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Assistência de Enfermagem nas Intervenções Cirúrgicas do Sistema Cardiovascular Profa. Me. Fabiana Murad Rossin Molina fabimrmolina@gmail.com 2019.1 Objetivos Relembrar a anatomia e fisiologia do sistema cardiovascular; Descrever sobre a assistência de enfermagem nas intervenções cirúrgicas do sistema cardiovascular; Anatomia e Fisiologia Anatomia do coração Anatomia e Fisiologia Sistema cardiovascular Coração: órgão muscular oco, localizado no centro do tórax, entre os pulmões. Composto por três camadas: endocárdio, miocárdio, epicárdio. Envolto em um saco fibrinoso fino- pericárdio. Função: Bombear o sangue para os tecidos, levando oxigênio e nutrientes. Doença Arterial Coronariana: Angina: dor ou pressão na parede anterior do tórax devido ao fluxo sanguíneo insuficiente (< O2). Infarto Agudo do Miocárdio: quando ocorre oclusão completa do fluxo sanguíneo (isquemia) levando a morte celular (necrose). Causas: aterosclerose. Pré-Operatório Histórico e exame físico completo; Exames diagnósticos: coleta de sangue e estudo da coagulação, tipagem sanguínea e reação cruzada, RX, ECG, Ecocardiografia, cateterismo cardíaco, cintilografia, tomografia. Pré-Operatório Orientação do paciente e familiares- diminuir ansiedade!! Avalição do cliente e família - necessidades de aprendizagem; Conhecimento de doenças existentes; Importante controlar a glicemia; Solicitar a assinatura do termo de consentimento; Pré-Operatório Importante cessar o tabagismo; Pacientes instáveis clinicamente podem realizar o pré-operatório na unidade de cuidados críticos; Orientar sobre medicamentos utilizados e que necessitam ser suspensos; Banho com solução antisséptica; Orientação sobre os dispositivos que estarão presentes no pós-operatório. Intervenções Cirúrgicas Cirurgia de Revascularização do Miocárdio: Procedimento cirúrgico em que uma veia ou artéria é enxertada em uma artéria coronária ocluída, retomando o fluxo sanguíneo; Indicações: Alívio da angina não controlada por medicação ou por procedimento de colocação de cateter na artéria; Tratamento de estenose de artéria coronária principal esquerda; Prevenção e tratamento de infarto agudo do miocárdio, arritmias ou insuficiência cardíaca; Intervenções Cirúrgicas Cirurgia de Revascularização do Miocárdio: Mais frequente em homens; Para indicação, as artérias coronárias devem apresentar oclusão de aproximadamente 70%; Recomendação de utilização da artéria mamária interna; Preferência de utilização de enxertos arteriais do que venosos (pérvios por mais tempo); Intervenções Cirúrgicas Cirurgia de Revascularização do Miocárdio: Realizada sob anestesia geral; Esternotomia mediana; Utilização de circulação extracorpórea (mantém perfusão dos órgãos e tecidos do corpo mecanicamente, com desvio do sangue do coração e pulmões para a atuação do cirurgião); Intervenções Cirúrgicas Cirurgia de Revascularização do Miocárdio: A veia safena magna é a mais utilizada (removida da perna e enxertada na aorta ascendente e na artéria coronária distal à lesão); Inserção de drenos, fios de regulação do ritmo. Intervenções Cirúrgicas Cirurgia de Revascularização do Miocárdio: Técnicas alternativas: revascularização do miocárdio sem utilização de circulação extracorpórea; Minimamente invasivas sem esternotomia mediana; Mais restritas; Diminui complicações, traumatismo cirúrgico, risco de AVE, alta mais precoce. Intervenções Cirúrgicas Cirurgia de Revascularização do Miocárdio Intervenções Cirúrgicas Complicações pós-operatórias: Hipovolemia (perda sanguínea, vasodilatação); Sangramento persistente (disfunção plaquetária); Tamponamento cardíaco (líquidos e coágulos); Sobrecarga hídrica (soluções EV e hemoderivados); Hipertensão arterial (vasoconstrição pós-operatória); Hipotermia; Intervenções Cirúrgicas Complicações pós-operatórias: Arritmias (taquiarritmias e bradicardias); Insuficiência cardíaca (diminuição da contratilidade miocárdica); Infarto Agudo do Miocárdio (intra e pós-operatório); Comprometimento de troca gasosa (anestesia, dor, atelectasia); Alterações neurológicas (trombos e êmbolos - AVE); Intervenções Cirúrgicas Complicações pós-operatórias: Lesão aguda renal (hipoperfusão dos rins ou lesão por medicamentos nefrotóxicos); Distúrbio hidroeletrolítico (alteração de eletrólitos, perdas cirúrgicas, alterações metabólicas); Infecção. Assistência de enfermagem Cuidados pós-operatórios: Estabilidade hemodinâmica e recuperação da anestesia geral; POI: realizado SRPA ou UTI; Cuidados no transporte (segurança do paciente) e logística; Passagem de plantão para UTI; Assistência de enfermagem Cuidados pós-operatórios: Exame Físico: avaliação dos sistemas Sistema neurológico: responsividade, avaliação pupilar, simetria facial, movimentação e preensão dos membros; Sistema cardíaco: FC, ritmo, sons, estado do marcapasso, PA, PVC, pressão arterial pulmonar, débito cardíaco, saturação de oxigênio, resistência vascular sistêmica. Sistema respiratório: sons, FR, saturação de oxigênio, gasometria arterial, drenagem de dreno torácico pleural. Assistência de enfermagem Cuidados pós-operatórios: Sistema vascular periférico: pulsos periféricos, coloração da pele e dos leitos ungueais, mucosas, lábios, lóbulos das orelhas, temperatura da pele, edema, curativos e acessos invasivos; Assistência de enfermagem Cuidados pós-operatórios: Sistema renal: débito urinário, creatinina sérica e eletrólitos; Dor: tipo, localização, duração, resposta aos analgésicos. Assistência de enfermagem Cuidados pós-operatórios: Jejum prescrito e quando possível por via oral assistida; Monitorização e controle dos sinais vitais (PA, FC, FR, Tº, PAI, PVC); Cuidados com ventilação mecânica (suporte ventilatório); Aspiração de secreções traqueobrônquicas conforme necessário; Após extubação- manutenção de vias aéreas, respiração profunda, estimular tosse; Higiene oral e corporal; Assistência de enfermagem Cuidados pós-operatórios: Monitoramento das infusões e medicações; Estado hidroeletrolítico: balanço hídrico rigoroso, avaliação das soluções infundidas, débito dos tubos de drenagem, interpretação do exame laboratorial, indicadores clínicos; Assistência de enfermagem Cuidados pós-operatórios: Coleta e interpretação de exames de sangue; Realização de RX e ECG; Controle glicêmico (hiperglicemia); Uso de drogas vasoativas; Dispositivos invasivos e tubos de drenagem (drenos, SNG, SVD); Drenos torácicos: Não deve exceder 200 ml/h durante as primeiras 4 a 6 horas; Assistência de enfermagem Cuidados pós-operatórios: Débito urinário: até 4 horas- a cada 30 minutos, após a cada 6, 8 e 12 horas; Verificação dos equipamentos e dispositivos utilizados – curativos diários!! Atenção às alterações de eletrólitos (potássio, cálcio, magnésio, sódio); Atenção à temperatura; Controle da dor: analgesia; Assistência de enfermagem Cuidados pós-operatórios: Mudança de decúbito, medidas de conforto; Deambulação precoce, sair do leito; Cuidados com ferida operatória e com dispositivos invasivos – avaliar retirada diária; Avaliação psicológica e emocional (delirium pós-operatório); Assistência de enfermagem Cuidados pós-operatórios: Necessidades familiares e espirituais; Registro de enfermagem; Equipe multiprofissional; Orientações para alta hospitalar (escritae verbal). Intervenções Cirúrgicas Cirurgias de reparo e substituição valvar: Valvoplastia: reparo de uma valva cardíaca. Comissurotomia: é o procedimento de valvoplastia mais comum, realizado para separar os folhetos fundidos. Cada valva possui folhetos, local de encontro destes se chama comissura. Pode ocorrer aderência entre si e se fechar (estenose) ou não fechar completamente ocorrendo fluxo retrógrado de sangue (regurgitação). Intervenções Cirúrgicas Cirurgias de reparo e substituição valvar: Comissurotomia fechada: realizada no centro cirúrgico, anestesia geral, não necessário circulação extra-corpórea, incisão esternal média. A valva não é visualizada diretamente, pequeno orifício no coração, com o dedo ou dilatador abre a comissura. Valvoplastia com balão: realizada no setor de cateterismo, sedação leve a moderada Indicada para estenose de valva mitra, aórtica, e condições clínicas que não permitem procedimentos de grande porte. Intervenções Cirúrgicas Cirurgias de reparo e substituição valvar: Comissurotomia aberta: realizada no centro cirúrgico, anestesia geral, faz-se necessário circulação extra-corpórea, incisão esternal média. A valva é visualizada diretamente, realiza incisão no coração, a valva é exposta, utilizado bisturi, dedo, balão ou dilatador para abrir a comissura. Anuloplastia: reparo do anel da valva, anestesia geral, circulação extra corpórea. Estreita o diâmetro do orifício da valva. Indicação: tratamento da regurgitação valvar. Intervenções Cirúrgicas Cirurgias de reparo e substituição valvar: Indicação: quando o anel ou dos folhetos da valva estão danificados por calcificação, fibrose ou fusão dos folhetos, cordas tendíneas ou músculos capilares; Quando a valvoplastia não é viável; Intervenções Cirúrgicas Cirurgias de reparo e substituição valvar: Realizada no centro cirúrgico, anestesia geral, circulação extra corpórea; Esternotomia mediana; Visualização da valva, folhetos e as suturas são posicionadas ao redor do anel e em seguida pela prótese valvar; A valva substituta é deslizada pela sutura até a posição e suturada no local; Intervenções Cirúrgicas Cirurgias de reparo e substituição valvar: Substituição da valva por estenose - melhora do fluxo sanguíneo pelo coração, melhora dos sintoma e sinais de insuficiência cardíaca retrógrada vão desaparecendo com o tempo; Substituição da valva por regurgitação – pode demorar meses para que a câmara para dentro da qual o sangue estava regurgitando alcance sua função pós-operatória ideal. Complicações: sangramento, tromboembolismo, infecção, insuficiência cardíaca, hipertensão arterial, arritmias, obstrução mecânica da valva. Intervenções Cirúrgicas Cirurgias de reparo e substituição valvar: Tipos de prótese: mecânicas e teciduais. Mecânicas: desenho bifolheto, disco com inclinação, mais duradouras, utilizadas em pacientes jovens, com insuficiência renal, hipercalcemia, endocardite ou sepse que necessitam de substituição; poucas infectam; Complicações: tromboêmbolos, uso prolongado de anticoagulante faz-se necessário; Intervenções Cirúrgicas Cirurgias de reparo e substituição valvar: Teciduais (biológicas): são de três tipos- biopróteses, homoenxertos e autoenxertos; Complicações: não são duradouras, substituição com maior frequência; Menor probabilidade de tromboêmbolos, não é necessária anticoagulação a longo prazo; Intervenções Cirúrgicas Cirurgias de reparo e substituição valvar: Teciduais (biológicas): Biopróteses: substituição de valva aórtica, mitral e tricúspide, a maioria é de porcos (suína), vacas (bovina) e cavalo (equina). Pode ser com ou sem stent. Viabilidade de 7 a 15 anos. Homoenxertos: substituição de valva aórtica e pulmonar, valvas humanas, feitas de doação de tecidos de cadáver, são pouco disponíveis e caros. Viabilidade de 10 a 15 anos. Intervenções Cirúrgicas Cirurgias de reparo e substituição valvar: Teciduais (biológicas): Autoenxertos: valvas autólogas, obtidas da excisão da valva pulmonar e parte da artéria pulmonar do próprio cliente, substituição da valva aórtica; Não é necessária a anticoagulação; Utilizadas em crianças, mulheres em idade fértil, adulto jovens e pessoas que não toleram a anticoagulação; Viabilidade por mais de 20 anos. Intervenções Cirúrgicas Cirurgias de reparo e substituição valvar: Para substituição da valva mitral- técnica minimamente invasiva, incisão de 5 a 10 cm na metade superior ou inferior do esterno, por via percutânea; Benefícios: menos sangramento, dor, risco de infecção e formação de cicatrizes, curta recuperação. Assistência de enfermagem Cuidados pós-operatórios: Orientações pré-operatórias do cliente e família; Suporte psicossocial; Valvoplastia com balão percutânea: permanência no hospital por 24 a 48 horas, podem ficar na UTI, observação rigorosa de sinais vitais e exame físico; Valvoplastia cirúrgica: cuidados intensivos na UTI, recuperação anestésica, estabilidade hemodinâmica, monitorização rigorosa; Medicações endovenosas: monitorar os efeitos; Assistência de enfermagem Cuidados pós-operatórios: Avaliação a cada 1 a 4 horas ou conforme necessário; Exame físico principalmente dos sistemas neurológico, respiratório e cardiovascular; Após estabilização: transferência para enfermaria (24 a 72 horas após o procedimento); Cuidados com ferida operatória; Dieta assistida; Assistência de enfermagem Cuidados pós-operatórios: Deambulação precoce e sair do leito; Estimular o autocuidado; Balanço hídrico; Orientação sobre o uso de anticoagulantes orais: consultas e coleta de sangue frequentes!!! Assistência de enfermagem Cuidados pós-operatórios: Orientação sobre o uso de anticoagulantes orais: Warfarina: INR (razões normalizadas internacionais). Valores: 2 a 3,5 – substituição de valva mitral; Valores: 1,8 a 2,2 – substituição de valva aórtica; Anel de valvoplastia ou substituição de valva tecidual: anticoagulação por 3 meses, exceto se outros fatores de risco; Assistência de enfermagem Cuidados pós-operatórios: Orientação sobre o uso de anticoagulantes orais: AAS (ácido acetilsalicílico): prescrito em conjunto com a warfarina para clientes que substituíram a valva com biopróteses ou se alto risco para eventos embólicos; Nome, dosagem, efeitos adversos, interação medicamentosa entre medicamentos e alimentos; Cronograma de consultas e coleta de exames; Alta Hospitalar Educação e Preparo para alta: Orientações sobre o procedimento realizado, terapêutica e reabilitação; Adequar linguagem conforme compreensão do paciente e acompanhante, fácil interpretação; Verificar se o paciente e acompanhante conseguiram absorver às orientações realizadas; Cuidados com a ferida cirúrgica e orientação de curativos; Orientação para prevenção de endocardite infecciosa- valva mecânica; Orientações gerais para alta hospitalar: retorno, retirada de pontos, realização de exames de sangue e de imagem; Intervenções Cirúrgicas Miocardiopatias: Insuficiência cardíaca grave: tratamento clínico não é mais efetivo; Transplante de coração (IC em estágio terminal); Uso de DAVE (dispositivo de assistência ventricular esquerda); Intervenções Cirúrgicas Terapias com marcapasso: É um dispositivo eletrônico que fornece estímulos elétricos para o músculo cardíaco desde que sua FC espontânea seja menor do que a programada; Intervenções Cirúrgicas Terapias com marcapasso: Indicação: tratamento de taquiarritmias,insuficiência cardíaca avançada, BAV de 2º tipo I e II, BAVT, lesão His-Purkinje grave, bloqueio acrdíaco pós IAM, doença do nó sinusal. Tipos: Temporários: transcutâneo (não invasivo, eletrodos), epicárdico (invasivo, fixado durante cirurgia cardíaca), endocárdico (invasivo, implantado por via endovenosa (veia jugular, subclávia, femural), emergência, ambiente hospitalar. Intervenções Cirúrgicas Terapias com marcapasso: Situações de urgência, suporte até a implantação do definitivo. Definitivo. Componentes do sistema marcapasso: cabo eletrodo e gerador de pulsos. Cardiodesfibrilador implantável- CDI: dispositivo automático, pode incorporar a função do marcapasso convencional, pacientes com taquiarritmias graves, previne morte súbita. Assistência de enfermagem Pré-operatório: Jejum; Exames laboratoriais e realizar ECG e RX; Observar integridade da pele; Tricotomia se necessário, no CC; Anestesia local e sedação; Procedimento rápido - 1 hora. Assistência de enfermagem Complicações: Hemotórax e pneumotórax; Perfuração atrial ou ventricular; Infecção; Sangramento/hematoma da loja do gerador; Taquicardia ou fibrilação ventricular; Falha de comando; Deslocamento e fratura do eletrodo; Migração do gerador; Assistência de enfermagem Cuidados pós-operatórios: Nível de consciência e orientação; Dieta prescrita; Realizar ECG e RX; Curativo por 48 horas, não há pontos externos para serem retirados; Observar sinais de infecção, hematoma, sangramento no local de inserção do dispositivo; Por 2 semanas, o paciente não deverá elevar ou realizar esforço físico com ombro do lado do marcapasso implantado; Assistência de enfermagem Cuidados pós-operatórios: Relações sexuais poderão ser realizadas, tomando cuidado para não erguer o ombro do lado do implante do marcapasso; Aparelhos eletrodomésticos podem ser utilizados normalmente. O celular poderá ser usado no lado oposto ao que foi implantado o marcapasso; Não utilizar colchões ou travesseiros magnéticos. Não passar por portas detectores de metais em bancos ou aeroportos; Entregar a carteirinha de identificação, livreto do paciente e carta com as orientações. Assistência de enfermagem Paciente M. T., 52 anos, procedente de Minas Gerais, foi admitido recentemente na Unidade de Terapia Intensiva após ter sido submetido a cirurgia de revascularização do miocárdio. Sinais vitais, FC 114 bpm, Pressão Arterial 88/66 mmHg, PVC 3 mmHg, em ventilação mecânica. Quais outros parâmetros você avaliará? Enumere pelo menos 3 diagnósticos de enfermagem e faço um plano de cuidados de enfermagem. Referências Bibliográficas LEWIS, S.L. et al. Tratado de enfermagem médico cirúrgica: avaliação e assistência dos problemas clínicos. 8° edição. Rio de Janeiro. Elsevier, vol. 1, 2013. SMELTZER S.C., BARE B. G. Brunner & Suddarth: Tratado de Enfermagem Médico Cirúrgica. 13º edição. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, vol. 1, 2017.
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