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Análise de Cromo Total e Cromo Hexavalente em Cimento Acadêmicos: Carlos Frederico Patzlaff e Michel Felipe Viecelli Universidade do Oeste de Santa Catarina O Cimento ❏ É muito utilizado na construção civil por sua capacidade como aglomerante hidráulico; ❏ É manufaturado a partir de sólidos encontrados na natureza como, o calcário, argila ou minério de ferro. ❏ No processo de clinquerização pode haver a oxidação de alguns metais pesados presentes na matéria prima, como o cromo que se transformará em Cr(VI). O Cromo ❏ É um dos mais abundantes metais pesados que compõem o cimento; ❏ Inerte em sua em sua forma comum trivalente Cr(III), todavia, o elemento pode ser oxidado durante o processo de clinquerização se transformando em cromo hexavalente Cr(VI) que pode acarretar problemas de saúde nos seres humanos; ❏ Pode ocasionar mutações e dermatite na pele, e até mesmo causar câncer. Legislação e Métodos Utilizados ❏ Por esse motivo, países da União Europeia adotam, desde de junho de 2007, as normativas ditadas pela REACH (Registration, Evaluation, Authorisation & Restriction of Chemicals), onde é estabelecido um limite de 2 mg/kg (0,0002 %) de Cr(VI) no peso seco total de cimento; ❏ Para o cumprimento da legislação, é essencial o uso de métodos de análise que comprovem a quantidade de cromo na amostra; ❏ Foram escolhidos dois métodos que serão explicados, a espectrofotometria de absorção atômica com chama (FAAS) para mensurar o valor de cromo total, bem como, a espectrofotometria de absorção molecular na região do visível para determinação de cromo hexavalente. Espectrofotometria de absorção atômica com chama (FAAS) Espectrofotometria de absorção atômica com chama (FAAS) ❏ O procedimento se baseia, no princípio de que quando se provoca a atomização de um grupo de átomos presente em determinada mistura para o estado gasoso, muitos desses elementos permanecerão em seu estado fundamental, com suas características individuais constantes. ❏ Cada um desses elementos possui uma peculiaridade, são capazes de absorver energia radiante em um comprimento de onda específico. ❏ Assim, se uma luz de comprimento de onda igual ao do átomo passar pelo local onde o mesmo permanece, parte da luz será absorvida pelo mesmo. A quantidade dessa luz que fora absorvida é equivalente ao número de átomos que estão no estado fundamental Espectrofotometria de absorção atômica com chama (FAAS) Preparo da amostra ❏ Utilizando cerca de 600 mg da mistura fundente [Na2CO3, 30%; K2CO3, 30% e H3BO3, 40% (m/m)] 100g de cimento foram decompostas por fusão; ❏ A mistura foi aquecida em bico de Bunsen por cerca de 5 min até a massa fundente se transformar em um líquido fluido transparente; ❏ Após resfriamento à temperatura ambiente, o cadinho contendo a amostra foi aquecido em mufla à temperatura de 1000 ºC por um intervalo de tempo aproximado de 1 h; ❏ Como última etapa, a mistura, depois de resfriada, foi retomada em 20 mL de HCl 1:1 (v/v), com aquecimento em banho de areia até que todo o sólido fosse dissolvido; ❏ A análise foi realizada em triplicata. Lâmpada de cátodo oco ❏ São construídas em um tubo de vidro preenchido com gás inerte (Ar ou Ne), contendo os eletrodos em uma extremidade, sendo um cátodo fabricado a partir do metal a ser analisado e um ânodo que pode ser um bastão de zicrônio ou tungstênio. ❏ A outra extremidade é fechada com uma placa de quartzo que deixa atravessar apenas os comprimentos de onda dos elemento em questão. Lâmpada de cátodo oco ❏ Seu funcionamento se dá na aplicação de uma diferença de potencial entre o cátodo e o ânodo, provocando uma descarga, que ioniza o gás de enchimento. ❏ Os átomos ficam então excitados, e instáveis, porém quando voltam ao seu estado fundamental liberam energia eletromagnética no comprimento de onda do elemento em questão Sistema nebulizador-queimador ❏ A solução é aspirada por um nebulizador pneumático e pulverizado em uma câmara de pulverização. O aerossol da amostra é misturado completamente com o combustível gás, e o oxidante que auxilia na câmara antes de sair pelo topo do queimador. ❏ O nebulizador produz gotículas de vários tamanhos, sendo que dentro do nebulizador as gotículas de maiores tamanho irão se chocar com os defletores perdendo energia, tornando-se um condensado e indo para o fundo da caixa nebulizadora, até sair pelo dreno. ❏ Somente cerca de 5% do volume de amostra inicialmente aspirado alcança a chama, que possui de 5 a 10 cm. Principais Interferentes ❏ As principais interferências são não espectrais, que podem ser, quando o fluxo de massa do analito que finalmente chega na chama não equivale a solução de medição usada na solução de calibração. ❏ O único parâmetro que influencia a taxa de aspiração do nebulizador é a viscosidade da solução, sendo que se não for possível manter estes parâmetros constante em todas as soluções de medição, as diferenças devem ser considerados pelo uso de uma técnica de calibração apropriada, como a técnica de adição AAS e Técnicas Relacionadas; ❏ Interferências de volatilização do soluto também podem ocorrer; ❏ Para combater esse interferente há o uso de a chama de óxido nitroso-acetileno mais quente que fornece uma maior atmosfera redutora e impede a formação de grandes aglomerados de óxidos refratários. Monocromador ❏ O monocromador tem por objetivo separar a linha espectral de interesse das outras linhas emitidas pela fonte de radiação, através da utilização de um prisma ou rede de difração associado a duas fendas estreitas que servem para entrada e saída da radiação. ❏ O prisma ou rede de difração (quartzo ou halográfica) irá decompor o feixe de radiação em discretos comprimentos de onda, com diferentes ângulos. Dessa forma, através da fenda de saída é possível selecionar apenas a linha de comprimento de onda desejado Detector ❏ Após a passagem pelo monocromador, a radiação chega ao detector (fotomultiplicador) que converte o sinal luminoso (fótons) em sinal elétrico; ❏ A intensidade da radiação equivale ao número de átomos na chama e, por conseguinte, à concentração do elemento; ❏ O processador permite identificar o sinal analítico e compará-lo com o dos padrões. Resultados ❏ Os resultados no espectrofotômetro de absorção atômica com chama (FAAS), são obtidos por intermédio de um computador, onde há um programa instalado no mesmo que será responsável pelos cálculos e apresentará os resultados no display. Espectrofotometria de absorção molecular na região do UV-visível ❏ A absorção de radiação UV-Visível se deve ao fato das moléculas apresentarem elétrons que podem ser promovidos a níveis de energia mais elevados mediante a absorção de energia. ❏ A absorbância é diretamente proporcional à concentração da espécie absorvente e do caminho óptico do meio absorvente. OS PRINCIPAIS COMPONENTES DE UM ESPECTROFOTÔMETRO Fonte de radiação ❏ Emite a luz que será absorvida ou não pela amostra. Lâmpada de Deutério UV (190 – 380 nm) Lâmpada de Tungstênio VIS (380 – 800 nm) Monocromador ❏ Fenda de Entrada Transmite um feixe muito estreito de radiação policromática. ❏ Prisma Dispersa a radiação proveniente da fonte em diversos comprimentos de onda permitindo isolar uma banda de comprimento da onda; ❏ Fenda de saída Posicionada em posição tal que em cada ponto do espectro, deixa passar uma banda estreita de comprimento de onda. Quanto mais estreita for a fenda de saída e quanto mais distante do sistema de dispersão, melhor será a resolução dos comprimentos de onda. Monocromador Composto por um conjunto de fendas, lentes e espelhos, juntamentecom o elemento que dispersa a radiação (prisma); A- fonte de luz B – fenda de entrada C – espelho ou lente, produz um feixe paralelo de radiação D – rede de difração E - elemento focalizador que forma de novo a imagem da fenda de entrada focando-a em uma superfície plana denominada plano focal (F) G – fenda de saída em um plano focal Cubetas ❏ Local para adição da amostra líquida; ❏ Utilizou-se cubeta de Quartzo, pois não absorve luz UV; Fotodetector ❏ São fotocélulas que detectam a quantidade de radiação existente após passar pela amostra e transforma em sinal elétrico. Determinação de Cromo (VI) nas Amostras de Cimento ❏ Empregou-se análise por espectrofotometria de absorção molecular na região do UV-visível (modelo 482, FEMTO, São Paulo, BR); ❏ Utilizou-se 1,5-difenilcarbazida como reagente cromogênico Merck (Alemanha), Preparo da solução 1,5-difenilcarbazida: 0,2 g desse reagente foi pesado e dissolvido em 100 mL de acetona (Synth) contendo 1 mL de H2SO4 (Mallinckrodt) .A solução de 1,5-difenilcarbazida foi peparada semanalmente. ❏ O comprimento de onda empregado foi de 545 nm; Preparo da amostra para a determinação de Cromo (VI) ❏ Pesou-se aproximadamente 200 mg de amostra em um béquer; ❏ Adicionou-se 10 mL de solução extratora 0,10 mol/L de Na2CO3 (1,06g em 100 mL de água destilada); ❏ Deixou-se por 10 min sob ebulição em banho de areia; ❏ Resfriou-se a temperatura ambiente; ❏ Transferiu-se para um frasco graduado de 15 mL e ajustou-se o volume para 14 mL com água destilada; Preparo da amostra para a determinação de Cromo (VI) ❏ Centrifugou-se a 4000 rpm por 10 min (marca Hermele Z modelo 200 A Labnet, Woodbridge, NJ, EUA). ❏ transferiu-se 10 mL do sobrenadante para outro frasco graduado de 15 mL; ❏ Ajustou-se o pH para 1 com a solução H2SO4 5 mol/L; ❏ Adicionou-se 1 mL do reagente 1,5-difenilcarbazida; ❏ Ajustou-se o volume da solução final para 15 mL ❏ Realizou-se triplicata para os experimentos; Preparo da amostra para a determinação de Cromo (VI) ❏ A curva analítica foi obtida diluindo-se a solução estoque de Cr(VI) no mesmo meio do branco; ❏ A solução estoque contendo 1000 mg/L de Cr(VI) foi preparada, dissolvendo-se 2,830 g de K2Cr2O7 (dicromato de potássio) da Riedel-de Haën (Alemanha), previamente seco à temperatura de 140 ºC, em 1,00 L de água destilada; Resultados ❏ Os resultados aparecem no display do espectrofotômetro Resultados ❏ Caracterizado por bandas largas devido aos vários níveis e subníveis energéticos dos orbitais moleculares e aos números de estados rotacionais e vibracionais. ❏ Para a obtenção da concentração, substitui-se o Y da equação da reta da curva de calibração pela absorbância. Resultados ❏ Para a obtenção da concentração, substitui-se o Y da equação da reta da curva de calibração pela absorbância. Espectrofotometria de absorção molecular na região do UV-visível ❏ Aplicação a muitos elementos químicos; ❏ Instrumentação barata; ❏ As amostras podem ser orgânicas ou inorgânicas; ❏ Tempo gasto por análise e considerado moderado; ❏ Custo de análise relativamente baixo; ❏ Tipo de amostras: sólidas líquidas e gasosas; Conclusão ❏ Outros métodos para a análise de cromo são a espectroscopia de fotoelétrons excitados por raios X (XPS) e a espectrometria de emissão óptica com fonte de plasma indutivamente acoplado (ICP OES), pois os mesmos podem analisar não só a quantidade do elemento em questão bem como seus estados de oxidação simultaneamente. ❏ Porém, tais equipamentos requerem um investimento muito grande, e custos de manutenção elevados, sendo que seria inviável sua implementação para muitas empresas e laboratórios de análises brasileiros. Conclusão ❏ Portanto, optou-se o uso do espectrofotômetro de absorção atômica com chama (FAAS) e espectrofotometria de absorção molecular na região do UV-visível para, devido à seu preço mais acessível para compra e manutenção, sua versatilidade, eficiência, espaço físico ocupado e sua fácil operação. ❏ Embora terem um nível de interferentes maiores que os outros equipamentos a maioria deles são conhecidos e podem ser evitados. Referências MATOS, Wladiana Oliveira; NÓBREGA, Joaquim Araújo. Especiação de cromo em cimentos e derivados de cimento brasileiros. Química Nova, v. 32, n. 8, p.2094-2097, 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422009000800020>. Acesso em: 22 maio 2019. SHARMA, Rekha; SHARMA, Devesh K.; KATYA, N.k. Study of total chromium and water soluble chromium in Indian cement samples. International Journal of Advancements in Research & Technology, India, v.3, n.2, 2014. Disponível em: <http://www.ijoart.org/docs/Study-of-total-chromium-and-water-soluble-chromium.pdf.>. Acesso em: 22 maio 2019. STOKOVÁ, A. et al. Analysis of the chromium concentrations in cement materials. In: INTERNATIONAL CONGRESS OF CHEMICAL AND PROCESS ENGINEERING CHISA, 20, 2012, Praga. Analysis of the chromium concentrations in cement materials. Praga: Elsevier, 2012. v. 42, p. 123 - 130. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1877705812028020>. Acesso em: 22 maio 2019.
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