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CCJ0056 – DIREITO INTERNACIONAL Aula 6: TRATADOS INTERNACIONAIS 1. CONCEITOS • “Ato jurídico por meio do qual se manifesta o acordo de vontade entre duas ou mais pessoas internacionais” (Hildebrando Acciolly). • “Acordo formal concluído entre sujeitos de DIP e destinado a produzir efeitos jurídicos” (Francisco Rezek). • É uma manifestação de vontades concordantes, imputável a dois ou mais sujeitos de direito internacional e destinada a produzir efeitos jurídicos, segundo as regras de DI” (Paul Reuter). • “Um acordo escrito por meio do qual dois ou mais Estados ou organizações internacionais criam ou pretendem criar uma relação entre eles para produzir efeito na esfera do direito internacional” (Lord Mc Nair apudMazzuoli). • FUNDAMENTO: art. 2º, da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969. 1. CONCEITOS • AUSÊNCIA DE DENOMINAÇÃO ESPECÍFICA • TRATADO (gênero): variam as denominações utilizadas conforme a sua forma, o seu conteúdo, o seu objeto ou o seu fim. ✓ É TRATADO se preencher os requisitos ou elementos essenciais (art. 2º, item 1, “a” da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969). • CONVENÇÃO: demonstrativo de vontade convergente e uniforme das partes em assuntos de interesse geral – tratados-lei ou tratados- normativos, oriundos de conferências internacionais. • PACTO: objeto político de um tratado. 1. CONCEITOS • ACORDO: tratados de natureza econômica, financeira, comercial ou cultural, segurança recíproca, projetos de desarmamento, questões sobre fronteiras, arbitragem, questões de ordem política, entre outros (usualmente). • ACORDO POR TROCA DE NOTAS DIPLOMÁTICAS: assuntos de natureza geralmente administrativa, bem como para alterar ou interpretar cláusulas de atos já concluídos. • ACORDO EM FORMA SIMPLIFICADA (OU ACORDO DO EXECUTIVO) – executive agreements – tratados concluídos pelo Poder Executivo sem a anuência do Poder Legislativo - concluídos por troca de correspondências ou outros similares – conclusão imediata – dispensa de ratificação. 1. CONCEITOS • GENTLEMEN’S AGREEMENTS (acordo de cavalheiros): normas de conteúdo moral e cujo respeito está na honra – não são propriamente tratados – ausência de animus contrahendi . • CARTA: instrumento constitutivo de Organizações Internacionais ou tratados solenes que estabelecem direitos e deveres para os Estados-partes. • PROTOCOLO: resultados de uma conferência diplomática ou de uma acordo menos formal que o tratado – acordos subsidiários ou complementares a outros preexistentes. • ATO OU ATA: expressão antiga – resoluções sobre assistências mútuas e solidariedade – regras que incorporam o resultado de uma conferência ou acordo. 1. CONCEITOS • DECLARAÇÃO: ato que estabelece regras ou princípios jurídicos – normas de Direito Internacional indicativas de uma posição política comum de interesse coletivo. • CONCORDATA: acordo bilateral de caráter religioso firmado entre a Santa Sé e os Estados, versando sobre questões relativas aos cultos religiosos e administração eclesiástica. • CONVÊNIO: assunto de menor importância – relativos à política, cultura, entre outros. • OUTROS: menores relevância. 2. TRATADOS INTERNACIONAIS ENQUANTO FONTE DE DIREITOS • FONTE PRIMÁRIA de Direito Internacional Público (art. 38, “a”, do Estatuto da Corte Internacional de Justiça, de 1945). ✓ Fonte mais democrática, dela participando diretamente os Estados. 3. CLASSIFICAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS • QUANTO AO NÚMERO DE PARTES ✓ BILATERAIS (ou particulares): entre duas partes contratantes. ✓ MULTILATERAIS (coletivos, gerais ou plurilaterais): entre mais de duas partes contratantes – convergência de vontades comuns – instrumento de cooperação internacional. 3. CLASSIFICAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS • QUANTO AO PROCEDIMENTO ✓ BIFÁSICOS (procedimento complexo): é necessário duas fases de expressão do consentimento para a conclusão do tratado – assinatura e ratificação – tratado em strictu sensu. ✓ UNIFÁSICOS (procedimento abreviado): basta uma só fase de expressão do consentimento para a conclusão do tratado - assinatura – tratado em forma simplificada. • QUANTO À EXECUÇÃO NO TEMPO ✓ TRANSITÓRIOS: embora criem situações que perdurem no tempo, tem sua execução exaurida de forma instantânea e imediata. ✓ PERMANENTES: a execução se prolonga por tempo indeterminado enquanto vigorar - não se consuma em um exato momento. 3. CLASSIFICAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS • QUANTO À NATUREZA JURÍDICA DAS NORMAS ✓ TRATADOS-CONTRATOS: regulam interesses recíprocos e divergentes dos Estados - criam situações jurídicas subjetivas. ✓ TRATADOS-LEIS (tratados-normativos): objetivam criar normas jurídicas abstratas e gerais – formado por um grande número de Estados - manifestação da vontade coletiva - possuem cláusula de adesão. ✓ TRATADOS-CONSTITUIÇÃO: visam institucionalizar um processo internacional de um ente que possua órgãos e poderes próprios e vontade independente dos Estados que a originaram. 3. CLASSIFICAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS • QUANTO À POSSIBILIDADE DE ADESÃO ✓ ABERTOS: possuem cláusula de adesão - sujeitos de Direito Internacional que não participaram das negociações ou não o ratificaram podem vir a fazer parte dos tratados – Estados ou Organizações Internacionais. ✓ FECHADOS: não contém cláusula de adesão - inclui apenas as partes contratantes originárias - Estados ou Organizações Internacionais. 4. FUNDAMENTO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS • Arts. 26 e 53, da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969. 5. FASES DE ELABORAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS • NEGOCIAÇÃO (sentido lato): “(...) o momento da discussão e do acordo de vontades que será ou não traduzido em ato jurídico” (João Hermes Pereira de Araújo). (g.n.) ✓ Fase de DISCUSSÃO sobre o tema proposto, ao fim da qual é elaborado um TEXTO ESCRITO que é o tratado. Podem ser diferentes conforme o tipo de tratado: ➢ NEGOCIAÇÃO BILATERAL: realizada por meio de nota diplomática – solenidade. ➢ NEGOCIAÇÃO MULTILATERAL: realizada em congressos, conferências, ou em uma organização internacional. ✓ COMPETÊNCIA: Poder Executivo (art. 84, VIII, CR) – é possível a delegação (plenipotenciários - diplomatas). 5. FASES DE ELABORAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS ✓ Revestida de alta complexidade e rigidez. ✓ Obedecem a um regulamento interno previamente estabelecido. ✓ IDIOMAS: inglês, francês, espanhol, árabe, russo e chinês – idiomas oficiais da ONU. ✓ BOA-FÉ: comportar-se de maneira não fraudulenta ou dissimulada, com transparência e bons propósitos. ✓ CARACTERÍSTICAS: ➢ Troca de manifestação de vontades. ➢ Propostas e contrapropostas. ➢ Concessões feitas por uns Estados em relação a outros. ➢ Fixação final de posições. 5. FASES DE ELABORAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS • ADOÇÃO DO TEXTO: procedimento por meio do qual os órgãos dos Estados encarregados de negociar o tratado entendem ter havido um consenso sobre o texto que acabam de negociar – Projeto Adotado – ato jurídico stricto sensu. ✓ ATO DE VONTADE – os Estados aceitam a redação final – consentimento de todos os Estados que participaram de sua elaboração. ✓ CHANCELA DA REDAÇÃO DEFINITIVA – não tem força vinculante como norma jurídica. ✓ QUÓRUM (regra geral): 2/3 dos presentes para a aprovação do texto. ✓ FUNDAMENTO: art. 9º, da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969. 5. FASES DE ELABORAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS • AUTENTICAÇÃO: os Estados, presentes às negociações do tratado, declaram que o texto adotado é exatamente aquele por eles pretendido. ✓ Formalidade diplomática de natureza protocolar (notarial) – confere legitimidade e definitividade ao texto adotado anteriormente. ✓ EFEITOS: impede a realização de modificação posteriores, salvo a apresentação de reservas ao texto adotado. ✓ FUNDAMENTO: art. 10, da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969. 6. EXPRESSÃO DO CONSENTIMENTO • FASE PÓS-AUTENTICAÇÃO: procedimentos tendentes a que as partes expressem o consentimentoem obrigarem-se pelo tratado, cujo texto se adotou e autenticou. • Fase composta por DOIS ATOS: assinatura e ratificação – levam à conclusão stricto sensu do tratado. • FUNDAMENTO: Art. 11, da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969. • ASSINATURA: expressa o consentimento definitivo do Estado em obrigar-se pelo tratado. ✓ Encerramento das negociações e a redação de seus resultados em um instrumento (tratado) a ser apresentado aos governos dos Estados para aprovação final. 6. EXPRESSÃO DO CONSENTIMENTO ✓ O Estado aceita a forma e o conteúdo do tratado negociado e concorda em seguir até a conclusão, com base no texto adotado. ✓ NATUREZA JURÍDICA ➢ PRECÁRIA (aspecto provisório): produzirá efeitos após a ratificação. ➢ FORMAL: o texto produzido não contém vícios formais, dispondo das condições para prosseguir até a conclusão. ✓ EFEITOS: vinculação jurídica dos Estados ao texto final do tratado (art. 18, ‘”a”, da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969). ➢ Qualquer modificação no texto, após a assinatura, anula o tratado celebrado, abrindo-se nova fase de negociação. 6. EXPRESSÃO DO CONSENTIMENTO ✓ MODALIDADES DE ASSINATURA ➢ DIFERIDA: dar aos Estados um prazo maior para assinatura do tratado, a fim de que os Estados que não participaram das negociações figurem como partes contratantes originárias. ➢ AD REFERENDUM (plena ou definitiva): necessita ser confirmada posterior pelo Estado que a apôs- ratificação (art. 12, item 2, ‘”b”, da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969). ❖ Valor de comprometimento definitivo do Estado em obrigar-se pelo tratado, dispensando atos futuros. 6. EXPRESSÃO DO CONSENTIMENTO • RATIFICAÇÃO (tornar válido, confirmar): ato solene - expressa definitivamente a vontade do Estado em participar das relações jurídicas reguladas pelo tratado e em se obrigar a todos os seus preceitos (art. 14, da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969). ✓ Demanda prévia autorização do Poder Legislativo – o Estado verifica se houve abusos por parte dos Estados – forma de participação popular. ✓ NATUREZA JURÍDICA (CORRENTES) ➢ Dar validade ao tratado. ➢ Ato de aprovação do tratado para fins de executividade. ➢ Assinatura e ratificação são indissociáveis: sendo que esta confirma e aquela manifesta a vontade final do Estado (mais aceita). 6. EXPRESSÃO DO CONSENTIMENTO ✓ PROCEDIMENTO DA RATIFICAÇÃO ➢ CARTA DE RATIFICAÇÃO – assinada pelo Chefe de Estado – referendado pelo Ministro das Relações Exteriores. ➢ Ato interno que não confere vigência ao tratado. ✓ CARACTERÍSTICAS DA RATIFICAÇÃO ➢ ATO JURÍDICO EXTERNO E DE GOVERNO: sujeita às regras do Direito Internacional Público e de competência do Poder Executivo (art. 2 ª,§1º, “b”, da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969). ➢ EXPRESSA (art. 6º, de Convenção de Havana sobre Tratados, 1928). 6. EXPRESSÃO DO CONSENTIMENTO ➢ ATO POLÍTICO E CIRCUNSTANCIAL: o Chefe do Executivo não está obrigado a confirmar a vontade do Estado em se obrigar - DESISTÊNCIA. ➢ DISCRICIONÁRIA: depende exclusivamente da vontade do Chefe do Executivo, que atentará para os critérios de conveniência e oportunidade – a não ratificação é ato legítimo e lícito (art. 7º, da Convenção de Havana sobre Tratados, 1928). ➢ IRRETROATIVA (ex nunc): salvo se o tratado expressamente dispuser de outra forma – o tratado produz efeitos internacionais a partir da ratificação. ➢ INCONDICIONAL (art. 6º, da Convenção de Havana sobre Tratados, de 1928). 6. EXPRESSÃO DO CONSENTIMENTO ➢ IRRETRATÁVEL (art. 18, “a” e “b”, da CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE TRATADOS, de 1969), mas poderá ser desfeita, uma vez consumada, nos casos de denúncia unilateral e entrada em vigor indevidamente retardada. ➢ INEXISTÊNCIA DE PRAZOS, para a apresentação da ratificação. • ADESÃO: manifestação unilateral de vontade de um Estado, nos tratados multilaterais e abertos, que exprime o seu propósito em se tornar parte de determinado tratado que não negociou, não o assinou, ou se o fez, não o ratificou (art. 15, da Convenção de Havana sobre Tratados, 1928). ➢ Depósito do instrumento de adesão no organismo depositário ou no Estado designado para esse encargo. ➢ Decreto do Chefe do Executivo - publicação no Diário Oficial da União. 7. VÍCIOS DO CONSENTIMENTO • ANULABILIDADE DO CONSENTIMENTO DE UM ESTADO (efeito ex nunc) ✓ Quando o Estado manifesta sua concordância ao tratado sem o devido respaldo do Direito Interno (art. 46, da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969). ✓ ERRO: erro sobre o fato - ataca a base essencial do consentimento para se obrigar ao tratado (art. 48, da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969). ➢ Erro de direito é afastado. ➢ Erro de redação deve ser corrigido. ➢ O Estado que contribuiu para o erro não pode ser invocado. 7. VÍCIOS DO CONSENTIMENTO ✓ DOLO: o tratado é concluído por um Estado por força da conduta fraudulenta de outro Estado que provoca ou se aproveita do erro (art. 49, da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969). ➢ Ato consciente e volitivo. ➢ Conduta ilícita de engano ou engodo (delito). ➢ Responsabilidade Internacional do Estado que o praticou. ✓ CORRUPÇÃO DO REPRESENTANTE DE UM ESTADO: atuação direta ou indireta de outro Estado - atos realizados com a finalidade de exercer influência substancial na intenção do representante do Estado (art. 50, da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969). 7. VÍCIOS DO CONSENTIMENTO • NULIDADE DO CONSENTIMENTO DE UM ESTADO (efeito ex tunc) ✓ COAÇÃO: pelo uso da força ou ameaça contra a pessoa do representante do Estado (art. 51, da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969) – • NULIDADE DOS TRATADOS (efeito ex tunc). ✓ Coação sobre um Estado pela ameaça ou emprego de força (art. 52, da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969) ✓ Conflito de tratado posterior com um norma de jus cogens (art. 53, da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969) – normas de ordem pública internacional. 8. ESTRUTURA DOS TRATADOS INTERNACIONAIS • TÍTULO (regra geral): indicativo da matéria tratada, cidade de origem e ano de elaboração. • PREÂMBULO (ou exórdio) ✓ Enumeração dos contratantes com menção às credenciadas dos representantes dos Estados. ✓ Motivos que levaram os Estados à negociação do tratado. ✓ Elemento de interpretação. ✓ Não tem força obrigatória. • DISPOSITIVO (ou articulado) ✓ Parte principal do tratado. ✓ Sequência de artigos enumerados – cláusulas de operatividade. ✓ Providos de obrigatoriedade jurídica. 8. ESTRUTURA DOS TRATADOS INTERNACIONAIS • FECHO ✓ Local e data da celebração do tratado. ✓ O idioma em que está redigido. ✓ Número de exemplares originais. • ASSINATURAS: Chefe do Executivo, do Ministro das Relações Exteriores ou de outra autoridade que tenha representado o Presidente da República na celebração do tratado (plenipotenciários). • SELO DE LACRE: em que apõem as armas dos Estados, selando o compromisso entre eles. 9. RESERVAS AOS TRATADOS INTERNACIONAIS • CONCEITO (art. 2º,§1º, “d”, da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969): ✓ “(...) declaração unilateral, feita por um Estado ou por uma organização internacional, seja qual for a sua redação ou denominação, ao assinar, ratificar, confirmar formalmente, aceitar, aprovar um tratado ou a ele aderir, com o objetivo de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado em sua aplicação a este Estado ou a esta organização; (...)” • LIMITES ÀS RESERVAS (art. 19, da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969): ✓ a reserva seja proibida pelo tratado; ✓ o tratado apenas autorize determinadas reservas, entre as quais não figure a reserva em questão; ou ✓ A reserva seja incompatível com o objeto e a finalidade do tratado. 9. RESERVAS AOS TRATADOS INTERNACIONAIS • PROCEDIMENTO DAS RESERVAS (arts. 19 e 23, Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados,de 1969):. ✓ As regras sobre as reservas devem estar contidas no tratado. ✓ A reserva, a aceitação expressa de uma reserva e a objeção a uma reserva devem ser formuladas por escrito e comunicadas às partes contratantes. • EFEITOS DAS RESERVAS (principais): ✓ Permite que o Estado reservante não cumpra a disposição reservada. ✓ É considerada como não existente em relação ao Estado reservante. ✓ As Convenções de Direito Humanos e as normas de jus cogens não se sujeitam às reservas. 9. RESERVAS AOS TRATADOS INTERNACIONAIS • EFEITOS DAS RESERVAS (principais) ✓ Princípio da reciprocidade: modifica o tratado entre o Estado reservante e o que a aceitou. ✓ Não modifica o tratado entre os demais Estados-partes. ✓ Se um Estado objetar uma reserva, mas não se opõe a entrada em vigor do tratado entre ele e o que fez a reserva, os dispositivos a que se refere a reserva não se aplicam entre eles. ✓ FUNDAMENTO: art. 21, da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969). 10. VIGÊNCIA DOS TRATADOS INTERNACIONAIS • CONCEITO: ter o tratado aplicabilidade plena entre as partes – o tratado já possui todas as condições de ser juridicamente exigível, nos termos e sob as condições por ele próprio estabelecido. • MOMENTO DA ENTRADA EM VIGOR ✓ REGRA GERAL: na forma e na data prevista no tratado ou acordado entre as partes. ✓ AUSÊNCIA DE PREVISÃO: quando o consentimento de obrigar-se for manifestado por todos os Estados-partes. ✓ EFEITO: ex nunc ✓ FUNDAMENTO: art. 24, da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969. 10. VIGÊNCIA DOS TRATADOS INTERNACIONAIS • REGISTRO E PUBLICAÇÃO • SECRETARIADO DA ONU (art. 102,§1º, da Carta das Nações Unidas, de 1945 e art. 102, §1º, da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, 1969), se outro não ficar constando no próprio tratado. • TRATADOS NÃO REGISTRADOS: não perdem a validade, não podem ser descumpridos e não podem ser invocados perante a ONU para executar a obrigação inadimplida. 11. EFEITOS DOS TRATADOS INTERNACIONAIS • EFEITOS EXTERNOS ✓ A partir da entrada em vigor, já capazes de responsabilizar os Estados e se aplicam em todo o território dos contratantes (art. 29, da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969). ✓ PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS EFEITOS DOS TRATADOS: não produz efeitos perante terceiros – entrada em vigor espacial dos tratados (art. 34, da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969). ➢ EXCEÇÃO: Deve haver manifestação de vontade dos Estados contratantes no sentido de conceder este privilégio (art. 35, da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969). 11. EFEITOS DOS TRATADOS INTERNACIONAIS • EFEITOS INTERNOS (sobre a ordem jurídica interna) ✓ Integra o ordenamento jurídico das partes – não há equiparação com as leis internas. ✓ Revogam legislações internas anteriores incompatíveis. ✓ DIREITO BRASILEIRO ✓ TRATADOS COMUNS: após ratificados passam a ter força de norma interna, hierarquicamente superior às leis (art. 5º,§2º, CR). ✓ TRATADOS DE DIREITOS HUMANOS: norma constitucional (art. 5º,§3º, CR). ✓ CONFLITO ENTRE TRATADOS E NORMAS DE DIREITO INTERNO: prevalecem os tratados internacionais. 12. EXTINÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS • CONCEITO: cessar a vigência dos tratados internacionais. ✓ POR ACORDO DE VONTADE DAS PARTES: ab-rogação – revogação total (art. 54, da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969). ✓ POR VONTADE UNILATERAL (DENÚNCIA): um Estado manifesta a vontade de deixar de ser parte de um tratado internacional. ➢ TRATADO É SILENTE SOBRE A POSSIBILIDADE DE DENÚNCIA (art. 56, da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969): impossibilidade de ser feita, EXCEÇÃO: ❖ Se as partes tiverem tencionado admitir a possibilidade de denúncia. ❖ Se possa ser deduzido da natureza do tratado. 12. EXTINÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS ➢ Formalizada por escrito – notificação ou carta – destinada ao Governo da outra parte (tratado bilateral) ou ao depositário (tratado multilateral). ➢ RETRATAÇÃO DA DENÚNCIA: permitido, sem o direito de objeção dos demais Estado. ✓ CAUSAS EXTRÍNSECAS DE EXTINÇÃO ➢ Violação grave do tratado (art. 60, da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969). ➢ Impossibilidade superveniente de cumprimento do tratado (art. 61, da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969): destruição ou desaparecimento definitivo de um objeto indispensável ao cumprimento do tratado. 12. EXTINÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS ➢ Mudança fundamental das circunstâncias (art. 62, da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969) - cláusula rebus sic stantibus, como fator para extinção. ➢ Rompimento de relações diplomáticas e consulares (art. 63, da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969): quando estas forem indispensáveis à correta aplicação do tratado. ➢ Estado de guerra: ilícito internacional ❖ TRATADOS BILATERAIS: extinção integral do tratado. ❖ TRATADOS MULTILATERAIS: extinção do tratado apenas entre os Estados beligerantes. ➢ DESUSO 13. SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS • EFEITOS ✓ Interromper provisoriamente a sua observância. ✓ Em relação a todos os Estados ou a apenas um único, determinado. • CAUSAS DETERMINANTES ✓ Descritas especificamente no próprio texto do tratado. ✓ Consentimento comum de todas as partes. ✓ Conclusão de um tratado posterior entre os mesmos Estados. ✓ Decorrente de causas que violem o próprio tratado. • FUNDAMENTO: arts. 57 a 60, da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969. 14. TRATADOS INTERNACIONAIS E O DIREITO INTERNO • Os Estados são responsáveis em manter um sistema de integração das normas internacionais. ✓ Convenção de Havana sobre Tratados, de 1928. ✓ Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969 e 1986. • COMPETÊNCIA: dos poderes constituídos para celebrar tratados (treaty- making power) - arts. 21, I; 84, VIII; 49, I, CR (ordem de importância). • NEGOCIAÇÃO TERMINADA ✓ Tratado concluído e assinado. ✓ O texto do tratado é preparado pelo Ministério das Relações Exteriores para ser entregue pelo Chefe do Poder Executivo ao Congresso Nacional por meio de uma Mensagem Presidencial. 14. TRATADOS INTERNACIONAIS E O DIREITO INTERNO • CONGRESSO NACIONAL PARA REFERENDO ✓ Análise pelas duas Casas: Câmara do Deputados e Senado Federal, respectivamente. ✓ Controle e fiscalização dos atos do Poder Executivo. ✓ RESULTADO: ratificação do tratado, estabelecer reservas ou aderir a um tratado já celebrado. ✓ DECRETO LEGISLATIVO (art. 59, VI, CR): referendatório do tratado. ✓ NÃO OBRIGA O DIREITO INTERNO: o tratado ainda não entra no ordenamento jurídico nacional. ✓ O tratado tem vigência apenas internacionalmente. ✓ Autoriza (ou não obriga) o Chefe do Executivo a ratificar o tratado. 14. TRATADOS INTERNACIONAIS E O DIREITO INTERNO • PODER EXECUTIVO PARA SANÇÃO PRESIDENCIAL ✓ Discricionariedade do Chefe do Executivo para a ratificação (art. 6º, da Convenção de Havana sobre Tratados, de 1928). ✓ DECRETO DO EXECUTIVO (decreto presidencial promulgatório): ato jurídico pelo qual o Poder Executivo RATIFICA o tratado, a medida que afirma ou atesta a existência de um tratado por ele celebrado, o preenchimento de formalidades exigidas para sua conclusão e ordena a sua execução – RATIFICAÇÃO DO TRATADO. ✓ Referendado pelo Ministério das Relações Exteriores. 14. TRATADOS INTERNACIONAIS E O DIREITO INTERNO ✓ DEPÓSITO DE RATIFICAÇÃO (tratados multilaterais) ou TROCA DE CARTA DE RATIFICAÇÕES (tratados bilaterais) por via diplomática (art. 8º, da Convenção de Havana sobre Tratados, de 1928). ➢ LOCAL DE DEPÓSITO: Secretariado da ONU, no lugar indicado pelo próprio tratado ou no organismo internacional respectivo. ✓ DECRETO DO EXECUTIVO: publicado no Diário Oficial da União juntamente com uma cópia do tratado em apenso (art. 4º, da Convenção de Havana sobre Tratados, de 1928). ✓ EFEITO DA PUBLICAÇÃO: os tratados passam a integrar o ordenamento jurídiconacional, habilitando ao cumprimento por particulares e governantes e a garantia de vigência pelo Poder Judiciário. 14. TRATADOS INTERNACIONAIS E O DIREITO INTERNO • EFEITO DA INTERNALIZAÇÃO DOS TRATADOS ✓ Revoga todas as disposições em contrário ou incompatíveis da legislação infraconstitucional, salvo os Tratados de Direitos Humanos, que têm natureza jurídica constitucional. ✓ Autoriza os particulares a reclamar, perante o Poder Judiciário, a satisfação dos direitos neles estabelecidos e o cumprimento das obrigações deles decorrentes. ➢ TRATADOS DE DIREITOS HUMANOS: o seu cumprimento pode ser reclamado por um particular e exigido perante o Poder Judiciário interno. ➢ DEMAIS TRATADOS: o seu cumprimento só pode ser reclamado pelos demais Estados. • CONCEITO:
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