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Jean-Jacques Rousseau

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Jean-Jacques Rousseau: Uma breve análise
Por Anderson Mendes Duarte
 A primeira frase do Capítulo I, do Livro I, do Contrato Social está transcrito: “O homem nasce livre, e por toda parte encontra-se aprisionado. O que crê senhor dos demais, não deixa de ser o mais escravo do que eles. Como se deve esta transformação? Eu o ignoro: o que poderá legitimá-la? Creio poder resolver esta questão.” Esta é, sem dúvida, a chave para o entendimento do pensamento de Rousseau e é, a partir daí, que ele formulará sua teoria.
 Rousseau não acreditava na possibilidade de compreender como se deu o processo de transformação do homem, da liberdade à escravidão, observando apenas os fatos reais que, para ele, são difíceis de serem verificados e insuficientes para um entendimento da história. Por isso, lança mão de argumentos racionais para reproduzir, hipoteticamente, a história.
 Rousseau deseja, então, identificar o que institui a desigualdade entre os homens e a servidão. Sendo assim, na medida de Hobbes e Locke, mas com conteúdo adverso, estabelece o estado de natureza do homem. O homem nasce livre e bom, e esta é a condição natural humana. O estado de natureza finda quando surge a propriedade privada, quando um homem cerca um pedaço de terra e se declara dono dela. A partir desse momento se instaura a desigualdade entre os homens e não há que se falar em estado de natureza. Para pôr fim a essa situação Rousseau arbitra que é necessário existir uma união em defesa dos fracos, instituindo regulamentos de paz e justiça onde todos sejam submetidos e obrigados a conforma-se. Unir a todos, sem distinção, num poder supremo que governe segundo “sábias leis” protegendo a todos e mantendo, segundo as palavras de Rousseau, a “concórdia eterna”.
 O pressuposto para a feitura do contrato social é bem claro, é necessário estabelecer um pacto legítimo onde, ao perder a liberdade natural, se ganha à liberdade civil. Assim, não haverá mais prejuízo a ninguém, porquanto o corpo soberano surge, após o contrato, sendo o único a determinar o modus operandi da política, controlando, inclusive, a distribuição da propriedade, já que cada um alienou o controle de sua propriedade. A realização da liberdade civil torna-se plena, porque o povo soberano participa da elaboração das leis e também esse mesmo povo as obedecem, assim constituindo um ser autônomo. Nessas condições, para Rousseau, existiria uma comunhão perfeita entre liberdade e obediência, pois a lei que se prescreve a si mesmos é um ato de liberdade. Portanto, um povo só será livre quando tiver as condições de elaborar suas leis num clima de igualdade, onde a obediência signifique uma submissão à deliberação de si mesmo e de todos os cidadãos. Uma submissão à vontade geral e não a de um indivíduo ou um grupo restrito.
 É imperativo que legitimidade do povo soberano permaneça incólume e constante. Porém, é necessário que os fins para os quais a comunidade foi constituída ganhem desenvolvimento. Para isso acontecer se faz necessários mecanismos necessários para a realização desse fim, que se encontram na administração do Estado. Para Rousseau, é importante ficar claro que o Estado é um “funcionário” do soberano e como tal possui limitações estabelecidas pelo povo. Por isso, as formas de governo poderiam variar desde que a premissa fundamental permanecesse: a soberania popular, observando as particularidades de cada país. Rousseau faz essas ressalvas, pois tem em mente a possibilidade quase que imutável que o governo teria de usurpar o soberano e subjugá-lo invertendo, assim, a autoridade intrínseca do poder soberano. Ou seja, quem estivesse governando teria a pretensão de despojar o poder soberano para si.
 Rousseau observa que a vontade não se representa, opondo-se, assim, a representação política. “No momento em que um povo se dá representantes, não é mais livre, não mais existe”, diz ele. O contratualista atina que ninguém pode querer por outro, e ao ocorrer isso, a vontade de quem a delegou não existe mais ou não será levada em consideração. A soberania é inalienável. No entanto, Rousseau percebe a necessidade de representantes e assim instrui para que haja vigilância aos representantes, sobretudo do Executivo. Por haver, aí também, uma tendência a agir contra a autoridade soberana é necessário não se descuidar dos representantes para que, além disso, não se perpetuem em suas funções. Para evitar tais situações é de bom tom trocá-los com frequência.

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