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Tratados (2)

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FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL: OS TRATADOS
Prof. Me. Ivonaldo da Silva Mesquita
1 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA
“Termo genérico que pode servir para designar um acordo entre dois ou mais Estados para regular um assunto, determinar seus direitos e obrigações, assim como as regras de conduta que devem seguir, mas em nenhum caso é aplicável a um acordo entre um Estado e uma pessoa privada.” (GUERRA, 2015, p. 88)
1 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA
Conceito formal: CVDT/1969, art. 2º, “a”: Tratado significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica.
CVDT = Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados de 1969, ratificada pelo Brasil e promulgada pelo Decreto nº 7.030, de 14/12/2009. Existe também a CVDT entre Estados e OI ou entre OI de 1986. 
1 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA
Características: 
a) acordo internacional entre Estados; 
b) celebrado por escrito; 
c) regido pelo direito internacional; 
d) qualquer que seja sua denominação (tratado é termo genérico); 
e) conste de um instrumento único ou em dois ou mais instrumentos conexos.
1 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA
a) acordo internacional entre Estados: primeira condição a ser observada é a manifestação de vontade de dois ou mais sujeitos de Direito Internacional – como os Estados e as Organizações Internacionais. 
1 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA
b) celebrado por escrito: Século XX - codificação do Direito Internacional; 
Obs.: embora seja admitido em certos casos excepcionais a possibilidade de se chegar a um tratado verbal, verifica-se que na prática atual isso não tem acontecido.
1 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA
c) regido pelo direito internacional: regidos por normas de Direito Internacional, mas significa dizer que numa negociação em que estão envolvidos dois sujeitos de direito internacional, o direito a ser observado pode ser o direito interno de um determinado país, p. ex., a doação de uma área do Estado A em favor de Estado B para construir um prédio.
1 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA
d) qualquer que seja sua denominação (tratado é termo genérico): existem várias expressões que podem ser utilizadas para tratados internacionais.
1 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA
Possuem a natureza jurídica de normas cogentes/obrigatórias para seus signatários, inclusive com possibilidade de aplicação de sanções em caso de descumprimento. Portanto, não são meras declarações de caráter político.
2 TERMINOLOGIA: ESPÉCIES DE TRATADOS
Tratado é termo genérico, existindo várias expressões que podem ser utilizadas para tratados internacionais:
Tratado: utilizado para acordos solenes (acordo de paz);
Convenção: tratado que cria normas gerais (convenção sobre o mar territorial);
Declaração: acordos que criam princípios jurídicos ou afirmam uma atitude política comum (Declaração de Paris de 1856);
2 TERMINOLOGIA: ESPÉCIES DE TRATADOS
Ato: estabelece regras de Direito (Ato geral de Berlim de 1856);
Pacto: tratado solene (Pacto de renúncia à Guerra de 1928);
Estatuto: empregado para os tratados coletivos geralmente estabelecendo normas para os Tribunais internacionais (Estatuto da Corte Internacional de Justiça – CIJ);
Acordo: normalmente utilizado para tratados de cunho econômico, financeiro, cultural e comercial.
2 TERMINOLOGIA: ESPÉCIES DE TRATADOS
Protocolo: pode ser protocolo-conferência (que é a ata de uma conferência) e protocolo-acordo (cria normas jurídica).
Concordata: assinada pela Santa Sé sobre assuntos religiosos;
Compromisso: utilizado para os acordos sobre litígios que vão ser submetidos à arbitragem;
Troca de notas: são os acordos de matérias administrativas;
2 TERMINOLOGIA: ESPÉCIES DE TRATADOS
Carta: é o tratado em que se estabelecem direitos e deveres (Carta da ONU);
Convênio: para tratados que versam sobre matéria cultural ou transporte, p. ex., Convênio de Cooperação Educativa Brasil-Argenina de 1997, Convênio Internacional do Café;
Gentlemen’s agreements – estão regulados por normas morais. São bastante comuns nos países anglo-saxões. A sua finalidade é fixar um programa de ação política.
3 CLASSIFICAÇÃO
Classificação subjetiva:
	a) Quanto ao número das partes
	b) Quanto à qualidade das partes
	c) Quanto à abertura a sujeitos terceiros
3 CLASSIFICAÇÃO
a) Quanto ao número das partes:
Tratados bilaterais – produzidos quando há interesses recíprocos em matéria diversas de apenas dois Estados;
Tratados multilaterais – contarão com a presença de três ou mais partes envolvidas. Dividem-se em multilaterais gerais (para uma apreciável quantidade de outorgantes) e os tratados multilaterais restritos (para um número reduzido de partes).
3 CLASSIFICAÇÃO
b) Quanto à qualidade das partes:
Tratados entre Estados; 
Tratados entre Estados e Organizações Internacionais;
Tratados entre Organizações.
3 CLASSIFICAÇÃO
c) Quanto à abertura a sujeitos terceiros:
Tratados abertos: admitem a assinatura e ratificação ulterior. Ex.: a Carta de São Francisco que criou a ONU, 1945 como 51 Estados e hoje 193. 
Tratados semifechados: admitem a assinatura e ratificação ulterior, mas desde que satisfeita determinada condição, p.ex., a Carta da OEA, que está restrito aos países geograficamente inserido nas Américas.
Tratados fechados: não admitem a assinatura e ratificação ulterior.
3 CLASSIFICAÇÃO
Classificação Material:
	a) Quanto à abrangência da matérias;
	b) Quanto ao tipo de efeitos;
	c) Quanto à natureza institucional;
	d) Quanto à aplicabilidade circunstancial.
3 CLASSIFICAÇÃO
a) Quanto à abrangência da matérias:
Tratados gerais: estabelecem uma regulação aplicável a uma generalidade de matérias; 
Tratados especiais: destinam-se a versar especificamente um aspecto material.
3 CLASSIFICAÇÃO
b) Quanto ao tipo de efeitos:
Tratados-leis: porque editam uma regra de direito objetivamente válida;
Tratados-contratos: as partes realizam uma operação jurídica, p. ex., comércio, aliança.
3 CLASSIFICAÇÃO
c) Quanto à natureza institucional ou material: 
Tratados que institui uma nova entidade;
Tratados que se limitam a estabelecer um conjunto de normas e procedimentos.
3 CLASSIFICAÇÃO
d) Quanto à aplicabilidade circunstancial (conforme possam ou não ter logo aplicação): 
Tratados imediatamente aplicáveis e
Tratados mediatamente aplicáveis.
3 CLASSIFICAÇÃO
e) Quanto à duração:
Tratados perpétuos 
Tratados temporários 
3 CLASSIFICAÇÃO
Classificação Formal:
	a) Quanto ao grau de complexidade procedimental;
	b) Quanto à formalização.
3 CLASSIFICAÇÃO
a) Quanto ao grau de complexidade procedimental:
Tratados solenes (tratados em sentido estrito): há várias etapas de verificação da vontade do Estado (negociação, assinatura, ratificação etc). É a forma predomente no Brasil (CF, art. 49, I c/c 84, VII e VIII)
Tratados em forma simplificada (acordos executivos/troca de notas ou executive agreements): requer menos etapas de expressão do consentimento, com a participação apenas do Poder Executivo em seu processo de conclusão e prescindem da ratificação, p.ex., no Brasil tratados que não impliquem a assunção de compromissos gravosos ao Brasil, dispensam a apreciação do Congresso. 
b) Quanto à formalização escrita ou verbal:
Tratados escritos
Tratados orais (gentlemen’s agreement) 
 A Comissão de Direito Internacional da ONU admite o acordo oral, previsto na própria CVDT, art. 3. 
 
4 EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Diferentemente do passado em que o costume era a principal fonte, os tratados internacionais são considerados a principal fonte do Direito Internacional, pois por serem escritos, evidencia-se maior segurança jurídica no âmbito das relações internacionais, cuja sociedade internacional apresenta-se de forma dinâmica.
4 EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Observação histórica: produção de tratados aumentou de forma intensa com o passar dos anos: “desde 1500a.C. até 1860 haviam sido concluídos cerca de 8.000 tratados de paz enquanto só desde 1947 até 1984 foram coletados entre 30.000 e 40.000 tratados e, se prolongarmos essa pesquisa até 1992, esse montante deverá ter subido para perto de 50.000 tratados.” (MELLO apud GUERRA, 2015, p. 87).
5 CONDIÇÕES DE VALIDADE
CVDT, arts. 46 a 53
a) Capacidade das partes;
b) Habilitação dos agentes signatários; 
c) Objeto lícito e possível;
d) Consentimento mútuo/regular. 
5 CONDIÇÕES DE VALIDADE
a) Capacidade das partes
	Somente os sujeitos de direito internacional podem concluir tratados: Estados, Organismos Internacionais, estendendo-se, dentro de determinadas situações a outros atores, como os beligerantes, a Santa Sé, e até Estados-Membros que tenham assegurado este direito nas suas Constituições, como Suíça, Alemanha. 
	Brasil – CF, art. 52, V: os Estados-Membros, o DF e os Municípios poderão celebrar tratados de financiamento desde que tenham o consentimento do Senado Federal. 
5 CONDIÇÕES DE VALIDADE
b) Habilitação dos agentes signatários 
	É realizada pelo instituto dos “Plenos Poderes” que dão aos negociadores o “poder de negociar e concluir” tratado, conforme art. 2, “c”, da CVDT.
	“Plenos Poderes” – “é um documento expedido pela autoridade competente de um Estado, designando uma ou várias pessoas para representar o Estado na negociação, adoção ou autenticação do texto de um tratado, para manifestar o consentimento do Estado em obrigar-se por um tratado ou para praticar qualquer ato relativo a um tratado.”
5 CONDIÇÕES DE VALIDADE
Observações:
Organizações internacionais: os “plenos poderes” é reconhecido aos órgãos plenários. 
As pessoas que se investem nessa prerrogativa são chamadas de plenipotenciários.
Dispensados da Carta de Plenos Poderes: o Chefe de Estado e de Governo; os Ministros das Relações Exteriores; Chefe de Missão Diplomática em que se encontram acreditados, e o tratado é entre o Estado acreditante e o Estado acreditado (CVDT, art. 7, item 2). 
5 CONDIÇÕES DE VALIDADE
c) Objeto lícito e possível
	CVDT, art. 53: é nulo o tratado que, no momento de sua conclusão, conflita com uma norma imperativa de direito internacional geral.
	Norma imperativa de direito internacional geral (jus cogens): por exemplo, o tratado não poderá produzir efeitos se violar direitos humanos. 
5 CONDIÇÕES DE VALIDADE
d) Consentimento mútuo
	O tratado nada mais é do que um acordo de vontades, devendo, pois, ser impreterível o consentimento dos pactuantes. Essa anuência deve ser isenta de vícios – erro, dolo, corrupção e coação, que vêm expressos nos arts. 48 a 51 da CVDT.
5 CONDIÇÕES DE VALIDADE
Artigo 48
Erro 
1. Um Estado pode invocar erro no tratado como tendo invalidado o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado se o erro se referir a um fato ou situação que esse Estado supunha existir no momento em que o tratado foi concluído e que constituía uma base essencial de seu consentimento em obrigar-se pelo tratado.
2. O parágrafo 1 não se aplica se o referido Estado contribui para tal erro pela sua conduta ou se as circunstâncias foram tais que o Estado devia ter-se apercebido da possibilidade de erro. 
3. Um erro relativo à redação do texto de um tratado não prejudicará sua validade; neste caso, aplicar-se-á o artigo 79.
5 CONDIÇÕES DE VALIDADE
Artigo 49
Dolo 
Se um Estado foi levado a concluir um tratado pela conduta fraudulenta de outro Estado negociador, o Estado pode invocar a fraude como tendo invalidado o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado.
5 CONDIÇÕES DE VALIDADE
Artigo 50
Corrupção de Representante de um Estado 
Se a manifestação do consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado foi obtida por meio da corrupção de seu representante, pela ação direta ou indireta de outro Estado negociador, o Estado pode alegar tal corrupção como tendo invalidado o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado.
5 CONDIÇÕES DE VALIDADE
Artigo 51
Coação de Representante de um Estado 
Não produzirá qualquer efeito jurídico a manifestação do consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado que tenha sido obtida pela coação de seu representante, por meio de atos ou ameaças dirigidas contra ele.
Artigo 52
Coação de um Estado pela Ameaça ou Emprego da Força 
É nulo um tratado cuja conclusão foi obtida pela ameaça ou o emprego da força em violação dos princípios de Direito Internacional incorporados na Carta das Nações Unidas.
6 PROCESSO DE ELABORAÇÃO DOS TRATADOS
6.1 Forma/Estrutura dos Tratados
Preâmbulo: contém geralmente um enunciado das finalidades do tratado e a enumeração das partes contratantes
Parte dispositiva: redigida sob a forma de artigos, onde se fixam os direitos e deveres das partes contratantes.
Anexos: mapas, desenhos, gráficos, tabelas e outros artifícios
6 PROCESSO DE ELABORAÇÃO DOS TRATADOS
Forma: regra geral é que deve ser escrito (exigência da CVDT)
- Idioma: 
livremente escolhido; 
E se os contratantes possuírem idiomas diferentes? 
É possível adotar o seguinte método: (i) redigem-se em tantas línguas quantas as dos contratantes; (ii) escolhe-se um terceiro idioma; (iii) conciliam-se os dois anteriores. 
6 PROCESSO DE ELABORAÇÃO DOS TRATADOS
Na prática: os tratados serão redigidos no idioma dos Estados que estão pactuando sobre determinada matéria, p. ex., o Tratado de Assunção (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) o idioma utilizado foi o espanhol e o português.
Caso de tratados patrocinados por Organizações Internacionais – tem-se adotado a língua oficial da referida organização, p. ex., ONU – inglês, francês, russo, chinês, árabe e espanhol.
6 PROCESSO DE ELABORAÇÃO DOS TRATADOS
6.2 Fases ou Etapas 
a) Negociação;
b) Redação e Assinatura do texto;
c) Ratificação;
d) Entrada em vigor;
e) Registro e Publicidade.
6 PROCESSO DE ELABORAÇÃO DOS TRATADOS
a) Negociação: fase que tem por objetivo a discussão e elaboração do conteúdo do tratado.
A negociação pode ser feita diretamente de governo a governo ou através dos plenipotenciários, culminando com a redação do texto de um tratado internacional, que normalmente é redigido sob a forma de artigos.
6 PROCESSO DE ELABORAÇÃO DOS TRATADOS
Observações:
No direito interno é que se verificam os órgãos competentes para negociar o tratado e, em regra, na ordem constitucional dos Estados, é de competência do Poder Executivo. 
O Brasil adota essa regra: do ponto de vista orgânico a competência é da União (CF, art. 21, I) e, em termos de autoridade, a competência é do Presidente da República (CF, art. 84, VII e VIII). 
6 PROCESSO DE ELABORAÇÃO DOS TRATADOS
O art. 7, da CVDT, relaciona as pessoas que poderão participar da fase da negociação:
Artigo 7
Plenos Poderes 
1. Uma pessoa é considerada representante de um Estado para a adoção ou autenticação do texto de um tratado ou para expressar o consentimento do Estado em obrigar-se por um tratado se: 
a)apresentar plenos poderes apropriados; ou 
b)a prática dos Estados interessados ou outras circunstâncias indicarem que a intenção do Estado era considerar essa pessoa seu representante para esses fins e dispensar os plenos poderes. 
6 PROCESSO DE ELABORAÇÃO DOS TRATADOS
2. Em virtude de suas funções e independentemente da apresentação de plenos poderes, são considerados representantes do seu Estado: 
a)os Chefes de Estado, os Chefes de Governo e os Ministros das Relações Exteriores, para a realização de todos os atos relativos à conclusão de um tratado; 
b)os Chefes de missão diplomática, para a adoção do texto de um tratado entre o Estado acreditante e o Estado junto ao qual estão acreditados; 
c)os representantes acreditados pelos Estados perante uma conferência ou organização internacional ou um de seus órgãos, para a adoção do texto de um tratado em tal conferência, organização ou órgão.
6 PROCESSO DE ELABORAÇÃO DOS TRATADOS
b) Redação e Assinatura do texto:
Redação do Texto – trata-se na verdade de um projeto onde as partes envolvidas redigirãoo texto do que foi devidamente negociado, por vezes de forma longa e exaustiva, para posterior assinatura e desdobramentos que se apresentam de maneira diversa em cada Estado-nação;
6 PROCESSO DE ELABORAÇÃO DOS TRATADOS
Assinatura do texto – (anuência preliminar) é o ato pelo qual os negociadores, ao chegar a um acordo sobre os termos do tratado, encerram as negociações, expressam sua concordância com o teor do ato intencional, adotam e autenticam seu texto e, por fim, encaminham o acordo para etapas posteriores da formação do ato intencional, ou seja, neste caso afirma-se que o tratado foi assinado com reservas de ratificação.
Ela impede que o texto do tratado seja alterado unilateralmente, salvo emendas antes da entrada em vigor, com a reabertura das negociações ou por meio das reservas. 
6 PROCESSO DE ELABORAÇÃO DOS TRATADOS
Efeitos da assinatura: 
o principal efeito é autenticar o texto do tratado;
atesta que os negociadores estão de acordo com o tratado; 
o prazo para trocas ou depósito de instrumentos de ratificação e a adesão são aplicados a partir da assinatura; 
pode ter valor político;
 obriga os signatários a não atuar de modo a comprometer seu objeto, enquanto não entrar em vigor (princípio da boa fé);
pode significar que o Estado reconhece uma norma costumeira;
Autoridades competentes para a assinatura (CVDT, art. 7): o Chefe de Estado e de Governo; os Ministros das Relações Exteriores; Chefe de Missão Diplomática em que se encontram acreditados, e o tratado é entre o Estado acreditante e o Estado acreditado; chefe de uma missão permanente junto a um organismo internacional para atos firmados com essa OI; Chefe de uma delegação enviada a uma reunião internacional para tratados firmados no seu âmbito e qualquer pessoa com a carta de Plenos Poderes emitida pelo Presidente da República no Brasil.
Obs.: na falta da assinatura, a CVDT, art. 10, admite sua substituição pela rubrica dos negociadores, se acordado pelas partes, ou pela assinatura ad referendum do Chefe de Estado ou de outra autoridade competente para tal.
6 PROCESSO DE ELABORAÇÃO DOS TRATADOS
A matéria vem no art. 10 da CVDT 
Artigo 10
Autenticação do Texto 
O texto de um tratado é considerado autêntico e definitivo: 
a)mediante o processo previsto no texto ou acordado pelos Estados que participam da sua elaboração; ou 
b)na ausência de tal processo, pela assinatura, assinatura ad referendum ou rubrica, pelos representantes desses Estados, do texto do tratado ou da Ata Final da Conferência que incorporar o referido texto.
6 PROCESSO DE ELABORAÇÃO DOS TRATADOS
Observações:
a assinatura do texto traduz-se em ato importante na fase de elaboração de um tratado por garantir às partes envolvidas a autenticidade e a definitividade do texto que foi produzido, não sendo admitido ulterior modificação, salvo se as partes acordarem novamente sobre o caso;
a assinatura não implica obrigação para o Estado, pois tem que ser confirmada através de ratificação. Se as pessoas que forem assinar este tratado não estiverem com plenos poderes, irão apenas apor a rubrica;
6 PROCESSO DE ELABORAÇÃO DOS TRATADOS
além da assinatura imediata, tem-se a assinatura diferida – que é aquela colocada posteriormente à sua data por um Estado que participou ou não das negociações, ou seja, consiste em dar um prazo maior para assinatura do tratado a fim de que os Estados que não participaram das negociações figurem como partes originárias;
usando as reservas o Estado deixa de aceitar uma ou várias cláusulas do tratado; a parte que assim dispuser fica desobrigada pelo cumprimento dessas cláusulas.
Tratados em forma simplificada podem valer a partir da assinatura ou provisoriamente antes da ratificação nos termos que decidiram as partes. 
6 PROCESSO DE ELABORAÇÃO DOS TRATADOS
Reservas – é uma declaração unilateral, qualquer que seja sua redação e denominação, feita por um Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, com o objetivo de excluir ou modificar os efeitos jurídicos de certas disposições do tratado em sua aplicação a este Estado. 
Devem satisfazer uma condição de forma e uma condição de fundo: forma escrita apresentada pelo poder competente dentro do Estado e fundo é a aceitação da reserva pelos outros contratantes. 
6 PROCESSO DE ELABORAÇÃO DOS TRATADOS
c) Ratificação – é a fase mais importante do processo de conclusão dos tratados, pois confirma a assinatura e dá validade a ele. “É o ato pelo o Estado, após reexaminar um tratado assinado, confirma seu interesse em concluí-lo e estabelece, no âmbito internacional, o seu consentimento em obrigar-se por suas normas.” 
É a aceitação definitiva do acordo para o plano internacional. 
(?) No Brasil, quem pratica este ato internacional?
6 PROCESSO DE ELABORAÇÃO DOS TRATADOS
R= Presidente da República (CF, art. 84, VII e VIII).
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos;
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;
Obs.: Ato discricionário do PR, observado o seguinte:
Situação 1: CN não autoriza a ratificação → PR não pode ratificar
Situação 2: CN autoriza a ratificação (Decreto Legislativo)→ PR pode ou não ratificar 
6 PROCESSO DE ELABORAÇÃO DOS TRATADOS
Observações:
O CN não tem competência para interferir no conteúdo de um tratado submentido a sua apreciação, mas poderá propor mudanças no texto do tratado, condicionando a aprovação a determinadas alterações levando novamente o texto à mesa de negociação;
Autorização do CN é materializada por meio de decreto legislativo, firmado pelo Presidente do Senado que é o Presidente do CN;
A ratificação de uma OI chama-se “ato de confirmação” e é feita de acordo com os procedimentos previstos nas próprias regras da organização.
6 PROCESSO DE ELABORAÇÃO DOS TRATADOS
d) Entrada em vigor no âmbito internacional:
Regra: CVDT, art. 24, p. 1 e 2: um tratado entra em vigor na forma e na data previstas no tratado ou conforme for acordado pelo Estados negociadores.
Tratados bilaterais → ambas as partes ratifiquem o ato e troquem as informações (notificação da ratificação e a troca dos instrumentos de ratificação);
Obs.: a entrada em vigor pode ocorrer no dia em que foi feita a última notificação de ratificação ou em que houve a troca dos instrumentos de ratificação, ou ainda em data posterior se o texto houver especificado isso. 
6 PROCESSO DE ELABORAÇÃO DOS TRATADOS
Tratados multilaterais → procedimento diferenciado da simples notificação e/ou troca dos instrumentos de ratificação, pois geraria inconvenientes, sobretudo, quando envolver muitos Estados já que teria que se esperar que todos se manifestassem e trocassem entre si os instrumentos. Para tanto, tem-se:
Depositário: é um Estado ou OI que receberá e guardará os instrumentos de ratificação e que informará as partes que assinaram o tratado a respeito, impedindo uma longa e custosa distribuição desses instrumentos pelo mundo. Ele não precisa ser parte no tratado.
Número mínimo de ratificações: tal número é estabelecido na própria negociação e consagrado no texto. Atingido o número ele entra em vigor para os Estados que o ratificaram. Ex.: Estatuto de Roma exigia 60 ratificações. 
 
6 PROCESSO DE ELABORAÇÃO DOS TRATADOS
Entrada em vigor de um tratado multilateral para o Brasil
Possibilidade 1
Se o Brasil não tiver ratificado e o numero mínimo de ratificações não tiver sido atingido→ tratado não estará em vigor para o Brasil
Possibilidade 2
Se o Brasil tiver ratificado e o numero mínimo de ratificações não tiver sido atingido→ tratado não estará em vigor para o Brasil
Possibilidade 3
Se o Brasil não tiver ratificado e onumero mínimo de ratificações tiver sido atingido→ tratado não estará em vigor para o Brasil
Possibilidade 4
Se o Brasil tiver ratificado e o numero mínimo de ratificações tiver sido atingido→ tratado estará em vigor para o Brasil
6 PROCESSO DE ELABORAÇÃO DOS TRATADOS
e) Registro e Publicidade: 
É uma exigência da Carta da ONU (art. 102), cuja parte da doutrina entende ser a condição final para que o tratado entre em vigor.
Materialização: Secretariado-Geral da ONU para que possa ser invocado perante os órgãos da ONU.
Principal objetivo: dar publicidade para a sociedade e internacional, evitando a diplomacia secreta que não se coaduna com o espírito democrático que preconiza, dentre outras coisas, a publicidade de suas normas. 
6 PROCESSO DE ELABORAÇÃO DOS TRATADOS
Observações:
Os atos internacionais – os tratados - entram no universo do Direito Internacional, independentemente do registo, haja vista que o art. 102 da Carta da ONU define este ato apenas como mera condição para que uma norma internacional seja invocada perante os órgãos das Nações Unidas.
A CVDT, art. 80, diz textualmente que “após a sua entrada em vigor, os tratados serão remetidos ao Secretariado das Nações Unidas para fins de registro ou de classificação e catalogação, conforme o caso, bem como de publicação.” Portanto, o registro é ato posterior à entrada em vigor. 
A vigência do tratado independe claramente do registro na ONU. 
O PROCESSO DE ELABORAÇÃO DOS TRATADOS e o ato de promulgação 
Promulgação – é o ato jurídico, de natureza interna, pelo qual o governo de um Estado afirma ou atesta a existência de um tratado por ele celebrado e o preenchimento das formalidades exigidas para sua conclusão, e, além disto, ordena sua execução dentro dos limites aos quais se estende a competência estatal.
- Ocorre normalmente após a troca ou depósito dos instrumentos de ratificação e estabelece a vigência do tratado no âmbito interno do Estado.
- Materialização no Brasil: por meio de Decreto Presidencial, informando a todos que o tratado foi aceito pelo Congresso nacional.
- Efeito da promulgação: tornar o tratado executório no plano interno e constatar a regularidade do processo legislativo.
 
O PROCESSO DE ELABORAÇÃO DOS TRATADOS e o ato de promulgação 
Observação:
Publicação – é a condição necessária para que o tratado seja aplicado na ordem interna do Estado. 
No Brasil, publica-se no DOU o texto do tratado e o Decreto Presidencial.
O PROCESSO DE ELABORAÇÃO DOS TRATADOS e o ato de promulgação 
Exposição de motivos – Ministro das Relações exteriores ao PR
Mensagem* – PR ao Presidente do CN
Exame do Tratado no CN – CD e SF (autoriza ou não autoriza por maioria simples)
Decreto Legislativo – Presidente do CN 
Decreto – PR – promulgação e publicação 
(*) A mensagem presidencial que encaminha o tratado ao Congresso Nacional, para aprovação, corresponde a projeto de lei de iniciativa do Presidente da República.
Adesão dos tratados 
Conceito: É o ato pelo qual o estado ou OI manifesta sua vontade de se tornar parte de um tratado já assinado ou em vigor.
Fundamentação: nas exigências de praticidade, impedindo que a cada vez que um ente queira se comprometer com um tratado, se inicie a negociação de novo ato internacional.
Critérios: estabelecidos no próprio tratado ou prevista em outros atos internacionais, como protocolos de adesão (CVDT, art. 15).
ALTERAÇÕES DOS TRATADOS: emendas ou revisões 
Necessidade: diante das mudanças de fatos e ideias nas relações internacionais.
Emenda: é o meio pelo qual o teor dos atos internacionais é revisto, levando ao acréscimo, alteração ou supressão de conteúdo normativo.
Legitimidade para a proposta: Estado ou OI que seja parte no acordo a ser modificado.
Regulação: pelo próprio texto do tratado, devendo ser objeto de acordo entre as duas partes nos tratados bilaterais e de pelo menos um número mínimo de signatários nos tratados multilaterais. 
ALTERAÇÕES DOS TRATADOS: emendas ou revisões 
Observações:
No âmbito interno, a emenda mobiliza os órgãos e agentes competentes para concluir tratados em nome do Estado e também a assinatura de um instrumento de emenda e sua eventual ratificação;
No Brasil, a emenda que acarretar compromisso gravoso ao patrimônio nacional deve ser aprovada pelo CN;
O acordo de emenda não vincula os Estados que já são partes no tratado e que não se tornaram partes no acordo de emenda (CVDT, art. 40, §4º);
Yepes Pereira distingue as emendas das revisões: 
ALTERAÇÕES DOS TRATADOS: emendas ou revisões 
Emendas seriam mudanças de pouca amplitude, que não tocariam em matéria essencial. 
Revisões seriam modificações expressivas, envolvendo matéria central do tratado. 
Como fica a validade dos tratados em relação aos seus pactuantes ? 
ALTERAÇÕES DOS TRATADOS: emendas ou revisões 
Resumo da situação da validade dos tratados emendados:
1) O tratado emendado vale entre as partes que aprovaram a emenda ;
2) O tratado original vale entre as partes que não aprovaram a emenda;
3) O tratado original vale entre as partes que aprovaram e os que não aprovaram a emenda;
4) O Estado que aderir a tratado já emendado, salvo disposição em contrário, obedecerá ao ato emendado em relação às partes que aceitaram a emenda e ao ato original no tocante às partes que não aceitaram a emenda (“duplicidade de regimes jurídicos” – MAZZUOLI)

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