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lp_principios_e_politicas_da_educacao_ambiental_aula5

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Este conteúdo foi produzido pelo Núcleo de Educação a Distância da Universidade Brasil e sua reprodução e distribuição são autorizadas 
apenas para alunos regularmente matriculados em cursos de graduação, pós-graduação e extensão da Universidade Brasil e das 
Faculdades e dos Centros Universitários que mantêm Convênios de Parceria Educacional ou Acordos de Cooperação Técnica com a 
Universidade Brasil, devidamente celebrados em contrato. 
 
 
 
 
PRINCÍPIOS E POLÍTICAS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
 
PEDAGOGIA ECOLÓGICA 
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 3 
 Sustentabilidade e suas concepções pedagógicas ..................................... 3 
 Sustentabilidade: matrizes que norteiam seus conceitos ........................... 4 
2. REVISÃO DA AULA .................................................................................................. 6 
3. REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 7 
 
 
 
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AULA 5 
 
 
PEDAGOGIA ECOLÓGICA 
 
 
 
 
Refletir sobre o que é sustentabilidade, as relações ambientais e 
sociais no aprendizado; 
Compreender o significado da sustentabilidade numa dimensão 
complexa e multidimensional, suas tensões e ambiguidades; 
Importância da aprendizagem ecológica. 
 
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1. INTRODUÇÃO 
Nessa aula você compreenderá o papel decisivo do educador na construção de um 
mundo sustentável. Esse papel é central, pois os professores devem trabalhar com a 
pedagogia ecológica desde a educação infantil até os últimos anos do período educacional. 
A pedagogia ecológica visa transformar o espaço da escola e organizar o currículo escolar 
para que a educação ambiental seja um tema transdisciplinar e que promova por meio de 
suas práticas melhorias ambientais. 
 
 Sustentabilidade e suas concepções pedagógicas 
A conscientização sobre a finitude dos recursos naturais e a importância do meio 
ambiente propiciaram o surgimento do discurso sobre a sustentabilidade. Segundo Jacobi: 
“O tema da sustentabilidade confronta-se com o paradigma da “sociedade de risco”. Isto 
implica a necessidade de se multiplicarem as práticas sociais baseadas no fortalecimento do 
direito ao acesso à informação e à educação em uma perspectiva integradora” (JACOBI, 2005, 
p. 241). 
Uma educação baseada em práticas e conteúdo que transcendem a preservação 
ambiental, segundo Morin “na educação ambiental crítica, o conhecimento para ser pertinente 
não deriva de saberes desunidos e compartimentalizados, mas da apreensão da realidade a 
partir de algumas categorias conceituais indissociáveis ao processo pedagógico” (MORIN, 
2002, p. 36). O educador deve estar capacitado para perceber a relação entre as áreas do 
conhecimento e de atuação das questões ambientais e da sustentabilidade enfatizando a 
formação, primeiramente, nas questões locais e depois nas globais. E principalmente, deve 
mostrar a necessidade de se enfrentar a lógica da exclusão e das desigualdades que 
permeiam a vida. Morin, assim como Paulo Freire – em Educar para a Liberdade – visam o 
desenvolvimento dos alunos para que tenham um pensamento autônomo e saibam lidar com 
a complexidade da vida. Ademais, a reflexão e a crítica são fundamentais para o 
desenvolvimento de práticas emancipatórias tanto ambiental quanto social. 
Segundo Capra, enfrentar a multiplicidade de visões, fazer conexões e articular os 
processos cognitivos com os contextos da vida é o primeiro desafio. Assim, a 
transdisciplinaridade (como pensada por Morin) estaria mais próxima do pensamento 
complexo, necessário para se pensar a sustentabilidade e praticá-la; esse pensamento pelo 
 
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fato de ter como pressuposto a transmigração e o diálogo de conceitos por meio de muitas 
disciplinas seria o mais adequado ao tema. 
 Sustentabilidade: matrizes que norteiam seus conceitos 
A sustentabilidade deve ser um meio pelo qual os homens desenvolvem suas 
atividades e não um fim em si. Mas devemos lidar sempre com a tensão desenvolvimento 
versus conservação do meio ambiente. 
Desde a Conferência de Estocolmo os organismos internacionais queriam produzir 
estratégias para gestão de questões ambientais, em uma perspectiva desenvolvimentista. O 
patrimônio natural passava a ser um bem e o bem-estar dos povos apenas uma justificativa. 
Em meio à tensão desenvolvimento versus conservação do meio ambiente, tentava-se 
pacificar o conflito entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos, permeados por 
desigualdades sociais e econômicas. Os países subdesenvolvidos defendiam a necessidade 
de desenvolvimento para a superação de crises sociais (que era uma demanda para a 
preservação ambiental), os desenvolvidos queriam manter seus níveis de crescimento e 
padrões de consumo (LIMA, 2003, p. 104). Segundo Lima, 
Grosso modo, os países pobres responsabilizavam os países ricos pela maior 
parte da degradação global, promovida por um modelo predatório de 
crescimento, e transferia para eles as iniciativas e os investimentos 
necessários à sustentabilidade. Os países ricos, por sua vez, viam o 
crescimento populacional e a poluição gerada pela pobreza como os motivos 
principais do problema e resistiam a todas as sugestões que pudessem 
representar limites à sua expansão. (LIMA, 2003, p. 104). 
O discurso da sustentabilidade surge para tentar responder às demandas e colocar 
questões político-econômicas na agenda ambiental. Esse discurso inova na medida em que 
propõe estratégias de desenvolvimento levando em consideração uma totalidade, pensando 
em aspectos ambientais, sociais, políticos e econômicos. Dessa maneira, aproximando 
ciências naturais e sociais. 
É incompatível, por sua vez, um projeto de sustentabilidade direcionado pelo mercado, 
segundo Lima (2003); esse deve se desenvolver em um ambiente democrático-participativo, 
em que as relações sejam horizontais, quando os cidadãos tenham acesso aos seus direitos 
sociais, e por isso, estão habilitados a participar das escolhas da sociedade. A complexidade 
do debate sobre a sustentabilidade faz com que ele seja apropriado por diferentes forças que 
buscam imprimir o significado que querem. Segundo o autor, duas matrizes polarizam, hoje, 
o debate sobre a sustentabilidade. 
 
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A primeira matriz diz respeito ao discurso oficial sobre sustentabilidade, compreende 
o desdobramento da proposta originada nos trabalhos da Comissão Brundtland. Essa posição 
foi assimilada por diversos setores não-governamentais e empresariais. Notamos a ênfase 
em uma dimensão econômica e tecnológica, que entende que a economia de mercado pode 
liderar o processo de transição para o desenvolvimento sustentável. Trata-se de um discurso 
conservador que opera com a lógica mercadológica (LIMA, 2003). 
A segunda matriz vai em direção oposta à primeira, possui uma compreensão 
complexa e multidimensional de sustentabilidade. Essa matriz integra múltiplas dimensões 
da vida de forma individual a coletiva; considera que a sociedade deve ter papel predominante 
na transição para a sustentabilidade social, por meio de uma democracia participativa, em 
que haja igualdade de acesso a todos. Esta matriz mais social coloca o Estado como agente 
no processo de transição e desconfia das iniciativas do mercado; ademais, a sociedade civil 
sozinha não é capaz de se opor às forças do mercado. 
Devemos considerar que por mais que haja tensões e ambiguidades, todos aceitam o 
discurso da sustentabilidade. Alguém seria contra a sustentabilidade? Porém, devemos 
considerar a segunda matriz para pensarmos as questões ambientais e sociais de modo 
universal.Falar em desenvolvimento sustentável e educação para o desenvolvimento 
sustentável é desejável quando se tem uma compreensão crítica da crise socioambiental, 
quando se questiona valores, discursos, posições políticas e entende qual o real interesse por 
trás daquele discurso: há um interesse do mercado ou um interesse social? Com isso o 
educador pode escolher o caminho para sua prática educativa. 
A abordagem do tema sobre a sustentabilidade com os alunos deve ser de modo 
democrático e participativo, em que haja diálogo. Os alunos devem ser capacitados a debater, 
analisar, julgar a si próprios de modo crítico para repensarem inclusive seus hábitos, para que 
as transformações sejam de dentro para fora. E com isso, realmente teremos o sentido do 
que é educar. A educação não pode estar dirigida a uma finalidade específica, pelo contrário, 
para se educar para a liberdade ela deve estar voltada para um todo e para a autonomia dos 
alunos. 
A educação ambiental – a sustentabilidade – tem um potencial transformador nas 
relações ambientais e sociais, pois está fortemente vinculada a um processo de 
fortalecimento dos direitos, da cidadania e da democracia. Dessa forma, os professores são 
fundamentais para a transformação da educação, que ganha com uma visão crítica de valores 
para a construção de uma sociedade ambiental sustentável. 
 
 
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FIQUE ATENTO 
 
O discurso da educação para a sustentabilidade ou para o desenvolvimento 
sustentável contribui para mudar a forma como as pessoas pensam e agem 
diante de problemas locais e mundiais. Acesse o site da UNESCO de 
Educação para o Desenvolvimento Sustentável e se inspire com as iniciativas: 
Disponível em 
<http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/education/education-for-
sustainable-development/>, acesso 15.03.2018. 
No site do Ministério da Educação encontramos uma série de publicações sobre 
educação ambiental com cartilhas explicativas e documentos oficiais. Acesse o site e veja o 
que foi desenvolvido como prática educativa para a sustentabilidade nos últimos anos, no 
Brasil: Disponível emhttp://portal.mec.gov.br/programa-saude-da-escola/194-secretarias-
112877938/secad-educacao-continuada-223369541/13639-educacao-ambiental-
publicacoes >, acesso em 15.03.2018. 
EXEMPLIFICANDO 
 
Você sabia que pode calcular a quantidade de recursos naturais que 
necessita para manter seu estilo de vida? Acesse o site Pegada Ecológica e 
calcule respondendo ao questionário, disponível em 
<http://www.pegadaecologica.org.br/2015/index.php>acesso 15.03.2018. 
Por meio dessa calculadora você pode observar melhor o seu consumo de 
recursos naturais e melhorar seus hábitos. 
 
 
2. REVISÃO DA AULA 
 Nesta unidade vimos o que é a pedagogia ecológica; 
 Aprendemos também o que é sustentabilidade; 
 Refletimos que o discurso da sustentabilidade opera uma tensão entre 
desenvolvimento e preservação do meio ambiente; 
 Importante ressaltarmos que o professor é fundamental na transformação da 
educação e na construção de uma sociedade ambiental sustentável. 
 
 
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3. REFERÊNCIAS 
CAPRA, F. As conexões ocultas. São Paulo: Cultrix, 2003. 
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: 
Paz e Terra, 2015. 51ª. Ed. 
JACOBI, P. R. Educação Ambiental: o desafio da construção de um pensamento crítico, 
complexo e reflexivo. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 2, p. 233-250, maio/ago. 2005. 
LIMA, G.C. O Discurso da Sustentabilidade e suas Implicações para a Educação. Ambiente & 
Sociedade – Vol. VI nº. 2 jul./dez. 2003. 
MELO, F. Manual de Direito Ambiental. São Paulo: Método, 2014. 
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. O que Fazem as Escolas que Dizem que Fazem Educação 
Ambiental? Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao5.pdf. Acesso 
em 14 de fevereiro de 2018. 
______. Programa saúde da escola. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/programa-saude-
da-escola/194-secretarias-112877938/secad-educacao-continuada-223369541/13639-
educacao-ambiental-publicacoes. Acesso em 14 de fevereiro de 2018. 
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Tratado de Educação Ambiental para Sociedades 
Sustentáveis e Responsabilidade Global. Disponível em: 
http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/educacaoambiental/tratado.pdf. Acesso em 14 
de fevereiro de 2018. 
MORIN, E. Complexidade e transdisciplinaridade: a reforma da universidade e do ensino 
fundamental. Natal: Editora da UFRN, 2000. 
______. Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002. 
______ et al. Educar na era planetária. São Paulo: Cortez, 2003. 
OLIVEIRA, F. M. de G. Direitos difusos e coletivos VI: Ambiental. São Paulo: Saraiva, 2012. 
 
Este conteúdo foi produzido pelo Núcleo de Educação a Distância da Universidade Brasil e sua reprodução e distribuição são autorizadas 
apenas para alunos regularmente matriculados em cursos de graduação, pós-graduação e extensão da Universidade Brasil e das 
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PEGADA ECOLÓGICA. Pegada Ecológica. Disponível em: 
http://www.pegadaecologica.org.br/2015/index.php. Acesso em 13 de fevereiro de 2018. 
UNESCO. Educação para o Desenvolvimento Sustentável no Brasil. Disponível em: 
http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/education/education-for-sustainable-development/. 
Acesso em 12 de fevereiro de 2018.

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