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Prescrição Penal

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Hassan Souki
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PRESCRIÇÃO
Conceito: perda do poder-dever de punir do estado pelo não exercício da pretensão punitiva ou da pretensão executória durante determinado período de tempo.
Imprescritibilidade (Art. 5º, XLII e XLIV, CF)
Espécies 
Prescrição da pretensão punitiva=> Ocorre antes do trânsito em julgado da sentença. Nela o Estado perde o direito de processar e buscar a condenação do agente.
Obs.: Como consequência, o agente continuará a gozar de primariedade e bons antecedentes, como se não tivesse praticado a infração penal.
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Prescrição
Obs.2: O prazo da prescrição da pretensão punitiva se inicia a partir do dia em que o crime se consumou (art. 111, CP).
Obs.3: Se só houve tentativa, se inicia da data em que cessou a atividade criminosa.
Obs.4: Se o crime é permanente, quando cessou a permanência
Ex: José cometeu um homicídio na data de 27/01/92. Conseguiu fugir antes da chegada da autoridade policial. Foi instaurado o inquérito policial contra o mesmo, e o processo penal foi iniciado com o oferecimento e o recebimento da denúncia em 02/10/1992. Contudo, José nunca mais foi localizado e o processo não teve andamento. Em 28/10/12, José compareceu em juízo e requereu o arquivamento do processo alegando prescrição da pretensão punitiva do Estado.
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PRESCRIÇÃO
b) Prescrição da pretensão executória => Ocorre após o trânsito em julgado da sentença. Nela o Estado perde o direito de executar uma condenação já ocorrida. 
Obs.: Como a condenação permanece, o acusado pode ser considerado como reincidente, ficando o registro para maus antecedentes.
Prazos: Os prazos gerais de prescrição, que valem tanto para a prescrição da pretensão punitiva como para a prescrição da pretensão executória, estão dispostos no art. 109 do CP.
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Prescrição 
Ex.: Ulisses é condenado por estelionato em 04/01/04, a uma pena de 3 (três) anos de reclusão . O mesmo, entretanto, foge dos oficiais de justiça e nunca mais é encontrado.  Em 08/02/13, Ulisses é parado em uma blitz de trânsito, e constata-se que existe contra ele um mandado de prisão. O juiz, ao receber a notícia da prisão, deverá colocar novamente Ulisses em liberdade, vez que a pretensão do Estado de executar a pena já se esvaiu.  Todavia, Ulisses continuará sendo portador de maus antecedentes, vez que os efeitos secundários da condenação não são apagados pela prescrição da pretensão executória.
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Prescrição - Tabela de Prazos
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Prescrição 
Prescrição da pena de multa (Art. 114, CPP)
Redução do prazo prescricional (Art. 115, CPP)
Causas interruptivas da prescrição (art. 117, CP).
Prescrição retroativa => ocorre quando, após a aplicação de uma pena em concreto, em sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação (Ministério Público ou Querelante), averigua-se que, em um momento anterior, o prazo prescricional da referida pena já havia ocorrido.
Obs: É retroativa porque sua análise retroage no tempo.
Obs2.: A prescrição retroativa tem como referencial o recebimento da denúncia ou da queixa (art.110,§1º, CP).
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Prescrição 
Ex.:  Paulo provoca lesão culposa em terceiro na data de 12/06/09. Concluido o inquérito policial, os autos são encaminhados ao Ministério Público em 18/02/10. O MP oferece a denúncia, que é recebida pelo juiz em 23/03/10. Em 28/10/13, é prolatada sentença penal que condena o réu a 8 (oito) meses de detenção. Contudo, utilizando a pena concreta como base de cálculo de prescrição, tem-se que a prescrição correria em 03 (três) anos. Portanto, prescrita a pretensão punitiva estatal.
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Prescrição 
TJMG - Relator(a): Des.(a) Eduardo Machado
Data de Julgamento: 05/11/2013
Data da publicação da súmula: 12/11/2013
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - FURTO SIMPLES - TRÂNSITO EM JULGADO PARA A ACUSAÇÃO - PENA EM CONCRETO - MENOR DE 21 (VINTE E UM) ANOS - PRESCRIÇÃO RETROATIVA - OCORRÊNCIA. 1- Após o trânsito em julgado da condenação para a acusação, a prescrição regula-se pela pena em concreto. 2- Contando o réu com menos de 21 (vinte e um) anos de idade ao tempo do delito, a teor do art. 115, do CP, o lapso prescricional é reduzido de 1/2 (metade). 3- Transcorrido entre a data do recebimento da denúncia e a data do registro em cartório da sentença condenatória em desfavor do acusado, lapso temporal superior ao prazo prescricional, de rigor o reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva estatal.
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Prescrição 
Prescrição superveniente ou intercorrente => ocorre quando, após a aplicação de uma pena em concreto, em sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação (Ministério Público ou Querelante), ainda se encontra pendente recurso da defesa, consumando-se a prescrição antes do julgamento deste.
Obs.: Tanto a retroativa quanto a superveniente são casos de prescrição da pretensão punitiva.
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Prescrição
Ex.: Jonas é denunciado pela prática do delito de abandono de incapaz, cuja pena pode variar de 6 (seis) meses a 3 (três) anos. O prazo prescricional, tendo por base a pena concreta, é de 8 (oito) anos.  Sendo réu primário e de bons antecedentes, Jonas é condenado, em sentença prolatada em 11/02/2009, à reprimenda mínima (seis meses de detenção). Inconformada, a defesa recorre. A acusação, satisfeita, não apela. O julgamento do recurso da defesa ocorre na data de 14/03/2012. Logo, estará prescrita a pretensão punitiva do Estado, vez que decorrido o prazo de 03 (três) anos previsto na lei, considerando como base a pena concreta de seis meses estabelecida pela sentença recorrida.
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Prescrição
Relator(a): Des.(a) Antônio Armando dos Anjos
Data de Julgamento: 05/11/2013
Data da publicação da súmula: 12/11/2013
EMENTA: FURTO TENTADO. PRESCRIÇÃO. PENA IN CONCRETO. RECONHECIMENTO. 1- Transitada em julgado a sentença condenatória para a acusação e verificando-se que, entre a data da publicação da sentença penal condenatória recorrível e o julgamento do recurso interposto exclusivamente pela defesa, houve transcurso de lapso temporal superior ao delineado pela pena in concreto em razão da paralisação infundada do processo em primeira instância, imperativo se mostra a declaração da extinção da punibilidade, pela ocorrência da prescrição da pretensão punitiva do Estado, em sua modalidade intercorrente. 2- Em preliminar de ofício, reconhecer a prescrição.
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Prescrição
Prescrição pela pena em perspectiva => ocorre quando, analisando-se as provas dos autos, conclui-se que, pela pena que deverá ser aplicada (art.68 CP), no momento da sentença a prescrição já terá ocorrido.
Obs.: Nada mais é do que o reconhecimento antecipado da prescrição retroativa em razão da pena em perspectiva.
Obs.2: Essa espécie de prescrição é construção jurisprudencial e não foi acolhida pelo STJ, que publicou a Súmula 438: “Inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo”.
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Prescrição
TJMG - Relator(a): Des.(a) Agostinho Gomes de Azevedo
Data de Julgamento: 07/11/2013
Data da publicação da súmula: 18/11/2013
EMENTA: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - HOMICÍDIO TENTADO - EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE - RECONHECIMENTO DA PRESCRIÇÃO PELA PENA EM PERSPECTIVA (PENA IDEAL) - IMPOSSIBILIDADE - AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL - INTELIGÊNCIA DA SÚMULA Nº. 438, DO STJ - RECURSO PROVIDO. A prescrição baseada na projeção em perspectiva da futura pena a ser aplicada, além de violar a letra da lei, consistindo em prejulgamento, impede que a instrução criminal cumpra todas as suas funções, além de ofender aos princípios da não culpabilidade, presunção da inocência, apreciação pelo Poder Judiciário de qualquer lesão ou ameaça de direito, princípio da dignidade da pessoa humana, cassando o direito do acusado de ser declarado inocente. Recurso provido.

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