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1 Apostila de Analise Instrumental Prof Carlos Alberto Pereira Domingues (CARLÃO) 2007 2 Índice Classificação dos métodos analíticos ........................................................................................... 2 Tipos de métodos instrumentais ................................................................................................... 3 Fundamentos da Espectrofotometria ............................................................................................ 6 Transmitância e Absorbância ........................................................................................................9 Lambert – Beer ............................................................................................................................. 9 Desvios da Lei de Beer .............................................................................................................. 11 Fotômetro fotoelétrico ................................................................................................................ 12 Espectrofotômetro UV – VIS ......................................................................................................14 Espectrofotômetro de feixe duplo .............................................................................................. 17 Cores complementares ............................................................................................................... 20 Espectrometria de emissão atômica ........................................................................................... 21 Componentes básicos de um espectrofotômetro de chama ........................................................ 23 Tipos de chama .......................................................................................................................... 27 Estrutura da chama ..................................................................................................................... 28 Perfis da temperatura .................................................................................................................. 29 Perfis da absorbância da chama ................................................................................................. 30 Atomizadores de chama ............................................................................................................. 31 Tipos de atomizadores utilizados em AA .................................................................................. 32 Exercícios ................................................................................................................................... 39 3 A Química analítica trata de métodos para a determinação da composição química de amostras. Um método qualitativo fornece informações sobre a identidade das espécies atômicas ou moleculares da matéria, um método quantitativo, em contraste, fornece informações numéricas, tais como as quantidades relativas de um ou mais destes componentes. CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS ANALÍTICOS Os métodos analíticos geralmente são classificados como sendo Clássicos ou instrumentais. Esta classificação é em grande parte histórica, pois os métodos clássicos, às vezes chamados de métodos de via úmida, precederam por um século ou mais os métodos instrumentais. MÉTODOS CLÁSSICOS Nos primeiros anos da química, a maioria das analises eram realizadas por separação dos componentes de interesse (os analitos) de uma amostra empregando-se precipitação, extração ou destilação. Para análises qualitativas, os componentes separados eram tratados com determinados reagentes, o que resultava em produtos que podiam ser reconhecidos por suas cores, seus pontos de ebulição e fusão, suas atividades ópticas ou seus índices de refração. Para análises quantitativas, a quantidade de analito era determinada por medidas titulométricas ou medidas gravimétricas. Nas medidas gravimétricas, a massa do analito ou de algum composto produzido a partir do analito era determinada. Nos procedimentos titulométricos, era medido o volume ou a massa de um reagente-padrão necessário para reagir completamente com o analito. Os métodos clássicos de separação e determinação de analitos ainda se encontram em uso em muitos laboratórios. A sua aplicação em geral está, entretanto, diminuindo com o passar do tempo e com o advento de novos métodos instrumentais. MÉTODOS INSTRUMENTAIS No início do séc. XX, os químicos começaram a explorar fenômenos distintos daqueles que tinham sido usados pelos métodos clássicos para resolver problemas analíticos. Assim, medidas das propriedades físicas dos analitos – tais como condutividade, potencial de eletrodo, emissão ou absorção de luz, razão massa/carga e fluorescência – começaram a ser usados para a análise quantitativa de uma variedade de analitos inorgânicos, orgânicos e bioquímicos. Alem disso, técnicas eficientes de cromatografia e de eletroforese começaram a substituir a destilação, a extração e a precipitação na separação de componentes de misturas complexas anteriormente usadas para a determinação qualitativa ou quantitativa. Esses métodos mais modernos de separação e determinação de espécies químicas são conhecidos como métodos instrumentais de análise. Muitos dos fenômenos em que os métodos instrumentais se baseiam são conhecidos há mais de um século. Sua aplicação pela maioria dos químicos, entretanto, demorou pela falta de uma instrumentação simples e confiável. Na verdade, o crescimento dos métodos instrumentais modernos acompanhou o desenvolvimento das indústrias eletrônicas e da computação. 4 TIPOS DE MÉTODOS INSTRUMENTAIS Para esta discussão, é útil considerar as características físicas e químicas nas quais se apóiam as analises qualitativas e quantitativas. A Tabela 1 enumera a maioria das propriedades características que normalmente são usadas pela análise instrumental. A maioria das características listadas necessita de fonte de energia para estimular uma resposta mensurável a ser obtida do analito. Por exemplo, na emissão atômica, é necessário um aumento da temperatura do analito para primeiramente conseguir átomos do analito no estado gasoso para depois, então, excitá-los, levando-os assim a estados de maior energia. Os átomos no estado excitado emitem, então, radiação eletromagnética característica, que é a quantidade a ser medida por um instrumento. Fontes de energia para excitação podem ter a forma de uma variação térmica rápida, como no exemplo prévio, radiação eletromagnética de uma região selecionada no espectro, aplicação de uma das quantidades elétricas – voltagem, corrente ou carga – ou talvez formas mais sutis, de acordo com as características inerentes do próprio analito. Observe que as seis primeiras entradas na Tabela 1 envolvem interações do analito com radiação eletromagnética. Na primeira propriedade, a energia radiante é produzida pelo analito. As outras cinco propriedades envolvem alterações produzidas pela interação da radiação eletromagnética com o analito. Em seguida, aparecem quatro propriedades elétricas. Finalmente, quatro propriedades mistas estão agrupadas: razão massa/carga, velocidade de reação, características térmicas e radioativas. A segunda coluna da Tabela 1 lista os nomes dos métodos instrumentais que fazem uso das várias propriedades físicas e químicas. Fique certo de que nem sempre é fácil selecionar um método ótimo entre as técnicas instrumentais disponíveis e suas técnicas clássicas correlatas. Algumas técnicas instrumentais são mais sensíveis que as técnicas clássicas, outras não o são. Com certas combinações de elementos ou compostos, um método instrumental pode ser mais seletivo; com outras,uma abordagem gravimétrica ou volumétrica pode sofrer menor interferência. Generalizações sobre as vantagens dos diversos métodos disponíveis com base na precisão, conveniência ou no tempo despendido são igualmente difíceis de avaliar. Também não é necessariamente verdade que os procedimentos instrumentais são mais sofisticados ou mais caros; de fato, uma balança analítica eletrônica usada para determinação gravimétrica é um instrumento mais complexo e refinado do que alguns daqueles utilizados por outros métodos listados na Tabela 1. Como observados anteriormente, alem dos métodos listados na segunda coluna da Tabela 1, há um grupo de procedimentos instrumentais que são usados para separação e resolução de compostos estreitamente relacionados. A maioria desses procedimentos está ligada à cromatografia ou a eletroforese. Uma das propriedades características listadas na Tabela 1 é normalmente empregada para completar a análise que segue as separações cromatográficas. Assim, por exemplo, condutividade térmica, absorção de radiação ultravioleta e infravermelho, índice de refração e condutância elétrica tem sido usadas para este propósito. 5 Tabela 1 – Propriedades Físicas e Químicas empregadas em métodos instrumentais. Propriedades Características Métodos Instrumentais Emissão de radiação Espectroscopia de emissão (raios X, visível, elétrons, Auger); fluorescência, fosforescência, e luminescência (raios X, UV e visível) Absorção de radiação Espectrofotometria e fotometria (raios X, UV, visível, IR); espectroscopia fotoacústica; espectroscopia de ressonância magnética nuclear e de ressonância de spin eletrônico Espalhamento de radiação Turbidimetria; nefelometria; espectroscopia Raman Refração de radiação Refratometria; interferometria Difração de radiação Métodos de difração de raios X e de elétrons Rotação da radiação Polarimetria; dispersão óptica rotatória; dicroísmo circular Potencial elétrico Potenciometria; cronopotenciometria Carga elétrica Coulometria Corrente elétrica Amperometria; polarografia Resistência elétrica Condutimetria Massa Gravimetria (microbalança de cristal de quartzo) Relação massa/carga Espectrometria de massa Velocidade da reação Métodos cinéticos Características térmicas Gravimétrica e titulometria térmica; calorimetria diferencial exploratória; análise térmica diferencial e métodos de condutimetria térmica Radioatividade Métodos de ativação de isótopos 6 Tabela 2 – Comparação entre diferentes métodos analíticos: Método Intervalo de medida (%) Precisão Aproximada (%) Seletividade Velocidade Custo Usos principais Gravimetria 1 – 0,1 0,1 Pobre-moderada Lenta Baixo Inorgânicos Titulometria 1-0,001 0,1-1 Pobre-moderada Moderada Baixo Inorgânicos e orgânicos Potenciometria 1-0,00001 2 Boa Rápida Baixo Inorgânicos Espectrofotometria 0,01-0,00001 2 Boa - moderada Rápida - moderada Baixo- Moderado Inorgânicos e orgânicos Espectroscopia atômica 0,01-10 -8 2-10 Boa Rápida Moderado- alto Inorgânicos – Multi elementar Cromatografia 0,01-10 -8 2-5 Boa Rápida - moderada Moderado- alto Inorgânicos – Multi elementar Nota: Uma distinção clara deve ser feita entre os termos específico e seletivo. Uma reação ou teste específico é aquele que ocorre somente com uma substância de interesse, enquanto que uma reação ou teste seletivo é aquele que pode ocorrer com outras substâncias, mas exige um grau de preferência pela substância de interesse. Poucas reações são específicas, mas muitas exibem seletividade. 7 Fundamentos da Espectrofotometria Introdução Qualquer técnica que utilize luz para medir concentrações de espécies químicas pode ser chamada de espectrofotometria. A luz pode ser descrita convenientemente tanto em termos de partículas como em termos de ondas. As ondas luminosas consistem em campos elétricos e magnéticos perpendiculares orientados. O comprimento de onda λ é a distância entre os dois máximos vizinhos. A freqüência υ é o número de oscilações completas que a onda faz a cada segundo. Uma oscilação por segundo é também chamada de Hertz. Relação entre freqüência e comprimento de onda. Onde: C = velocidade da luz (2,998 x 10 8 m/s no vácuo) Luz e Energia Com relação à energia, é mais conveniente pensarmos que a luz é constituída por partículas denominadas fótons. Cada fóton transporta uma quantidade de energia E que é dada por: Onde: h = Constante de Planck (6,626 x 10 -34 J.s) C = υ . λ E = h . υ 8 Energia é proporcional a freqüência: A energia é inversamente proporcional ao λ e diretamente proporcional ao n o de onda. Ex.: λ luz vermelha > λ luz azul luz vermelha é menos energética do que a luz azul Na literatura a unidade mais comum para o n o de onda é o cm -1 . No SI, a unidade é o m -1 . Absorção da Luz Quando uma molécula absorve um fóton, a energia da molécula aumenta. Dizemos que a molécula é promovida a um estado excitado (vide figura 1). Se uma molécula emite um fóton, a energia da molécula diminui. O estado de menor energia de uma molécula é chamado de estado fundamental. Figura 1 – A absorção de luz aumenta a energia da molécula. A emissão de luz diminui sua energia. A figura 2 indica que a radiação de microondas estimula o movimento de rotação das moléculas quando é absorvida. A radiação infravermelha estimula as vibrações das moléculas, e a luz visível e a radiação ultravioleta causam a transferência de elétrons para orbitais de maior energia. Os raios-x e a radiação ultravioleta de comprimento de onda curto provocam o rompimento de ligações químicas e ionizam as moléculas. Os raios-x usados em medicina causam danos ao corpo humano e por isso devem ser utilizados em doses mínimas. E = h . C λ Absorção Emissão Estado Excitado Estado Fundamental 9 Figura 2 - O espectro eletromagnético mostrando os processos moleculares representativos que ocorrem quando a luz é absorvida em cada região. O espectro visível ocupa a faixa de comprimentos de onda de 380-780 nanômetros. 10 Transmitância e Absorbância A transmitância (T) é definida como a fração da luz original que passa pela amostra. Onde: T = Transmitância P0 = Energia Radiante Incidente P = Energia Radiante que sai da amostra Portanto, o valor de T encontra-se entre 0 e 1. A transmitância percentual é simplesmente 100.T e se situa entre 0 e 100%. A absorbância (A) é definida como: - Quando nenhuma luz é absorvida, P = P0 e a A = 0. Lambert – Beer Lei de Lambert – A proporção de radiação absorvida por um meio transparente é independente da intensidade da radiação incidente, e cada unidade do meio irá absorver igual fração da radiação. Lei de Beer – A absorção da radiação é proporcional ao numero de átomos que absorvem, presentes na amostra. Equação de Lambert – Beer A = a . b . c Onde: A → Absorbância a → absortividade molar (L.cm 1- .g 1- ) b → Caminho óptico (cm) c → Concentração (g.L 1- ) T = P/P0 A = log(P0/P) ou A = -log T 11 – Todos os átomos podem absorver radiação – O comprimento de onda da radiação absorvida é especifica para um determinado elemento químico – A quantidade de radiação é proporcional à concentração de átomos que estão absorvendo e presentes na amostra. – A parte de uma molécula responsável pela absorção de luz é chamada de cromóforo. – A luz branca contém todas as cores do espectro visível. – A substância absorve determinados comprimentos de onda da luz branca, e nossos olhos detectamos comprimentos de onda que não são absorvidos. A tabela abaixo, apresenta um guia simples de cores e a freqüência de cada uma delas.. A cor observada é conhecida como sendo a cor complementar da cor absorvida. Cores da luz visível Cor Comprimento de onda (nm) Frequência (10 12 Hz) vermelho 780 - 622 384 - 482 laranja 622 - 597 482 - 503 amarelo 597 - 577 503 - 520 verde 577 - 492 520 - 610 azul 492 - 455 610 - 659 violeta 455 - 390 659 - 769 12 Desvios da lei de Beer A lei de Beer estabelece que absorbância é proporcional à concentração da espécie absorvente. Ela se aplica à maioria das substâncias quando a radiação é monocromática e as soluções a serem estudadas são suficientemente diluídas (0,01 M). Em soluções concentradas, as moléculas do soluto influenciam umas às outras devido à sua proximidade. Quando as moléculas do soluto ficam muito perto umas das outras, suas propriedades (incluindo a absortividade molar) sofrem ligeiras modificações. Encontram-se discrepâncias, usualmente quando o soluto colorido se ioniza, se dissocia ou se associa em solução, porque neste caso, a natureza da espécie que absorve varia com a concentração. A lei de Beer não é válida quando o soluto forma complexos cuja composição depende da concentração. É sempre possível testar o comportamento de uma substância fazendo o gráfico A x c. Uma linha reta que passa pela origem indica que a lei de Beer está sendo obedecida. O instrumento também pode provocar desvios da lei de Beer. Por exemplo, se a fotomultiplicadora não está funcionando corretamente, obtém-se uma linha reta, mas a linha irá cortar o eixo de concentrações fora do zero. Se as cubetas (células) estiverem sujas, a linha cortará o eixo de absorbância em um valor maior do que zero. Colorimetria e Espectrofotometria A variação da cor de um sistema com a mudança da concentração de um componente é à base da análise colorimétrica. A cor é,usualmente, devida à formação de um composto colorido pela adição de um regente apropriado ou é inerente ao constituinte que se deseja analisar. A intensidade da cor é comparada com a intensidade da cor que se obtém com uma solução padrão de concentração conhecida. Na análise espectrofotométrica, usa-se uma fonte de radiação que alcança a região ultravioleta do espectro. Para isso escolhe-se o comprimento de onda da radiação bem definido, o que exige um espectrofotômetro. Um espectrômetro é um instrumento que possui um sistema óptico que dispersa a radiação eletromagnética incidente e permite a medida da quantidade de radiação transmitida em determinados comprimentos de onda selecionado da faixa espectral. Um fotômetro é um equipamento que mede a intensidade da radiação transmitida. Quando combinado em um espectrofotômetro, o espectrômetro e o fotômetro produzem um sinal que corresponde à diferença entre a radiação transmitida por um material de referência e a radiação transmitida por uma amostra em comprimentos de onda selecionados. A vantagem principal dos métodos colorimétrico e espectrofotométrico é que eles são uma maneira simples de determinar quantidades muito pequenas de substâncias. Em geral o limite superior dos métodos colorimétricos é a determinação de constituintes em concentrações inferiores a 1 ou 2 %. 13 Fotômetro fotoelétrico Neste método, o olho humano, que era usado antigamente nas técnicas visuais, é substituído por uma célula fotoelétrica adequada. A célula fotoelétrica mede diretamente a intensidade da luz e, portanto, da absorção. Os instrumentos que incorporam células fotoelétricas medem a absorção da luz e não a cor da substância e, por isso o uso do termo “colorímetro fotoelétrico” ser impróprio. Nomes melhores são comparador fotoelétrico, fotômetro fotoelétrico, ou ainda, absorciômetro. Esses instrumentos são compostos essencialmente por uma fonte de luz, um filtro apropriado, para assegurar que a luz seja aproximadamente monocromática, uma célula de vidro, para a solução, uma célula fotoelétrica, que recebe a radiação transmitida pela solução, e um medidor para determinar a resposta da célula fotoelétrica. O comparador é inicialmente calibrado com uma série de soluções de concentração conhecida, e o resultado lançado em um gráfico de concentração x a leitura do medidor. A concentração da solução desconhecida é determinada pela resposta da célula fotoelétrica na curva analítica (calibração). Os instrumentos fotômetro fotoelétricos são oferecidos em diversos modelos, com uma ou duas fotocélulas. Quando o instrumento só dispõe de uma fotocélula, mede-se diretamente a absorção da luz pela solução determinando a corrente elétrica da fotocélula em relação à corrente obtida com o solvente puro. È absolutamente essencial usar uma fonte de luz de intensidade constante. Os instrumentos que têm duas fotocélulas são mais confiáveis, porque se elas tiverem a mesma resposta espectral, os efeitos de flutuação de intensidade da luz afetam ambas as células do mesmo modo. As duas fotocélulas, iluminadas pela mesma fonte de luz, são balanceadas uma contra a outra por um galvanômetro. A solução-teste é colocada antes de uma das células e o solvente puro antes da outra. O galvanômetro indica a diferença de corrente nas duas fotocélulas. O uso de células fotoelétricas para medir a intensidade da luz, eliminando, desta forma, os erros devidos às características pessoais do observador, foi um dos grandes avanços no desenho dos colorímetros. Atualmente os fotômetros fotoelétricos utilizam células fotomultiplicadoras e detectores de diodo de silício. Estes são cerca de 200x mais sensíveis do que as células fotoelétricas. A célula fotoelétrica, ou célula de barreira, na qual a luz que atinge a superfície de um material condutor, como selênio, montado sobre uma base apropriada (usualmente ferro), produz uma corrente elétrica cuja grandeza depende da intensidade da luz incidente. Esta foi muito utilizada nos fotômetros fotoelétricos, porém este arranjo possui dois defeitos: 1-difícil de ampliar a corrente gerada pela célula, o que significa que o detector é pouco sensível quando a luz incidente é pouco intensa; 2-a fadiga da célula (flutuações, quando se tenta mudar a intensidade da luz). 14 As fotomultiplicadoras são compostas de uma série de placas com cargas positivas (fotodiodos). As placas estão recobertas com um material que emite entre dois e cinco elétrons para cada elétron que atinge sua superfície. Quando os elétrons atingem a primeira placa, produz-se um número de elétrons secundários bem maior do que os elétrons originais. O resultado após certo número de placas, é que se obtém uma ampliação muito alta (cerca de 10 6 ) da corrente gerada pela célula. Os filtros ópticos são utilizados nos fotômetro fotoelétricos para isolar determinadas regiões espectrais. Eles são de vidros coloridos ou filmes finos de gelatina que contêm corantes. Os prismas também podem ser utilizados para esta finalidade, com a vantagem de aumentar a resolução dos espectros no visível e no ultravioleta. Os prismas de vidro podem ser usados entre 400 e 1000nm para a região do visível, mas não são transparentes para a radiação ultravioleta. Para a região de comprimentos de onda menores do que 400nm, são usados prismas de quartzo ou de sílica fundida. A fonte mais utilizada nos fotômetros fotoelétricos é a lâmpada de tungstênio. A apresentação dos dados é realizada através de microamperímetro, utilizado para medir o sinal da célula fotoelétrica. O medidor tem, usualmente, uma escala dupla calibrada para a leitura da absorbância e da transmitância em porcentagem. No caso das medidas quantitativas, é maisconveniente trabalhar em termos de absorbância do que em transmitância. 15 Espectrofotômetro UV-VIS 1- Espectrofotômetro de feixe simples Figura 3 – Espectrofotômetro de feixe simples. A imagem da fonte de luz (A) é focalizada no espelho condensador (B) e no espelho diagonal (C) da fenda de entrada (D). A fenda de entrada é a mais baixa dentre duas fendas verticais, uma acima da outra. A luz que cai no espelho colimador (E) fica paralela e é refletida em direção ao prisma de quartzo (F). A luz sofre refração na primeira superfície do prisma, é refletida de volta pela superfície posterior do prisma e sofre uma segunda refração ao emergir do prisma. O espelho colimador focaliza o espectro no plano das fendas (D) e a luz de comprimento de onda desejado sai do monocromador pela fenda de saída (superior), passa pela célula que contém a amostra (G) e chega à fotocélula (H). A resposta da fotocélula é amplificada e registrada no registrador (M). Na fonte de luz (A), estão duas lâmpadas, uma de tungstênio para a região do visível e deutério para UV, colocadas em um braço móvel que permite que cada lâmpada seja colocada na posição de operação quando desejado. Nos modelos mais modernos, o prisma é substituído por uma rede de difração. Uma rede de difração é um componente óptico que opera por reflexão ou transmissão de radiação e possui uma série de ranhuras impressas em sua superfície, bem próximas umas das outras. Quando a radiação é refletida ou transmitida pela rede, cada linha se comporta como uma fonte independente de radiação. Diferentes 16 comprimentos de onda são refletidos ou transmitidos pela rede em ângulos diferentes. A mudança de direção dos raios de radiação provocada através de uma rede é denominada difração. Figura 4 - Desenho esquemático de uma rede de difração Para a espectroscopia na região do ultravioleta e do visível, uma amostra líquida é geralmente colocada numa célula conhecida como cubeta, que possui faces planas paralelas de sílica (SiO2) fundida. As cubetas de sílica fundida ou de quartzo são apropriadas para espectroscopia no ultravioleta e as de poliestireno ou de vidro boro-silicato para a região do visível. As cubetas mais comuns possuem um caminho óptico de 1,00cm e são vendidas em pares: uma para o feixe luminoso que passa na amostra e a outra para o feixe luminoso de referência. Rede: dispositivo óptico onde existem ranhuras espaçadas de maneira próxima. Difração: mudança de direção da radiação causada por uma rede. Refração: mudança de direção da radiação causada por um prisma ou uma lente. 17 Figura 5- Cubetas comuns para a espectroscopia na região do visível e do ultravioleta. A figura 5 descreve um instrumento de feixe simples, ou seja, aquele que possui apenas um feixe de luz. Primeiro, medimos a intensidade da energia de luz radiante que passa através da cubeta de referência contendo o solvente puro ou um reagente em branco. Esta energia é então definida como P0. A cubeta é então retirada do aparelho e substituída por uma outra cubeta idêntica, que contém a amostra. A energia radiante de luz que atinge o detector, após a passagem pela amostra, é a grandeza P. Sabendo-se os valores de P e de P0, simultaneamente, podemos determinar os valores de T (Transmitância) ou de A (Absorbância). Na obtenção de um espectro de absorbância, registramos inicialmente o espectro da linha base, em ambas as cubetas, uma mesma referência constituída pelo solvente puro ou por uma solução de um reagente em branco. A absorbância da linha base é subtraída da absorbância medida para a amostra, de modo a se obter o valor verdadeiro da absorbância da amostra em cada comprimento de onda. 18 Espectrofotômetro de feixe duplo Quase todos os instrumentos modernos de uso geral são instrumentos de feixe duplo que cobrem a faixa de 200 a 800 nm, aproximadamente, usam um sistema automatizado de varredura e mostram o espectro em um visor. O feixe de radiação monocromatizado, proveniente de lâmpadas de tungstênio ou de deutério, é dividido em duas partes iguais, uma das quais passa pela célula de referência e a outra, pela célula da amostra. O sinal de absorção produzido pela célula de referência é subtraído automaticamente do sinal de absorção produzido pela célula da amostra e o resultado corresponde à absorção da amostra. A divisão e recombinação do feixe é feita por dois meio-espelhos ligados ao mesmo motor elétrico, que giram de forma coordenada. Espectrofotômetro de feixe duplo. Em um instrumento de feixe duplo, o feixe de luz incidente, portanto, é deslocado de tal forma que a luz passa alternadamente pelas cubetas da amostra e de referência várias vezes durante a mesma medição. Esse procedimento, em que a radiação emergente das duas cubetas é comparada freqüentemente, permite a correção automática para as variações na intensidade da fonte e na resposta do detector com o tempo e com o valor de comprimento de onda. Para uma análise espectrofotométrica, normalmente escolhemos o comprimento de onda onde ocorre a absorbância máxima por dois motivos: 1- A curva na região correspondente ao máximo tem sua forma relativamente achatada, o que causa uma variação pequena na absorbância se o monocromador estiver ligeiramente deslocado ou se a largura da faixa selecionada sofrer uma ligeira alteração. A lei de Beer é 19 obedecida de maneira mais rigorosa quando a absorbância é praticamente constante dentro da faixa de comprimento de onda selecionada; 2- A sensibilidade da análise é maior na região correspondente à absorbância máxima (ou seja, conseguimos um máximo de resposta para uma mesma concentração de analito). Cuidados a serem tomadas durante os experimentos com espectrofotômetros 1- Os compartimentos correspondentes ao caminho óptico dos feixes de referência e da amostra devem estar perfeitamente fechados para evitar a luz externa, que provoca medidas falsas; 2- Ajustar a concentração da amostra de modo que sua absorbância se localize numa faixa intermediária. Se pouquíssima luz atravessa a amostra (alta absorbância), a intensidade é difícil de ser medida. Se muita luz atravessa a amostra (baixa absorbância), é difícil distinguir a diferença entre a amostra e a referência; 3- Posicionar a cubeta sempre da mesma forma e posição. A irreprodutibilidade no posicionamento da cubeta no porta-amostra, mesmo tomando-se cuidados adequados, é a maior fonte de imprecisão quando medimos valores menores de 0,6 de absorbância; 4- Manter cobertos todos os recipientes para impedir a entrada de poeira. O pó causa dispersão de luz, que se manifesta no espectrofotômetro como um aumento nos valores medidos de absorbância. Em trabalhos mais críticos, pode-se ser necessária a filtragem da solução contendo o analito em filtros de baixa porosidade; O manuseio das cubetas deve ser feito com um papel próprio para limpar lentes, de modo a evitar impressões digitais nas superfícies correspondentes ao caminho óptico. As impressões dispersam e absorvem luz. As cubetas devem ser sempre mantidas bem limpas. 20 Aplicações da espectrofotometria - Identificação de vários compostos por comparação do espectro obtido com espectro de referência; - Determinação quantitativa de traços de espécies orgânicas, inorgânicas e biológicas; - Estudo de enzimas; - Detector para método de cromatografia; - Desenvolvimento de sensores remotos para aplicações como: hidrogeologia, controles no ramo aquático e atmosférico; - Estudo de equilíbrio de sistemas; - Análises farmacêuticas, entre outras.21 Cores Complementares As cores complementares são as que mais diferem umas das outras, exatamente pelo fato da secundária não possuir em sua mistura sua cor primária complementar. Por exemplo: o amarelo é formado pelo vermelho e pelo verde e não possui o azul, que é sua cor complementar. Ou seja, uma solução que apresente coloração amarela originalmente, absorverá no comprimento de onda relativo ao azul, que é sua cor complementar. No diagrama abaixo você consegue visualizar a relação de complementaridade das cores: 22 Espectrometria de Emissão Atômica Introdução A espectrometria de emissão atômica baseia-se na propriedade dos átomos neutros ou íons monoatômicos em estado gasoso, de emitir radiações com comprimentos de onda característicos nas regiões ultravioleta e visível, quando excitados térmica ou eletricamente. O conjunto das radiações emitidas por uma espécie constitui o seu espectro de emissão. A partir dos comprimentos de onda pode-se identificar os elementos emissores, enquanto que a medida da intensidade das radiações serve para determinar as concentrações dos elementos presentes. Espectrometria de Chama É uma técnica de emissão em que a amostra é introduzida numa chama. Quando certa quantidade de energia é aplicada a um determinado elemento químico, alguns elétrons da última camada de valência absorvem esta energia passando para um nível de energia mais elevado produzindo o que se chama de estado excitado. Quando um desses elétrons excitados retorna ao seu estado normal (estado fundamental), emite uma quantidade de energia radiante igual àquela absorvida, que é característica daquele elemento e da mudança do nível eletrônico de energia. Desta forma, a luz deste comprimento de onda e a cor particular pode ser usada para identificar aquele elemento. O calor do bico de bunsen é adequado para que certos elementos emitam luz de cor e intensidade característica, que podem ser observadas visualmente. Este procedimento é chamado TESTE DE CHAMA, sendo utilizado para determinar qualitativamente alguns poucos elementos, como os alcalinos e os alcalino-terrosos. Uma maneira mais elaborada de determinar qualitativamente e quantitativamente estes elementos é utilizar instrumentos com filtros ópticos ou monocromadores, para isolar a energia espectral. Instrumentos com filtros ópticos são chamados FOTÔMETROS DE CHAMA; são bastante simples, utilizam uma chama de baixa temperatura como fonte de excitação e servem para determinar lítio, sódio, potássio e cálcio. Os espectrofotômetros de chama que utilizam monocromadores permitem a determinação de cerca de sessenta elementos. Em qualquer dos dois casos, porém, é importante o controle da fonte energética. 23 A chama é um gás que se torna luminoso pela liberação de energia química. A temperatura é o parâmetro mais importante de uma chama. Nem sempre é adequada uma chama muito quente; assim, para a determinação de elementos metálicos facilmente ionizáveis, como potássio, não deve ser usada uma chama à alta temperatura, pois a ionização de uma parte dos átomos reduziria a população de átomos neutros disponíveis para emitir radiação. Em outros casos, é importante uma alta temperatura para assegurar um grau de excitação satisfatório ou a decomposição de sais e óxidos refratários. Na espectrometria de chama o material a ser analisado deve estar na forma de solução; sendo então introduzido na chama. A intensidade da luz emitida pelo elemento a ser determinado é medida. A intensidade de emissão relaciona-se como a concentração do elemento através de uma curva de calibração ou de adição de padrão. Os processos que ocorrem quando a amostra é introduzida na chama, na forma de uma névoa ou aerosol são: a. a amostra líquida, sob forma de gotículas, é introduzida na chama pela base onde a água (ou outro solvente) é vaporizada deixando diminutas partículas sólidas de sais; b. a chama volatiliza as partículas sólidas e as moléculas gasosa resultantes se dissociam, em parte ou completamente, originando átomos neutros; c. uma parte dos átomos metálicos livres se combinam com outros átomos ou radicais presentes nos gases da chama ou nesta introduzidos junto com o elemento de interesse; d. átomos metálicos neutros ou espécies moleculares contendo metal podem ser excitados; e. átomos, moléculas ou íons excitados retornam ao estado fundamental, parcialmente, através de colisões com outras partículas e, parcialmente, emitindo energia radiante. 24 Componentes básicos de um espectrofotômetro de Chama A figura abaixo mostra o diagrama de um fotômetro de chama. Fig. 6 – Fotômetro de chama simples a) Reguladores de pressão – Para a emissão ser constante, a chama deve ser estável. A chama é alimentada com ar (oxigênio) e combustível, a pressões constantes. Manômetros apropriados indicam a pressão durante a operação e permitem os ajustes necessários. Reguladores automáticos de pressão são usados para reduzir a pressão a um valor seguro. b) Sistema nebulizador – queimador- A função do nebulizador é produzir uma névoa ou aerosol da solução a analisar. Na câmara de mistura ou de nebulização, gotas maiores da solução aspirada chocam-se em anteparos, sendo drenadas para descarte. Somente um pequeno percentual da solução aspirada, contendo os componentes da amostra, chega à chama. Quanto ao queimador, o principal requisito é produzir uma chama uniforme quando alimentado com os gases combustível e oxidante a pressões constantes. Há dois tipos de sistemas de sistemas de queimadores: -Queimador de mistura prévia, onde o aerosol é produzido numa câmara de vaporização e as gotículas maiores são recolhidas no fundo da câmara e removidas para fora; somente as partículas menores alcançam a chama. 25 - Queimador de consumo total, no qual amostra, gás combustível e oxidante são introduzidos em tubos separados, misturando-se somente na ponta do queimador. Como fornece uma chama de percurso relativamente curto, é menos eficiente que o queimador de mistura prévia. Independente do tipo de queimador, a chama deve ser capaz de converter os constituintes da amostra para o estado de vapor; decompor os constituintes em átomos ou moléculas simples e ainda excitar eletronicamente uma fração dos átomos ou moléculas. A chama à base de gás manufaturado ou natural, misturado previamente com ar (butano-ar e GLP-ar), são freqüentemente usadas . c) Sistema óptico – Sua função é recolher a luz emitida pela chama, isolar a parte interessada e focar esta última sobre o detector. Um espelho côncavo colocado atrás do combustor, com seu centro de curvatura na chama é usado para aumentar a intensidade da luz que penetra no instrumento. Os filtros ópticos não são adequados para sistemas espectrais complexos, sendo usados, então, monocromadores à base de prisma ou rede de difração. A combinação de uma fenda ajustável, um apropriado controle do ganho do amplificador do circuito de detecção e um seletor de comprimentos de onda permitem escolher a relação mais favorável entre a radiação de fundo e a radiação analítica, e isolar mais eficientemente a radiação do elemento de interesse. d) Detectores fotossensíveis – Devem responder satisfatoriamente na parte do espectro interessada e possuir sensibilidade concordante com o nível de iluminação próprio do instrumento. Consiste nos meios de detecção (células fotoelétricas, por exemplo), nos conjuntos eletrônicos de amplificação e nos aparelhos elétricos de medição e registro direto disponíveis para leituras experimentais. Num fotodetector, a radiação selecionada é transformada em sinal elétrico. O sinal correspondente ao analito é, então, amplificado e exibido num display numérico digital do equipamento.Como a intensidade da radiação emitida é função do número de átomos na chama e o sinal diretamente proporcional à concentração do elemento emissor, pode-se utilizar a medida para determinar quantitativamente à concentração do analito. 26 Métodos de Avaliação Pode-se usar os seguintes métodos para converter as medidas de emissão em concentração de analito : a) Curvas de calibração; b) Procedimento de adição padrão; c) Método do padrão interno O método do padrão interno envolve a adição de uma quantidade conhecida de um material de referência (padrão interno) à solução da amostra e à solução padrão. Sob excitação, as energias emitidas pelo analito e pelo padrão são medidas simultaneamente por dois fotodetectores . Nos instrumentos de feixe duplo, a razão é obtida diretamente e pode ser lançada em gráfico contra a concentração do analito. O método do padrão interno compensa as variações eventuais do arraste no nebulizador e alterações do gás combustível e do oxidante. Fig.7 - Fotômetro de chama de feixe duplo 27 Interferências a) Interferência espectral direta – Ocorre quando o elemento de interesse e algum outro emitem, aproximadamente, o mesmo comprimento de onda; então, as duas raias adjacentes se sobrepõem em maior ou menor extensão e a leitura será afetada. b) Emissão de fundo de chama – É devida a alguma combinação da chama e da matriz da amostra. c) Auto- absorção – A energia radiante, emitida por uma espécie atômica excitada no interior da chama, ao se propagar para fora, pode ser absorvida na chama por átomos da mesma espécie presente muito próxima ao estado energético fundamental. Isto impede que uma parte dos fótons emitidos alcance o detector enfraquecendo a intensidade da raia espectral. d) Ionização – Ocorre quando um elemento ionizável sofre ionização devido ao aumento da temperatura da chama. O resultado é uma redução na população dos átomos neutros disponíveis para a excitação. Considerações sobre a Espectrometria de Chama A fotometria de chama está sendo substituída por técnicas eletroquímicas, particularmente os eletrodos de íons seletivos. A fotometria de chama, entretanto, tem as seguintes vantagens: a) É uma técnica bem conhecida; b) Os custos de manutenção e de análise são baixos; c) Pode ser usada em muitos fluídos. 28 Tipos de chama A tabela abaixo, lista todos os tipos comuns de combustíveis e oxidantes empregados em espectrometria de chama e as faixas de temperatura obtidas com essas misturas. Observe que temperaturas de 1700 o C a 2400 o C são obtidas com vários combustíveis quando o ar atua como oxidante. Nessas temperaturas, somente amostras que se decompõem facilmente são atomizadas. Para amostras mais refratárias, devem ser empregados oxigênio ou óxido nitroso como oxidante. Com combustíveis comuns, esses oxidantes produzem temperaturas de 2500 o C a 3100 o C. Tabela 3 – Propriedades das Chamas Combustível Oxidante Temperaturas ( o C) Velocidades máximas de Queima (cm/s) Gás natural Ar 1700-1900 39-43 Gás natural Oxigênio 2700-2800 370-390 Hidrogênio Ar 2000-2100 300-440 Hidrogênio Oxigênio 2550-2700 900-1400 Acetileno Ar 2100-2400 158-266 Acetileno Oxigênio 3050-3150 1100-2480 Acetileno Óxido nitroso 2600-2800 285 As velocidades de queima listadas na quarta coluna da tabela 3 , são de considerável importância porque as chamas são estáveis somente em certos intervalos de fluxos de gás. Se o fluxo de gás não excede a velocidade de queima, a chama se propaga voltando ao queimador causando flashback. Conforme aumenta o fluxo, a chama cresce até atingir um ponto acima do queimador onde o fluxo de gás e a velocidade de queima são iguais. Nesta região, a chama é estável. Em fluxos mais altos, a chama aumenta e eventualmente atinge um ponto onde ela explode fora do queimador. Essas considerações realçam a importância do controle do fluxo da mistura combustível/oxidante. Esse fluxo é altamente dependente da espécie de combustível e oxidante que estão sendo usados. 29 Estrutura da chama Como mostrado na figura 8, regiões importantes de uma chama incluem a zona de combustão primária, a região entre zonas e a zona de combustão secundária. A aparência e o tamanho relativo dessas regiões variam consideravelmente com a razão combustível/oxidante bem como com o tipo de combustível e oxidante. A zona de combustão primária em uma chama de hidrocarboneto é reconhecível pela sua luminescência azul provocada pelo espectro de bandas do CO2, CH e outros radicais. O equilíbrio térmico normalmente não é atingido nesta região e, portanto, raramente é usada para espectrometria de chama. A área entre zonas, que é relativamente estreita em chamas estequiométricas de hidrocarbonetos, pode atingir vários centímetros em altura em fontes ricas em combustível acetileno/oxigênio ou acetileno/óxido nitroso. Normalmente, é rica em átomos livres e é a parte mais usada da chama para espectroscopia. Na zona secundária, os produtos do núcleo interno são convertidos a óxidos moleculares estáveis que são depois dispersados nas vizinhanças. O perfil da chama fornece informação sobre os processos nas suas diferentes partes; é um gráfico constituído de curvas de nível que revela regiões da chama que têm valores similares para a variável de interesse. Algumas dessas variáveis incluem temperatura, composição química, absorbância e intensidade radiante ou fluorescente. Figura 8 – Regiões em uma chama. Mistura combustível-oxidante Zona de combustível primária Zona de combustível secundaria Região entre zonas 30 Perfis da temperatura A figura 9 mostra um perfil de temperatura de uma chama típica para espectroscopia atômica. A temperatura máxima está localizada na chama a aproximadamente 1 cm da zona primária de combustão. É importante, particularmente para os métodos de emissão, focalizar a mesma parte da chama na entrada da fenda para todas as medidas analíticas e de calibração. Figura 9 – Perfis de temperatura em o C para uma chama de gás natural/ar. 31 Perfis da absorbância da chama A figura 10 mostra os perfis de absorção típicos para três elementos. O magnésio exige um máximo na absorbância aproximadamente no meio da chama por causa de dois efeitos opostos. O aumento inicial na absorbância à medida que aumenta a distância da base resulta do aumento no número de átomos de magnésio produzidos pela exposição mais longa ao calor da chama. Entretanto, conforme se aproxima a zona de combustão secundária, inicia-se apreciável oxidação do magnésio. Este processo leva a uma eventual diminuição na absorbância porque as partículas de óxido formadas não absorvem no comprimento de onda usado. Para obter uma sensibilidade analítica máxima, a chama deve ser movida para cima e para baixo com relação ao feixe até que seja obtido um máximo de absorbância. Figura 10 – Perfil de absorbância da chama para três elementos. O comportamento da prata, que não é oxidada facilmente, é um pouco diferente; como mostrado na figura 10, um aumento contínuo no número de átomos, e então na absorbância, é observado da base para a periferia da chama. Em contraste, o cromo, que forma óxidos muito estáveis mostra uma diminuição contínua na absorbância, começando próximo à ponta do queimador; essa observação sugere que a formação de óxidos predomina desde o princípio. Claramente, uma porção diferente da chama poderia ser usada para análise de cada um desses elementos. Os instrumentos mais sofisticados para espectrometria de chama, estão equipados com monocromadores que usam a radiação de partes relativamente pequenasda chama; o ajuste da posição da chama com relação à entrada da fenda é então fundamental. 0 2.5 5.0 A b so rb â n ci a 32 Atomizadores de chama Os atomizadores de chama são empregados para espectroscopias de absorção, de fluorescência e de emissão. A figura abaixo mostra um diagrama para um queimador de fluxo laminar típico, disponível comercialmente, que faz uso de um nebulizador de tubo concêntrico. O aerosol, formado pelo fluxo do oxidante, é misturado com o combustível e passa por uma série de placas defletoras que removem quase todas com exceção das gotas menores de solução. Como resultado dos defletores, a maioria da amostra é coletada no fundo da câmara de mistura, de onde é drenada para um recipiente de descarte. O aerosol, o oxidante e o combustível são queimados em uma fenda do queimador que resulta em uma chama de cerca de 5 ou 10 cm de comprimento. Queimadores de fluxo laminar fornecem uma chama relativamente estática e de comprimento longo. Essas propriedades tendem a aumentar a sensibilidade e reprodutibilidade. A câmara de mistura nesse tipo de queimador contém uma mistura potencialmente explosiva que pode sofrer ignição por refluxo se os fluxos forem muito baixos. Observe que o queimador de fluxo laminar na figura abaixo, está equipado com orifícios para escape de pressão, por esta razão. Cabeça do queimador Orifício para escape de pressão Defletor de fluxo Oxidante do Nebulizador Descarte Capilar de entrada da amostra Nebulizador Ajuste do Nebulizador Oxidante Combustível 33 Tipos de atomizadores utilizados em Absorção Atômica Tipo de Atomizador Temperatura Típica de Atomização, ºC Chama 1700 – 3150 Vaporização eletrotérmica 1200 – 3000 (electrothermal vaporization – ETV) Plasma de argônio indutivamente acoplado 4000 - 6000 (inductively coupled argon plasma – ICP) Plasma de argônio de corrente contínua 4000 - 6000 (direct current argon plasma – DCP) Plasma de argônio induzido por microondas 2000 – 3000 (microwave-induced argon plasma – MIP) Plasma de descarga de emissão Não-térmico (glow discharge plasma – GD) Arco elétrico 4000 – 5000 Centelha elétrica 40.000 – (?) Principais Componentes de um Fotômetro de Chama 34 Allan Walsh - O inventor do AA - chama Equipamento em 1961 35 AA – chama em 1969 Equipamento atual (Perkin Elmer - AAnalyst 100) 36 (Perkin Elmer - AAnalyst 300) Fonte de Cátodo Oco multi – elementar 37 Cabeça de Queimadores Nebulizador de aço inox 38 Nebulizador de alta sensibilidade Cela da Amostra (Chama) 39 Compartimento de Lâmpadas Marca Perkin Elmer – Modelo Analyst 300 40 Exercícios 1. Quais as diferenças básicas do método clássico para o método instrumental? 2. Encontre a absorbância e a transmitância de uma solução com concentração 0,00240M, sabendo-se que o analito apresenta absortividade molar de 313M -1 . cm -1 e que a célula utilizada apresenta 2cm de caminho óptico. 3. Calcule a A e a T para uma solução cujo analito possui uma =220M-1. Cm-1 . Num caminho óptico de 1,50 cm para as concentrações abaixo: a) 0,00200 M b) 0,00100 M c) 0,00080 M d) 0,00030 M e) 0,00012 M 4. Explique o fenômeno da absorção e da emissão de energia que ocorre numa molécula. 5. Descreva a Lei de Beer. 6. Quais os desvios da Lei de Beer? 7. Por que a Lei de Beer não se aplica para soluções concentradas? 8. Qual é à base da análise colorimétrica? 9. Quais os componentes essenciais de um espectrofotômetro? 10. Por que os fotômetros com duas fotocélulas são mais confiáveis? 11. Monocromadores são empregados nos espectrofotômetros para isolar, ou seja, selecionar determinadas regiões espectrais. Quais os tipos de monocromadores que são encontrados nos espectrofotômetros? 12. Qual a principal fonte de radiação empregada nos espectrofotômetros que atuam na região do visível? E na região do ultra-violeta? 13. O que é uma rede de difração? 14. Na análise espectrofotométrica, como escolhemos a melhor região do espectro para realizarmos a medida? Por que? 15. Cite três cuidados que devemos tomar durante os experimentos com espectrofotômetros. 16. Cite três aplicações da espectrofotometria. 17. Como devemos controlar a temperatura da chama para elementos facilmente ionizáveis , como o K por exemplo? Por que? 18. Quais os componentes básicos de um espectrofotômetro de chama? 19. Explique os processos que ocorrem durante a atomização de uma chama. 20. Cite duas combinações de combustível/oxidante empregadas para amostras que se decompõem facilmente. Indique também a faixa de temperatura para cada combinação. 41 21. Quais oxidantes que devem ser empregados para amostras refratárias? Quais temperaturas são atingidas com estes oxidantes? 22. Como são divididas as regiões de uma chama? Qual a região mais empregada para espectrometria de chama? Por que? 23. Quanto ao perfil de temperatura, qual a localização da chama que se obtém um máximo de temperatura? 24. Porque é necessária a etapa de monocromação da luz em um espectrofotômetro? 25. Pode-se empregar um espectrofotômetro que trabalha na região do visível para se analisar uma amostra incolor e transparente? Por que? 26. Entre um equipamento que emprega uma rede de difração e um prisma, qual você compraria? Por que? 27. Qual a dificuldade prática de se trabalhar com soluções de espécies que apresentam coeficiente de absortividade molar extremamente elevados? Como contornar este empecilho? 28. Na fotometria de chama, que tipo de amostra é possível analisar? 29. Porque na espectroscopia, o monocromador apresenta um papel crucial, e na fotometria de chama não, já que ambas fazem uso da lei de Beer para quantificar amostras? 30. Numa análise com espectrometria de absorção atômica por chama, qual é o comprimento do caminho óptico que deve ser usada na expressão da lei de Beer? 31. Porque em espectrometria de absorção atômica se requer uma fonte de emissão em linhas? Comente sobre sua seletividade. 32. Como se pode melhorar a sensibilidade de uma curva analítica usando-se espectrometria na região do visível? 33. Dado a curva abaixo Curva analitica do Vermelho de Bromotimol y = 0,0218x + 0,0688 R2 = 0,9095 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 concetracao (ppm) A b s o rç ã o absorcao Linear (absorcao ) concentração absorção 0,0 0 1,0 0,0362 2,0 0,0658 5,0 0,1683 10,0 0,3479 25,0 0,8657 50,0 1,0236 a- Qual deve ser o comprimento de onda ideal para se trabalhar com esta amostra, sabendo que a mesma apresenta coloração vermelha? Porque? b- A curva representada pela linha mais fina foi o resultado das amostraspadrão. A partir de qual concentração este equipamento não responde com qualidade para este caso? Porque? c- A curva analítica traçada pela linha de tendência pode ser utilizada com confiança? Porque? d- Se, em uma analise for registrado o valor de absorbância igual a 0,5423, qual será o valor da concentração? e- Registrado um valor de absorbância igual a 1,0254, o que deverá ser feito com este resultado para descobrir sua concentração real? 42 34. Durante a análise cinética de um complexo amarelo-esverdeado formado entre Co(II) e Tiron em presença de peróxido de hidrogênio em meio básico, percebe-se que inicialmente a absorbância medida é de 0,567, em 426 nm. Mantida a amostra na cubeta por 5 minutos observa-se que o valor de absorbância registrado caiu para 0,423, neste mesmo comprimento de onda. O que se pode dizer sobre a estabilidade deste complexo? Explique. 35. Você solicitou que um subordinado analisasse uma amostra por fotometria de chama para quantificar Cobalto. Ele usou uma lâmpada de Cátodo Oco de Cobre, e durante a análise o equipamento registrou uma absorbância de 0,389. com base nessas informações, que afirmações se pode fazer a respeito desta análise? 36. Um químico necessitava realizar uma analise de cromato de potássio (coloração amarela). Para isso, este químico dispunha de um espectrofotômetro que trabalha na região do visível. Com base nesses dados, qual seria o melhor comprimento de onda que este químico teria que selecionar, para que sua analise seja a mais confiável possível? 37. Um analista recebeu 3 amostras que continham sódio para serem quantificadas. Experiente e sensato, este preparou soluções padrão e utilizou-se de um fotômetro de chama para esta analise. Com os valores obtidos, este gerou os dados abaixo: Curva analitica de Sodio y = 2,896x + 0,0099 R 2 = 0,9975 0 0,5 1 1,5 2 2,5 0 0,2 0,4 0,6 0,8 Absorbancia C o n c e n tr a ç ã o ( p p m ) Seqüência1 Linear (Seqüência1) As amostras 1 e 2 obtiveram um valor de absorbância igual a 0,2792 e 0,6549 respectivamente. A amostra 3 teve um valor de absorbância igual a 0,1024 e foi diluída 20 vezes. Qual a concentração das amostras 1, 2 e 3? 38. Uma outra analise foi solicitada a este analista. Este recebeu uma amostra a 200 ppm de solução de sódio e diluiu a amostra algumas vezes e obteve um valor de absorbância igual a 0,5490. Diga quantas vezes esta amostra foi diluída. Abs Conc.(ppm) 0,0362 0,1 0,0658 0,2 0,1683 0,5 0,3479 1 0,4903 1,5 0,7011 2
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