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O positivismo normativista de Hans Kelsen Prof. Dr. Doglas Cesar Lucas Hans Kelsen (Praga, 11 de outubro de 1881 — Berkeley, 19 de abril de 1973) foi um jurista e filósofo austríaco, considerado um dos mais importantes e influentes estudiosos do Direito. Nasceu em Praga numa família judaica e com três anos se mudou, juntamente com a sua família, para Viena. Estudou direito na Universidade de Viena, recebendo o seu título de doutor em 1906. Em 1912, Kelsen casou-se com Margarete Bondi, com a qual teve duas filhas. Em 1919, tornou-se professor de Direito Público na Universidade de Viena. Em 1912, Kelsen casou-se com Margarete Bondi, com a qual teve duas filhas. Em 1919, tornou-se professor de Direito Público na Universidade de Viena. Kelsen é considerado o principal representante da chamada Escola Normativista do Direito, ramo da Escola Positivista. De família judaica, Kelsen trocou de religião algumas vezes em sua vida. A perseguição de Kelsen pelo nazismo deu-se inicialmente em razão de suas ligações com a social-democracia. Seu afastamento das cátedras universitárias não se deu inicialmente por sua condição de judeu. Posteriormente, ele foi afastado também por essa condição. Sua fuga para Alemanha foi curiosamente facilitada por um servidor da Universidade de Colônia, que era membro do Partido Nazista, mas simpatizava com Kelsen. Ele se radicou, após sair da Alemanha, na Suíça e na República Checa. Posteriormente, seguiu para Estados Unidos, onde viveu até a morte, tendo morado em Nova York e, depois, assumido cátedra na Universidade de Berkeley. 1940 A reputação de Kelsen já estava bem estabelecida nos Estados Unidos por sua defesa da democracia e pela Teoria Pura do Direito. A estatura acadêmica de Kelsen excedeu a teoria legal e alargou a filosofia política e teoria social. Sua influência abrange os campos da filosofia, ciência jurídica, a sociologia, a teoria da democracia e relações internacionais. No final de sua carreira, enquanto na Universidade da Califórnia, em Berkeley, Kelsen reescreveu a Teoria Pura do Direito em uma segunda versão. Ao longo de sua carreira ativa, Kelsen também foi um contributo significativo para a teoria da revisão judicial, a teoria hierárquica e dinâmica do direito positivo, e da ciência do direito. O objetivo de Kelsen, conforme revela o próprio autor no prefácio à obra “Teoria Pura do Direito”, era o de desenvolver uma teoria jurídica destituída de “toda a ideologia política e de todos os elementos de ciência natural, uma teoria jurídica consciente da sua especificidade porque consciente da legalidade específica do seu objeto” (KELSEN, 2000, p. XI). A Teoria Pura do Direito consubstancia-se numa teoria do Direito positivo que pretende responder à questão sobre o que é e como é o Direito a partir da adoção de um método científico puro (KELSEN, 2000, p. 01). Para Kelsen, é possível fazer um estudo científico do direito. A ciência do direito tem a função apena descritiva e não prescritiva. Sua função é descrever o direito válido. Adota para tanto uma metodologia da pureza, da neutralidade da ciência. Diferente das ciências da natureza, marcada pelo principio da causalidade, as ciências sociais normativas são marcadas pelo princípio da imputação. O direito imputa consequências (punições) a determinados comportamentos que visa desestimular. Nesse sentido o direito é uma forma de controle do uso da violência. MUNDO DO SER ≠ MUNDO DO DEVER Da mesma forma são separados pelo autor o direito da moral. Ambas regulam a conduta humana em sociedade. Mas a moral só pode estabelecer punições morais, internas ao sujeito, enquanto o direito a coercibilidade é um dos seus traços característicos. O respeito a uma regra jurídica não exige que o sujeito concorde com o conteúdo moral da norma. Essa separação é uma influência do pensamento kantiano. DIREITO ≠ MORAL Como Kelsen considera que não existem valores morais e de justiça absolutos, mas sim relativos, conclui que o direito não pode condicionar o seu conceito e nem mesma a sua validade a uma exigência moral mínima. O jurista não tem o papel de justificar ou legitimar o direito através dos valores. O jurista precisa estudar o que é e como é o direito válido. E a validade da norma não depende de valores, mas sim de uma relação objetiva com o processo de produção do direito que está descrito nas normas superiores. LOGO, direito válido é aquele direito que, independentemente dos valores, for elaborado respeitando as normas jurídicas que lhe são imediatamente superiores. DIREITO MORAL Kelsen percebe o direito como uma ordem normativa escalonada no qual as normas inferiores encontram validade nas normas superiores até se chegar a norma fundamental. Essa pirâmide hierárquica de validade se fecha na NORMA FUNDAMENTAL. Kelsen não quer recorrer à política, a moral, a justiça, por isso fecha o sistema num pressuposto de validade que ele nomina de norma fundamental. Com isso quer eliminar todos os elementos subjetivos e jusnaturalistas de fundamentação do direito. A função do sistema de normas é regular e organizar o emprego da força física, pois o direito é essencialmente uma ordem coercitiva. O direito trata de sancionar condutas e não indivíduos. O objeto da norma é a conduta humana descrita e não propriamente o sujeito em si. Por isso, a norma se dirige principalmente as pessoas responsáveis à sua aplicação, no caso de seu descumprimento. Assim, o estudo do jurista, do cientista do direito, não se detém na relação entre indivíduos, mas nas relações entre normas. Interpretação do direito Segundo Kelsen, somente o CIENTISTA do direito realiza uma interpretação como ATO DE CONHECIMENTO. O juiz, diante das indeterminações intencionais e não intencionais que existem no direito, pode ser encontrar diante de várias possibilidades interpretativas. O autor usa a metáfora da MOLDURA para explicar que podem existir várias interpretações sobre uma mesma norma, mas que dentro dos limites da lei o juiz interpreta levando em conta seus valores. A interpretação do JUIZ, portanto, é um ATO DE VONTADE, subjetivo e portanto não é neutro. Hans Kelsen empreendeu e pretendeu unir Direitos público, privado, nacional, internacional, subjetivo e objetivo. No Direito Internacional é um monista. Defende que o direito é uma ordem única e que nessa ordem jurídica o direito internacional é superior ao nacional.
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