dos resultados: a 
sociedade tem como essência a junção do capital ou dos esforços 
das pessoas que contribuem para sua constituição, bem como todos 
os resultados são divididos entre os participantes da sociedade.
É importante, ainda, destacar que as sociedades são pessoas jurídicas 
que exercem atividade empresarial, cujo objetivo é o lucro, e têm o seu obje-
tivo negocial. Logo, pode-se entender que a sociedade se difere das demais 
pessoas jurídicas de direito privado, elencada no artigo 44 do Código Civil, 
por possuir a finalidade lucrativa, bem como por ser o empresário uma pes-
soa jurídica ou física que exerce profissionalmente uma atividade econômica 
organizada (artigo 966 do Código Civil). 
Nesse contexto, é importante observar que nem toda a atividade eco-
nômica pode ser considerada atividade empresarial, visto que, para ser uma 
Legislação Empresarial
– 44 –
atividade empresarial, deve ter a organização dos fatores de produção. As 
sociedades podem ser classificadas em duas categorias:
 2 Sociedades simples: são as constituídas por uniprofissionais. Exem-
plo: sociedades compostas por contadores.
 2 Sociedades empresárias: são as que exploram a atividade empresa-
rial, em conformidade com o artigo 966 do Código Civil, que res-
salta que o empresário exerce profissionalmente atividade econômica 
organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
As sociedades são organizações econômicas, constituídas juridicamente 
por mais de uma pessoa física ou jurídica. Possuem patrimônio próprio e têm 
como finalidade a exploração empresarial, cujo fim é a produção de bens ou 
serviços visando ao lucro. Os requisitos da sociedade empresarial são:
 2 agente capaz;
 2 objeto lícito;
 2 pluralidade de sócios;
 2 constituição de capital;
 2 conformidade com a lei.
A sociedade empresarial nasce da produção de um contrato. Nesse sen-
tido, pode-se entender como uma sociedade contratual, cuja personalidade 
jurídica deriva do registro da Junta Comercial. No entanto, esse contrato 
pode ser considerado como um pacto que tem a finalidade de constituir uma 
pessoa jurídica. Logo, pode-se perceber que a sociedade empresarial é a união 
de várias pessoas físicas ou pessoas jurídicas, com o objetivo de lucro, por 
meio de exploração de atividade econômica, a qual possui como escopo a 
produção e circulação de bens e/ou serviços.
Pode-se entender ainda que o estatuto da empresa tem essência contra-
tual, visto que é considerado um contrato institucional, no qual mais de duas 
pessoas, por meio de escritura pública ou deliberação assemblear, colaboram 
com a concepção do capital social e, por consequência, recebem o direito de 
auferir lucros pela exploração da atividade empresarial. É oportuno ressaltar 
– 45 –
Direito Societário
que, nas sociedades anônimas, os acionistas são partícipes de capital; logo, 
essa sociedade não está vinculada aos sócios, todavia os acionistas firmam o 
capital para criar a companhia.
De acordo com o artigo 982 do Código Civil (BRASIL, 2002): “salvo as 
exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o 
exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, sim-
ples, as demais”. Logo, pode-se entender que o que conceitua uma sociedade 
empresarial é seu objetivo social, que deve ser a exploração da empresarialidade.
Entretanto, na concepção de Fazzio (2016), para que seja uma sociedade 
empresária, deve ser formalizada essa união de pessoas, ou seja, deve ser mate-
rializada por meio de Contrato Social, que deverá ser celebrado por todos os 
sócios e conforme o dispositivo 45 do Código Civil. A existência legal das 
pessoas jurídicas de direito privado começará com a inscrição de seus contra-
tos, atos constitutivos, estatutos ou compromissos em seu registro peculiar.
O artigo 982 do Código Civil (BRASIL, 2002) traz duas hipóteses em 
que a sociedade é empresarial, independentemente do seu escopo, pois traz 
em seu contexto que: “independentemente de seu objeto, considera-se empre-
sária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa”. Em suma, a sociedade 
por ações, como é o caso da sociedade anônima, será considerada uma socie-
dade empresária, mesmo que seu objetivo não seja o exercício de empresa. E 
a sociedade cooperativa vai ser sempre sociedade simples.
Observe que as sociedades simples, também denominadas sociedades 
uniprofissionais, são as que têm como objeto a exploração da profissão intelec-
tual dos seus sócios. Nesse tipo de sociedade, a presença da organização dos 
fatores de produção nem sempre está presente, porém existe uma hipótese em 
que pode existir a organização citada, que são os casos em que os sócios são 
elementos da empresa, ou seja, exploram seu objeto social com organização 
dos fatores de produção.
A presença da organização dos fatores de produção na empresa 
uniprofissional faz que o profissional intelectual seja entendido como 
empresário. Esse entendimento também se expande para a sociedade de 
profissionais intelectuais.
Legislação Empresarial
– 46 –
3.2 Distinção das sociedades empresárias
O artigo 983 do Código Civil (BRASIL, 2002) traz que “a sociedade 
empresária deve constituir-se segundo um dos tipos regulados nos artigos 
1.039 a 1.092; a sociedade simples pode constituir-se de conformidade com 
um desses tipos, e, não o fazendo, subordina-se às normas que lhe são pró-
prias”. Nesse sentido, as sociedades empresariais, em conformidade com o 
Código Civil, podem ser organizadas como:
 2 sociedade em nome coletivo (artigos 1.039 a 1.044);
 2 sociedade em comandita simples (artigos 1.045 a 1.051);
 2 sociedade anônima (artigos 1.088 a 1.089 c/c a Lei n. 6.404/1976);
 2 sociedade limitada (artigos 1.052 a 1.087);
 2 sociedade em comandita por ações (artigos 1.090 a 1.092); 
 2 sociedade simples.
Primeiramente, é importante observar que a sociedade simples não está 
elencada nos tipos descritos no artigo 983, porém pode ser organizada no 
formato de tipos empresariais, com exceção da modalidade de sociedade por 
ações, conforme o artigo 982, parágrafo único, do Código Civil. Nesse con-
texto, uma sociedade simples pode ser classificada em: 
 2 sociedade simples pura (artigos 997 a 1.038);
 2 sociedade em nome coletivo (artigos 1.039 a 1.044);
 2 sociedade em comandita simples (artigos 1.045 a 1.051);
 2 sociedade limitada (artigos 1.052 a 1.087);
Observa-se ainda que, conforme o artigo 982, parágrafo único, do 
Código Civil (BRASIL, 2002), uma sociedade cooperativa sempre será con-
siderada uma sociedade simples, independentemente de seu objeto social.
A sociedade simples, segundo os artigos 981 e 982 do Código Civil, refere-se a 
uma sociedade uniprofissional. Logo, são sociedades constituídas por profissionais 
intelectuais, cuja finalidade social é a realização de atividades intelectuais de seus 
sócios. Apesar de esse tipo societário ser considerado uma pessoa jurídica, não 
– 47 –
Direito Societário
pode sofrer falência. Seu registro deve ser realizado no Cartório, e não na Junta 
Comercial, conforme estabelecido no artigo 984 do Código Civil. 
Sobre as demais sociedades previstas no Código Civil, é importante 
destacar que as modalidades de sociedades se diferenciam segundo a sua 
atividade econômica. No que se refere à sociedade em nome coletivo, essa 
só pode ser constituída por pessoas físicas, tendo como responsável pelas 
obrigações sociais todos os sócios de forma ilimitada e solidária. Todavia, 
é facultado aos membros da sociedade em nome coletivo, limitar, no ato 
constitutivo,

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