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MaterialDidatico[7459]

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[7459 - 25010]texto_acessivel_Aspectos_Sociologicos_filosoficos.doc
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Aspectos sociológicos, filosóficos e éticos na educação 
Aspectos Sociológicos 
Apesar de Comte ser considerado o pai da Sociologia, Émile Durkheim (1858- 1917) “é reconhecido como o autor que mais se esforçou para emancipar a Sociologia das demais ciências sociais e para constituí-la como disciplina rigorosamente científica.” (GIL, 2011, p.19). De acordo com Gil (2011), Durkheim dispensou a especulação; suas ideias foram além da reflexão filosófica e constituíram-se em um conjunto sistemático de pressupostos teóricos e metodológicos sobre toda a sociedade. Apresentou a Sociologia “como uma ciência rigorosa, centrada na constatação de fatos que poderiam ser observados, mensurados e relacionados mediante dados coletados diretamente pelos cientistas.” (GIL, 2011, p. 19). 
Conceitua Gil (2011, p. 1) que a “Sociologia é a ciência que estuda as relações sociais, as instituições sociais e a sociedade.” Afirma que a Sociologia é uma ciência social, que reúne um conjunto de conhecimentos para fornecer respostas acerca do ser humano; não estuda a ação de pessoas isoladamente, mas atitudes e comportamentos das pessoas em situações coletivas, que podem ser explicadas pelas relações estabelecidas entre si. Portanto, o objeto de estudo da Sociologia são as relações que as pessoas estabelecem entre si na sociedade: cooperação, competição, conflito, interdependências, entre outros aspectos. Salienta que a Sociologia é abrangente e, neste sentido, alega que “um fato é entendido como sociológico quando se procura entendê-lo no que diz respeito às relações que se estabelecem entre os seres humanos e as circunstâncias sociais que os afetam.” (GIL, 2011, p.2) 
Giddens (2010, p. 24) define Sociologia como “o estudo da vida social humana, dos grupos e das sociedades.” Ressalta o autor que o objeto de estudo é nosso próprio comportamento como seres sociais. A abrangência da investigação sociológica é vasta, pois inclui desde a análise de encontros ocasionais entre pessoas em qualquer espaço, até o estudo de processos sociais globais. Embora influenciados pelos contextos sociais, possuímos e criamos a nossa própria individualidade. Portanto, “é trabalho da sociologia investigar as conexões entre o que a sociedade faz de nós e o que fazemos de nós mesmos.” (GIDDENS, 2010, p. 24). 
A Sociologia possibilita ver o mundo social a partir de outros pontos de vista, fornece ajuda prática na avaliação dos resultados de iniciativas políticas e pode fornecer autoesclarecimento, ou seja, uma maior compreensão da sociedade.
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MENDONÇA, Ana Waley. Aspectos sociológicos, filosóficos e éticos na educação. Palhoça: UnisulVirtual, 2013. Designer Instrucional: Marina Cabeda Egger Moellwald. Diagramação: Marina Broering Righetto. Material didático produzido para a Unidade de Aprendizagem Prática Docente.
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Conclui Giddens (2010) que a prática da Sociologia envolve habilidade de pensar, refletir e afastar-se de ideias preconcebidas sobre a vida social.
Durkheim demonstrou que os fatos sociais têm características próprias que diferenciam a Sociologia de outras ciências e a define como “o estudo dos fatos sociais, ou seja, é o estudo sistemático do comportamento social do homem.” (OLIVEIRA, 2004, p. 9).
Afirma o autor que a Sociologia tem duplo papel:
••possibilita o aumento do conhecimento do homem de si mesmo e da sociedade; e
••pode contribuir para a solução de problemas.
Como ciência, a Sociologia pode ser geral e especial. Geral, quando investiga os fatos sociais, ou seja, considerando a sociedade em seu sentido mais amplo. Especial, quando estuda um determinado grupo sobre os fatos sociais da mesma natureza. Nesse sentido, divide-se em várias disciplinas, como Sociologia do Direito, da Religião, da Arte, do Trabalho etc.
Voltando o olhar para o espaço educativo, a Sociologia da Educação é um ramo da Sociologia Geral que estuda os fatos sociais relacionados com a educação. Considerada, então, como Sociologia Especial, a Sociologia da Educação investiga:
a educação como processo social global que ocorre em toda a sociedade; os sistemas escolares, ou seja, o conjunto de uma rede de escolas e sua estrutura de sustentação, como partes de um sistema social global; a escola como unidade sociológica; a sala de aula como subgrupo de ensino; o papel do professor. (OLIVEIRA, 2004, p. 10)
A compreensão, por parte do professor, dos conteúdos que são da área da Sociologia, proporciona o esclarecimento do processo educativo e as relações entre escola e a sociedade, ao adotar a análise da escola como grupo social e sua estrutura interna -- que surge da convivência coletiva na unidade escolar, compreendida por meio da análise sociológica da escola. Permite, ainda, investigar a influência da escola no comportamento e na personalidade das pessoas envolvidas, os padrões de interação entre escola e comunidade e os sistemas escolares a partir das relações estabelecidas pelos sistemas sociais. O estudo da realidade social possibilita a compreensão do papel da educação na sociedade, permitindo o desenvolvimento de propostas para reformas educacionais, com base em alicerces científicos.
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A natureza social do processo educativo e as relações que existem entre escola e a sociedade mostram a importância da Sociologia da Educação na formação do educador. Estudando-a, os professores tomam contato mais profundo com a realidade pedagógica e social; verificam a influência exercida pelos fatores sociais sobre o processo educativo; percebem a relação existente entre os fatores sociais e pedagógicos; adquirem uma visão mais nítida e penetrante dos fenômenos educacionais e ampliam sua cultura geral e seus conhecimentos. (OLIVEIRA, 2004, p. 11).
Diante do exposto, o autor ressalta que a educação, do ponto de vista sociológico, é a ação pela qual as gerações adultas transmitem sua cultura às gerações mais jovens, para integrá-las à sociedade e aos grupos que a constituem. Visa, portanto, socializar, ajustar os indivíduos à sociedade e também desenvolver suas potencialidades. (OLIVEIRA, 2004).
É importante ressaltar que nem todos os problemas se resolvem por meio da educação, mas é fato que ela representa condição essencial para resolvê-los. A educação é um fato social que, em princípio, tem como função socializar, integrar os indivíduos socialmente.
Do ponto de vista sociológico a educação pode ser definida como a instituição social que ao longo da vida proporciona aos seus membros o aprendizado de crenças, valores, normas, atitudes e comportamentos considerados apropriados para os integrantes de determinada cultura. (GIL, 2011, p. 180).
A escola é considerada uma organização formal, assim como as fábricas, as empresas, etc. Da mesma maneira, as escolas também atuam de forma independente, mas são condicionadas às características socioeconômicas das comunidades onde estão inseridas. “O paralelo entre as escolas e as demais instituições fica saliente quando se considera a natureza burocrática das escolas, o papel do profissional dos professores e a subcultura estudantil.” (GIL, 2011, p. 183).
Enquanto instituição, espera-se da escola que ela seja capaz de propiciar soluções para os grandes problemas sociais, que estão sempre sendo divulgados e debatidos, como a indisciplina, a violência, a passividade dos alunos, a evasão escolar, pertinentes e presentes no espaço escolar e que dizem respeito, inclusive, à qualidade do ensino.
O considerável aumento da indisciplina nas escolas é um fator preocupante para gestores e professores e também para os próprios pais de alunos. A violência é preocupante mais do que a indisciplina, pois as suas manifestações são graves: agressões a alunos e professores, presença
de armas no ambiente, entre outros fatos, estão cada vez mais emergindo no interior da escola. O bullying é um dos
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exemplos atuais, caracterizado pela intencionalidade do comportamento, o que implica a intenção de provocar mal-estar ou de ter controle sobre outra pessoa. As maiores vítimas do bullying são as crianças que apresentam características físicas que as distinguem das outras: obesidade, deficiências físicas e dificuldades de aprendizagem. A passividade dos alunos consta como outro problema sério. Sugere Freire (apud GIL, 2011), para amenizar este problema, que o professor seja capaz de motivar os alunos a participar ativamente das aulas, produzindo e adquirindo conhecimentos, sentindo-se sujeitos e não objetos da aprendizagem.
A evasão escolar é outro fato preocupante, que ocorre por várias razões: desinteresse pela escola, negligência dos pais, necessidade de trabalho, dificuldade de acesso, entre outros.
Ressalta Gil (2011) que, embora se reconheça a eficácia de programas para evitar o abandono escolar, de modo que as crianças e, principalmente os jovens permaneçam na escola, é preciso torná-la atrativa, interessante e cativante, revendo os currículos, as estratégias de ensino e aprendizagem e a qualificação dos docentes.
No que diz respeito à qualidade de ensino, a educação deve ter propósitos amplos, não podendo ser tão seletiva. A educação acompanha o desenvolvimento das nações e interessa ter um número cada vez maior de pessoas escolarizadas. Nesse sentido, deve propocionar, democraticamente, melhorias significativas no processo de ensino e aprendizagem, para as camadas populares.
Aspectos Filosóficos
A Filosofia surgiu na Grécia, por volta do século VI a.C. Considera-se que tenha sido Pitágoras de Samos (582-497 a.C.) o primeiro a utilizar a palavra “filósofo”, derivando o termo filosofia da composição de philo e sophia. Philo deriva de philia, que significa amizade ou amor fraterno, e sophia vem de sophos, que significa sábio. Etimologicamente, filosofia é entendida “como o amor pelo saber, o querer saber, enfim o respeito pelo saber.” (GHIRALDELLI JÚNIOR, 2006, p. 19). Historiadores de filosofia afirmam que esta surgiu como uma forma de explicar o mundo, em contraposição à mitologia.
“A filosofia procura dar explicações para o mundo, por meio de causas e razões. Isto é, nossas narrativas explicativas ligam o que ‘vem antes’ e o que ‘vem depois’ por sequências de causas e efeitos ou por sequências lógicas.” (GHIRALDELLI JÚNIOR, 2006, p. 20). A filosofia foi se estabelecendo historicamente a partir de filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles
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Luckesi (2011) define filosofia como um corpo de conhecimentos que se constitui a partir de um esforço que o ser humano faz para compreender o mundo, dando-lhe um sentido, um significado compreensivo. Salienta o autor que corpo de conhecimentos, em Filosofia, é um conjunto coerente e organizado de ideias sobre a realidade. Conhecimentos que expressam o entendimento do mundo, a partir de desejos, anseios e aspirações.
A Filosofia é um campo de entendimento que possibilita a reflexão da cotidianidade mais simples até a cotidianidade mais complexa, ou seja, o sentido e o destino da humanidade. Manifesta-se ao ser humano como uma forma de entendimento que propicia a compreensão da sua existência, em termos de significado, e oferece um direcionamento para a sua ação, um rumo para seguir ou, ao menos, para lutar por.
Ela estabelece um quadro organizado e coerente de ‘visão de mundo’, sustentando, consequentemente, uma proposição organizada e coerente de agir. Nós não agimos por agir. Agimos, sim, por uma certa finalidade, que pode ser mais ampla ou mais restrita. Restritas são finalidades que se referem à obtenção de benefícios imediatos, como comprar um carro, assumir um cargo. As finalidades mais amplas são aquelas que se referem ao sentido da existência: buscar o bem da sociedade, lutar pela emancipação de um povo. (LUCKESI, 2011, p. 35).
Define Politzer (apud LUCKESI, 2011) que a Filosofia é uma concepção geral do mundo da qual decorre uma forma de agir. Uma forma coerente de interpretar o mundo, que possibilita um modo de agir. Portanto, a Filosofia é “a reflexão crítica sobre o sentido e o significado das coisas, se manifesta como corpo de entendimento que cria o ideário que norteia a vida humana em todos os seus momentos, em todos os seus processos.” (LUCKESI, 2011, p. 38).
Em síntese, a Filosofia é uma forma de conhecimento, a qual, a partir da interpretação do mundo, cria uma concepção coerente e sistêmica que propicia uma forma de ação efetiva, dando significado ao mundo. Assim, para iniciar o processo de filosofar, primeiramente é preciso inventariar os valores, admitir que vivemos e vivenciamos valores e que precisamos saber quais são eles. Neste sentido, é preciso inventariar os valores que explicam e orientam a vida, a sociedade e que dimensionam as finalidades da prática humana. É preciso se perguntar quais são os valores que dão sentido a cada segmento social, como, por exemplo, a família, a educação, e o orientam. Num primeiro momento, é preciso se perguntar sobre os valores que dão sentido à família e à educação e as orientam, quando estes forem objetos de estudo, de análise. Num segundo momento, o da crítica, questioná-los em todos os ângulos possíveis, para verificar se são significativos e se, de fato, compõem o sentido que queremos dar à
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existência. O terceiro momento do filosofar é a construção crítica dos valores para compreender e orientar nossas vidas individuais e coletivas dentro da sociedade. Valores que sejam suficientemente válidos para guiar as ações na direção que queremos seguir.
“O processo de filosofar passa por três fases: inventariar os valores vigentes; criticá-los; reconstruí-los. É um processo dialético que vai de uma determinada posição para a superação teórico-prática.” (LUCKESI, 2011, p. 44).
A educação é uma atividade que necessita de pressupostos, de conceitos que norteiam a sua prática, com uma finalidade, uma intencionalidade. A Filosofia da Educação é a atividade que legitima a pedagogia, fazendo com que a educação ocorra de forma positiva. (GHIRALDELLI JÚNIOR, 2006). Dessa forma “a filosofia fornece à educação uma reflexão sobre a sociedade na qual está situada, sobre o educando, o educador e para onde esses elementos devem caminhar.” (LUCKESI, 2011, p. 46).
A Filosofia possibilita refletir sobre a prática pedagógica consciente, e não meramente mecânica. Deve-se refletir criticamente e executar uma pedagogia que questione: quem é o educando? qual é seu papel no mundo? o educador, quem é? qual seu papel no mundo? a sociedade, o que é? o que pretende? Portanto, deve-se refletir sobre a finalidade da ação pedagógica, por isto não há como realizar uma prática pedagógica sem uma reflexão filosófica. (LUCKESI, 2011).
A ação pedagógica deve estar baseada em pressupostos teórico-metodológicos que sirvam como base de orientação das ações do docente. Educar supõe transformar, portanto o referencial da pedagogia aplicada é a práxis, a ação transformadora. Isso ocorre quando há interação dialética entre teoria e prática, mediada pela ação-reflexão-ação. De acordo com Luckesi (2011, p. 48), “a reflexão filosófica sobre a educação é que dá o tom à pedagogia, garantindo-lhe a compreensão dos valores que, hoje, direcionam a prática educacional e dos valores que deverão orientá-la para o futuro.”
Diante do exposto, é necessário que o docente utilize uma pedagogia que atenda às diversidades; que o docente tenha criatividade, criticidade, flexibilidade e disponibilidade ao diálogo, que esteja sempre disposto a inovar e superar os obstáculos, que tenha sensibilidade e afetividade diante do ato de educar.
Portanto, o processo educativo deve atender às exigências da organização social, de forma
a possibilitar ao indivíduo que se aproprie dos bens culturais e materiais produzidos pela sociedade. Dessa forma, ele pode exercer um papel ativo nas relações sociais e estabelecer sua condição humana de pensar, decidir e agir com liberdade.
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Cabe à escola desenvolver programas de ensino com qualidade, voltados às necessidades da escolarização, propiciando situações de aprendizagem ao aluno, que possibilitem o desenvolvimento das suas capacidades cognitivas e afetivas, contextualizando o saber sistematizado em situações do cotidiano. Dessa forma, os conteúdos, os processos didáticos, metodologias de ensino e aprendizagem e outros elementos pertinentes à ação pedagógica só fazem sentido para o indivíduo quando ele tem a compreensão do mundo e das relações que os homens estabelecem entre si, em cada período histórico.
A filosofia, articulada com a educação, tem como tarefa propor reflexões, não somente sobre os fins da educação, mas também sobre os porquês e o como ensinar, no sentido de refletir acerca do papel da docência e das possibilidades no fazer pedagógico.
Aspectos Éticos
Na origem etimológica do termo “ética”, encontra-se a referência a ethos, morada do homem, o que significa o espaço construído pela ação do homem, transformando o mundo, conferindo a ele significações específicas.
Em sua origem mais arcaica ethos significou morada ou guardiã dos animais e mais tarde se referiu ao âmbito humano, conservando, de algum modo, esse primeiro sentido de ‘lugar de resguardo’, de refúgio ou proteção; de espaço seguro, resguardado da ‘intempérie’e no qual se costuma habitar. O sentido de ‘habitar’ou ‘morar’ está certamente entranhado no ethos humano: remete à ideia de morada interior. O ethos é ‘lugar’ humano de ‘segurança’ existencial ’. (VAZ, 1988, p. 12 apud RIOS, 2006, p. 100).
O ethos designa o espaço da cultura, do mundo modificado pelos seres humanos. No latim, o termo que designa costume é mores, o qual origina o termo “moral”. Neste sentido, “a significação originária dos termos ethos e mores tem levado a uma identificação entre os conceitos dos termos moral e ética.” (RIOS, 2006, p. 101). Entretanto, “historicamente ética passa a designar, não mais o costume, mas a reflexão sobre o costume, o questionamento sobre o costume, a busca de seu fundamento, dos princípios que o sustentam.” (RIOS, 2006, p. 101). Portanto, usa-se o termo ethos nas línguas modernas, mantendo-o em grego, com sentido de designar a maneira de agir e pensar, que constitui a forma particular de ser de um grupo, de um povo, de uma sociedade.
Nessa direção, o ethos é o ponto de partida para a constituição de lei, de regras, ou seja, o estabelecimento de uma forma de agir exigida socialmente, possibilitando aos indivíduos a participação e a interação com outros indivíduos.
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Existe, diferentemente da ética, o conceito de moral como sendo “[...] um conjunto de normas, regras e leis destinado a orientar as ações e a relação social [que] revela-se no comportamento prático dos indivíduos”. (RIOS, 2006, p. 102). A ética “pensa criticamente sobre a moral, como um conjunto de valores, princípios que orientam a conduta dos indivíduos e grupos nas sociedades. Portanto, a ética tem um caráter reflexivo, não normativo.” (RIOS, 2006, p. 105).
Corrobora Severino (2005) que a ética está em um patamar de universalidade diferente da moral, que remete sempre à particularidade dos grupos e/ou indivíduos. Nesse sentido, a ética está presente quando o indivíduo, além de dimensionar os valores que lhe são colocados pelos segmentos sociais, leva em consideração a perspectiva de realização do bem comum. No trabalho didático, configura-se uma dimensão ética quando se pensa em um ensino de boa qualidade, exercitando essa prática como deve ser. Afirma Rios (2006, p. 108), “a docência da melhor qualidade, que temos de buscar continuamente, se afirmará na explicação dessa qualidade – o quê, por quê, para quê e para quem se ensina [...].”
O docente exerce a sua profissão de forma crítica e comprometida com as necessidades concretas do contexto social onde atua, proporcionando a todos os alunos o acesso ao conhecimento vinculado à realidade. O ofício do professor acontece dentro de um sistema de educação formal, em determinada instituição escolar, num coletivo de profissionais que constituem a escola e, diante disso, ele deve, além de dominar os conteúdos específicos de sua área, usar sua criatividade na construção do bem-estar coletivo. (RIOS, 2006).
Severino (2005) ressalta que as contribuições mais críticas da Filosofia da Educação atual atribuem como tarefa principal da educação, a construção da cidadania. Para tanto, é necessário que o investimento seja efetivo em busca das condições de trabalho, da sociabilidade e da cultura. “Enquanto investe, do lado do sujeito pessoal, na construção dessa condição de cidadania, do lado dos sujeitos sociais, estará investindo na construção da democracia [...].” (SEVERINO, 2005, p. 149).
Cabe à educação, como prática intencionalizada, propiciar a integração dos educandos na vida social, possibilitando-lhes a percepção e a compreensão das relações situacionais, conseguindo, dessa forma, trazer à tona o significado de suas atividades técnicas e culturais. Nesse sentido, a educação permitirá desvendar as ideologias sociais, evitando que se instaure como mera força de reprodução social e se torne força de transformação social. Assim, ela se legitima, se estiver propiciando e mediando a inserção das novas gerações no âmbito de suas mediações existenciais. (SEVERINO, 2005).
Acrescenta Severino (2005) que a identidade específica do educador e do educando a ser construída para o enfrentamento dos desafios atuais, se apoia no
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domínio do saber teórico, na apropriação da habilitação técnica e na sensibilidade ao caráter político das relações sociais. No entanto, reforça o autor, essas dimensões só se consolidam se articuladas pela dimensão ética, pela qual o envolvimento pessoal e a sensibilidade do educador deverão estar vinculados ao comprometimento com o futuro das novas gerações. Por isso que o maior compromisso ético é ter compromisso com as responsabilidades que fazem parte da atuação docente.
[...] vincular a responsabilidade ética à responsabilidade referencial de construção de uma sociedade mais justa, mais equitativa, vale dizer, uma sociedade democrática, constituída de cidadãos participantes em condições que garantam a todos os bens naturais, os bens sociais e simbólicos, disponíveis para a sociedade concreta em que vivem, e a que todos têm direitos, em decorrência da dignidade humana de cada um. (SEVERINO, 2005, p. 152).
Diante do exposto, é fundamental que o docente tenha compreensão do que está sendo ou será proposto para ensinar nos espaços escolares, principalmente no que diz respeito às questões sociais e éticas, atuando de maneira crítica e, dessa forma, favorecendo a transformação social.
Lombardi e Goergen (2005) consideram a ética como tema do momento, apontando como motivos a desestabilidade dos valores que pautam o agir humano e do exponencial poder de manipulação do homem sobre a natureza e sobre o próprio homem, mediado pelos recursos da ciência e da tecnologia. Nesse sentido, é essencial que o diagnóstico de alguns problemas da educação contemporânea seja analisado, para que outros caminhos sejam trilhados a partir da implantação de novos projetos pedagógicos. A realização de qualquer ação pedagógica deve ser entendida e avaliada a partir do contexto social, atendendo as necessidades do público envolvido. Severino (2005) ressalta que compete à educação a tarefa da construção da cidadania, formando indivíduos capazes de contribuir para a construção de um modelo social no qual todos possam realizar-se como seres humanos.
Considerados como guia curricular que norteia o sistema de ensino
brasileiro, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) destacam como um dos temas transversais, ou seja, temas emergentes sociais que devem perpassar todas as disciplinas do currículo escolar, a ética, enfatizando, no documento, que um dos objetivos sobre o trabalho a ser realizado em torno da ética durante o ensino fundamental é possibilitar que os educandos sejam capazes de: “compreender a vida escolar como participação no espaço público, utilizando e aplicando conhecimentos adquiridos na construção de uma sociedade democrática e solidária.” (BRASIL, 1997, p. 97).
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Assim o respeito mútuo, a justiça, o diálogo e a solidariedade são enfatizados como conteúdos de ética que devem ser contemplados nos primeiros anos do ensino fundamental. Esses aspectos devem ser incluídos nos programas, devido à diversidade entre etnias, culturas, religiões e opiniões presentes na formação da população brasileira e que deve ser levada em conta. Tal diversidade pode gerar preconceitos, portanto, é importante que os educandos compreendam que todas as pessoas são dignas de respeito, independente de sexo, idade, cultura, raça, religião, classe social ou grau de escolaridade.
A proposta dos PCNs é fazer com que a ética permeie todas as disciplinas do currículo escolar e, além disso, que esteja presente nas relações internas estabelecidas na escola entre todos os que fazem parte da comunidade escolar. A convivência democrática entre professores com professores, professores com alunos e aluno com alunos é um ótimo exemplo de vivência da ética no espaço escolar. A partir do momento em que a ética fizer parte da convivência escolar, os conflitos serão resolvidos com diálogos, o respeito às diferenças individuais estará presente nas relações sociais e, assim, será possível caminhar para a construção de uma sociedade mais justa. (BRASIL, 1997).
No entanto, o engajamento de todos no processo de ensino e aprendizagem é fundamental, pois é neste aspecto que reside a ética, ou seja, atuar pedagogicamente pensando no bem coletivo. Por isso, alguns encaminhamentos éticos para a prática escolar precisam ser revistos. Entre eles, as questões que remetem à avaliação e os modos de relação que são estabelecidos em sala de aula. Portanto, é no espaço das aulas, no confronto cotidiano entre agentes e clientela, na relação entre professor e aluno que a ética (ou a falta dela) se torna presente com maior força. (AQUINO, 2013).
Um posicionamento ético efetivo por parte do profissional da educação pressupõe necessariamente um caráter inclusivo e, de certo modo, incondicional – porque “para todos”. Desse modo, a premissa da inclusão passa a ser a regra “número um” do educador cioso de seus deveres tanto profissionais quanto sociais. Longe de configurar um ato de benevolência, a relação que se deve ou pode estabelecer é de parceria, cooperação [...]. (AQUINO, 2013).
Outros preceitos éticos devem estar presentes na prática pedagógica, visando à harmonia entre discente e docente. Cabe ao educador a mudança e invenção de novas estratégias para o bem-estar da comunidade escolar e, consequentemente, o bem-estar de todos que fazem parte do contexto social, que vai além dos muros da escola.
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Referências
AQUINO, Júlio Groppa. A Questão Ética na Educação Escolar. Senac. 2013. Disponível em: <http://www.senac.br/BTS/251/boltec251a.htm>. Acesso em: 29 ago. 2013.
BRASIL. MINISTÉRIO DE EDUCAÇÃO E CULTURAL. Parâmetros curriculares nacionais: apresentação dos temas transversais, ética. Brasília: MEC/SEF, 1997.
GHIRALDELLI JÚNIOR. Paulo. Conceitos básicos: filosofia da educação e pedagogia. In: ______. Filosofia da educação. São Paulo: Ática, 2006. p.11-45.
GIDDENS, Anthony. Sociologia. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.
GIL, Antônio Carlos. Sociologia geral. São Paulo: Atlas, 2011.
LOMBARDI, José Caludinei; GOERGEN, Pedro (org). Ética educação: reflexões filosóficas e históricas. Campinas, SP: Autores Associados, 2005.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia e educação: elucidações conceituais e articulações. In: ______. Filosofia da educação. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2011. p. 33-49.
OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à sociologia da educação. 3. ed. São Paulo: Ática, 2004.
RIOS, Terezinha Azerêdo. Compreender e ensinar: por uma docência da melhor qualidade. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2006.
SEVERINO, Antônio J. Educação e ética no processo de construção da cidadania. In: LOMBARDI, José Caludinei; GOERGEN, Pedro (orgs). Ética e educação: reflexões filosóficas e históricas. Campinas, SP: Autores Associados, 2005. p. 137-154.
[7459 - 25011]texto_acessivel_Diversidadesocioculturaletnicoracial.doc
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Diversidade nos ambientes educativos 
Diversidade sociocultural na escola 
Cotidiano escolar: diferenças e identidades culturais 
Identidades e diferenças nos espaços educativos têm papel fundamental quando pensamos na inclusão e exclusão nesses ambientes. O ambiente da escola nos leva a refletir sobre todos os que o integram e sobre suas diferentes identidades. Também nos faz pensar no educador que conduz todo o trabalho nesse espaço, que produz conhecimento, partilha conhecimento e, ao mesmo tempo, aprende com todas as diversidades e identidades que compõem os espaços educativos. 
Podemos nos perguntar: o que é identidade? 
Para Jonathan Rutherford (1990, p.19, tradução nossa), 
A identidade marca o encontro de nosso passado com as relações sociais, culturais e econômicas que vivenciamos agora. A identidade é a inserção de nossas vidas cotidianas nas relações econômicas e políticas de subordinação e dominação. 
Levando em conta os aspectos relacionados à identidade, percebemos que, nos espaços educativos, a identidade se apresenta com diferentes aspectos, ligados, primeiramente, às diferenças encontradas nesses ambientes, como: raça, cor, gênero, deficiência, condição social, religião, entre outros. 
Mas o que são diferenças?
 
As diferenças, nos espaços educativos, estão ligadas aos processos de discriminação, exclusão, culturas; enfim, dizem respeito à própria identidade de cada ser participante da sociedade e escola. 
A diferença pode ser construída negativamente, por meio da exclusão ou da marginalização daquelas pessoas definidas como “os outros” ou forasteiros. Por outro lado, pode ser celebrada como fonte de diversidade, heterogeneidade e hibridismo, sendo vista como enriquecedora: é o caso dos movimentos sociais que buscam resgatar as identidades sexuais, de forma a celebrar a diferença. (SILVA, 2000, p.50).
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JUNCKES, Rosani Casanova. Diversidade nos ambientes educativos. Palhoça: UnisulVirtual, 2013. Designer Instrucional: Marina Cabeda Egger Moellwald. Diagramação: Marina Broering Righetto. Material didático produzido para a Unidade de Aprendizagem Prática Docente.
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Portanto, identidade e diferença possuem uma estrita relação, andam pelo mesmo caminho; a diferença se revela na pessoa do outro, levando em conta que, no âmbito educacional, existem diferenças sociais, culturais entre mentes e corpos, surgindo novamente a questão de como o outro é percebido na escola, qual o papel do educador, como ele é visto pelos educandos, pelos educadores, pais e comunidade. Nesse sentido, destaca-se a diferença do outro e a identidade de cada um.
Conforme Silva (2000, p. 81), “o poder de definir a identidade e de marcar a diferença não pode ser separado das relações mais amplas de poder. A identidade e a diferença não são nunca inocentes.” 
Afinal, quem é outro? 
Surgem dúvidas, inquietações para conseguir entender e saber quem é o outro, no seu grupo, do seu jeito, com suas diferenças.
A diferença sexual, de geração, de corpo, de raça, de gênero,
de idade, de língua, de classe social, de etnia, de religiosidade, de comunidade etc., a todos nos implica e determina: tudo é diferença, todas são diferenças. E não há, desse modo, alguma coisa que não seja diferença, alguma coisa que possa deixar de ser diferença, alguma coisa que possa ser o contrário, o oposto das diferenças. Seria apropriado dizer que as diferenças podem ser muito melhor compreendidas com experiências de alteridade, um estar sendo múltiplo, intraduzível e imprevisível no mundo. Em educação não se trata de melhor caracterizar o que é diversidade e quem a compõe, mas de melhor compreender como as diferenças nos constituem como humanos, como somos feitos de diferenças. E não acabar com elas, não para domesticar, senão para mantê-las em seu inquietante e perturbador mistério. (SKLIAR, 2005, p. 59).
Esses são os outros, o outro que tentamos mudar, incluir, excluir, remediar, transformar, mas que, mesmo assim, continua sendo o outro. Os outros são os diferentes, aqueles que muitas vezes tentamos negar, mas que estão presentes em nosso meio. 
O outro da educação foi sempre um outro que devia ser anulado, apagado. Mas atuais reformas pedagógicas parecem já não suportar o abandono, a distância, o descontrole. E se dirigem à captura maciça do outro para que a escola fique satisfeita com sua missão de possuir tudo dentro de seu ventre. (SKLIAR 2003, p.27).
Nesse sentido, consegue-se entender com maior clareza as questões de identidade e diferença. No ambiente educacional, trata-se de questões que
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sempre serão muito importantes para o desenvolvimento de todos os envolvidos no processo educacional bem como na sociedade. Essa discussão não se finda, apenas permeia novos debates, direcionando as necessidades que a escola possui, os valores que lá se encontram, bem como as diferenças encontradas nesses ambientes diversificados da sociedade. 
Mas quais são essas diferenças ou deficiências englobadas nesse universo da escola? Essas diferenças encontradas na escola são representadas pelos negros, surdos, cegos, cadeirantes, deficientes físicos, diferentes culturas e raças, diferentes linguagens, diferentes classes sociais. Essas são representações interculturais dentro das escolas e sociedade; são os outros, somos nós, são as diferenças encontradas nesses ambientes em nossa sociedade.
Podemos dizer tratar-se de inclusões que acontecem a cada dia na sociedade, mas que, muitas vezes, por causa da discriminação, do preconceito, convertem-se em exclusão desses outros, tidos como marginalizados em nossa sociedade.
Para Facion (2005, p. 24), 
o direito amplo à educação é o mesmo para todos, os que trabalham e os que não trabalham, os que têm material escolar, os que não têm. Assim, o direito formal é o mesmo, mas, de fato, as condições sociais e de acesso são diferenciadas. [Completa dizendo que] o ser humano não nasce excluído, torna-se excluído.
Políticas educativas interculturais
Um dos grandes desafios para os educadores é ver, saber e entender as diferenças e os conflitos advindos dessa questão no ambiente educacional. A escola precisa reconhecer que tem papel muito importante, para que mudanças possam acontecer por meio de políticas públicas e educativas, proporcionando novas relações, sendo sempre mediadora dos processos humanos, pensando em lutar contra as desigualdades sociais, contribuindo para uma sociedade mais democrática e inclusiva.
O que são políticas interculturais?
Para Forquin (1993, p.43), 
a abordagem intercultural privilegia a mudança em contraponto à continuidade, transformação em contraponto à conservação. A abordagem interculturalista em educação descortina um novo rumo à construção de novas relações identitárias, em que o reconhecimento do outro seja uma dimensão constitutiva de cada indivíduo e esteja presente na cultura institucional de cada escola.
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As políticas interculturais apresentam algumas mudanças e movimentos para a educação, de acordo com a própria sociedade política, econômica e histórica. Um desses movimentos é a inclusão de educandos de diferentes culturas, linguagens e nacionalidades.
A inclusão não significa um espaço a ser ocupado, mas, sobretudo, uma atitude e um valor que deve iluminar políticas e práticas que deem apoio a um direito tão fundamental quanto esquecido para muitos excluídos do planeta, o direito a uma educação de qualidade e as práticas escolares em que predomina a necessidade de aprender, no cenário de uma cultura escolar de aceitação e respeito pelas diferenças. (ECHEITA, 2006, p.76, tradução nossa). 
Na escola são apresentadas essas diferentes culturas: grupo menores, com diferentes valores e crenças, grupos de diferentes povos, linguagens diferentes, com direitos e deveres específicos. Assim, é necessário pensar que a interculturalidade tenta manter a diferença mesmo nos ambientes como a escola, pois é nela que muitos desses grupos se encontram no dia a dia, levando e perpassando isso à nossa sociedade, lembrando que podem surgir algumas dificuldades conforme as necessidades de cada indivíduo nestes espaços.
As políticas educacionais envolvem as redes públicas e rede privada que tentam incluir estas diferentes culturas e diferentes identidades na escola. Mas sabemos que todo trabalho e lutas levam a um trabalho árduo e com muita dedicação, e que é necessário devotar-se e ter paciência à espera por conquistas de melhoria. 
Também é importante pensar na formação do educador em relação à abordagem intercultural. Cochran-Smith (2003, p.17, tradução nossa),
acredita que as pesquisas, práticas e políticas públicas relacionadas à abordagem intercultural podem ser estudadas por meio de sete critérios principais: o estatuto da diversidade; a justiça social; os conhecimentos e as aprendizagens dos professores; a prática profissional; os efeitos da formação para a diversidade; e o recrutamento e a seleção dos professores. Deve haver a coerência global entre os diferentes critérios citados.
Ao falarmos de estatuto da diversidade, entendemos que a escola enfrenta muitos desafios quanto à formação dos educadores, à falta de oportunidades, para que eles, de fato, conheçam e desempenhem bem seu papel no processo de ensino–aprendizagem, no conhecimento das diferentes culturas que fazem parte da escola, no trabalho realizado com os grupos que lá estão.
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Para o educador, é importante conhecer a cultura de seus educandos, suas raízes, sua família – levando em consideração diferentes formações familiares –, e, a partir daí, desenvolver um trabalho de inclusão.
Para Akkari (2003, p.18, tradução nossa), 
seria oferecida a oportunidade das crianças aprenderem com professores que se assemelham a elas em termos de herança cultural, aparência étnica, linguística e até mesmo fisicamente, para fornecer modelos de sucesso e enriquecer as oportunidades de aprendizagem para todos os alunos. 
Por esse motivo, é muito importante que haja interação entre os profissionais e educandos, convívio social, preparo dos professores, educação qualificada; e que a formação seja apropriada para que as pessoas com diferenças não se sintam excluídas dentro da mesma sociedade. É importante diversificar e despertar todos os envolvidos nos espaços educativos, utilizando políticas públicas de inclusão, por meio do currículo adequado aos educandos e sempre lembrando que a vivência do dia a dia se torna muito importante para a intereção entre educando e educador.
Para alguns educadores também gestores da educação, a diversidade intercultural é vista como um fardo em função da dificuldade que eles têm em se adaptar às diferenças encontradas nos espaços educativos; mas sabemos que, para outros, os desafios em colaborar e tentar fazer a diferença na vida dos alunos representa relação de afeto e carinho que têm pela educação. 
Para Cunha (2011, p.23),
As
políticas oficiais em nosso país reconhecem o processo de inclusão como uma ação educacional que tem por meta possibilitar o ensino de acordo com as necessidades do indivíduo. Buscam permitir o fornecimento de suporte de serviços por intermédio da formação e da atuação dos seus professores.
Quando o professor assume o papel de mediador na construção do conhecimento e não pensa somente nos conteúdos, muitas vezes desvinculados da realidade dos alunos, ele potencializa a motivação e a participação dos alunos, despertando a criatividade e o pensamento crítico. 
Para Santiago, Akkari e Marques (2013, p.93), 
Também é importante sublinhar a complexidade dos processos que produzem as desigualdades educacionais e a constituição do sistema educacional, que se desenvolve em diferentes
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velocidades em distintas partes do mundo. Não se pode esquecer a importância das forças que se opõem a esse desenvolvimento; é também importante destacar o papel incitador de organizações internacionais como o Banco Mundial ou a Ocde. É útil para propor algumas pistas susceptíveis de mudança nas políticas educacionais neutralizando a diversidade cultural e favorecendo a proliferação de oportunidades educacionais desiguais.
A diversidade dos alunos apresenta-se por meio de sua cultura étnica, racial, nacional, religiosa ou linguística. Podemos mencionar que, há muito tempo, alunos surdos ou bilíngues têm dificuldades para se comunicar, tornando-se excluídos.
A política de inclusão tem por objetivo promover a educação para todos. Conforme Quadros (2002, p.27), “dos” significa incluir todos, mas, na palavra todos, há uma subdivisão que caracteriza os surdos, que também são todos, mas que se diferenciam por representarem um grupo que usa a língua de sinais como língua de interação. “No entanto, a política de inclusão que supõe a exclusão acaba por não reconhecer este diferencial”.
Assim, o Estado acaba por fortalecer ainda mais o processo de exclusão, ao garantir a educação para todos, sem garantir o acesso aos conhecimentos e a interação entre os pares surdos e os outros por meio desta língua. Não se pode falar de inclusão de surdos no ensino regular sem pensar na questão da língua e no encontro surdo-surdo.
Esses são alguns dos problemas e desafios que os alunos “diferentes” encontram, por fazerem parte da minoria na escola. Por outro lado, as políticas educacionais contribuem para que tipos de exclusões sejam reduzidos por meio de igualdades entre as diferenças, via reformas curriculares e valorização dos grupos minoritários pertencentes a nossas escolas.
De acordo com Candau (2010),
diferentes são aqueles que apresentam baixo rendimento, são oriundos de comunidades de riscos, de famílias com condições de vida de grande vulnerabilidade, que têm comportamentos que apresentam níveis diversos de violência e incivilidade, os (as) que possuem características identitárias que são associadas à anormalidade e/ou a um baixo capital cultural.
Esses diferentes são muitas vezes os pobres e marginalizados, excluídos de certos âmbitos da sociedade; nos espaços educativos, tornam-se muitas vezes excluídos pelas condições de pobreza e pela falta de condições de higiene, por exemplo, que apresentam.
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Ambientes educativos desafios culturais
Racismo e discriminação
Muito se discute a respeito de questões relacionadas ao racismo, especialmente no que diz respeito à discriminação e à exclusão. Para Gomes (2005, p.37), “o termo ético racial tem sido usado para demonstrar que estamos inseridos em uma multiplicidade de dimensões e questões que envolvem a história, a cultura e a vida do negro no Brasil.”
Muitas vezes, as questões de racismo indicam alguns comportamentos de menosprezo em relação às pessoas ou grupos que possuem características diferenciadas pela sua raça.
De acordo com Borges, Medeiros e Dadesky (2002), o racismo se manifesta de duas formas interligadas: individualmente ou institucionalmente. No primeiro caso, por meio de atos discriminatórios perpetrados por indivíduos contra indivíduos, podendo atingir níveis extremos de violência. A segunda forma implica práticas discriminatórias sistemáticas, que se manifestam sob a forma de segregação no espaço urbano, particularmente na escola e no mercado de trabalho.
O racismo brasileiro é representado, historicamente, por meio das desigualdades sociais conhecidas por todos – renda salarial, acesso à escola, gênero, cor, raça, desemprego, pobreza – e apresenta-se, muitas vezes, na população negra e indígena, que sofreu exclusão na sociedade, mas que, hoje, por meio de lutas pelos seus direitos e conquistas pelo espaço na sociedade, dão lugar a momentos de conquistas e novas perspectivas em nossa sociedade (mais) inclusiva.
Muitas vezes, na escola, professores não percebem a discriminação em relação aos alunos negros, favorecendo o seu incremento nesse ambiente, desestruturando ou excluindo esses sujeitos; mas, para que isso não venha a se repetir, educadores devem utilizar a dinâmica da inclusão por meio de atividades diferenciadas, como teatro, música, brincadeiras, possibilitando a inclusão sem distinção de cor, raça ou renda..
De acordo com Paixão (2008, p.48),
o espaço escolar deve ser o ponto de partida para a compreensão da construção das disparidades raciais no acesso à educação. A escola pode confirmar e/ou reproduzir as tradicionais assimetrias entre negros e brancos atuando como difusora do preconceito e da discriminação por meio de mecanismos de tratamento racialmente diferenciados, expressos em práticas pedagógicas que promovam estereótipos raciais ou a invisibilidade dos negros na sociedade brasileira.
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A discriminação leva, então, à desigualdade para esses grupos minoritários, que, muitas vezes, têm pouco acesso à informação, à formação e, mesmo, à conquista de espaços na sociedade. Uma questão importante é que grande parte de nossa população brasileira de cor negra ainda é analfabeta, prejudicando seu desempenho ou conquista de espaços no mercado de trabalho, por exemplo. Isso tudo faz tardar a sua chegada à universidade e, ainda mais, a conquista por uma vaga de trabalho, que, muitas vezes, acontece, não só por falta de conhecimento ou formação, mas também pelo fato de que a cor é, por si só, exclusiva.
Se tudo começa na escola, então é importante que o professor aborde as questões de racismo em momentos diferentes, proporcionando um currículo escolar adequado à realidade.
Para Gomes (2003 p.77),
é também tarefa do educador entender o conjunto de representações sobre o negro existentes na sociedade e na escola e enfatizar as representações positivas construídas politicamente pelos movimentos negros e pela comunidade negra. A discussão sobre a cultura negra poderá ajudar-nos nessa tarefa. Mas isso requer um posicionamento. Implica a construção de práticas pedagógicas de combate à discriminação racial, um rompimento com a naturalização das diferenças étnico/raciais, que acabam deslizando ao racismo biológico e reforçando o mito da democracia racial.
Precisamos possibilitar novas estratégias de inclusão e colaborar com elas, combatendo esses preconceitos e discriminação por meio de maior clareza dos próprios educadores, profissionais que possuem conhecimento e estabelecem os primeiros entendimentos sobre o que é sociedade, o que nela se encontra e quais as diferenças aí presentes.
Sabemos que a educação é um direito humano, ou seja, todos têm direito e acesso a ela. No caso desses grupos minoritários, é necessário um programa de igualdade e liberdade de expressão, de conquistas e garantia e permanência na educação e sociedade. Isso tudo nos leva a discutir algo muito importante, que foi adotado em nosso país, a lei de cotas. (BRASIL, 2012).
A lei de cotas é uma questão muito discutida em diferentes ambientes
educacionais, principalmente nas universidades públicas, em função da grande concorrência para entrar na universidade.
Trazemos, como exemplo, as orientações da Universidade Federal de Santa Catarina (PROGRAMA, 2013), a qual estabelece que os candidatos dispostos a participar do programa de ações afirmativas precisam atender aos seguintes requisitos:
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a) Tenham cursado integralmente todas as séries do Ensino Fundamental e Médio em instituições públicas de ensino, entendidas como tais aquelas mantidas pelo poder público; b) sejam de cor/raça preta ou parda e tenham traços fenótipos que os caracterizam na sociedade como pertencentes ao grupo racial negro; não se enquadram nessa situação os candidatos que não tenham traços fenotípicos que os identificam com o grupo racial negro, ainda que tenham algum ascendente negro; c) indígenas.
É importante lembrar que, conforme discussões e relatos apontados pela mídia e instituições de ensino, a política de cotas é estabelecida pelas universidades; cada uma tem suas regras, seus critérios para o ingresso desses estudantes. A adoção de cotas não é o principal meio de evitar o preconceito contra negros, mas é o início de conquistas que acontecem aos poucos, seguindo com formação continuada e preparação para o mercado de trabalho, bem como outras políticas públicas de inclusão e igualdades na universidade.
Para Santiago, Akkari, Marques (2013, p.155),
o processo de inclusão e o compromisso com a proposição de uma sociedade democrática estão intrinsecamente relacionados com o direito à educação; nesse sentido, instalamo-nos no pressuposto de que a educação é um direito humano que precisa ser garantido a todos, como forma de desigualdades sociais, como forma de mobilidade social e empoderamento de grupos historicamente marginalizados.
Além de negros serem discriminados, encontramos, em nossa sociedade, outros grupos minoritários, que também sofrem preconceito, como pessoas da classe baixa (pobres), povos indígenas, algumas religiões e moradores de rua.
Todas essas discussões nos levam a perceber várias culturas presentes nos espaços educativos. Delas, surgem as diferenças que acompanham essas culturas, valorizando cada uma com suas peculiaridades.
Iniciamos falando da cultura negra, por meio de sua história, presente em nossa sociedade. A cultura negra pode ser mais bem percebida por meio dos grupos afro-descendentes, de capoeira, de dança, além da típica comida: feijão preto, quiabo, azeite de dendê, vatapá, caruru etc.
Outra cultura que alcançou importância hoje nas escolas é a cultura surda, a qual, por meio do uso da língua de sinais, está mostrando que, apesar de suas diferenças, consegue aprender e se desenvolver, assim como ensinar.
Pesquisadores e historiadores surdos (PERLIN, 2002) concordam que a antiguidade foi um período de exclusão das pessoas surdas. O surdo era
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excluído, não tinha lugar na sociedade, não podia falar, mas hoje consegue se expor e se sente parte do processo de ensino-aprendizagem na escola. Usa a língua de sinais para se comunicar e se apresentar, com o apoio de políticas públicas de inclusão, por meio de lutas em diferentes momentos na sociedade para se tornar, de fato, incluído.
São considerados cegos aqueles que apresentam visão parcial ou falta total da visão; são diferentes, como modos específicos de viver, mas que têm plenas condições, apesar de suas limitações, de participar, efetivamente, em nossa sociedade. Sua aprendizagem ocorre por meio de sentidos preservados e pelo uso do Braille na escrita e leitura.
Poderíamos continuar a escrever sobre as diferentes culturas com as quais temos contatos e na qual estamos inseridos, mas já há um reconhecimento dessa pluralidade cultural nos espaços escolares e na sociedade enquanto um todo. Não basta aprender a valorizar cada uma do seu jeito, com suas peculiaridades e diferenças: é preciso, também, abrir espaço para os deficientes, os excluídos, aqueles que lutam para conseguir espaço na sociedade por meio de grupos minoritários.
Referências
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COCHRAN-SMITH, Marilyn. The Multiple Meanings of Multicultural Teacher Education: A Conceptual Framework. Teacher Education Quarterly, v.30, n.2, Washington, DC, 2003. Disponível em: <http://www.teqjournal.org/Back%20Issues/Volume%2030/VOL30%20PDFS/30_2/cochransmith-30_2.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2013.
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[7459 - 25012]texto_acessivel_Planejamento_acoes_docentes.doc
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Planejamento e ações docentes 
Planejamento 
Planejar é uma atividade que faz parte da vida do ser humano. Portanto, o planejamento é o momento de pensar e registrar todas as ações que deverão ser executadas em várias instâncias da vida, sejam profissionais ou pessoais. “Planejar é antecipar mentalmente uma ação a ser realizada e agir de acordo com o previsto [...].” (VASCONCELLOS, 2004, p. 350). Na área pedagógica, ou seja, na vida acadêmica, o ato de planejar é essencial, pois é o momento em que o educador escolhe e define os fundamentos didático-pedagógicos, os quais serão as bases para o seu processo de ensino e aprendizagem. Afirma Moretto (2008) que três conceitos são determinantes na orientação do planejamento e da práxis do professor/educador: 
 aprender; 
 
 ensinar; e 
 
 avaliar a aprendizagem. 
Aprender é construir significados mais complexos sobre as relações dos saberes sistematizados na vida real. Cada dia são maiores as exigências na formação das pessoas, tanto para a competência profissional, como para a sua participação como cidadão, na melhoria da qualidade de vida, tanto pessoal como de seu grupo social. (MORETTO, 2008). 
Ensinar é mediar a construção dos significados elaborados pelos educandos. Neste sentido, o papel do educador é criar condições que facilitem a compreensão de conteúdos relevantes, por meio de estratégias pedagógicas que favoreçam a aprendizagem significativa dos educandos. (MORETTO, 2008). 
Avaliar diz respeito a um momento que deve ser considerado nobre pelo docente/educador. A finalidade principal de quem avalia, independente do instrumento utilizado, é recolher sinais indicadores da possível aprendizagem significativa e, em consequência, replanejar as ações pedagógicas para que a construção do conhecimento pelo sujeito que faz parte do processo educativo, realmente aconteça. 
Portanto, “planejamento é o processo contínuo e dinâmico, de reflexão, de tomada de decisão, colocação em prática e acompanhamento.” (VASCONCELLOS, 2004, p. 80). O autor destaca três dimensões do planejamento:
Nota de rodapé
(Início de roda pé)
MENDONÇA, Ana Waley. Planejamento e ações docentes. Palhoça: UnisulVirtual, 2013. Designer Instrucional: Marina Cabeda Egger Moellwald. Diagramação: Marina Broering Righetto. Material didático produzido para a Unidade de Aprendizagem Prática Docente. Adaptação de PANDINI, Carmem Maria Cipriani. Didática I: livro didático. 2. rev. e atual. Palhoça: UnisulVirtual, 2008.
(Fim de nota de rodapé)
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realidade;
finalidade; e
plano de mediação.
Portanto, planejar é intervir na realidade, favorecendo a transformação dos sujeitos, dos grupos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem. Este intervir na realidade corresponde à finalidade, à intencionalidade do que se pretende modificar. O plano de mediação é a previsão das ações. Portanto, é fundamental levar em consideração os meios disponíveis e as formas adotadas para a realização das atividades estabelecidas.
Nessa direção, planejar é acreditar na possibilidade de mudança da realidade, perceber a importância de mediação teórico-metodológica e vislumbrar a realização de determinada ação. Por isto, a atividade de projetar deve ser carregada de sentido, de intenções, pois, a partir da disposição para realizar alguma mudança, o educador considera o planejamento como necessário e possível. (VASCONCELLOS, 2004).
Em qualquer contexto em que práticas educativas são desenvolvidas, o planejamento, que antecede a realização dessas, é fundamental, pois as ações e/ou projetos desenvolvidos devem atender às necessidades e aos interesses dos participantes, possibilitando transformações na realidade trabalhada e, dessa forma, atendendo os resultados pretendidos.
Na educação, planejar é uma atividade essencial para atingir as metas a que nos propomos, pois previne surpresas e improvisações.
É impossível enumerar todos tipos e níveis de planejamento necessários à atividade humana. Sobretudo porque, sendo a pessoa humana condenada, por sua racionalidade, a realizar algum tipo de planejamento, está sempre ensaiando processos de transformar suas ideias em realidade. Embora não o faça de maneira consciente e eficaz, a pessoa humana possui uma estrutura básica que a leva a divisar o futuro, a analisar a realidade, a propor ações e atitudes para transformá-la. (GANDIN, 2001, p. 83).
Portanto, o ato de planejar está relacionado com “tomadas de decisões, com ações; ele prevê necessidades, tais como meios, estratégias e recursos disponíveis, visando sempre ao alcance de objetivos, em prazos determinados e etapas definidas.” (PADILHA, 2001, p. 30).
O planejamento na escola se inicia com o projeto político pedagógico, levando em conta, é claro, o planejamento das políticas educacionais para o Estado ou país e suas normativas e diretrizes. Não é mais novidade que o trabalho do
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educador assume um caráter social diante da atividade pedagógica, por ser uma função que propicia condições de aprendizagem, levando em conta as necessidades e os conteúdos. A ação de planejar requer uma atitude científica, articulada ao fazer didático-pedagógico e, para que atinja os objetivos em função dos quais é elaborada, o educador precisa seguir alguns procedimentos, passos ou etapas definidos sob o foco das premissas de ensino e aprendizagem.
Cabe ao educador planejar atividades orientadoras de ensino, ou seja, aquelas que se estruturam de modo a permitir que os sujeitos interajam, mediados por um conteúdo, negociando significados, com o objetivo de solucionar coletivamente uma situação problema.
De acordo com Moura (2001), faz parte de uma atividade orientadora de ensino:
a necessidade: ensinar;
ações: define o modo ou os procedimentos para colocar os conhecimentos em jogo no espaço educativo;
eleição de instrumentos auxiliares de ensino: os recursos metodológicos adequados a cada objetivo e ação (livro, computador, vídeo, dentre outros recursos);
processos de análise e síntese, ao longo da atividade: momentos de avaliação permanente para quem ensina e aprende.
A realização da prática docente requer consciência sobre a mesma, e isto ocorre pela reflexão sobre o que se faz e sobre as decisões que se tomam. A partir das necessidades da prática, considerando-a uma situação concreta, contextos educativos em que ocorre o ensino devem emergir do planejamento.
Os espaços onde são desenvolvidas práticas educativas devem ser espaços de aperfeiçoamento de práticas e conhecimento da realidade, de modo a articular, coerentemente, os elementos do processo de ensino, pois o educador deve ter preocupação com a elaboração de planos de ações para a execução de qualquer atividade relacionada aos projetos pedagógicos da instituição.
Nessa perspectiva, o planejamento deve conter momentos de:
elaboração, que contempla a definição dos objetivos e estratégias;
ação, com produção e discussão dos resultados;
reflexão/avaliação, a ser realizada de forma sistemática e constante; e
redimensionamento das práticas, a ser realizado no cotidiano do trabalho do docente/educador, de acordo com os resultados que vão surgindo.
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Na educação escolar existem planejamentos com diferentes abrangências. O planejamento do sistema de educação é considerado o de maior abrangência, pois envolve o planejamento em nível nacional, estadual ou municipal. Esse tipo de planejamento é norteado pelas políticas educacionais, atendendo a demanda escolar, bem como o gerenciamento de recursos, entre outros procedimentos pertinentes para o oferecimento da educação formal nas três esferas.
O planejamento da escola consta
no projeto político-pedagógico da instituição, elaborado coletivamente pela comunidade escolar. Envolve a dimensão pedagógica, comunitária e administrativa da escola.
O projeto político-pedagógico é o plano global da instituição. Pode ser entendido como a sistematização, nunca definitiva, de um processo de Planejamento Participativo, que se aperfeiçoa e se concretiza na caminhada, que define claramente o tipo de ação educativa que se quer realizar. É um instrumento teórico-metodológico para a intervenção e mudança da realidade. É um elemento de organização e integração da atividade prática da instituição neste processo de transformação. (VASCONCELLOS, 2004, p. 169).
O planejamento curricular refere-se aos diversos componentes curriculares contemplados na educação básica.
Por fim, existe o plano de aula, considerado o planejamento que norteia a prática do educador no ambiente da sala de aula, ou seja, diz respeito à sua própria ação didática.
Na educação formal, níveis de planejamento são estabelecidos pelo sistema educacional, cada um com sua abrangência específica. Mas, para atuar em contextos de educação não formais, ou seja, em contextos que não seguem o padrão de ensino oficial, como acontece em ONGs, associações que desenvolvem atividades educativas, o planejamento que será elaborado pelo educador também precisa ser pensado, prevendo todas as ações/atividades que serão executadas para alcançar os objetivos, as habilidades e competências pretendidas naquela realidade. Em qualquer ambiente em que são desenvolvidas práticas educativas, o ato de planejar é fundamental, pois existe a intencionalidade e a finalidade para transformar aquela realidade.
Portanto, o processo de planejamento é de grande valia quando busca ressignificar, orientar e dinamizar o trabalho do educador. Planejar impõe um envolvimento sincero na elaboração; é um trabalho exigente e necessário e deve estar sempre aberto à realidade. (VASCONCELLOS, 2004).
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Ações docentes
Pensar a educação, suas políticas e seus projetos é ter de pensar, também, a formação do homem como um ser capaz de viver em uma realidade imprevisível, dentro de uma sociedade em acelerado processo de transformação. Isto exige uma nova postura do educador. Não se trata apenas de métodos, mas da busca de um sentido para compreender como é que o sujeito aprende, conhece e desenvolve seu pensamento para adequar-se a tantas exigências da vida contemporânea. Entre outras condutas, exige uma disciplina rigorosa, uma grande capacidade de envolvimento com o conteúdo da aprendizagem e uma predisposição e abertura para a assimilação de coisas novas, ao lado de um espírito crítico que permita ao sujeito fazer as escolhas mais adequadas.
A pluralidade é, sem dúvida, uma das marcas mais relevantes da sociedade vigente, portanto deve ser um princípio a se considerar para a elaboração de projetos e/ou programas curriculares. Culturas, sujeitos, linguagens e diálogos passam a ser os eixos norteadores das práticas nas instituições escolares, bem como nas agências de educação informal, ONGs, associações.
Nesse sentido, há a necessidade de superar a pura teorização e memorização e favorecer situações de ensino-aprendizagem significativas, que problematizem a realidade dando significado ao ato de ensinar e aprender. O ensino deve ter sentido para aqueles que estão aprendendo. A didática deve se subordinar à aprendizagem dos educandos, pois o que importa é que haja aprendizagem e que a capacidade de interpretar, de forma crítica, e de interagir com os pares nas várias esferas da ação humana seja potencializada.
Por isso, toda a prática docente deve estar subordinada à aprendizagem em um caráter mediador e transformador, e isto se faz pela problematização do cotidiano e da ciência.
O educador Paulo Freire concebe a educação como uma prática problematizadora, uma ação que seja capaz de perceber o sujeito e fazê-lo crítico, participativo e atuante, em cujos objetivos estejam não só os conhecimentos, mas as matrizes de transformação, capazes de gerar oportunidades a partir da sua própria realidade.
Nessa perspectiva, a relação existente é horizontal, pois a troca de experiências e conhecimentos entre educador e educando é constante e se desenvolve em uma relação não hierárquica, mas parceira e dialógica.
[...] não seria possível à educação problematizadora, que rompe com os esquemas verticais característicos da educação bancária, realizar-se como prática da liberdade, sem superar a contradição entre o educador e os educandos. [...]. Desta
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maneira, o educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa. Ambos, assim, se tornam sujeitos do processo em que crescem juntos e em que os “argumentos de autoridade” já não valem. Todo problema exige uma contextualização. Na escola, principalmente, os fenômenos não podem ser analisados superficialmente ou isoladamente, mas em uma perspectiva interdisciplinar ou globalizada, ou seja, contextual, relacionando-os às variáveis que estão implicadas nessa relação. (FREIRE, 2002, p. 68).
A problematização não aceita a memorização, a dita “decoreba”, ou a repetição mecânica dos conhecimentos, pois essa não permite que os alunos percebam a realidade de forma mais completa e real e avancem no seu desenvolvimento, potencializando novos conhecimentos. Para Paulo Freire, problematização é a ação de refletir continuamente sobre o que se disse, buscando o porquê das coisas, o para quê delas. Problematizar é propor a situação como problema. Segundo ele, a primeira perspectiva da educação é que ela seja emancipatória, e isto se faz pela conscientização, problematizando a realidade, ou seja, saber ler a realidade para intervir sobre ela com autonomia. Pode-se pensar em uma desconstrução para uma construção consciente por meio da aprendizagem significativa e pelo diálogo.
[...] somente o diálogo, que implica um pensar crítico, é capaz, também, de gerá-lo. Sem ele não há comunicação e sem esta não há verdadeira educação. A que, operando a superação da contradição educador-educandos, se instaura como situação gnosiológica, em que os sujeitos incidem seu ato cognoscente sobre o objeto cognoscível que os mediatiza. (FREIRE, 2002, p. 83).
Aprender, segundo Libâneo (2006), implica uma relação com o saber, atingindo o melhor nível possível de desenvolvimento das capacidades de pensar, raciocinar, resolver problemas, que supõem determinados requisitos. É uma aprendizagem que significa ter domínio de algo que nos é importante; ninguém aprende o que não é relevante para sua vida, e aí está o grande desafio do educador. Como ensinar algo que muitas vezes, para o educando, não é interessante?
Uma das respostas é criar possibilidades para que os educandos compreendam a validade do conhecimento que será adquirido, não por imposição, mas por um contrato democrático, pois aprender trata de uma ação e saber intelectuais ligados ao discurso escolar, por isto a presença do educador como mediador é fundamental.
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maneira, o educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa. Ambos, assim, se tornam sujeitos do processo em que crescem juntos e em que os “argumentos de autoridade” já não valem. Todo problema exige uma contextualização. Na escola, principalmente, os fenômenos não podem ser analisados superficialmente ou isoladamente, mas em uma perspectiva interdisciplinar ou globalizada, ou seja, contextual, relacionando-os às variáveis que estão implicadas nessa relação. (FREIRE, 2002, p. 68).
A problematização não aceita a memorização, a dita “decoreba”, ou a repetição mecânica dos conhecimentos, pois essa não permite que os alunos percebam a realidade de forma mais completa e real e avancem no seu
desenvolvimento, potencializando novos conhecimentos. Para Paulo Freire, problematização é a ação de refletir continuamente sobre o que se disse, buscando o porquê das coisas, o para quê delas. Problematizar é propor a situação como problema. Segundo ele, a primeira perspectiva da educação é que ela seja emancipatória, e isto se faz pela conscientização, problematizando a realidade, ou seja, saber ler a realidade para intervir sobre ela com autonomia. Pode-se pensar em uma desconstrução para uma construção consciente por meio da aprendizagem significativa e pelo diálogo.
[...] somente o diálogo, que implica um pensar crítico, é capaz, também, de gerá-lo. Sem ele não há comunicação e sem esta não há verdadeira educação. A que, operando a superação da contradição educador-educandos, se instaura como situação gnosiológica, em que os sujeitos incidem seu ato cognoscente sobre o objeto cognoscível que os mediatiza. (FREIRE, 2002, p. 83).
Aprender, segundo Libâneo (2006), implica uma relação com o saber, atingindo o melhor nível possível de desenvolvimento das capacidades de pensar, raciocinar, resolver problemas, que supõem determinados requisitos. É uma aprendizagem que significa ter domínio de algo que nos é importante; ninguém aprende o que não é relevante para sua vida, e aí está o grande desafio do educador. Como ensinar algo que muitas vezes, para o educando, não é interessante?
Uma das respostas é criar possibilidades para que os educandos compreendam a validade do conhecimento que será adquirido, não por imposição, mas por um contrato democrático, pois aprender trata de uma ação e saber intelectuais ligados ao discurso escolar, por isto a presença do educador como mediador é fundamental.
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“Aprender é uma atividade de apropriação de um saber que não se possui, mas cuja existência é depositada em objetos, locais, pessoas. [...] aprender é passar da não posse à posse, da identificação de um saber virtual à sua apropriação real.” (CHARLOT, 2000, p. 68).
É importante ressaltar que ensinar e aprender são dois processos diferentes, por envolverem:
sujeitos diferentes: um educador e um educando; e
mecanismos e instrumentos distintos: o educador utiliza estratégias para mobilizar elementos necessários para oportunizar ao educando a construção de conhecimentos e o educando utiliza outros elementos para poder se apropriar do objeto a ser conhecido.
Apesar de diferentes, são caminhos a serem percorridos dentro de uma sintonia, pois, do contrário, não se efetivam os objetivos de ambos.
O caminho do conhecimento se faz “dentro da cotidianidade do aluno e na sua cultura; mais que ensinar e aprender um conhecimento, é preciso concretizá-lo no cotidiano, questionando, respondendo, avaliando, em um trabalho desenvolvido por grupos e indivíduos que constroem o seu mundo e o fazem por si mesmos”. (SAVIANI, 2000, p. 41).
Nesse contexto, é importante dizer que os dois processos (ensinar e aprender), embora distintos, são completamente dependentes um do outro, se consideramos os objetivos de cada ação. A atividade de aprender está intimamente ligada ao ensinar e envolve a mobilização de mecanismos que prescindem da ação do educador. A aprendizagem deve ser uma tessitura reconstrutiva e problematizadora da realidade para a construção do conhecimento. Para um trabalho docente significativo, não basta a mudança de perspectiva epistemológica, é necessário que esta incorpore, dialeticamente, a perspectiva da contextualização social do saber.
Libâneo (2006) percebe, na relação entre ensino e aprendizagem, o elemento que possibilita a constituição da teoria didática e da orientação para a prática docente, destacando as seguintes dimensões:
política, pois o ensino enquanto prática social favorece transformações;
científica, porque deve revelar as leis gerais e as condições concretas em que se manifestam; e
técnica, enquanto orientações da prática em situações concretas específicas.
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Nessa relação entre o ensinar da docência e o apreender do educando, o autor aponta como inerente à ação docente:
a explicitação de objetivos;
a organização e seleção de conteúdos;
a compreensão do nível cognitivo do educando; e
a definição metodológica dos meios e fins.
Aprender é colocar-se na relação com o objeto do saber, “[...] é uma relação entre duas atividades: a atividade humana que produziu aquilo que se deve aprender e a atividade na qual o sujeito que aprende se engaja – sendo a mediação entre ambas assegurada pela atividade daquele que ensina.” (CHARLOT, 2000, p. 28).
Nesse contexto, a concepção de aprendizagem deve ser assumida como desenvolvimento mental e intelectual contínuo dos educandos, durante um processo de apropriação ativa – que pode ser entendida como construção dos conceitos em um movimento de atividade – e consciente dos conhecimentos sobre o desenvolvimento prático dos fundamentos das ciências. O conceito é a unidade fundamental do conhecimento. Só a partir dos conceitos é que se torna possível definir, raciocinar, argumentar, discursar, sintetizar e transformar conscientemente. É por meio da prática social e intelectual que os indivíduos aprimoram-se na produção de conceitos de forma cada vez mais diversa, e hoje, potencializada também pela tecnologia.
É preciso, portanto, trabalhar conhecimentos que evidenciem a realidade local, mas, ao mesmo tempo, não soneguem ao educando a dimensão universal. Nesse sentido, é função do ensino o desenvolvimento da capacidade de pensar e a aquisição de instrumentos necessários à ação, mediante a inter-relação entre o objetivo e o subjetivo, cuja essência é a experiência social em toda a sua complexidade. Esta experiência se transforma em conhecimentos, habilidades e hábitos do educando, em ideias e qualidade do homem em formação, em seu desenvolvimento intelectual, ideológico e cultural geral. Essa premissa deve considerar o local e o universal e a relação entre teoria e prática.
A aprendizagem é, por excelência, construção; ação e tomada de consciência da coordenação das ações. Por isto é importante o educador conhecer como ocorre a aprendizagem para poder ter clareza para a organização da sua aula – para sua prática docente – e, acima de tudo, conhecer a realidade de seus educandos.
Deve-se, nesse sentido, partir de questões ou situações reais e concretas, contextualizadas, que interessem de fato aos educandos. Na medida em que se avança no campo do conhecimento, por meio da utilização dos diversos meios e instrumentos, maior será o nível conceitual e a capacidade de raciocínio e argumentação dos estudantes.
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À escola, historicamente, foi atribuída a responsabilidade de “transmitir” conhecimentos; ela é tributária da instituição científica, que tem como finalidade produzir novos conhecimentos e inovações, porém, cabe a essa mesma instituição gerar novas possibilidades de compreensão dos fenômenos a partir de conhecimentos científicos existentes. À escola cabe transformar conhecimentos em competências e habilidades por meio de estratégias e procedimentos que têm a função de fazer as transposições didáticas ou a simplificação do saber, ou seja, as articulações entre os conhecimentos científicos, a cultura e as experiências, gerando conhecimentos escolares.
Nesse sentido, a escola, com os seus métodos e técnicas, estabelece uma relação direta entre conhecimento escolar e conhecimento científico, sendo que muitos conteúdos são impostos à escola por fazerem parte do meio social, científico e cultural. Assim, a escola, ao organizar a “transmissão” do saber, agrega para si a responsabilidade de produzir um novo conhecimento, com base nos que se originaram da pesquisa científica.
Entretanto, perceba que os conteúdos não resultam pura e simplesmente da ciência ou da cultura, mas interagem com as diversas

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